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Reitor
Paulo Gabriel Soledade Nacif
Vice-Reitor
Silvio Luiz de Oliveira Soglia
Superintendente
Sergio Augusto Soares Mattos
Conselho Editorial
Suplentes
Editora afiliada à
ABEU
Associação Brasileira das Editoras Universitárias
Pedro Miguel Ocampos Pedroso
Juliana Targino Silva Almeida e Macêdo
A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total
ou parcial, constitui violação da Lei no 9.610/98.
Capa: Pedro Miguel Ocampos Pedroso & Juliana Targino Silva Almeida e
Macêdo
Campus Universitário
Rua Rui Barbosa, 710, Centro
44380-000, Cruz das Almas, BA
Tel.: (75) 3621-1293
Gabi.editora@ufrb.edu.br
AGRADECIMENTOS
APRESENTAÇÃO................................................................ 10
1. ALTERAÇÕES POST MORTEM ................................... 11
1.1. Introdução................................................................... 12
1.2. Mecanismo de formação da autólise......................... 13
1.3. Importância do reconhecimento das alterações post
mortem ................................................................................ 13
1.4. Cronotanatognose ...................................................... 14
Bioquímica do sangue ..................................................... 14
Bioquímica do líquido cefalorraquidiano (LCR) ............ 14
Dosagem do potássio no humor vítreo ............................ 14
Excitação muscular ......................................................... 15
Estimulação química da íris ............................................ 15
Atividade enzimática dos tecidos .................................... 15
1.5 Fatores que influenciam o aparecimento precoce ou
tardio das alterações post mortem .................................... 15
Temperatura .................................................................... 15
Tamanho do cadáver ....................................................... 16
Estado nutricional ........................................................... 16
Causa de morte ................................................................ 16
Cobertura tegumentar ...................................................... 17
Movimento do ar ............................................................. 17
Imersão em água ............................................................. 17
Umidade .......................................................................... 17
1.6. Classificação das alterações post mortem ................ 17
1.6.1. Alterações post mortem abióticas ....................... 17
1.6.1.1. Alterações post mortem abióticas imediatas ...... 18
1.6.1.2. Alterações post mortem abióticas mediatas ou
consecutivas .................................................................... 18
Desidratação ................................................................ 18
Algor Mortis ................................................................ 19
Livor Mortis ................................................................ 20
Rigor Mortis ................................................................ 21
Coagulação do sangue ................................................. 24
Embebição pela hemoglobina ..................................... 26
Embebição pela bile .................................................... 27
Timpanismo post mortem............................................ 28
Deslocamento, torção e ruptura de vísceras ................ 29
Pseudoprolapso retal ................................................... 30
Alterações oculares ..................................................... 31
1.6.2. Alterações post mortem transformativas ............... 31
1.6.2.1. Alterações post mortem transformativas
destrutivas ....................................................................... 32
Autólise ....................................................................... 32
Putrefação.................................................................... 33
Pseudomelanose .......................................................... 34
Enfisema cadavérico ................................................... 35
Coliquação .................................................................. 36
Redução esquelética .................................................... 37
Maceração ................................................................... 38
1.6.2.2 Alterações post mortem transformativas
conservadoras .................................................................. 38
Saponificação .............................................................. 38
Mumificação ............................................................... 39
Calcificação ................................................................. 40
Odor cadavérico .......................................................... 40
Fauna cadavérica ......................................................... 41
1.7 Alterações post mortem específicas em vários órgãos e
tecidos ................................................................................. 41
Trato gastrointestinal....................................................... 41
Fígado e vesícula biliar ................................................... 42
