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DA EDUCAÇÃO
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA
EDUCAÇÃO
CAMPUS VIRTUAL
Diretor Geral Martin Kuhn
Gerente Acadêmico Everson Mückenberger
Gerente Administrativo Andrenilson Marques Moraes
Gerente de Produção Valcenir do Vale Costa
Caro estudante,
Já deve ser de seu conhecimento alguns dos conceitos que baseiam a teo-
ria de Émile Durkheim, tais como de solidariedade mecânica, de solida-
riedade orgânica e anomia.
Externos: eles não fazem parte dos sujeitos e exercem sua força
de fora para dentro do sujeito.
Dessa forma, Durkheim vai conceber seu estudo sobre a educação. Sendo
um dos pioneiros da criação de um método sociológico, foi também pio-
neiro nos estudos de sociologia da educação. Ele revela uma preocupação
com a manutenção da ordem social, entendendo a sociedade como um
organismo social. Podemos ver, a seguir, sua definição de educação:
REFLETINDO...
Durkheim apresenta uma perspectiva de consenso social em que
a educação e a escola são vistas como meio de manutenção da
ordem social. Para você, qual papel a educação e a escola devem
assumir em relação à política e à moral? É possível pensar em uma
educação transformadora da realidade social?
Uma autora da atualidade que tem feito grandes reflexões na parte edu-
cacional de Durkheim é Barbara Freitag. Por uma razão ou outra, Dur-
kheim teve grande importância no Brasil como um pensador de socio-
logia e de sociologia da educação, e isso é perceptível toda vez que se
levantar pensamentos sobre a história da sociologia no Brasil ou mesmo
da sociologia da educação.
PESQUISE!
Baixe e leia o texto a reforma e a educação de Ismael Forte Valen-
tim e veja como ocorre essa nova perspectiva educacional. Dispo-
nível em: <http://www.ipbg.org.br/phocadownload/mensagens/
slides/a_biblia_e_a_reforma_protestante_complemento.pdf>.
Outro movimento que ganhou forma, e aí sim fez com que a educação
abrandasse horizontes, foi o Iluminismo. Esse movimento fez com que se
MATERIAL COMPLEMENTAR
“Segundo tratado sobre o governo civil” é uma das principais obras
de John Locke. Locke é tido como o pai do Iluminismo e suas ideias
influenciaram o pensamento liberal e sobre o direito. Entendemos
que a natureza do homem é boa e que ele só faz guerra para pro-
teger sua propriedade. Sugerimos a leitura dessa obra.
[...] Locke adverte, o caminho que leva à construção desta sociedade implica
um processo gigantesco de educação, e não apenas a educação entendida
no sentido da transmissão do conhecimento, mas no sentido da formação
da cidadania.
A luta pelos direitos dos trabalhadores industriais faz parte da luta por
direitos sociais, que ganhou impulso no século XIX, de maneira que a
educação passa a ser vista como um bem imprescindível para que outros
direitos sociais fossem garantidos, dentre esses a educação, com foco no
ensino das habilidades de ler e escrever.
Na Europa, o Estado liberal (ou seja, o Estado que tem por intuito pro-
mover uma intervenção mínima na forma de organização da sociedade)
abre uma exceção em relação à intervenção na educação de maneira que,
no fim do século XIX, a educação primária é obrigatória e gratuita para
todos os cidadãos ingleses (CURY, 2002). Busca-se, assim, a formação
cidadã e de mão de obra qualificada.
Pensar a educação desse modo faz perpetuar desigualdades, pois está pen-
sada pela meritocracia, que tem como objetivo fazer com que determi-
nados privilégios beneficiem sempre a classe dominante. São necessárias
mudanças da ação pedagógica, que vise à formação integral e de inserção
dos sujeitos na sociedade como protagonistas, não como membros de
uma sociedade que os vê como mão de obra e fator de produção.
PESQUISE!
Relacione quais são as características da educação de etnias indí-
genas brasileiras e faça um paralelo com a escola para indígena
proposta pelo governo ou o sistema educacional oficial. Reflita so-
bre que tipo de contribuições o modo oficial de educar pode pre-
servar os traços culturais dessas etnias.
PESQUISE!
Leia o Decreto-lei nº 1.331-A, de 17 de fevereiro de 1854, e veja
como a educação brasileira desde seu início foi altamente regra-
da. Veja quem podia ser professor ou professora; o que cabia às
mulheres solteiras, as matérias que deveriam ser ensinadas; a se-
paração dos alunos por sexo, uma escola para cada sexo, não ha-
via as escolas mistas; que tipo de livros podiam ser admitidos; veja
que os escravos não podem frequentar escolas e assim por diante
(art. 69). Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
decret/1824-1899/decreto-1331-a-17-fevereiro-1854-590146-publi-
cacaooriginal-115292-pe.html>.
