Você está na página 1de 234

Curso de Capacitação

Princípios para o Cuidado Domiciliar


Francine Lima Gelbcke
Tanise Freitas
Nádia Chiodelli Salum
Melissa Orlandi Honório Locks
Material instrucional resultado da transposição didática de conteúdo publicado pelo Programa
Multicêntrico de Qualificação Profissional em Atenção Domiciliar a Distância em parceria com o
Ministério da Saúde (CGAD) e as Universidades integrantes da Rede Universidade Aberta do SUS
(UFMA, UFC, UFSC, UFMG, UFCSPA, UFPE, UFPel, UERJ).

CRÉDITOS DO MATERIAL INSTRUCIONAL ORIGINALMENTE PRODUZIDO PELA UNIVERSIDADE


FEDERAL DE SANTA CATARINA DENOMINADO DE PRINCÍPIOS PARA O CUIDADO DOMICILIAR I

GOVERNO FEDERAL Comitê gestor UNA-SUS | Elza Berger Salema


Presidente da República Coelho, Kenya Schmidt Reibnitz,
Ministro da Saúde Rosângela Leonor Goulart, Sheila
Secretário de Gestão do Trabalho e da Rubia Lindner, Antonio Fernando
Educação na Saúde (SGTES) Boing
Secretária de Atenção à Saúde (SAS) Autoras | Francine Lima Gelbcke, Tanise
Coordenadora Geral de Atenção Domiciliar Freitas, Nádia Chiodelli Salum,
(CGAD) Melissa Orlandi Honório Locks
Responsável Técnico pelo Projeto UNA-SUS Revisora técnica | Nazaré Otilia Nazário
Apoio técnico | Melisse Eich
Revisão de Conteúdo | Leonardo Cançado
MATERIAL EDUCACIONAL Monteiro Savassi, Mariana Borges
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA Dias, Mara Zacchi.
CATARINA
Reitora | Roselane Neckel EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL
Vice-Reitora | Lúcia Helena Pacheco Coordenação Geral da Equipe | Eleonora
Pró-Reitora de Pós-Graduação | Joana Maria Milano Falcão Vieira
Pedro Coordenação de Produção | Giovana
Pró-Reitor de Pesquisa | Jamil Assereuy Filho Schuelter
Pró-Reitor de Extensão | Edison da Rosa Design Instrucional | Márcia Melo e Giovana
Schuelter
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Revisão Textual | Kátia Cristina Santos e Ariele
Diretor | Sérgio Fernando Torres de Freitas Louise Barichello Cunha
Vice-Diretora | Isabela de Carlos Back Design Gráfico | Felipe Almeida, Gregorio
Giuliano Veneziani e Rafaella Volkmann
Paschoal
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA Ilustrações | Rafaella Volkmann Paschoal,
Chefe do Departamento | Antonio Fernando Gregorio Veneziani e Gabriel Franco
Boing Programador Web | Cesar Costa e Luiz Paulo
Subchefe do Departamento | Lúcio José de Farias
Botelho Edição de Vídeo | Salésio Eduardo Assi
Coordenadora do Projeto | Marta Verdi Cinegrafista | Jerry Bittencourt
Universidade Federal de Santa Catarina

Curso de Capacitação
Princípios para o Cuidado Domiciliar

Florianópolis | SC
UFSC
2016
CURSO DE CAPACITAÇÃO - PRINCÍPIOS
PARA O CUIDADO DOMICILIAR/UFSC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA Coordenação de Atividades de


