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REGIONAL CATALÃO
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
elaborado por
Michael Fellipe de Sousa Almeida
______________________________________
Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Moura (Orientador)
Universidade Federal de Goiás
______________________________________
Prof. Me. Nome do Membro da Banca 1
Universidade Federal de Goiás
______________________________________
Prof. Esp. Nome do Membro da Banca 2
Universidade Federal de Goiás
DEDICATÓRIA
A Deus, princípio e fim de todas as coisas, refúgio e sustento para construção e finalização
deste.
Às duas mulheres essenciais em minha vida. À Ilma Sousa, minha mãe e à Maria Ana Romeiro,
minha avó. Pessoas marcadas pelos desafios e que sempre com amor regaram meus dias com
zelo e afeto, me ensinando que dificuldades nunca serão empecilhos capazes de nos fazer
desistir. A elas sou eternamente grato e dedico não só este trabalho, como minha graduação e
todo meu esforço para chegar até aqui.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por sempre ser sustento e abrir as portas para finalizar este trabalho.
Aos familiares e amigos, pelo suporte e pela torcida durante essa jornada.
Aos senhores Otoniel e Sérgio Mesquita por darem liberdade e total acesso à pesquisa em sua
empresa e oferecerem suporte total às dúvidas e questionamentos.
Ao professor Ricardo Ribeiro Moura, por acompanhar e orientar durante cada passo na
trajetória da finalização deste.
v
“Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos”
Cora Coralina
vi
RESUMO
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
2. REFENCIAL TEÓRICO 3
2.1 Estudo dos métodos 3
2.1.1 Ferramentas de análise e solução de problemas 5
2.1.2 Projeto de postos de trabalho: ergonomia 10
2.2 Estudo de tempos e movimentos 13
2.2.1 Cronoanálise 13
2.2.1.1 Fator de ritmo e Tempo normal 15
2.2.1.2 Fator de tolerância e Tempo padrão 16
3. METODOLOGIA 17
4. RESULTADOS 19
4.1 Apresentação da empresa 19
4.2 Análise do projeto de trabalho 19
5. CONCLUSÃO 35
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
7. ANEXOS 42
8. APÊNDICES 44
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
O estudo de métodos de trabalho se faz como uma investigação contínua e sem fim, isto
porque a maneira com que se trabalha e se realizam as operações nunca deixa de mudar,
portanto o analista e/ou engenheiro, precisa estar atento às necessidades de aperfeiçoamento
das operações e as alterações necessárias (SCHIMID, 1957, p.12).
Peinado e Graeml (2005, p.89) ilustram este estudo sendo uma
[...] atividade dedicada à melhoria e desenvolvimento de equipamentos de
conformação e processos de produção para suportar a fabricação. Preocupa-se em
estabelecer o método de trabalho com relação a ajuste de máquinas, manuseio e
movimentação de materiais, layout, ferramentas e dispositivos específicos, medição
de tempos e racionalização de movimentos. (PEINADO; GRAEML, 2005, p.89)
4
partir da definição é preciso que se (e) recomende a ação, visto que a proposição é de comunicar
ao operador que executará, as especificidades e mudanças atreladas ao processo.
Além de oferecer panorama geral da metodologia aplicada nos processos, o projeto do
trabalho possibilita maior percepção de todo o processo, apontando não só o comportamento
quanto aos métodos, mas também elencando o que a análise de tempos não consegue assimilar
em suas investigações. Isto porque o fator humano apresenta grande variação no
comportamento dado os diferentes aspectos de cada operador, quanto as habilidades, a força e
as vontades (MARTINS; LAUGENI, 2005, p.15-16).
Os benefícios e sua aplicabilidade estão atrelados desde o estabelecimento de
padronização dos processos através das formulações de programas e roteiros produtivos que
dimensionem melhor os recursos, o nivelamento de parâmetros de desempenho do ambiente
fabril e seus aspectos, o fornecimento de dados efetivos, até mesmo à análise de custos de
operação e produção, formulação de roteiros, dentre outros (DIAS, 2015, p.60-63).
Além disso, conforme elucidado por Barnes (1986, p.40-41), a eliminação de trabalhos
desnecessários nas operações traz benefícios quanto aos custos, isso porque não haverá
interrupções e atrasos no desenvolvimento da atividade e, quanto ao treinamento, visto que a
resistência por meio dos operários a novas tarefas diminui quando estes percebem a diminuição
do esforço e carga de trabalho. Isto posto, a melhor maneira de simplificar o processo é optar
por alternativas que promovam obtenção de mesmos resultados ou melhores, com custos
menores ou até próximo a zero.
Dias (2015, p.57) aponta que todo o projeto do trabalho envolve decisões globais e locais
que, apesar de sua inter-relação, precisam ser bem definidas em cada uma das atividades e
trabalhos na produção. Isto é, investigar as atividades de forma local e para isso, analisar passo
a passo todo o processo de fabricação (BARNES, 1986, p.46). Alguns questionamentos compõe
o pensamento crítico na elaboração a elaboração do projeto tais como “Quais tarefas devem ser
alocadas a cada pessoa na operação?”, “Onde o trabalho deverá ser alocado no processo?”,
“Quais as condições devem ser respeitadas no ambiente de trabalho?”, “Quais as habilidades
que devem ser desenvolvidas pelos operários na realização?”, dentre outros.
Algumas ferramentas servem, tanto como instrumentos de mensuração, como critérios
que possibilitam estabelecimento de níveis de desempenho e critérios de avaliação e
investigação se o processo possui capabilidade necessária à aplicação. E de fato, atrelam-se à
6
premissa básica do projeto de trabalho de eliminar partes que não agregam valor ao produto
e/ou processo, simplificando a operação e o processo global como um todo, identificando
atrasos, distâncias de transporte, processos e requisitos de tempo e processamento (CHASE,
2003, p.130-131).
Este tópico apontará, de forma sucinta e direta, algumas das ferramentas propostas no
presente trabalho: Gráfico de Pareto, Redes PERT/CPM, Gráfico de Gantt, Fluxograma do
processo, Mapofluxograma, Carta de operações, Tabela de inter-relacionamento, Diagrama de
atividade homem-máquina e o Mapa do fluxo de valor.