Pâncreas .......................................................................... 42
Rim .................................................................................. 43
Baço e linfonodos............................................................ 43
Coração ........................................................................... 43
Trato respiratório............................................................. 45
Músculos ......................................................................... 45
Cérebro ............................................................................ 46
Cavidades corpóreas ....................................................... 46
Placenta e feto ................................................................. 46
1.8 Artefatos de congelamento ......................................... 47
2. NÃO LESÕES ................................................................... 50
Sistema digestório ............................................................... 51
Sistema cardiovascular ........................................................ 53
Sistema respiratório............................................................. 55
Sistema urogenital ............................................................... 56
Sistema hematopoiético ...................................................... 57
Sistema nervoso .................................................................. 59
Osso..................................................................................... 59
Feto e placenta .................................................................... 60
3. LESÕES DE POUCO SIGNIFICADO CLINICO ........ 63
Achados gerais .................................................................... 64
Sistema digestório ............................................................... 64
Fígado, vesícula biliar e pâncreas ....................................... 65
Sistema cardiovascular ........................................................ 68
Sistema respiratório............................................................. 70
Sistema urinário .................................................................. 71
Sistema hematopoiético ...................................................... 71
Sistema nervoso .................................................................. 72
AUTORES
AUTORES
1. ALTERAÇÕES POST MORTEM
11
Alterações post mortem
1.1. Introdução
12
Pedroso & Macêdo
13
Alterações post mortem
1.4. Cronotanatognose
Bioquímica do sangue
É utilizada a correlação do tempo da morte com a
concentração de eletrólitos e substâncias químicas corporais. A
concentração plasmática de sódio e potássio são os mais comuns.
São citados também a utilização de glicose, ácido láctico, uréia,
creatinina, amônia, enzimas e outros eletrólitos.
14
Pedroso & Macêdo
Excitação muscular
Mesmo após a morte os músculos continuam a responder a
estímulos mecânicos ou elétricos por algum tempo. O tempo
transcorrido desde a morte será estimado de acordo com a
intensidade da contração muscular, duração da contração e amplitude
da contração no músculo.
Temperatura
Quanto mais alta for a temperatura ambiente, assim como a
presença de febre, taxa metabólica alta e exercício antes da morte,
maior a velocidade de instalação das alterações autolíticas. As
alterações post mortem aparecem tão logo que o animal morre.
15
Alterações post mortem
Tamanho do cadáver
Quanto maior o cadáver mais difícil o resfriamento e maior a
velocidade de instalação das alterações post mortem.
Estado nutricional
Quanto maior o teor de glicogênio muscular, mais tempo o
rigor mortis levará para se instalar. Quanto maior a condição
corporal adquirida por uma boa alimentação, mais gordo ele deverá
se apresentar e, assim, menos dissipação de calor e maior velocidade
de instalação das alterações post mortem Desta forma animais obesos
desenvolvem alterações post mortem mais rapidamente que animais
magros.
Causa de morte
Animais doentes por diversos dias reduzem sua atividade
celular dos tecidos o que diminui a autólise, além disso, há
relativamente pouco alimento fermentável no trato digestivo e a flora
bacteriana intestinal está marcadamente reduzida. Consequentemente
este indivíduo deteriora mais lentamente. Já infecções clostridiais e
septicemias (com hipertermia pré-agônica), tétano, intoxicação por
16
Pedroso & Macêdo
Cobertura tegumentar
Pelos, penas e lã podem diminuir a dissipação do calor,
tornando maior a velocidade de instalação das alterações post
mortem.
Movimento do ar
O movimento do ar acelera o resfriamento do corpo do
animal.
Imersão em água
Um cadáver resfria mais rapidamente quando imerso em
água do que exposto ao ar, por que a água é melhor condutora de
calor que o ar.
Umidade
O resfriamento de um cadáver ocorre mais rápido em
atmosfera úmida.
17
Alterações post mortem
Desidratação
18
Pedroso & Macêdo
Algor Mortis
19
Alterações post mortem
Livor Mortis
20
Pedroso & Macêdo
Rigor Mortis
21
Alterações post mortem
22
Pedroso & Macêdo
23
Alterações post mortem
Coagulação do sangue
24
Pedroso & Macêdo
A B
Figura 3: A. Coágulo cruórico. B. Coágulo lardáceo (“gordura de galinha”).
