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RECIFE, 2022
MARIA GABRIELE DE ACIOLI SERPA
RECIFE, 2022
RESUMO
Figura 2 – Representação das geometrias dos complexos de vanádio de acordo com o número
de coordenação (NC). ............................................................................................................... 12
Tabela 3 – Solventes e reagentes usados durante as reações junto com suas procedências. ... 18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DM – Diabetes Mellitus
I – Insolúvel
UV – Ultravioleta
Vis – Visível n
RE – Retículo endoplasmático
THF – Tetrahidrofurano
S - Solúvel
STZ – Estreptozotocina
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7
2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 9
2.1 Objetivo Geral.............................................................................................................. 9
2.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 9
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 10
3.1 COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO...................................................................... 10
3.2 VANÁDIO E QUÍMICA DE COORDENAÇÃO ..................................................... 10
3.3 CLASSES DE COMPOSTOS DE VANÁDIO E ATIVIDADES BIOLÓGICAS ... 12
3.4 COMPLEXOS BINUCLEARES DE VANÁDIO (4+) ............................................. 15
3.5 LIGANTES PODANTES EM COMPLEXOS DE VANÁDIO (4+) ........................ 16
4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 18
4.1 MATERIAIS E REAGENTES .................................................................................. 18
4.2 SÍNTESE E PURIFICAÇÃO DO DIAMINOPIMELATO DE SÓDIO ................... 19
4.3 SÍNTESE DO COMPOSTO [(V4+O)2 (DAP)] EM SITU ......................................... 19
4.4 TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO .................................................................... 21
4.4.1 TESTES DE SOLUBILIDADE ......................................................................... 21
4.4.2 ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO ................................................ 21
4.4.3 ESPECTROSCOPIA DE ABSORÇÃO ELETRÔNICA ................................... 21
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 22
5.1 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DO DIAMINOPIMELATO DE SÓDIO ......... 22
5.2 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DO COMPOSTO [(V4+O)2(DAP)] .................. 24
5.2.1 TESTE DE SOLUBILIDADE DO COMPLEXO [(V4+O)2(DAP)] ................... 26
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 28
7 PERSPECTIVAS ............................................................................................................ 29
8 DIFICULDADES ENCONTRADAS ............................................................................ 29
7
1 INTRODUÇÃO
vanadila, por exemplo, pode ser encontrada como decavanadato (H2V10O28–4) e óxido vanádio
(5+), que são transformados no intestino (pH 5,0 - 7,8) para íons vanadatos e oligômeros, sendo
os mais comuns tetrâmeros (V4O124−) e pentâmeros cíclicos (V5O155-). Novamente, essas formas
sofrem especiação no sangue (pH 7,35 – 7,45), sendo o vanádio encontrado como V4+, quando
transportado pela proteína transferrina, e V5+, quando transportado pela albumina. Apesar do
V4+ oxidar no organismo, essa espécie é encontrada em equilíbrio com as espécies V5+, sendo
os complexos do V4+ mais estáveis e seus equilíbrios mais lentos quando comparado ao V5+
(TREVIÑO et al., 2018).
Devido às diferentes formas que o vanádio pode apresentar no organismo, a busca de
maior estabilidade termodinâmica para esses compostos tem aumentado, sendo uma das
direções o estudo dos complexos polinucleares. Em caso de ligantes-ponte poliatômicos, a
maioria dos estudos tem-se focado em compostos polinucleares formados por ligantes ácidos
poliaminopolicarboxílicos, que aumenta a estabilidade do complexo de acordo com o aumento
de grupos funcionais (IHA, 1988). Além disso, visando aumentar a eficiência da
farmacocinética do vanádio, principalmente a absorção, ligantes podantes (cadeias abertas)
podem atuar no balanço hidrofílico e hidrofóbico do composto, facilitando sua entrada nas
células, bem como diminui a toxicidade dos complexos, sobretudo se o ligante for reconhecido
biologicamente (LIMA, 2021; ESBAK et al., 2008).
Por isso, o trabalho propõe a síntese e caracterização de um novo composto à base de
vanádio menos tóxico, mais estável e potencialmente ativo, a partir de sua coordenação a um
ligante bis-aminoácido reconhecido biologicamente.
9
2 OBJETIVOS
um ligante bis-aminoácido.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Sua descoberta só veio ser confirmada em 1831 por Sefström, ao manipular um mineral
de ferro e vanádio (REHDER, 2008).
