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Diadema, 2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS, QUÍMICAS E FARMACÊUTICAS
Diadema, 2022
AGRADECIMENTOS
Principalmente aos meus pais, Amanda e Luciano, por todo amor, carinho, amizade e
compreensão que foi proporcionado durante toda minha vida, pois sem isso eu não estaria aqui
hoje.
Ao meu orientador, Cristiano Raminelli, por sempre me aconselhar da melhor forma
possível e por essa oportunidade, onde eu pude descobrir o que eu realmente amo fazer.
Aos meus amigos, Breno, Carol e Diego, por todos os anos de amizade, pelos momentos
de humor, felicidade e até mesmo tristeza, obrigado por estarem comigo quando eu mais
precisei.
À minha namorada, Jullyane Matsushima, por todo amor, paixão e cumplicidade. Sua
ajuda dentro e fora do laboratório foram primordiais para tudo isso acontecer.
Aos amigos que fiz na universidade, em especial Matheus, Renan, Bruno, Nicollas e
Junio, por serem essenciais durante esses anos de graduação e também por transformarem os
dias na faculdade muito mais divertidos.
À Tamiris Cipriano, por ser minha dupla de laboratório e me ensinar praticamente tudo
que sei hoje, sua ajuda foi imensa para minha formação como químico.
A todos os alunos e amigos do laboratório 10, principalmente, Gustavo (meninão),
Marcos, Giulia, Priscila, Ariadne, Bianca e Givago por tornarem o ambiente muito melhor,
sempre ajudando um ao outro, seja no que for.
Aos órgãos de fomento, CNPq e FAPESP, pelo apoio financeiro.
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................... v
ABSTRACT ............................................................................................................................. vi
LISTA DE ESQUEMAS ........................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................viii
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ........................................................................ ix
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
1.1. Antraquinonas ............................................................................................................ 11
1.2. Química de benzino ................................................................................................... 12
2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 16
2.1. Objetivo geral ................................................................................................................ 16
2.2. Objetivo específico ........................................................................................................ 16
3. PARTE EXPERIMENTAL............................................................................................ 16
3.1. Procedimentos gerais ..................................................................................................... 16
3.2. Procedimentos experimentais ........................................................................................ 17
3.2.1. Preparação do 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol (33) ...................................................... 17
3.2.2. Preparação do 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-carbaldeído (34) ............................... 18
3.2.3. Preparação do 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-ol (35) .............................................. 18
3.2.4. Preparação do 5-(trimetilsilil)benzo[d][1,3]dioxol-4-il trifluorometanosulfonato (8g)
............................................................................................................................................. 19
3.2.5. Procedimento para a preparação da 3-bromoftalida (37) ........................................... 20
3.2.6. Procedimento para a preparação da 3-hidroxiftalida (38).......................................... 20
3.2.7. Procedimento para a preparação da 3-cianoftalida (30) ............................................ 21
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 21
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 29
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 30
ANEXO .................................................................................................................................... 34
iv
RESUMO
A química de benzino tem encontrado diversas aplicações na síntese de produtos
naturais e na preparação de materiais funcionais. Dentre os métodos para a geração de benzino
e arinos, a reação entre 2-(trimetilsilil)aril trifluorometanossulfonatos e uma fonte de íons
fluoreto tem ganhado destaque em química orgânica preparativa. Em conformidade, realizamos
um estudo visando à síntese total da antraquinona morindaparvina A, um produto natural com
significativa atividade antitumoral, empregando na etapa chave da síntese a reação de anelação
de Hauser-Kraus entre 3-cianoftalida e TMS-aril trifluorometanossulfonato, promovida por
uma fonte de íons fluoreto. No entanto, a reação de Hauser-Kraus não resultou na
morindaparvina A.
v
ABSTRACT
Benzyne chemistry has found many applications in the synthesis of natural products and
preparation of functional materials. Among the methods for the generation of benzyne and
arynes, the reaction between 2-(trimethylsilyl)aryl trifluoromethanesulfonates and a source of
fluoride ions has gained prominence in preparative organic chemistry. Accordingly, we carried
out a study aiming at the total synthesis of anthraquinone morindaparvin A, a natural product
with significant antitumor activity, employing in the key step of the synthesis the Hauser-Kraus
annulation reaction between 3-cyanophthalide and TMS-aryl trifluoromethanesulfonate,
promoted by a source of fluoride ions. However, the Hauser-Kraus reaction did not result in
morindaparvin A.
