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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

ANA CECÍLIA FERNANDES DO CARMO


MARIA EMMANUELLY FRANCO MARTINS
MARIA GABRIELE DE ACIOLI SERPA

RELATÓRIO 2
PRODUÇÃO E VISCOSIDADE DO BIODIESEL

Recife, 22 de dezembro de 2022.


1. INTRODUÇÃO

Em busca de um combustível renovável que possa substituir o diesel devido sua alta
poluição, vê-se como alternativa o biodiesel, já que é um produto de óleos vegetais e gordura
animal. O biodiesel é caracterizado quimicamente como éster metílico ou etílico de ácidos
graxos, sendo sua principal rota de síntese a transesterificação de triglicerídeos
(MANEGHETTI et. al., 2013), em que os triglicerídeos reagem com um álcool, catalisado
por uma base, formando biodiesel e glicerina, conforme o Esquema 1.
Esquema 1 – Reação geral de transesterificação para obtenção de biodiesel.

Fonte: (MANEGHETTI et. al., 2013)

Além disso, uma das formas de comprovar a formação de um composto é por meio de
suas propriedades. No caso de fluidos, pode-se usar a viscosidade, que indica a resistência do
fluido ao escoamento. Por esse método, é possível comparar a viscosidade do biocombustível
relativa à água com o da literatura. Essa medida pode ser obtida a partir de duas formas: por
um viscosímetro de Ostwald ou pelo fluxo do fluido em vidrarias como pipeta graduada
(SANTOS e PINTO, 2009).
Sendo assim, a reação de transesterificação de triglicerídeos para produção de
biodiesel, bem como a avaliação de sua viscosidade e rendimento, aborda técnicas de síntese
importantes para a química orgânica e contribui para o entendimento de novas alternativas de
biocombustíveis.
2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS E REAGENTES

- Óleo de soja;
- Solução metanólica de NaOH 0,5 M;
- Solução saturada de NaCl;
- Sulfato de sódio anidro (Na2SO4):
- 01 Agitador magnético com aquecimento;
- 01 Funil de decantação;
- 02 Erlenmeyer de 250 mL;
- 01 Pipeta graduada de 10mL;
- 01 Proveta de 100mL;
- 01 Termômetro;

2.2 PRODUÇÃO DO BIODIESEL

Em um Erlenmeyer de 250 mL, deixou-se 100 mL de óleo de soja aquecer, em


agitação, na chapa de aquecimento até atingir 60ºC de temperatura. Em seguida, adicionou-se
30mL da solução metanólica de NaOH 0,5M, deixando reagirem em temperatura e agitação
constante por 30 minutos. Após o fim da reação, transferiu-se a mistura para um funil de
decantação, de forma a separar os produtos obtidos. Após 30 minutos de decantação,
retirou-se a glicerina do funil. De forma a neutralizar a solução de biodiesel, adicionou-se 3
gotas de ácido sulfúrico a 10% sob agitação manual, seguida da medição do pH por papel de
filtro. Para a retirada da glicerina residual, lavou-se uma vez o biodiesel com uma solução
saturada de NaCl. Depois, removeu-se a fase de água com sabão e glicerina. Já com o
biodiesel lavado em um erlenmeyer limpo, adicionou-se sulfato de sódio anidro para remoção
de traços de umidade. Por fim, filtrou-se o biodiesel em um funil com algodão e mediu-se seu
volume.

2.3 AVALIAÇÃO DA VISCOSIDADE DO BIODIESEL

Preencheu-se uma pipeta graduada de 10 mL com água e mediu-se o tempo de


escoamento três vezes para calcular a média. Com uma pipeta graduada de 10 mL,
preencheu-a com o biodiesel sintetizado e limpo e mediu-se o tempo de escoamento três
vezes para calcular a média. Ambos os procedimentos foram realizados em duplicata. Com os
dados, calculou-se a razão entre os tempos médios de escoamento do biodiesel e da água. Os
resultados representam as viscosidades relativas dos líquidos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 PRODUÇÃO DO BIODIESEL

Após adição da solução metanólica de NaOH 0,5M no óleo de soja aquecido,


observou-se a mudança de coloração de amarelo (Figura 1a) para amarelo queimado
(Figura 1b).
Figura 1 – Mudança de cor do meio reacional de amarelo (a) para amarelo escuro (b).

Fonte: Os Autores, 2022

Em seguida, a mistura foi transferida para um funil de decantação, e observou-se a


presença de duas fases após 30 minutos, conforme a Figura 2. Visto que a densidade do
biodiesel de óleo de soja é aproximadamente 0,872 g/cm3 e a da glicerina é 1,26 g/cm3,
conclui-se que a substância acima é o biodiesel, enquanto a de baixo é a glicerina,
possibilitando assim a retirada da glicerina.
Figura 2 – Biodiesel e glicerina separados por decantação após 30 minutos.