25
Alterações post mortem
26
Pedroso & Macêdo
27
Alterações post mortem
28
Pedroso & Macêdo
29
Alterações post mortem
A B
Figura 7: A. Coelho com ruptura de estômago post mortem. B. Equino. Diafragma
rompido. Observa-se que não há alterações circulatórias envolvidas.
Pseudoprolapso retal
30
Pedroso & Macêdo
Alterações oculares
Autólise
32
Pedroso & Macêdo
Alterações microscópicas
i) Perda dos limites celulares
ii) Citoplasma granuloso e hialino
iii) Diminuição da afinidade tintorial
iv) Ausência de reações inflamatórias e presença de
hemólise
Putrefação
33
Alterações post mortem
Pseudomelanose
Enfisema cadavérico
35
Alterações post mortem
Coliquação
36
Pedroso & Macêdo
Redução esquelética
Sinonímia: esqueletização.
Verificação: É a desintegração dos tecidos moles, restando o
esqueleto (parte óssea) (Figura 13) e os ligamentos articulares.
37
Alterações post mortem
Maceração
Saponificação
38
Pedroso & Macêdo
Mumificação
39
Alterações post mortem
Calcificação
Odor cadavérico
40
Pedroso & Macêdo
Fauna cadavérica
Trato gastrointestinal
Os segmentos do trato gastrointestinal sofrem alterações post
mortem rapidamente. Isso é devido à presença dos sucos digestivos, a
flora bacteriana, e os substratos necessários para o crescimento de
microrganismos. Imediatamente após a morte ocorre a contração
das vilosidades que resulta em descamação do epitélio intestinal.
Macroscopicamente pode ser observado um muco branco ou corado
de amarelo com bile no interior do intestino delgado. A rapidez da
autólise e digestão putrefativa da mucosa é dependente das bactérias
de fermentação e da quantidade de gases gerados pelo calor. Estes
fatores resultaram na destruição da mucosa, perfuração e ruptura das
alças intestinais. O conteúdo intestinal sanguinolento é resultante do
extravase de sangue de capilares atingidos pela digestão putrefativa,
pelo aumento da permeabilidade vascular ou pela embebição pela
hemoglobina. A coloração avermelhada da serosa intestinal também
esta associada à embebição pela hemoglobina.
41
Alterações post mortem
Pâncreas
O pâncreas é muito sensível à autólise devido ao seu conteúdo
enzimático e amolece rapidamente. Pode haver manchas vermelhas
decorrentes da embebição pela hemoglobina, manchas amarelo-
esverdeadas pela embebição pela bile, perda do padrão lobular, e
tornar-se mais macio e translúcido. Em estágios avançados o
pâncreas se torna uma estrutura sacular com conteúdo fluido
sanguinolento, podendo até mesmo desaparecer, deixando apenas
uma frágil estrutura membranosa.
42
Pedroso & Macêdo
Rim
Pseudomelanose e congestão hipostática são alterações
comuns. A marcação entre o córtex e a medular não se torna
aparente. O córtex renal apresenta rapidamente alterações autolíticas
ficando macio (pulposo), principalmente em ovinos. Há uma maior
liberação de enzimas na região cortical que na medular. Este
processo pode facilmente confundir com o chamado rim pulposo que
é visto na doença do rim pulposo causado pelo Clostridium
perfringens tipo D em ovinos. Em outros animais que não o ovino,
tais como cão e gato, o rim mantém sua estrutura e consistência por
tempos mais longos. Rim com fibrose ou necrose tubular aguda
mantém sua consistência no cadáver por períodos mais longos e não
sofre autólise tão rapidamente como no rim normal. Isto
provavelmente resulta do tamanho do tecido conjuntivo e a
inativação enzimática da necrose de coagulação. Com a progressão
do processo, o órgão apresenta pequenas bolhas na superfície e
parênquima, evoluindo para a coliquação.