vi
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1. Métodos para geração de benzino (1) e reações empregando arinos (9). ............ 13
Esquema 2. Aplicações da química de benzino em química orgânica preparativa. ................ 14
Esquema 3. Métodos (a e b) e rota sintética (c) desenvolvidos em nosso grupo de pesquisa
envolvendo química de benzino. .............................................................................................. 14
Esquema 4. Preparação de antraquinonas (31b-f) via reação de anelação de Hauser-Kraus
envolvendo química de benzino. .............................................................................................. 15
Esquema 5. Análise retrossintética para a morindaparvina A (31a). ...................................... 21
Esquema 6. Síntese do precursor de arino 8g. ......................................................................... 22
Esquema 7. Mecanismo para a formação de 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol (33). .................... 22
Esquema 8. Mecanismo para a formação de 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-carbaldeído (34).
.................................................................................................................................................. 23
Esquema 9. Mecanismo para a formação do derivado fenólico 35. ........................................ 23
Esquema 10. Mecanismo para a formação do precursor de arino 8g. ..................................... 24
Esquema 11. Síntese da 3-cianoftalida (30). ........................................................................... 25
Esquema 12. Mecanismo para a formação de 3-bromoftalida (37)......................................... 26
Esquema 13. Mecanismo para a formação de 3-hidroxiftalida (38). ...................................... 26
Esquema 14. Mecanismo para a formação de 3-cianoftalida (30). ......................................... 27
Esquema 15. Reação visando à preparação de morindaparvina A (31a). ............................... 28
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Estruturas da p-benzoquinona, da antraquinona e do antraceno. ............................. 11
Figura 2. Algumas antraquinonas e suas correspondentes atividades biológicas. .................. 12
Figura 3. Compostos aporfinoides bioativos sintetizados em nosso grupo empregando química
de benzino. ................................................................................................................................ 15
1
Figura 4. Espectro de RMN de H (300 MHz, CDCl3) obtido para o TMS-aril
trifluorometanossulfonato 8g. ................................................................................................... 25
Figura 5. Espectro de RMN de 1H (300 MHz, CDCl3) obtido para 3-cianoftalida (30). ........ 28
viii
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
Símbolo ou abreviatura Significado
m-CPBA Ácido meta-cloroperbenzóico
CAS Chemical Abstracts Service
J Constante de acoplamento
Cromatografia a gás acoplada à espectrometria de
CG/EM
massas
δ Deslocamento químico
LDA Diisopropilamideto de lítio
d Dubleto
dd Duplo dubleto
ddd Duplo duplo dubleto
eV Elétron-volt
EMAR Espectro de massas de alta resolução
EMBR Espectro de massas de baixa resolução
TBAF Fluoreto de tetrabutilamônio
g Grama
°C Graus celsius
–OTf Grupo triflato
–TMS Grupo trimetilsilano
Hz Hertz
HMDS Hexametildissilazana
h Horas
IV Infravermelho
lit. Literatura
L Litro
(m/v) Massa por volume
MHz Megahertz
mL Mililitro
m Multipleto
DCC N,N'-Diciclohexilcarbodiimida
DCU N,N'-Diciclohexilurea
DMF N,N-Dimetilformamida
ix
NBS N-Bromosuccinimida
ppm Parte por milhão
p.f. Ponto de fusão
q Quarteto
(m/z) Razão massa carga
RTA Refletância total atenuada
quant. Rendimento quantitativo
RMN Ressonância magnética nuclear
s Singleto
SEAr Substituição eletrofílica aromática
SN2 Substituição nucleofílica bimolecular
SN1 Substituição nucleofílica unimolecular
t.a. Temperatura ambiente
THF Tetraidrofurano
TMS Tetrametilsilano
t Tripleto
UV Ultravioleta
x
1. INTRODUÇÃO
1.1. Antraquinonas
Antraquinonas constituem um subgrupo das quinonas e são caracterizadas pela presença
de uma estrutura com três anéis semelhante ao antraceno, possuindo dois grupos carbonila como
as quinonas (Figura 1). O nome “antraquinona” foi proposto por Graebe e Liebermann, os
quais foram pioneiros na identificação de uma relação estrutural entre quinonas e antraceno
com as antraquinonas. 1-4
Embora a antraquinona tenha sido preparada em 1840 por Laurent2,5 e em 1868 por
Fritzsche,3,5 através da oxidação do antraceno com ácido nítrico e ácido crômico,
respectivamente, havia pouco interesse por este composto até que Graebe e Liebermann
anunciaram a relação estrutural com quinonas e o antraceno.4,5
As antraquinonas apresentam-se comumente como sólidos cristalinos de cor amarela,
laranja ou vermelha. Tais substâncias têm sido relatadas em quase todas as espécies de plantas
do gênero Senna,6 além de serem encontradas em outras plantas, fungos, líquens e bactérias.