CATARINA Aprendizagem | Melisse Eich
Reitor | Luis Carlos Cancellier Apoio de Atividades de Aprendizagem |
Vice-Reitora | Alacoque Lorenzini Maria Esther Baibich
Erdmann Apoio Secretaria | Eliane Ricardo
Pró-Reitor de Pós-graduação | Sérgio Charneski, Luana Silvestre
Fernando Torres de Freitas Suporte AVEA | Tcharlies Schmitz
Pró-Reitor de Pesquisa | Sebastião Secretaria Acadêmica | Gisélida Vieira
Roberto Soares Validação externa de transposição
Pró-Reitor de Extensão | Rogério Cid didática | Melisse Eich
Bastos Conteudista de Referência | Francine
Lima Gelbcke
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Suporte de Conteúdo | Fernando
Diretora | Isabela de Carlos Back Giuliano Hellmann
Vice-Diretor | Ricardo Vieira
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA TRANSPOSIÇÃO DE MÍDIAS
Chefe do Departamento | Antônio Moodle Design | Maicon Hackenhaar de
Fernando Boing Araújo
Subchefe do Departamento | Fabrício Aplicação de mídias ao Moodle | João
Menegon Jair da Silva Romão, Kornelius
Coordenadora do Curso de Capacitação | Hermann Eidam
Marta Verdi Desenvolvimento de Tecnologia da
Informação | Diogo Francisco
REPRESENTANTES UNA-SUS/UFSC Réus Carlos
Antônio Fernando Boing, Design Instrucional e Revisão Textual |
Elza Berger Salema Coelho Adriano Sachweh
Projeto Gráfico, Design de Capa | Laura
EQUIPE DO CURSO DE CAPACITAÇÃO Martins Rodrigues
EM PRÍNCIPIOS PARA O CUIDADO Diagramação | Tarik Assis Pinto
DOMICILIAR Criação da Marca do Curso | Pedro Paulo
Coordenação Geral | Marta Verdi Delpino
Coordenadora Executiva | Rosângela
Leonor Goulart APOIO
Coordenadora de Avaliação | Kenya Conselho Regional de Enfermagem de
Schmidt Reibnitz Santa Catarina | COREN/SC
Coordenação de Monitoria | Sabrina Faust
Sumário

Apresentação do conteúdo___________________________________________________8

Unidade 1
Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar__________________11

1.1 Introdução da unidade___________________________________________________12


1.2 Para um cuidado compartilhado e ético _________________________________12
1.3 Cuidado na saúde do trabalhador _______________________________________ 21
1.4 Cuidados no ambiente domiciliar _______________________________________ 28

Unidade 2
Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais___________________________41

2.1 Introdução da unidade__________________________________________________ 42


2.2 Controle da temperatura _______________________________________________ 44
2.3 Controle da pressão arterial ____________________________________________ 57
2.4 Controle do pulso_______________________________________________________ 71
2.5 Controle da frequência respiratória ______________________________________74
2.6 Controle da dor_________________________________________________________ 77
Unidade 3
Procedimentos no cuidado domiciliar: higiene e conforto___________________ 87

3.1 Introdução da unidade__________________________________________________ 88


3.2 Manutenção da integridade corporal____________________________________ 88
3.3 Medidas de segurança e conforto para usuário acamado _______________ 94

Unidade 4
Procedimentos no cuidado domiciliar: sono e repouso______________________ 99

4.1 Introdução da unidade_________________________________________________ 100


4.2 Manutenção das condições adequadas de sono e repouso ____________ 101
4.3 Princípios de mecânica corporal e posturas adequadas _______________ 102
4.4 Medidas de segurança: deambulação,
transporte e restrição do usuário __________________________________________ 105

Unidade 5
Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação__________________________111

5.1 Introdução da unidade_________________________________________________ 112


5.2 Segurança na administração de medicamentos________________________ 113
5.3 Administrando medicamentos por via oral _____________________________ 135
5.4 Administração de medicamentos por via subcutânea __________________ 143
5.5 Administração de medicamentos por via intramuscular (IM) ___________ 152
5.6 Administração de medicamentos por via endovenosa (EV) ____________ 163
5.7 Administração de medicamentos por hipordermóclise _________________ 172
5.8 Cuidados no transporte e armazenamento
de medicamentos no domicílio____________________________________________ 178

Unidade 6
Tratamento de feridas e curativos_________________________________________ 183

6.1 Introdução da unidade_________________________________________________ 184


6.2 Avaliação de feridas ___________________________________________________ 185
6.3 Tratamento de feridas tumorais e úlceras por pressão _________________ 195
6.4 Cuidados domiciliares no tratamento de feridas _______________________ 200
6.5 Bandagens ____________________________________________________________ 203

Referências________________________________________________________________ 213

Autoras____________________________________________________________________ 232
Apresentação do conteúdo

Seja bem-vindo ao Curso de Capacitação em Princípios para o cuidado do-


miciliar, dirigido aos profissionais de enfermagem que possuem interesse em
ampliar o seu conhecimento sobre a Atenção Domiciliar.

