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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE TEATRO
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARTES CÉNICAS

VANESSA DUARTE MESA

NARRATIVA CARTOGRÁFICA

Salvador
2018
Narrativa Cartográfica
A tempo por um erro.
O dia antes do passeio, eu arrumei todas minhas coisas [roupas, mala, salvadorcard].

-Arrumando e Cantando https://www.youtube.com/watch?v=mT7_qIFBa3Y

Arrumo, desde o dia anterior porque eu me conheço, sou muito lenta para sair de

casa, gosto de dar voltas no mesmo lugar até fazer o que tenho em minha cabeça, que pode

ser mil e uma coisa ao mesmo tempo, [que pentear-me, que passar creme, que enviar o

correio, que dar uma olhada no Facebook, que ler as notícias, que fazer o café, que melhor

vou comer fruta, enfim.] Contudo esse dia, acordei muito tarde, quase sobre as oito horas,

estava muito estressada, tomei banho muito

rápido, meu café da manhã ficou sobre a

mesa.... Peguei meu sanduíche, e uma banana,

botei na bolsa para tentar comer depois.

Fiquei histérica por aquela situação. Gosto de

comer tranquilamente.
1 Saída: Ponto de ônibus, Rua Oswaldo cruz, 8. 45 horas.

Eu moro na Rua Ari Pereira 34, devo

descer até a Rua Oswaldo para pegar o ônibus que me levaria a meu ponto de encontro.

Mas, cadê o ônibus?

-Eu: Será que vou até outro ponto de ônibus.


-Eu2:Para que?...... acaso com isso o ônibus vai chegar
mais rápido.
-Eu: Não, mas sinto que estou fazendo algo, além de esperar. Né?
-Eu2: Não, não é boa ideia, vamos caminhando e vem o
ônibus, ele passa direito porque não estávamos no ponto
indicado. Fique aqui. É melhor.
-Eu: Tá, Pronto.
Só queria chegar à hora combinada com o Professor e meu companheiro Antônio.
Olhei o celular tudo tempo, depois de 20 minutos no ponto, passou o abençoado ônibus
[1002 CAMPOGRANDE]. E agora tudo foi quase perfeito até que subimos a ladeira que
chega à cardeal da silva, a agonia me afogava, que desespero!! O tráfico estava muito ruim,
o ônibus ia tão lento, todos íamos tão lentamente. Todo o percorrido foi desse mesmo jeito,
[lentamente] não foi senão até o Campo Santo, onde o engarrafamento melhorou um pouco.
Contudo, meu pé esquerdo não cessou de bater o chão [rápida e continuamente], até chegar
à Praça dois de julho.

No ponto de chegada, enxerguei Antônio, muito


pontual ele. Eu saltei. Olhei o celular. Era tarde já.
9.10 horas. Cheguei 10 minutos depois da hora
combinada.

Assumi minha chegada tarde, troquei um par


de palavras com Antônio, falamos um pouco sobre o
2 Primera parada: Ponto de ônibus, Rua Leovigildo que achávamos do passeio, nossas expetativas. Ele
Filgueiras, 149.
achava que ficaríamos tudo tempo na praça. Antônio e
eu nos juntamos no mesmo pensamento.... “era muito estranho que o professor ainda não
chegara.”

Corroborei a hora do
encontro no meu celular. A gente
ficou de se encontrar as 9.30am.

-MARAVILHOSO ERRO.
Fiquei contente. Cheguei a tempo.
Me achei entre coincidências.
O professor deu as premissas da primeira parte do dia. Fiquei inquieta, sobre nosso
destino, eu tinha uma leve intuição, mas tentei sossegar meu pensamento e centrar-me no
exercício.

Sempre que ando pelas ruas de Salvador ganho-me facilmente, os olhares estranhos
das pessoas, não sei, acho que ainda tenho muita vibe de estrangeira, eu considerava que
podia passar por uma mulher brasileira, ficando calada, minha cor de pele não é muito
diferente da cor de pele da maioria das mulheres daqui, só que não. Não consigo passar
desapercebida, seja qual seja meu intensão, eu me ganho os olhares de mulheres, crianças e
idosos. E esse dia não foi diferente a outros.

Achei a praça de campo grande, muito parecida, com uma praça que já conhecia,
talvez seja por sua disposição urbana, ou seu ambiente, me encontrei muito confortável,
andando essas ruas invadidas pelo comercio, pela ganhas de sobreviver de muitos e
muitas, descobri aí, uma variedade de
camelôs inimagináveis e outros muito
corriqueiros. Identifiquei uns trabalhos
próprios de Salvador [A batalha do real
ou pelo real]. Eu não gosto muito de
ficar falando com pessoas estranhas,
assim que só me limitei a perguntar
alguns comerciantes sobre suas vendas.

3 Praça dois de julho.

-Sou muito cega, fico tentando enxergar as coisas que


estão mais de três metros de distância de mim.

-Realmente, não lembro o que ele me sinalava, não faço


ideia. Mas acho que não encontrei nada. Não estava vendo.