Baço e linfonodos
O baço pode apresentar da coloração cinza ao preto e tornar-
se mole e friável. Nos estágios avançados de putrefação normalmente
o baço se transforma em uma estrutura sacular de conteúdo liquefeito
e quando cortado o parenquima estravaza. Os linfonodos podem ficar
sem cor, tornam-se moles e carnudos.
Coração
Estas alterações começam a ser observadas durante o rigor
mortis já entre as primeiras horas. O ventrículo esquerdo fica vazio e
o ventrículo direito preenchido pela metade. A saída de sangue do
43
Alterações post mortem
44
Pedroso & Macêdo
Trato respiratório
Descarga nasal sanguinolenta é um achado post mortem
comum. Geralmente causado pela congestão nasal no momento da
morte, com posterior ruptura dos vasos sanguíneos da mucosa nasal
decorrentes da autólise e pela ação de enzimas bacterianas. Deve-se
diferenciar de hemorragias verdadeiras da cavidade nasal,
neoplasmas, hemorragia pulmonar associada com pneumonia, ou
ruptura da artéria pulmonar em bovinos com abscesso pulmonar. Em
animais monogástricos, o refluxo gástrico após a morte pode corroer
pequenos vasos da cavidade nasal.
A descarga do conteúdo gastrointestinal na cavidade nasal/oral
ou presença de alimentos na traqueia e pulmão é uma alteração post
mortem comum, causada pelo relaxamento do esfíncter gástrico e
pressão das vísceras abdominais distendidas com gás, deslocando o
conteúdo gástrico pelo esôfago até a traqueia e pulmão, ou também
decorrente do manuseio do cadáver. Para considerar essa alteração
como ante mortem é necessário à presença de reação tecidual.
Nos pulmões ocorrem embebições por hemoglobina,
enfisemas, geralmente relacionados também com timpanismo post
mortem do animal. As bactérias saprófitas são forçadas no sentido
cranial pelo sistema vascular das vísceras abdominais infiltrando-se
nos pulmões. Pela fermentação formam bolhas de espuma. Esta
espuma é geralmente unilateral, no lado mais baixo do cadáver. No
edema pulmonar a espuma está presente em ambos os lados do
pulmão.
Músculos
Coloração de músculos, fáscias e tendões ocorrem após a
morte por causa da infiltração de mioglobina. A coloração intensa
dos músculos pode ser vista nas porções de músculo próximas ao
45
Alterações post mortem
Cérebro
O cérebro por estar mais longe do intestino apresenta um
retardo nas alterações post mortem. Pode ser observada, vacuolização
do parênquima cerebral devido ao escoamento do líquido
cefalorraquidiano. No estágio avançado da putrefação, o cérebro se
transforma numa massa mole e evolui para material liquefeito que
escorre quando o calvário e meninges são abertos.
Cavidades corpóreas
A superfície das cavidades podem apresentar embebição por
hemoglobina e pseudomelanose. Pode haver líquido tingido de
vermelho.
Placenta e feto
A autólise fetal é comum, e os produtos do concepto morto
podem ser retidos até aproximadamente o período normal do parto.
A mumificação é outro possível resultado da morte fetal. Ao
invés de ser expelido logo após a morte, o feto é retido e
progressivamente se desidrata, tornando-se uma massa firme e seca
com coloração marrom a enegrecida em função da degradação da
hemoglobina. As partes mais duras dos fetos são recobertas por pele.
Os requisitos para a ocorrência da mumificação são que os
organismos que causam a lise do tecido morto estejam ausentes e que
a cérvix se encontre fechada para evitar a entrada de microrganismos
putrefativos. Em gestações gemelares de éguas, o feto mumificado e
46
Pedroso & Macêdo
47
Alterações post mortem
Referências Bibliográficas
48
Pedroso & Macêdo
49
2. NÃO LESÕES
Pedroso & Macêdo
Definição
Sistema digestório
Melanose
Pigmentação normal e frequente na mucosa oral de várias
raças de cães. A pigmentação aumenta com o avanço da idade. Não
deve ser confundida com melanoma.