Lembre-se das finalidades que fundamentam a Atenção Domiciliar, descritas no


Caderno 1, capítulo 1 – “Atenção domiciliar e o SUS” (BRASIL, 2012), e que visam,
entre outras coisas, a desospitalização dos usuários, que podem se beneficiar do
atendimento em nível domiciliar, pautado nos princípios do Sistema Único de Saú-
de, como acolhimento, acesso e humanização da assistência. Portanto, ao realizar
os cuidados no domicílio, mais do que a realização de técnicas de procedimentos,
você estará estabelecendo um vínculo com o usuário, sua família ou cuidador.

Este conteúdo está construído com base em unidades temáticas, que incluem tó-
picos sobre cada um dos temas. Ao realizar o estudo deste conteúdo você reverá
assuntos que fizeram parte da sua formação profissional, importantes de serem
resgatados e, principalmente, atualizados, pois a tecnologia está em constante
transformação. Lembre-se de que tais procedimentos, além de serem alicerça-
dos em conhecimentos científicos, podem estar normatizados nas unidades de
saúde ou no próprio Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) por meio de protocolos
ou procedimentos operacionais-padrão (POPs), e devem ser considerados.

Além disso, resgataremos princípios fundamentais que alicerçam os procedi-


mentos a serem realizados no domicílio, sem descrevermos, porém, a técnica
no seu passo a passo, pois entendemos que tal conhecimento faz parte do seu
cotidiano profissional.
Então, convidamos você a rever os procedimentos mais comuns na Atenção
Domiciliar, lembrando que, quando necessário, você deve retornar aos livros,
rever assuntos relacionados a anatomia e fisiologia, além de buscar informa-
ções complementares. Nós apresentaremos várias dicas de informações, mas
você pode e deve procurar outras.

Bons estudos!

Objetivo geral do curso

Refletir sobre os princípios que envolvem os procedimentos mais comuns nos


cuidados domiciliares, ressaltando a importância do envolvimento e orientação
de familiares e cuidadores nesse processo.

Carga horária do curso: 30h

Unidades de conteúdo

Unidade 1. Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar


Unidade 2. Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais
Unidade 3. Procedimentos no cuidado domiciliar: higiene e conforto
Unidade 4. Procedimentos no cuidado domiciliar: sono e repouso
Unidade 5. Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação
Unidade 6. Tratamento de feridas e curativos
Unidade 1

Princípios éticos e
de biossegurança no
cuidado domiciliar
1.1 Introdução da unidade

Esta unidade tem como objetivo fazer você refletir sobre os princípios do cui-
dado, alicerçados na ética e na responsabilidade, o que implica cuidar do outro,
mas também cuidar de quem cuida. Por isso, vamos discutir acerca do cuidado
compartilhado e ético, bem como os princípios de biossegurança relacionados
ao trabalhador e ao próprio ambiente.

Multimídia

Para conhecer melhor os desafios das práticas de


cuidado em saúde, assista à entrevista com Emerson
Merhy, disponível em: <https://www.youtube.com/wat-
ch?v=Pa0HadRt5ns>.

1.2 Para um cuidado compartilhado e ético

Cuidar, no dizer de Leonardo Boff (1999, p. 33), “é mais que um ato; é uma atitu-
de. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo.
Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de
envolvimento afetivo com o outro.” Pensar na Atenção Domiciliar (AD) é pensar
num cuidado que tem de ser compartilhado com o familiar (ou com o cuidador,
quando este é designado pelo usuário ou pela família), numa atitude de corres-
ponsabilização, pautada na ética, no compromisso com o outro. Neste sentido,
cuidar significa ver o outro em sua individualidade e singularidade, respeitando
suas crenças, seus desejos, anseios, medos e alegrias.

Unidade 1

12
Para Collière (1999), a existência de cuidados ocorre a partir do momento em
que surge a vida, sendo necessário tomar conta da vida para a sua continuida-
de. Portanto, “cuidar é [...] manter a vida garantindo a satisfação de um conjun-
to de necessidades indispensáveis à vida, mas que são diversificadas na sua
manifestação” (COLLIÉRE, 1999, p. 28-9).

Há que se considerar ainda que

“A saúde analisada como prática social tem implicado o reco-


nhecimento de várias especificidades dentre as quais queremos
destacar a particularidade de que o fato de estar vivo (e, portan-
to, de vivenciar estados/situações de saúde e doença) e de viver
em sociedade (e, portanto, compartilhar usos, costumes, valores
culturais e simbólicos) conferem a todas as pessoas saberes so-
bre saúde/doença, saberes sobre os melhores modos de andar a
vida” (FEUERWERKER e MERHY, 2011, p. 298).

