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INTRODUÇÃO
A secagem de alimentos é uma das operações que o homem conhece desde a mais remota
antigüidade. Provavelmente, este antigo método de conservar alimentos passou a ser usado a partir
do momento em que o homem primitivo verificou que os grãos de cereais, feijões e ervilhas, ao
secar naturalmente no campo, poderiam ser armazenados por longos períodos. Ao imitar esta forma
natural, o homem desenvolveu a secagem como um modo prático de conservar outros produtos,
como carnes, peixes, frutas e condimentos.
DEFINIÇÕES
Tabela 1
Teor Máximo de Umidade para Alguns Alimentos
FINALIDADES
PRINCÍPIOS FÍSICOS
Tabela 2
Rendimentos de Produtos Desidratados e Liofilizados
Quanto maior a superfície do alimento, maior o contato com o meio de aquecimento e maior
a superfície de evaporação, diminuindo-se assim o tempo da operação. Alimentos sólidos podem ser
cortados em cubos ou em fatias. Alimentos líquidos podem ser atomizados em gotículas com
diâmetro de 10 a 200µm ou espalhados em filmes de espessura 1 a 2mm.
Quanto maior a temperatura, maior a taxa de evaporação, respeitada a temperatura máxima
que o alimento suporta sem sofrer alterações indesejáveis, para cada equipamento em particular. Em
atomizadores é possível operar a temperaturas superiores a 200°C. Trabalhando sob pressão
reduzida pode-se diminuir a temperatura de evaporação da água.
Quanto maior a velocidade do ar, maior a taxa de evaporação, pois o ar em movimento
impede que a umidade forme uma atmosfera saturada na superfície do alimento. Evidentemente, à
medida que ·ocorre a eliminação da umidade, o produto fica mais leve, podendo ser carregado pelo
ar. Em atomizadores, como as partículas são muito pequenas, são necessários sistemas para
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de escurecimento ocorra, como nas operações de desidratação do leite. Por outro lado, quando a
coloração marrom produzida pelo escurecimento químico for desejável, como no caso do doce de
leite, a concentração deve ser realizada lentamente para permitir a ocorrência da reação.
SECAGEM
CONCENTRAÇÃO
Exemplo
processos distintos.
Supondo um processamento onde 1.000 kg de leite integral (com 87,0% de umidade) são
concentrados até 50% de umidade e posteriormente desidratados até 3% de umidade, qual a
produção de leite em pó e qual o consumo de vapor do processo total?
Dados:
Consumo
Instalação (kg de vapor consumido/kg
de água evaporada)
Concentrador 0,33
Atomizador 2,50
Como o leite integral original contém 130 kg de sólidos totais e 870 kg de umidade, na
concentração são obtidos 260 kg de leite com 50% de umidade, sendo, portanto, eliminados 740 kg
de água.
Na desidratação são obtidos 134 kg de leite em pó com 3% de umidade, sendo, portanto,
eliminados 126 kg de água.
O consumo total de vapor do processo é igual a 559,2 kg, sendo que na concentração são
consumidos 244,2 kg, enquanto a desidratação consome 315,0 kg.
Portanto, verifica-se a conveniência de se concentrar previamente o leite antes da
desidratação, visando à redução no consumo de energia.
Os sistemas empregados podem ser constituídos por tubos, fibras ocas e membranas sobre
suporte plano ou em espiral.
O vapor de baixa pressão, produzido em um evaporador, pode ser empregado como meio de
aquecimento de um segundo evaporador e assim sucessivamente.
O objetivo da operação com múltiplo efeito é melhorar a economia global do processo, em
relação ao vapor de água, e não aumentar a capacidade da instalação.
A área de cada efeito em sistema múltiplo deve ser a mesma de um efeito único se as
condições de operação são as mesmas. Portanto, o custo do equipamento é proporcional ao número
de efeitos, aumentando o capital imobilizado. Desse modo, o projeto da instalação deve ser baseado
em balanço econômico entre os custos de operação e o capital investido na aquisição do
equipamento.
