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(1) Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Civil – Universidade Federal de São Carlos
(2) Engenheira Civil – Universidade Federal de São Carlos
Resumo
Sistemas estruturais compostos por elementos mistos de aço e concreto têm se mostrado
soluções bastante econômicas e racionais, sobretudo para utilização em edifícios de múltiplos
pavimentos. Dentre os elementos mistos de aço e concreto, destaca-se o pilar misto
parcialmente revestido, constituído por um perfil I ou H, cuja região entre as mesas é
preenchida com concreto armado. Sua aplicação a edifícios de múltiplos pavimentos é
estudada a partir da formulação apresentada na NBR 8800:2008, destacando os estados
limites últimos aplicáveis a este elemento estrutural. A partir dos critérios normativos na NBR
8800:2008 é desenvolvido um estudo de caso que consiste num edifício de quinze pavimentos
para o qual foram determinados os esforços solicitantes nos pilares. Com tais esforços foram
dimensionados pilares mistos parcialmente revestidos e pilares de aço que atendam aos
critérios de verificação à compressão simples e à flexo-compressão. Uma vez dimensionados
os pilares mistos e de aço, é feito um estudo comparativo no qual são contemplados aspectos
como dimensões da seção transversal, consumo de aço, área livre por pavimento e custo do
pilar. Os resultados comparativos apontam que a utilização de pilares parcialmente revestidos
leva a substancial redução do consumo de aço, conseqüente redução do custo do pilar e maior
área livre por pavimento. Com base nestes resultados de um estudo de caso, fica constatada a
viabilidade de empregar pilares mistos parcialmente revestidos na composição do sistema
estrutural de edifícios de múltiplos pavimentos.
1. Introdução
Por outro lado, em relação às estruturas de aço, as estruturas mistas permitem reduzir o
consumo de aço estrutural. Aqui é importante frisar que o emprego de elementos mistos
constitui não só uma opção de sistema estrutural, mas também de processo construtivo e,
como tal, suas vantagens estendem-se também a estes aspectos, desde que sejam adotadas
técnicas construtivas adequadas ao sistema. Além disso, o surgimento dos elementos mistos e
sua associação com elementos em concreto armado e de aço impulsionaram o surgimento das
estruturas híbridas. É cada vez mais comum compor o sistema estrutural de uma edificação
com pilares de aço, vigas mistas, núcleos ou paredes de concreto armado que garantem a
estabilidade horizontal.
A utilização dos elementos mistos de aço e concreto ganhou novo fôlego no Brasil com a
publicação, em julho de 2008, da nova versão da NBR 8800:2008, que contempla, em seus
anexos, recomendações de projeto para lajes, vigas e pilares mistos. Os elementos mistos
abordados pela NBR 8800:2008 são apresentados na Figura 1.
Os pilares mistos revestidos surgiram inicialmente da idéia de proteção dos perfis de aço
contra a ação maléfica do fogo, sendo que o concreto era o principal responsável por esta
proteção. Entretanto, com a evolução das técnicas de produção de materiais para este fim, são
encontrados no mercado, produtos com custos menores que o concreto. Sendo assim, o
concreto do pilar misto revestido passa a ser empregado, na atualidade, como material
estrutural, porém, mantendo suas características iniciais de proteção contra ação do fogo e da
corrosão. Posteriormente, com a idéia de usar o concreto como material estrutural de
preenchimento dos perfis tubulares, surgem os pilares mistos preenchidos. Sendo assim,
conforme a disposição do concreto na seção mista, os pilares mistos são classificados como
preenchidos, revestidos ou parcialmente revestidos (Figura 1).
Mesmo com o emprego de um pilar misto que requer a confecção e montagem de fôrmas, o
processo construtivo pode ser facilitado. VICENT & TREMBLAY (2001) sugerem que a
estrutura em aço seja montada para até três pavimentos e o preenchimento da região entre as
mesas dos perfis de aço, para obtenção do pilar parcialmente revestido, seja feita juntamente
com a concretagem da laje. Uma vez endurecido o concreto e constituído o pilar misto
parcialmente revestido, novos pavimentos podem ser adicionados.