Vinte e quatro anos após a publicação dessa lei, quando ainda nem havia
ocorrido a abolição da escravatura, um novo decreto regula a possibilida-
de de negros estudarem. O que só poderia ocorrer se tivessem no mínimo
14 anos e em cursos noturnos: condições estabelecidas pelo Decreto nº
7.031-A, de 06 de agosto de 1878. Essas legislações estão disponíveis
no portal do MEC e da Câmara Federal. Ainda que sejam documentos
antigos, podem servir para mostrar como nunca estivemos isentos de re-
gulações, pois demonstram o quanto a educação brasileira nasce elitista.
O que fica claro é que é justamente a classe dominante, detentora dos
poderes políticos e econômicos, que determinava quem poderia ter ou
não espaço na sociedade e onde esse espaço poderia existir para uns e não
para outros. Assim, muitas vezes, não havia espaço para crianças negras,
mesmo que livres, e em algumas situações meninas não tinham possi-
bilidade de frequentar a escola. O resultado é um sistema educacional
altamente aristocrático e excludente.
Já no século XX, o país passou por várias mudanças políticas, mas não
econômicas, pois os detentores do capital continuavam a dominar o poder
político. Mesmo assim, a educação passou por algumas mudanças, como
as que ocorreram em 1910, com Benjamin Constant e Francisco Campos.
Não podemos esquecer que, nesse período, vamos ter grandes mudanças
no Brasil, entre elas a criação de uma nova Capital Federal, a entrada
com grande força da indústria automobilística e o desenvolvimento dos
grandes centros urbanos. Há um imenso deslocamento da população ru-
ral (êxodo rural) e, consequentemente, a necessidade, mais uma vez, de
adaptar essa mão de obra às necessidades desse boom econômico nos cen-
tros industriais e urbanos. Esse movimento resgata:
O ideário liberal definido no “Manifesto dos Pioneiros”, o “Mais uma vez con-
vocados” se posicionava contra o discurso da Igreja Católica sobre a “liber-
dade de ensino”, discurso esse que se transformou em plataforma política
do deputado Carlos Lacerda, para defender a atuação da rede privada de
ensino na oferta da educação básica. O manifesto prossegue reafirmando a
educação como bem público e dever do Estado. Nele reaparece a proposta
dos pioneiros da educação nova, de uma escola pública, laica, obrigatória e
gratuita. (BOMENY, 2013, s.p.)
Em um país com altas carências como o Brasil, ainda que nos esforça-
mos muito, as nossas necessidades são ainda maiores. É necessário ainda
elaborar políticas que busquem a integração e integralização de todos em
espaços escolares (desde o Maternal ao Ensino Superior). Também é pre-
ciso que haja, principalmente, espaço para a democratização da educação
e que esta seja efetivada em parceria entre as universidades (que são celei-
ros do pensamento) e as próprias escolas (que são os celeiros das práticas).
RESPOSTA ESPERADA
Espera-se que o estudante seja capaz de identificar o período histórico em
que seus estudos se desenvolveram, situando-se provavelmente no quarto
período, denominado “configuração da concepção pedagógica produti-
vista” (entre 1969 e 2001), no qual o produtivismo educacional e a edu-
cação em massa se desenvolveram fortemente no Brasil, relacionando as
características desse período com sua realidade.
IOSCHPE, G. Educação para quê? Veja, ed. 2299, São Paulo, ano 45,
n. 50, dez. 2012.
Objetivos
Neste capítulo, vamos:
Olá!
Seria importante analisar neste site quais mudanças estão sendo propos-
tas e o que se pretende com a educação fundamental média, pois os meios
de comunicação estão divulgando números que indicam uma aceitação.
Se olharmos na página da União Nacional dos Estudantes (UNE), temos
uma perspectiva diferente. Isto é, tudo o que é propalado pelos números
da educação oficial não se confirma na pesquisa da UNE.
A ilustração acima nos chama a atenção para alguns fatores. Observe que
as carteiras estão organizadas em um modelo bastante tradicional, mas ao
mesmo tempo vemos uma parede enfeitada com flores, borboletas e alguns
outros elementos. Essas transformações e personalizações podem ser razões
para pensarmos em modelos de currículos que possam ser alterados pelos
alunos e pela escola, a fim de que se possa ir apresentando determinadas
situações à medida em que os alunos vão adquirindo novos conhecimentos.
REFLETINDO...