Algumas antraquinonas de origem animal são descritas na literatura, dentre elas podemos citar
o ácido carmínico, extraído de fêmeas cochonilha (Dactylopius coccus Costa).7
As antraquinonas constituem o grupo mais numeroso de quinonas naturais e apresentam
significativas atividades biológicas (Figura 2). São utilizadas terapeuticamente como laxativos
e catárticos, por agirem no intestino grosso, aumentando a motilidade intestinal e,
consequentemente, diminuindo a reabsorção de água.8
11
Figura 2. Algumas antraquinonas e suas correspondentes atividades biológicas.
A figura foi adaptada da seguinte fonte: Tese de doutorado de Givago Prado Perecim, do Programa de Pós-
graduação em Biologia Química, defendida em março de 2020.
12
Esquema 1. Métodos para geração de benzino (1) e reações empregando arinos (9).
13
Esquema 2. Aplicações da química de benzino em química orgânica preparativa.
14
Figura 3. Compostos aporfinoides bioativos sintetizados em nosso grupo empregando
química de benzino.
15
Contudo, as condições reacionais otimizadas não resultaram na antraquinona
morindaparvina A (31a) (Esquema 4). Assim, usando a estratégia de troca de grupos
substituintes, empregada com sucesso na síntese da (±)-coridalina via química de benzino,26
uma rota sintética para a obtenção do TMS-aril trifluorometanossulfonato 8g (vide infra) foi
proposta, invertendo a posição dos grupos -TMS e -OTf, na tentativa de viabilizar a etapa chave
da síntese, ou seja, a reação de anelação de Hauser-Kraus, que consiste na reação entre um
ânion proveniente de ftalida e um composto carbonílico α,β-insaturado, através de uma adição
de Michael, seguida de uma condensação de Dieckmann.27
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Realizar a síntese total da antraquinona morindaparvina A (31a), um produto natural
com significativa atividade antitumoral, empregando na etapa chave da síntese a reação de
anelação de Hauser-Kraus entre 3-cianoftalida (30) e TMS-aril trifluorometanossulfonato (8g)
promovida por uma fonte de íons fluoreto.
2.2. Objetivo específico
Identificar e caracterizar as substâncias preparadas por meio de suas propriedades físicas
(estado físico, coloração, fator de retenção (Rf) e faixa de fusão (p.f.)), bem como pelos seus
espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênio e de carbono 13 (RMN 1H e 13C),
pelos seus espectros de massas (CG/EM), pelos seus espectros na região do infravermelho (IV)
e, no caso das substâncias inéditas, pelos seus espectros de massas de alta resolução (EMAR).
3. PARTE EXPERIMENTAL
3.1. Procedimentos gerais
De acordo com a necessidade, os reagentes e solventes foram purificados e secos por
métodos descritos na literatura28 e as reações foram executadas na ausência de umidade e/ou
sob atmosfera inerte.29 A purificação dos produtos foi realizada por técnicas usuais. 28,29. As
purificações por cromatografia em coluna foram realizadas utilizando sílica gel 60, 70-230
mesh, como fase estacionária. As pesagens foram realizadas em balança analítica eletrônica
marca Shimadzu, modelo AY220. Os solventes orgânicos foram evaporados em evaporador
rotativo marca Büchi, modelo R-210. Os valores das faixas de fusão foram obtidos em ponto
de fusão marca Büchi, modelo M-560. Os experimentos de RMN de 1H (300 MHz) e de 13C
(75 MHz) foram obtidos em espectrômetro marca Bruker, modelo Ultrashield 300, com console
Advance III 300, pertencente à Central de Equipamentos Multiusuários da UNIFESP (CEM -
16
UNIFESP) - Campus Diadema, empregando um solvente deuterado apropriado, sendo os
deslocamentos químicos dados em ppm, utilizando tetrametilsilano (TMS) e o sinal do solvente
deuterado empregado como referências nos espectros de RMN de 1H e de 13C, respectivamente.