A norma brasileira NBR 8800:2008 inclui, a partir de sua versão de 2008, o dimensionamento
de elementos mistos como lajes, pilares, ligações mistas e continuidade em vigas mistas. A
filosofia de projeto da NBR 8800:2008 apresenta semelhanças tanto com a norma européia
Eurocode 4 (2004) quanto com a americana AISC-LRFD (2005), adotando grande parte dos
procedimentos de cálculo em conformidade com o Eurocode 4, mas considerando as curvas
de resistência adotadas pela AISC-LRFD (2005).
2.1 omenclatura
Antes do inicio da descrição da metodologia para dimensionamento/verificação de pilares
mistos parcialmente revestidos sob compressão simples e flexo-compressão, vamos definir a
nomenclatura que será empregada ao longo deste texto.
Aa: área da seção transversal do perfil de aço
Ac: área da seção transversal de concreto
As: área da seção transversal da armadura longitudinal (barras de aço)
Asn: soma das áreas das barras da armadura na região de altura 2hn
Asni: área de cada barra da armadura na região de altura 2hn
Ea: módulo de elasticidade do aço do perfil, igual a 200000 MPa
Ec: módulo de elasticidade do concreto
Ec,red: módulo de elasticidade reduzido do concreto
Es: módulo de elasticidade do aço da armadura longitudinal, igual a 200000MPa
(EI )e : rigidez efetiva do pilar misto á flexão
Ia: momento de inércia da seção transversal do perfil de aço
Ic: momento de inércia da seção transversal do concreto não fissurado
Is: momento de inércia da seção transversal da armadura longitudinal imersa no concreto
Lx: comprimento destravado do pilar entre contenções laterais, direção x
Ly: comprimento destravado do pilar entre contenções laterais, direção y
Mx,Rd e My,Rd: momentos fletores resistentes, de cálculo, em relação aos eixos x e y, respectivamente
Mx,Sd e My,Sd: momentos fletores solicitantes, de cálculo, em relação aos eixos x e y, respectivamente
Ne: força axial de flambagem elástica
NG,Sd: parcela da força axial solicitante de cálculo devida à ação permanente e à ação decorrente do
uso, de atuação quase permanente
NSd: força axial solicitante de cálculo
Npl,c.Rd: força axial de compressão resistente do concreto da seção transversal
Npl,Rd: força axial de compressão resistente, de cálculo, à plastificacao total
Npl,R: força axial de compressão resistente, valor nominal, à plastificacao total
NRd: força axial de compressão resistente de cálculo
Za, Zc e Zs: módulos de resistência plásticos da seção do perfil de aço, da seção de concreto e da seção
da armadura, em relação ao eixo que passa pelo centróide
Zan, Zcn e Zsn: módulos de resistência plásticos da seção do perfil de aço, da seção de concreto e da
seção da armadura, em relação ao eixo distante hn do centróide
bf: largura da mesa do perfil de aço
ei : a distância do eixo da barra da armadura de área Asi ao eixo de simetria relevante da seção.
exi: distância do eixo da barra da armadura ao eixo y
eyi: distância do eixo da barra da armadura ao eixo yx
fcd1: dado pelo produto α ⋅ f cd
x
Seção parcialmente revestida
tf
bf=bo
Resistência do aço ao escoamento Resistência do concreto
f yk ≤ 420 MPa 20 MPa ≤ f ck ≤ 50 MPa
Obs.: concreto de densidade normal
N Rpl
Limite de índice de esbeltez global λ o ,m = ≤ 2,0
Ne
bf E
Limite de esbeltez local ≤ 1,49
tf f yd
Taxa de armadura longitudinal 0,3% A c ≤ A s ≤ 4% A c
Quando a área total de armadura longitudinal As, obrigatória no caso dos pilares mistos
parcialmente revestidos, for maior que a porcentagem apresentada na Tabela 1, deve ser
adotado, no dimensionamento, o valor máximo.
