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ANEXO I.

CLASSES DE PALAVRAS, SINTAXE E LEXICOLOGIA

ORAÇÕES COORDENADAS E SUBORDINADAS


ORAÇÕES COORDENADAS

Uma oração coordenada é aquela que surge numa frase complexa e que não depende sintaticamente da
oração com a qual tem uma relação de coordenação (a). As orações coordenadas distinguem-se das subordinadas
na medida em que, em geral, não podem ser antepostas à oração com a qual surgem coordenadas (b).
Exs.: a) Regámos as flores e demos comida aos gatos.
b) *E demos comida aos gatos regámos as flores.
As orações coordenadas podem ser sindéticas ou assindéticas.
• Oração coordenada sindética — oração que é coordenada por intermédio de uma conjunção ou de uma
locução coordenativa; pode ser copulativa, adversativa, disjuntiva, conclusiva ou explicativa.

Exs.: Estava cansada, mas continuei a trabalhar.


• Oração coordenada assindética — oração que é coordenada por meio de uma vírgula. Exs.:Abri a porta, liguei a
luz e fui surpreendida por um intruso.

1. Orações coordenadas sindéticas


• Oração coordenada copulativa — oração que se inicia com uma conjunção ou locução coordenativa
copulativa, transmitindo uma ideia de adição.
Exs.: O Miguel fez uma escultura e a Maria optou por uma pintura.
oração coordenada oração coordenada copulativa
Não só comi o bolo como também bebi o sumo. oração coordenada
oração coordenada copulativa

• Oração coordenada adversativa — oração iniciada por uma conjunção ou locução coordenativa adversativa e
que estabelece uma ideia de contraste face à oração com que surge coordenada.

Exs.: Atrasámo-nos, mas conseguimos chegar a tempo da partida do comboio.


oração coordenada oração coordenada adversativa

• Oração coordenada disjuntiva — oração iniciada por uma conjunção ou locução coordenativa disjuntiva e
que transmite uma ideia de alternativa em relação à oração com a qual surge coordenada.

Exs.: Apetece-te comer um chocolate ou preferes provar este bolo?


oração coordenada oração coordenada disjuntiva
Ora lhe apetecia rir ora tinha vontade de chorar.
oração coordenada oração coordenada disjuntiva

• Oração coordenada conclusiva — oração que se inicia com uma conjunção ou locução coordenativa
conclusiva e que apresenta uma conclusão em relação à oração com a qual surge coordenada.

Exs.: Estou exausto; logo, não vou à praia.


oração coordenada oração coordenada conclusiva

• Oração coordenada explicativa — oração iniciada por uma conjunção explicativa e que exprime uma
justificação que legitima o ato de fala expresso pela oração com que surge coordenada.

Exs.: Vou à água, pois apetece-me imenso mergulhar.


oração coordenada oração coordenada explicativa

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ORAÇÕES SUBORDINADAS

Uma oração subordinada é aquela que surge numa frase complexa e que depende sintaticamente da oração
subordinante (a). Ao contrário das orações coordenadas, as orações subordinadas podem, em geral, ser
antepostas às orações subordinantes (b). Uma oração subordinada pode desempenhar a função sintática de sujeito
(c), de com-plemento — do nome (d), do verbo (e) e do adjetivo (f) — e de modificador — do nome (g), do grupo
verbal (h) e da frase (i).

Exs.: a) Saímos de casa assim que chegares.


b) Assim que chegares, saímos de casa.
c) É fundamental que tragas um casaco.
d) A hipótese de ficarmos em casa é absurda.
e) A rainha ordenou que nos sentássemos.
f) Eles estão satisfeitos por terem terminado o trabalho.
g) Os meus amigos franceses, que adoram Portugal, vêm cá este ano.
h) Quando fomos a Paris, visitámos o Museu do Louvre.
i) Se conseguirmos uma promoção, vamos ao Japão nestas férias.
Com base na função sintática que desempenham na frase, as orações subordinadas podem classificar-se como
substantivas (quando desempenham uma função típica do nome), adjetivas (quando desempenham uma função
que, em geral, é atribuída ao adjetivo) ou adverbiais (quando desempenham uma função característica do
advérbio).

1. Orações subordinadas substantivas


• Oração subordinada substantiva completiva — Oração que pode ser o sujeito (a) ou o complemento de
um verbo (b), de um nome (c) ou de um adjetivo (d). No caso de ser finita (isto é, de o verbo não se
encontrar conjugado no infinitivo), é introduzida pelas conjunções «que» ou «se». As orações não finitas
podem iniciar-se com «para» (e) ou sem conjunção (f).