Os espectros de massas foram obtidos por injeção em cromatógrafo a gás marca Shimadzu,
modelo GC-2010, acoplado a espectrômetro de massas marca Shimadzu, modelo GCMS-
QP2010 plus, pertencente à CEM - UNIFESP - Campus Diadema. Para ionização e
fragmentação dos compostos no espectrômetro de massas, os mesmos foram bombardeados
com feixe de elétrons de 70 eV. Espectros de massas de alta resolução foram obtidos usando
um espectrômetro de massas ESI-TOF da marca Bruker, modelo micrOTOF-QII, pertencente
à CEM - UNIFESP - Campus Diadema. Os espectros de infravermelho foram realizados em
espectrômetro da marca Shimadzu, modelo Prestige-21, operando em transformada de Fourier,
pertencente à CEM - UNIFESP - Campus Diadema. Os espectros de infravermelho foram
obtidos na região de 4.000 a 400 cm-1, utilizando KBr (pastilhas) ou por Refletância Total
Atenuada (RTA). O programa ChemBioDraw Ultra® versão 12.0 foi utilizado para desenhar
as estruturas das moléculas e para gerar seus nomes, visando criar um padrão para a
nomenclatura utilizada. O programa MestReNova© versão 6.0 foi utilizado para processar os
espectros de RMN. O programa IRsolution versão 1.30 foi utilizado para processar os espectros
de infravermelho.
3.2. Procedimentos experimentais
3.2.1. Preparação do 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol (33)30
Em um balão de uma boca contendo 1,3-benzodioxol (32) (1,83 g, 15
mmol, 1,73 mL) foi adicionado MeCN (15 mL). A mistura foi resfriada
a 0 ºC sob agitação magnética e atmosfera de N 2. Uma solução de NBS
(2,67 g, 15 mmol) em MeCN (15 mL) foi adicionada. Posteriormente, a
solução atingiu temperatura ambiente e permaneceu em agitação
magnética por 20 h. Após este período adicionou-se H2O destilada (15 mL) à mistura, que foi
extraída com hexano (3 x 15 mL). A fase orgânica foi seca com sulfato de magnésio (MgSO4).
Após a filtração, o solvente foi evaporado a pressão reduzida, obtendo-se o produto desejado
33.
5-Bromobenzo[d][1,3]dioxol (33) (Número de registro CAS: 2635-13-4): Rendimento:
1,90 g (63%); óleo amarelado; Rf = 0,35 (hexano); RMN 1H (300 MHz, CDCl3, ppm):
δ 6,97-6,91 (m, 2H), 6,68 (d, J = 8,7 Hz, 1H), 5,97 (s, 2H); RMN 13C (75 MHz, CDCl3, ppm):
148,6, 146,9, 124,3, 113,0, 112,3, 109,6, 101,6. IV (RTA, cm-1): 3016,1, 1837,7, 1600,8,
17
1103,3, 1033,8, 873,8, 794,7 ; EMBR (m/z, %): 200 (98,8), 144 (6,0), 100 (9,6), 79 (12,5), 63
(100,0), 50 (13,5).
18
reduzida. O resíduo foi purificado por cromatografia em coluna utilizando sílica gel como fase
estacionária e CH2Cl2 como eluente, fornecendo o produto desejado 35.
5-Bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-ol (35) (Número de registro CAS: 82299-36-3):
Rendimento: 300 mg (69%); sólido branco; p.f. 127-129 °C; (p.f. lit.34 129-131 ºC Rf = 0,44
(CH2Cl2); RMN 1H (300 MHz, CDCl3, ppm): δ 6,96 (d, J = 8,4 Hz, 1H), 6,40 (d, J = 8,4 Hz,
1H), 6,01 (s, 2H), 5,42 (s, 1H); RMN 13C (75 MHz, CDCl3, ppm): 148,1, 137,0, 134,7, 124,2,
103,4, 102,6, 102,1; IV (KBr, cm-1): 3323,8, 3090,17, 1629,9, 1614,9, 1060,8, 1014,6, 866,0;
EMBR (m/z, %): 216 (100,0), 159 (7,8), 106 (59,6), 79 (46,9), 53 (44,3).
19
3.2.5. Procedimento para a preparação da 3-bromoftalida (37)35
Em um balão equipado com condensador de refluxo foram adicionados
ftalida (36) (0,67 g, 5,0 mmol), NBS (1,16 g, 6,5 mmol) e CCl4 (75 mL).
A reação foi aquecida a 90 ºC sob agitação por 2,5 horas.