Quando se pensa em AD, os vários saberes que estão implicados nesse cuida-
do precisam ser considerados, os quais não são apenas os científicos, os dos
profissionais, mas os saberes do sujeito que é cuidado e da família/cuidador, já
que o cuidado no domicílio pode ser realizado tanto pelo próprio usuário como
por alguém de sua família/cuidador. No espaço em que se constitui a AD, o
plano de cuidados precisa ser construído coletivamente entre profissionais e
família/cuidador, bem como com o próprio usuário, quando este tem condições
de manifestar seus desejos. Não basta transferir para o domicílio parte dos cui-
dados que, anteriormente, eram realizados em outro nível de assistência, mas
parte da responsabilidade também será transferida para a família/cuidador, o
que pode implicar a disputa dos diversos saberes acerca da saúde (FEUER-

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

13
WERKER e MERHY, 2011). O plano de cuidados, mais do que indicado, precisa
ser construído coletivamente com o usuário e a família/cuidador. Esse plano
deve considerar a singularidade do sujeito que será cuidado, com base nas
necessidades de cuidado e nos recursos disponíveis.

Além disso, a AD constitui-se numa “modalidade de atenção à saúde substituti-


va ou complementar às já existentes, caracterizada por um conjunto de ações
de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação, pres-
tadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às
redes de atenção à saúde” (BRASIL, 2011). Desta forma, não se pode enten-
dê-la descolada da rede de atenção à saúde. Isto significa que, ao se definir
que determinado usuário tem condições de ser atendido no domicílio, as reais
condições de tal atendimento precisam ser avaliadas tanto no que se refere à
própria doença como às condições ambientais, de suporte familiar e de cuida-
do, haja vista que a equipe de AD não estará presente durante todo o tempo,
sendo um apoio à família/cuidador com relação a cuidados mais complexos e,
principalmente, à educação para a saúde. No entanto, é a família/cuidador que
estará presente durante todo o tempo com o usuário no domicílio.

Esse é outro aspecto a ser avaliado quando se define que o usuário será aten-
dido no domicílio. Há condições de a família acompanhar o usuário? Qual é o
grau de dependência para o cuidado? Quais são as condições do ambiente e de
recursos? Ao se considerar a AD como substitutiva ou complementar, precisa-
mos avaliar se esse cuidado pode substituir aquele prestado em outro ponto
da rede de atenção à saúde, quer em nível hospitalar, das unidades de pron-
to atendimento (UPAs) ou das unidades básicas de saúde. Desta forma, a AD
pode ser considerada como um dispositivo para desinstitucionalizar o cuidado,
além de promover novos arranjos tecnológicos do trabalho na área da saúde.
É, portanto, uma alternativa de organização do setor saúde que contribui para

Unidade 1

14
a produção da integralidade e da continuidade do cuidado, considerando-se
neste contexto as redes de cuidado (FEUERWERKER e MERHY, 2011).

A quem se destina a AD? A todos os usuários que não mais tenham necessida-
de do cuidado a nível hospitalar, UPAs ou na própria unidade básica de saúde,
mas que tenham necessidade de manter determinados cuidados no domicílio.
Destina-se aos usuários que apresentem problemas de saúde e dificuldade ou
impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde e que necessi-
tem de cuidado domiciliar e acompanhamento contínuo, podendo ser oriundos
de diferentes serviços da rede de atenção. A Atenção Domiciliar pode ser de res-
ponsabilidade da Atenção Básica dos usuários classificados na modalidade AD1
e dos Serviços de Atenção Domiciliar daqueles nas modalidades AD2 e AD3.

Fonte: BRASIL, 2012.

O capítulo 1, do volume 1, acerca da AD referente ao Programa Melhor em Casa


(BRASIL, 2013), faz uma retrospectiva histórica da implantação desse modelo
de atenção, destacando que a mudança no perfil epidemiológico e o aumento
da expectativa de vida contribuíram para a sua implantação. Portanto, o au-

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

15
mento das doenças crônico-degenerativas e o aumento da população idosa
contribuíram sobremaneira para a implantação da AD, que é destinada a pes-
soas clinicamente estáveis, mas que exigem intensidade de cuidados acima
das modalidades ambulatoriais, e que possam ser mantidas em casa por equi-
pe exclusiva para esse fim.