No entanto, os detalhes de ligação viga-pilar normalmente são concebidos para que as forças
do pavimento sejam introduzidas no pilar misto via perfil de aço; isto ocorre devido à
facilidade na execução destes detalhes de ligação. Nestes casos, o pilar é dividido, ao longo de
sua altura, em duas regiões distintas: regiões de introdução de cargas e região entre pontos de
introdução de cargas. A primeira é definida, segundo NBR 8800:2008, como sendo aquela
onde ocorre variação localizada dos esforços solicitantes. Tal variação pode ser ocasionada
pela ligação viga-pilar ou pela interrupção da armadura longitudinal (emendas do pilar ou em
bases). Nestas regiões, deve ser verificada se as tensões solicitantes de cisalhamento na
interface aço-concreto excedem os valores resistentes. Nos casos em que isto ocorre, devem
ser empregados conectores de cisalhamento tipo pino com cabeça para resistir a estas tensões
de cisalhamento. Tais conectores devem ser distribuídos ao longo da altura do pilar (distância
interpavimentos) num comprimento denominado comprimento de introdução de cargas.
A utilização dos conectores tem a função de evitar que as tensões de cisalhamento rompam a
aderência natural aço-concreto, o que faria cada componente se deformar independentemente,
podendo provocar o deslizamento relativo entre os dois componentes e a perda da aderência,
que é hipótese fundamental de dimensionamento.
As regiões de introdução de carga merecem atenção especial e não serão abordadas ao longo
deste texto, pois iremos admitir que a aderência perfeita aço-concreto não será destruída com
a atuação do carregamento, ou seja, que as forças serão aplicadas simultaneamente nos dois
componentes e distribuídas entre eles de acordo com sua rigidez. Os trechos entre regiões de
introdução de carga estão localizados fora das regiões afetadas pela base do pilar, por
emendas ou por ligações viga-pilar.
N pl , Rd = N pl ,a , Rd + N pl ,c , Rd + N pl ,s , Rd
Sendo:
A instabilidade por flexão é considerada no dimensionamento dos pilares mistos fazendo uso
da mesma metodologia empregada para os pilares de aço, ou seja, empregando o coeficiente
de redução χ, que depende, essencialmente, do índice de esbeltez reduzido λ 0,m , o qual
delimita os trechos de flambagem elástica e inelástica. Assim sendo, a curva que representa a
relação entre χ e λ 0,m é dividida em dois trechos, como mostrado na Figura 2.
1,0
λ 0, m 2
χ = 0,658
0,8
λ 0 ,m 2
0,6 χ = 0,658 → λ 0,m ≤ 1,5
χ
0 ,8 7 7 0,877
0,4
χ =
λ 0 ,m
2 χ= → λ 0,m > 1,5
λ 0 ,m 2
0,2
N Rd = χ ⋅ N pl ,Rd
A norma brasileira NBR 8800:2008 apresenta dois métodos de dimensionamento para pilares
mistos submetidos à flexão composta. O Modelo de Cálculo I equivale ao utilizado pela
norma americana AISC-LRFD (2005), que representa a curva de interação Momento-Força
Normal por dois trechos de reta (Figura 3a). O limite entre os dois segmentos de reta é dado
pela relação N Sd / N Rd = 0,2 . Cada um destes segmentos de reta é representado por uma
equação de interação, mostrada na Figura 3b.
NSd
NRd
N Sd N 8 M x ,Sd M y ,Sd
1) ≥ 0,2 → Sd + + ≤1
N Rd N Rd 9 M x ,Rd M y,Rd
N Sd N Sd M M y ,Sd
2) < 0,2 → + x ,Sd + ≤1
0,2 N Rd 2 ⋅ N Rd M x ,Rd M y ,Rd
N Sd − N pl,c ,Rd
1- se N Sd ≥ N pl,c ,Rd
N pl,Rd − N pl,c,Rd
M 2 ⋅ N Sd M N
µ x = 1 − d , x ⋅ − 1 + d , x se c < N Sd < N pl,c ,Rd
M
M c, x N pl,c ,Rd c, x 2
1 + 2 ⋅ N Sd ⋅ M d ,x − 1se 0 ≤ N ≤ N pl,c ,Rd
N pl,c ,Rd M d ,x Sd
2
NRd
Npl,Rd
M x , tot ,Sd M y , tot ,Sd
+ ≤ 1,0
µ x ⋅ M c,x µ y ⋅ M c, y
Npl,c,Rd
0,5Npl,c,Rd
Mmax,pl,Rd Com N Sd ≤ N Rd
Mc
Mpl,Rd MRd
Md Mpl,Rd
a) Diagrama de Interação b) Equação de interação
Figura 4 – Curvas de interação Momento vs. Força $ormal: Modelo II
Caso M d , x < M c ,x , M d , x deve ser tomado igual a M c ,x . O mesmo procedimento deve ser
M y , tot ,Sd representam os momentos fletores totais solicitantes de cálculo, em relação aos
eixos x e y, respectivamente. No cálculo destes esforços solicitantes são levados em conta os
efeitos das imperfeições iniciais nos pilares, como descrito a seguir.
