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A. Estado da Arte – Pesquisas Bibliográficas Esse sistema PILC tem naturalmente variáveis endógenas,
Em função das pesquisas realizadas pelo Grupo de traba- que podem explicar os defeitos e envelhecimento, mas que
lho junto à literatura especializada e visitas técnicas a con- sozinhas não afetariam os parâmetros de vida e desempenho.
cessionárias, fabricantes e Universidades nacionais e inter- As variáveis exógenas destacadas, tensão, corrente tempera-
nacionais, foram levantados as principais técnicas de cons- tura e umidade, fazem parte da solicitação elétrica no siste-
trução empregadas na fabricação dos cabos tipo PILC, defei- ma PILC e sua resposta, mais alguma outra interferência do
tos típicos que ocorrem nesses cabos e em seus acessórios, meio ambiente.
técnicas e equipamentos disponíveis no mundo para auxiliar Finalmente as variáveis de resposta são aquelas que quan-
na manutenção preventiva de circuitos com cabos secos e do do o sistema PILC estiver solicitado, interna e externamente
tipo PILC e, ainda, empresas e institutos de pesquisa que indicarão os resultados de desempenho deste sistema e for-
têm desenvolvido estudos visando à definição de novas téc- necerá os dados comparativos entre os diversos fatores.
nicas neste sentido. Foram levantadas, também, as principais A análise de todas as eventuais interações entre variáveis
características construtivas, dimensionais e elétricas dos e desempenhos foi feita através de experimentação fatorial e
Cabos PILC’s e de seus acessórios instalados nas redes sub- análise de variância com 2 classificações.
terrâneas de média tensão da AES Eletropaulo, bem como, o
de ocorrências e causas prováveis de defeitos de ocorrências
C. Desenvolvimento de Estudos para Verificar se o Sistema
que provocaram interrupções no sistema subterrâneo da
já atingiu seu limite de vida útil
ELPA no período 2001 - 2009, destacando para os circuitos
de cabo PILC se a falha ocorreu no cabo ou nos seus acessó- O desenvolvimento dos estudos e pesquisas de engenharia
rios e eventuais reincidências de defeitos registrados. sobre o sistema de diagnóstico e identificação de possíveis
pontos de falhas em cabos subterrâneos tipo PILC analisou o
sistema de distribuição subterrâneo da AES-Eletropaulo
B. Hipóteses e Conjecturas sobre Defeitos Elétricos em Ca- construído com cabos PILC sob diferentes enfoques, entre
bos PILC eles:
Para a elaboração das hipóteses e conjecturas sobre defei- Parâmetros de níveis de tensão e de temperatura do
tos elétricos em cabos PILC foram estudadas e elaboradas condutor decorrentes do Regime Operacional ao quais os
considerações sobre as características construtivas dos cabos circuitos foram e poderão ser submetidos.
PILC, dos acessórios utilizados em instalações com cabos Nos estudos voltados a verificação da existência de pon-
PILC e instalações de sistemas reticulados com cabos PILC tos quentes nos cabos PILC e seus acessórios e carregamen-
utilizados pela Eletropaulo, destacando-se os principais me- tos atuais dos alimentadores construídos com cabo PILC,
canismos de falhas. foram analisados diferente fatores, tais como, determinação
Com a presença de muitas variáveis endógenas e exóge- dos pontos quentes dos cabos subterrâneos, determinação
nas no sistema PILC não existe à primeira vista uma hipóte- das correntes e temperaturas de operação, crescimento de
se ou conjectura única que possa explicar as falhas neste carga da região atendida, correntes na cobertura de chumbo,
sistema, a despeito de todas as evidências sobre o papel das efeitos de proximidade e correntes de fuga do condutor para
emendas nas estatísticas de falhas. Existem boas razões para a camada condutora externa, relacionados diretamente com
implicar uma variável com outra e por que não dizer até pontos de aquecimento nos cabos isolados. Sendo conside-
mais de duas variáveis atuando simultaneamente. rados, também, os conceitos de degradação do papel isolan-
Assim, o sistema PILC representado na Figura1 poderá te, perfis de instalação e pontos de drenagem.