Fímbrias linguais
Também conhecida como hiperplasia epitelial da borda da
língua, comum em leitões recém-nascidos e menos frequente em
filhotes de cães. A superfície lateral da língua está coberta por franjas
de epitélio hiperplásico de 5-10 mm. Essa franja é normal no
momento do nascimento e será perdida por meio de traumas
mecânicos durante o período de amamentação. Sua causa e função
não são conhecidas.
51
Não lesões
Hiperemia gástrica
Observa-se uma coloração mais vermelha da mucosa
glandular do estômago. É um achado fisiológico comum no
estômago de muitas espécies, especialmente em equinos e suínos. A
falta de hemorragia, exsudato, edema e úlceras diferenciam da
gastrite. Áreas avermelhadas no estômago são normais e uma
redistribuição sanguínea após a morte também deve ser considerada.
Papilas ungueais
As papilas ungueais apresentam forma de garra. São firmes e
cornificadas, localizadas na porção distal da goteira esofágica e do
omaso de ruminantes. Nos animais jovens que são alimentados com
leite, apresentam uma coloração branco-opaca. As papilas ungueais
variam em comprimento, tornando-se mais longas com dieta rica em
fibras. Animais que consomem dietas com menos de 10% de fibras
podem desenvolver paraqueratose ruminal.
52
Pedroso & Macêdo
Papila duodenal
São duas estruturas nodulares, uma maior que a outra,
observadas no início do intestino delgado (duodeno) da maioria das
espécies. São aberturas normais da bile e dos ductos pancreáticos.
São erroneamente considerados pólipos ou neoplasias,
principalmente no equino em que a papila duodenal é muito
proeminente.
Folículos linfoides
São pequenos focos arredondados, com vários milímetros de
diâmetro, distribuídos pelo ceco e cólon, principalmente em cães,
suínos e equinos. O tecido linfoide intestinal representa 25% da
massa linfoide do organismo, estando presente na superfície
antimesentérica do intestino.
Estômago de equino
Em equino é normal observar o estômago firme e distendido,
decorrente de uma alimentação com alimentos mais secos.
Corpúsculos de Pacini
Os corpúsculos de Pacini normalmente estão presentes no
tecido conjuntivo interlobular do pâncreas e do mesentério de
felinos, e são visíveis macroscopicamente como nódulos de 1-3 mm
de tamanho.
Sistema cardiovascular
Melanose
53
Não lesões
Nódulos de Arantius
São pequenos nódulos pálidos e firmes de 1-2 mm
localizados no meio das bordas livres da válvula aórtica semilunar.
São estruturas normais, sendo mais evidentes em suínos, mas podem
ser observados em outras espécies. Eles devem ser diferenciados de
granulomas por estrongilídeos sobre as cúspides da aorta em equinos.
Nesse caso estes granulomas serão irregulares na localização e no
tamanho.
Osso do coração
São dois ossos finos, pontiagudos, curvos e triangulares
encontrados na base do coração de bovinos. Eles são muitas vezes
confundidos com ossificação anormal do anel fibroso da base do
coração na maioria das espécies à medida que envelhecem.
Linfáticos do epicárdio
Os vasos linfáticos do epicárdio, especialmente em bovinos,
podem apresentar-se como estriações brancas proeminentes.
Miocárdio pálido
Palidez focal ou difusa é observada no miocárdio de cães e
equinos jovens.
Gordura no endocárdio
Ocorre na maioria das espécies, tanto em animais obesos,
como naqueles com estado nutricional normal. Podem ocorrer
54
Pedroso & Macêdo
Sistema respiratório
Melanose
A melanose congênita é um achado incidental comum em
suínos e ruminantes, sendo observada principalmente no abate. É
caracterizada por manchas cinza ou pretas com alguns centímetros de
diâmetro disseminadas pelo parênquima pulmonar. A melanose não
tem nenhum significado clínico, e a textura dos pulmões permanece
inalterada.