O gráfico de Pareto ocupa-se, em suma, em destacar as divergências essenciais em
meio a problemas dados como triviais. Isto é, torna-se uma representação eficiente a fim de
destacar a relevância de cada uma das relevâncias envolvidas em processos e o quanto
interferem na problemática geral (PEINADO; GRAEML, 2007, p.546-547). Sua
representatividade se dá por meio de barras verticais que através de sua disposição, elucidam a
problemática através das variáveis que a compreendem e seus comportamentos quando
comparadas umas às outras (RODRIGUES, 2014, p.123-124). Conforme exposto por Menezes
(2013, p.23) essa análise de Pareto, favorece o diagnóstico de problemas (defeitos, altos custos,
mau funcionamento, reclamações, dentre outros) e abrange um número pequeno de causas
sendo que, caso sejam identificadas e tomadas as devidas correções, é possível diminuir de
forma considerável o nível de perdas no processo.
De modo geral, a análise de Pareto preocupa-se em elencar as variáveis com maior nível
de criticidade a fim de classificar prioridade, classificando seus elementos da melhor maneira
que auxilie e dê suporte à análise e à resolução de problemas. Há também, relação estreita com
o modelo de gráfico de curva ABC que tem grande valia no âmbito organizacional, em que se
aplica uma curva evidenciando as extremidades de cada variável e seus resultados acumulativos
(CARVALHO; PALADININ, 2012, p.362-363; MARTINELLI, 2009, p.143-145).
É importante entender, que para estudar o projeto de atividades e operações, em primeiro
lugar é elaborado um diagrama de redes, que aponta uma sequência lógica dos acontecimentos
ao longo do processo e a forma com que são interligados conforme sua coerência processual.
Neste sentido, a fim de dialogar com o comportamento da rede, a ferramenta PERT/CPM vem
ao encontro dessa premissa quando se propõe oferecer respaldo à coordenação de projetos
(PEINADO; GRAEML; 2007, p.491-492). Mesmo sendo abordados de maneiras tão íntimas,
existem considerações específicas para cada método que, em suma, sua diferença está na forma
em que se consideram os tempos das atividades. No PERT abordam-se três estimativas de
tempo: otimista, provável e pessimista sendo que, por meio dessas abordagens de tempo, pode-
7
a operação como num todo, fazendo uso também de ícones e premissas do fluxograma de
processos. Sua diferença para este último se dá na abrangência, sendo que preocupa-se no
desenvolvimento das atividades de forma macro apontando seus detalhes (SLACK;
CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p.104-105; BARNES, 1986, p.67-69).
A matriz de prioridade estabelece relação entre um par de variáveis (sendo elas
atividades do processo ou representações internas do projeto, por exemplo) e o tempo em que
isso ocorre (CAMAROTTO, 2007, p.13). Isso significa que observar o relacionamento entre
distância de movimentação e duração, apontam melhor abordagem quanto ao cálculo de custos
envolvidos no processo, bem como a elaboração de soluções viáveis a fim de resolver
problemas (ROWBOTHAM; GALLOWAY; AZHASHEMI, 2007, p.117-118).
Além disso, as tabelas de inter-relacionamento oferecem, como apontado por Slack,
Chambers e Johnston (2009, p.196-197), escopo para elaboração de fluxos de relacionamento
entre operações e sua importância, demonstrando isso de forma qualitativa. Isto é, dá suporte
ao desenvolvimento de layouts, custos de movimentação e de tempo de processamento
(ROWBOTHAM; GALLOWAY; AZHASHEMI, 2007, p.117-118). Camarotto (2007, p.13-
14) aponta que a matriz apresentará componentes do sistema atrelados aos fluxos entre
componentes, isto é, o que se movimenta, interligados pelos fatores de seu relacionamento, isto
é, o valor de relacionamento de componentes e fluxo.
Esses relacionamentos podem ser apresentados por alguns diagramas que elucidam a
informação de forma representativa e facilitada. A matriz “de-para” (ou cartas de-para),
ilustram os fluxos entre variáveis e a medida em que ocorrem as relações entre elas, podendo
dar escopo para decisão por níveis de importância, desde o mais prioritário até o menos
prioritário onde é auxiliada também por outra ferramenta que tem a mesma premissa: a matriz
triangular, que é capaz de apontar a totalidade da ocorrência das relações entre os fluxos
(ROWBOTHAM; GALLOWAY; AZHASHEMI, 2007, p.117-118).
O diagrama de atividade ocupa-se da premissa de analisar trabalhos que envolvam
ciclos, repetitividade e coordenação entre operações e a relação vigente na interface entre
homem e equipamento (CAMAROTTO, 2007, p.23). Logo de início é fácil entender evidências
reais de tempos de espera e ociosidade levando em consideração a intermitência desse trabalho,
isto é, o tempo de espera em que o operador alimenta o funcionamento da máquina, retira a
peça depois de ser processada pela mesma, ou até mesmo a ociosidade do empregado em
aguardar o processamento do equipamento (BARNES, 1968, p.78). Nesse caso, sugere-se uma
análise ainda mais detalhada de um diagrama que estabeleça a relação entre homem e máquina
no processo abordando suas cargas de trabalho, relação de trabalho, simultaneidade e tempos
10
1
Termo para o tempo de preparação de máquinas e equipamentos para o processamento;
2
Termo para o tempo que o produto tem para percorrer toda a cadeia, ou nesse caso, todo o fluxo de valor;
11
Sabe-se que para construir a ação ergonômica a partir do ponto de vista do trabalho é
preciso entender o processo e a sua representatividade e de como pode ser elaborado, construído
e elaborado. Nesse sentido é que a atuação da ergonomia encontra-se, atrelada ao que envolve
o fator humano nas atividades, isto é, sua saúde, o fator segurança na realização das mesmas,
junto às premissas para serem efetivadas nos processos, como flexibilidade e capacidade para
produtividade (GUÉRIN et. al, 2001, p.41-42).
Isso porque, segundo Barnes (1986, p.168-169), para encontrar a melhor maneira de
realização do trabalho é preciso entender os estímulos (percepção, decisão e ação) do indivíduo
a fim de que o mesmo seja favorecido pelo ambiente que favoreça seus sinais sensoriais para
melhor receber a informação. De forma prática, para projetar o método de trabalho é necessário
levar em conta a necessidade de que o operador realize sua atividade em menos tempo e com
mais facilidade, isto é, com o mínimo de esforço. Outro aspecto para essa elaboração é de que
sejam envolvidos na tarefa, o mínimo possível, seja de esforços, comprimento de movimentos
e membros do corpo envolvidos (BARNES, 1986, p.169).
