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Resumo. Este trabalho discute a presença de videogames Neste artigo será discutida a evolução dos
comerciais em sala de aula e a aprendizagem de inglês percentuais de alunos jogadores do 6º ano de 2015 para
no Ensino Fundamental. O estudo foi aplicado na Escola 2017. Em seguida, apresentaremos os resultados da
Municipal Gal. Freitas Brandão, com alunos do 6º ano. A relação entre os alunos e a disciplina língua inglesa.
metodologia consiste em uma investigação bibliográfica,
aliada à aplicação de um questionário. Pode-se afirmar 2. Materiais e Métodos
que quase todos os alunos da turma estudada (95%) jogam
algum tipo de videogame e a maioria (73%) afirmou gostar Trata-se de uma pesquisa de campo com alunos
de Inglês. Esse resultado dará suporte ao desenvolvimento do 6º ano da a Escola Municipal General Freitas Brandão,
de aulas de inglês baseadas em jogos eletrônicos para fins em Aracaju/SE. Adotamos uma abordagem quantitativa,
de pesquisa. pois queríamos identificar o percentual de alunos desta
turma que joga videogames, relacionando os dados com
1. Introdução a percepção dos alunos sobre sua aprendizagem de inglês.
Numa segunda etapa, será elaborada e aplicada uma aula
Este trabalho discute sobre a prática de de inglês com base em jogos eletrônicos em parceria com
videogames comerciais (não educativos) e a percepção o professor titular da turma.
dos alunos sobre a aprendizagem de inglês no Ensino Com relação aos objetivos, a pesquisa pode ser
Fundamental, com o objetivo de subsidiar a elaboração considerada exploratória, uma vez que levantou dados
de aulas de inglês com base em videogames. As questões iniciais relacionados à prática de jogos eletrônicos e a
motivadoras são as seguintes: “quantos estudantes jogam aprendizagem de inglês na escola selecionada.
videogame?”, “eles gostam de inglês?”. As perguntas visam A pesquisa foi desenvolvida com o apoio de um bolsista
determinar qual o impacto sobre os alunos de uma prática de iniciação científica, financiado pela FAPITEC, e uma
pedagógica que traga videogames para a sala de aula de voluntária.
inglês. Essas questões investigam as condições necessárias Para coleta de dados foram feitas reuniões
para a aplicação de aulas de inglês com games, que é um de planejamento e aplicado um questionário com 22
dos objetivos do projeto ao qual esse estudo está vinculado. alunos, perguntando se o aluno jogava algum tipo de
Trata-se de uma pesquisa de iniciação científica videogame, bem como se gostava de inglês. Foi pedido
Jr., em andamento. O estudo foi aplicado na escola aos respondentes que considerassem quaisquer jogos de
supracitada, com alunos do 6º ano, em 2017, e dando videogames em quaisquer plataformas (celular, tablet,
seguimento a pesquisas anteriores sobre a prática de console etc).
jogos eletrônicos por alunos desta escola, realizadas em Os dados foram tabulados utilizando-se as
2015. Esses estudos têm demonstrado que significativa planilhas e formulários do pacote Google online. Através
parcela dos estudantes joga videogames, mas esta é uma de reuniões, fizemos a interpretação e análise dos dados
dimensão da vida social dos alunos ainda inexplorada coletados. Ao final, comparamos os resultados deste
pelos professores. estudo com os de outro estudo realizado em 2015 na

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mesma unidade de ensino sobre a prática de jogos 3.1. Percentual de jogadores
eletrônicos.Naquela ocasião foi aplicado um questionário
com 102, dos 159 alunos do 6º ao 9º daquele ano letivo. Em 2015, o 6º ano possuía 37 alunos, enquanto
Partimos dos pressupostos apresentados por que em 2017 a turma tinha 22 alunos. A Figura 1 mostra
Magnani (2015), o qual defende a possibilidade de a a relação entre jogadores e não jogadores no 6º ano.
escola explorar os sentidos e aprendizados dentro de uma
cultura de videogames. Isso se aplicaria não somente para
trabalhar aspectos linguísticos da Língua Inglesa, mas
também as questões que desenvolvem o senso crítico dos
alunos e a sua participação cidadã no mundo.

3. Resultados e discussão

Antes de discutir os resultados, é importante
mencionar que, no momento da aplicação dos questionários,
somente o fato de ser uma pesquisa sobre jogos, que tem
como objetivo subsidiar a elaboração de aulas baseadas
em games, causou euforia entre os alunos. Tão logo foi
anunciada a pesquisa e a aplicação dos questionários, e
os estudantes começaram, espontaneamente, a sugerir
games para serem utilizados. Mesmo depois da aplicação,
os alunos procuraram os aplicadores para conversar e
demonstraram certa expectativa com os desdobramentos
da pesquisa.
Selecionamos dois aspectos para destacar neste
artigo, no sentido de sugerir que uma futura proposta que
alinhe jogos eletrônicos e ensino de inglês, na turma do 6º
ano, desta unidade de ensino terá sucesso junto aos alunos.

Figura 1: Evolução do percentual de jogadores nos grupos pesquisados


em 2015 e 2017 (fonte: pesquisa de iniciação científica 2015).

Em 2015, 76% dos 37 alunos do 6º ano afirmaram


jogar algum tipo de videogame. Em 2017, esse percentual
sobe para 95%, na mesma série.

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A turma pesquisada em 2017 era composta por Como se pode notar, o 6º ano pesquisado em
10 homens e 12 mulheres. Na pesquisa realizada em 2015, 2017 registra um relativo equilíbrio na distribuição de
responderam ao questionário, no 6º ano, 25 homens e 12 gênero, guardadas as devidas proporções e considerando
mulheres. os alunos que não participaram da pesquisa.
Esse dado é importante para identificar se
a prática de videogames é um domínio masculino,
feminino ou se está difundida entre os gêneros. Azevedo
(2016), em pesquisa realizada na mesma instituição de
ensino, notou que, em 2015, o número de mulheres que
praticam videogame era de 57%, enquanto que, entre os
homens, era de 94%.
Com relação ao 6º ano, em 2015, os dados
coletados em pesquisa realizada na mesma Escola
mostram que houve significativo aumento no percentual
de mulheres jogadoras de videogame.

Figura 3: Evolução do percentual de jogadores por gênero (fonte:


pesquisa de iniciação científica 2015).

O estudo atual registrou que 100% dos homens


no 6º ano de 2017, que responderam à pesquisa, jogam
videogame. Esse percentual já era de 92% no 6º ano de 2015.
O percentual de mulheres jogadoras registrado no 6º ano, em
2015, foi de 42% e, em 2017, sobe para 83%. Em 2015, das 12
mulheres da turma, 7 disseram não jogar videogame.
Figura 2: Distribuição de gênero nos grupos pesquisados em 2015 e Os dados encontrados em 2017 refutam
2017 (fonte: pesquisa de iniciação científica 2015). o argumento de que atividades que utilizam jogos
Em 2017, o 6º ano apresentou um percentual eletrônicos podem não ser atrativas para mulheres. Os
proporcional de mulheres de 55%, enquanto que, em percentuais evidenciam que a prática de jogos eletrônicos
2015, foi de apenas 32%. O 6º ano de 2017 registrou 45% está mais difundida e que as mulheres têm aderido a essa
de homens, contra 68% em 2015. prática em maior número.

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3.2. Gosto pela aprendizagem de inglês Conclusão

Outra pergunta inserida no questionário dizia Neste trabalho discutimos a quantidade de


respeito à relação do aluno com a aprendizagem de alunos do 6º ano da Escola supracitada que jogava
Língua Inglesa. Com relação à pergunta “você gosta de videogame em 2015 e procuramos relacionar tais dados
inglês?”, os dados coletados mostram que 73% dos alunos com aqueles coletados em 2017. Concluímos que o
gostavam de inglês. percentual de alunos e alunas que jogam videogame
aumentou proporcionalmente nesta de 2015 para 2017,
tendo havido um avanço muito grande com relação
às mulheres. Com relação à aprendizagem de Língua
Inglesa, vimos que os alunos, em sua maioria, gostam de
inglês.
Conforme afirmado na introdução deste artigo,
os dados analisados visam contribuir para a elaboração
de aula de inglês com base em jogos eletrônicos. Os
dados sugerem que a turma do 6º Ano 2017, da Escola
Municipal General Freitas Brandão oferece condições
favoráveis a uma proposta de intervenção pedagógica que
una a disciplina inglês com a prática de jogos digitais.

Referências

AZEVEDO, Rogério Tenório de. “Quem joga videogame marque um


x”: um estudo sobre a prática de jogos eletrônicos na escola Freitas
Brandão. Revista Feira de Ciências e Cultura, v. 03, n. 03, abril, 2016.
MAGNANI, Luiz Henrique. Explorando sentidos e aprendizados
dentro de uma cultura de videogames. In: ZACCHI, Vanderlei J.;
WIELEWICKI, Vera Helena Gomes. (Orgs.) Letramentos e Mídias.
Maceió: Edufal, 2015.
Figura 4: Gosto pela Língua Inglesa

Como se trata de uma pesquisa que visa dar


suporte à elaboração de aulas de inglês baseadas em jogos

THAN K
eletrônicos, os resultados sugerem que, para o 6º ano
analisado, um trabalho que aliasse a matéria citada com

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os jogos poderia surtir efeito positivo entre, pelo menos,
76% dos alunos da turma.
Outro aspecto é que o fato de os alunos gostarem
da disciplina, pode ter impacto positivo também sobre
o rendimento dos alunos em atividades inovadoras. Da
mesma forma, o fato de gostarem da matéria pode indicar
que estejam mais abertos a novas propostas de ensino,
mas esses resultados ainda carecem de novos estudos.

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Resumo. Os jogos sempre constituíram uma forma de jogo, que é uma atividade lúdica, torna-se possível
atividade inerente ao ser humano, pois representa uma recriar uma situação cotidiana, para vivenciá-la de
ferramenta de entretenimento, raciocínio, diversão e forma diferente, divertida e interativa (SILVA et al,
integração social. Neste sentido, o projeto E.N.E.I.A.S 2008). Destarte, a capacidade que as crianças têm de
visa analisar a influência do jogo digital Role Play Game assimilar os jogos aos conhecimentos específicos é
(RPG) em relação à compreensão e orientação sobre temas congênita, pois tal habilidade é exercitada por elas
concernentes ao mosquito Aedes Aegypti e as doenças desde pequenas.
causadas por ele. Para tanto, os alunos 2ª ano do ensino Desse modo, vê-se que tal projeto, no contexto
médio da rede particular dos colégios Arquidiocesano, socioeducativo, busca orientar as crianças e os jovens
Graccho e do Centro de Educação e Tecnologia Albano sobre o uso dos jogos virtuais em benefício do
Franco (SESI/SENAI-CETAF-AJU), em Aracaju/SE, aprendizado pela fácil assimilação, de forma que o nível
desenvolveram um jogo no Role Play Game Maker cuja de esquecimento seja reduzido consideravelmente.
finalidade foi de analisar a influência do jogo em alunos do Outrossim, os jogos poderão apresentar dupla função:
ensino fundamental II quanto ao mosquito Aedes Aegypti, consolidar os esquemas já formados - inclusive
pois os jogos e o lúdico relacionam-se com a motivação, a linguagem -, dar prazer emocional, iniciativa e
socialização e aprendizagem do indivíduo. autoconfiança à criança (VYGOTSKY, 1989).
Evidentemente, o que faz do jogo um meio de
1. Introdução ensino-aprendizagem é o conteúdo que será passado
para os jogadores. Por esse motivo, buscamos alinhá-lo
Os jogos já existiam antes mesmo da à preocupação com o ensino relacionado ao mosquito
tecnologia. Suas primeiras aparições foram, em A. aegypti. Com o advento das epidemias no Brasil,
sua maioria, dentro dos palácios, e praticados por em que tem passado desde o ano de 1981 (BARRETO;
jovens promissores como Napoleão Bonaparte, em TEIXEIRA 2008), sabe-se que esse mosquito transmite
tempos de guerras. Contudo, com o surgimento da doenças, como a dengue, a febre Chikungunya, o Zika
internet e das máquinas tecnológicas, a exemplo vírus e a febre amarela. Este fato causa preocupações
do computador, ocorreu um drástico aumento para a população brasileira, por isso cabe à escola
de seu uso, principalmente entre os adolescentes. incentivar práticas de conhecimento sobre esta
Consequentemente, os jogos foram inseridos nas temática para o aluno, neste caso, através dos jogos.
escolas como um instrumento motivador para o O jogo que compõe o presente artigo foi
ensino-aprendizagem, por conseguirem atingir mais desenvolvido sob o contexto da feira de ciências escolar
rápido os objetivos de determinados assuntos. – Feira de Ciências, Cultura e Arte do Colégio Graccho,
Os jogos sempre constituíram uma forma de com o intuito de apresentar para a comunidade escolar
atividade inerente ao ser humano, pois representa uma como esse conteúdo pode ser trabalho de forma
ferramenta de entretenimento, raciocínio, diversão diferente e prazerosa. Portanto, o presente trabalho
e integração social desde o seu início. Através do que foi feito por alunos do ensino médio regular,

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integrantes do intitulado de Projeto E.N.E.I.A.S, busca 2. Materiais e Métodos
proporcionar um ensino e aprendizagem de forma
interativa para as crianças do ensino fundamental II, O E.N.E.I.A.S é um jogo virtual que foi
através do jogo virtual desenvolvido em Role Play desenvolvido para a plataforma Windows, com um
Game (RPG), sensibilizando os alunos quanto à sistema de aparência 8-bits e um layout moderno,
prevenção e combate do mosquito A. aegypti. Assim, atraente e divertido, que facilmente funciona em
pudemos observar de que maneira os jogos podem qualquer computador. Sendo assim, este projeto tenta
influenciar de modo positivo e dinâmico no combate quebrar a ideia de que os jogos são utilizados somente
ao mosquito, contribuindo e influenciando o processo para diversão, mostrando que jogos educativos podem ser
de ensino-aprendizagem dos jovens. Dessa forma, muito interessantes se feitos de forma correta com esforço
esse jogo virtual será de grande importância tanto e empenho. O jogo é dividido em fases, que permitem ao
para a questão do lúdico no processo de ensino- jogador o retorno para cada uma delas, em busca de mais
aprendizagem, quanto na sensibilização dos usuários recursos. Cada jogador recebe missões automaticamente
a respeito da prevenção da proliferação do mosquito e conta com um conjunto de habilidades que o ajudarão a
Aedes Aegypti. vencer a praga. Além disso, foram disponibilizados vários
personagens carismáticos que ajudarão na jornada entre
1.1. O mosquito Aedes aegypti e as doenças citadas no jogo as cidades.
Em um sistema de batalha de turnos, o jogador
A dengue é doença infecciosa que possui quatro poderá utilizar vários recursos para alcançar o objetivo de
variações e sintomas como manchas na pele, forte dor de destruir os mosquitos, a saber:
cabeça, dores no corpo, náuseas, vômito e febre alta. Esta • as setas do teclado servem para a locomoção entre os
é a chamada dengue clássica ou comum. Os sintomas da mapas;
dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. • a tecla “X” serve para recolher itens;
No entanto, a diferença ocorre quando acaba a febre e • o “enter” serve para ter um resumo de todo seu
começam a surgir os sinais de alerta, a exemplo de dores personagem, equipamento, vida e energia (que será usada
abdominais fortes, vômitos persistentes, pele pálida, no jogo para lançar as habilidades);
sangramento pelo nariz, boca ou gengivas, manchas • o ”Esc” para ter acesso a outro menu que terá as opções
vermelhas na pele, sonolência, confusão mental, sede de salvar, sair etc.
excessiva e boca seca, pulso rápido ou fraco, dificuldade O desenvolvimento do E.N.E.I.A.S. ocorreu a
respiratória e perda de consciência. partir do programa chamado RPG MAKER VX ACE,
Dado o exposto, vale ressaltar que medidas para software feito para desenvolver jogos no estilo RPG ou
a melhoria da qualidade de vida da população devem Role Play Game assemelhando-se, portanto, aos jogos da
ser tomadas. De forma divertida e educativa, pretende- época medieval.
se alertar sobre a interação desse inseto e o meio onde
vivemos, cuidando para reduzir a proliferação do mosquito 3. Resultados e discussão
que tem trazido tanto pesadelo para a população. Por isso,
é de grande importância a nossa proposta de intervenção, Atualmente, muitos sistemas de ensino já estão
com um método inovador capaz de nos sensibilizar a procurando utilizar jogos em sala de aula como método
respeito dos ataques de mosquitos. Através de um jogo para ajudar no processo de ensino-aprendizagem. O
virtual, por exemplo, a criança aprenderá a não acumular E.N.E.I.A.S. atrai a atenção dos usuários, pois com
água em latas, garrafas, ou qualquer outro tipo de objeto, referências à cultura pop e o ambiente “pixelado”, isto
sabendo de quais riscos essas atitudes podem ocasionar. é, distorcido pela ampliação do espaço jogo, será usado

