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4. OS DIREITOS HUMANOS

Veja abaixo a forma da evolução dos direitos humanos a partir de


gerações (ou dimensões):
a) Direitos de 1ª dimensão: representam a afirmação dos direitos de
liberdade, ou seja, “todos aqueles direitos que tendem a limitar o poder do
Estado e a reservar para o indivíduo, ou para os grupos particulares, uma
esfera de liberdade em relação ao Estado” (BOBBIO, 2004, p. 52). Com o
afastamento da atuação estatal e concessão de ampla liberdade de atuação
aos particulares, as classes detentoras de maior poderio econômico dele se
valeram para, com base no direito à propriedade, estabelecerem verdadeiro
domínio sobre as classes hipossuficientes, excluindo-as socialmente e em
escalas cada vez maiores.
b) Direitos de 2ª dimensão: com um Estado extremamente liberalista,
emergiu a necessidade de trazer a atuação estatal novamente à tona, de modo
a restringir tais liberdades, com vista à prestação de garantias mínimas de
existência digna à todos do povo, sem discriminações. A Constituição
mexicana de 1917 e a de Weimar de 1919, marcam a transição para a
denominada segunda dimensão de direitos, na qual os direitos sociais
assumem o papel de destaque. A atuação estatal é chamada a voltar, a
restringir aatuação dos particulares para conferir-lhes segurança social,
momento em que a igualdade e o bem-comum são postos no ápice dos
objetivos a serem alcançados pelo Estado.
c) Direitos de 3ª dimensão: Os direitos de terceira dimensão tutelam a
humanidade como um todo. Fala-se, por primeira vez, da tutela aos direitos
transindividuais, ou seja, aqueles que ultrapassam a esfera individual da
pessoa, consubstanciando-se nos direitosdifusos, coletivos e individuais
homogêneos (ALARCON, 2004, p. 81). Os direitos de solidariedade (ou
fraternidade) formam o conjunto de elementos que propiciaram a elevação da
dignidade humana a princípio-matriz da Constituição Federal e, por
conseguinte, de todo ordenamento jurídico. A terceira dimensão de direitos
viabiliza o engajamento do princípio da dignidade humana no interior de cada
direito e garantia fundamental conferido à pessoa humana, tendo absoluta
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guarida nos modernos textos constitucionais, tal como consagrado pela


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
d) Direitos de 4ª dimensão: com a evolução da engenharia genética
surge a necessidade de discussão e proteção do patrimônio genético humano,
no que se consubstancia uma quarta dimensão de direitos.

- Qual é a diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais?

- A Constituição brasileira trata separadamente os direitos e garantias


individuais dos direitos sociais (econômicos, sociais e culturais). Por quê?

- É possível pleitear, direta e autonomamente, direitos sociais? Regra: não.


Mas nos seguintes casos, sim:
1) arbitrária inatividade do legislador – ADI por omissão
2) Situações concretas de necessidade social que justifiquem uma
pretensão relacionada à dignidade (ex: entre direito à propriedade e moradia, o
juiz pode indeferir um despejo no caso de inadimplência);
3) Quando o legislador sacrifica o mínimo existencial (ex: penhora total
do salário).

- Quando se fala em direitos sociais, se está a falar sobre organização,


sobre a estruturação de serviços que forneçam prestações sociais (saúde,
educação).

- Os direitos sociais, são, então: um limite, porque impedem a criação de


leis contrárias a eles; e um impulso, para que o legislador criem normas que
viabilizem o gozo dos direitos sociais.

- Com a redução do Estado, os direitos sociais podem ser afetados?


Podem ser reduzidos?

- Como se concretizam os direitos sociais? Há uma série de condições


que interferem: capacidade econômica do Estado, clima espiritual da
sociedade, estilo de vida, distribuição de bens, nível de ensino,
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desenvolvimento econômico, criatividade cultural, convenções sociais, éticas,


filosóficas e religiosas, capacidade administrativa do Estado. Além disso, a
maneira de positivação também é fundamental à concretização dos direitos
socais. Eles são meros programas de governo? Ou direitos públicos
subjetivos?

- Por que reduzir os direitos sociais a meros programas? Custo! Por isso,
e, razoavelmente, a reserva do possível.

LIBERDADE, IGUALDADE
Há uma relação de interdependência entre os direitos e garantias
individuais e os direitos ESC, cujo paradigma é a liberdade igual. A liberdade
igual aponta para a igualdade real, o que pressupõe a possibilidade de todos
terem acesso aos bens econômicos, sociais e culturais.
Por isso a liberdade igual significa não apenas a inviolabilidade de domicílio,
mas também o direito a ter uma casa. Não apenas o direito à vida, mas
também o direito à saúde. Para Canotilho o mercado não produz a liberdade
igual automaticamente, o que gera o problema de saber quem pode e deve
fazer a justa redistribuição dos bens sociais.

3.4 Objetivos fundamentais

Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3º),


mais que meras finalidades do Estado, constituem instrumentos que penetram
no sentido interpretativo dos princípios fundamentais para lhes forçar a eficácia
material e evitar que os mesmos fiquem apenas dotados de eficácia formal.
Tais objetivos devem ser perseguidos pelo legislador e aplicador do Direito,
pois devem ser traduzidos em realidade na sociedade brasileira.
Veja quais são os objetivos previstos pela Constituição Federal de
1988:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República


Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
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II - garantir o desenvolvimento nacional;


III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação.

13. DIREITOS FUNDAMENTAIS

São características dos direitos fundamentais:


a) historicidade;
b) universalidade;
c) limitabilidade;
d) concorrência.

 Direitos políticos

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e


pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.

 Seguridade Social

- Estrutura e organização

17. ORDEM ECONÔMICA BRASILEIRA

A ordem econômica brasileira é regida nos termos do artigo 170 da


Constituição Federal:
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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do


trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante


tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental
dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno


porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de


qualquer atividade econômica, independentemente de
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos
em lei.

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