Slack, Chambers e Johnston (2009, p.249) apontam aspectos importantes das diretrizes
de saúde ocupacional do trabalhador: a temperatura em que a atividade é exercida, iluminação
12
dos ambientes e como se relaciona quanto à execução das operações, exposição à ruídos e níveis
de segurança que o trabalhador deve ser submetido. Camarotto (2007, p.54) completa
apontando diversos fatores que contribuem para a prevenção da fadiga no ambiente de trabalho.
Em primeiro lugar, a análise de ritmo de trabalho, preocupando-se na frequência, velocidade,
repetitividade na realização das operações. Em seguida, as pausas que devem ocorrer durante a
jornada e que são de direito do trabalhador para que seu organismo se recupere. Por fim há o
cuidado da exposição do empregado aos fatores naturais e ambientais: químicos, físicos,
mecânicos, ergonômicos, além de riscos biológicos, dentre outros.
Iida (1990, p.232) denota que condições favoráveis no ambiente de trabalho que
favorecem a produtividade e gerem conforto durante as operações. Másculo e Vidal (2011,
p.72-73) ainda, destaca que os níveis de ruído devem estar de acordo com a NBR10152 devendo
estar em até 65 dB. Quanto à iluminação do ambiente, deve ser de modo uniforme levando em
conta aspectos que interfiram na realização do trabalho estando em conformidade à NBR5413.
Entende-se que projetar o trabalho engloba também a distribuição, alocação e
posicionamento dos aspectos que envolvem o ambiente de trabalho (CAMAROTTO, 2007,
p.55), isto é, favorecer o arranjo espacial dos recursos podendo ser eles máquinas necessárias
para as operações, peças, funcionários, setores e departamentos (GRABNER, 2017, p.184).
Slack et. al (1997, p.160) define o arranjo físico de uma organização.
O Arranjo físico de uma operação produtiva preocupa-se com a localização física dos
recursos de transformação. [...] definir o arranjo físico é decidir onde colocar todas as
instalações, máquinas, equipamentos e pessoal de produção [...] determina sua
“forma” e sua aparência. [...] Mudanças relativamente pequenas na localização de uma
máquina numa fábrica ou dos bens em um supermercado, ou a mudanças de salas em
um centro esportivo podem afetar o fluxo de materiais e pessoas através da operação.
Isto, por sua vez, pode afetar os custos e a eficácia geral da produção (SLACK et. al,
1997, p.160).
(2007, p.202-228), Slack et. al (1997, p.163-169), Dias (2015, p.74-78) e Grabner (2017, p.185-
187).
[...] o estudo sistemático dos sistemas de trabalho com os seguintes objetivos: (1)
desenvolver o sistema e o método preferido, usualmente aquele de menor custo; (2)
padronizar esse sistema e método; (3) determinar o tempo gasto por uma pessoa
qualificada e devidamente treinada, trabalhando em ritmo normal, para executar uma
tarefa ou operação específica; e (4) orientar o treinamento do trabalhador no método
preferido (BARNES, 1986, p.1).
2.2.1 Cronoanálise
Barnes (1986, p.272) traz uma definição clássica, porém atual sobre a técnica.
O estudo de tempos é usado na determinação do tempo necessário para uma pessoa
qualificada e bem treinada, trabalhando em ritmo normal, executar uma tarefa
especificada. [...] enquanto o estudo de movimentos é predominantemente analítico,
o estudo de tempos envolve medida. O estudo de tempos é usado para medir o trabalho
14
∑(𝑋𝑛 − 𝑋̅)2
δ=√ (1)
𝑁
δ
δ′ = (2)
√𝑁
Ainda segundo o autor, utiliza-se o nível de confiança de 95% e erro relativo de + 5%,
isto é, há 95% de chance de que o resultado divergirá mais do que 5% para mais ou para menos,
ou também com 90% de confiança com + 10% de erro. Portanto, a partir dessa informação
dispõe-se das Equações (3) e (4) que apresenta por meio N’ o número de ciclos que devem ser
observados a fim de atingir esse nível de confiança.
2
40√𝑁∑𝑋𝑛 2 − (∑𝑋𝑛 )2
𝑁′ = ( ) (3)
𝑋𝑛
2
20√𝑁∑𝑋𝑛 2 − (∑𝑋𝑛 )2
𝑁′ = ( ) (4)
𝑋𝑛
Com a classificação do ritmo da atividade pode-se então, calcular o tempo normal (TR),
relacionando o fator de ritmo ao tempo médio (TM) de se executar tal tarefa (CAMAROTTO,
2007, p.45). Para isso multiplica-se as duas variáveis, conforme elucidado pela Equação (6).
𝑇𝑁 = 𝑇𝑀 ∗ 𝐹𝑅 (6)
É importante ressaltar que o tempo normal não apresenta níveis de tolerância no seu
resultado, isto é, não considera interrupções, paradas estratégicas, esperas, dentre outros fatores.
É o tempo livre de outras interferências que corresponde ao tempo ideal para que o operador
realize em ritmo normal, entretanto, não há veracidade na análise quando se espera que o
trabalhador trabalhe sua jornada sem nenhuma interrupção (BARNES, 1986, p.313). Para essa
abordagem, preocupa-se em levantar os fatores de tolerância.
Slack, Chambers e Johnston (2009, p.260) definem tolerâncias como sendo valores
acrescidos ao resultado do tempo básico de execução da operação que possibilite ao empregado
recuperação da execução das tarefas de trabalho, variando conforme a natureza do trabalho.
Essas tolerâncias estão intimamente ligadas a geração de fadiga no ambiente organizacional
que, por sua vez, atrelam-se às condições ambientais onde está sendo executada a tarefa
17
(temperatura, ruído, riscos químicos, cores, vibrações, ergonomia do posto de trabalho, dentre
outros fatores) (MARTINS; LAUGENI, 2005, p.87).