2.6.2 Imperfeições geométricas iniciais
As imperfeições geométricas no pilar misto parcialmente revestido são levadas em conta, caso
não seja feita uma análise mais rigorosa, via consideração de um momento devido às
imperfeições ao longo do pilar, dado por:
Eixo x: M x , tot ,Sd = M x ,Sd + M x ,i ,Sd Eixo y: M y, tot ,Sd = M y,Sd + M y ,i ,Sd
N Sd ⋅ L x N Sd ⋅ L y
M x ,i ,Sd = e M y ,i ,Sd =
N N
200 ⋅ 1 − Sd
200 ⋅ 1 − Sd
N e 2, y
N e 2,x
(EI)e,x (EI)e, y
N e 2,x = π 2 ⋅ e N e 2, y = π ⋅
2
(L x )2 (L )
y
2
As imperfeições iniciais ao longo do pilar devem ser consideradas em apenas um dois eixos,
devendo-se levar em conta sua ocorrência no eixo que produzir o resultado mais desfavorável.
Os módulos plásticos são calculados em relação aos eixos de flexão x e y. Na Figura 5 são
apresentadas as expressões para o cálculo dos módulos de resistência plásticos em relação ao
eixo x. De forma análoga, na Figura 6 é apresentada a formulação para o cálculo dos módulos
de resistência plásticos em relação ao eixo y.
Na referida formulação, vale destacar que Asn refere-se à área das barras da armadura
localizadas na região de altura 2 ⋅ h n e Asni corresponde à área de cada barra da armadura na
região de altura 2 ⋅ h n .
x
y Módulos de resistência em relação ao eixo que passa pelo centróide da
seção mista – eixo x:
1) Perfil Ι: fornecido pelo fabricante (tabelado)
ey
hn
d=hc
hn x 2) Armadura, eixo x: Z s = ∑ A si ⋅ e y
i =1
tf b c ⋅ h c2
3) Concreto, eixo x: Zc = − Za − Zs
bf =bc 4
Linha neutra distante hn do eixo que passa pelo centróide da seção mista
A c ⋅ f cd1 − A sn ⋅ (2 ⋅ f sd − f cd1 )
Posição da linha neutra: hn =
2 ⋅ b c f cd1 + 2 ⋅ t w (2 ⋅ f yd − f cd1 )
1) Linha neutra na alma do
perfil I
Perfil: Z an = t w ⋅ h 2n
hn ≤ d / 2 − tf n
Armadura: Z sn = ∑ A sni ⋅ e yi
i =1
Concreto: Z cn = b c ⋅ h 2n − Z an − Zsn
Posição da linha neutra:
ex hn
y 2) Armadura, eixo y: Z s = ∑ A si ⋅ e x
i =1
b c ⋅ h c2
d=hc 3) Concreto, eixo y: Zc = − Za − Zs
4
Linha neutra distante hn do eixo que passa pelo centróide da seção mista
Concreto: Z cn = h c ⋅ h 2n − Z an − Zsn
Posição da linha neutra:
Com toda a formulação apresentada até aqui, é possível dimensionar/verificar um pilar misto
parcialmente revestido submetido a compressão axial, flexão reta e flexão oblíqua. A seguir,
esta formulação será aplicada na verificação dos pilares mistos parcialmente revestidos
utilizados no sistema estrutural de um edifício de múltiplos pavimentos.