Exs.: a) É importante que faças este trabalho.


b) Ela jurou que não vira nada.
c) A convicção de que tudo correria bem deu-lhe ânimo.
d) Ela estava certa de que eles não faltariam ao prometido.
e) Nós pedimos para sair mais cedo da reunião.
f) Eles afirmaram ter feito o trabalho sem ajuda.

• Oração subordinada substantiva relativa — Oração que é introduzida por um pronome relativo — quem,
o que, onde, quanto — que não tem um antecedente (isto é, expressão lexical que fosse recuperada).
Pode desempenhar a função sintática de sujeito (a), de complemento direto (b), de complemento indireto
(c), de complemento oblíquo (d) e de modificador do grupo verbal (e). As orações subordinadas
substantivas relativas podem ser finitas ou não finitas.

Exs.: a) Quem não arrisca não petisca.


b) Ele premiou quem merecia.
c) Ela disse a resposta a quem lha pediu.
d) Ele duvidava de quem era demasiado solícito.
e) Eles estão onde querem.

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2. Orações subordinadas adjetivas
• Oração subordinada adjetiva relativa restritiva — Oração que se inicia com um quantificador relativo,
pronome relativo, determinante relativo ou advérbio rela-tivo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais,
cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/quanta(s), onde. Uma vez que restringe o antecedente, esta oração desempenha a
função sintática de modificador restritivo do nome, não podendo, portanto, ser separada do antecedente por
vírgula.

Exs.: a) Os alunos que trabalharam serão recompensados.


b) Os concorrentes cuja obra de arte foi premiada irão a Londres.
c) A escola onde trabalho é ótima.
• Oração subordinada adjetiva relativa explicativa — Oração que se inicia com um quantificador relativo,
pronome relativo, determinante relativo ou advérbio relativo — que, quem, o qual/a qual, os quais/as quais,
cujo(s)/cuja(s), quanto(s)/quanta(s), onde. Esta oração apresenta informação adicional sobre o anteceden-te,
desempenhando a função sintática de modificador apositivo do nome e sendo separada do antecedente por
vírgula (a, b e c). Quando o pronome relativo reto-ma o conteúdo da subordinante na sua totalidade, a oração
subordinada desem-penha a função sintática de modificador da frase (d).

Exs.: a) A Catarina, que se interessa por arqueologia, vai no verão ao Egito.


b) O Rui, cujo irmão é meu colega, emprestou-me este livro.
c) Na ilha de São Miguel, onde se situa a lagoa das Sete Cidades, há uma aposta no
turismo de natureza.
d) Ele conquistou uma medalha, o que encheu os pais de orgulho.

3. Orações subordinadas adverbiais


• Oração subordinada adverbial temporal — Oração que situa no tempo a informa-ção apresentada na oração
subordinante e que desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal. Esta oração pode ser finita
ou não finita. No primei-ro caso, é introduzida por uma conjunção ou uma locução subordinativa temporal (a).
No segundo caso, classifica-se como infinitiva (quando o verbo está no infini-tivo) (b), participial (quando o
verbo se encontra no particípio passado) (c) ou gerundiva (quando o verbo está no gerúndio) (d).

Exs.: a) Mal chegámos, começámos a trabalhar.


b) Ao sair de casa, apercebi-me de que me tinha esquecido do guarda-chuva.

c) Terminada a reunião, regressámos a casa.


d) Ela entrou em casa andando silenciosamente.
• Oração subordinada adverbial causal — Oração que indica a causa da ideia que é expressa na oração
subordinante e que desempenha a função sintática de modifi-cador do grupo verbal. Quando finita, esta oração é
introduzida por uma conjunção ou uma locução subordinativa causal (a). As orações subordinadas adverbiais
cau-sais não finitas podem ser infinitivas (b), participiais (c) ou gerundivas (d).

Exs.: a) Como está a chover, ficamos em casa.


b) Ele foi promovido por revelar um excelente desempenho nas suas funções.

c) Destruída a casa, os seus habitantes foram realojados.


d) Estando o trabalho concluído, é natural que eles queiram descansar.

• Oração subordinada adverbial final — Oração que indica o objetivo da situação que é descrita na oração
subordinante e que desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal. Pode ser finita (a) ou não
finita (b).

Exs.: a) O anfitrião esforçou-se muito para que todos se sentissem


à vontade na festa.
b) Eles vieram cá para visitar o País.

