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Introdução ao Estudo do Parentesco: a rede Kraho

Carlos Melo de Oliveira Paulino


Departamento de Antropologia,
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo

1. Objetivos resultados são apresentados na Tabela 2.


O objetivo da pesquisa foi a descrição e análise
Tabela 1: Totais gerais
simplificada do sistema de aliança do povo
indígena Kraho. Percursos Anéis Implexos
A1C1 54 54 28
2. Métodos A2C1 64 32 20
Os dados genealógicos utilizados na pesquisa
foram coletados e gentilmente cedidos pelo A3C1 57 19 10
professor e pesquisador da UnB Julio Cezar
A2C2 6256 3128 1121
Melatti. Inicialmente, os dados foram
digitalizados numa planilha para que pudessem A3C2 5733 1911 722
ser inseridos no programa MaqPar para o A3C3 560790 186930 40520
processamento da rede de parentesco. Alguns
indivíduos inexistentes nos dados de origem Total 572954 192074 42421
foram inseridos através de dedução lógica para
permitir à máquina o cálculo de certas relações Tabela 2: Anéis impien/iprõ (A2C2)
de germanidade. A versão da MaqPar utilizada BWZ MBWZ BWFZ FZHB ZHMB
foi a 2P que processa sequências
consanguíneas de até 6 conexões. O Anéis 124 8 2 6 11
processamento em versões mais robustas da
máquina capazes de processar sequências Os dados mostram um número significativo de
mais longas se mostrou inviável devido a casamentos entre pessoas que se tratam
limitações de ordem técnica computacional. respectivamente pelos termos impien/iprõ.
Foram criadas consultas SQL no programa
para permitir que o mesmo identificasse os 4. Conclusões
parentes de um indivíduo qualquer de acordo Embora os dados estejam de acordo com a
com as categorias nativas. Os dados gerados hipótese levantada por M. E. Ladeira em seu
pelo programa foram analisados a luz da trabalho sobre o parentesco de tribos Timbira,
bibliografia existente sobre o povo e a cultura a pesquisa ainda precisa ser aprofundada
Kraho, teorias do parentesco, sistemas de levando em conta outros tipos de relações além
parentesco do tipo Crow e o guia de referência de casamento e filiação, como nominação e
da MaqPar. A pesquisa contou ainda com uma amizade formal.
entrevista presencial com J. C. Melatti que
coletou os dados utilizados e produziu extensa
bibliografia sobre o povo Kraho ao longo das 5. Referências
últimas décadas. LADEIRA, Maria Elisa. A troca de nomes e a
troca de cônjuges – uma contribuição ao
estudo do parentesco Timbira. São Paulo,
. Resultados 1982.
A rede Kraho analisada é composta por 1031
indivíduos e 325 casamentos. Os percursos, MELATTI, Julio Cezar. O Sistema de
anéis e implexos se dividem entre as Parentesco do Índios Kraho. Brasília, 1973.
categorias da MaqPar conforme mostra a
Tabela 1. Tendo em vista a terminologia MaqPar e guia de referência disponíveis em:
classificatória nativa, foram buscados alguns http://maqpar.zip.net
anéis específicos dentro do tipo A2C2 cujos

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