ser observado por duas variáveis de resposta: O ângulo de Sob estes aspectos, conforme verificados nas simulações,
perdas e as DP descargas parciais, evidentemente deixando nenhum trecho de alimentador com cabo PILC superou seu
para esta última variável um papel muito mais relevante. limite térmico (ou operativo) em regime normal de opera-
ção. Análise de amostras de cabos PILC retiradas da Rede
da ELPA, cabos 2/0 AWG de cobre com tempo de instala-
ção superior a 50 anos, enviada para ensaios em Laboratório
de Alta Tensão, não revelou anormalidades quanto às cor-
rentes de fuga devido à característica capacitiva dos cabos
PILC, nem quanto a níveis de descargas parciais. Assim, os de polimerização do papel feitas pelos dois laboratórios,
aquecimentos dos condutores dos cabos PILC verificados estão dentro de uma faixa bem caracterizada e o limite infe-
foram originados exclusivamente pela corrente normal de rior desta faixa é aceito internacionalmente, para atestar a
operação. existência de vida útil remanente das amostras de cabos
Envelhecimento da camada isolante em papel Kraft PILC analisadas.
dos Cabos PILC A blindagem metálica
Este capítulo apresentado no trabalho foi dedicado a uma No cabo PILC (Paper Insulated Lead Covered) a blinda-
análise de pontos que mesmo não passando pelo crivo de gem metálica hermética é essencial, seja para preservar as
método científico tem informações relevantes dentro daque- características do papel impregnado contra a penetração de
las obtidas no projeto. umidade, seja para prover o confinamento do campo elétri-
A degradação do dielétrico (massa-papel) co. O hermetismo contra penetração de umidade ou outros
A degradação do papel impregnado se manifesta em dois contaminantes deriva da degradação do conjunto massa-
mecanismos: Térmico e Elétrico. Parece não haver interação papel na presença destes, enquanto que o confinamento do
entre os dois na faixa de 20ºC e 100ºC e isto foi levado em campo eletromagnético vem da necessidade de melhor ex-
conta neste trabalho. A degradação térmica esta ilustrada na ploração da rigidez do conjunto (massa-papel) e garantia de
figura 2 abaixo e neste a forma usada foi medida através do que não existam campos elétricos maiores do que aqueles
grau de polimerização da celulose. A literatura reporta que a projetados. A grande maioria dos cabos PILC instalados no
celulose nova possui um grau de polimerização cerca de Brasil possuem cabos com blindagens metálicas de
1500 meros (ou seja, a cadeia principal da celulose possui CHUMBO. Estas, todavia, têm sido substituídas por
cerca de 1500 meros), enquanto que a celulose degradada ALUMÍNIO ao longo do tempo.
possui um grau de polimerização cerca de 500 meros. Uma Inventário sobre ocorrências de falhas no sistema
celulose com grau de polimerização cerca de 200 deve ser subterrâneo MT da Eletropaulo
considerada completamente degradada. Este parâmetro foi O inventário realizado tomou em consideração os dados
do período 2001 - 2009, pois para tempo mais longo não
existiam estatísticas nem anotações sobre eventos de falhas.
Neste período foram registradas 313 ocorrências que envol-
veram desligamentos do Sistema Reticulado de Média Ten-
são (com cabos secos e com cabos tipo PILC), com a evolu-
ção mostrada no Gráfico 1. O gráfico 2 apresenta as ocor-
rências registradas somente com cabos e acessórios nas re-
QUEBRA LIGAÇÕES GLICOLÍTICAS des com cabos tipo PILC e com cabos secos e acessórios
ABRE ANÉIS DE GLICOSE
(EPR/XLPE).
DEGRADAÇÃO TÉRMICA
Figura 2. Degradação Térmica do Dielétrico
retas.