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de forma subentendida em missões e histórias, na qual o os alunos provavelmente irão se interessar mais pelo assunto
conteúdo a ser trabalhado a priori fora o game do Projeto e a aula não ficará tão monótona. Logo, o professor pode e
E.N.E.I.A.S, sendo este sobre “a dengue”. Dessa forma deve permitir os jogos em sala de aula.
todas as histórias, missões e mecânicas trabalham ao viés Os gráficos foram feitos a partir do modelo do
de como prevenir e diminuir os sintomas que o mosquito ‘’RPG MAKER‘’ que são em 8-bits ou 16-bits coloridos.
Aedes Aegypti pode causar nas pessoas. Referencias para os gráficos são os famigerados jogos de
Sob essa ótica, na construção do jogo foi Pokémon para Game boy advanced ou Game Boy color,
utilizado o modelo Role Play Game (RPG) que coloca porém mesmo não sendo gráficos de alta resolução traz a
o jogador em uma experiência intuitiva e imersiva, nostalgia e a fofura de jogos pixelados. Todo o level designer
facilitando, assim, a aprendizagem e o entendimento do foi feito no próprio programa.
conteúdo passado. De modo fácil, o jogo trás quais são
os perigos e os sintomas da doença e como amenizar a
sua proliferação, deixando o jogador livre para explorar o
“mundo” e lutar da forma que ele achar melhor.
Os jogos consistem em uma forma de
expressão espontânea, de aprender a respeitar regras,
de desenvolver-se intelectual, emocional e socialmente.
Vale ressaltar, também, que se torna mais agradável
trabalhar com crianças, criando situações imaginárias
e hipotéticas e seguindo determinadas regras, sobre
determinado assunto da realidade. Segundo Vygotsky
(1989), a brincadeira pode ter papel fundamental no Figura 1: Jogo E.N.E.I.A.S. A. Mapa. B. Fase inicial. C. Descoberta da
desenvolvimento da criança. Sua principal teoria do missão. D. Batalha com o mosquito. E. Aumentando o nível do perso-
desenvolvimento cognitivo é que esse é o resultado da nagem. F. Desafio final - Fontes: Autores, 2017.
interação entre a criança e o mundo à sua volta. E é durante O jogo começa em uma caverna e o personagem
as brincadeiras em geral, que elas aprendem e inventam está refletindo a respeito do local em que se encontra. Ao
regras e, com isso, passam a adquirir habilidades e atitudes perceber barulhos estranhos, o personagem desconfia de
de grande necessidade em sua interação social futura. alguns perigos. O jogador pode optar pela exploração do
Portanto, é através do jogo que a criança adquire novas território, para identificar e conhecer a região. Em certo
habilidades, tem sua curiosidade estimulada, desenvolve ponto, o jogador adormece, acorda em um local totalmente
e promove a linguagem, o intelecto, e a interação social, e diferente e parte em busca de informações. Em seguida, ele
ainda proporciona prazer. encontra com um personagem automático (NPC). Nesse
Com o avanço da internet, o professor pode, além momento, acontece um diálogo e é revelada a sua missão
de dar o conteúdo de uma forma mais divertida, diferente e (Figura 1). Após essa conversa, o jogador também descobre
prática, ainda pode baixar jogos educativos permitindo uma que precisa se manter hidratado, mas que só conseguirá
melhor interação entre os próprios alunos e entre os alunos água eliminando mosquito. Em consequência disso, há o
e o professor. Tudo isso e ainda enriquecer o conhecimento, aumento no nível do personagem.
pois graças a essas novas tecnologias, o método de utilização Assim, ao continuar a exploração do ambiente,
de jogos em sala de aula ficou mais perto de ser utilizado. encontra uma personagem com problemas e que precisa
Assim, no espaço escolar, o jogo pode ser um veículo de ajuda. Ao ajudá-la, em forma de agradecimento, ela o
rápido e prático para o desenvolvimento social, emocional recompensa com o aumento do nível. Com isso, também há
e intelectual dos alunos (AZEVEDO; SOUZA, 2015). Já que o aumento da dificuldade no jogo.

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O mapa do projeto (Figura 1) foi feito inteiramente Referências
a mão, utilizando a própria plataforma do jogo, sendo
AZEVEDO, M. M.; SOUZA, A. A. N. INFLUÊNCIAS DO USO DE
contado cada centímetro e cada ponto especial dele. O jogo JOGOS NA APRENDIZAGEM. Encontro Internacional de Formação
contém uma caverna onde o jogador inicia o game e que de Professores e Fórum Permanente de Inovação Educacional, v. 8, n.
pode retornar para ter uma experiência nova; três cidades, 1, 2015. Disponível em <https://eventos.set.edu.br/index.php/enfope/
sendo a maior delas inacessível inicialmente, pois ainda há article/view/1748/182>. Acesso em: 27 jul de 2017.
BARRETO, M. L.; TEIXEIRA, M. G. Dengue no Brasil: situação
construção no jogo; e o castelo do chefe, onde termina o epidemiológica e contribuições para uma agenda de pesquisa. Estud. av.,
jogo no momento em que ele é derrotado São Paulo , v. 22, n. 64, p. 53-72, 2008 Disponível em: <http://www.scielo.
Ao passar pelas diversas situações que podem ser br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142008000300005&lng
provocadas por ser picado pelo mosquito, o personagem =en&nrm=iso>.Acesso em: 08 Set. 2017.
DIAS, L.; ALMEIDA, S. C. L.; HAES, T. M.; MOTA, L. M.; RORIZ-
apresenta os sintomas das doenças que estão relacionadas FILHO, J. S. Dengue transmissão, aspectos clínicos, diagnósticos e
ao inseto, como, por exemplo, febre, dor de cabeça e tratamentos. Medicina (Ribeirão Preto), v.43, n2, 2010, p. 147-73.
tonturas. A solução para acabar com esses problemas é Disponível em:< http://revista.fmrp.usp.br/2010/vol43n2/Simp6_
beber água, que ele consegue derrotando os mosquitos, Dengue.pdf> . Acesso em: 05 ago de 2017.
SILVA, T. D.; CARDOSO, F. S.; RODRIGUES, C. R.; LIBERTO, M.
garantindo a sua sobrevivência. I.; CURRIÉ, M.; VANNIER, M. A.; CASTRO, H. C. Jogos virtuais
no ensino: usando a dengue como modelo. R.B.E.C.T., v1, n2, 2008.
Conclusão Disponível em: < https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/19091/2/
Silva%20TD%20Jogos%20virtuais%20no%20ensino....pdf>. Acesso em:
20 jun 2017
Diante da criação do jogo E.N.E.I.A.S. foi VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed., São Paulo:
possível entender a importância da utilização dos jogos Martins Fontes, v1., p. 37-45, 1989.
no processo educativo, como instrumento facilitador da
integração, da sociabilidade e da importância do lúdico
e da brincadeira para o aprendizado. Os objetivos do
jogo utilizado vão além da facilidade em se conhecer
o mosquito Aedes Aegypti e as doenças que ele pode
transmitir, uma vez que trabalha os aspectos cognitivos
e colabora na construção dos conhecimentos dos alunos.
Como perspectiva futura, o jogo poderá ser ampliado
para outras áreas de conhecimento.
Faz-se necessário ressaltar que muitos
sistemas atuais de ensino procuram utilizar em sala de
aula ferramentas para ajudar no processo de ensino-
aprendizagem. Porém, o Projeto E.N.E.I.A.S utiliza-se do
jogo como forma de expressão espontânea, de aprender
a respeitar regras, de desenvolvimento intelectual,
emocional e social. Nesse interim, entende-se que é
importante estabelecer uma ligação entre um jogo virtual
aliado a um conteúdo de um contexto social, pois, nesse
projeto, percebemos que o jogo serviu como auxílio no
processo de combate ao mosquito Aedes Aegypti.

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Resumo: A presente pesquisa buscou investigar a ação do figura do aluno Monitor que busca estimular a prática da
aluno monitor e o seu impacto no campo da leitura dos leitura no universo da escola através de ações concretas e
estudantes do Colégio Estadual 28 de Janeiro. A partir com o auxílio dos professores de Língua Portuguesa e da
de 2014, a equipe diretiva, em consonância com o corpo Coordenação Pedagógica. Nessa pesquisa, investigamos
docente do Colégio Estadual 28 de Janeiro, situado em a ação do aluno monitor e o seu impacto no campo da
Monte Alegre de Sergipe, inseriu a figura do monitor na leitura dos estudantes do Colégio Estadual 28 de Janeiro.
Biblioteca Escolar Vinicius Lima Barros. Assim, aplicamos O projeto de monitoria vem sendo desenvolvido desde
um questionário aos monitores e estudantes frequentadores 2014 e é realizado por estudantes do Ensino Fundamental
da biblioteca. Após a aplicação, analisamos os dados à luz Anos Finais e Ensino Médio durante os três turnos
da teoria que fundamenta a nossa pesquisa e buscamos de trabalho do estabelecimento de ensino, assim há o
expor os resultados alcançados. atendimento a toda clientela da escola. Nesse sentido, já
é possível percebermos a contribuição dessa ação para o
1. Introdução desenvolvimento da leitura e escrita dos estudantes.

Diante da busca para descobrir como é “um bom 2. Materiais e Métodos


leitor”, fizemos uma pesquisa, cujo tema era “A Formação
do aluno-leitor do 8º ano do Ensino Fundamental no O projeto foi desenvolvido através de duas
Colégio Estadual 28 de Janeiro” financiada pela FAPITEC abordagens: qualitativa e quantitativa, entre 2016 e 2017.
através do Edital nº 014/2012, e detectamos que os Os tipos de pesquisa foram: bibliográfica e de campo,
estudantes gostam de ler (85,75% 8º A e 88,23% 8º B), devido necessidade da aplicação de questionário aos
trazendo consigo a ideologia presente no imaginário monitores.
social de que a leitura melhora o aprendizado. Além Primeiramente, fizemos a leitura dos resultados da
disso, eles se veem como bons leitores (53,38% 8º A pesquisa que nos serviu de base e em seguida adentramos
e 52,9% 8º B), mas ainda concebem o ato de ler como na literatura específica com o intuito de observarmos
a decifração de códigos e não a efetiva interpretação. a teoria. Em seguida, discutimos os pontos que nos
Outro ponto que nos chamou atenção foi a diversidade serviram de norte para a entrevista com os sujeitos
de gêneros textuais que eles gostam de ler e com uma envolvidos. Elaboramos o questionário a ser aplicado aos
frequência não tão distante do dia a dia. Esse fato vai de sete monitores da biblioteca escolar. Aplicamos. Depois,
encontro à afirmação de muitos professores de Redação fizemos as análises à luz da teoria que nos serviu de
ou de Língua Portuguesa quando dizem que os alunos sustentação. Vejamos como o questionário foi elaborado:
não gostam de ler. Talvez seja o tipo de leitura que não os
atrai. O resultado desta pesquisa foi publicado no Vol. 04
da Revista Scientia Plena Jovem (2015).
Após análise dos dados, resolvemos dinamizar
a Biblioteca Escolar Vinicius Lima Barros através da

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QUESTIONÁRIO DE APLICAÇÃO 9) Qual é/era a faixa de idade dos frequentadores da
biblioteca do colégio Estadual 28 de janeiro?
1) A presença dos monitores na biblioteca é importante? ( ) De 06 a 12 anos
Justifique sua resposta. ( ) De 13 a 17 anos
( ) Sim ( ) Não ( ) De 18 anos por diante

2) Por quanto tempo você exerceu a função de monitor (a)? 10) A monitoria pode ser considerada algo que incentiva
o ato de ler? Justifique sua resposta.
3) De acordo com sua concepção, qual é o papel ( ) Sim ( ) Não
fundamental de um(a) bom(a) monitor(a)? Você considera o ato de ler importante para a vida do
cidadão?
4) É importante influenciar os alunos e professores a ( ) Sim ( ) Não
desenvolverem o hábito de frequentar a biblioteca e
usarem os livros da mesma como uma forma de ampliar 11) Caso a resposta seja positiva, por que você considera
os conhecimentos? importante?
( ) Sim ( ) Não Por quê?
12) Você se considera leitor(a)?
5) Você costuma/costumava ler livros da biblioteca ( ) Sim ( ) Não Por quê?
enquanto está/estava exercendo sua função de
monitor(a)? Justifique sua resposta. 13) Os estudantes frequentadores da biblioteca gostam/
( ) Sim ( ) Não gostavam de ler que tipo de livro?
( ) Romance
6) Os estudantes frequentam/frequentavam a biblioteca ( ) Crônica
com frequência? ( ) Ficção Científica
( ) Sim ( ) Não ( ) Gibis
( ) Revistas
7) Durante todo o tempo em que você permaneceu/ ( ) Terror
permanece na monitoria da biblioteca, o que mais se ( ) outro ______________________________
dedica/dedicou a fazer?
14) A biblioteca escolar oferta/ofertava uma boa estrutura
8) Os professores utilizam/utilizavam os livros da para os estudantes frequentarem?
biblioteca para fazerem pesquisas ou trabalharem em sala ( ) Sim ( ) Não
de aula?
( ) Sim ( )Não

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3. Resultados e discussão Assim, corrobora com o pensamento de FREIRE (1988:
8), “aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é antes de
Com intuito de chegarmos aos resultados, mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu
fizemos uso de um questionário que foi elaborado e contexto, não numa manipulação mecânica de palavras,
aplicado aos sete monitores da Biblioteca Escolar Vinicius mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e
Lima Barros de 2014 a 2016. Ressaltamos que alguns realidade”.
monitores permaneceram três anos consecutivos na Ademais, ocorre uma variação de respostas
monitoria devido passarem nas seleções. O questionário relacionadas aos tipos de livros mais escolhidos pelos
buscou investigar o papel do monitor e a sua importância frequentadores da biblioteca, alguns dos monitores
para o desenvolvimento da leitura dos estudantes do avaliados responderam que os mais procurados são os
estabelecimento de ensino em questão. romances, as crônicas, os gibis, livros de terror e contos.
Nota-se também que o interesse pela leitura depende
3.1. Análise dos Resultados exclusivamente do gosto dos leitores.
A clientela da biblioteca é composta por uma
De acordo com as análises dos dados do variedade de faixa etária entre 06 a 17 anos. Todos os
questionário aplicado, cerca de 90% dos sete monitores avaliados consideram, sim, o ato de ler como sendo algo
avaliados afirmaram que costumavam ler livros da extremamente importante para formação do cidadão,
biblioteca enquanto estavam exercendo sua função, pois isso possibilita ao indivíduo mais conhecimento
porém outros se dedicavam na organização do espaço. para crescer profissionalmente na vida e conquistar muito
No entanto, todos concordam com a importância da através do universo da leitura, melhorando sua escrita e
presença de monitores na biblioteca escolar devido à ampliando seu hábito de ler com frequência e interpretar
colaboração desses na limpeza do ambiente de leitura, o que está lendo. Apenas 1% dos monitores analisados
além de ajudar os frequentadores na procura de livros afirmaram que não se consideram um leitor, pois não
e sem os monitores dificilmente seria proporcionado o costumam ler com frequência ou se quer por obrigação.
bom funcionamento da biblioteca. Percebe-se que todos os monitores avaliados
Nesse contexto, depreende-se que 90% dos defendem o argumento de que é necessário e totalmente
entrevistados defendem que o papel fundamental de importante influenciar não somente os alunos a
um bom monitor(a) é manter conservado e organizado frequentarem o espaço da biblioteca, mas utilizarem os
todo o espaço da biblioteca. Enquanto o restante afirmou livros como forma de elevarem seus conhecimentos.
ser fundamental o empenho do monitor, ou seja, sua Muitos afirmaram também que é necessário influenciar
maior dedicação é incentivar os demais estudantes ao os professores da escola a desenvolverem o hábito de
ato de ler. Entre os sete avaliados, percebe-se que 70% usarem os livros da biblioteca do colégio como forma de
confirmam que a biblioteca escolar disponibiliza de realizarem pesquisas. Salientaram que alguns professores
uma boa estrutura, enquanto apenas 30% dos monitores fazem uso dos livros da biblioteca.
afirmaram que não, defendendo o argumento de que, se
o espaço bibliotecário fosse mais amplo e disponibilizasse
uma maior variedade de livros, chamaria mais atenção.
Outrossim, nota-se que para muitos a monitoria é, sim,
algo que incentiva bastante o ato de ler, já que é função
dos monitores incentivarem os estudantes a frequentarem
o espaço bibliotecário e aprofundarem-se no mundo
dos livros para ampliar seus conhecimentos de mundo.

16 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Diante disso, percebe-se que o espaço escolar Referências
atende ao que preconiza os PCNs de Língua Portuguesa
ARAGÃO, Carlos Alexandre N. A Formação do aluno leitor do 8º ano:
(2001: 58): um estudo de caso no Colégio Estadual 28 de Janeiro em Monte Alegre
de Sergipe. Revista Scientia Plena Jovem. Vol 04. 2015.
Para tornar os alunos bons leitores - para FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que as
desenvolver, muito mais do que a capacidade completam. São Paulo: Autores associados: Cortez, 1988.
de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa / Ministério da
escola terá de mobilizá-los internamente, pois Educação. Secretaria da Educação Fundamental. – 3ª ed. – Brasília: A
aprender a ler (e também ler para aprender) Secretaria, 2001.
requer esforço. Precisará fazê-los achar que a
leitura é algo interessante e desafiador, algo que,
conquistado plenamente, dará autonomia e
independência. (...) Uma prática de leitura que
não desperte e cultive o desejo de ler não é uma
prática pedagógica eficiente.