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• Oração subordinada adverbial condicional — Oração que indica uma condição para a realização do facto
expresso na oração subordinante. Desempenha a fun-ção sintática de modificador da frase. De acordo com o
seu sentido, as orações subordinadas adverbiais condicionais podem classificar-se como factuais (ou
reais), quando exprimem um facto real. Neste caso, o verbo da oração subor-dinada é conjugado no modo
indicativo (a). Podem também ser hipotéticas, quando apresentam uma hipótese, situação em que o verbo da
oração subordi-nada é conjugado no presente ou no futuro do modo conjuntivo (b). Finalmente, existem também
orações subordinadas adverbiais condicionais contrafactuais (ou irreais), quando se indicam situações que não
se podem realizar. Neste último caso, o verbo é conjugado no pretérito imperfeito do modo conjuntivo (c). Além de
finitas, estas orações podem também ser não finitas — infinitivas (d), participiais (e) e gerundivas (f).

Exs.: a) Se estudaste, tens maior probabilidade de ter um bom resultado.


b) Se estudares, terás maior probabilidade de ter um bom resultado.
c) Se estudasses, terias maior probabilidade de ter um bom resultado.
d) A fazer essa viagem, terias de me acompanhar.
e) Publicado o livro, poderemos divulgar a nossa teoria.
f) Fazendo o trabalho, mostrarás o teu valor.
• Oração subordinada adverbial concessiva — Oração que apresenta um obstáculo que se coloca à situação
apresentada na oração subordinante, mas que não a impede de se concretizar. Desempenha a função
sintática de modificador da frase. As orações subordinadas adverbiais concessivas podem ser finitas (a) ou
não finitas. Neste caso, classificam-se como infinitivas (b), participiais (c) e gerundivas (d).

Exs.: a) Embora seja tímida, ela aceitou participar na peça.


b) Apesar de se sentir cansada, a Marta decidiu ir passear com a mãe.
c) Mesmo degradado, o monumento conservou parte da sua beleza.
d) Mesmo sabendo que eles não apreciam sopa, vou servi-la ao jantar.
• Oração subordinada adverbial comparativa — Oração que apresenta o segundo termo de uma comparação em
relação ao que é expresso na oração subordi-nante (a). Nas orações subordinadas comparativas, o verbo pode
ser elidido (b). Estas orações têm um comportamento diferente do das restantes orações subor-dinadas
adverbiais, uma vez que, por vezes, parecem referir-se especificamente a um elemento da oração subordinante,
e não a esta oração na sua totalidade, e têm pouca mobilidade na frase (c).

Exs.: a) Ele lia tão bem como escrevia.


b) Este aluno é mais alto do que aquele (isto é, do que aquele é alto).
c) Ela trabalhou mais do que tu.
* Do que tu ela trabalhou mais.

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• Oração subordinada adverbial consecutiva — Oração que exprime uma conse-quência do facto
apresentado na oração subordinante (a). Tal como as orações subordinadas adverbiais comparativas, estas
orações têm um comportamento diferente do das outras orações subordinadas adverbiais, dado que, por
vezes, modificam apenas um elemento da oração subordinante, e não esta oração no seu todo, e têm
pouca mobilidade na frase (b). Estas orações podem ser não finitas, sendo, neste caso, infinitivas (c).

Exs.: a) Ele esforçou-se tanto que conseguiu superar todas as dificuldades.


b) Ela era tão simpática que não tinha dificuldade em fazer amigos.
* Que não tinha dificuldade em fazer amigos ela era tão simpática.
c) A Maria ficou entusiasmada com a ideia a ponto de procurar, a todo o custo,
concretizá-la.
A classificação das orações que foi aqui apresentada encontra-se sistematizada nos quadros seguintes.

ORAÇÕES COORDENADAS
Subclasses Exemplos
Assindéticas Sinto-me quente, devo estar doente.
Copulativas Saí do trabalho e fui para casa.
Adversativas O telemóvel tem bateria, mas não funciona.
Sindéticas Disjuntivas Chovia ou nevava.
Conclusivas Estudei bastante para o teste, por isso tive boa nota.
Explicativas Liga o aquecedor, pois estou com frio.

ORAÇÕES SUBORDINADAS
Subclasses Exemplos
Completivas Ele pediu que lhe fizéssemos um favor.
Substantivas
Relativas Quem espera sempre alcança.
Relativas
Gosto da camisola que compraste.
restritivas
Adjetivas
Relativas
A Ana, que chegou hoje de viagem, está a descansar.
explicativas
Temporais Assim que me fui embora, ele chegou.
Causais O carro parou porque ficou sem gasolina.
Finais Amanhã encontramo-nos para resolver esse assunto.
Condicionais Se fores ao supermercado, traz leite.
Adverbiais
Apesar de não ter muita fome, podemos começar
Concessivas
a jantar.
Comparativas O teu irmão é mais alto do que tu.
Consecutivas Estava tanto frio que tremíamos.

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