Neste sentido, pode-se destacar a importância da AD na realização de cuida-


dos, entre estes alguns procedimentos de enfermagem, destinados principal-
mente a usuários acamados, sem condições de atendimento nas unidades de
saúde – idosos, gestantes de alto risco, pós-cirúrgicos com complicações,
crônicos de uma maneira geral, sem condições de sair do domicílio ou, ainda,
os usuários crônicos agudizados, que recebem um primeiro atendimento nas
UPAs ou urgências hospitalares, mas podem retornar ao domicílio, com super-
visão e orientação da equipe de AD. Ressalta-se, mais uma vez, que definir que
determinado usuário receberá cuidados no domicílio implica responsabilizar a
equipe para tal cuidado e para o preparo da família a fim de auxiliar em alguns
desses cuidados.

A família/cuidador é corresponsável pelo cuidado. Para tanto, precisa ser pre-


parada, daí a importância fundamental da educação em saúde. Além do con-
texto e dos saberes, há que se destacar que a AD produz uma complexa rede
intersubjetiva, que se traduz, no dizer de Franco e Merhy (2008, p. 1512), “em
uma nova interação com o microcosmo do processo de trabalho”. Isto porque
o cuidado no domicílio implica um encontro, um vínculo entre profissionais,
usuários e família/cuidador, que precisa ser permeado por uma relação dialó-
gica. Neste espaço se dá, portanto, uma pactuação acerca do cuidado a ser
prestado, que implica a colaboração mútua entre os serviços, as equipes, o
usuário e sua família/cuidador.

Unidade 1

16
Franco e Merhy (2008, p. 1517) destacam ainda que:

As variáveis que compõem o complexo cenário da residência,


como [...] o ambiente sociocultural; a condição econômica; as
intersubjetividades presentes nas relações de família; o signifi-
cado da doença no meio familiar são muito ativas e interferem
fortemente no cotidiano das práticas de cuidado. Portanto, dife-
rentemente de um hospital, no domicílio tudo isto está em aberto,
inclusive o saber técnico-científico é interrogado frente ao saber-
cuidador da família, que também tenta se impor no controle do
espaço e do projeto terapêutico.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

17
O domicílio é um lugar do encontro não apenas de pessoas, de profissionais/
usuário/família/cuidador, mas de saberes técnico-científicos da equipe e sa-
ber-cuidador da família, o que pode gerar conflito. Essa tensão demanda capa-
cidade dialógica, ação acolhedora e capacidade de pactuação, bem como cria
uma nova postura para a equipe (FRANCO E MERHY, 2008), que pode buscar
alicerce na Política Nacional de Humanização da Assistência (PNH), que coloca
todos esses sujeitos como atores ativos do processo de cuidado.

Nesta relação complexa que se estabelece na AD, e envolve profissionais/


usuário/família/cuidador, também se dá a relação entre os diversos serviços
que compõem a rede de cuidados, bem como a inter-relação entre os profissio-
nais, já que a AD tem como um dos seus princípios adotar o modelo de atenção
centrado no trabalho de equipes multiprofissionais e interdisciplinares.

Como na AD o trabalho necessariamente é interdisciplinar, devem ser conside-


rados os limites de atuação de cada profissional, os quais estão respaldados
nas legislações específicas de cada profissão, na formação e área de atuação.
Considerando-se que a AD está pautada nos princípios do SUS e da Política
Nacional de Humanização (PNH), deve ser ressaltado o papel ativo da equipe
de trabalho, entendido como ator social importante no desenvolvimento do cui-

Unidade 1

18
dado. Neste sentido, há de se destacar que “humanizar é ofertar atendimento
de qualidade, articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com me-
lhoria dos ambientes de cuidado e das condições de trabalho dos profissionais”
(BRASIL, 2004a, p. 6).

Portanto, atuar em AD significa ter condições de trabalho, ter material neces-


sário, além de considerar a segurança ao trabalhador. A AD desenvolve-se por
meio do trabalho em equipe, utilizando-se de tecnologias de alta complexidade,
como conhecimento, porém com baixa densidade, ou seja, com equipamentos
não tão complexos, pelo menos nos níveis de AD1 e AD2, já que no nível de AD3
há maior complexidade dos cuidados.

Desta forma, há a necessidade de que os trabalhadores, que atuam em AD,


procurem ampliar o conhecimento, visando a um atendimento que responda
às necessidades das pessoas, alicerçado em tecnologias leves, como o aco-
lhimento, a escuta ativa e sensível, além do uso de tecnologias que deem sus-
tentação ao fazer dos trabalhadores. Não se pode pensar em AD sem inves-
timento tecnológico, sem condições materiais adequadas, sem inovação no
processo de cuidar.