Posteriormente, a mistura reacional foi resfriada até temperatura
ambiente e mantida sem agitação por 12 horas. Após filtração simples,
o solvente foi evaporado a pressão reduzida e o resíduo foi purificado
por cromatografia em coluna utilizando sílica gel como fase estacionária e CH 2Cl2 como
eluente, fornecendo o produto desejado 36.
3-Bromoftalida (37) (Número CAS: 6940-49-4): Rendimento: 0,78 g (73%); sólido
esbranquiçado; p.f. 78-79 ºC (p.f. lit. 36 78 ºC); Rf = 0,67 (eluente: CH2Cl2); RMN 1H (300 MHz,
CDCl3, ppm): δ 7,92 (d, J = 7,4 Hz, 1H), 7,79 (t, J = 7,2 Hz, 1H), 7,65- 7,60 (m, 2H), 7,41 (s,
1H); RMN 13C (75 MHz, CDCl3, ppm): δ 167,2, 148,7, 135,2, 130,9, 125,8, 123,9, 123,5, 74,5;
IV (KBr, cm-1): 3568,3, 2997,3, 2002,1, 1803,4, 1749,4, 1602,8, 1465,9, 1280,7, 1217,0,
1037,7, 771,5; EMBR (m/z, %): 133 (100,0), 105 (20,0), 77 (27,3), 50 (11,7).
20
3.2.7. Procedimento para a preparação da 3-cianoftalida (30)38
Em um balão contendo KCN (195 mg, 3 mmol) e H2O (5 mL) a 0 ºC
foi adicionada a 3-hidroxiftalida (38) (0,3 g, 2 mmol) e HCl 37% (0,6
mL). A reação foi mantida a 0 ºC sob agitação por 40 minutos.
Posteriormente, a mistura reacional foi extraída com acetado de etila
(3 x 15 mL) e lavada com solução de NaCl 10% (5 mL). Em seguida, a
mistura foi resfriada a 0 ºC e DCC (515 mg, 2,5 mmol) foi adicionado.
A reação foi mantida sob agitação a temperatura ambiente por 8 horas. Após filtração simples,
o solvente foi evaporado a pressão reduzida e o resíduo foi purificado por cromatografia em
coluna filtrante utilizando sílica gel como fase estacionária e CH 2Cl2 como eluente, fornecendo
o produto desejado 30.
3-Cianoftalida (30) (Número CAS: 27613-27-0): Rendimento: 279 mg (88%); sólido
esbranquiçado; p.f. 119-120 ºC (p.f. lit.39 120-121 ºC); Rf = 0,66 (eluente: CH2Cl2); RMN 1H
(300 MHz, CDCl3, ppm): δ 8,00 (d, J = 8,1 Hz, 1H), 7,86 (t, J = 7,1 Hz, 1H), 7,74-7,69 (m,
2H), 6,10 (s, 1H); RMN 13C (75 MHz, CDCl3, ppm): δ 167,4, 141,7, 135,6, 131,4, 126,0, 124,4,
122,7, 113,8, 65,6; IV (KBr, cm-1) 3564,4, 2929,8, 2119,7, 1782,2, 1602,8, 1463,9, 1269,1,
1203,5, 1020,3, 948,9, 744,5; EMBR (m/z, %): 159 (41,4), 105 (100,0), 76 (22,4), 50 (10,3).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nossa abordagem para a síntese da morindaparvina A (31a) pode ser delineada pela
análise retrossintética apresentada no Esquema 5. A antraquinona 31a será obtida pela reação
de anelação de Hauser-Kraus entre 3-cianoftalida (30), sintetizada por transformações de
grupos funcionais a partir de ftalida (36), e 2-(trimetilsilil)aril trifluorometanossulfonato (8g),
produzido a partir do 1,3-benzodioxol (32).
21
Norteados pela análise retrossintética apresentada no Esquema 5, iniciamos a produção
da morindaparvina A (31a) pela síntese do TMS-aril trifluorometanossulfonato 8g, que foi
obtido via transformações de grupos funcionais a partir de 1,3-benzodioxol (32)
(Esquema 6).23,30,31,33
Esquema 6. Síntese do precursor de arino 8g.
22
Esquema 8. Mecanismo para a formação de 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-carbaldeído (34).
23
Esquema 10. Mecanismo para a formação do precursor de arino 8g.
24
Figura 4. Espectro de RMN de 1H (300 MHz, CDCl3) obtido para o TMS-aril
trifluorometanossulfonato 8g.
