Você está na página 1de 4

Pppppppppp

UFU
XVIII Colóquio de Usinagem
04 e 05/12/2014
Organização
Faculdade de Engenharia Mecânica - FEMEC/UFU
Idealização
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Usinagem - LEPU/UFU

DESEMPENHO DOS LUBRIFICANTES SÓLIDOS NA USINAGEM DA


LIGA Ti-6Al-4V
Ricardo Ribeiro Moura, ricardoribeiromoura@gmail.com1
Daniel Tabak, danieltabak@outlook.com1
Márcio B. Da Silva, mbacci@mecanica.ufu.br1
1
Faculdade de Engenharia Mecânica - FEMEC, Universidade Federal de Uberlândia - UFU. Av. João Naves de Ávila,
2121, Bloco 1O, Sala 2B, Campus Santa Mônica, CEP 38400-089, Uberlândia.

INTRODUÇÃO
As ligas de titânio se destacam devido a duas propriedades, resistência específica elevada e
excelente resistência à corrosão. Isso também explica o seu uso preferencial no setor aeroespacial,
indústria química e engenharia médica [1].
Segundo Ezugwu e Wang [2], o progresso na usinagem de ligas de titânio não manteve o
ritmo com avanços em usinagem como em outros materiais, devido à sua resistência mecânica em
altas temperaturas, baixa condutividade térmica, baixo módulo de elasticidade e alta reatividade
química que levam a elevada temperatura de corte e vibração. Assim, o sucesso na usinagem das
ligas de titânio depende em grande parte da superação dos principais problemas associados com as
propriedades inerentes destes materiais.
Uma grande porcentagem (cerca de 80%) do calor gerado na usinagem de liga de titânio Ti-
6Al-4V, é conduzida para a ferramenta, porque não pode ser removido com o cavaco ou dissipado
para a peça de trabalho devido à baixa condutividade térmica das ligas de titânio, devido a esta
característica é praticamente inviável a usinagem das ligas de titânio a seco [1].
Por se tratar de um material amplamente utilizando na indústria aeronáutica e de alto valor
agregado, qualquer avanço que leve a melhoria do processo é de extrema importância industrial e
científica.
A presente pesquisa concentra-se na usinagem com lubrificação sólida, contribuindo para uma
usinagem sustentável de materiais avançados de engenharia. Além disso, esta pesquisa passa a ser
uma alternativa à tradicionais técnicas de usinagem. Com os resultados obtidos será possível
analisar a viabilidade da utilização dos lubrificantes sólidos na usinagem de uma liga de baixa
usinabilidade como a Ti-6Al-4V.
Pesquisas recentes investigaram o uso de grafite como um meio lubrificante no processo de
usinagem para reduzir o calor gerado. O papel efetivo do grafite como lubrificante foi evidente a
partir da melhoria global do processo. Alguns trabalhos analisaram diferentes parâmetros do
processo como: forças de corte, temperatura, energia específica e rugosidade superficial, foram
observados e relatados como inferiores quando comparados com os resultados da usinagem com
refrigeração convencional [3, 4, 5].
A utilização do bissulfeto de molibdênio (MoS2) no processo de usinagem assistida, relatados
por [1, 6, 7, 8, 9, 10], mostram melhoria considerável no desempenho do processo quando
comparado com a usinagem utilizando fluido de corte convencional em termos de forças de corte,
qualidade da superfície e energia específica.
A utilização do MoS2 como lubrificante sólido diminuiu sensivelmente a rugosidade durante o
torneamento da liga Ti-6Al-4V, proporcionando um melhor acabamento da peça usinada [1].
A presente pesquisa se concentra na usinagem com lubrificação sólida, contribuindo para uma
usinagem sustentável de materiais avançados de engenharia. Além disso, esta pesquisa passa a ser
uma alternativa à tradicionais técnicas de usinagem. Com os resultados obtidos será́ possível
analisar a viabilidade da utilização dos lubrificantes sólidos na usinagem de uma liga de baixa
usinabilidade como a Ti-6Al-4V.

PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Os ensaios foram conduzidos nas dependências do Laboratório de Ensino e Pesquisa em
Usinagem da Faculdade de Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Uberlândia
(LEPU/FEMEC/UFU). Foi utilizado um Torno CNC ROMI Multiplic 35D, com rotação máxima de
3000 rpm. O corpo de prova de Titânio ASTM F136 grau 5, conhecido como liga Ti-6Al-4V, barra
cilíndrica com dimensão de Ø200 x 300 mm. Foi utilizado fluido de corte sintético Super Fluido 3
(fabricado pela Quimatic®) aplicado utilizando um sistema de Mínima Quantidade de Fluido
(MQL) e o fluido de corte solúvel sintético de base vegetal ME-3 (Quimatic®) aplicado pelo
sistema de jorro da própria máquina-ferramenta. As ferramentas utilizadas possuem o código
SNMG120408-SM 1105, metal-duro da classe S15, revestidas com TiAlN (PVD) e produzidas pela
Sandvik®.
Os testes foram realizados a seco, com jorro e com MQL, apenas com fluido de corte e com
solução contendo fluido de corte e lubrificantes sólidos. Na usinagem com jorro a vazão utilizada
foi de 4,2 l/min com concentração de 15%. As soluções utilizadas continham fluido de corte e
lubrificante sólido na proporção de 20% em peso. Foram utilizados o Grafite malha 625
(granulometria máxima de 20 µm), Grafite malha 325 (40 µm) e Bissulfeto de Molibdênio (MoS2, 6
µm). A Tabela 1 mostra as condições utilizadas nos testes experimentais.

