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CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DA SAPOTA (Quararibea cordata) – A

FRUTA DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Vania Silva Carvalho Magalhães1, Clarissa Damiani1, Eduardo Ramirez Asquieri1,


Adriana Antunes de Carvalho1
1
Faculdade de Farmácia – Laboratório de Química e Bioquímica de Alimentos –
Praça Universitária c/ 1ª avenida s/n – CEP 74605-22 - UFG - Universidade Federal
de Goiás – Setor Universitário – Goiânia/Go, Brasil. E-mail:
vaniacarvalho18@gmail.com

Resumo: A Sapota (Quararibea cordata), é originária da Amazônia Brasileira,


peruana e colombiana. A polpa do fruto maduro é comestível, fibrosa, de cor
alaranjada intenso, sabor doce e aromática. Foram avaliados a composição
centesimal, teor de carotenóides, pectina total, acidez titulável total, pH, teor de
açúcares solúveis totais e fibra alimentar. Nos resultados, verificou-se que a sapota
possui baixo teor de lipídeos (0,18%) e proteínas (0,54%), porém grandes
quantidades de fibras alimentares (11,94%), além de um elevado teor de pectina
total (5,24%). Dessa forma, pode ser inserido no cenário industrial, tendo como
principal característica ser um fruto exótico com propriedades que lhe garantem um
bom desempenho nutricional.
Palavras-chave: Fibra Alimentar, Pectina Total, Sapota.

Introdução: A Sapota (Quararibea cordata) é originária da Amazônia peruana e


colombiana (Hodge, 1960; Robyns, 1964) e conhecida na Amazônia Brasileira
somente no seu estado domesticado (Ducke, 1946), ou seja, é muito apreciada
pelos indígenas. A polpa, de coloração amarela, é a parte comestível utilizada para
consumo “in natura” ou na forma de sucos, entretanto, é possível a preparação de
doces em calda com a parte interna da casca. Tem sabor adocicado próprio e,
quando consumida pela primeira vez, lembra o sabor de frutas como a manga, o
mamão, o coco e o abacate (Castro et al, 2003). Tendo em vista que a sapota é
muito apreciada na região Amazônica Brasileira, a caracterização do fruto é
importante para poder avaliar o potencial desse fruto, que apesar de ser tão
conhecido regionalmente, muito pouco se sabe sobre suas características físicas e
químicas. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o perfil físico-
químico da polpa de sapota (Quararibea cordata).
Material e Métodos: A umidade, cinzas, pH, teor de sólidos solúveis, acidez titulável
e proteínas, foram determinadas de acordo com AOAC (2006). O teor de lipídeos
totais foi determinado, segundo o método de Bligh& Dyer (1959). Os carboidratos
totais de acordo com Dubois et al. (1956). Também foram determinados os açúcares
totais, de acordo com Miller (1959). O teor de fibra alimentar foi realizado segundo
AOAC (2006). O doseamento de pectina total e solúvel foi realizado de acordo com
Bitter & Muir (1962). As análises foram realizadas em triplicata. Para avaliação dos
resultados calcularam-se as médias e os desvios-padrão. Foi utilizado o programa
STATISTICA (Version 7.1; Stat Soft, Tulsa, OK).