Inicialmente, ftalida (36) foi submetida à reação de bromação com pequeno excesso de
N-bromosuccinimida (NBS) em CCl4, resultando na formação de 3-bromoftalida (37) em 73%
de rendimento. A N-bromosuccinimida promove a bromação da ftalida (36) via mecanismo
radicalar, através das etapas de iniciação, propagação e finalização (omitidas no mecanismo),
apresentadas no Esquema 12.
25
Esquema 12. Mecanismo para a formação de 3-bromoftalida (37).
Em seguida, 3-bromoftalida (37) foi tratada com água sob refluxo, resultando na
formação de 3-hidroxiftalida (38) em 85% de rendimento. A reação ocorre por um mecanismo
de SN1, pois a água é um nucleófilo fraco, favorecendo a formação de um carbocátion
secundário, estabilizado por ressonância (Esquema 13).
A partir de 3-hidroxiftalida (38), realizamos a reação com KCN e HCl em água destilada
a 0 ºC, gerando um intermediário funcionalizado (cianidrina), que reage em seguida com N,N'-
diciclohexilcarbodiimida (DCC), eliminando N,N'-diciclohexilurea (DCU) como subproduto,
26
promovendo a formação de 3-cianoftalida (30) em 88% de rendimento, conforme mecanismo
apresentado no Esquema 14.
Esquema 14. Mecanismo para a formação de 3-cianoftalida (30).
No espectro de RMN de ¹H (300 MHz, CDCl3) obtido para 3-cianoftalida (30) pode-se
observar um singleto em 6,10 ppm referente ao hidrogênio da posição 4 e os demais sinais
referentes aos hidrogênios aromáticos (Figura 5).
27
Figura 5. Espectro de RMN de 1H (300 MHz, CDCl3) obtido para 3-cianoftalida (30).
28
5. CONCLUSÕES
As sínteses de 3-cianoftalida (30) e do TMS-aril trifluorometanossulfonato 8g foram
realizadas com sucesso. Todavia, a reação de anelação de Hauser-Kraus entre o intermediário
30 e o precursor de arino 8g não resultou na morindaparvina A (31a). A estratégia de troca de
grupos substituintes, não viabilizou a etapa chave da síntese total da antraquinona 31a.
Os compostos obtidos foram identificados e caracterizados por meio de suas
propriedades físicas (estado físico, coloração, fator de retenção (R f) e faixa de fusão (p.f.)), bem
como pelos seus espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênio e de carbono 13
(RMN 1H e 13C), pelos seus espectros de massas (CG/EM) e pelos seus espectros na região do
13
infravermelho (IV). Não obtivemos o espectro de RMN de C e a análise de massas de alta
resolução para o precursor de arino 8g, o qual é inédito. Contudo, vale mencionar que a estrutura
do composto 8g pode ser elucidada por análises de RMN 1H, de CG/EM e de IV.
29
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Graebe, C; Liebermann C. Ann. Supplementband. 1870, 7, 284.
2. Laurent, A. Ann. 1840, 34, 287.
3. Fritzsche, J. A. Strecker, 1868, 403.
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8. Sociedade Brasileira de Farmacognosia. Disponível em:
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9. Para revisões, veja: (a) Takikawa, H.; Nishii, A.; Sakai, T.; Suzuki, K. Chem. Soc. Rev.
2018, 47, 8030. (b) Tadross, P. M.; Stoltz, B. M. Chem. Rev. 2012, 112, 3550. (c) Gampe,
C. M.; Carreira, E. M. Angew. Chem., Int. Ed. 2012, 51, 3766. Para artigos selecionados,
veja: (d) Perecim, G. P.; Deflon, V. M.; Martins, G. R.; Pinto, L. M. C.; Casagrande, G. A;
Oliveira-Silva, D.; Raminelli, C. Tetrahedron 2020, 76, 131461. (e) Kou, K. G. M.;
Pflueger, J. J.; Kiho, T.; Morrill, L. C.; Fisher, E. L.; Clagg, K.; Lebold, T. P.; Kisunzu, J.
K.; Sarpong, R. J. Am. Chem. Soc. 2018, 140, 8105. (f) Muraca, A. C. A.; Perecim, G. P.;
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A.; Casagrande, G. A.; Raminelli, C. J. Org. Chem. 2015, 80, 10033. (h) Perecim, G. P.;
Rodrigues, A.; Raminelli, C. Tetrahedron Lett. 2015, 56, 6848. (i) Ma, Z.-X.; Feltenberger,
J. B.; Hsung, R. P. Org. Lett. 2012, 14, 2742. (j) Allan, K. M.; Stoltz, B. M. J. Am. Chem.
Soc. 2008, 130, 17270.