Dessa forma, pode-se dizer que o vanádio puro é muito raro, e por isso, ele costuma
ser identificado na natureza combinado a outros elementos como carbono, oxigênio e
hidrogênio (BROWNLEE, 1960). Por isso, o vanádio é encontrado em minerais de
chumbo, como a vanadinita de fórmula PbCl2.3Pb3(VO4)2, e urânio, como a carnotita de
fórmula K2(UO)2(VO4)2. Sua abundância na crosta terrestre é de 136 ppm, sendo 99,5%
do isótopo V51 e 0,25% do isótopo V50 (HOUSECROF, 2013), estando em 19º lugar como
elemento mais abundante da terra, enquanto os elementos de mesmo grupo têm
abundância de 20 ppm para o Nióbio (32º lugar) e 1,7 ppm para o Tântalo (53º lugar)
(LEE, 2004).
O vanádio metálico é usado para formar aços inoxidáveis a partir do ferro, bem
como catalisar a dismutação de CO2 em C e CO2 (TRACEY, 2007). Pode-se obtê-lo a
partir da redução de VCl5 com H ou Mg ou pela redução de V2O5 pelo Ca (BROWNLEE,
1960).
Em soluções aquosas, o vanádio apresenta diferentes estados de oxidação (de 1- a
5+), apresentando os estados 2+, 3+, 4+ e 5+ com frequência. Entretanto, a estabilidade
desses estados, em meio aquoso, depende intimamente do pH e de seus potenciais de
redução com H e O (MICHIBATA, 2012), como mostra o gráfico de distribuição das
espécies de vanádio dependentes de pH na Figura 1.
Figura 1 – Especiação do vanádio e suas respectivas cores de acordo com potencial de redução e pH em
soluções aquosas considerando os pares de redução O2/H2O e H2O/H2.
Figura 2 – Representação das geometrias dos complexos de vanádio de acordo com o número de
coordenação (NC).
Tabela 1 – Classes de compostos de vanádio e seus respectivos exemplos com relevantes atividades
biológicas.
(NAGLAH, AL-
OMAR, et al., 2019)
Inibidor do estresse do
Bis(maltolato)oxovanadium
RE, regulador de
Compostos de (4+)
homeostase da glicose, (HE1, SONG, et
Coordenação de
de diferenciação al., 2021)
Oxidovanádio (IV)
neuronal e de
biossíntese de lipídios
(BASU,
Vanádio (3+)-L-cisteína Antitumoral,
BHATTACHARJ
Compostos antioxidante e inibidor EE, et al., 2017)
(SCHWENDT,
Complexos de Antitumoral, TATIERSKY, et
al., 2016)
Peroxovanádios Peroxidovanádio
insulino-mimético,
(V) estimulante ou (CHEN, GAO, et
al., 2019)
inibidor de enzimas
(MATSUGO,
SUGIYAMA, et
al., 2014)
efeitos de sais simples de vanádio e dos diabéticos não tratados (LIMA et al., 2020). Além
disso, o uso de ligantes ou constituintes periféricos reconhecidos por receptores das
membranas, pode desempenhar o aumento da captação celular do complexo por difusão
(ESBAK et al., 2008). Sendo assim, os ligantes mais comuns em sistemas biológicos são
ácidos nucléicos e aminoácidos de cadeias laterais (FARIAS, 2005).
Em especial, o ácido meso-diaminopimélico ou meso-DAP (C7H14N2O4), um
aminoácido encontrado no peptidoglicano de bactérias gram-negativas e algumas gram-
positivas, é reconhecido por receptores NOD1 (subclasse de receptores de
reconhecimento padrão molecular) presentes nas células humanas. Seu reconhecimento,
por consequência, induz a produção de citocinas inflamatórias para estimular a resposta
imune inata e adaptativa no organismo (PEREIRA, 2014). Além disso, os análogos do
meso-DAP apresentam pouca toxicidade em mamíferos, além de exibir atividade
antitumoral, antimicrobiana e indutora do sono (CHATTERJEE, 2021).
Levando-se em considerações os aspectos citados, o presente trabalho tem como
objetivo sintetizar um novo composto binuclear de vanádio (4+) usando o meso-DAP
como ligante bis-aminoácido, de forma a potencializar as atividades biológicas do
vanádio, sobretudo antidiabéticas, promovendo estabilidade, facilidade de transporte e
absorção e diminuindo sua toxicidade.
18
4 METODOLOGIA
Tabela 3 – Solventes e reagentes usados durante as reações junto com suas procedências.
1,4-Dioxano Vetec
Acetona Dinâmica
Acetonitrila Merck
Esquema 1 – Representação da reação de síntese do sal (c) Na2(DAP) a partir da reação do (a) etóxido de
sódio com (b) ácido diaminopimélico em meio etanólico.
Após a reação, adiciona-se éter etílico a mistura reacional para precipitação de todo
o sal. Em seguida, centrifuga-se o sal diaminopimelato de sódio em etanol:éter etílico
gelado (1:2) para retirada de qualquer vestígio de etóxido de sódio. Por último, ao
remover todo o sistema de solvente, faz-se última adição de éter etílico gelado,
removendo-o sob vácuo. Após evaporação de todo o solvente, obtém-se o sal, que será
submetido à espectroscopia na região do infravermelho, espectroscopia de absorção
eletrônica e a teste de solubilidade de forma a estudar novas rotas de síntese.