O consumo de vapor é inversamente proporcional ao número de efeitos. Enquanto para um
evaporador de um efeito o consumo é ao redor de 1,1 kg de vapor/kg de água evaporada, para dois e
três efeitos o consumo cai, respectivamente, para cerca de 0,54 e 0,38 kg de vapor/kg de água
evaporada. Utilizando sete efeitos o consumo é aproximadamente de O, 17 kg de vapor/kg de água
evaporada.
Como exemplo, na concentração de suco de laranja, de 9% a 65% de sólidos totais, pode ser
empregado evaporador de cinco efeitos, com capacidade de processar 32 t de suco de laranja por
hora.
Para que o vapor liberado do produto possa ser utilizado nos efeitos seguintes é necessário
que a pressão seja progressivamente menor em cada efeito. Isto ocorre porque deve ser mantido o
gradiente entre as temperaturas do vapor de aquecimento e da evaporação do alimento. A pressão é
reduzida por ejetores de vapor e por condensadores de contato direto com água (à temperatura
ambiente) do vapor do último efeito.
Pré-aquecimento da Alimentação
Recompressão do Vapor
O vapor procedente do evaporador pode sofrer recompressão e voltar a ser empregado como
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vapor de alta pressão. A recompressão pode ser mecânica, por meio de bomba, ou térmica, por jato
de vapor à pressão elevada. Considerando que um evaporador de dois efeitos consome cerca de 0,54
kg de vapor/kg de água evaporada, empregando a recompressão térmica do vapor do primeiro
efeito, a demanda pode ser reduzida para aproximadamente 0,33 kg de vapor/kg de água evaporada.
Isto representa praticamente a economia de vapor correspondente a um terceiro efeito.
DESIDRATAÇÃO
POR CONVECÇÃO DE AR
Fig. 7 – Atomizador
de 5 a 60cm de diâmetro e giram entre 3.500 e 50.000 rotações por minuto. Apresentam as
vantagens de mínimo desgaste, pequeno risco de entupimento, controle do tamanho das gotículas
variando a velocidade de rotação, segurança e flexibilidade. A atomização por bicos é feita sob
pressão no líquido da ordem de 100 a 600atm, proporcionada por bomba de alta pressão. Também
pode ser efetuada de modo pneumático, por pressão de ar comprimido em orifício anelar ao redor
do líquido a ser atomizado.
O aquecimento do ar, para fornecer calor e retirar a umidade do produto, pode ser feito por
vapor a alta pressão, aquecedor elétrico ou queimador de óleo ou gás. O ar aquecido é injetado
tangencialmente na câmara de atomização, de modo a adquirir um movimento helicoidal, au-
mentando o tempo de residência das gotículas e evitando a necessidade de câmaras muito altas.
As câmaras dos atomizadores são cilíndricas, com fundo cônico ou plano. O ar quente que
sai conduz todo o pó formado, pelo fundo da câmara, ou parte dele, por saída lateral. Para alimentos
termoplásticos, as paredes internas são resfriadas por limpador pneumático rotativo ou apresentam
camisa com circulação de ar refrigerado. A altura das câmaras chega a atingir cerca de 30m e a
capacidade pode alcançar 25t de água evaporada por hora.
A recuperação do pó arrastado pelo ar é feita pelo emprego de ciclones ou filtros de mangas.
Os ciclones são estruturas cônicas em que o ar é injetado tangencialmente, adquirindo movimento
centrífugo; podem ser simples ou múltiplos. O pó é recolhido pela parte inferior e o ar é aspirado
por cima. Apresentam construção simples, são eficientes (geralmente acima de 99,5% de
recuperação) e de fácil limpeza. São geralmente empregados para separação de materiais entre 5 e
200µm. À medida que o tamanho da partícula diminui, a eficiência também decresce. Os filtros de
mangas, formados por fibras sintéticas, são apropriados quando as partículas de pó do produto são
muito pequenas para separação eficiente no ciclone. Contudo, os custos de aquisição e de
manutenção são superiores.
