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ESCOLA DE TEATRO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARTES CÉNICAS
NARRATIVA CARTOGRÁFICA
Salvador
2018
Narrativa Cartográfica
A tempo por um erro.
O dia antes do passeio, eu arrumei todas minhas coisas [roupas, mala, salvadorcard].
Arrumo, desde o dia anterior porque eu me conheço, sou muito lenta para sair de
casa, gosto de dar voltas no mesmo lugar até fazer o que tenho em minha cabeça, que pode
ser mil e uma coisa ao mesmo tempo, [que pentear-me, que passar creme, que enviar o
correio, que dar uma olhada no Facebook, que ler as notícias, que fazer o café, que melhor
vou comer fruta, enfim.] Contudo esse dia, acordei muito tarde, quase sobre as oito horas,
comer tranquilamente.
1 Saída: Ponto de ônibus, Rua Oswaldo cruz, 8. 45 horas.
descer até a Rua Oswaldo para pegar o ônibus que me levaria a meu ponto de encontro.
Corroborei a hora do
encontro no meu celular. A gente
ficou de se encontrar as 9.30am.
-MARAVILHOSO ERRO.
Fiquei contente. Cheguei a tempo.
Me achei entre coincidências.
O professor deu as premissas da primeira parte do dia. Fiquei inquieta, sobre nosso
destino, eu tinha uma leve intuição, mas tentei sossegar meu pensamento e centrar-me no
exercício.
Sempre que ando pelas ruas de Salvador ganho-me facilmente, os olhares estranhos
das pessoas, não sei, acho que ainda tenho muita vibe de estrangeira, eu considerava que
podia passar por uma mulher brasileira, ficando calada, minha cor de pele não é muito
diferente da cor de pele da maioria das mulheres daqui, só que não. Não consigo passar
desapercebida, seja qual seja meu intensão, eu me ganho os olhares de mulheres, crianças e
idosos. E esse dia não foi diferente a outros.
Achei a praça de campo grande, muito parecida, com uma praça que já conhecia,
talvez seja por sua disposição urbana, ou seu ambiente, me encontrei muito confortável,
andando essas ruas invadidas pelo comercio, pela ganhas de sobreviver de muitos e
muitas, descobri aí, uma variedade de
camelôs inimagináveis e outros muito
corriqueiros. Identifiquei uns trabalhos
próprios de Salvador [A batalha do real
ou pelo real]. Eu não gosto muito de
ficar falando com pessoas estranhas,
assim que só me limitei a perguntar
alguns comerciantes sobre suas vendas.
Esta praça muito parecida pela sua movimentação com a praça de Caicedo
em Cali, pela quantidade de pessoas, todas rodeando, todas correndo, todas
comendo, todas aí, mas em outro lugar, passando sem passar, passando para
não ficar. Nunca havia reparado ou feito essas observações que fiz esse dia.
E até esse dia não havia sentido tanta saudade das ruas de minha Cali-linda,
Minha CaliDA. Porque ela, só dá brisa, só da frescura, só dá gente bonita, só
dá gente sorrindo ou pelo menos eu quero lembrar-me dela assim sempre.
Pode ser mentira, mas esse dia ninguém me tirava essa ideia de cidade que
tinha em meu coração.
Me perguntei como seria morar em aquele lugar?, e me respondi, que me
sentia tão segura de dia, pela quantidade de pessoas passando, porque eu
me sinto muito segura e tranquila, quando tenho a meu redor muitas
pessoas [acho que todos somo um] mas sei que pela noite e muito sozinho,
porque eu tenho transitado por essa rua de noite em ônibus e a solidão me
espanta.
Pensei que seria muito bom morar ao lado do Teatro...Sigo lembrando a
minha cidade, aquela praça que mencionei anteriormente, ela tem muito
perto uns dos Teatros mais grandes de Cali, o emblemático Teatro Jorge
Isaacs, nome do poeta romântico do século XIX, é quase contemporâneo
com o Senhor Castro Alves. Dois escritores homenageados através dos
edifícios teatrais.
Tinha muita fome, estava fazendo muito calor e estava ficando esgotada de
estar em pé, por vezes descansava, mas não era cómodo. Lembrei de
“Esperando a Godot”,só que eu estava esperando um acontecimento. Olhei
tantos ônibus passar que achei que ficaríamos aí. Que ruim!
Entrei no ônibus, não fiquei na janela. Olhava os pontos de referência, sei que passei:
O bairro que percorremos era muito esquecido pela prefeitura, as ruas, o ordenamento
territorial, notava-se velho. Muita gente sobrevivendo novamente, se podia encontrar de
todas as vendas possível, senti estar olhando a praça do campo grande, em uma escala
maior, com uma arquitetura menos linda, mais simples. Não sei se essa seja a razão pelo
qual não tinha caixas electrónicas do banco. Me fiz algumas perguntas. O pessoal do banco
não gosta dos pobres? Seu interesse é só a gente rica? mas não é o Banco do Brasil o banco
público? o banco do povo? Qual é sua função social?