10. Para revisões, veja: (a) Pozo, I.; Guitián, E.; Pérez, D.; Peña, D. Acc. Chem. Res. 2019, 52,
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Q. Synlett 2013, 24, 686. (d) Wu, D.; Ge, H.; Liu, S. H.; Yin, J. RSC Adv. 2013, 3, 22727.
Para artigos selecionados, veja: (e) Zuzak, R.; Castro-Esteban, J.; Brandimarte, P.;
Engelund, M.; Cobas, A.; Piątkowski, P.; Kolmer, M.; Pérez, D.; Guitián, E.; Szymonski,
M.; Sánchez-Portal, D.; Godlewski, S.; Peña, D. Chem. Commun. 2018, 54, 10256.(f)
Mizukoshi, Y.; Mikami, K.; Uchiyama, M. J. Am. Chem. Soc. 2015, 137, 74. (g) Li, J.;
Zhao, Y.; Lu, J.; Li, G.; Zhang, J.; Zhao, Y.; Sun, X.; Zhang, Q. J. Org. Chem. 2015, 80,
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2007, 3718.
30
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20. Para revisões, veja: (a) Feng, M.; Jiang, X. Synthesis 2017, 49, 4414. (b) Asamdi, M.;
Chikhalia, K. H. Asian J. Org. Chem. 2017, 6, 1331. (c) Bhojgude, S. S.; Bhunia, A.; Biju,
31
A. T. Acc. Chem. Res. 2016, 49, 1658. (d) Dubrovskiy, A. V.; Markina, N. A.; Larock, R.
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21. (a) Shi, F.; Waldo, J. P.; Chen, Y.; Larock, R. C. Org. Lett. 2008, 10, 2409. (b) Zhijian, L.;
Larock, R. C. J. Org. Chem. 2006, 71, 3198. (c) Yoshida, H.; Fukushima, H.; Ohshita, J.;
Kunai, A. Angew. Chem., Int. Ed. 2004, 43, 3935. (d) Tambar, U. K.; Stoltz, B. M. J. Am.
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22. (a) Atkinson, D. J.; Sperry, J.; Brimble, M. A. Synthesis 2010, 911. (b) Bronner, S. M.;
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D.; Guitián, E. Synthesis 2002, 1454. (e) Peña, D.; Pérez, D.; Guitián, E.; Castedo, L. J. Am.
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23. (a) Moreira, B. V.; Muraca, A. C. A.; Raminelli, C. Synthesis 2017, 49, 1093. (b)
Gebara, K. S.; Casagrande, G. A.; Raminelli, C. Tetrahedron Lett. 2011, 52, 2849. (c)
Toledo, F. T.; Comasseto, J. V.; Raminelli, C. J. Braz. Chem. Soc. 2010, 21, 2164. (d)
Toledo, F. T.; Marques, H.; Comasseto, J. V.; Raminelli, C. Tetrahedron Lett. 2007, 48,
8125.
24. (a) Chang, P.; Lee, K. H.; Shingu, T.; Hirayama, T.; Hall, I. H.; Huang, H. C. J. Nat. Prod.
1982, 45, 206. (b) Khanapure, S. P.; Biehl, E. R. J. Nat. Prod. 1989, 52, 1357.
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Doutorado (Programa de Pós-gaduação em Biologia Química). Instituto de Ciências
Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, Universidade Federal de São Paulo, Diadema (SP),
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26. Saa, C.; Guitian, E.; Castedo, L.; Suau, R.; Saa, J. M. J. Org. Chem. 1986, 51, 2781.
27. Mal, D.; Pahari, P. Chem. Rev. 2007, 107, 1892.
28. Armarego, W. L. F.; Perrin, D. D. Em Purification of Laboratory Chemicals; Butterworth-
Heinemann: Oxford, 1996, 4a Ed.
29. Furniss, B. S.; Hannaford, A. J.; Smith, P. W. G.; Tatchell, A. R. Em Vogel’s Textbook of
Practical Organic Chemistry; Longman Scientific & Technical: Essdex, 1989, 5a Ed.
30. Zysman-Colman, E.; Arias, K.; Siegel, J. S. Can. J. Chem. 2009, 87, 440.
32
31. Weinstabl, H.; Suhartono, M.; Qureshi, Z.; Lautens, M. Angew. Chem., Int. Ed. 2013, 52,
5305.