Link

Para ampliar seus conhecimentos sobre a organização dos fluxos as-


sistenciais para o melhor fazer dos trabalhadores, leia o capítulo 4 do
Caderno de Atenção Domiciliar: A indicação da Atenção Domiciliar e a Or-
ganização dos Fluxos Assistenciais, disponível em: <https://unasus-cp.
moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?id=4169>.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

19
No cuidado em domicílio cumprem-se os princípios da política de saúde, mas
há que se considerar as condições para que o usuário receba os cuidados em
casa. Sim, melhor em casa, pois é no domicílio que o usuário encontra muitas
de suas referências, expõe suas crenças, seus costumes, não é descaracteri-
zado, desprovido do seu eu. Porém, para um cuidado no domicílio (“melhor em
casa”), há de se buscar condições efetivas e seguras.

Portanto, o cuidado no domicílio precisa estar alicerçado na ética, na solidarie-


dade, na pactuação com o usuário, com a família e os integrantes da equipe,
na corresponsabilidade, na educação em saúde, na manutenção da individuali-
dade, no respeito às crenças e valores, no estabelecimento do diálogo franco e
aberto, na integralidade da assistência, o que implica, acima de tudo, a defesa
da vida.

Link

Para aprofundar o tema do cuidado domiciliar como princípio ético, com-


partilhado e educativo, leia os subitens “A disputa do cuidado”, “A educa-
ção permanente da equipe e do cuidador” e “A implicação e a avaliação
no fazer militante da equipe”, que se encontram em:

FEUERWERKER, L. C. M.; MERHY, E. E. Como temos armado e efetiva-


do nossos estudos, que fundamentalmente investigam políticas e prá-
ticas sociais de gestão e de saúde? In MATTOS, R. A.; BAPTISTA, T. W.
F. Caminhos de pesquisa na análise das políticas de saúde, 2011. p.
290-305. Disponível em: <http://www.ims.uerj.br/ccaps/wp-content/
uploads/2011/10/Capitulo-15.pdf>.

Unidade 1

20
Multimídia

Você também pode assistir aos vídeos a seguir.

Cuidador de Idosos: Aspectos Psicológicos, disponível


em: <http://www.youtube.com/watch?v=Qp9ZOqOJ_r8>.

Cuidador de Idosos: Aspectos Familiares e Sociais, dis-


ponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=zSAjo-
f4HMhA>.

1.3 Cuidado na saúde do trabalhador

Esta é uma atividade muito importante. Afinal, para cuidarmos bem dos outros,
precisamos estar atentos a nossa saúde. Neste sentido, temos como objetivo
rever os princípios de biossegurança, os quais são fundamentais para o usuá-
rio, sua família e para o próprio profissional.

Fonte: Banco de imagens Fotolia

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

21
Como você cuida da sua saúde? Está atento às normas de segurança? Quais
são os cuidados necessários para você se manter saudável? Muitas são as
questões relacionadas à saúde do trabalhador. Afinal, no nosso dia a dia esta-
mos sempre próximos a riscos no ambiente de trabalho, por isso nosso foco
estará centralizado na biossegurança. Atualmente a segurança do usuário é
algo que está em alta, inclusive com a portaria que trata dessa questão, mas
precisamos estar atentos também à segurança do trabalhador.

Fonte: PORTAL BRASIL, 2011.


Então vamos começar por rever os conceitos! O que é biossegurança?

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013), biossegurança “é o con-


junto de ações destinadas a prevenir, controlar, diminuir ou eliminar riscos ine-
rentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, em virtude
da adoção de novas tecnologias e fatores de risco a que estamos expostos”.

Link

Sobre a importância da biossegurança e de como ela está presente em


várias situações do nosso cotidiano, leia o seguinte texto: AGÊNCIA NA-
CIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Biossegurança. Rev. Saú-
de Pública [online]. 2005, vol. 39, n. 6, pp. 989-991. ISSN 0034- 8910.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v39n6/26998.pdf>.