Fibrose da pleura
É a presença de grandes áreas de tecido conjuntivo sobre a
superfície dorsal dos lobos caudais dos pulmões na maioria das
55
Não lesões
Sistema urogenital
Rins pálidos
É comum em gatos. O rim apresenta uma coloração
amarelada pelo fato de apresentar uma maior quantidade de conteúdo
lipídico nas células epiteliais dos túbulos renais.
Sedimento urinário
Uma quantidade relativamente grande de material de
coloração amarelo-alaranjado é encontrada na bexiga urinária de
equinos normais. Erroneamente é interpretado como pus. É um
achado normal, principalmente em equinos com acesso limitado a
água. Esse material é proveniente de resíduos da urina, sais e mucos
das glândulas mucosas da pelve renal. Material semelhante é
observado em coelhos e porquinhos da índia. É visto em ambos os
sexos, porém é mais comum no macho.
56
Pedroso & Macêdo
Pênis do cão
É composto de osso no corpo cavernoso do pênis.
Sistema hematopoiético
Linfonodo hepático
Os linfonodos hepáticos de bovinos e ovinos apresentam
frequentemente uma coloração entre marrom e preto. Devido à
notável atividade fagocitária dos macrófagos dos seios medulares, a
medula pode estar corada por material fagocitado. Nessas espécies,
os linfonodos hepáticos são acometidos pela hematina parasitária,
um pigmento produzido pela Fasciola hepatica.
57
Não lesões
Linfonodos hemais
São estruturas normais, semelhantes aos gânglios linfáticos,
encontrados apenas em ruminantes. Apresentam coloração vermelho
escuro, pois o tecido linfático está repleto de sangue. Os nódulos
hemais estão localizados nas cavidades abdominal e torácica,
principalmente na gordura mesentérica abdominal.
Baço de anestesia
O órgão está aumentado de tamanho, macio e quando
cortado flui sangue em abundante quantidade. Soluções anestésicas,
principalmente barbitúricos, utilizados para procedimentos de
58
Pedroso & Macêdo
Sistema nervoso
Corpo Pineal
Corpo pineal, epífise ou conarium que se situa dorsalmente
ao tronco encefálico entre os colículos rostrais do mesencéfalo e o
tálamo. O corpo pineal é uma estrutura glandular especializada na
secreção de melatonina.
Osso
Osso
Os ossos do suíno são significativamente mais espessos do
que os ossos de outras espécies domésticas.
Fossas sinoviais
São superfícies normais, relativamente depressões irregulares
nas superfícies articulares de algumas articulações, principalmente
em equinos. Servem para distribuir melhor o fluído sinovial.
Desenvolvem com o avanço da idade.
59
Não lesões
Feto e placenta
Hemorragia no umbigo
Algumas hemorragias ao redor do umbigo são comuns e
geralmente não são significativas.
Placas amnióticas
São pequenas placas elevadas compostas por epitélio
escamoso estratificado queratinizado. Nos ruminantes, estas placas
apresentam até 2 cm de diâmetro e somente estão presentes no âmnio
localizado no mesmo lado do feto. Os ruminantes apresentam
mineralização da placenta, que aparecem como laços brancos
localizados especialmente no córion.
Hipômane
São concreções flexíveis de precipitados alantoides com
coloração que varia de branco a levemente avermelhado. Quase em
60
Pedroso & Macêdo
Cérebro de feto
A consistência do cérebro de fetos e neonatos tende a ser
mais pastosa e não deve ser confundida com lesões ante mortem.