Conclusão

O ato de ler deve ter seu espaço reservado no


chão da escola e esta deve buscar meios para que haja
a disseminação da leitura entre todos os educandos.
Percebe-se que a presença do monitor se tornou
primordial para o funcionamento da biblioteca, por
não dispor de funcionários para exercerem tal função.
Assim, os estudantes não ficaram isentos de um espaço
de leitura. Nesse caminho, a leitura vem adentrando
na vida de crianças e jovens transformando mundos e
ressignificando sonhos.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  17 


Resumo. O presente trabalho foi desenvolvido junto aos local até a planetária, dos problemas ambientais até os
alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Prof.º Gonçalo econômico-culturais.” (VESENTINI, 2013, p.22)
Rollemberg Leite, em Aracaju-SE. Ele consistiu numa Dessa forma e objetivando fazer um trabalho
pesquisa sobre os aspectos históricos, culturais, geográficos, interdisciplinar, procurou-se fazer o aluno compreender
científicos e tecnológicos de diversos países, com vários que a ramificação do saber é apenas uma maneira mais
graus de desenvolvimento e diferentes situações políticas fácil de se estudar a parte de um todo, o mesmo valendo
e culturais. O aluno foi estimulado a pesquisar, produzir para as disciplinas, onde cada conteúdo destas faz parte
textos, confeccionar cartazes, folhetos, painéis, maquetes de uma totalidade (MEDEIROS, 2009).
e organizar apresentações culturais relativas a cada país O trabalho foi desenvolvido focado no processo
pesquisado. Possibilitou-se, por fim, a oportunidade de e não somente no resultado final, pois um projeto é
ampliar sua noção de mundo, relacionar os conteúdos considerado satisfatório baseado nas aprendizagens
estudados com a realidade ao redor e melhorar suas que proporciona aos seus alunos e não pela qualidade
relações com colegas e professores através do trabalho em pontual do seu produto final. Assim, o aluno foi
equipe. acompanhado durante todo o processo de execução do
trabalho, aproximando professor e aluno num processo
1. Introdução de socialização escolar baseado na construção de valores
de integração social (BERGER, 1985).
O projeto em questão se propôs trabalhar com

IN
práticas pedagógicas diferenciadas e voltadas para a 2. Materiais e Métodos

SPA
melhoria da aprendizagem e desempenho do aluno, tendo

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em vista que o educador atual tem que abalizar a sua O projeto Feira das Nações foi realizado no BA
RC E

prática educativa nos pilares da educação das sociedades Colégio Estadual Professor Gonçalo Rollemberg Leite
modernas. nos meses de junho e julho de 2017, com culminância
CA IRO
Para a concretização, tomou-se como norte no dia 04 mês de agosto, envolvendo todos os alunos e
YP

a ideia de envolver o aluno numa perspectiva na professores do Ensino Médio dessa unidade de ensino. O
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qual ele pudesse explorar o estudo das nações e suas mesmo foi executado de acordo com as seguintes etapas
particularidades, com seus fatores políticos, sociais e/ou procedimentos:
e históricos. Avigora-se, nesse momento, a interação Inicialmente o projeto foi apresentado aos
provocada pela oportunidade de pesquisar, de construir professores e alunos das turmas envolvidas no trabalho.
e se expressar dentro do contexto escolar, fazendo-o se Em seguida ocorreu a escolha do país que cada turma
aproximar e /ou estreitar suas relações com outros colegas decidiu pesquisar. O critério utilizado foi a escolha livre
e professores. Ao mesmo tempo, ampliar sua noção de ou sorteio. A relação de países escolhidos para a Feira das
mundo ao ter contato com a cultura de outros povos e Nações 2017 contemplou nações de todos os continentes,
informações relativas a outras nações. Buscou-se “levar o com vários graus de desenvolvimento e diferentes situações
educando a compreender o mundo em que vive, da escala políticas e culturais. As turmas e suas respectivas nações

18 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


foram as seguintes: 1ºA – Austrália, 1ºB – Argentina, 1ºC à professora de Geografia, os quais fizeram correções e
– Japão, 1ºD – Colômbia, 1ºE – Espanha, 1ºF – Inglaterra, apontamentos sobre os textos produzidos. Durante dois
1ºG – Índia, 2ºA – Estados Unidos, 2ºB - Angola, 2ºC – meses, gradativamente, os alunos foram desenvolvendo
Rússia, 2ºD – Itália, 2ºE – Tailândia, 3ºA e B – França as atividades e confeccionando os materiais necessários
e 3ºC – Alemanha. Cada turma ficou sob a orientação para a apresentação ao público.
de, no mínimo, um professor, aliado as professoras de Foi realizada uma oficina sobre a confecção
Geografia, Artes Cênicas e Dança, as quais ajudaram na de maquete geomorfológica para os alunos que ficaram
orientação de todas as turmas. com os aspectos geográficos, mais especificamente os que
Junto a cada turma foi desenvolvido o seguinte trabalharam o relevo e a hidrografia de cada país. Nessa
trabalho: os alunos foram divididos em quatro grupos, oficina, os alunos puderam aprender como demonstrar
cada um desses grupos desenvolveu uma pesquisa em 3D o relevo e a hidrografia de um determinado país ou
segundo um dos quatros aspectos (históricos, culturais, região, utilizando mapa, folha de isopor, papel higiênico,
geográficos e científicos/tecnológicos) que foram cola branca, tinta guache, pincel, vela, clip e água.
definidos por escolha ou sorteio. Assim, nos aspectos Para que os trabalhos fossem apresentados à
históricos o trabalho foi direcionado para que os comunidade escolar, no dia da culminância do projeto,
alunos não deixassem de pesquisar e analisar dados e os alunos foram orientados a elaborar cartazes, folhetos;
informações relativas a origem do país, os povos que fazer pesquisas de imagens, fotos e imprimi-las;
influenciaram a história do mesmo, os principais fatos apresentar danças típicas com pessoas vestidas com trajes
que marcaram a história dessa nação, o sistema político, típicos de cada país; apresentar vídeos e músicas sobre o
a estrutura do sistema educacional e pessoas que tiveram tema pesquisado; demonstrar e oferecer comidas típicas
grande importância na história do país. para degustação; caracterizar-se de personalidades de
Em se tratando dos aspectos culturais, a pesquisa destaque internacional.
realizada resultou em um apanhado de informações, Foram promovidos vários ensaios das
imagens, áudios e vídeos sobre as danças, folclore, apresentações culturais, sob a supervisão das professoras
comidas típicas, músicas, arquitetura, artesanato, artes, de Dança e Artes Cênicas. Cada turma teve o direito de
povos nativos e curiosidades sobre os países. executar uma apresentação de dança ou encenação com
Nos aspectos geográficos foram obrigatórias informações duração de até 5 minutos. Algumas turmas elaboraram
relativas ao mapa, bandeira, fronteiras do país, extensão vestimentas ou trajes típicos para essas apresentações.
territorial, renda per capita, densidade demográfica, Um dia antes do evento foi promovido um ensaio geral.
economia do país, clima, hidrografia, vegetação, relevo, Na semana que antecedeu a culminância ocorreu a
recursos minerais e população. escolha das salas de aula que foram utilizadas por cada
Também foi obrigatória a apresentação turma; foi elaborado um cronograma das apresentações,
de alguns fatos relativos à Ciência e à tecnologia, a exposto nos diversos ambientes da escola. Dois alunos
exemplo das principais descobertas científicas e do de cada turma, caracterizados com vestimentas do país
avanços tecnológicos que ocorreram no país; o papel escolhido, saíram de sala em sala convidando os colegas
desempenhado pelas ciências (Física, Matemática, para prestigiar o evento.
Biologia, Químima etc) no processo de crescimento do No dia anterior à culminância, no final da tarde,
país; os grandes pesquisadores; principais centros de os alunos tiveram acesso às salas de aulas e puderam limpá-
pesquisas, Universidades e Tecnopolos. las e arrumá-las de acordo com o objetivo de cada um.
As pesquisas foram realizadas no Laboratório de No dia da culminância ocorreram apresentações
Informática da escola. Os alunos produziram textos que culturais na quadra da escola, exposição e apresentação
foram entregues ao professor responsável pela turma ou das pesquisas nas salas de aula.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  19 


FR AN E
C
F R AN

PARI
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Cada turma elaborou um relatório, no qual adentrar em algumas salas era a de que realmente
consta a participação e contribuição de cada aluno na estávamos naquele país. Em algumas turmas, o professor
execução do trabalho, bem como a avaliação da turma coordenador praticamente não interferiu na execução do
em relação ao projeto. trabalho, por tamanha organização. No geral, todas as
A avaliação ocorreu de forma processual, através turmas souberam organizar as salas antecipadamente e,
do professor responsável pela orientação da turma e, no depois do evento, as mesmas ficaram limpas e arrumadas,
dia da culminância do projeto, através dos professores preenchendo assim um dos requisitos do processo
avaliadores. Levou-se em consideração a organização das avaliativo do trabalho.
turmas, dos grupos e dos indivíduos de cada grupo; o
grau de aprofundamento e representatividade da pesquisa
executada e do país pesquisado; a limpeza das salas ou
ambientes durante a Feira e no final da mesma; além das
observações pontuais que foram feitas pelos avaliadores e
que foram anotadas na folha de avaliação.

3. Resultados e discussão

A execução desse trabalho possibilitou o


envolvimento da comunidade escolar em prol de uma
atividade comum. Estreitou as relações aluno-aluno,
aluno-professor e professor-professor, tendo em vista
Figura 1: Maquete geomorfológica da Tailândia (Fonte: Autores)
que esses segmentos participaram efetivamente do
projeto. Vários professores de disciplinas distintas se É importante ressaltar que parte do material
engajaram na orientação dos trabalhos e das turmas. utilizado por algumas turmas foi reaproveitado de outros
Entre as disciplinas ministradas pelos professores que eventos realizados na escola, como caixas de papelão,
participaram da execução do projeto podemos citar as rolos de papel higiênico, garrafa pet, restos de galhos de
disciplinas de Geografia, História, Filosofia, Sociologia, árvores (Figura 2). No final da Feira das Nações, muitos
Matemática, Língua Portuguesa, Educação Física, Artes, alunos guardaram esses materiais para utilizarem em
Biologia, Química e Física. outros eventos, materiais como TNT, emborrachado
O trabalho também ofereceu condições para e isopor. Essa atitude demonstra uma consciência
que os alunos pudessem desenvolver a capacidade de ambiental em relação ao reaproveitamento do material,
liderar, pois em cada grupo de trabalho e em cada turma evitando gastos extras, a retirada de mais recursos do
acabaram surgindo pessoas que se envolviam mais com as meio ambiente e a geração de lixo.
atividades, principalmente de pesquisa, e que acabavam
sendo verdadeiros monitores do professor coordenador.
Da mesma forma, outros alunos se destacaram na
produção/confecção de vestimentas, maquetes (Figura
1), objetos de decoração (utilizando material reciclado)
e coreografia de danças, demonstrando a capacidade que
os mesmos têm de criar e inovar, além de se organizarem
para que o trabalho fosse feito e apresentado da forma
mais coesa possível. A sensação que sentíamos ao

20 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


alunos, pois a partir da ação de preparação do evento,
que possibilita discussões para a tomada de decisões, eles
aprendem a exercitar a convivência com as diferenças
de opiniões, cujas divergências devem ser superadas em
favor do bem comum.”

Conclusão

A Feira das Nações, em sua terceira edição, é


um projeto que já faz parte do calendário de eventos da
escola, e de tamanha aceitação por parte da comunidade
discente e docente. Com o passar das edições, foi
Figura 2: Objetos confeccionados utilizando alguns materiais reapro- aumentando o número de professores interessados
veitados (Fonte: Autores) pelo trabalho e o empenho dos alunos nas atividades
Também foi constatado, através do texto escrito propostas, o que repercutiu na melhoria da qualidade do
pelos próprios alunos, no relatório final de cada turma, trabalho, pois a troca de saberes entre as diversas áreas do
que o trabalho possibilitou-lhes a ampliação dos seus conhecimento tende a enriquecer a visão de mundo do
conhecimentos sobre o mundo, além de fazê-los saber aluno, objeto principal desse trabalho. Acreditamos que o
relacionar os conteúdos estudados, sobre os mais diversos contato com outras culturas, entre tantas vantagens, torna
países, com a realidade ao redor. o jovem mais aberto às mudanças, mais flexível, tolerante
Nesse contexto, destaca-se os registros dos alunos em relação às diferenças e mais maduro para encarar os
nos relatórios, no qual demonstram que gostaram bastante desafios da vida pessoal e profissional.
desse projeto pela organização, pela aprendizagem leve e A expectativa é de que nas próximas edições
prazerosa, empenho das turmas, criatividade dos alunos, o processo de aprendizagem, de socialização e de
apresentações artísticas/culturais, contato com a cultura pertencimento em relação à comunidade escolar, se torne
de outros países, participação e orientação dos bolsistas do mais eficaz e profundo, estreitando os laços entre todos que
PIBID de Geografia, pela oportunidade de terem contato/ fazem parte da unidade de ensino em prol de uma educação
conhecerem os alunos de outros turnos de ensino, pela que valorize as diversas habilidades do aluno como um todo.
aproximação no relacionamento com alguns professores. Observa-se, por fim, que essa interatividade
Alguns fatos negativos também foram registrados provocada pela intimidade do aluno com a nação escolhida
nos relatórios dos alunos. Segundo eles, alguns colegas foram para estudo e pesquisa se traduz como mais um estimulador
embora sem limpar e arrumar a sala de aula, o que significa atrativo no processo de ensino-aprendizagem.
que o trabalho de conscientização tem que ser reforçado, A ND
além da permanência do individualismo por parte de alguns Referências
alunos na hora de organizar as atividades e apresentações. BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade.
Os professores também registraram suas Tratado e Sociologia do conhecimento. 25ª ed. Rio de Janeiro: Editora
RD
opiniões destacando que “consideramos a Feira das Vozes, 1985. AM
STE

Nações um evento relevante para a comunidade escolar, MEDEIROS, M. A Interdisciplinaridade na Escola. Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/a-interdisciplinaridade-na-
por entender que a mesma estimula a capacidade criativa escola/24165/ >. Acesso em 20 de setembro de 2017.
dos alunos, a pesquisa e o trabalho em equipe, valorizando VESENTINI, J. W. Educação e ensino de geografia: instrumento de
tanto a produção individual como coletiva. Acreditamos dominação e/ou de libertação. In: CARLOS, A. F. A. A Geografia na sala
que contribui também para fortalecer a relação entre os de aula. São Paulo: Contexto, 2003.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  21 


Resumo. Esse artigo tem como objetivo descrever as nossas preocupações enquanto educadores.
atividades desenvolvidas no ano letivo de 2017, período de Por conta disso, urge incluirmos projetos e
maio a outubro, com o projeto “Minha escola sem drogas – atividades didático-pedagógicas em nosso planejamento
a divulgação do saber científico no ambiente escolar”, em que visem à prevenção desse problema, pois ele atinge de
turmas do 9º ano, no CEPJK, em Nossa Senhora do Socorro forma nefasta a sociedade da qual fazemos parte. Partimos,
- Sergipe. Neste trabalho interdisciplinar entre língua assim, do pressuposto de que a socialização da informação
portuguesa e ciências, aliamos às informações científicas científica se torna um meio eficaz de prevenção e alerta
sobre o tema a noção de gêneros textuais e sequência aos nossos estudantes sobre as consequências trazidas
didática. Produzimos, com os resultados dos debates, pelo uso das drogas psicotrópicas ao indivíduo. Unimos
leituras e discussões, jornal mural, panfleto e jogo de forças, assim, língua portuguesa e ciências, num trabalho
perguntas e respostas. Proporcionamos, do mesmo modo, com esse tema transversal. Esse, aliás, já previsto na LDB
no ambiente escolar, o compartilhamento de informações (ART. 26,§7º) é um dos meios do qual dispomos a fim de
sobre o tema através de palestra e de depoimentos de contextualizar o conteúdo programático de nossas áreas
pessoas que vivenciaram o problema de conviver com a de conhecimento, aliando-o ao compromisso social.
dependência química. Contribuímos, dessa forma, para a Portanto, o projeto “Minha escola sem drogas –
circulação e difusão de informações que atentem para o divulgação do saber científico no espaço escolar” nasceu
caráter nocivo das drogas. Complementando a interlocução e se desenvolveu a partir dessa reflexão. Enquanto nas
do projeto com o pensamento científico, também recebemos, aulas de ciências os alunos apreenderam informações
no CEPJK, a ação Ciência na Escola, da equipe Cienart. sobre como as drogas atuam na esfera fisiológica, nas
aulas de língua portuguesa desenvolveram as habilidades
1. Introdução de leitura e produção textual que contribuíram com o
processo de levar à comunidade escolar a atenção para
Foi assim, socialmente aprendendo, que ao as consequências negativas do uso de drogas – e, nesse
longo dos tempos, mulheres e homens perceberam caso, enfatizamos os danos que as psicotrópicas trazem
que era possível – depois preciso – trabalhar maneiras, ao indivíduo e à sociedade. Assim, durante o ano letivo
caminhos, métodos de ensinar. (Freire, p.26) de 2017, a transversalidade nos auxiliou a trabalhar no
No processo ensino-aprendizagem, a vivência âmbito da conscientização sobre a importância das
em sala de aula apresenta desafios para o educador. Nesse escolhas e o quanto elas podem definir o futuro dos
espaço de troca de saberes, onde o docente trafega entre o estudantes.
ensino, a pesquisa e a coerência entre seu fazer pedagógico
e os princípios éticos que o norteiam (FREIRE, 2005), 2. Materiais e Métodos
deparamo-nos, frequentemente, com o problema das
drogas. A suspeita sobre o consumo das drogas lícitas e O projeto Minha escola sem drogas – divulgação
ilícitas no ambiente escolar e, possivelmente, sobre sua do saber científico no espaço escolar trouxe ao ambiente
eventual comercialização torna-se objeto constante de escolar um trabalho interdisciplinar entre as áreas do