E. Instalação Piloto com Ambiente Controlado
Para validação das metodologias e processos constantes
do Sistema de Diagnóstico desenvolvido, foram montados 4
(quatro) corpos de prova representado eletricamente o sis-
tema subterrâneo MT com cabos PILC da AES-Eletropaulo,
em uma instalação Piloto com ambiente controlado construí-
da no Laboratório de Alta Tensão da UNIFEI – fig. 5, Os
fatores analisadas foram: temperatura do condutor (ambiente
Figura 5. Desenho Técnico do Terminal e aquecido a 85 ºC) e o desnível dos cabos (sem desnível e
Para análise da compatibilidade dos materiais e desempe- desnível de 8 metros). A variável de verificação foi à pre-
nho dos componentes de emendas híbridas, emendas PILC e sença de descargas parciais.
terminais as amostras retiradas da rede foram abertas e mi-
nuciosamente analisadas.
No que tange à compatibilidade dos materiais utilizados
em emendas híbridas o Grupo levantou algumas questões
sem respostas e recomendou, caso a Eletropaulo opte por
continuar utilizando esta tecnologia neste tipo de emenda, é
necessário refazer a engenharia dos materiais, com separa-
ção entre os dielétricos laminares (papel nos cabos PILC) e
os sólidos (cabos XLPE ou EPR). Por exemplo, o material
do componente retenção do óleo do cabo PILC tem dilata-
ção diferente do papel impregnado de óleo. Este retentor é
feito com elastômero selante, com propriedades dielétricas.
O seu envelhecimento decorrente de fadigas devidas aos
ciclos térmicos originados pelos condutores da linha de dis- Figura 7. Modelo Piloto utilizado nos ensaios no LAT-EFEI
tribuição MT, permitem a migração do óleo mineral isolante As medições de Descargas Parciais nestes corpos de pro-
para o condutor XLPE, provocando o inchamento da cama- va, além das realizadas pelo LAT-EFEI, foram também rea-
da isolante sintética deste cabo e a formação de micros vazi- lizadas pela TECHIMP com equipamento do mesmo modelo
os favorecendo o surgimento de descargas parciais, que po- fornecido à AES-ELETROPAULO seguindo a mesma me-
derão levar a emenda híbrida à falha. Fatos como este justi- todologia especificada para as medições em Campo. A tabe-
ficam porque mais de 60 % das falhas no sistema têm como la 6 mostra os valores de DP obtido das medições, para os
causa as emendas hibridas. arranjos com desnível de 8 metros.
Os conectores das amostras de emendas analisadas esta- Nos ensaios conduzidos com tensão 1,5 E0 (18 kV) du-
vam operando abaixo do carregamento máximo previsto rante 1000 horas as descargas parciais não apresentaram
para o condutor do cabo, cuja máxima temperatura de ope- RELEVÂNCIA. Os cabos continuaram a desempenhar bem,
ração prevista em projeto é de 80°C. a despeito de valores de DP verificados nas emendas proje-
A figura 5 acima apresenta ilustrar a desmontagem de tadas e confeccionadas com a engenharia reversa. Na litera-
uma emenda para a sua reengenharia e análises. tura também isto foi corroborado por dados de desempenho
Uma função importante de um terminal de cabo isolado é adequados com cabos apresentado até 3000 pC. Deste modo
a deflexão do campo elétrico no trecho após a blindagem apenas o valor detectado de DP não se mostra significativo
metálica, para que não haja concentrações indesejáveis de para indicação de ação de manutenção.
campo elétrico. Constatou-se que nos terminais de cabo As Medições de DP realizadas pela TECHIMP mostraram
PILC examinados o cone de material isolante, envolvido por as funcionalidades de seus equipamentos de localização de
camada semicondutora e depois por camada condutora, focos concentrados de Descargas Parciais em acessórios
cumpre esta função. (Emendas e Terminais), bem como as descargas geradas ao
Uma observação importante levantada refere-se à massa longo dos cabos.
isolante de cor preta utilizada na emenda reta, diferente da Pela relativa complexidade dos fenômenos elétricos en-
massa impregnante especificada no projeto original (polibu- volvidos, as aquisições de dados e suas interpretações “in
loco“ para tomada de decisão quanto ao prosseguimento e ainda fabricam cabos com esta tecnologia vendiam apenas
direcionamento das medições, deverão ser feitas por pessoal lotes muito grande.
devidamente qualificado.