32. Sit, S. Y.; Xie, K.; Jacutin-Porte, S.; Taber, M. T.; Gulwadi, A. G.; Korpinen, C. D.; Burris,
K. D.; Molski, T. F.; Ryan, E.; Xu, C.; Wong, H.; Zhu, J.; Krishnananthan, S.; Gao, Q.;
Verdoorn, T.; Johnson, G. Journal of medicinal chemistry. 2002, 45, 3660.
33. Sui, X.; Ding, L.; & Gu, Z. Chemical Communications. 2016, 52, 13999.
34. Rigby, J. H., Maharoof, U. S., & Mateo, M. E. J. Am. Chem. Soc. 2000, 122, 6624.
35. Dinda, B. K.; Basak, S.; Ghosh, B.; Mal, D. Synthesis. 2016, 48, 1235.
36. Reichel, L.; Hampel, W. Z. Chem. 1963, 3, 190.
37. Comins, D, L.; Brown, J, D. J. Org. Chem. 1986, 51, 3566.
38. Russell, R.; Pilley, B. A.; Warrener, R. N. Synth Commun. 1986, 16, 425.
39. Sakulsombat, M.; Angelin, M.; Ramstrom, O. Tetrehedron Lett. 2010, 51, 75.
33
ANEXO
Figura A1. Cromatograma e espectro de massas CG-EM obtido para 5-
bromobenzo[d][1,3]dioxol (33).
34
1
Figura A3. Espectro de RMN de H (300 MHz, CDCl3) obtido para 5-
bromobenzo[d][1,3]dioxol (33).
35
13
Figura A4. Espectro de RMN de C (75 MHz, CDCl3) obtido para 5-
bromobenzo[d][1,3]dioxol (33).
36
Figura A6. Espectro de infravermelho (KBr, cm-1) obtido para 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-
carbaldeído (34).
37
1
Figura A7. Espectro de RMN de H (300 MHz, CDCl3) obtido para 5-
bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-carbaldeído (34).
38
13
Figura A8. Espectro de RMN de C (75 MHz, CDCl3) obtido para 5-
bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-carbaldeído (34).
39
Figura A10. Espectro de infravermelho (KBr, cm-1) obtido para 5-bromobenzo[d][1,3]dioxol-
4-ol (35).
1
Figura A11. Espectro de RMN de H (300 MHz, CDCl3) obtido para 5-
bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-ol (35).
40
13
Figura A12. Espectro de RMN de C (75 MHz, CDCl3) obtido para 5-
bromobenzo[d][1,3]dioxol-4-ol (35).
41
Figura A14. Espectro de infravermelho (RTA, cm-1) obtido para 5-
(trimetilsilil)benzo[d][1,3]dioxol-4-il trifluorometanosulfonato (8g).
42
1
Figura A15. Espectro de RMN de H (300 MHz, CDCl3) obtido para 5-
(trimetilsilil)benzo[d][1,3]dioxol-4-il trifluorometanosulfonato (8g).
Figura A16. Cromatograma e espectro de massas CG-EM obtido para 3-bromoftalida (37).
43
Figura A17. Espectro de infravermelho (KBr, cm-1) obtido para 3-bromoftalida (37).
Figura A18. Espectro de RMN de 1H (300 MHz, CDCl3) obtido para 3-bromoftalida (37).
44
Figura A19. Espectro de RMN de 13C (75 MHz, CDCl3) obtido para 3-bromoftalida (37).
Figura A20. Cromatograma e espectro de massas CG-EM obtido para 3-hidroxiftalida (38).
45
Figura A21. Espectro de infravermelho (KBr, cm-1) obtido para 3-hidroxiftalida (38).
Figura A22. Espectro de RMN de 1H (300 MHz, CD3OD) obtido para 3-hidroxiftalida (38).
46
Figura A23. Espectro de RMN de 13C (75 MHz, CD3OD) obtido para 3-hidroxiftalida (38).
Figura A24. Cromatograma e espectro de massas CG-EM obtido para 3-cianoftalida (30).
47
Figura A25. Espectro de infravermelho (KBr, cm-1) obtido para 3-cianoftalida (30).
Figura A26. Espectro de RMN de 1H (300 MHz, CDCl3) obtido para 3-cianoftalida (30).
48
Figura A27. Espectro de RMN de 13C (75 MHz, CDCl3) obtido para 3-cianoftalida (30).
49