Referências Bibliográficas
BARROS, C.S.L.; RISSI, D.R.; RECH, R.R. Não lesões, lesões sem
significado clínico e alterações post-mortais encontradas na
necropsia de mamíferos domésticos. Disponível em:
<http://www.ufsm.br/lpv/aulas/II%ENDIVET/endivet_palestra_2.pd
f>. Acesso em: 07 ago. 2012.
61
Não lesões
62
3. LESÕES DE POUCO SIGNIFICADO
CLINICO
Lesões de pouco significado clínico
Definição
Achados gerais
Pseudoicterícia
É um aumento relativo normal de pigmentos no sangue,
incluindo caroteno. A pseudoicterícia aparece nos tecidos de equinos
jovens ou em equinos desidratados. Este termo também pode ser
usado para descrever o aumento da cor amarela de tecidos normais,
como córtex da adrenal, plasma/soro e gordura de equinos e bovinos
das raças Jersey e Guernsey. Microscopicamente, os carotenos não
são observados em cortes fixados em formol e emblocados em
parafina, pois o álcoois e agentes diafanizadores removem os
pigmentos lipossolúveis.
Sistema digestório
64
Pedroso & Macêdo
Parasitismo ruminal
A paranfistomíase é a infestação do proventrículo de
ruminantes por trematódeos em regiões de latitudes quentes. Esses
trematódeos pertencem aos gêneros Paramphistomum, Calicophoron
e Cotylophoron. Estes parasitas são semelhantes à papila ruminal em
tamanho e aparência. Apesar da presença dos parasitas nos
compartimentos gástricos, geralmente não apresentam significância
clínica.
Hemomelasma ilei
Lesão única em equinos. São placas de coloração rosa a
negra, que variam de vários milímetros até muitos centímetros de
comprimento, podendo ocorrer na serosa em qualquer porção do
intestino, mas são geralmente limitadas ao íleo. Elas são atribuídas à
migração de larvas de Strongylus edentatus e localizadas na
superfície serosa antimesentérica. São placas fibrovasculares da
serosa formadas em resposta ao dano tecidual causado pela migração
das larvas. Entretanto, parasitos nunca foram observados e, portanto,
a causa continua desconhecida.
Listras tigróides
As listras tigróides são um tipo de congestão não-específica
dos sulcos colônicos, secundárias à diarreia e/ou tenesmo.
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Lesões de pouco significado clínico
Manchas de leite
É atribuída a migração de larvas de Ascaris suum. À medida
que as larvas se deslocam no fígado, elas produzem necrose
hepatocelular, que são acompanhados de inflamação, e no final, são
substituídos por tecido conjuntivo, que se desenvolve em cicatrizes
fibrosas na superfície capsular. Essas cicatrizes capsulares têm a
aparência de áreas pálidas, e o termo “fígado com manchas de leite”
tem sido usado para descrever o fígado de suínos marcado por larvas
de Ascaris suum.
Telangiectasia
É a dilatação dos sinusoides em áreas de perda de
hepatócitos. Macroscopicamente evidenciam-se focos azul-escuros
no fígado, de tamanhos variáveis, desde pequenos pontos a vários
centímetros.
Lipidose de tensão
São áreas pálidas isoladas nas margens do parênquima
hepático, comumente encontradas em bovinos e equinos. Ocorrem na
região adjacente à inserção de uma conexão de ligamento, sendo
proposto que essas conexões impeçam o aporte de sangue ao
parênquima hepático, pela tensão exercida sobre a cápsula. Os
66
Pedroso & Macêdo
67
Lesões de pouco significado clínico
Sistema cardiovascular
Asperezas de fricção
Lesão muito comum observada nas cúspides da aorta de
equinos. São nódulos pares de 2 a 5 mm de diâmetro, localizados à
mesma distância da inserção valvular no ponto de contato entre as
duas cúspides e representam tecido cicatricial. Essa lesão é causada
pela fricção das válvulas, devendo ser diferenciada dos nódulos de
Arantius.