Esquema 2 – Representação da reação de síntese do sal (c) Na2(DAP) a partir da reação do (a) hidróxido
de sódio com (b): ácido diaminopimélico em meio aquoso.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por isso, no espectro de FTIR do ligante DAP (Figura 5), em preto, foi possível
identificar a presença do estiramento v(NH3+) na região 3240 – 2500 cm–1, referentes às
amônias primárias, sobreposto por estiramentos v(C–H) de carbonos sp3 (2984 cm–1 e
2954 cm–1). Em sais primários e secundários, é comum o aparecimento de uma banda
larga próximo de 2100 cm–1, referentes aos estiramentos do íon amônio, como acontece
nesse composto em 2107 cm–1. Além disso, identifica-se picos de estiramentos ν(COO–)
em 1595 cm–1 (simétrico) indicando e em 1413 cm–1 (assimétrico). Enquanto o pico em
1505 cm–1 é característico do dobramento simétrico ν(N–H) (PAVIA et al., 2015),
coerentes com a estrutura do ligante.
pode indicar interação entre sódio e oxigênio. Além disso, o dobramento em 1650 cm –1
indica a presença do grupo amina de ν(N–H) deslocado para maior número de onda
(anteriormente 1618 cm –1), sugerindo a não interação desse grupo com o sódio. Na região
3300 cm–1, não é possível identificar com clareza os estiramentos ν(N–H) devido à
presença de estiramentos intensos ν(O–H) de águas de hidratação (JR, 2012). Ainda há, Comentado [LL1]: Gabi, destacar as principais bandas que
você descreve no texto no proprio espectro pra ficar claro ao
–1
nesse espectro, a presença da banda característica do íon amônio em 2088 cm , sugerindo leitor sobre quais estiramentos você está se referindo.
que o grupo amino se encontra protonado. Também é notável o dobramento ν(N–H) para
fora do plano em 703 cm–1 (PAVIA et al., 2015). Por fim, é possível identificar
estiramentos v(C–H) em 2941 cm –1 e 2872 cm –1, indicando a formação do sal desejado.
Figura 4 – Espectro de FTIR do ácido diaminopimélico (em preto) e do sal diaminopimelato de sódio (em
vermelho).
Figura 5 – Espectro de absorção eletrônica na região ultravioleta para o sulfato de vanadila (em azul), o
complexo (em verde), o sal (em vermelho) e o ligante (em rosa).
a 2769 cm–1 e 2668 cm–1 a 2216 cm–1 sugerem estiramentos ν(N–H). Em adição, os picos
em 1587 cm–1 e 1496 cm–1 sugerem dobramentos 𝜌(N–H), indicando a permanência do
grupo amino no novo composto, principalmente devido ao deslocamento para números
de onda menores (antes 2110, 1627 e 1511 cm–1 respectivamente) sugerindo coordenação
com o vanádio (LIMA, 2021). Enquanto a banda de baixa intensidade em 2088 cm–1,
referente ao estiramento amônio, que não é previsto para estrutura do complexo, pode
estar presente devido à impureza do complexo.
Também é possível notar no espectro do complexo um pico característico do
estiramento ν(C=O) em 1593 cm–1, encontrado deslocado em relação ao ligante livre, que
apresenta esse estiramento em 1603 cm–1 (PAVIA et al., 2015). Além disso, é notável o
aparecimento de um pico em 950 cm–1 referente ao estiramento ν(V=O) (BEZERRA,
2016), como se esperava para a estrutura do composto.
Por fim, alguns picos podem indicar a presença de dobramentos e estiramentos
ν(C–H) como é visto em 3188 cm–1, indicando carbonos sp2, em 3050 cm–1 e 2951 cm–1,
indicando carbono sp3, e em 1398 cm–1 e 1363 cm–1, indicando dobramentos ν(CH2). Os
picos nas regiões 1138 cm–1 e 1105 cm–1 também podem indicar dobramentos ν(C–N)
(PAVIA et al., 2015).
Figura 9 – Reação do solvente 1,4-Dioxano (esquerda) e THF (direita) com o complexo em meio aquoso.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 PERSPECTIVAS
8 DIFICULDADES ENCONTRADAS
9 REFERÊNCIAS
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Synthesis and biological perspective. Tetrahedron, 2021. Disponivel em:
<https://doi.org/10.1016/j.tet.2021.132403>.
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10 PARECER DO ORIENTADOR
A aluna apresentou desenvolvimento acadêmico e científico satisfatórios,
comprovados pelas discussões em reunião de grupo e pela geração de documentos de
autoria própria; dessa forma, a discente apresenta-se promissora quanto à carreira de
pesquisadora.