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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

ENGENHARIA CIVIL

GEOTÉCNICA - 2011/2
 Definição de solo e rocha
 A Terra, sua idade e movimentações da crosta

Marita Raquel Paris Cavassani Curbani


maritarpc@gmail.com

Referências:
Notas de aula (slides) do Prof. Paulo Dias Ferreira Júnior. Curso de Geografia – UFES
Notas de aula (apostila) de Geotécnica, Prof. Reno Reine Castello (1998)
Definição: Solo e Rocha
SOLO:
 Misturas naturais de um ou diversos minerais (às vezes com
matéria orgânica).

 Material não consolidado (não cimentado) composto de


partículas sólidas discretas (isoladas) contendo gases e/ou
líquidos nos seus vazios

Numa conceituação mais simplista: material que pode ser


escavado sem o emprego de técnicas especiais, como, por
exemplo, explosivos.

ROCHA:
 Material consolidado (cimentado) que requer explosivos ou

métodos similares de força bruta para escavação.


Eng. Civil está mais interessado no sistema de descontinuidades
(falhas, fissuras, etc.)
Era Geológica: A história do planeta divide-se em eras geológicas, períodos,
épocas e idades:
Escala Geológica do Tempo
Tempo
Eras Períodos decorrido Características Gerais
(1.000 anos)
Quaternário Caracterização das formas de relevo atuais. Aparecimento
11
Holoceno do homem e das atuais formas de vida. Configuração dos
1.000
Pleistoceno atuais oceanos e continentes.

Cenozóica Terciário Extinção dos répteis gigantescos e desenvolvimento


12.000
Plioceno excepcional dos mamíferos. Desenvolvimento de plantas
23.000
Mioceno semelhantes às que atualmente conhecemos. Formação das
35.000
Oligoceno
55.000 cadeias montanhosas da atualidade (Alpes, Andes,
Eoceno
Rochosas, Himalaia, Atlas e da África Oriental).

Secundário Intenso trabalho de erosão e sedimentação. Erupções


135.000 vulcânicas em muitos pontos da Terra. Desenvolvimento
Cretáceo
Mesozóica 180.000
Jurássico excepcional dos moluscos e répteis gigantescos. Primeiros
220.000
Triássico mamíferos e aves.

Primário 270.000
Superior 350.000
Permiano Desenvolvimento notável da vida, principalmente no mar. Na
Carbonífero terra aparecem invertebrados e gigantescas florestas.
Primário Médio 400.000
Paleozóica
Devoniano 430.000
Siluriano
Primário Inferior
490.000
Ordoviciano
600.000
Cambriano

Pré-Cambriano Restos raros de bactérias, fungos, algas, esponjas,


Superior Algonquiano crustáceos e celenterados. Movimentos orogênicos e
(Proterozóica) vulcanismo intenso.

Médio Mais de 2 Surgimento das primeiras formas de vida. Bactérias e


bilhões de anos fungos.

Inferior
± 4,5 bilhões de Formação da Terra
(Arqueozóica) Arqueano anos
ERA: Pré-Cambriano inferior (Aqueozóica)
(± 4,5 bilhões de anos atrás)

Formação da Terra

• A Teoria da Nebulosa explica a formação dos


planetas a partir da acresção de materiais
oriundos de uma nuvem de poeira e gás inicial.

Definição: acreção [Sin. acrescimento]


Hipótese referente ao nascimento e crescimento de
planetas por agregação de poeira estelar e corpos
menores (asteróides, planetesimais,..) atraídos
gravitacionalmente e incorporados à massa do
planeta em desenvolvimento.
Colapso da nebulosa solar

Nebulosa contrai  aumenta rotação


(conservação momento angular)

Material dos pólos cai rapidamente no centro


 formação de um disco

No centro  corpo maciço e quente


 materiais sólidos volatilizados

Restante da nebulosa esfria  planetesimais

No centro  processos nucleares  estrela


No exterior  processos de acresção  planetas
Explorando o interior da Terra
• 1889 – Ondas elásticas geradas por terremotos (ondas sísmicas), podem
ser usadas para explorar o interior da Terra.

Sismo, também chamado de terremoto, é um fenômeno de vibração


brusca e passageira da superfície da Terra, resultante de movimentos
subterrâneos de placas rochosas, de atividade vulcânica, ou por
deslocamentos (migração) de gases no interior da Terra, principalmente
metano. O movimento é causado pela liberação rápida de grandes
quantidades de energia sob a forma de ondas sísmicas.

Onda sísmica é uma onda que se propaga através da Terra, geralmente


como conseqüência de um sismo, ou devido a uma explosão. Estas ondas
são estudadas pelos sismólogos, e medidas por sismógrafos, sismómetros
ou geofones.
Propriedades das ondas sísmicas

• Princípio: quando as ondas sísmicas se propagam de um


meio para outro, ocorre a mudança de velocidade e direção.