3. Estudo de caso
3.1 Descrição do edifício-exemplo
A fim de avaliar a aplicabilidade dos pilares mistos parcialmente revestidos em edifícios de
múltiplos pavimentos, será empregado um edifício hipotético, composto de quinze
pavimentos, para o qual já foi feito o levantamento dos esforços nos pilares. A planta baixa do
pavimento tipo deste edifício é mostrada na Figura 7 para todos os estudos, foram
considerados pilares com 300 cm de comprimento entre pavimentos.
Da observação da Figura 7, constata-se que foram empregados 4 pórticos para resistir às ações
horizontais e verticais aplicadas ao edifício. São eles: pórtico 1, pórtico 2, pórtico 3 e pórtico
4.
Tabela 3 – Perfis I para pilares de aço e mistos selecionados em função do peso por metro linear
Por outro lado, se o critério principal para seleção dos perfis for baseado nas dimensões da
seção transversal resultam as seções de aço mostradas na Tabela 4.
Tabela 4 – Perfis I para pilares de aço e mistos selecionados em função das dimensões do perfil
4. Análise comparativa
Neste item são apresentadas análises visando comparar os pilares de aço e mistos
parcialmente revestidos aplicados a um edifício de múltiplos pavimentos. Para esta análise
foram consideradas as seções selecionadas no item anterior. Na análise comparativa foram
avaliados dois itens considerados fundamentais: o consumo de aço e a área ocupada pelos
pilares, em planta, no pavimento térreo.
Vale destacar que nenhuma análise de custo monetário foi realizada neste estudo devido ao
grau de dificuldade desta, pois envolve aspectos relativos não somente ao custo de materiais,
mas também de execução de cada um dos tipos de pilares considerados.
Por fim, vale mencionar que os pilares parcialmente revestidos requerem a confecção e
montagem de fôrmas e armaduras, itens que não são necessários quando da utilização de
pilares de aço. No entanto, os pilares mistos podem ser pré-fabricados e posteriormente
posicionados em seu lugar definitivo na estrutura, minimizando as dificuldades inerentes à
concretagem e cura do concreto.
1) Critério – peso: 12918 kg para pilares de aço e 7533 kg para pilares parcialmente
revestidos. Adicionalmente, nos pilares mistos são necessários estribos e armaduras
longitudinais sendo que estas últimas somam 736,4 Kg de aço em barras de armadura.
A partir desta primeira análise percebe-se que, independente de qual seja o critério
predominante para a escolha do perfil de aço, o emprego de pilares parcialmente revestidos
resulta em reduções significativas no consumo de aço total no pavimento. Se o critério for
somente o consumo de aço, esta redução é de 5384 kg/pavimento térreo, que representa
41,7% de redução.
Em contrapartida, se o critério para seleção dos perfis é a geometria, ou área ocupada pelo
perfil de aço, a redução é de 2196 kg/pavimento, ou seja, aproximadamente 16% do total.
Portanto, a escolha baseada apenas no consumo de aço resulta em maior economia, no
entanto, pode trazer uma série de inconvenientes arquitetônicos.
Mesmo considerando o consumo adicional de aço para armaduras longitudinais o uso dos
pilares mistos ainda representa um consumo total de aço inferior ao pilares de aço isolados.
Uma idéia geral do consumo de aço para o pavimento térreo, em função dos critérios de peso
e geometria, pode ser vista na Figura 8, para cada um dos quatorze pilares analisados.
Destaca-se que, para todos os pilares em questão, houve redução expressiva no consumo de
aço em conseqüência da substituição do pilar de aço pelo pilar misto parcialmente revestido.
300 300
200 200
100 100
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Pilar Pilar
O panorama de consumo de aço por pilar, para as opções “peso” e “geometria” é mostrado na
Figura 9, tomando, a título de comparação, os perfis de aço empregados isoladamente.