Conforme apontam Peinado e Graeml (2007, p.102), observa-se o uso de uma taxa de
tolerância de 15% a 20% para trabalhos considerados normais em ambientes normais. O Anexo
B apresenta margens de percentuais de tolerâncias para realização de diferentes tipos de
trabalhos e níveis de exposição durante a jornada de execução das atividades.
A Equação (7) apresenta o cálculo o fator de tolerância (FT) que se dá pela soma dos
percentuais de tolerâncias mais 1 (um), conforme denotado por Camarotto (2007, p.48).
𝐹𝑇 = (1 + ∑𝑡𝑜𝑙𝑒𝑟â𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠) (7)
Conforme defendido por Martins e Laugeni (2005, p.87), costuma-se adotar o fator de
tolerâncias 1,05 para trabalhos em escritórios e administrativos e, o valor variando entre 1,10 e
1,20 para trabalhos ambientes fabris com condições ambientais favoráveis e níveis de fadiga
intermediários. A partir dessa abordagem, pode-se calcular o tempo padrão (TP) da operação,
levando com conta o tempo normal que se realiza a atividade e as tolerâncias durante a jornada
para a execução da mesma (CAMAROTTO, 2007, p.48; BARNES, 1986, p.321). A Equação
(8) aponta o cálculo para o resultado do tempo padrão da operação.
𝑇𝑃 = 𝑇𝑁 ∗ 𝐹𝑇 (8)
Barnes (1986, p.326) elucida ainda que, o resultado padrão deve ser assertivo quanto ao
modo de executar a atividade, salvo os casos em que ocorrem mudanças no arranjo,
metodologia de trabalho, equipamentos e ferramentas e condições ambientais. Isto é, o tempo
padrão ocupa-se da seguridade quanto à forma de execução do operador sendo este padronizado
e especificado para que se mantenha a duração resultante.
3. METODOLOGIA
término do ciclo se registrava o tempo exato de seu encerramento, além de obter a partir do
cronômetro o tempo de duração para cada ciclo mensurado.
A partir da amostra de tempos coletada, formularam-se os cálculos necessários com a
quantidade ideal de ciclos que deveriam ser medidos. Essa informação, possibilitou nortear
outras visitas a fim de alimentar as planilhas de tempos e as ferramentas de análise do trabalho.
Além disso, promoveu-se também as investigações quanto ao ambiente e fator ergonômico das
atividades. Para alimentar as demais ferramentas de suporte e análise do projeto de trabalho,
aproveitou-se tanto das filmagens durante a cronoanálise, além de entrevistas informais com os
operadores envolvidos no processo, como das informações coletadas durante a observação.
4. RESULTADOS
A empresa estudada trata-se de uma renovadora de pneus que trabalha com recapagem
de pneus agrícolas, máquinas pesadas e pneus de carga/camionete, seu carro chefe, além de
oferecer serviços de truck-center. Atua no mercado desde maio de 2009 a fim de suprir a
necessidade crescente em serviços de qualidade na cidade por atendimentos em renovação de
pneus. Conta com 36 colaboradores diretos, divididos nos setores de produção, administração
e vendas.
Possui demanda de cerca de 1100 pneus produzidos, onde os clientes estão distribuídos
em 15 % como pessoas físicas, que vão até o local em que a empresa está localizada e requisitam
a recapagem de pneus, sendo em sua grande maioria caminhoneiros e, os outros 85 % como
pessoa jurídica de empresas de grande porte da região, como mineradoras, montadoras de
automóveis de passei e agrícolas, indústrias de fertilizantes, dentre outras. Atende somente no
local físico em que está localizada, sendo necessário que os clientes levem o veículo até a
empresa e façam o pedido de recapagem e/ou truck center.
A empresa ocupa-se do processo de recapagem que é a retirada ou renovação da banda
de rodagem, a parte externa do pneu que entra em contato com o solo e, em alguns casos, há
também retirada do flanco, parte lateral do pneu posterior à banda havendo para cada processo
uma carta que descreve os detalhes da operação que denomina-se Procedimento Operacional
Padrão – POP.
Para entender melhor o fluxo das operações, foi elaborada a carta de inter-
relacionamento. Por meio de uma matriz triangular pode-se elaborar a relação entre os setores
e o nível de prioridade a partir da sua relação na cadeia de processos. A Figura 4.4 apresenta a
matriz triangular destacando os inter-relacionamentos das operações. A classificação dada
como prioridade alta refere-se a processos que tem necessidade de serem alocados mais
próximos, já os processos com prioridade média, possuem relação, porém não tem grande
necessidade de proximidade, mas por se relacionarem ao longo da cadeia não devem estar em
extremidades opostas no layout.
Quando confrontados ao layout da empresa, percebe-se que os processos classificados
como alta prioridade estão alocados bem próximos, o que facilita o fluxo de processamento.
Ressalta-se aqui a relação entre processos como a aplicação de cola, a aplicação da banda de
22
O processo de renovação, por mais que haja padrão em suas operações contém um certo
empirismo que parte muito do feeling do operador enquanto processa o produto. Isto porque,
um mesmo pneu, com as mesmas características estruturais, pode variar seu tempo de operação
se o operador perceber que há necessidade de efetuar reparos mais detalhados ao produto. Outro
fator importante se dá nas etapas de análise que não possuem padrão de tempos e não se
24
conforme dispostas no Apêndice B. Os tempos que alimentaram essas dispersões são mostrados
no Apêndice C conforme cada atividade analisada.
Em seguida, na terceira fase, calculou-se o número de ciclos ideais para um grau de
confiança de 95% com + 0,05 de erro por meio da Equação (3) e também o N’ para 90% de
confiança com + 0,1 de erro relativo conforme Equação (4). A diferença entre os números de
ciclos ideais encontrados é apontada na Tabela 5.1. Percebeu-se que para processos como a
raspagem, a escareação, a aplicação da banda de rodagem e o envelopamento, há necessidade
de grande número de coletas de tempos, o que inviabilizaria o escopo da pesquisa. Nesse caso,
optou-se pela amostragem com 90% de confiança.
Outro ponto, foi a percepção de que ao processo de limpeza, tanto para pneus de aro
22,5 como para pneus de aro 24, por se tratar de um processo de mínimo grau de variação e
com tempos de duração muito próximos, o grau de confiança de 90% resulta no número de
ciclos a ser coletado de aproximadamente 1. A fim de apontar maior nível de detalhamento,
para esse caso, optou-se pelo grau de confiança de 95%, o que sugere a verificação de no
mínimo 4 e 3 ciclos respectivamente.