Resultados e Discussão: Os resultados das análises físico-químicas da polpa de


sapota estão na Tabela 1. Com base nos dados da Tabela 1 verificou-se que a
polpa da sapota é bastante diversificada. Uma característica importante é o seu
elevador teor de fibra alimentar. Neste trabalho, a polpa de sapota apresentou um
teor de fibra alimentar de 11,94%. Como não existem trabalhos sobre a composição
de fibra alimentar nesse fruto, observou-se que este valor é semelhante à macaúba
crua (13,4%) e ao pequi (19%), citados pela TACO (2006). Observou-se um valor de
sólidos solúveis de (12,20%). Tecnologicamente, valores de sólidos solúveis
relativamente muito altos, oferecem como vantagem uma melhor disposição da
matéria-prima frente a processos de transformação, como na elaboração de
conservas e geléias (Alegría, 2004). O teor de fibras totais é bastante superior ao
encontrado na maioria das frutas como manga (1,6%), pêssego (1,4%) e tamarindo
(6,4%) (TACO, 2006). Para os valores de pectina solúvel, nota-se um valor muito
superior ao encontrado em maçã sem casca (0,11%) e mamão (0,21%), sendo que
os teores de pectina total para os mesmos frutos são de 0,93% e 0,77%,
respectivamente (Mendes, 1995). A pectina solúvel é significante podendo o fruto
ser considerado um alimento prebiótico, exercendo um papel primordial na fisiologia
intestinal, reduzindo o câncer de cólon, além da pectina atuar reduzindo o colesterol
e controlando a glicemia (Dolinsky, 2009).

Conclusão: Com os resultados encontrados, observa-se que a sapota pode ser


considerado um alimento funcional, principalmente devido ao seu elevado teor de
pectina total e solúvel, além um alto teor de fibra alimentar. Devido às suas
propriedades físico-químicas, a sapota apresenta ainda, boas perspectivas para o
cenário de transformação agroindustrial.

Referências

Official methods of the Association of the Agricultural Chemists. Gaithersburg: AOAC International.
Vol. 2. 18rd ed. 2006.
ALEGRÍA, J. J., HOYOS, O. L., & PRADRO, J. A.). Características físico-quimicas de dos variedades
del fruto del zapote (Matisia cordata) comercializadas em el departamento del cauca. Facultad de
Ciencias Agropecuarias, vol. 5, n. 2, p. 32-38, 2004.
BITTER, V.; MUIR, H.M. A modified uronic acid carbazole reaction. Analytical Biochemistry, vol.4, p.
330-334. 1962.
BLIGH, E. G.; DYER, W. J. A rapid method of lipid extraction and purification. Canadian Journal of
Biochemistry and Physiology, v. 37, n. 8, p. 911-917, 1959.
CASTRO, J. S.; BRAGA, L. F.; SOUSA, M. P.; CAMPOS, S. C. B.; ISEPON, J. S. & MARINHO, H. A.
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DOLINSK, M. Nutrição Funcional. São Paulo, BR: Roca. 2009.
DUBOIS, M. et al., Colorimetric method for determination of sugars and related substances. Nature, v.
28, n. 3, p. 350-356,1959.
DUCKE, A. Plantas de cultura pré-colombiana na Amazônia brasileira. Belém: Museu Goeldi. (Boletim
técnico 8). 1946.
HODGE, W.H. The South american sapote. Economic Botany, vol. 14, n. 3, p. 203-206. 1960.
MENDES, et al. Tabela de composição de alimentos. Niterói: EDUFF. 1995.
MILLER, G. L. Use of dinitrosalicylic acid reagent for determination of reducing sugar. Analytical
Chemistry, v. 31, n. 4, p. 426, 1959.
ROBYNS, A. Flora of Panamá. Annals Missoury Botanical Garden, vol. 51, n. 1-4, p. 37-68. 1964.
TACO- Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Campinas, UNICAMP, 2006. Disponível
em: www.unicamp.br/nepa/taco. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2011.

Tabela 1 - Análises físico-químicas da polpa de sapota.


Análises Média
Umidade (%) 93.67±1.76
Cinzas (%) 0.29±0.01
Proteínas (%) 0.54±0.14
Lipídeos (%) 0.18±0.00
Carboidratos (%) 5.42±0.03
Açúcares totais (%) 7.06±0.22
Sólidos Solúveis (%) 12.20±0.56
pH (%) 6.83±0.03
Acidez (%) 0.11±0.01
Fibras totais (%) 11.94±0.1
Pectina Total (%) 5.24±0.18
Pectina solúvel (%) 1.82±0.01
Valor médio ± desvio padrão de três repetições (resultados expressos em base úmida).

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