Quando me cansei de perguntar em


todas barraquinhas, e ler as receitas das
revistas de cozinha em algumas delas, fiquei
esperando a que o tempo passara, no ponto de
ônibus. Olhando as pessoas descer e subir aos carros. Que multidão! Alcancei a contar 40
pessoas esperando o ônibus, não a mesma rota, mas todos esperando. Foi então quando
pensei coisas como:

 Esta praça muito parecida pela sua movimentação com a praça de Caicedo
em Cali, pela quantidade de pessoas, todas rodeando, todas correndo, todas
comendo, todas aí, mas em outro lugar, passando sem passar, passando para
não ficar. Nunca havia reparado ou feito essas observações que fiz esse dia.
E até esse dia não havia sentido tanta saudade das ruas de minha Cali-linda,
Minha CaliDA. Porque ela, só dá brisa, só da frescura, só dá gente bonita, só
dá gente sorrindo ou pelo menos eu quero lembrar-me dela assim sempre.
Pode ser mentira, mas esse dia ninguém me tirava essa ideia de cidade que
tinha em meu coração.
 Me perguntei como seria morar em aquele lugar?, e me respondi, que me
sentia tão segura de dia, pela quantidade de pessoas passando, porque eu
me sinto muito segura e tranquila, quando tenho a meu redor muitas
pessoas [acho que todos somo um] mas sei que pela noite e muito sozinho,
porque eu tenho transitado por essa rua de noite em ônibus e a solidão me
espanta.
 Pensei que seria muito bom morar ao lado do Teatro...Sigo lembrando a
minha cidade, aquela praça que mencionei anteriormente, ela tem muito
perto uns dos Teatros mais grandes de Cali, o emblemático Teatro Jorge
Isaacs, nome do poeta romântico do século XIX, é quase contemporâneo
com o Senhor Castro Alves. Dois escritores homenageados através dos
edifícios teatrais.
 Tinha muita fome, estava fazendo muito calor e estava ficando esgotada de
estar em pé, por vezes descansava, mas não era cómodo. Lembrei de
“Esperando a Godot”,só que eu estava esperando um acontecimento. Olhei
tantos ônibus passar que achei que ficaríamos aí. Que ruim!

CHEGOU O ÔNIBUS, [Amarelo] aquele dia, estar dentro


de um ônibus era sinônimo de mudança de estado de animo
[de ruim a mais ruim, ou de ruim a tranquilidade] sei que
tenho uma natureza muito sensível, meu humor pode
cambiar [facilmente]. Por isso será que fiquei tão seria nas
fotos que tirou o professor. [risos]

Procurando meu ponto de referência me perdi.

Entrei no ônibus, não fiquei na janela. Olhava os pontos de referência, sei que passei:

 Pela praça da piedade: Eu morei no pelourinho os primeiros meses de minha


chegada a Salvador. Frequentava essa praça por aí, eles vendem aí, os melhores
morangos, ao melhor preço na cidade.
 Pela praça da pólvora: Um dia me perdi caminhando pelo Sant Antônio, além do
Carmo e cheguei nessa praça depois de muito andar.
 Pela arena fonte nova: Não conheço propriamente, mas o taxista que me levou
desde o aeroporto até a pousada o dia que cheguei a salvador, pegou uma rota que
me levou a passar por aí.
 Pela IFBA, perto mora um bom amigo da faculdade.

Despois fiquei totalmente perdida, achei que estava saindo da


cidade, uma parede se cruzou pelo caminho era branca e longa.
A paisagem se tornou muito diferente. A fome o sonho
começava a vencer-me. Eu lutava contra ambos. Uma cadeira
ficou só, me encostei aí. Fechei os olhos contra minha vontade.
Acordei pelo som e o barulho que emanava de fora do ônibus.
Olhava a janela, ainda perdida. Seguia procurando lugares de
referência, então, inventei um jogo, quantas caixas eletrônicas
do banco do brasil, podia contar.

Não havia nenhuma, desde um local que se chamava Beleza


5 Algum ponto da cidade
onde olhei, Beleza Natural. Natural até nosso ponto de chegada. Lembrei esse nome
porque pensei [Beleza natural para ser artificial], porque era
um lugar, onde se vendia produtos estéticos.

O bairro que percorremos era muito esquecido pela prefeitura, as ruas, o ordenamento
territorial, notava-se velho. Muita gente sobrevivendo novamente, se podia encontrar de
todas as vendas possível, senti estar olhando a praça do campo grande, em uma escala
maior, com uma arquitetura menos linda, mais simples. Não sei se essa seja a razão pelo
qual não tinha caixas electrónicas do banco. Me fiz algumas perguntas. O pessoal do banco
não gosta dos pobres? Seu interesse é só a gente rica? mas não é o Banco do Brasil o banco
público? o banco do povo? Qual é sua função social?

A boa nova – Alvissareiro.


A gente chegou, salto no ponto, em quanto olhe-o mar, me achei, eu sabia que
estava na ribeira, só conhecia pelas fotos da internet. Comecei logo a procurar a sorveteria
a ribeira. A curtir a paisagem bela que tinha na frente.
Que momento feliz. Que momento bom, o mar, a brisa, o sol se sentia diferente, era
mais benévolo.
A cerveja oferecida pelo professor, foi refrescante tanto para a alma, como para o
corpo.
A comida deliciosa. Foi uma meia tarde de maravilha.
Esqueço com facilidade a profundidade da vida e curto sua simplicidade. Só
para não pirar.
Obrigada pela oportunidade de conhecer e crescer.

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