Nesse cenário, optou-se por considerar aos processos de Limpeza, Escareação e
Aplicação de cola, as medidas de tempo já cronometradas e apontadas pelo Apêndice C. Para
os demais processos, realizaram-se novas medições a fim de atingir o nível apontado pelo
cálculo, sendo realizadas mais 1 medida à raspagem em pneus de aro 22,5, 4 medidas à operação
de aplicação de banda de rodagem e outras 6 medidas à operação de envelopamento. Tal
mensuração é disposta no Apêndice D.
100%
94%
82%
66%
48%
25% 23%
17% 16%
12%
6%
A Tabela 4.2 apresenta a média dos tempos a partir do número de ciclos considerado,
os desvios-padrão da média e da amostra, o valor dado às tolerâncias, a classificação do fator
27
de ritmo e os cálculos dos tempos normais e padrões para cada processo. Promove-se então,
paralelo entre os tempos médios já realizados comparando-os ao cenário programado quanto às
classificações de ritmo e tolerâncias. Através da cronoanálise pode-se constatar que os pneus
de aro 22,5 e aro 24, nas atividades de limpeza e raspagem, não sofreram variação significativa,
obtendo tempos normais e padrão bem próximos com pequena alteração entre eles.
Em suma, quando comparam-se os tempos médio aos tempos padrão, as atividades de
limpeza e envelopamento são as que mais se aproximam do atual cenário encontrado na
empresa, já que a diferença é de alguns segundos apenas. Em seguida, destacam-se as atividades
de raspagem, aplicação de cola e aplicação da banda de rodagem, que sugerem alteração de 1 a
3 minutos a mais do que já é realizado. Já a grande alteração se dá na escareação que sugere
tempo padrão cerca de 6 minutos a mais da maneira como é realizado.
É importante ressaltar que no processo de escareação, por ser uma atividade empírica,
o tempo padrão encontrado é uma referência à forma com que o operador executou a atividade
ao longo da pesquisa, podendo sofrer variações caso não siga esse tempo médio aqui
apresentado. Elucidando as variações entre os cenários, atual e proposto, o Gráfico 4.2
apresenta essa relação dos valores mostrados na Tabela 4.2 entre tempo médio e tempo padrão,
transformando-os no formato de tempo com minutos e segundos.
PROCESSOS X̅ dp dp' FR TN FT TP
Limpeza - Pneus aro 22,5 1,30 0,06 0,02 1,08 1,40 1,08 1,51
Limpeza - Pneus aro 24 1,65 0,07 0,02 1,08 1,79 1,10 1,96
Raspagem - Pneus aro 22,5 3,67 0,47 0,21 1,32 4,85 1,20 5,82
Raspagem - Pneus aro 24 3,99 0,36 0,16 1,32 5,27 1,22 6,43
Escareação 13,90 1,56 0,70 1,22 16,95 1,22 20,68
Aplicação de cola 2,42 0,24 0,11 1,21 2,95 1,18 3,48
Aplicação da banda de rodagem 4,99 0,77 0,26 1,30 6,49 1,16 7,52
Envelopamento 2,85 0,50 0,15 1,15 3,27 1,06 3,47
A partir dos tempos médios encontrados e de estabelecer o estudo dos movimentos nas
operações, ocupou-se em construir os diagramas homem-máquina para as seis operações
analisadas, conforme aponta o Apêndice F. A análise da ferramenta permitiu elucidar a relação
processual entre indivíduo e equipamento, o que permitiu corroborar aspectos como: ritmo das
operações, ociosidade do operador e da máquina, tempos de processamento e espera.
28
13:53
07:31
05:49 06:25
04:59
03:40 03:59 03:28
02:26 02:50 03:28
01:17 01:30 01:39 01:57
Pneus aro 22,5
Aplicação de
Escareação
Aplicação da
Pneus aro 24
Pneus aro 24
Envelopamento
Raspagem -
Raspagem -
banda de
Limpeza -
rodagem
Limpeza -
cola
Gráfico 4.2 – Relação entre tempo médio e tempo padrão das operações
Fonte: Elaborado pelo autor.
de limpeza. Como mostra o fluxograma do processo, após a realização da limpeza, o pneu segue
para uma etapa de análise, que é feita pelo operador que também é responsável pela limpeza.
Já na etapa de envelopamento, o gráfico evidenciou que há sim grande percentual de
ociosidade, isto porque, durante o processamento da máquina de que retira o ar da borracha
envelopadora, o operador aguarda e não pratica nenhuma operação. Enquanto que, para as
demais operações, os gráficos corroboraram às classificações já apresentadas, visto que
referem-se a 100% da taxa de execução das atividades. Para estas operações, o operador não
pode parar no meio de sua atividade sem que afete o andamento da mesma.
Partindo tempo padrão encontrado, foi possível elaborar a rede PERT/CPM com a
proposta de evidenciar as possíveis trajetórias que o produto pode ter na linha, a partir da
premissa que a sequência de operações já apresentada seria o fluxo básico, podendo ter outras
ramificações. Tal representação é disposta na Figura 4.5. Sua elaboração partiu das análises de
quais caminhos o pneu pode assumir na cadeia da empresa, para além da premissa básica aqui
ilustrada. Percebeu-se a dependência dessas atividades e suas ramificações e também,
possibilitou simular o tempo padrão de todo o processo seguindo as medidas encontradas.
Elencou-se na rede, além do fluxo padrão já mencionado, outras duas possibilidades: o
pneu que não precisa retirar toda a banda de rodagem e somente, retirar partes de sua estrutura
defeituosa e aplicar preenchimento nos locais escareados, ou então, o pneu que contem alto
nível de desgaste em sua banda de rodagem e precisa somente ser escareado para receber uma
nova. A partir disso, elaborou-se a rede a partir das dependências entre as atividades. Com isso,
pode-se concluir que para o processamento a partir dos tempos padrão, o fluxo teria duração
máxima de 163,54 minutos, com nenhuma incidência de folgas ao longo da cadeia, sendo uma
abordagem sem levar em conta etapas de análises existentes, considerando apenas as análises
incluídas nos processos e não como tarefas independentes. O que indica que o processo deve
seguir seu nível de padronização sendo preciso atentar-se aos atrasos para que não
comprometam o andamento do fluxo como um todo.