22 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


conhecimento língua portuguesa e ciências, no Colégio
Estadual Juscelino Kubitschek, em Nossa Senhora do
Socorro, Sergipe, no período de maio a outubro do
ano letivo de 2017, culminando com a apresentação
dos resultados do projeto na Feira de Ciências e Artes,
Cienart, São Cristóvão - UFS. Seu público-alvo foi,
especificamente, as turmas dos nonos anos, abarcando,
porém, toda a comunidade escolar do Juscelino
Kubitschek ao promovermos o debate coletivo sobre
os efeitos nocivos das drogas no organismo, dando-se
ênfase aos das psicotrópicas. Relato sobre dependência química: a superação - convidado e alunos
No primeiro semestre, fizemos a sensibilização para do CEPJK – N. Srª do Socorro (SE), 2017
introduzir o tema através de apresentação de vídeos da A partir da teoria, de pesquisas e da orientação
Discovery Channel. Esses vídeos apresentaram resultados das professoras, os alunos participantes do projeto,
de pesquisa feita por cientistas sobre como usuários de dispostos em grupos, dentro da proposta, desenvolveram,
drogas psicotrópicas realizavam determinadas tarefas sob em língua portuguesa, textos como jornal-mural,
o efeito delas em seu organismo. Pesquisas sobre o tema panfleto e letra de “rap”. De acordo com os interesses e
em revistas, internet, foram propostas para os alunos e habilidades de cada equipe, a construção textual deles
compartilhadas oralmente pelos estudantes. se deu coletivamente, em sexto horário ou como tarefa
Em outro momento do projeto, os alunos dos extraclasse. Buscamos, através dessa coparticipação,
nonos anos assistiram à palestra do PROERD – programa incentivar os jovens a comporem gêneros textuais
da polícia militar dedicado à informação e prevenção diversos, cujo objetivo foi a veiculação de informações
contra as drogas, a partir da conscientização sobre a que incentivassem a prevenção contra as drogas por parte
importância das escolhas; e, noutro, a comunidade dos estudantes.
escolar assistiu ao relato pessoal de um ex-dependente Já em ciências, abordaram-se os conhecimentos
químico, o qual superou a dependência, e o depoimento sobre as drogas. Os alunos confeccionaram um “quiz”
de uma ex-aluna da escola, que convive com o marido de perguntas e respostas sobre como as elas atuam no
dependente químico. Todos abordaram, de formas organismo e as características de cada uma delas. Esse
distintas, mas profundas e intensas, o papel importante “quiz” foi apresentado na Cienart, ponto de culminância
das escolhas que fazemos. do projeto.

PROERD – Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Vio- “Quiz” com perguntas e respostas ao público visitante, produzido nas
lência (Programa da Polícia Militar) Alunos dos nonos anos – CEPJK aulas de ciências, sobre como as drogas atuam no organismo; distribui-
– N. Srª do Socorro (SE), 2017. ção de panfleto. Cienart, UFS, São Cristóvão, 2017.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  23 


Também comprometemo-nos, junto com a
escola, a sediar o projeto “Ciência na escola”, da Cienart,
que visa à popularização da ciência. Durante essa ação
houve, na escola CEPJK, palestras de bolsistas do
Pibic Jr., de professores pesquisadores e exposição de
jogos matemáticos. Embora não estivesse em nosso
planejamento inicial, essa ação veio complementar e
multiplicar o trabalho de divulgação científica na escola.

Exposição de jogos matemáticos. Equipe Cienart, Ciência na Escola.


CEPJK, 2017.

3. Resultados e discussão

3.1 Sobre as drogas – o conhecimento científico


Aluna Yasmin Santana de Andrade, bolsista do Pibic Jr. Ciência na
Escola, CEPJK, 2017
Droga é toda substância que provoca alterações
no funcionamento do organismo. Algumas delas agem
no sistema nervoso e modificam a maneira de pensar,
sentir, agir. São as chamadas drogas psicotrópicas. Elas
atuam nas sinapses, reforçando ou diminuindo a atuação
dos neurotransmissores. Estes agem como estimuladores
ou depressores no sistema nervoso. Os efeitos delas
dependem das regiões do encéfalo em que atuam. Seu uso
constante faz o indivíduo desenvolver tolerância a elas.
Seu corpo torna-se, gradativamente, sujeito a seus efeitos.
Para obter a mesma sensação, são necessárias doses mais
frequentes.
Existem drogas que estimulam as sinapses. Com
o tempo seus neurotransmissores são insuficientes para
garantir a passagem eficiente de impulsos nervosos. A
droga passa a ser fundamental para a transmissão desses
impulsos. Quando acontece isso, ocorre a dependência.
No momento em que a droga for suspensa e o indivíduo,
Palestra da profª Mai-Ly Vanessa Almeida Saucedo Faro, “A ciência do dependente, pode ocorrer a síndrome da abstinência
sigilo - introdução à criptografia”. Equipe Cienart, Ciência na Escola. com dores, cãibras, febre, calafrios, tremores, sudorese,
CEPJK, 2017.

24 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


convulsões, vômitos, ansiedade, insônia, diarreia e, até, tratar de outro assunto preocupante: o uso das drogas
levar à morte. psicotrópicas por estudantes do ensino fundamental.
As substâncias psicotrópicas são classificadas de Este, agora, foi o mote para o estudo dos gêneros textuais
acordo com a sua atuação no sistema nervoso central. na escola (DOLZ, 2004).
Existem as alucinógenas que fazem o cérebro funcionar Buscamos, através dessa prática, tornar a
fora do seu normal, como a maconha. Também existem construção dos saberes necessários ao desenvolvimento
as estimuladoras, como a cocaína, o crack, as anfetaminas das competências da leitura e escrita em relação aos
e a nicotina, que agem no cérebro, aumentando sua gêneros textuais (REFERENCIAL CURRICULAR, 2011)
atividade depressora. mais próxima da realidade dos alunos. Desta forma,
Os prejuízos causados pelas drogas não se limitam aos cumprimos também o papel de educadores ao orientá-
danos físicos à saúde, mas também ao desenvolvimento los para outra perspectiva – a da construção em relação
da personalidade, à aprendizagem, ao desempenho ao tema abordado, pois muitos de nossos estudantes já
profissional, relacionamento com as pessoas, capacidade convivem com o problema das drogas em seus lares.
de enfrentar os problemas do cotidiano. Por outro lado, Após o momento de sensibilização em relação
seu consumo e dependência atingem a família, amigos e ao tema proposto feito com palestras, apresentação de
sociedade em geral. Para deixá-la, o usuário necessita de vídeos, leitura de pesquisas e reportagens sobre o tema do
tratamento específico. projeto, debates em sala sobre as consequências negativas
das drogas psicotrópicas, buscamos o gênero textual que
mais cumprisse o papel de partilhar as informações entre
os estudantes. Nesse momento, optamos por organizar os
alunos que participariam da culminância na Cienart em
grupos. Cada grupo construiu coletivamente o texto que
auxiliasse na circulação das informações. É importante
frisar que o desenvolvimento do projeto abarcou os
alunos dos nonos anos. Entretanto, durante os trabalhos
de construção de textos, cartazes e “quiz”, os participantes
Cartaz confeccionado pelos alunos do CEPJK para o projeto “Minha foram os inscritos no projeto. Porém, alguns outros
escola sem drogas”, durante as aulas de ciências. Nas estrelas, colocava-
-se o nome de quem deixou o vício. Nas cruzes, o nome de conhecidos/
espontaneamente fizeram parte como: Gilcivan R. da S.
ou pessoas públicas, mortos por causa das drogas. O cartaz não durou Neto, Narlane A. Silva, Paulo R. A. Souza, Kaylani L. dos
muito tempo exposto. Santos, Laura S. da Silva e Mª Amália dos A. Guimarães.
O jornal mural cumpriu bem esse papel. Isso
3.2 O trabalho com o gênero textual para circulação de porque o ele, embora seja um meio de comunicação
informações científicas antigo, ainda é muito utilizado. Por atingir a coletividade,
permite a veiculação de informações de modo rápido,
A prática docente em língua portuguesa além de ser de baixo custo. Com o material encontrado
requer busca constante de instrumentos que a tornem na escola, os alunos puderam montá-lo e fixá-lo num
mais dinâmica. Nessa busca, o contexto social em que espaço em que havia maior circulação. Além desses
se insere o estudante da escola pública se tornou fio aspectos positivos, o jornal mural também contribui
condutor de nossa atividade pedagógica. Assim como para o meio ambiente, evitando descarte de papel. Para
em 2016 desenvolvemos na mesma escola o projeto confeccioná-lo, os estudantes analisaram as informações
Cuidaids, a informação é o melhor meio de prevenir recebidas através dos vídeos, palestras e debates em sala
(SANTOS, 2017), buscamos usar essa experiência para sobre o tema “Minha escola sem drogas”. No momento

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  25 


da confecção, o grupo escolheu os textos, organizaram o
“layout” e a disposição deles no jornal. Esse jornal mural
teve a finalidade de abordar o projeto, publicando textos
em que se demonstravam as consequências negativas das
drogas tanto para o indivíduo, quanto para a sociedade.
Buscaram charges e entrevistas que abordavam o tema.

Panfleto produzido pelos alunos e distribuído durante a Cienart, UFS,


São Cristóvão, 2017
Confecção do jornal mural, CEPJK, 2017
Era um cara novo,
Jovem, com sabedoria;
Se jogou na rua
Com um monte de droga fria.

Rua gelada e sem graça


No meio dessa desgraça...
Sabendo que deixou pra trás,
sua família chorando em casa.

Minutos atrás
Ele bateu tanto na mulher,
Tudo isso porque o pó
Destrói até quem ele não quer.
Alunas do CEPJK ao lado do jornal-mural, de cuja confecção
fizeram parte O efeito passou,
A vida voltou...
Outro aspecto interessante surgiu durante a Como de costume,
efetivação do projeto. Os alunos elaboraram panfletos Ele pegou uma flor.
para que fossem distribuídos durante a Cienart. Neles,
trouxeram a ideia de resgatar razões pelas quais o (Droga de Infância – trecho da composição das alunas do
estudante deve evitar as drogas. CEPJK, 9º A, 2017, Kaylane Lima e Laura Soares)

26 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Conclusão Referências

CANTO, Eduardo Leite. Ciências naturais. 5ª ed. São Paulo: Moderna,


No projeto “Minha escola sem drogas”, 2015
trabalhamos os gêneros textuais jornal mural e panfleto BISCALQUINI, Hamilton. Disponível em:<https:pt.linkedin.com/
como meio de compartilhamento das informações sobre pulse/como-agem-drogas-sistema-nervoso-central-hamilton-
os efeitos nocivos das psicotrópicas no organismo. Através biscalquini-jr>. Acesso em 27/09/2017
CHANNEL, Discovery. Disponível em:< https://www.youtube.com/
de pesquisas e leituras ensejamos aliar ao conteúdo watch?v=qatkbKFPfvc> .
específico de ciências e língua portuguesa abordagens que DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola.
trouxessem discussões e debates sobre as consequências Campinas: Mercado de Letras, 2004.
negativas advindas do consumo de drogas. Nosso FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
GENANDS E NAJDER, FERNANDO. Ciências nosso corpo. 2ª ed. São
propósito foi de levar o estudante a refletir sobre o que o Paulo: Ática, 2016.
rodeia, e, quiçá, auxiliar na mudança de comportamento GOWDAK, Demétrio e MARTINS, Eduardo. Ciências novo pensar. 2ª
sobre o papel importante de suas escolhas. ed. São Paulo: FTD, 2015.
Dessa forma, partimos do pressuposto de que a LDB. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: Senado
Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2017.
partilha da informação científica deve ser parte intrínseca REFERENCIAL CURRICULAR – Rede Estadual de Ensino de Sergipe.
da atividade docente e deve aproximar-se da realidade Aracaju, 2011. www.seed.se.gov.br
do estudante. Por isso, valorizamos, durante o projeto SANTOS, Jaci dos. Cuidaids – A informação é o melhor meio de
desenvolvido, a circulação de textos e ideias que, além prevenir.. Revista Feira de Ciências e Cultura, vol 4/nº 6, agosto, 2017
http://www.ielgo.com.br/dados/noticia/thumb/jornal_mural.jpg
de propagar o saber científico, também trouxessem a
Acesso: maio/2018
experiência pessoal de quem já conviveu com o problema
da dependência química. Nosso aluno teve, assim,
orientação e incentivo que possam despertá-lo tanto
para o interesse científico, quanto para uma perspectiva
diferente em relação às drogas psicotrópicas.
Seu desenvolvimento foi extremamente
importante para a escola, já que trouxe reflexão sobre o
tema através de debates, vídeos, palestras, textos, jogos
como o “quiz” de ciências e, até, o evento “Ciência na
escola”, ação que despertou o interesse científico dos
alunos. Consideramos ser mais eficaz, portanto, trazer
informações científicas que possam proporcionar a
conscientização sobre os efeitos negativos das drogas
para a sociedade, do que reprimir e/ou punir.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  27 


Resumo. O presente artigo é resultado do trabalho comunidade escolar a conservar as características sustentáveis
coletivo de professores e alunos do Colégio de Aplicação da e modificar as não sustentáveis na Escola em foco. O que,
Universidade Federal de Sergipe que tiveram como foco a também, favorece a formação de sujeitos e cidadãos com um
leitura da realidade escolar sob a ótica da sustentabilidade. olhar e atitudes diferenciadas à questão ambiental.
As informações aqui apresentadas fazem parte da segunda
etapa do Projeto “A escola que temos e a escola que 2. Materiais e Métodos
queremos”, iniciada em 2016. Nessa síntese, encontram-se
alguns caminhos e ações desenvolvidos pelos participantes O trabalho foi construído com a participação
para cobrar (Carta de reivindicação) e divulgar (com a do alunado matriculado no sexto e no sétimo ano
criação do Jornal CODAP em Foco) melhorias das ações do ensino fundamental do CODAP e mediado pelos
não sustentáveis identificadas no diagnóstico participativo. professores participantes, dentre eles uma professora que
já realizou projeto semelhante em outra Escola Pública
1. Introdução Estadual e, atualmente, está como técnica pedagógica do
Núcleo de Educação do Campo – NECAM/SEED. Este
Este trabalho apresenta o desdobramento trabalho foi resultado de um diagnóstico socioambiental
do diagnóstico pedagógico participativo intitulado “A participativo (DiPUC, 2002) que seguiu algumas etapas
Escola que Temos e a Escola que Queremos” apresentado – umas já cumpridas, e outras a cumprir –, as quais
na CIENART de 2016. Nesta fase, fundamentados pelos foram realizadas em sala durante a aula, bem como
dados sobre a (in)sustentabilidade ambiental do Colégio em oficinas no contra turno, a saber: 1) diagnóstico
de Aplicação – CODAP/UFS, este texto apresenta da situação de sustentabilidade ambiental por meio
resultados das intervenções realizadas no Colégio para de discussão participativa dos alunos do sexto ano
mudança dos pontos críticos levantados pelos educandos. e escolha dos conceitos e situações significativas à
Para tanto, algumas etapas foram executadas: realização realidade local a serem trabalhadas posteriormente; 2)
do mapeamento das características que representam o leitura, interpretação de textos e discussão relacionados
estado da sustentabilidade do CODAP; elaboração de à temática; 3) divisão de tarefas entre as equipes para
um documento reivindicativo que apresente a situação compreender melhor os pontos positivos e negativos
da sustentabilidade no colégio; produção de proposta de identificados no diagnóstico; 4) tabulação de dados e
intervenção na escola sobre os pontos críticos identificados produção de texto interpretativo; 5) divisão de tarefas
no mapeamento; estímulo à toda comunidade escolar a por equipe para divulgar os resultados encontrados; e 6)
conservar as características sustentáveis e modificar as elaboração de alternativas para concretizar intervenções
não sustentáveis. de mudança ambiental, com a participação de toda a
A partir desse diagnóstico, foi elaborado um plano comunidade escolar.
de ação que apresentou proposta de intervenção nos pontos A realização desse trabalho teve como
críticos identificados. A partir da realização dessa pesquisa- embasamento conteúdos/temas interdisciplinares
ação (FRANCO, 2005), pretende-se estimular toda a (Ciências, Geografia, Português, Matemática, Educação

28 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Física e Espanhol) e o debate retroalimentava as aulas tornaram prioridade também para a administração da
disciplinares para entender a realidade local e global sobre UFS como um todo. Assim, o colégio recebeu 70 novas
diversas temáticas, entre elas: ecossistema, meio ambiente, carteiras escolares, 1 bebedouro industrial, conserto
sustentabilidade, saúde integral, dinâmica da paisagem, dos bebedouros antigos, conserto da maioria dos ares-
relação homem e natureza, questão do uso da água, condicionados e prioridade na recolha do material que se
problemas ambientais urbanos, sociedade e indicadores encontra na Ala C.
sociais. Utilizou também instrumentos de sistematização
e interpretação da realidade, a partir das narrativas de
experiências dos educandos, leitura e interpretação de
imagem e expressão, elaboração de carta argumentativa,
aplicação da proporção, porcentagem, média, moda e
mediana, uso de tabelas e gráficos, jogos e brincadeiras
tradicionais, ritmo e expressão corporal, práticas corporais
em saúde e fomento a espaços de (co)gestão.