• A velocidade das ondas sísmicas é função do tipo de


material (ou meio), ou seja, das propriedades físicas do
meio, principalmente densidade e elasticidade

• Com a passagem das ondas sísmicas, o meio se deforma


elasticamente.

• Ondas sísmicas: INTERNAS E SUPERFICIAIS


Explorando o interior da Terra

A natureza das ondas símicas


As ondas sísmicas dependem:
 das propriedades dos materiais
 são mais rápidas em meios mais rígidos
 aumentam a velocidade em profundidade (maior pressão)
Propriedades das ondas sísmicas
Ondas Internas
• P (primárias, longitudinais, compressionais)
– As partículas vibram paralelamente à direção de propagação.
– Maior velocidade de propagação 6-8 km/s. Ex: Som.

• S (secundárias, transversais, tangenciais)


– As partículas vibram perpendicularmente à direção de propagação.
– Não se propagam em meios líquido e gasoso.

Ondas Superficiais - É aquela que se propaga na crosta


O interior da Terra
Crosta
Manto
Sial: G=2,7 T=800°C
Superior: G=3,3 T=2000°C
Sima: G=2,95 T=1000°C
Inferior: G=5,5 T=3000°C

Núcleo externo
(líquido)

Núcleo interno
(sólido)

Nife: G=12
Litosfera: Parte externa e rígida da Terra constituída pelo manto
superior, crosta oceânica e crosta continental.

Astenosfera: Parte do manto superior sobre a qual as placas


litosféricas se movem.
SIAL – Parte mais externa da crosta, composto principalmente por Silício e
Alumina. Rochas graníticas. Esp. 25 a 90 km

SIMA – Parte abaixo do Sial e constitui-se basicamente de Silício e Magnésio.


Rochas basálticas. Esp. 5 a 10 km

Grau Geotérmico – É o número de metros em profundidade da crosta terrestre


em que há elevação de 1°C na temperatura (média mundial é de 30 m).
Isostasia
Teoria segundo a qual há equilíbrio isostático na Terra, isto é, a uma dada
profundidade (~ 60 km) as pressões se igualam.

A crosta continental menos Sob as montanhas o Sial penetra


densa flutua sobre o mais fundo no Sima.
manto denso

0 (km)
10 Crosta oceânica Crosta continental
(3.0 ) (2.7)
20
30 Manto Descontinuidade
40 (3.3 g/cm3) de Moho
50
Distâncias horizontais fora de escala

Descontinuidade de Mohorovic (Moho)  separa a crosta do manto.


A descoberta da descontinuidade (crosta/manto)

 “Moho”
Limite entre a crosta e o
manto

Descoberta em 1909 por


Andrija Mohorovicic
Composição da Terra
Abundância dos Elementos Químicos
• Ferro (35%), Oxigênio (30%), Silício (15%), Magnésio (10%)
• outros 82 elementos: 10%

Distribuição
• heterogênea
• densidade aumenta com a profundidade
- crosta: 2,7 a 3,0
- manto: 3,3 a 5,5
- núcleo: 12
• temperatura aumenta com a profundidade
- crosta: 800 a 1000oC
- manto: 2000 a 3000oC
Composição química da Terra

Crosta

Manto

Núcleo
Externo
Núcleo
Interno

Profundidade (km)
As mudanças abruptas na
Densidade

densidade da Terra são


causadas por mudanças na
composição química da Terra.

Profundidade (km)
Densidade das maiores camadas
Alumínio (8%) Ferro (6%)
Silício (28%) Magnésio (4%)
Cálcio (2.4%)
Outros (5.6%)
Crosta CROSTA Oxigênio
(46%)

Alumínio (2.4%) Ferro (6.3%)


Silício (21%) Magnésio (22.8%)
Manto Cálcio (2.5%)
MANTO Oxigênio
Núcleo (44%)
Externo
Núcleo
Interno

Profundidade (km) Níquel (5%)


NÚCLEO Ferro Enxofre (5%)
EXTERNO (85%)
Densidade

Oxigênio (5%)

NÚCLEO Ferro Níquel (6%)


INTERNO (94%)

Profundidade (km)
Deriva Continental  Teoria das Placas Tectônicas
A idéia básica da deriva continental, é que a litosfera é dividida
em placas que se movem sobre a astenosfera. Assim, a posição
atual dos continentes ou porções de continentes não corresponde
à sua posição no passado e não corresponde à sua posição no
futuro.
Uma questão inicial: Como essas aves não voadoras
atingiram áreas tão distantes?
A explicação
para esse fato
está no ancestral
comum e na
posição inicial
dos continentes.
Os continentes é
que se moveram
e não as aves
Com a
movimentação dos
continentes o
ancestral comum
destas aves foi
isolado
possibilitando o
aparecimento de
novas espécies
A Deriva dos Continentes foi inicialmente proposta por Alfred Wegener
em 1915, porém foi aceita somente a partir da década de 1970.