Uma música de um compositor brasileiro chamado Max Gonzaga
faz uma crítica irônica à denominada classe média. Ouça a música,
disponível em: <https://www.letras.mus.br/max-gonzaga/471737/>,
e relacione com a seguinte afirmação de Karl Marx: “Existem apenas
duas classes distintas: a burguesia e o proletariado”.
HEGEMONIA
O processo de hegemonia também é outro conceito filosófico que precisa Diz-se sobre a supremacia
e poder de um ente sobre
ser entendido na reflexão que fazemos sobre desigualdades sociais e na outro. Aplica-se em situações
escola. A hegemonia representa a conformação com as ideologias veicu- diversas, desde a supremacia
de grupos / classes sociais
ladas pelos aparelhos ideológicos do Estado (a escola, o direito, os sindi- até uma nação sobre a outra
catos e, em especial, no mundo atual a propaganda, que é paga pelo Es- (BECHARA, 2011).
Figura 15: A propaganda é a melhor e maior forma de difusão ideológica. Há um ditado popu-
lar que diz: “a propaganda é a alma do negócio”.
Fonte: Freepik (2017).
O resultado de tudo isso é que a escola, que deveria ser um dos meios de MERITOCRACIA
inserção social, torna-se um fator de exclusão (assim tem sido no decorrer Sistema que considera
de nossa história). A escola ajuda a estratificar, assim como o faz o restan- como critério as aptidões
individuais de cada um, a
te da sociedade manipuladora e elitista. Tudo isso é repassado por um partir de suas qualidades
discurso afirmativo da meritocracia: isto é, de que quem vence o faz por morais e intelectuais e
concede prêmios e vantagens
seu próprio esforço e o fracasso se dá pela falta de talento, de condições para quem as tem (BECHARA,
2011).
para ascender.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Embora represente uma realidade diferente, o filme “Entre os
muros da escola” apresenta uma visão escolar francesa, mas que
é interessante assistir para fazer alguns paralelos com a situação
escolar brasileira. Para conhecer uma análise do filme, acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=uO6YBToNeMI>.
Até o início do século passado, a educação no Brasil não tinha uma pers-
pectiva universal. A perspectiva de universalização da educação surge a
partir dos anos de 1930 e estava assentada sobre um tripé: “obrigatorieda-
de, universalidade do ensino e gratuidade”. A obrigatoriedade como uma
forma de fazer com que todos estejam ao menos incluídos nas escolas,
embora não se pergunte como estão. A universalidade que a princípio é
ótima, mas que deve levar em conta o fato de que se somos tão diferentes,
será que todos devem aprender e ver o mundo do mesmo jeito? E por fim
a gratuidade, que é sem dúvida o aspecto mais complicado desse tripé,
pois não há espaço para todos na escola gratuita.
REFLETINDO...
Modo de vestir, modo de falar, hábitos alimentares e de postura,
bullying, aparência, material escolar, brinquedos, livros etc. são vis-
tos como manifestações de uma posição social. Como essas mani-
festações, no modo de ser e ter, podem ser vistas como sentimento
de superioridade no âmbito escolar?
É nesse contexto todo que a teoria de Bourdieu aparece como uma forma
de explicitar de modo especial as relações na escola e como as elites domi-
nantes se apropriam da educação com o intuito de beneficiar os grupos
políticos, econômicos e sociais dominantes.
A questão da violência escolar não deve ser vista apenas como um proble-
ma presente nas relações entre os alunos, e sim que ela se agrava quando
a escola deixa de ser um lugar para se ensinar e aprender e acaba se tor-
nando um espaço desumanizante. Isso ocorre quando os próprios agentes
educacionais perdem a capacidade de gerenciar situações conflituosas,
seja de violência física, seja de violência simbólica.
[...] sabendo que a vantagem dos estudantes originários das classes superio-
res é cada vez mais marcada à medida em que se afasta dos domínios da cul-
tura diretamente ensinada e totalmente controlada pela escola e que passa
O mérito do saber acadêmico tem seu valor e não pode ser desprezado,
afinal é resultante do que a humanidade construiu no decorrer de séculos
e sem dúvida contribui muito para o que a humanidade é e foi histori-
camente. Mas também devemos dar mérito ao saber cotidiano, popular
e útil para a vida, aquele que o saber acadêmico ainda não sabe explorar
devidamente ou enquadrar em seu modo de conhecimento. Assim, não
podemos considerar hegemonicamente somente o que o saber acadêmico
RESPOSTA ESPERADA
Espera-se que os alunos tragam exemplos de formas possíveis de evitar
a violência simbólica na escola, e também exemplos de violência como a
forma de avaliação (por notas, estrelas, conceitos), as relações entre pro-
fessores e alunos (autoritarismo, protecionismo), as regras de convivência
(filas na entrada e saída, cadeiras enfileiradas).