3. Resultados e discussão

Os diversos debates dentro e fora da sala criaram
nos alunos ideias para divulgar, de modo criativo,
possíveis ações de mudança de postura para conservação
e respeito ao espaço Escolar. Do mesmo modo, se pensar
em melhorias estruturantes no contexto diagnosticado.
Nessa perspectiva, os alunos produziram, em duplas,
uma carta reivindicativa apontando uma síntese dos Além das cartas reivindicativas, tivemos
resultados adquiridos, enfatizando os pontos negativos a construção do Jornal Codap em Foco (on-line e
que precisavam de um apoio institucional para maior impresso) para divulgação dos resultados e ações coletivas
concretização. No dia 8 de março de 2017, os alunos necessárias para melhorar a sustentabilidade escolar. Esse
apresentaram, oralmente, as cartas à vice-reitora e à toda jornal, produzido pelos discentes, será distribuído na
comunidade escolar (Figura 1A). escola e divulgado no site do Colégio. Cabe destacar que
Dentre as principais reivindicações, tivemos: o jornal escolar é um instrumento muito importante para
conserto dos ares-condicionados, retirada de entulho o desenvolvimento da metodologia dos projetos didáticos
da Ala C, conserto e reposição de carteiras escolares, para despertar a criticidade dos alunos (cf. KAUFMAN;
ampliação do número de bebedouros e conserto do RODRIGUEZ, 1995; BRANDÃO, 2011), assim como
telhado da quadra esportiva (Figura 1B). Algumas dessas apregoam os Parâmetros Curriculares Nacionais
cartas também apresentaram propostas de como resolver (BRASIL, 1998).
parte dessas situações. O Jornal Codap em Foco, em sua primeira
Após essa entrega, foi possível observar que edição, tem seções de: 1) história – reportagem sobre o
algumas demandas começaram a ser atendidas com Centro de Memórias do CODAP e entrevista com a vice-
maior rapidez, uma vez que a gestão da escola já havia diretora sobre a gestão democrática no CODAP; 2) meio
feito solicitações para que esses problemas fossem ambiente – tirinha com a temática da preservação do
atendidos. Com o auxílio do apoio da vice-reitoria, Figura1. A - Leitura e entrega das cartas à vice-reitora da UFS; B –
visibilizou-se com maior agilidade essas questões, que se Exemplo de uma das cartas lidas e entregues à vice-reitora.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  29 


patrimônio pessoal e escolar; 3) social – HQ referente à Referências
temática bullying e entrevista sobre a formatura do ensino
BRANDÃO, H. N. Gêneros do discurso na escola. São Paulo: Cortez,
médio; 4) esporte – basquete no CODAP; 5) cultura e 2011.
lazer - reportagem sobre o Festival Cultural do CODAP e BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
confecção de poesias e músicas. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
Na figura 2, está a tirinha produzida pelos fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998.
DiPUC. Diagnóstico Participativo de Unidades de Conservação. Belo
discentes; nessa, a temática selecionada foi conservação do Horizonte, IEF/IBAMA. 2002.
patrimônio escolar. Essa dinâmica entre o social (a prática FRANCO, M.A.S. Pedagogia da pesquisa-ação. Educação e pesquisa. v.
de referência), a escola (a prática escolar e escolarizada) 31, n.3. SãoPaulo: set./dez. 2005, p. 483502.
e a construção do protagonismo estudantil (a prática KAUFMAN, A. M.; RODRÍGUEZ, M. H. Escola, leitura e produção de
identitária) foi de extrema importância para despertar o textos. Porto Alegre: ARTMED, 1995.
senso crítico dos discentes, mostrando-se protagonistas
das ações de manutenção e divulgação das características
sustentáveis do Colégio, além das mudanças e superação
das características não sustentáveis.

Figura 2. Tirinha confeccionada por estudantes do projeto para ser exposta no jornal.

Conclusão

A dinâmica de leitura da realidade escolar
no contexto da sustentabilidade tem apresentado
resultado significativo no campo pedagógico. Também,
foi perceptível o desenvolvimento do senso crítico dos
discentes, mostrando-se protagonistas das ações de
manutenção e divulgação das características sustentáveis
do Colégio, além das mudanças e superação das
características não sustentáveis.

30 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Resumo. Atualmente, a distopia voltou a mexer com o imaginário mítico da sociedade, principalmente quando
imaginário mítico da sociedade, o fim da humanidade se trata dos jovens. Um exemplo de como a distopia
ou da sociedade tal como conhecemos surge em estórias vem garantindo espaço na sociedade contemporânea
de filmes, jogos e séries. Este estudo foi desenvolvido é a sua aparição e preferência juvenil no que concerne
através do debate dessas representações da distopia. Para às temáticas de vários filmes, como Jogos Vorazes,
subsidiar análise, foi pesquisado críticas e análises dos Divergente, V de Vingança, Matrix e Mad Max; em jogos
filmes em debate, bem como a revisão bibliográfica de como Resident Evil, Half-life, Final Fantasy VII e Injustice;
autores que debatem a distopia no pós guerra e no mundo e séries como The Walking Dead, The 100 e Black Mirror.
atual, culminando em resultados de natureza qualitativa Esse tipo de entretenimento revela a antítese da utopia ou
e quantitativa. Concluímos que na contemporaneidade uma utopia negativa. Em grande parte desses filmes há
vivemos o paradoxo do avanço tecnológico da sociedade e um líder ou comunidade totalitarista contra uma maioria
aumento do pessimismo e, consequentemente, da distopia. oprimida pelo sistema político, realidade cada vez mais
próxima da sociedade atual, sendo basicamente uma
1. Introdução luta para revoluções comandada por revolucionários.
Posto isso, o presente trabalho busca fazer um revisão
Distopia é um termo que advém do grego de literatura acerca da distopia contemporânea que vem
antigo cujo significado está dividido em duas partes: alimentando o pessimismo quanto o futuro da sociedade.
“dis” significa dor ou dificuldade e “topos” lugar. Sendo Esse pessimismo, num primeiro momento, possui caráter
assim a distopia é caracterizada como o inverso da aparentemente conflitante tendo em vista as evoluções
utopia, retratando, na maioria das vezes, um estado de evidentes feitas ao longo dos séculos (ZUBEK, 2015).
vivência ruim, de pouca esperança e, em alguns casos,
pós apocalíptico. No século passado, a literatura deu 2. Materiais e Métodos
espaço às histórias distópicas que fizeram grande sucesso
principalmente em decorrência das perturbações do A metodologia de estudo foi desenvolvida
século e, consequentemente, incertezas em relação à através do debate dos filmes e séries assistidos de forma
continuidade da vida na terra (ZUBEK, 2015). O futuro individual e coletiva. Assim, para subsidiar análise, foi
da humanidade está em xeque na literatura distópica. pesquisado críticas e análises dos filmes em debate, bem
Com o uso das armas nucleares na Segunda como a revisão bibliográfica de autores que debatem a
Guerra Mundial e os massacres em massa que a distopia no pós guerra e no atual momento histórico,
sucederam, alimentou-se o pessimismo que já vinha culminando em resultados de natureza crítica e reflexiva.
sendo discutido por vários filósofos a partir da observação A revisão bibliográfica em artigos científicos foi realizada
da racionalidade instrumental que foi conhecida por em plataformas de dados como a BIREME, Scielo,
teorias desenvolvidas na Escola de Frankfurt no século Repositório e Google acadêmico. No ato da investigação
XX (ZUBEK, 2015). foram utilizados como palavras chaves para a pesquisa
Atualmente, a distopia voltou a mexer com o as categorias analíticas: razão, distopia e pessimismo na

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  31 


atualidade. A seleção dos artigos ocorreu a partir dos humano alimentou o pessimismo que vem se refletindo
seguintes critérios: objetividade, revisão bibliográfica e nas distopias contemporâneas (ROSSATTI, 2016). Para
menor tempo de publicação, levando em consideração a tanto, a crise estrutural do capitalismo alimenta a atual
distopia como instrumento de pesquisa. onda distópica, impondo a humanidade severidades que
em certo momento histórico foram propagandeadas
3. Resultados e discussão como problemas superados.

O fim da Segunda Guerra Mundial culminou


no avanço de teorias filosóficas representativas dos
significados de ética, razão, silêncio e poder. Teóricos
como Hannah Arendt afirmam que a violência expressada
pelo homem em acontecimentos como a Segunda Guerra
Mundial propiciou o silenciamento político. Este,
por sua vez, gerou o fim do diálogo necessário para o
estabelecimento da racionalidade (ZUBEK, 2015).
O uso das armas nucleares foi apontado como
Figura 1: Destruição em Hiroshima e Nagasaki após lançamento das
uma amostra do fim da racionalidade que antes distinguia bombas atômicas
o homem das demais espécies. Para tanto, é necessário
compreender as relações de poder que permeavam a Essa aversão e desanimo com o futuro vêm se
Segunda Guerra Mundial, as quais põem em evidencia mostrado de várias formas, entre elas através da literatura
uma razão instrumental, termo usado por filósofos e e dos cinemas. Desde o século passado livros como
pensadores da Escola de Frankfurt (nomeação dada a um “Fahrenheit 451”, de Ray Bradbury, “1984” e “Admirável
grupo de estudiosos do instituto de pesquisas sociais de Mundo Novo”, de George Orwell, e “Não Verás País
Frankfurt na Alemanha). Nesse instituto desenvolveram- Nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão, fazem um alerta
se grandes teorias filosóficas, entre elas nasceu um ao que antes era considerado vantajoso para sociedade
posicionamento quanto o real significado do termo razão como uma arma de destruição em potencial. O futuro
(ZUBEK, 2015). utópico é abandonando face o pessimismo que ronda
Dentre os pensadores do século XX que a sociedade. O capitalismo exacerbado e o desejo do
participavam do Instituto de Frankfurt e compartilhavam poder podem ser apontados como raízes da distopia.
do posicionamento estão Herbert Marcuse, Theodor No inverso, a utopia de uma sociedade perfeita poderia
Andorno e Walter Benjamim. Os mesmos acreditavam relatar em uma literatura o espírito de comunidade e
que o uso manipulado da racionalidade pode ser usado crescimento múltiplo, sentimento presente em literaturas
para o benefício em determinadas situações ou para um infantis que pouco tratam da realidade contemporânea
malefício da humanidade, como ocorreu na utilização de e apresentam no fim da trama o vilão devidamente
bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki durante a derrotada (SANTOS,2011).
Segunda Guerra Mundial (ROSSATTI, 2016). Razão, tecnologia, capitalismo e ciência. O uso
Partindo desse princípio, surge uma distopia da de todas essas promessas futuristas segundo as distopias
razão e da tecnologia. Distopia é um termo do antigo grego contemporâneas levam a creditar que o fim do ser
que significa um lugar ruim ou uma situação difícil, ou seja, humano ou do mundo em si será pelas nossas próprias
é o inverso da utopia que trabalha sempre um otimismo mãos (CARVALHO ENRÍQUEZ,2015).
de futuro próspero. Depois dos ataques da bomba de
Hiroshima e Nagasaki, a evidente desvalorização do ser

32 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Figura 2: Livros Distópicos

Distopias como a série de filmes “Jogos Vorazes” nos avanços que a sociedade conseguiu nos últimos
e “Divergente” tratam de um regime totalitarista que séculos em praticamente todos os aspectos da vida,
não raro se vê de forma mascarada na sociedade chegaremos a conclusão que a distopia contemporânea
contemporânea, o que contribui ainda mais para o tornou-se um paradoxo. Atualmente, há mais tecnologia,
sucesso dessas literaturas e aquece cada vez mais o debate mais desenvolvimento, mais perspectivas e maior
filosófico sobre a vivencia atual de um mundo distópico. divisão de poder. O que leva ao pessimismo diatópico
Desde o totalitarismo bem expressado como no caso da é justamente o descontrole (ir)racional do capitalismo.
trilogia de “Jogos Vorazes” até a crítica da manipulação O desejo de maior poder e controle da riqueza levou a
midiática em que vivemos na obra “Fahrenheit 451”, destruições em massa como na Segunda Guerra Mundial.
a distopia vem se mostrando muito mais que uma Conclusão
literatura. A leitura da distopia expõe uma previsão
futurista do fracasso humano mediante seus próprios A partir da discussão entende-se que a distopia
anseios (CARVALHO ENRÍQUEZ, 2015). ganhou espaço na literatura e nos cinemas ainda no século
Partindo desse princípio é possível especular passado. e que o debate que ele proporcionou renasceu nesse
possíveis causas para o pessimismo da atualidade que vem século tendo em vista as décadas pessimistas que estamos
evidenciando uma distopia na atualidade. Se pensarmos vivendo, principalmente pelo reforço do imaginário mítico

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  33 


de um possível fim dos tempos, desde o ano 2000, com a
espera do fim da vida na terra com data marcada, depois em
2012, 2015 e, mais recentemente, em 2017.
Dessa forma, a nossa sociedade vem perdendo
a capacidade de imaginar um mundo melhor, ou seja,
utópico, e começa a acreditar em um futuro cada vez mais
distópico. Vimos que existem vários tipos de distopia na
literatura e, assim, na contemporaneidade. Foi dado o
exemplo de livros que tratam de uma distopia do meio
ambiente, em que a degradação da natureza pode levar
a uma situação de vida humana insustentável na Terra,
assim como já previram grandes cientistas; distopia da
racionalidade como a relacionada com o instrumentalismo
da razão da Escola de Frankfurt; distopia da ignorância,
no caso de “Fahrenheit 451”; a distopia do controle da
tecnologia dos aspectos mais gerais ao foro mais íntimo
da vida e do subconsciente humano, processo visto na
série “Black Mirror” e na obra “Laranja Mecânica”; em
suma, uma distopia do capitalismo .
Vivemos o paradoxo do avanço científico/
tecnológico da sociedade e aumento do pessimismo
- e consequentemente da distopia. Entre os fatores que
podem contribuir pra isso está o maior desenvolvimento
do senso crítico que não necessariamente acaba com
a esperança mais finda com algumas ilusões utópicas,
crítica observada em vários filósofos ao longo de década,
como no caso de Theodor Adorno e Jean Baudrillard.

Referências

CARVALHO ENRÍQUEZ, Igor de Razão Prática, Autoridade e


Normatividade. InterSciencePlace, v. 10, n. 1, 2015.
ROSSATTI, Gabriel Guedes. Hannah Arendt e a filosofia política na era
atômica. Veritas (Porto Alegre), v. 61, n. 3, p. 535-552, 2016.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o
desperdício da experiência. In: Para um novo senso comum: a ciência, o
direito e a política na transição paradigmática.
Cortez, 2011.ZUBEK, Izadora. Silêncio atômico: política, violência, exceção
após Hiroshima e Nagasaki Carta Internacional, v. 10, n. 1, p. 65-82, 2015.