Tabela III. Valores DP com desnível de 8 metros Para compatibilizar o custo do projeto com o orçamento
dedicado houve a necessidade de fazer a engenharia rever-
sa de terminais e emendas com os desenhos usados então.
Este capítulo foi chamado de engenharia reversa dos aces-
sórios. Descrito com muito detalhe no corpo deste relatório,
merece apenas com finalização que a maioria das falhas
nas emendas híbridas ocorre na região do conector sob o
material de separação dos dielétricos. Isto pode configurar
as causa do modo de falha recorrente; “A incompatibilida-
de de materiais”.
D. Experimentação fatorial
A. Inventário sobre ocorrências de falhas
Esta experimentação foi desenvolvida devido a modificação
F. O inventário tomou em consideração os dados desde o da rota do projeto (Engenharia reversa dos acessórios). Os
ano 2000, pois para tempo mais longos não existiam estatís- fatores analisadas foram: temperatura (quente e frio) e o
ticas nem anotações sobre eventos de falhas. Algumas in- desnível (o metro e 8 metros). A variável de verificação foi a
formações descritas oralmente, por experiências de eletri- presença de descargas parciais.
cistas da empresa, indicavam desempenho prejudicado de
emendas híbridas (PILC-XLPE ou PILC-EPR) e alguns A variável temperatura mostrou-se significante (maior a
erros de origem (p.e. a data de eventos tinha a precisão de temperatura maior o nível de descargas parciais), enquanto
meses), porém para um largo tempo de desempenho, as in- a presença de desnível não era significante num ensaio de
ferências não foram prejudicadas. Deste inventário emergi- 1,5 Eo (18 kV) durante 1000 horas.
ram com força que realmente as emendas híbridas tinham
uma contribuição de 66% no conjunto de todas as falhas
observadas, seguindo os cabos e por fim os terminais. E. Papel das descargas parciais
B. Confiabilidades dos componentes Nos ensaios conduzidos com tensão 1,5 E0 (18 kV) durante
1000 horas as descargas parciais não apresentaram
Os dados tratados com a estatística de WEIBULL apresen- RELEVÂNCIA. Os cabos continuaram a desempenhar bem,
taram um MTTF≈32 anos (MTTF – Tempo médio pta 1º a despeito de valores de DP verificados nas emendas proje-
falha), o que permite esperar uma vida de pelo menos 60 tadas e confeccionadas com a engenharia reversa. Na lite-
anos para este tipo de cabo. Apenas para facilitar a compa- ratura também isto foi corroborado por dados de desempe-
ração o MTTF de cabos EPR e XLPE nas construções usu- nho adequados com cabos apresentando até 3000 pC. Deste
ais neste País são da ordem de 18 e 15 anos, respectiva- modo apenas o valor detectado de DP não se mostra signi-
mente. ficativo para indicação de ação de manutenção. Sobre este
G. Engenharia reversa de acessórios aspecto o Grupo de Pesquisa propõe a continuidade de
estudos para analisar a eficiência da metodologia para a
H. Por necessidade de adquirir: Cabos Emendas e Termi- indicação de ações de manutenção determinada sobre a
nais dos tipos usados antes de 1976 a evolução do projeto base da tendência, que não está relacionada com a ampli-
ficou muito comprometida, pois os fabricantes mundiais que tude DP, mas está relacionado com a tendência da DP ao
longo do tempo e o estabelecimento de limites, com base
em medições futuras de DP pelas suas equipes de manuten- V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ção. Concluiu também que a técnica de medições de DP
propostas pela consultoria internacional e as funcionalida-
des dos equipamentos adquiridos pela ELPA para o Proje-
to, mostraram-se eficientes na localização de focos concen-
trados de DP geradas em acessórios (emendas e terminais)
e ao longo dos cabos.