Porém vale ressaltar que, o processo sofre variações justamente no nível de análise a
partir do detalhamento e criticidade encontrada para cada produto, o que dificulta mensurar um
cenário ideal de aplicação desses tempos. Isto significa que, o padrão aqui encontrado pode ser
levado em conta se fatores como a variação de ritmo, nível de criticidade do produto e
comportamento das análises estiverem próximos aos das amostras aqui apresentadas.
Importante ressaltar que os tempos de espera entre os processos também não são levantados,
sendo uma abordagem que leva em conta a simultaneidade entre as operações em que o pneu
já sai de uma atividade e já é colocada em outra.
30
Ao analisar o tempo de operação da rede, entende-se que a mesma é válida visto que,
mesmo sem considerar as etapas de análises no fluxo e considerando-as como parte dos
processos investigados, estas considerações não interferem no tempo total de ciclo do processo
que se assemelha muito ao real, quando não indicados os tempos de pausas e esperas dos pneus
nos processos. Vale ressaltar, que a incidência das pausas nos processos se dá muitas vezes pelo
fator de ritmo da operação e, no caso da operação de vulcanização, o processo só se inicia
quando a autoclave está com todos os lugares ocupados ou com 90% deles completos. Quando
aponta-se o fator de ritmo da operação, destaca-se o aspecto de relação entre as atividades. Por
exemplo, o tempo total de raspagem é significativamente menor que o tempo da próxima
atividade, isto é, a escareação. Nesse caso, os pneus ao saírem da raspagem, aguardam em uma
fila o término dos produtos que estão sendo processados.
Para que a investigação atingisse um patamar macro, seja nas considerações de pausas
e espera do processo, seja no aspecto de cadeia produtiva para além da linha de produção, foi
elaborado o mapa do fluxo de valor da empresa, apontado na Figura 4.6, com a premissa de
apresentar as relações de todas as etapas envolvidas na cadeia, elucidando os pontos de
possíveis melhorias. O mapa do estado atual traz a relação entre empresa, fornecedor e clientes,
evidenciando a frequência com que isso ocorre, além dos tempos de processamento, tempo de
setup, tempo total do ciclo de operação e tempo de ociosidade e espera para processamento.
Denota também o acompanhamento das atividades que é realizado por uma conferência
realizada por um operador que observa e anota o pneu processado nas atividades de raspagem
e quando é finalizado o processo de vulcanização, além de fazer conferência entre a aplicação
de cola e aplicação da nova banda de rodagem, funcionando como um ponto de referência da
produção.
31
O lead time encontrado foi de 252,13 minutos que correspondem aos tempos médio de
espera percebido nas operações. Destes, a maior incidência foi entre os processos de
envelopamento e vulcanização que o pneu deve aguardar a autoclave estar com sua capacidade
completa. Para este processo são realizados em cerca de 2 ciclos de vulcanização por dia. Destes
tempos de espera, calculou-se o percentual de valor agregado do processo, sendo que de todo o
lead time tem-se que somente 3,97% agrega valor ao produto, sendo um ponto de melhoria para
o mapa do estado futuro, como apresentado no Figura 4.6.
Para o estado futuro, utiliza-se dos tempos padrão encontrados e a realocação de
funcionários, retirando um do processo de envelopamento e inserindo-o na etapa de escareação
que é um dos gargalos do processo. Para a espera no processo de vulcanização não há como
dimensionar o decréscimo dessa taxa visto que parte da demanda atual de pneus a serem
renovados. Quanto maior a demanda, mais ciclos de vulcanização são realizados nas duas
autoclaves da empresa. Já aos outros tempos de espera o mapa futuro sugere a diminuição
considerável para que seja diminuído o lead time dos processos e, consequentemente, do
processo como um todo, conforme aponta Figura 4.7.
Por fim, apresentam-se os níveis de condições ergonômica nos postos de trabalho.
Alguns dos fatores críticos já foram apontados neste presente trabalho quando são abordadas
as classificações de ritmo das atividades. Em suma, os aspectos que mais chamaram a atenção
foram a iluminação dos ambientes em que são executadas as operações de escareação e
aplicação de cola, tendo baixa iluminação, exposição a gases tóxicos e a forte odor, incidência
de faíscas e manipulação de objetos cortantes. Os operadores fazem uso dos equipamentos de
proteção individuais, porém consideram-se atividades de riscos com alto nível de exposição a
possíveis acidentes. Já quanto ás posturas, o Apêndice H apresenta o esquema com a análise
para três das atividades com altos critérios de ritmo: raspagem, escareação e aplicação da banda
de rodagem que foram identificadas como atividades realizadas adequadamente.
Partindo das premissas ergonômicas apresentadas, analisaram-se estas atividades que
possuem 100% de execução do operador durante o tempo de atividade e também receberam
altos fatores de ritmo em suas considerações. Para as etapas de raspagem, escareação e
aplicação da banda de rodagem, encontraram-se posturas adequadas do operador ao realizar
suas atividades. Concentrando sua força nos pontos de apoio dos membros inferiores, mantendo
angulação de 90º dos membros superiores e mantendo a coluna ereta durante todo o tempo.
Alguns aspectos pontuais ressaltam o fator de ritmo elevado das operações, no que diz respeito
às forças aplicadas na etapa de raspagem, visto que o operador precisa colocar força para
manipular a máquina de raspagem e para que esta seja bem realizada. Na operação de
32
escareação o operador mantem sua cabeça abaixada por longos momentos e, por ser uma etapa
com intensa chegada de produtos, entende-se que há incidência de alto nível de fadiga à
realização da operação.
Já para a atividade de aplicação de cola foram percebidas posturas inadequadas durante
toda a execução da operação, conforme apresenta na Figura 4.8. A operação sugere ao operador
que ele se incline diversas vezes a fim de analisar o pneu e se está completo de cola nos pontos
necessário, além de sua manipulação dentro da máquina não permitir que ele conduza o
processo com posturas adequadas e que não afetem o grau de fadiga durante a operação. Além
disso, motivada por uma falha, a máquina não permanece com o pneu estático para que seja
feita a aplicação interna, o que faz com que o operador se incline cada vez mais.