34 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Resumo. Com este trabalho, pretendemos contribuir 2. Metodologia
para (res)significar a aprendizagem dos estudantes da
Escola Estadual Professor José Franklin, situada em Barra A partir das aulas sobre patrimônio histórico e
dos Coqueiros, estimulando o conhecimento histórico, cultural, propomos aos alunos do Ensino Fundamental
geográfico, socioambiental e cultural local através do e Médio a realização de pesquisas sobre os bens
turismo pedagógico, utilizando como fonte/roteiro o Rio patrimoniais do município de Barra dos Coqueiros e
Sergipe e como meio de transporte a embarcação Tototó. eles nos apontaram, entre os resultados do trabalho,
As cidades que margeiam o rio são ricas em pontos principalmente a Tototó e o Rio Sergipe. Descobriram
turísticos e oferecem ótimos cenários para colocar em que ambos os bens são tombados pelo Governo Estadual.
prática tal atividade. Esses atrativos são instrumentos para O trecho do Rio Sergipe entre os municípios de Barra
o aprendizado sobre a nossa história. dos Coqueiros e Aracaju, através da Lei n. 2.825 de
1990, como Paisagem natural notável e área especial de
1. Introdução proteção ambiental e a embarcação Tototó, através da Lei
n. 7.320 de 30 de abril de 2011.
Melhorar a aprendizagem de estudantes do Iniciamos a pesquisa bibliográfica sobre o tema
ensino básico é um desafio para os professores de e descobrimos uma boa oportunidade de inovar no
qualquer disciplina. Pensar novas formas de dinamizar as planejamento pedagógico inserindo como metodologia para
aulas e torná-las mais interessantes e prazerosas é sempre facilitar a aprendizagem, o turismo pedagógico.
item na pauta do planejamento pedagógico escolar. Objetivando descobrir se seria viável utilizar esse
Objetivando melhorar o processo de ensino- recurso, aplicamos, para alunos do Ensino Fundamental,
aprendizagem na Escola Estadual Professor José Franklin, Médio, Professores e Coordenação pedagógica do turno
elaboramos o Projeto intitulado “Educação Patrimonial: vespertino da Escola Estadual Professor José Franklin, um
Conhecer e Valorizar”. Nele idealizamos a realização questionário para avaliar se havia interesse por parte desses
de atividades externas na forma de visitas/excursões grupos em realizar atividades fora da escola que auxiliassem
como ferramentas capazes de facilitar a compreensão do na promoção da aprendizagem.
aluno em relação aos conteúdos presentes nas diversas As respostas foram positivas. Os grupos acreditavam
disciplinas trabalhadas em sala de aula pelos professores. que atividades externas seriam uma boa oportunidade para
A partir do conteúdo desenvolvido na disciplina aprender mais.
História, escolhemos bens patrimoniais significativos Com a informação em mãos, elaboramos então,
para a comunidade e criamos a proposta das expedições dentro da proposta do projeto “Educação Patrimonial:
pelo Rio Sergipe, utilizando a embarcação Tototó. Além Conhecer e Valorizar” as expedições de Tototó pelo Rio
disso, pensamos em trabalhar de forma interdisciplinar Sergipe com o objetivo de levar os alunos em aulas passeio
conteúdos das disciplinas Língua Portuguesa e Inglesa, para locais que guardassem a memória e a cultura sergipana,
Geografia, Ciências e História. bem como seu patrimônio natural, explorando lugares além
da travessia Aracaju-Barra dos Coqueiros-Aracaju.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  35 


3. Resultado e Discussão partir do roteiro “Ilha da Tartaruga”. Planejamos quatro
expedições. Realizamos a primeira em agosto de 2017.
Nas reuniões para o planejamento do ano
letivo de 2017, nas quais estavam presentes o corpo 3.1 A expedição
docente e a coordenação pedagógica, apresentamos
um rascunho do projeto de educação patrimonial e, Partimos do atracadouro das Tototós na Barra
a partir daí, planejamos aulas expositivas e atividades dos Coqueiros e seguimos em direção à Ilha da Tartaruga
didáticas para alunos do Ensino Fundamental e Médio fazendo algumas paradas no percurso para abordar
que pudessem ser ampliadas e desenvolvidas utilizando aspectos históricos, geográficos e naturais da região.
roteiros turísticos pelo rio. Tudo isso com o sentido de Tivemos a oportunidade de conhecer áreas como a “Boca
promover a aprendizagem dos conteúdos trabalhados da mangaba”, Vela do navio e Salinas.
em sala de aula nas disciplinas envolvidas, relacionando- Na “Boca da mangaba” foi possível observar
os com a prática. características da vegetação e do rio, circular pelo leito
Optamos por usar o aparelho celular do rio no período da vazante e experimentar a maneira
como recurso de pesquisa em função das diversas como as marisqueiras catam o “massunin”, espécie de
possibilidades informativas oferecidas por esse meio marisco muito apreciado pela comunidade. Foi o local do
digital e pelo fato da escola disponibilizar o acesso à primeiro banho.
rede WI-FI para os alunos. Seguimos viagem até a Vela do navio, onde
Os professores prepararam aulas expositivas encontramos um paredão de areia bem branca com
específicas, abordando os temas: Patrimônio histórico, cerca de 10 metros de altura, lembra uma grande vela
cultural e natural; História e Geografia de Sergipe (Barra de navio. Local interessante para usar na prática do
dos Coqueiros e Aracaju); Bacias hidrográficas; Bacia sky com pequenas pranchas ou descer rolando mesmo.
hidrográfica do Rio Sergipe e sua importância para os Caminhamos até um local denominado poço das virgens,
sergipanos; e História da Barra dos Coqueiros e Aracaju. pequena lagoa onde a água é bastante vermelha. Ótima
Foram apontadas também as dificuldades para oportunidade para planejar aulas de geografia e ciências.
realizar efetivamente tal atividade. A principal questão Foi o local do segundo banho.
apontada foi a financeira, diante da situação de carência Retornamos ao barco para ir à Ilha da tartaruga,
do alunado. lugar muito pitoresco. Conhecemos o Restaurante Preto e
Passamos, então, a realizar atividades como Preta e a figura muito simpática do dono do restaurante.
bazares e rifas, com doações feitas pelos professores, para Pausamos para o lanche e para realizar as entrevistas com
arrecadar fundos capazes de cobrir as despesas com o os canoeiros e o dono do restaurante.
projeto, como aluguel da embarcação, almoço, camisas e Durante todo o percurso, os alunos se mostraram
produção de materiais, frutos da pesquisa. muito interessados em tudo. Ficaram encantados com
Acessamos as Associações envolvidas com o o lugar que, até então, não imaginavam que existia
turismo e com a atividade canoeira para verificar se na cidade onde residiam. Fizeram muitas perguntas,
já existia alguma proposta pedagógica planejada de principalmente à professora de geografia.
atividade de turismo pelo rio para estudantes. Como Os professores também registraram tudo para
não encontramos, utilizamos a proposta dos roteiros elaborar as atividades que serão inseridas no planejamento
turísticos para as embarcações tototós pelo estuário do pedagógico das disciplinas.
Rio Sergipe propostos no Caderno Virtual de Turismo, No retorno, fizemos uma parada na área da
publicado em agosto de 2016. Salinas e tivemos a oportunidade de ver paredões de sal
Escolhemos iniciar as atividades de expedição a que se formados há décadas. Não se faz mais a produção

36 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


de sal no local, mas a extração acontece regularmente e, de utilizar esses dois patrimônios culturais dos sergipanos,
em virtude da quantidade acumulada do produto, ainda bastante significativos para as comunidades a quem
ocorrerá por vários anos. pertencem, como recurso pedagógico para ampliar o
conhecimento dos discentes através de excursões didáticas.
3.2 A avaliação Já na primeira expedição realizada, foi possível
observar uma mudança no comportamento dos alunos.
De volta à sala de aula, aplicamos questionário Aqueles mais tímidos, que sequer participavam das aulas,
de avaliação da expedição aos alunos, abordando desde as passaram a interagir mais com a turma e com os professores.
condições da embarcação até as informações que foram Nos momentos em que começamos a delinear as
apresentadas pelos professores e pelos próprios canoeiros atividades do projeto, durante as aulas, vários estudantes
e pessoas com quem conversamos nos locais nos quais disseram ter relação de parentesco com alguns canoeiros
fizemos paradas. e informaram que gostariam de inserir o avô ou o tio nas
Nas narrativas sobre a expedição, eles colocaram atividades do projeto.
que nunca pensaram fazer um passeio como este e que Nas entrevistas realizadas com os canoeiros,
nem sequer imaginavam que os locais visitados existiam. percebemos o interesse deles em trabalhar com o turismo
A divulgação das fotos e as histórias contadas sobre os como alternativa para melhorar a renda das famílias
acontecimentos durante a visita se espalharam pela pois, após a construção da ponte construtor João Alves, a
escola e em pouco tempo muitos já queriam informações atividade com o transporte de passageiros caiu bastante.
sobre o próximo momento, se alunos de qualquer ano Essa situação também foi percebida pelos estudantes
poderiam participar, como poderiam fazer para ir no que se mostraram dispostos a construir, junto com
próximo barco. os professores, um roteiro especial para promover a
Os professores fizeram um momento de aprendizagem de forma interdisciplinar que englobasse,
avaliação também, observaram que a riqueza do lugar inclusive, o alunado de qualquer escola.
permite elaborar um planejamento diversificado com Até a realização da próxima expedição em
várias abordagens e conteúdos que podem ser trabalhados novembro de 2017, esperamos oferecer aos canoeiros
em todas as séries. uma proposta de roteiro pedagógico tendo como base a
experiência anterior e, além disso, pretendemos auxiliá-
Conclusão los na venda de um passeio para alunos do 9° ano do
Ensino Fundamental.
De acordo com Perinotto “Aprender a história
do patrimônio local é uma tarefa a ser cumprida Referências
pela comunidade, através da escola, de atividades DOS SANTOS, G. N.; ARAGÃO, I. R.; SOUZA, A. M. B. Patrimônio Cultural
socioculturais e também dentro da própria família, Naval e Proposta de Roteiros Turísticos para as Embarcações Tototós pelo estuário
do Rio Sergipe. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 93-110,
repassada de geração para geração. Trata-se de promover ago. 2016.
o reconhecimento da população local enquanto parte GOMES, D.S.; MOTA, K.M.; PERINOTTO, A. R. C. Turismo pedagógico como
ferramenta de educação patrimonial: a visão dos professores de História em um
produtora e transformadora da sua história formalmente colégio estadual de Parnaíba. Turismo e Sociedade. Curitiba, v. 5, n. 1, 2012. P.
por intermédio das escolas ou informalmente por 82-103.
intermédio do lazer.” (2012, p. 91) MARTINS, L. A. V.; NETO, F. R. A. O Turismo Pedagógico como Dinamizador do
Processo Ensino Aprendizagem no PROEJA. Revista Educere Et Educare. Vol. 8 n.
Percebemos, ao passar pelas ruas da frente, tanto 16 jul/dez. 2013. P. 455-468.
no município da Barra dos Coqueiros quanto em Aracaju, OLIVEIRA, Leandro Sousa de. De Palmeiras a Rios: Aspectos do
Tombamento de Bens Naturais em Sergipe 1979-2001. Disponível em: https://
que sempre há algum Tototó navegando pelo rio Sergipe. simposioregionalvozesalternativas.files.wordpress.com/2012/11/leandro-
A partir dessa percepção, começamos a viajar com a ideia souzatrabalho-completo.pdf. Acesso em 01/09/2017.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  37 


Resumo: A cultura literária nordestina, especificamente a escola e é uma estratégia pedagógica capaz de modificar o
Literatura de Cordel, foi a inspiração para o desenvolvimento pensamento humano e promover o protagonismo do aluno,
do projeto “Teatralizando o Cordel”. O projeto culminou enaltecimento da sua cultura e identidade social.
na apresentação da peça “O casamento de Zé da Lasca com
Maria Banda Mole” executada pelos alunos do terceiro ano
do Colégio Estadual Professor Gonçalo Rollemberg Leite
em Aracaju– SE. Objetivando o protagonismo dos discentes
e o enaltecimento da cultura popular nordestina, os alunos
participaram de todas as etapas para a construção de
um espetáculo teatral, desde a produção cenográfica à
atuação. O resultado foi uma apresentação fiel à cultura
nordestina. A metodologia adotada neste trabalho foi
composta por pesquisa bibliográfica, análise de textos dos
livretos de cordel e análise de filmes que exploram o gênero.
Tendo como inspiração a temática do casamento caipira, o
texto foi escrito com base nos versos do cordel preservando
a originalidade e evidenciando a raiz nordestina. Os
resultados obtidos a partir do debate e problematização da Imagem 2. Apresentação teatral na CIENART 2017. (Fonte: acervo
peça teatral levam à conclusão que a arte da dramaturgia escolar.)
ultrapassa os limites do espaço cênico. O teatro está na

Imagem 3. Apresentação teatral na CIENART 2017. (Fonte: acervo


Imagem 1. Mosaico da apresentação teatral na escola 2017 (Fonte: escolar.)
acervo escolar.)

38 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Resumo: O referido trabalho apresenta a continuação do a construção da horta na escola, torna-se possível
desenvolvimento paisagístico e da horta orgânica feita desenvolver, dinamizar, acompanhar e avaliar ações
pelos alunos no Colégio Estadual Professor Genaro Dantas destinadas à educação, por meio da oferta de recursos
Silva com a inclusão dos estudantes da educação especial. para conteúdos de ensino que resultem na promoção de
Para isso, os alunos mantiveram-se aprimorando o jardim atitudes dos alunos em relação aos hábitos alimentares
e a horta, reutilizando também materiais recicláveis. saudáveis (ROCHA et al, 2013). Ademais, as atividades
Assim, além cultivarem hortaliças para a merenda em questão objetivam o oferecimento das hortaliças na
escolar e aprofundarem conteúdos nas áreas de Artes e merenda escolar, a cidadania, a interdisciplinaridade e
Ciências, como paisagismo sustentável, design, proporção e a aprendizagem de importantes conteúdos curriculares
pintura, ecologia, sustentabilidade, alimentação saudável, na disciplina Artes como paisagismo, proporção, design
desenvolvimento vegetal, polinização e ciclo de vida dos e pintura; na matéria Ciências, alimentação saudável,
insetos, os discentes prosseguiram sua relação harmoniosa desenvolvimento vegetal, ciclo biológico de artrópodes,
com a escola e seu meio. polinização, ecologia e sustentabilidade.

1. Introdução 2. Materiais e métodos

A escola é um local importante na formação de Inicialmente, foram estudadas ideias para a


indivíduos responsáveis e capazes de colaborar e tomar melhoria do jardim e da horta orgânica, em seguida,
decisões acerca de questões sociais, restabelecendo os alunos do ensino fundamental, médio e, dessa vez,
suas relações com o ambiente onde vivem (SILVEIRA- incluindo os discentes da educação especial, recomeçaram
FILHO et al, 2011). No entanto, os colégios públicos são a limpeza das áreas verdes com o objetivo de otimizá-las
entregues de forma padronizada, com construções pouco (FIGURAS 1). Após isso, reiniciou-se, no mês de abril do
atrativas que não facilitam – ou até mesmo dificultam – corrente ano, a semeadura de hortaliças como cenoura,
a interação dos educandos com seu meio, além do mal tomate, couve, coentro, pimentão, cebolinha, etc. nos
aproveitamento de seu espaço interno. fundos do colégio (FIGURA 2). Outrossim, ocorreu a
Tendo em vista essa realidade ainda observada implantação de mudas trazidas pelos próprios discentes
no atual Colégio Estadual Professor Genaro Dantas e, nos meses que se seguiram, os alunos, organizados
Silva, percebeu-se a necessidade de continuar este em escalas, ampliaram a área da horta e se mantiveram
trabalho a partir do projeto “Florescendo a Escola: cuidando das culturas plantadas, colhendo e replantando
Paisagismo e Sustentabilidade no Ambiente Escolar” novas hortaliças, além de serem colocadas também telas de
apresentado na CIENART 2016 e remodelar visualmente proteção contra a radiação solar em parte de sua extensão.
as áreas não utilizadas da referida escola com um
paisagismo sustentável, tornando o ambiente escolar
mais “vivo”, além de melhorar a horta orgânica a partir
do plantio, colheita e replantio de novas culturas. Com

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  39 


3.2 Colheita de hortaliças

Como recompensa pelo intenso trabalho feito
por alunos, professores e voluntários, conseguiu-se uma
produtividade muito maior do que a alcançada no ano
anterior. Colheram-se alface, cenoura, cebolinha, couve,
pimentão, beterraba, feijão, repolho e coentro orgânicos
que, por sua vez, foram deixados na cantina do colégio
para a merenda escolar ou diretamente oferecidos aos
próprios estudantes. (FIGURA 3 e FIGURA 4). Tudo
isso foi possível graças à ampliação da área da horta e ao
Figura 1. Alunos limpando a parte central do colégio plantio na época das chuvas, o que minimizou problemas
provenientes da falta de água.

Figura 2. Reinício do plantio de novas culturas


Fonte: autoria própria
Figura 3. Couve, pimentão e tomate colhidos na horta (Fonte: autoria
3. Resultados e discussão própria).

3.1. Paisagismo sustentável

Neste ano, os educandos ampliaram o plantio


de vegetais ornamentais, prosseguindo-o com o
reaproveitamento de garrafas pet e suas tampas, abridores
de latinhas, entre outros. As garrafas foram usadas
no cultivo de mudas a fim de, posteriormente, serem
reaproveitadas no jardim e na confecção de cercas para
canteiros; já as tampas e os abridores foram pintados e
utilizados na confecção de enfeites e vasos para plantas.
Logo após, discutiu-se em sala de aula sobre a importância
da reutilização de materiais recicláveis. Tudo isso, além
de proporcionar o aprendizado sobre pintura, paisagismo
e design, fez suscitar nos alunos a consciência ecológica Figura 4. Hortaliças colhidas usadas na merenda escolar (Fonte:
pelo reaproveitamento dos objetos acima mencionados. autoria própria).

40 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


3.3 Alunos da educação especial 3.4 Laboratório vivo para as aulas de Ciências

Diferentemente do ano anterior, foram As atividades paisagísticas com materiais
incluídos agora os discentes da educação especial que, recicláveis e a horta orgânica proveram novos recursos
auxiliados pelos professores, trabalharam no preparo didáticos, como plantas vivas de diferentes espécies,
do solo, plantio e rega das plantas. Dessa maneira, estes insetos polinizadores e até mesmo as pragas nas
discentes desenvolveram aptidões como o trabalho em plantações tiveram sua utilidade, o que permitiu ao
equipe, eficiência, disciplina, além de ampliarem suas professor de Ciências explorar assuntos como ciclo de
capacidades cognitivas oriundas do conhecimento sobre vida de insetos, agentes polinizadores e sua importância,
solo e as plantas objeto de tais atividades (FIGURA 5). nutrição e alimentação saudável, ecologia, solo, progresso
sustentável, crescimento e desenvolvimento vegetais.
Inicialmente, foram ministradas aulas de campo sobre
os referidos assuntos (FIGURA 6). Em seguida, tais
conteúdos foram aprofundados em sala de aula e, após
isso, os discentes fizeram exercícios para fixação da
aprendizagem, sendo avaliados e corrigidos. Dessa forma,
foi constatada uma maior assimilação dos conhecimentos
transmitidos.

Figura 6. Aula sobre solo, plantas, nutrição e ecologia, na horta (Fonte:


autoria própria)

3.5 Vivência e troca de experiências

Mais uma vez, os discentes trouxeram muito


de sua vivência para as atividades realizadas, pois grande
parcela deles está ligada à agropecuária e mostraram
conhecimentos importantes na execução das tarefas.
Neste ano, graças ao recebimento de recursos, foram
compradas sementes, pás, enxadas, entre outros, e outra
parte desses materiais permaneceu fornecida pelos
educandos e seus familiares. Aliás, no corrente ano,
Figura 5. Alunos da educação especial trabalhando na horta, auxilia- houve uma maior colaboração dos próprios alunos, o
dos pelo professor (Fonte: autoria própria).

