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Platão, segundo Rafael Sanzio de Urbino, detalhe do afresco intitulado: A Escola de Atenas (1512-1514)
[1] Cit. por Kunzman – Burkard – Wiedmann, in: Atlas de la Philosophie, trad. francesa de
Desanti, Droit et alii, Paris: Librairie Genérale Française, 1993, p. 39
[2] PLATÃO, Diálogos. (Tradução e notas de J. Paleikat e J. Cruz Costa; seleção de textos
de J. A. Motta Peçanha). 4ª edição. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 106.
2 – As Idéias existem de forma objetiva, ou seja, independentemente do
nosso pensamento. Em que pese o fato de serem independentes dele, podem
por ele ser conhecidas. Em decorrência disso, a doutrina platônica foi
caracterizada pelos estudiosos como um idealismo objetivo. Por exemplo: o
fato de que, para além de constatarmos a existência de seres vivos como
moscas, peixes ou cavalos, reconheçamos neles a característica comum de
animais, isso indica que existe um arquétipo comum, “animal”, que está
presente de alguma forma em todos os animais e que determina a sua maneira
de ser. O fato de que o nosso entendimento possa conhecer as Idéias (ou seja,
os arquétipos subsistentes do real, que existem fora de nós), faz com que
Platão seja considerado pelos estudiosos como o fundador da perspectiva
realista ou transcendente, ou seja, aquela que pressupõe que o entendimento
humano tem acesso à coisa em si. Esta perspectiva contrapõe-se à
transcendental, que parte do pressuposto de que o nosso entendimento
somente pode ter acesso aos fenômenos (àquilo que aparece), não às coisas em
si; esta perspectiva foi formulada e sistematizada, no século XVIII, por Hume
e Kant [3].
3 – Platão, por outro lado, postula a teoria dos dois mundos. O primeiro é
o mundo visível ou sensível, no qual se desenvolve a nossa existência e que
está submetido à mudança e à degradação. O segundo é constituído pelo
mundo inteligível (que fundamenta a essência do primeiro). É o mundo das
Idéias imutáveis. Este é um mundo do tipo que os Eleatas encontravam como
próprio do Ser: é o reino da permanência e da imutabilidade. No diálogo
Fédon é clara a contraposição que Platão faz desses dois mundos, sendo que o
de baixo, aquele em que habitamos, é caracterizado pela precariedade, ao
passo que o de cima, o verdadeiro, é um mundo de luz e de perfeição.
Cf. PAIM, Antônio. Roteiro para o estudo da Crítica da Razão Pura de Immanuel
[3]
Kant. Juiz de Fora: UFJF - Curso de Mestrado em Filosofia, 1984, p. 2, (mimeo.).
luz verdadeira e a terra verdadeira – assim como os peixes, que sobem do mar,
vêem o que há em nossa terra! Esta parte da terra em que nos achamos, as
próprias pedras e suas diferentes regiões, estão corroídas e desgastadas, assim
como está desgastado e corroído pela água salgada tudo o que há no mar (....).
Quanto à outra terra, constituída como é, tudo o que aí existe, existe
adequadamente – árvores, flores e frutos; do mesmo modo, por sua parte, as
montanhas; e as pedras aí têm, proporcionalmente, muito mais beleza quanto
ao polimento, transparência e coloração: e as pedrarias de cá embaixo, as
pedrarias que qualificamos de preciosas, nada mais são do que suas lascas (...).
Enfim, nessa remota região, se não há nada comparável às coisas daqui, tudo é
muito mais lindo e mais precioso (...)” [4]
O “Rei Sol”, no portal que dá acesso ao Palácio de Versailles, em Paris, onde Luis XIV (1638-1715)
organizou a sua corte ao redor do trono real: imagem moderna do “Rei Filósofo”
[6] Cit. por Kunzman – Burkard – Wiedmann. Atlas de la philosophie, ob. cit., p. 39.
que a ultrapassa em elevação e força” [7]. Um pouco mais adiante, nesse
mesmo texto, Platão completa assim o seu pensamento: “(...) O sol dá aos
objetos visíveis não somente a faculdade de serem vistos, mas ainda lhes
fornece a gênese, o crescimento e o alimento, em que pese o fato de ele não se
restringir a ser essa gênese”.
TIPOS DE CONHECIMENTO
A alma, por sua vez, possui três partes: a razão (faculdade que é portadora da
fagulha divina que os homens levam consigo), a coragem (a parte nobre) e os
apetites (a parte inferior). A razão é simbolizada por Platão como o cocheiro
que conduz o carro, sendo que a coragem é o cavalo que obedece e os apetites
são simbolizados pelo cavalo rebelde. Três virtudes emergem, segundo o
filósofo, dessas partes da alma: a sabedoria (da razão), a perseverança (da
coragem) e a moderação (dos apetites controlados pela razão). No entanto, há
uma virtude que, presente na alma, permite ao homem estabelecer um
equilíbrio harmonioso entre as três virtudes mencionadas: ela é a justiça
(dikaiosyné).
[14] HEBREU, Leão. Diálogos de Amor. (Texto fixado, anotado e traduzido por Giacinto
Manupella). Volume II – Versão Portuguesa – Bibliografia. Lisboa: Instituto Nacional de
Investigação Científica, 1983. Devido ao fato de o autor ter sido expulso pela Inquisição
portuguesa para Espanha (onde a Inquisição também o perseguiu, tendo seqüestrado o seu
filho), Leão Hebreu terminou escrevendo a sua obra na Itália, sendo a primeira versão da
mesma composta em italiano.
[15] LEIBNIZ, Gottlibeb Wilhelm. Nuevo tratado sobre el entendimiento humano.
(Tradução ao espanhol e prólogo de Eduardo Ovejero y Maury). Buenos Aires: Aguilar,
1980, 2 vol.
[16] Cf. SILVA, Vicente Ferreira da. Obras completas. (organização e Prefácio de Miguel
Reale). São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia, 1964, 2 vol.
filósofo, a estrutura da realidade alicerçada no Sumo Bem e nos Arquétipos
nele subsistentes, ocupa o lugar da antiga teomaquia (ou combate entre os
deuses, que teria dado origem ao Cosmo). O diálogo equivale, no pensamento
platônico, ao rito, na estrutura mítica. È no diálogo que acontece a magia da
revelação da verdade para os homens que dele participam.