Fonte: Os Autores, 2022


Depois de adicionar 3 gotas ácido sulfúrico 10% no biodiesel, o pH verificado por
papel indicador foi entre 6 e 7 (Figura 3), confirmando a neutralização do biodiesel.
Figura 3 – Resultado do pH do biodiesel por papel indicador.

Fonte: Os Autores, 2022

Após lavar o biodiesel com solução saturada de cloreto de sódio, observou-se a


formação de uma fase aquosa contendo a glicerina residual e uma fase de sabão, como se
pode ver na Figura 4. A saponificação é uma reação que acontece com triglicerídeos em
presença de água e base (SANTOS e PINTO, 2009), levantando a hipótese de que nem todo
óleo de soja havia se transformado em biocombustível e nem toda base foi neutralizada.
Figura 4 – Presença de 3 fases após adição da solução saturada de NaCl.

Fonte: Os Autores, 2022

Depois de retirar as fases de água com glicerina e sabão, adicionou-se sulfato de sódio
para agir como dessecante até se observar um fino pó de Na2SO4 como corpo de fundo, como
se pode ver na Figura 5.
Figura 5 – Fino pó de sulfato de sódio no biodiesel.

Fonte: Os Autores, 2022

Por fim, filtrou-se o biodiesel utilizando um funil com algodão e transferiu-o para uma
proveta de 100 mL, de forma a medir seu volume final, equivalente a 91 mL, conforme se vê
na Figura 6.
Figura 6 – Volume do biodiesel sintetizado.

Fonte: Os Autores, 2022

Esse volume obtido de 91 mL corresponde a 94,74% de biodiesel, conforme os


cálculos da Figura 7. Os fatores de conversão massa molar foram aproximados.
Figura 7 – Cálculos de rendimento de biodiesel.

Fonte: Os Autores, 2022


3.2 AVALIAÇÃO DA VISCOSIDADE DO BIODIESEL

Sabendo que a viscosidade é a resistência de escoamento de um fluido, quanto menor


sua viscosidade, mais rápido o líquido irá escoar. Por isso, a viscosidade relativa do biodiesel
foi quase a metade da viscosidade da água, pois o seu tempo foi aproximadamente duas vezes
mais rápido, conforme a Tabela 1.
Tabela 1 – Valores dos tempos de escoamento da água e do biodiesel.

Entrada Líquido Média dos Viscosidade Relativa à água


tempos (s) (25ºC)

Água 11,38 1
1
Biodiesel 6,53 0,53

Água 11,26 1
2
Biodiesel 6,51 0,54

Fonte: Os Autores, 2022

Esses resultados diferem dos que se encontram na literatura, onde a viscosidade


relativa do biodiesel é de 1,1 a 1,7 (SANTOS e PINTO, 2009; RINALDI et. al, 2007). Caso
os valores não fossem tão distantes, a hipótese seria a mínima presença de sabão e glicerídeos
residuais, visto que eles aumentam a viscosidade do biodiesel (LÔBO et. al). Porém, uma
hipótese para essa discrepância de valores é a pipeta graduada usada na medição do biodiesel
não ter sido lavada e seca após ser usada na medição da água. Sendo assim, os resquícios de
água ajudaram a escoar mais rápido o biodiesel, tendo em vista a diferença de polaridade.

4. CONCLUSÃO

No geral, a síntese do biodiesel e avaliação de sua viscosidade relativa à água a 25°C


resultou em 94,74% de biodiesel com um caráter mais fluido que a água, apesar da
divergência dos dados de viscosidade com a literatura. Por fim, entende-se a importância das
propriedades dos compostos nas etapas sintéticas e suas influências no rendimento. Além
disso compreende-se como a limpeza dos materiais é indispensável e pode evitar erros
sistemáticos, a ponto de ser decisiva nos resultados, como observado na etapa da viscosidade.
5. REFERÊNCIAS

LÔBO, I. P.; FERREIRA, S. L. C.; DA CRUZ, R. S. Biodiesel: parâmetros de qualidade e


métodos analíticos. Quim. Nova, Vol. 32, No. 6, 1596-1608, 2009.

MENEGHETTI, Simoni P.; MENEGHETTI, Mario Roberto; BRITO, Yariadner C. A Reação


de Transesterificação, Algumas Aplicações e Obtenção de Biodiesel. Disponível em:
<https://sistemas.eel.usp.br/docentes/arquivos/1285870/52/ReacaodeTransterificacao.BioDies
el.pdf > Acesso em: 17 de Dezembro de 2022.

RINALDI, R.; GARCIA, C.; MARCINIUK, L. L.; ROSSI, A. V.; SCHUCHARDT, U.


Síntese De Biodiesel: Uma Proposta Contextualizada De Experimento Para Laboratório De
Química Geral. Quim. Nova, Vol. 30, No. 5, 1374-1380, 2007.

SANTOS, A. P. B.; PINTO, A.C. Biodiesel: Uma Alternativa de Combustível Limpo.


Química Nova Na Escola. Vol. 31, N° 1, 2009.

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