68
Pedroso & Macêdo
Hematocistos
Hematomas valvulares, também conhecidos como
hematocistos, ocorrem nas válvulas atrioventriculares de ruminantes
neonatos. As lesões consistem em cistos preenchidos por sangue,
69
Lesões de pouco significado clínico
Cistos linfáticos
Também conhecido como linfocisto, É um cisto preenchido
por linfa, apresentando um conteúdo seroso e de coloração amarelada
na cúspide da válvula atrioventricular.
Linfangiectasia
Linfangiectasia é a dilatação dos vasos linfáticos. A causa
pode ser uma anomalia congênita, no qual os vasos linfáticos não se
conectam a outros vasos ou pela obstrução da drenagem linfática.
Observa-se uma aparência tortuosa do vaso linfático epicárdico.
Injeção intracardíaca
A aplicação de injeção intracardíaca de soluções para
eutanásia ou com outras substâncias podem causar hemopericárdio e
palidez miocárdica devido à decomposição tecidual e a depósitos
cristalinos no local da administração da solução. Observa-se uma
área focal úmida e esverdeada no miocárdio, cercada por tecido
cardíaco seco, pode ser indicativa de injeção intracardíaca.
Sistema respiratório
Enfisema pulmonar
Enfisema pulmonar é um dos achados mais frequentemente
mal interpretados durante a necropsia. Apresenta pouco significado,
a não ser que seja baseado por meio de sinais clínicos respiratórios.
É um achado muito comum em bovinos que morrem por qualquer
70
Pedroso & Macêdo
Sistema urinário
Cisto renal
Os cistos renais são distensões esféricas de parede fina e
tamanho variável, principalmente dos túbulos corticais ou medulares
e são preenchidos com fluido claro aquoso. Quando vista da
superfície renal, a parede do cisto é cinza-pálido, lisa e translúcida.
Tais cistos renais são achados incidentais em suínos e bovinos e
devem ser diferenciados da hidronefrose.
Sistema hematopoiético
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Lesões de pouco significado clínico
Placas siderofibróticas
As placas siderofibróticas são também conhecidas como
corpos de Gamma-Gandy. Macroscopicamente, tais placas
apresentam coloração esbranquiçada a amarelada e são incrustações
duras e secas sobre a cápsula, principalmente ao longo das margens
do baço. Microscopicamente, estas placas são em geral
multicoloridas em cortes corados pela hematoxilina e eosina: amarela
(bilirrubina em casos iniciais), marrom dourado (hemossiderina) e
azul (cálcio). São alterações frequentemente observadas em cães
idosos.
Pseudoinfartos
São áreas de coloração vermelho escuras distribuídas ao
longo do baço. O sangue fica represado nestes locais, enquanto o
restante do sangue foi expulso por contrações esplênicas. É
observado principalmente em cães que foram submetidos à
eutanásia. As maiorias dos pseudoinfartos apresentam de 2-10 mm,
mas podem envolver até metade da área do baço.
Sistema nervoso
Colesteatoma
Os colesteatomas, também conhecidos como granulomas de
colesterol, se formam no plexo coroide dos ventrículos de equinos
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Pedroso & Macêdo
Ossificação da dura-máter
A ossificação da dura-máter, também conhecida como
paquimeningite ossificante e metaplasia dural. A dura-máter das
intumescências cervical e lombar da medula espinhal contém osso
bem diferenciado que podem até mesmo formar medula óssea.
Congestão da meninge
É comum observar meninges congestas, devido à posição do
corpo e da gravidade após a morte.
Referências Bibliográficas
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Lesões de pouco significado clínico
BARROS, C.S.L.; RISSI, D.R.; RECH, R.R. Não lesões, lesões sem
significado clínico e alterações post-mortais encontradas na
necropsia de mamíferos domésticos. Disponível em:
<http://www.ufsm.br/lpv/aulas/II%ENDIVET/endivet_palestra_2.pd
f>. Acesso em: 07 ago. 2012.
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