Considerando que as gotículas formadas nos atomizadores são microscópicas, por
conseqüência, o pó obtido é muito fino e de difícil reidratação. Para melhorar a solubilidade, são
empregados sistemas de instantaneização, baseados na aglomeração de partículas sólidas. Se a
umidade das partículas de pó estiver na faixa de 6% a 12%, ao se chocarem há tendência de
aglomeração, formando estruturas de maior tamanho, irregulares e porosas, apresentando melhor
capacidade de reconstituição.
O pó deixa o atomizador com 6% a 12% de umidade ou, caso seja desidratado até 3% de
umidade, deve ser reumedecido em câmara especial com ar úmido ou água atomizada.
A aglomeração pode ser obtida em sistemas de leito fluidizado, onde ocorrem os choques
entre as partículas. Ao mesmo tempo, os aglomerados são desidratados até 3% de umidade,
passando então a um segundo leito fluidizado, para resfriamento.
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No caso particular do leite em pó integral, que contém alto teor de gordura (cerca de 25%),
parte desta está livre, externa ao aglomerado, acarretando dificuldade para reidratação. A aplicação
de lecitina de soja, fosfolípide com propriedades emulsificantes, na proporção de 0,2-0,6% em
relação ao pó, permite tornar instantâneo o leite em pó integral. Esta tecnologia é realizada na saída
do pó no atomizador, antes do ciclone, entre os leitos fluidizados de aglomeração/secagem e
resfriamento ou internamente ao sistema de leito fluidizado de aglomeração/secagem.
TAMBORES OU ROLOS
LIOFILIZAÇÃO
A liofilização tem como objetivo estabilizar alimentos por múltiplas operações a que o
material é submetido durante o processamento: congelamento, sublimação, secagem a vácuo, além
do armazenamento do material seco, sob condições controladas. Desta forma obtêm-se produtos da
mais alta qualidade, de reconstituição instantânea e que possuem longa vida de prateleira.
A liofilização é uma das operações de controle de umidade onde a maior parte da água é
removida por sublimação. A rigor, pode-se referir à remoção de qualquer solvente, mas em
Tecnologia de Alimentos, o interesse fundamental se prende à remoção de água.
O termo liófilo significa amigo do solvente, o que define com fidelidade as características
dos produtos liofilizados: altamente higroscópicos e de fácil dissolução na água.
A liofilização de alimentos tomou grande impulso durante a Segunda Guerra Mundial, pois,
neste período, desenvolveram-se muitos estudos sobre as condições de processamento de alimentos
liofilizados. Porém, foi durante o programa Apollo, da NASA, que mais se investiu em pesquisas
básicas para elucidação dos mecanismos de liofilização de alimentos. Os produtos tecnológicos
foram então desenvolvidos, a partir dos fundamentos adquiridos.
A liofilização, quando comparada a outros meios de desidratação, mostra que reduz
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FUNDAMENTOS DA LIOFILIZAÇÃO
solúveis.
O alimento liofilizado mais consumido no mundo é o café solúvel. A liofilização deste se
justifica pelo alto valor agregado da matéria-prima, pelas altas taxas de extração conseguidas
durante o processamento, além das características inerentes à bebida, que são os compostos voláteis
do café, convenientemente preservados pela liofilização.
A operação geralmente é feita em liofilizadores descontínuos, de acordo com o esquema
mostrado nas Figs. 10 e 11. Para a obtenção de um bom liofilizado, ou seja, um produto estável à
temperatura ambiente com o mínimo de alterações em suas características originais, o material deve
ser mantido no estado sólido durante todo o processo.
A câmara de secagem deve permanecer sob pressão reduzida durante todo o processo. O
calor deve ser fornecido ao material através das placas de aquecimento. Recomenda-se medir a
temperatura do material durante a liofilização; com este controle, evita-se colapso, fusão do
material e superaquecimento, além de permitir a otimização da velocidade de secagem.
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y = (20 . 100)/90 = 22,2 kg de produto desidratado (20 kg sólidos + 2,2 kg umidade) com 10% de
umidade
Portanto, foram eliminados 27,8 kg de água na desidratação (50 kg – 22,2 kg), obtendo-se 22,2 kg
de alimento desidratado com 10% de umidade