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  41 


que diminuiu a dependência de auxílio externo. Ainda
assim, recebemos no início dos afazeres, o indispensável
suporte técnico de ex-alunos do colégio, graduandos em
engenharia agronômica.

Conclusão

O trabalho em questão surgiu da necessidade


de aprimorar a parte visual e a horta, já iniciadas a
partir do projeto anterior no referido colégio. Partindo
dessa premissa, foram reiniciados intensos afazeres,
cujos frutos colhidos refletiram em uma escola mais
colorida, viva e ecologicamente consciente. Além do
mais, as atividades com produtos descartáveis no jardim
e o aumento da produtividade agrícola geraram novos
recursos pedagógicos que permitiram ao professor
ministrar aulas de forma mais dinâmica. Todavia,
apesar do incremento de alunos nos referidos serviços,
apenas uma parte daqueles e um número mínimo de
docentes ainda estão engajados. Portanto, vale lembrar
a necessidade da criação de estratégias no sentido de
potencializar o apoio de todos os envolvidos na escola.
Ainda assim, os alunos evoluíram na sua relação com
o ambiente escolar, progredindo, consideravelmente,
no que diz respeito à sua prática imediata de cidadania
e sustentabilidade, dando passos largos para a criação
definitiva de uma escola sustentável.

Referências

SILVEIRA-FILHO, José; SILVA, A. R. F.; OLIVEIRA, A. L.T.; BARROS,


J. M. V.; PINHEIRO, J. V.; SEGUNDO,V. C. V. A horta orgânica escolar
como alternativa de educação ambiental e de consumo de alimentos
saudáveis para alunos das escolas municipais de Fortaleza, Ceará, Brasil.
Disponível em: http://aba-agroecologia.org.br/revistas/index.php/cad/
article/view/11293. Acesso em: 21/08/2017.
ROCHA, A.G.S.; AMORIM, A.L.P.S.; SANTOS, A. T.; SANTOS, E. M.;
CAVALCANTI, G. M. D. A IMPORTÂNCIA DA HORTA ESCOLAR
PARA O ENSINO/ APRENDIZAGEM DE UMA ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL. Disponível em: http://www.eventosufrpe.com.br/2013/
cd/resumos/R0272-2.pdf. Acesso em: 21/08/2017.

42 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Resumo. O alto nível mundial de produção e uso de corantes resíduo deixado depois de esmagar os talos da cana-de-
geram águas residuais coloridas, que causam preocupação açúcar para extração do suco rico em sacarose. Ao longo
ambiental. Dentre as opções de tratamento, a adsorção parece ter dos anos, uma grande quantidade de bagaço se acumulou
um potencial considerável para a remoção de cor dos efluentes devido à expansão das culturas de cana-de-açúcar. Assim,
industriais. Nos últimos anos, os adsorventes que contêm esse resíduo é uma alternativa adequada e economicamente
polímeros naturais e biopolímeros receberam grande atenção atraente para a remoção de efluentes e tintas têxteis.
para a remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos da Recentemente, mais atenção foi dada ao bioadsorvente,
água. O bagaço de cana-de-açúcar é um resíduo agroindustrial especialmente os resíduos agrícolas, como o bagaço de
produzido em indústrias de açúcar e álcool. Neste trabalho é cana-de-açúcar. Esse material consiste em celulose (50%),
apresentado o estudo da eficiência de remoção do corante têxtil polioses (27%) e lignina (23%) (TAHIR et al, 2016).
Amarelo de Remazol pelo bagaço de cana. O presente trabalho demonstra a remoção
do corante têxtil Amarelo de Remazol pela utilização
1. Introdução do bioadsorvente bagaço de cana a partir de soluções
aquosas. A influência de alguns parâmetros na adsorção,
Os corantes sintéticos são amplamente utilizados tais como pH, tempo de contato, agitação e temperatura
nas indústrias têxteis, porém os resíduos de tintas são na remoção foram estudados.
prejudiciais e cancerígenos, causando um perigo para
os organismos aquáticos vivos. Muitas tecnologias de 2. Materiais e Métodos
tratamento convencional, como coagulação química,
adsorção de carbono e processos de fotodegradação para O bagaço de cana foi coletado na cidade de Areia
a remoção de corantes, são apresentados na literatura de Branca/SE, lavado com água, seco ao ar e triturado
(LIN e LIN, 1993). As águas residuais contendo corantes com auxílio de um liquidificador. O corante Amarelo
são difíceis de remover devido às suas propriedades de Remazol foi cedido pela Indústria Têxtil Santista
inertes. Outra dificuldade surge durante a remoção de (Sergipe). Para o estudo da influência do pH na remoção,
corantes pela presença de quantidade mínima de suas foram utilizadas soluções aquosas de NaOH (0,1 mol L-1)
moléculas em águas residuais. Os altos custos envolvidos e HCl (0,1 mol L-1) para ajuste de pH do meio aquoso.
na remoção de vestígios de impurezas tornam os métodos Os experimentos de adsorção foram realizados
convencionais de remoção de corantes impopulares para em três temperaturas distintas, 25, 40 e 50 °C, utilizando
serem aplicados em grande escala. Entre as inúmeras soluções do corante com concentração inicial de 50
técnicas de remoção, a adsorção é o procedimento de mg L-1. Em cada ensaio, 0,4 g do bagaço de cana
escolha e dá os melhores resultados, pois pode ser usado foram adicionados a 100 mL da solução do corante
para remover diferentes tipos de materiais colorantes em recipientes de 200 mL, com ou sem agitação na
(SHAJAHAN et al, 2017). temperatura determinada. A concentração do corante
Vários resíduos são obtidos no processo de foi determinada medindo absorbância a 414 nm em um
moagem da cana-de-açúcar, incluindo o bagaço que é o espectrofotômetro Varian Cary 100 Scan. Essa parte do

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  43 


trabalho foi realizada no Laboratório de Nanomateriais e encontrado 5,0 (ZHANG et al, 2013). Nesse valor de pH,
Corrosão da Universidade Federal de Sergipe. o material tem carga zero. Acima do pH 5, o bagaço estará
A porcentagem de remoção do corante Amarelo carregado negativamente. Enquanto que, com pH inferior
de Remazol foi determinada com a seguinte equação a 5, o bagaço estará carregado positivamente. O corante
(TAHIR et al, 2016): Amarelo de Remazol é aniônico. Dessa forma, quando o
Em que C0 e Ct são concentração inicial e em pH decresce de 10 para 2, a porcentagem de remoção do
determinado tempo (mg L-1), respectivamente. corante aumenta de 56% para 89%. Esse resultado pode
ser atribuído à diminuição das atrações eletrostáticas
entre o corante e o bagaço de cana. Esse material contém,
principalmente, grupos carboxílicos e hidroxilas, e sua
carga superficial terá dependência das propriedades da
3. Resultados e discussão solução (ZHANG et al, 2013).
Experiências para investigar o efeito do tempo de
O presente estudo foi desenvolvido por alunos contato na adsorção do corante Amarelo de Remazol no
bolsistas e voluntários PIBIC JR dos 2° e 3° Anos do bagaço de cana foram realizadas para determinar o tempo
Ensino Médio do Colégio Estadual Deputado Guido de equilíbrio de adsorção. Esses ensaios foram realizados
Azevedo, localizado em Areia Branca/SE. O bagaço de com concentração inicial de 50 mg L-1 do corante a um
cana-de-açúcar foi testado como adsorvente in natura pH 2, temperatura 25 °C. Como pode ser verificado na
para o corante amarelo de Remazol. Para os testes de figura 2, a porcentagem de remoção aumenta, atingindo
remoção, as seguintes condições experimentais foram um valor máximo com o aumento do tempo de contato,
avaliadas: pH da solução, tempo de contato, agitação e após 360 minutos. Como resultados, esse tempo foi
temperatura. fixado como tempo de contato em equilíbrio. Esse tempo
O efeito do pH na adsorção do corante foi foi utilizado nos ensaios posteriores.
investigado a 25 °C com concentração inicial de 50 mg
L-1 (Figura 1).

Figura 2. Efeito do tempo de contato na adsorção do corante Amarelo


de Remazol em bagaço de cana.

A adsorção do corante foi avaliada com e sem


Figura 1. Efeito do pH da solução aquosa na remoção do corante agitação da solução. Os resultados apresentaram que a
Amarelo de Remazol pelo bagaço de cana.
porcentagem de remoção do Amarelo de Remazol aumenta
De acordo com a literatura, o ponto de de 88% para 98% com a agitação (figura 3). A agitação da
carga zero (pHPZC) do bagaço de cana-de-açúcar foi solução favoreceu o processo de adsorção, pois há uma

44 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


possibilidade maior de interação das moléculas do corante o aumento da temperatura, diminui as forças adsortivas
com o adsorvente devido ao movimento do sistema. entre as espécies do corante e os sítios ativos na
superfície do bagaço de cana, resultando na diminuição
da quantidade adsorvida de Amarelo de Remazol. Esse
comportamento sugere que o processo de adsorção é de
natureza exotérmica e que os valores da entalpia serão
negativos (ZAHEER et al, 2014).

Conclusão

O bagaço de cana in natura foi avaliado na


adsorção do corante Amarelo de Remazol. Esse material
demonstrou ser eficiente na remoção do corante em
soluções aquosas. A natureza da adsorção sugerida foi
exotérmica. Na otimização do processo, a porcentagem de
Figura 3. Efeito da agitação na adsorção do corante Amarelo de Rema-
remoção alcançou valores maiores com: pH 2, tempo de
zol em bagaço de cana.
contato 360 minutos, temperatura 25 °C e com agitação.
Nessas condições, a porcentagem de remoção 98% foi
A figura 4 apresenta o efeito de diferentes conseguida. Os resultados sugerem que o bioadsorvente
temperaturas na adsorção. Para esse ensaio, foram tem potencial para a remoção do corante Amarelo de
utilizadas soluções do Amarelo de Remazol 50mg L-1, Remazol de águas residuais provenientes das indústrias
pH 2, sem agitação. têxteis.

Referências

LIN, S. H.; LIN, C. M. Treatment of textile waste effluents by Ozonation


and Chemical Coagulation. Water Research, 27, 12, 1993.
SHAJAHAN, A.; SHANKAR, S.; SATHIYASEELAN, A.; et al.
Comparative studies of chitosan and its nanoparticles for the
adsorption efficiency of various dyes. International Journal of Biological
Macromolecules, 104, Part B, 2017.
TAHIR, H.; SULTAN, M.; AKHTAR, N.; HAMEED, U.; ABID, T.
Application of natural and modified sugar cane bagasse for the removal
of dye from aqueous solution. Journal of Saudi Chemical Society, 20,
2016.
ZAHEER, S.; BHATTI, H. N.; SADAF, S.; SAFA, Y. Biosorption
characteristics of sugarcane bagasse for the removal of Foron Blue E-BL
dye from aqueous solutions. Journal of Animal & Plant Sciences, 24, 1,
Figura 4. Efeito da temperatura na adsorção do corante Amarelo de 2014.
Remazol em bagaço de cana. ZHANG, Z.; HARA, I. M. O.; KENT, G. A.; DOHERTY, W. O. S.
Comparative study on adsorption of two cationic dyes by milled
A temperatura é conhecida por desempenhar sugarcane bagasse. Industrial Crops and Products, 42, 2013.
um papel importante na capacidade de adsorção de
corantes por diferentes bioadsorventes. A porcentagem
de remoção do corante pelo bagaço de cana diminuiu
de 88% para 78% com o aumento da temperatura. Com

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  45 


Resumo. A tradição e a cultura do plantio do milho, bem SE, onde a escola está inserida, a partir de uma pequena
como a química envolvida na preparação e composição pesquisa etnográfica realizada pelos alunos do C. E. Dr.
dos principais pratos típicos tendo como ingrediente Antônio Garcia Filho em torno da tradição e da cultura
principal o “milho”, podem ser utilizadas como estratégia do plantio do milho, passando pelo conhecimento e
didática para promover uma abordagem contextualizada e produção dos pratos mais consumidos no município
interdisciplinar da Química e da História. Assim, buscando tendo como ingrediente principal o “milho”, listando os
uma aprendizagem significativa, utilizou-se a temática ingredientes mais utilizados na confecção dessas iguarias
“CUSCUZ COM LEITE” no trabalho de pesquisa realizado para posterior identificação das funções orgânicas
por estudantes do Ensino Médio do Colégio Estadual Dr. presentes nas moléculas desses ingredientes.
Antônio Garcia Filho, em Umbaúba/SE, com o objetivo de O objetivo deste trabalho é identificar as funções
identificar as funções orgânicas, fazendo um levantamento orgânicas nas moléculas presentes nos ingredientes dos
da composição química nos pratos típicos à base de milho pratos típicos à base de milho consumidos no município
consumidos na cidade. de Umbaúba, partindo de uma pequena pesquisa
etnográfica realizada pelos alunos para compreender a
1. Introdução relação e a tradição entre o agricultor de subsistência de
Umbaúba e a produção agrícola do milho.
O currículo escolar, em sua maior parte, não
privilegia e não valoriza os saberes que não sejam 2. Materiais e Métodos
validados pela ciência. Gondim (2008) compreende que
o ser humano constitui-se a partir de uma diversidade de A metodologia abordada neste trabalho foi a
saberes e, dentre eles, os saberes populares, tão presentes contextualização e a interdisciplinarização dos conteúdos
na cultura de nosso país, são desconsiderados em nossas de Química e História por meio do tema gerador
escolas. Contudo, percebe-se a importância do resgate “CUSCUZ COM LEITE”, aplicado aos alunos das 2ª e
dos saberes populares na construção do conhecimento 3ª séries do Ensino Médio do C. E. Dr. Antônio Garcia
científico. Chassot (2008) reforça que valorizar o saber Filho, escola da rede pública de ensino, no município
popular é envolver a comunidade e o estudante na de Umbaúba, Estado de Sergipe, contribuindo para a
construção do conhecimento, apresentando os conteúdos construção do conhecimento.
formais do currículo de maneira contextualizada e, A atividade inicial foi um levantamento
portanto, mais atrativa. etnográfico realizado por meio de conversas informais
A agricultura de subsistência, caracterizada pela com os parentes mais velhos dos alunos envolvidos no
utilização de métodos tradicionais de cultivo do milho, projeto. Essas conversas foram orientadas pela professora
realizada pelas famílias da cidade de Umbaúba, serviu de de História, que instigou os alunos a procurarem os
base para o desenvolvimento desse projeto pedagógico parentes mais idosos e coletar as respostas da conversa. A
que ressalta também a função da escola em valorizar o partir dessas conversas, foram obtidas informações sobre
saber popular, próprio da comunidade de Umbaúba/ a tradição em volta da produção agrícola do milho na

46 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


cidade, tais como: dia do início do plantio e sua relação memorização de fórmulas são as formas com as quais os
com santos católicos, tempo de colheita e profetas da chuva alunos estão acostumados. Sendo assim, os discentes são
consultados pelos moradores da cidade. O conhecimento agentes passivos que não estão habituados a nenhuma
da tradição e da cultura em torno do milho incentivou forma de manifestação. Para os alunos, os conteúdos são
os alunos a fazerem sua própria plantação. Assim, com a verdades absolutas, dissociadas da sua vivência e de sua
ajuda dos pais, fizeram o plantio do milho de acordo com realidade social.
os conhecimentos adquiridos pelos mais velhos. Tal reflexão apontou a contextualização do
Posteriormente, os alunos fizeram uma cotidiano como ponto de partida para o ensino de
pesquisa de campo para identificar os principais pratos Química Orgânica e para a interdisciplinaridade entre
consumidos na cidade, cujo ingrediente principal é Química e História a fim de aproximar as crianças da
o milho. Com essas informações, os alunos puderam cultura e da tradição de sua cidade. Sendo assim, foi
listar as receitas dessas iguarias e fizeram pesquisas em pensado na temática “CUSCUZ COM LEITE” como
sites e artigos acadêmicos para identificar as moléculas e eixo norteador para as aulas de funções orgânicas,
funções orgânicas presentes nas estruturas químicas dos aproximando os alunos da sua realidade.
principais ingredientes das receitas. As receitas serviram Foi, então, pedido pela professora de História
para a confecção de um livreto com o modo de preparo que os alunos tivessem uma conversa informal com os
das iguarias. A pesquisa de campo foi realizada por meio parentes mais velhos a respeito da tradição do plantio
de excursões à cidade e aos povoados de Umbaúba entre do milho, aproveitando que os alunos envolvidos no
fevereiro e maio de 2017. projeto tinham pequenas plantações de milho em suas
A culminância da pesquisa foi uma tarde de residências. Nessas conversas, tiveram conhecimento
degustação dos pratos listados, em que os alunos tiveram da relação entre tradição e religiosidade na cultura do
a oportunidade de expor e explicar tudo que aprenderam milho, o que motivou os alunos a quererem participar
durante a execução deste trabalho. Logo após esse de todo o ritual para a plantação do milho, que se inicia
momento, foi possível fazer uma avaliação com os alunos na procissão de São José, em 19 de março, quando os
de todo o processo de aprendizagem obtido com o projeto pequenos agricultores da cidade pedem as bênçãos ao
com a aplicação de um exercício avaliativo. santo e oram por chuvas, iniciando, assim, o plantio. O
grupo de alunos, por sua vontade, participou da procissão
3. Resultados e Discussão de São José no povoado Eugênia (figura 1).

