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GERAL

Uso da terapia por pressão negativa em feridas


traumáticas agudas
Diego Daniel Pereira, Dimas André Milcheski, Hugo Alberto Nakamoto, Bernardo Nogueira Batista,
Paulo Tuma Junior, Marcus Castro Ferreira

Introdução inicial e procedimentos aos quais fo­­­­ram no período 765 procedimentos cirúr-
São diversos e já bem estabeleci­­ submetidos. O perfil dos pacientes com gicos, perfazendo uma média de 3,4
­dos os mecanismos de ação dos cura- feridas traumáticas tratadas com cu­­­­­ procedimentos por paciente seguido.
tivos com pressão negativa: redução rativos com pressão negativa foi ava­­­ No período estudado foram realiza­­­­dos
do ede­­­­­­­­ma local, contração da ferida, es­­­­­­­­­­ liado e são discutidos os procedimentos os seguintes procedimentos cirúrgicos:
tímulo à neoangiogênese, remoção do aos quais foram submetidos no decorrer 51 curativos em centro cirúrgico; 28
exsudato, melhora do fluxo sanguíneo do tratamento. des­­­bridamentos com anestesia local;
e redução da colonização bacteriana. 76 desbridamentos com anestesia ge­­­­­­ral;
Além disso, o sistema de terapia a vácuo Resultados 205 desbridamentos com colocação
constitui uma opção confortável para o Foram atendidos no período um to­­­tal de curativo a vácuo em mesmo tempo
paciente com trocas menos frequentes. de 224 pacientes com feridas traumá- cirúrgico; 20 trocas de curativo a vácuo
Muitos desses efeitos são bastante de­­­ ticas e que em algum momento de seu com anestesia local; 62 trocas de cura-
sejáveis para o manejo das grandes tratamento foram submetidos a cura- tivo a vácuo com anestesia geral; 27
feridas traumáticas e, dessa forma, os tivos a vácuo. Desses, 163 (72,8%) eram fechamentos primários de feridas após
curativos com pressão negativa estão do sexo masculino. Quanto à idade, 29 uso de curativo a vácuo; 57 enxertias
cada vez mais ganhando espaço no trata- (12,9%) dos pacientes eram menores de pele parcial; 120 enxertias de pele
mento de tais pacientes. No entanto, de 18 anos; 124 (55,4%) possuíam parcial com uso de curativo a vácuo
ainda há na literatura poucos trabalhos entre 18 e 40 anos; 50 (22,3%) estavam sobre enxerto; 35 retalhos locais; 23
sobre a terapia por pressão negativa em entre 41 e 65 anos e 21 (9,4%) eram re­­­talhos livres microcirúrgicos e 8 rea­­
feridas traumáticas; e a maioria destes maiores de 65 anos. No que se refere bordagens de retalhos microcirúrgi­­­­­­­­­­­­­­­­
versa so­­­­bre situações específicas. ao tipo de lesão, 139 (62,1%) pacientes ­cos. Foram feitos ainda 8 reimplantes
possuíam lesões com menos de 24 de extremidades; 21 amputações de
Objetivo ho­­­­­ras de evolução quando da primeira ex­­­­­­­­­­­­­tremidades e 18 neurorrafias/tenor-
Evidenciar a versatilidade dos cura- avaliação e 34 (15,2%) pacientes pos­­­­
rafias. O número total de curativos por
tivos por pressão negativa, bem como sua suíam lesões com 24h a 1 semana de
pressão negativa realizados foi de 407,
aplicação nos diversos tipos de procedi- evolução. Outros 26 (11,6%) pacientes
mentos realizados durante o tratamento sendo 287 sobre feridas traumáticas e
possuíam lesões com início entre 1 e
dos pacientes com feridas traumáticas 120 sobre enxertos de pele. A média
3 semanas anteriores à avaliação; 16
extensas. final de curativos a vácuo por paciente
(7,1%) com início entre 3 semanas e 3
meses, e ainda 9 (4%) possuíam lesões foi de 1,8.
Método com mais de 3 meses de evolução. O
Foram inclusos nesse trabalho to­­­­­­­­­­dos tempo de seguimento médio em in­­­­­­ Conclusão
os pacientes com feridas traumáticas ter­­­­­­­n ação hospitalar entre avaliação Os curativos por pressão negativa
acompanhados pela disciplina de Ci­­­­­ ini­­­cial e alta por parte da Cirurgia Plás- são atualmente importantes adjuvantes
rurgia Plástica do Hospital das Clínicas tica foi de 18,3 dias; com 37 (16,5%) no tratamento das feridas traumáticas.
da Faculdade de Medicina da Univer­ pacientes necessitando de um segui- Seu crescimento nos últimos anos é
sidade de São Paulo, admitidos no mento internado maior que 30 dias. baseado principalmente nos resultados
período de janeiro de 2010 a dezembro Os ferimentos descolantes foram os favoráveis obtidos com a sua utilização
de 2011 (24 meses) e que em algum mais prevalentes, estando presentes no tratamento agudo dos pacientes po­­­­­­­­­­
momento de seu tratamento foram sub­­­ em 110 (49,1%) pacientes; seguidos litraumatizados. A versatilidade e im­­­­
metidos a curativos com pressão nega- pelas amputações traumáticas em 15 portância dos curativos por pressão ne­­­­
tiva. Os pacientes foram divididos e (6,7%) e fraturas expostas com perda gativa são evidentes e a tendência atual
classificados quanto a sexo, idade, tipo significativa de partes moles em 13 é de que o acesso a esta tecnologia seja
de lesão, tempo de lesão à avaliação (5,8%) pacientes. Foram realizados ampliado.

Rev Bras Cir Plást. 2012;27(supl):1-102 15

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