Para estes casos, sugere-se manutenção a formulação de um calendário de manutenção
preventiva que evite mal funcionamento de equipamentos, bem como acompanhamento de
como estão executando durante o processo, evitando perdas, gargalos e acidentes que possam
ocorrer. Sugere-se também, paradas estratégicas aos funcionários durante o processo. Essas
paradas já encontram-se inseridas nos tempos padrão encontrados, possibilitando a promoção
da saúde e da cultura ergonômica ao processo. Por fim, ao início do dia, seria importante que a
equipe fizesse a ginástica laboral que favorece na realização das atividades durante a jornada
de trabalho e auxilia na promoção da saúde do trabalhador. Além do uso intensivo dos
equipamentos de proteção individuais para a realização das atividades.
33
Figura 4.6 – Mapa do fluxo de valor do estado atual com os tempos médios encontrados
Fonte: Elaborado pelo autor.
34
Figura 4.7 – Mapa do fluxo de valor futuro com os tempos padrão encontrados
Fonte: Elaborado pelo autor.
35
5. CONCLUSÃO
possível perceber que a atividade de escareação é a que se distancia mais do padrão encontrado,
tendo cerca de 6 minutos de diferença.
Os tempos encontrados foram aspectos chaves que alimentaram outras métricas de
análise como o diagrama homem-máquina do estado atual das operações e sugeriu análise por
processo da relação operador e equipamento. Para esta análise as atividades de limpeza e
envelopamento demonstraram maior nível de ociosidade. Para confrontar a essa afirmação,
utilizou-se do gráfico de Gantt que promoveu análise voltada ao operador e ao percentual de
execução durante os processos. Percebeu-se então que o operador que atende o processo de
limpeza, ocupa-se de outra atividade durante o processamento da máquina, o que não acontece
na atividade de envelopamento, em que os operadores estão cerca de 67% do ciclo ociosos.
Diante das possibilidades, foi construída uma rede com os possíveis caminhos do pneu
na cadeia, o que sugeriu os tempos mais cedo e mais tarde para serem realizadas as operações.
Foi possível perceber que para ambas as alternativas, o processo não oferece folgas, tendo a
necessidade de maior atenção aos tempos realizados para que não haja atrasos de outra
atividade.
Porém, todas as resoluções feitas, não levaram em conta os tempos de espera durante os
processos que se fazem muito presente ao longo do fluxo. Para isso foi realizada a análise do
mapa do fluxo de valor atual, levantando o total de pausas entre atividades, tempos de
preparação, processamento e ciclo total de produção. O lead time encontrado foi de 252,13
minutos, sendo que somente 3,97 % desse tempo corresponde a um valor agregado ao produto.
Nesse sentido, foi elaborado o mapa do fluxo de valor do estado futuro com a sugestão de
dimensionamento de mais um operador na escareação, diminuído o tempo de espera dos
produtos e auxiliaria na diminuição desse gargalo. A redução dos tempos de espera entre as
operações foi sugerida, o que possibilitou encontrar o novo lead time de 230,04 minutos com
7,17% de valor agregado ao produto desse tempo.
Por fim, a análise das posturas ergonômicas durante o processo permitiu corroborar aos
fatores de ritmo e tolerância dados nas etapas de cronoanálise. Os aspectos mais críticos estão
relacionados aos processos de raspagem, escareação, aplicação de cola e aplicação da banda de
rodagem, sendo processos que dependem de muito esforço para sua execução, ou estão
inseridos em ambientes com condições pouco favoráveis à saúde do trabalhador. As etapas com
maior índice de posturas inadequadas é a aplicação de cola por se tratar de uma operação que o
empregado precisa se esticar para aplicar a cola ao pneu, o que deixa sua coluna encurvada
durante longos períodos e, além disso, há uma falha na máquina que acaba descendo o pneu
fazendo com que o operador se estique ainda mais para realizar sua atividade.
37
Conclui-se que o trabalho atinge seus objetivos de entender com detalhes o processo da
empresa renovadora de pneumáticos, bem como formular paralelo com as métricas
apresentadas pela literatura. Sugere-se como forma de sanar a dificuldade de padronizar os itens
na mensuração da cronoanálise, a classificação dos pneus no primeiro momento de exame,
definindo-os quanto ao seu grau de avaria e a partir do conhecimento dos operadores, rotular
os produtos com parâmetros pré-estabelecidos que possibilitem melhor dimensionamento da
produção e da sua capacidade quanto aos tempos padrão de produção. Como pesquisas futuras,
sugere-se acompanhamento dessa aplicação e validação da política de padronização dos
produtos quanto ao seu grau de avaria e necessidade de renovação.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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precedence diagramming. 3rd ed. New York: Van Nostrand Reinhold Company, 1983.