• Certos fósseis de animais que dificilmente seriam capazes de atravessar o


oceano
Evidência da deriva continental

• 0s continentes,
mesmo separados,
compartilham
rochas de mesma
idade e
composição

Press et al. (2006)


América do Sul se afasta da África, 3 cm por ano
Simulação da
dorsal
mesoceânica
Atividade geológica nas áreas de encontro das placas
tectônicas

O Círculo de Fogo do Pacífico, mostrando os vulcões ativos (círculos em


vermelho) e os terremotos (círculos pretos)
Press et al. (2006)
Epicentros e placas tectônicas

W. W. Norton
Principais placas tectônicas
Teoria das Placas Tectônicas

A movimentação das placas continentais através dos milênios


foram causadas por correntes de convecção no interior fluído da
Terra.
Quanto mais junto ao núcleo mais quente, então a massa mais
interna e aquecida sobe e a massa mais externa sob a crosta e
menos aquecida desce.
Por atrito tendem a movimentar a crosta. Neste movimento a crosta
se fragmentou em várias placas que se movimentam, ora uma de
encontro a outra, ora afastando-se.

Ex. Choque entre a placa continental (América do Sul) e placas oceânicas no


encontro com o Oceano Pacífico  Cordilheira dos Andes, terremotos e vulcões.
A movimentação das placas tectônicas é
impulsionada pelas correntes de convecção

Press et al. (2006)


A convecção causa a ascensão da água…

...a água fria se


move para as
laterais e afunda,…
Matéria quente do …causando a
manto ascende,… separação das placas.

Onde as placas
convergem, a
Placa Placa placa fria
afunda…

…aquecimento e …aquece e
nova ascensão. ascende
novamente.

Press et al. (2006)


Os tipos básicos de limites entre as placas tectônicas

divergente, convergente e transformante


1. Limite divergente
(a) Separação de placas oceânicas

Rifteamento, vulcões e terremotos


Dorsal
Mesoatlântica

• Rifting (rifteamento) é o processo no qual um continente se


fragmenta e se separa a partir de um limite divergente.
1. Limite Divergente
(b) Separação de placas continentais
vale em rifte, vulcão e terremotos
Vale em Rifte do
Leste Africano
O processo de subducção

No limite convergente duas placas tectônicas se movem


para um ponto em comum e acabam por colidir. A placa
oceânica, por ser mais fina e densa mergulha sob a
placa continental. Este processo de afundamento da
placa tectônica é chamado de subducção.
2. Limite Convergente
(a) Convergência Oceano-Oceano
fossa oceânica, arco de ilhas vulcânicas e terremotos profundos

Ilhas Marianas Fossa Marianas


2. Limite Convergente
(b) Convergência Oceano-Continente

cinturão de montanhas vulcânicas montanhas dobradas


e terremotos profundos
Cordilheira
dos Andes

Fossa do Peru-Chile

Placa Sul-
Americana
2. Limite Convergente
(c) Convergência Continente-Continente

dobramento de montanhas e
terremotos
Montanhas Planalto
Himalaia do Tibete

subducção

Placa
Eurasiana
Limites convergentes das placas tectônicas

W. W. Norton
Limites convergentes das placas tectônicas

Cordilheiras dos Andes: Placa de Nazca a Placa Sul-americana


Falha transformante

Falha transformante ao longo de um limite divergente


das placas tectônicas: As placas deslizam uma ao
lado da outra sem a formação de uma nova placa ou a
destruição de parte delas.
3. Limite Transformante
(a) Falha transformante na dorsal mesoceânica

falha lateral (transformante) e terremoto


3. Limite Transformante
(b) Falha transformante no continente

falha lateral (transformante) e terremoto


Placas tectônicas e relevo

original artwork by Gary Hincks


Vulcanismo
Velocidade de deslocamento das placas tectônicas

Velocidade: 18 km/1.000 anos ou 18 mm/ano


Velocidade de deslocamento das placas tectônicas

Exemplo de velocidades das placas:


• Dorsal do Pacífico Leste (placas do Pacífico e Nazca)
• 138 a 150 mm/ano
• Atlântico Sul (Dorsal Meso-Atlântica)
• 34 a 35 mm/ano
• Sul da Austrália
• 70 a 75 mm/ano
• Sul da África
• 14 mm/ano
W. W. Norton
Mapa da sismicidade brasileira, com sismos de magnitude = 3.0,
ocorridos no Brasil, desde a época da colonização até 2004

Maiores sismos
ocorridos no Brasil:

• Mato Grosso: 6.6


• Espírito Santo
(oceano Atlântico): 6.3

Defesa civil - Ceará


Escala Richter:
É uma escala logarítmica: a magnitude de Richter corresponde ao logaritmo
da medida da amplitude das ondas sísmicas de tipo P e S a 100 km do
epicentro.

O sismo mais intenso já registrado atingiu o valor de 9,5, e ocorreu a


22 de maio de 1960 no Chile.

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