Tabela 1 – Condições de corte

vc (m/min) f (mm/rev) ap (mm) Vbmáx. (mm)


130 0,20 1,00 0,60
150 0,20 1,00 0,60

O sistema de Mínima Quantidade de Lubrificante (MQL) utilizado foi o Accu-Lube® 02A0-


DMO, com pressão de 3 bar e vazão de 4 ml/min. Os 2 bicos nebulizadores do MQL foram
posicionados de forma a facilitar o escoamento do cavaco, sob a superfície de saída e aresta
principal de corte da ferramenta.

RESULTADOS
Os resultados experimentais obtidos são apresentados na Fig. 1, onde a vida da ferramenta é
significativamente afetada pelas condições de lubri-refrigeração utilizadas em cada teste. Na
usinagem da liga Ti-6Al-4V com lubrificante sólido, observa-se uma vida de ferramenta maior
quando comparado com as condições a seco, jorro e MQL ao se utilizar apenas fluido de corte.
Na velocidade de 130 m/min o aumento na vida da ferramenta quando utilizado o MoS2 como
lubrificante sólido em suspensão foi de 53%, quando comparado com o usinagem a Jorro
convencional. Utilizando a mesma comparação jorro x MoS2 na velocidade de 150 m/min, o
aumento na vida da ferramenta foi de 24%.
Existe uma pequena diferença entre os resultados obtidos entre os dois tipos de grafite,
mostrando que a granulometria menor foi mais eficiente em aumentar a vida da ferramenta,
colocando o GR625 a frente do GR325, confirmando os resultados em outras pesquisas [11, 12].
Figura 1 – Vida da ferramenta em diferentes condições de lubri-refrigeração.

CONCLUSÃO
o A utilização dos lubrificantes sólidos mostrou-se eficiente no aumento da vida da
ferramenta, proporcionando maior tempo de usinagem;
o Dentre os lubrificantes sólidos utilizados o MoS2 obteve os melhores resultados,
aumentando significativamente a vida da ferramenta;
o Na comparação entre os dois tipos de grafite utilizados, os melhores resultados foram
obtidos com o GR625 que possui menor granulometria;
o Os resultados mostram que a usinagem MQL com fluido e o Jorro apresentam resultados
próximos, não havendo diferença significativa entre os dois métodos de aplicação;
o A usinagem a seco apresentou o menor valor de vida dentre as condições testadas.

AGRADECIMENTOS
À CAPES, à FAPEMIG e ao CNPq pelo suporte financeiro.
Ao Laboratório de Ensino e Pesquisa em Usinagem – LEPU por disponibilizar os
equipamentos necessários para realização deste trabalho e a Faculdade de Engenharia Mecânica
(FEMEC/UFU) por disponibilizar os recursos físicos e humanos.
À Quimatic/Tapmatic pelo fornecimento dos fluidos de corte utilizados neste trabalho e pela
cooperação técnica.

REFERÊNCIAS
[1] MOURA, R. R.; SILVA, M.B. “Efeito do lubrificante sólido (MoS2) na rugosidade da liga
Ti-6Al-4V no torneamento”. VIII Congresso Nacional De Engenharia Mecânica, 8˚ CONEM,
Uberlândia: ABCM, v. CD-ROM, 2014.
[2] EZUGWU, E.O.; WANG, Z. M. “Titanium Alloys and their Machinability – a review”,
Journal of Material Processing Technology, v. 68, p. 262-274. 1997.
[3] VENUGOPAL, A.; RAO, P. V. “Performance improvement of grinding of sic using
graphite as a solid lubricant”. Materials and Manufacturing Processes, v. 19, p. 177–186. 2004.
[4] SHAJI, S.; RADHAKRISHNAN, V. “An investigation of a solid lubricant molded grinding
wheels”. International Journal of Machine Tools and Manufacture, v. 43, p. 965–972. 2003.
[5] KRISHNA, P. V.; RAO, D. N. “Performance evaluation of solid lubricants in terms of
machining parameters in turning”. International Journal of Machine Tools and Manufacture, v. 48,
p. 1131-1137. 2008.
[6] REDDY, N. S. K.; RAO, P. V. “Experimental investigation to study the effect of solid
lubricants on cutting forces and surface quality in end milling”. International Journal of Machine
Tools and Manufacture, v. 46, 189–198. 2006.
[7] KHAN, M. M. A.; DHAR, N. R. “Performance evaluation of minimum quantity lubrication
by vegetable oil in terms of cutting force, cutting zone temperature, tool wear, job dimension and
surface finish in turning aisi- 1060 steel”. Journal of Zhejiang University—Science A, v. 7, p.
1790–1799. 2006.
[8] REDDY, N. S. K.; NOUARI, M. “The influence of solid lubricant for improving
tribological properties in turning process”. Lubrication Science, v. 23. 2011.
[9] MUKHOPADHYAY, D.; BANERJEE, S.; REDDY, N. S. K. “Investigation to study the
applicability of solid lubricant in turning of AISI 1040 steel”. ASME – Journal Of Manufacturing
Science And Engineering, v.129, p.520-526. 2007.
[10] BAGCHI, H.; MUKHARJEE, N. P.; BASU, S. K. “Investigation of metal cutting using
molybdenum disulphide as a cutting fluid”. Industrial Lubrication And Tribology, p. 239–243.
1972.
[11] RAO, N. D., KRISHNA, V. P., 2008. “The influence of solid lubricant particle size on
machining parameters in turning”. Int. J. Mach. Tools Manuf. 48, 107–111.
[12] BECK M.; YUAN Y.; WARRIER P. “The effect of particle size on the thermal
conductivity of alumina nanofluids”. Journal Nanopart Res 2009; 11(5): 1129–1136.

Você também pode gostar