Este trabalho surgiu da dificuldade que os


alunos tinham de identificar os grupos funcionais
orgânicos e de não conseguirem traçar uma relação
dos conteúdos trabalhados em sala de aula com o seu
cotidiano. Essa observação se deu com a análise das notas
baixas obtidas pelos alunos percebidas em um exercício
avaliativo de Química, em que o único assunto abordado
foi a identificação das funções orgânicas e cuja média das
turmas foi 2,0.
Ficou evidente neste momento que os alunos
estavam habituados com a pedagogia tradicional,
aquela que se preocupa apenas com a universalização
do conhecimento. O treino intensivo, a repetição e a

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  47 


era o milho e que são consumidos durante todo o ano e
não apenas nas festas juninas. O resultado da pesquisa
encontra-se no gráfico 1, abaixo.

Figura 1 – Alunos participando da procissão de São José no povoado


Eugênia.
Após participarem do rito religioso, os alunos
Gráfico 1 – Resultado da entrevista sobre o prato típico à base de
começaram a preparação da terra e iniciaram o plantio milho mais consumido em Umbaúba.
do milho com a ajuda de alguns de seus pais (figura 2).
No contexto etnográfico, os alunos conheceram
alguns “profetas das chuvas” que moram na cidade e
que são consultados antes do plantio começar, lendas e
crendices para o plantio do milho e, ainda, algumas dicas
do saber popular para o preparo de alguns pratos típicos.
Essas visitas foram registradas, em fotografias, pelos
próprios alunos (figura 3).

Figura 2 – Alunos durante o plantio do milho.

Em sequência, realizaram uma pesquisa de


campo para que pudessem catalogar os pratos típicos
à base de milho mais consumidos e produzidos por
moradores da região com o intuito de confeccionar
um livreto de receitas. Foram citados pelos moradores Figura 3 – Registro dos alunos na pesquisa de campo.
entrevistados 07 pratos típicos cujo principal ingrediente

48 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


O prato típico mais citado pelos entrevistados dos ingredientes, eles puderam fazer a identificação
foi o cuscuz, preparado de maneira tradicional: ralando o das funções orgânicas presentes em cada estrutura. E o
milho. Os alunos ainda fizeram procuras em sites e artigos resultado dessa pesquisa está na tabela 1, abaixo.
acadêmicos para identificar as funções orgânicas presentes Por meio dessa investigação “on-line”, os
nas estruturas químicas dos principais ingredientes das alunos ainda tiveram a possibilidade de descobrir novas
receitas citadas. Já de posse das fórmulas estruturais informações, curiosidades sobre a história e origem do
Tabela 1. Fórmulas estruturais dos ingredientes utilizados nas receitas

Ingredientes Fórmulas Estruturais Funções Orgânicas


CASEÍNA Ácido Carboxílico
(proteína do leite) Amida
Amina
Fenol

LACTOSE Álcool
(açúcar do leite) Éter

GALACTOSE Álcool
(açúcar do leite) Éter

AMIDO DE MILHO Álcool


(maisena) Éter

TRIGLICERÍDEO Éster
(manteiga)

CINAMALDEÍDO Aldeído
(canela)

GLÚTEN Ácido Carboxílico


(farinha de trigo) Amina
Cetona
Haleto Orgânico
EUGENOL Éter
(cravo da índia) Fenol
SACAROSE Álcool
(açúcar comum) Éter

ALBUMINA Ácido Carboxílico


(Proteína da clara do ovo) Amina

Aminoácidos

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  49 


milho, bem como o despertar para a leitura. Coube às
professoras a incumbência de gerenciar e orientar os
seus alunos na busca de informações, disponibilizando
referências bibliográficas e sites confiáveis, oferecendo
melhores condições para o desenvolvimento da pesquisa.
Foi sugerido pelos próprios alunos que o projeto
fosse encerrado com uma pequena culminância na sala de
aula, onde eles iriam preparar os pratos típicos, colocar os
ingredientes com suas fórmulas estruturais e identificar
suas funções orgânicas. Essa ideia foi consentida, pois
acredita-se que a cerimônia de fechamento desse projeto
didático daria aos alunos visibilidade para o processo
de aprendizagem pelo qual passaram e, apresentando
o trabalho para toda a turma, todos iriam perceber
o avanço dos educandos. Neste momento, os alunos
também distribuíram os livretos com as receitas citadas
para toda a comunidade escolar. A produção dos pratos
típicos pelos alunos está demonstrada na figura 4.

Após a culminância, os alunos receberam Figura 4 – Alunos preparando os pratos típicos à base de milho orien-
tados pelas professoras.
um exercício avaliativo com questões do tipo situação-

50 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


problema e todos os discentes conseguiram identificar de uma metodologia de ensino baseada em métodos ativos,
forma correta as funções solicitadas nos exercícios, além de acordo com a concepção oriunda dos princípios
de diferenciar os diversos processos químicos utilizados presentes nas novas orientações curriculares para o
no preparo das iguarias, o que não foi visto quando o Ensino Médio do MEC.
primeiro questionário foi respondido. Para os alunos, Considerando o exposto acima, conclui-
foi importante não só identificar as funções orgânicas se que trabalhar os conteúdos de Química de forma
por meio da memorização delas, mas compreender que contextualizada pode contribuir positivamente para o
as diferenciar é a forma mais aplicada de caracterizar aprendizado do aluno, pois esse se envolve ativamente na
as propriedades organolépticas dos ingredientes. O realização das atividades, levando a uma aprendizagem
resultado deste questionário serviu como diagnóstico mais significativa.
final do projeto. A média obtida pelos alunos nesse novo
exercício avaliativo, aplicado após o projeto, subiu para Referências
8,0, resultado satisfatório para a conclusão do projeto. BRASIL. Ministério da Educação (MEC), Secretaria de educação Básica.
Orientações curriculares para o Ensino Médio. Ciências da natureza,
Conclusão matemática e suas tecnologias. Vol. 2. Brasília: MEC/SEB, 2006.
CHASSOT, A. Fazendo Educação em Ciências em um Curso de
Pedagogia com Inclusão de Saberes Populares no Currículo. Química
Esse projeto pedagógico preocupou-se em Nova na Escola, n.27, p. 9-12, 2008.
integrar conhecimentos científicos para torná-los úteis GONDIM, M. S. C.; MÓL, G. S. Saberes populares e o ensino de
e mais próximos à realidade do aluno. Caracterizou- ciências: possibilidades para um trabalho interdisciplinar. Química
se pelo estímulo à pesquisa e à preparação para a vida, Nova na Escola, 2008.
aproximando o aluno do meio em que vive a partir de

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  51 


Resumo. Os corantes sintéticos são amplamente aplicados adsorvente de baixo custo de alguns materiais poluentes,
em muitos campos tecnológicos, incluindo a indústria como metais pesados, fenol e corantes. Este material está
têxtil. O efluente descartado pela indústria causa vários amplamente disponível no Brasil como um desperdício
problemas ao meio ambiente devido à presença de uma de indústrias de açúcar e etanol. Uma grande quantidade
ampla gama de contaminantes, como os corantes. Vários de bagaço de cana disponível no mundo torna uma
métodos são testados para remover a cor dos efluentes opção atraente para aplicações tecnológicas, pois pode
industriais com o objetivo de diminuir seu impacto no ser usado para obter numerosos produtos industriais,
meio ambiente. A adsorção é um dos processos mais como biocombustíveis (etanol de segunda geração),
eficazes utilizados na sua remoção. Este trabalho avaliou a bioeletricidade, polímeros biodegradáveis e vários
adsorção do corante Azul de Remazol por bagaço de cana outros materiais. Além disso, o bagaço de cana possui
e investigou a cinética de adsorção por meio de um modelo grande quantidade de grupos hidroxilo de celulose,
cinético empírico. hemiceluloses e lignina que podem ser utilizados como
locais reativos para produzir novos materiais adsorventes
1. Introdução com propriedades específicas (FERREIRA et al, 2015).
O presente trabalho tem o objetivo de avaliar os
A remoção de corantes das águas residuais parâmetros cinéticos do processo de adsorção do corante
industriais é uma questão ambiental, devido a sua Azul de Remazol no bagaço de cana. Alguns fatores
elevada contaminação, baixa biodegradabilidade, que influenciam a remoção do corante foram avaliados,
toxicidade e carcinogenicidade; mesmo em baixas tais como: pH da solução, temperatura e tempo de
concentrações, a cor confere uma aparência indesejada contato.
à água. Vários processos físicos, químicos e biológicos
são utilizados para a remoção de corantes: coagulação- 2. Materiais e Métodos
floculação, precipitação, biodegradação, processos de
membrana, oxidação química e extração de solvente. O bagaço de cana foi obtido na feira livre
No entanto, todos estes métodos convencionais não da cidade de Areia Branca/SE. O material foi lavado
são comparáveis à técnica de adsorção em termos de com água, seco ao ar e triturado para utilização como
eficiência, custo operacional, flexibilidade do processo e adsorvente. O corante Azul de Remazol foi doado pela
facilidade de operação. Além disso, todas estas técnicas Indústria Têxtil Santista (Sergipe).
foram encontradas ineficientes e incompetentes devido Os estudos cinéticos foram realizados em forma
à solubilidade e estabilidade razoavelmente altas dos de batelada à temperatura constante. O bagaço de cana
corantes em relação à luz, agentes oxidantes e digestão (0,4 g) foi adicionado a 100 mL da solução do corante
aeróbica. Uma pesquisa abrangente indica que a técnica de Azul de Remazol (50 mg L-1) após termostatização inicial
adsorção foi a mais apropriada e eficiente (BELBACHIR e da solução por 30 minutos na temperatura desejada. A
MAKHOUKHI, 2017). cada determinado tempo de contato foi realizada análise
O bagaço de cana-de-açúcar foi utilizado como espectrofotométrica no comprimento de onda 540 nm

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em um espectrofotômetro Varian Cary 100 Scan. Essa O pH da solução é um fator importante nos
etapa da parte experimental foi realizada no Laboratório estudos de adsorção, pois não só afeta as cargas superficiais
de Nanomateriais e Corrosão da Universidade Federal de e a dissociação dos grupos funcionais do adsorvente,
Sergipe. como também a especificação química e a taxa de difusão
As quantidades adsorvidas de corante nos do soluto. Neste trabalho, o estudo foi realizado a 25 °C
estudos cinéticos foram calculadas utilizando a seguinte com concentração inicial do Azul de Remazol de 50 mg
equação (SANTOS et al, 2013): L-1 (figura 1).

Qt é a quantidade adsorvida do corante por


grama do adsorvente em mg g-1, C0 é a concentração
inicial do corante, em mg L-1, Ct é a concentração do
corante na solução após um tempo predeterminado t, em
mg L-1, v é o volume da solução em L e m é a massa do
adsorvente em g.
A porcentagem de remoção do corante foi Figura 1. Efeito do pH da solução aquosa na remoção do corante Azul
determinada com a seguinte equação (SANTOS et al, de Remazol pelo bagaço de cana.
2013): O aumento do pH da solução resultou na
diminuição da porcentagem de remoção do corante pelo
bagaço de cana. Em pH menor, a superfície do adsorvente
apresenta carga positiva devido às reações de protonação, com
Existem vários modelos cinéticos desenvolvidos aumento das atrações eletrostáticas entre o bagaço de cana e o
para analisar dados de adsorção na interface sólido/ corante aniônico Azul de Remazol (DIVBAND et al, 2016).
solução. Neste trabalho foi aplicado o modelo de ordem Os experimentos de adsorção foram realizados
variável, representado pela seguinte equação: em duas temperaturas diferentes (25 e 50 °C) para
investigar o efeito da temperatura na porcentagem de
remoção do corante (figura 2).
Qe representa a quantidade adsorvida no
equilíbrio, k é a constante cinética e n outra constante,
associada ao mecanismo de adsorção.

3. Resultados e discussão

Este projeto foi desenvolvido por alunos
bolsistas e voluntários do PIBIC JR do Colégio Estadual
Deputado Guido Azevedo, localizado em Areia Branca/
SE. O bagaço de cana foi avaliado na remoção do corante
Azul de Remazol. Nesse processo, foram avaliados os
Figura 2. Efeito da temperatura da solução aquosa na remoção do
seguintes fatores: pH da solução, tempo de contato e corante Azul de Remazol pelo bagaço de cana.
temperatura.

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O aumento da temperatura elevou a locais de adsorção disponíveis no interior do material.
porcentagem de remoção do corante pelo bagaço de cana,
atingindo aproximadamente 100% de remoção. Esse
resultado indica que o processo de adsorção é de natureza
endotérmica. Resultados similares foram reportados por
Divband et al (2016) na adsorção de nitratos em bagaço
de cana modificados. Tabela 1. Parâmetros cinéticos da adsorção do Azul de Remazol pelo
bagaço de cana.
A cinética de adsorção foi estudada utilizando o
modelo de ordem variável para determinar o mecanismo
predominante na adsorção do Azul de Remazol pelo Conclusão
bagaço de cana. A figura 3 apresenta a quantidade de
corante adsorvido pelo bagaço de cana em diferentes O bagaço de cana apresentou potencial para
temperaturas. A quantidade de corante removida da remover o corante Azul de Remazol de soluções aquosas.
solução aumenta com tempo até atingir um valor máximo A porcentagem de remoção atingiu aproximadamente
em aproximadamente 400 minutos. 100 % nas melhores condições experimentais de adsorção.
Os estudos cinéticos indicaram que o mecanismo do
processo independe da temperatura e ocorre via difusão
do corante para os sítios de adsorção internos do material.

Referências

BELBACHIR, I.; MAKHOUKHI, B. Adsorption of Bezathren dyes onto


sodic bentonite from aqueous solutions. Journal of the Taiwan Institute
of Chemical Engineers, 75, 2017.
DIVBAND, L.; HOOSHMAND, A.; ALI, A.; et al. Removal of nitrate
from aqueous solution by modified sugarcane bagasse biochar.
Ecological Engineering, 95, 2016.
FERREIRA, S.; CHRISTIANO, B.; SIMÕES, F.; et al. Application of
Figura 3. Resultados experimentais (pontos) e calculados utilizando-se a new carboxylate-functionalized sugarcane bagasse for adsorptive
o modelo cinético de ordem variável (linhas) da remoção do corante removal of crystal violet from aqueous solution: Kinetic, equilibrium
Azul de Remazol pelo bagaço de cana. and thermodynamic studies. Industrial Crops and Products, 65, 2015.
SANTOS, D. O., et al. Investigating the potential of functionalized
O modelo cinético apresentou bom ajuste aos MCM-41 on adsorption of Remazol Red dye. Environmental Science
dados experimentais, visto que os valores de R2 estão and Pollution Research, 20, 2013.
próximos à unidade (tabela 1). Conforme verificado
na figura 3, a quantidade de corante adsorvido pelo
bagaço de cana é maior na temperatura mais elevada.
A constante de velocidade (k) apresenta valor mais
elevado na temperatura mais baixa, porém a diferença
de velocidade não é significativa. A constante (n) indica
o mecanismo predominante de adsorção, com valores
maiores que a unidade, indica adsorção superficial e
valores menores que a unidade sugere difusão dos íons
no adsorvente (SANTOS et al, 2003). No presente estudo,
há a indicação de que os íons do corante interagiram nos

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O Dia Nacional da Consciência Negra, celebra- percepção da grande influência e da contribuição que os
do em 20 de novembro, foi instituído oficialmente pela africanos e seus descendentes proporcionaram à cultura
lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011. A data faz re- de modo geral. Na prática, em sala de aula, seguiu-se a
ferência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo metodologia de contextualização do Maculelê com temas
dos Palmares. Rememorar esta data é debater e refletir como: África – história e cultura, aliando às contribui-
sobre as diferenças raciais e a importância de cada um no ções das civilizações africanas para a formação da socie-
processo de construção de nosso país, Estado e comuni- dade brasileira. Ao final, buscou-se encenar no espaço es-
dade. Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais colar a dança teatral do Maculelê. Isso para que, por meio
(PCNs) estabelecem que a diversidade cultural do país da linguagem corporal dos alunos participantes, ocorra a
deve ser trabalhada no âmbito escolar. promoção do respeito mútuo entre as diversas culturas e
povos que formam a identidade nacional.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação


Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos
temas transversais e ética. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf>. Acesso em 27 setembro
2017.
LEOPOLDINO, Elcio Rezek; CHAGAS, Andréia Souza de Lemos. Re-
lato de uma experiencia Maculelê: vivencia e saberes de um corpo brin-
cante. Disponível em: <http://educonse.com.br/2012/eixo_07/PDF/19.
pdf>. Acesso em 28 de setembro de 2017.

Figura 01- Alunos encenando o Maculelê na escola.

Nesse sentido, aplicou-se aos alunos das turmas


do 8° ano do ensino fundamental e do 2° ano do ensino
médio do Colégio Estadual Prof. Hamilton Alves Rocha,
situado em São Cristóvão/SE, o estudo e a prática artís-
tica do MACULELÊ – manifestação cultural oriunda da
cidade de Santo Amaro da Purificação (Bahia). Procuran-
do dessa maneira, estabelecer a importância das diversas
manifestações culturais afro-brasileiras, bem como a
preservação de cada uma delas. Simultaneamente, procu-
rou-se ultrapassar as fronteiras do preconceito racial e a

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