40
7. ANEXOS
HABILIDADE ESFORÇO
+0,15 A1 Super-hábil +0,13 A1 Excessivo
+0,13 A2 +0,12 A2
+0,11 B1 Excelente +0,10 B1 Excelente
+0,08 B2 +0,08 B2
+0,06 C1 Bom +0,05 C1 Bom
+0,03 C2 +0,02 C2
0,00 D Médio 0,00 D Médio
-0,05 E1 Regular -0,04 E1 Regular
-0,10 E2 -0,08 E2
-0,16 F1 Fraco -0,12 F1 Fraco
-0,22 F2 -0,17 F2
CONDIÇÕES CONSISTÊNCIA
+0,06 A Ideal +0,04 A Perfeita
+0,04 B Excelente +0,03 B Excelente
+0,02 C Boa +0,01 C Boa
0,00 D Média 0,00 D Média
-0,03 E Regular -0,02 E Regular
-0,07 F Fraca -0,04 F Fraca
DESCRIÇÃO %
A. Tolerâncias invariáveis
1. Tolerâncias para necessidades pessoais 5
2. Tolerâncias básicas para fadiga 4
B. Tolerâncias variáveis
1. Tolerância para ficar em pé 2
2. Tolerância quanto à postura
a. ligeiramente desajeitada 0
b. desajeitada (recurvada) 2
c. muito desajeitada (deitada, esticada) 7
3. Uso de força ou energia muscular (erguer, puxar, levantar) - peso em Kg
a. 2,5 0
b. 5,0 2
c. 7,5 2
d. 10,0 3
e. 12,5 4
f. 15,0 5
g. 17,5 7
h. 20,0 9
i. 22,5 11
j. 25,0 13
k. 27,5 17
l. 30,0 22
4. Iluminação deficiente
a. ligeiramente abaixo do recomendado 0
b. bem abaixo do recomendado 2
c. muito inadequada 5
5. Nível de ruído
a. contínuo 0
b. intermitente - volume alto 2
c. intermitente - volume muito alto 5
d. timbre elevado - volume alto 5
6. Estresse mental
a. processo razoavelmente complexo 1
b. processo complexo, atenção abrangente 4
c. processo muito complexo 8
8. APÊNDICES
a) Limpeza
1,650
1,450
1,450 1,317 1,333 1,317
1,283 1,283 1,283 1,283
1,200 1,233
1,250
1,050
0,850
0,650
0,450
0,250
0,050
b) Raspagem
8,000
7,000
7,000 6,396
5,000 4,325
4,000
3,100
3,000 2,340
2,159
1,870
2,000
1,092
1,000
0,000
c) Escareação
25
20,492
20
17,031
16,278
14,683
15 13,603
11,283
10,034
9,582
10 8,326
6,459
0
45
d) Aplicação de cola
7,000
5,883
6,000
5,216
5,000 4,633
4,000
2,617 2,733
3,000
2,000
1,000
0,000
8,000
6,430
6,000
4,717
3,950 4,200
4,000 3,238
2,000
0,000
f) Envelopamento
4,000 3,667
3,450
3,500
2,667 2,900
3,000
2,317
2,500
2,000
1,500
1,000
0,500
0,000
46
0,8
0,6
0,4
0,2
1,5
1,3
1,1
0,9
0,7
0,5
4,5
3,9333 3,8667 3,8167
4 3,65
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
e) Escareação
18 16,2667
16 14,6833
13,8
14 13,15
11,5833
12
10
f) Aplicação de cola
3 2,7333
2,6167 2,5333
2,5
2,1833 2,1167
1,5
0,5
0
48
h) Envelopamento
5
4,5
4 3,6667
3,45
3,5
2,9
3 2,6667
2,3167
2,5
2
1,5
1
0,5
0
49
h) Envelopamento
Xn Duração (min)
X1 2,3167
X2 3,6667
X3 2,6667
X4 3,4500
X5 2,9000
X6 2,4510
X7 2,6830
X8 3,0680
X9 3,4290
X10 2,4990
X11 2,1620
X̅ 2,8447
51
operador da atividade,
pneu na de esforço esforço de viável deve ser
direciona a visto que a
máquina e voltado a posturas dispendido à
máquina a fim atividade
retirada do atenção à desconfortantes execução, por
0,05 mesmo, ao 0,13 de que atinja o 0,10 execução e à 0,08 em ambiente 0,12 depende 0,05 se tratar de
nível ideal, também de
longo do continuidade apertado e com processo
além de sua força
processamento de ações baixa simples e
efetuar trocas imposta ao
o operador realizadas no iluminação. padrão.
de moldes de produto para
pode ficar processo.
roda que que seja
ocioso e
possuem fixada a nova
descansar.
grande peso. banda.
F-O
E - Ambiente
C - Trata-se de ambiente
com forte
um ambiente D - Há fechado e
cheiro de
CONDIÇÕES
com grande
C - Não alta nível de B - Espera-se B - Operação
necessidade
espera-se alto experiência, que o operador deve ser
de atenção na D - Atividade
nível de visto que o tenha alto nível realizada
execução, a que ocupa-se
consistência operador deve de experiência com grande
consistência de
por ser um retirar todos na aplicação da assertividade
0,01 processo 0,04 do processo 0,04 os detritos 0,03 cola a fim de 0,03 e alto nível 0,00 complexidade
deve ser na modelagem
majoritário do externos e não de
perfeita, visto da borracha no
equipamento internos do comprometer a manipulação
que a pneu.
que processa a pneu com aplicação da e
incidência de
limpeza grande banda. consistência.
erros pode
atenção nos
resultar no
seus
descarte do
movimentos.
produto.
Em espera 1,0551
Retirada do pneu da
0,0432 Em Espera 0,0432
máquina
Em espera Em operação
53
b)Raspagem
TEMPO MÉDIO 3,6732
Preparação da máquina e
0,2500
ajustes
Colocação do pneu na
0,0782
máquina
Direcionamento e aplicação
da raspagem sob a antiga 2,0833 Processamento da raspagem 2,0833
banda de rodagem
Direcionamento e aplicação
da raspagem sob os flancos 0,5000 Processamento da raspagem 0,5000
do pneu
Verificação do nível de
0,2500
raspagem pelo gabarito
Em espera 0,2932
Retirada do pneu e
0,0432
colocação no trilho suspenso
c) Escareação
TEMPO MÉDIO 13,8967
d) Aplicação de cola
TEMPO MÉDIO 2,4367
Análise de discrepâncias da
0,9534
superfície do pneu
Em espera 1,0201
Colocação do pneu na
0,0667
máquina
Em espera 0,1666
Colocação de borracha
0,6667
adesiva
Rotação do pneu 4,5800
Aplicação da nova banda de
1,5833
rodagem
Fixação 0,9167
f) Envelopamento
TEMPO MÉDIO 2,8447
Aplicação de vácuo
Em Espera 0,8333 0,8333
externo
Aplicação de vácuo
Em Espera 1,0833 1,0833
interno
a) Operador 1
Preparar pneu para limpeza e
15%
acionando-a
operador
b) Operador 2
Preparação da máquina e
18%
acionamento
operador
c) Operador 3
Preparação do pneu à
6%
escareação
Limpeza e finalização 4%
operador
57
d) Operador 4
operador
e) Operador 5
Análise do pneu e checagem
8%
da aplicação
Colocação da borracha
13%
adesiva
Fixação 18%
operador
f) Operador 6
Análise da superfície e da
5%
nova aplicação Comprovação do percentual
de ociosidade do operador..
Envelopamento Externo 9%
(a) (c)
(b)
3
(a) Raspagem; (b) Escareação; (c) Aplicação da banda de rodagem;