Peso (%)
60
50
40
30
20
10
0
-10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
-20
Pilar
Peso
-30 Geometria
-40
-50
Tabela 6 – Área livre no pavimento térreo: perfil selecionado em função das dimensões
Área
Pilar Pilar de aço PMP Área (cm2) Redução %
(cm2)
1 CVS 800x310 4000 CVS 600x239 2400 40,0
2 CVS 800x310 4000 CVS 600x278 2400 40,0
3 CVS 950x433 6175 CVS 650x310 2925 56,2
4 CVS 950x342 5700 CVS 650x310 2925 48,7
5 CVS 800x310 4000 CVS 650x310 2925 26,9
6 CVS 1000x464 7000 CVS 650x410 2925 58,2
7 CVS 1000x416 6000 CVS 850x346 4250 29,2
8 CVS 800x288 4000 CVS 600x328 2400 40,0
9 CVS 950x433 6175 CVS 650x351 2925 52,6
10 CVS 750x284 3750 CVS 500x194 1750 53,3
11 CVS 700x214 3150 CVS 500x180 1750 44,4
12 CVS 750x284 3750 CVS 500x194 1750 53,3
13 VS 600x152 2400 CVS 500x162 1750 27,1
14 CVS 800x288 4000 CVS 550x184 2000 50,0
Total 64100 35075
PMP: Pilar Parcialmente Revestido
Os dados das Tabela 5 e 6 podem ser melhor visualizados na Figura 10. Que apresenta
comparativamente as áreas ocupadas pelos pilares de aço e mistos parcialmente revestidos. E
a redução na área ocupada pelas seções dos pilares mistos em relação à seção de aço isolada
nas duas situações, ou seja, escolha da seção pelo peso ou pelas dimensões.
Peso (kg/m)
10000 Redução de área (%)
70
8000 Aço 60
Misto 50
40
6000
30
20
4000 10
0
2000 -10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
-20 Pilar
Peso
-30
0 Geometria
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 -40
Pilar -50
A comparação de áreas ocupadas pelos pilares parcialmente revestidos cujos perfis foram
selecionados em função do peso (40525 cm2) e aqueles selecionados em função das
dimensões (35075 cm2) mostra que a seleção pela geometria resulta em um aumento de 13%
de área livre no pavimento térreo, que corresponde a 0,54 m2. No entanto, comparando a área
ocupada pelos perfis dimensionados como pilar de aço com aqueles dimensionados como
pilares mistos parcialmente revestidos esse aumento de área livre aproxima-se de 50%
correspondendo a cerca de 4 m2. Isto pode significar (dependendo do arranjo e da
distribuição dessas áreas) uma vaga extra de garagem, que é extremamente desejável em
edifícios residenciais/comerciais valorizando o imóvel.
5. Comentários finais
Neste estudo foi apresentada e discutida a utilização de pilares mistos parcialmente revestidos
na composição do sistema estrutural de edifícios de múltiplos pavimentos e para ilustrar tal
aplicação foi considerado o pavimento térreo de um edifício com 15 pavimentos. No estudo,
duas alternativas foram consideradas: pilares de aço e pilares mistos parcialmente revestidos,
ambos dimensionados de acordo com as recomendações da NBR 8800:2008. Para os dois
tipos de pilares a seleção dos perfis de aço foi baseada em dois critérios: o peso do perfil por
metro linear e a geometria do perfil.
Para os dois critérios de seleção de perfis analisado, os resultados, ainda que superficiais e
aplicados ao estudo de caso, mostram que a utilização de pilares mistos parcialmente
revestidos implica em redução significativa do consumo de aço por pavimento. Além disso,
há uma redução significativa da área ocupada pelos pilares no pavimento, o que é altamente
desejável, podendo significar vagas extras de garagem e conseqüente valorização do imóvel.
Por fim, destaca-se que o custo monetário de cada um dos tipos de pilar estudado não foi
objeto de estudo uma vez que o custo não diz respeito somente ao consumo de material, mas
engloba todo o processo de execução da estrutura.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico pelo apoio dado ao desenvolvimento deste projeto que faz parte de um projeto
mais amplo denominado “Estudo de pilares mistos parcialmente revestidos: comportamento
estrutural e aplicações” e financiado via Universal / Edital MCT/CNPq 14/2009 – Universal.
6. Referências Bibliográficas