Unidade 1

22
Neste texto verifica-se que um dos cuidados importantes, no nosso dia a dia, é
a higienização das mãos. Por quê? A higienização das mãos é uma das medi-
das mais importantes para o controle das infecções relacionadas à assistência
à saúde, sendo um dos pilares para a prevenção e o controle das infecções nos
serviços de saúde, assim como nos domicílios. Por isso, você, profissional de
saúde, precisa estar atento a essa questão. Lavar as mãos é fundamental! Mais
que isto: você precisa alertar os familiares acerca desse procedimento, fun-
damental no cuidado no domicílio. Você já imaginou alguém com a mão suja
dando alimentação a um usuário? E o que isso pode representar para quem já
está com a saúde debilitada?

Link

Sobre a importância da higienização das mãos e como proceder para


realizá-la, leia o Manual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-
VISA/MS), disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/ma-
nuais/paciente_hig_maos.pdf>.

É importante ressaltar que para prevenir a transmissão dos microrganismos,


três elementos são essenciais:
1. como lavamos as mãos – o procedimento;
2. o que utilizamos – o agente tópico com eficácia antimicrobiana;
3. quando realizamos – adesão regular a tal procedimento.

Por isso, é importante você saber que lavar as mãos não se limita a colocar um
pouco de sabão e esfregar as mãos embaixo de uma torneira. Ressaltamos que
você deve ler o manual indicado para entender o procedimento correto.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

23
Mas, você pode estar se perguntando: e no domicílio, quando eu não tenho
uma torneira com água disponível, o que devo fazer? Primeiramente se reco-
menda que antes de sair da unidade de saúde você lave bem as mãos e leve
um recipiente contendo álcool, pois esse tem ação microbicida. Entretanto, seu
uso é recomendado desde que as mãos não estejam visivelmente sujas, ou
contaminadas com material proteico (sangue, por exemplo). Cuide, no entanto,
porque o álcool é inflamável e você deve estar atento no armazenamento e no
transporte desse produto.

Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

Há que se destacar que a limpeza das mãos com álcool tem sua eficácia com-
provada, porém não substitui a lavagem das mãos. Até porque não se tem de-
finido o volume ideal de álcool a ser aplicado nas mãos, que pode variar em
cada formulação. Caso as mãos estejam secas após fricção com álcool por 10
a 15 segundos, provavelmente o volume aplicado foi insuficiente. Por isso, os
lenços umedecidos com álcool não são os mais recomendados, por conterem
quantidade limitada de álcool (BRASIL - ANVISA, 2013).

A OMS preconiza que, para a utilização da limpeza das mãos com álcool, seja apli-
cada uma quantidade suficiente de preparação alcoólica em uma das mãos em
forma de concha, para cobrir todas as superfícies das mãos; após, deve-se fric-
cionar as mãos até que sequem, não sendo recomendada a utilização de toalha.

Unidade 1

24
E quando se deve higienizar as mãos? A ANVISA recomenda cinco momentos
para higienização das mãos:

1 Antes de entrar em contato com o usuário.

2 Antes da realização de procedimento asséptico.

3 Após risco de exposição a fluidos corporais.

4 Após contato com o usuário.

5 Após contato com áreas próximas ao usuário (mobília, por


exemplo).

Link

Conheça o Protocolo de Higiene das Mãos elaborado pelo Ministério da


Saúde, acessando: <https://unasus-cp.moodle.ufsc.br/mod/resource/
view.php?id=4170>.

Além da higiene das mãos, fique atento a alguns “ERROS” que observamos com
frequência:
• cumprimentar funcionários, usuários e acompanhantes sem a prévia
lavagem das mãos;
• abrir ou fechar portas com luvas ou com sujidades nas mãos;
• atender ao telefone com luvas;
• ficar com a mesma luva por período prolongado, sem a trocar, e sem
lavagem das mãos (SÃO PAULO, 2006).

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

25
Lembre-se!
• Lave as mãos antes ou depois da retirada das luvas.
• Lave as mãos antes e após a utilização do sanitário.
• Lave as mãos sempre antes de qualquer procedimento (SÃO PAULO,
2006).

Como colocado anteriormente, não basta que o profissional realize a higiene


das mãos. É preciso orientar a família e, para tanto, tem de ser considerado o
contexto em que está inserida. Como dizer para um familiar lavar as mãos com
água e sabão se ele não tem água corrente?

Também a família pode ser encorajada a utilizar preparações alcoólicas para


as mãos, caso tenha condições de adquiri-las ou de produzi-las no domicílio,
usando a formulação preconizada pela OMS. O profissional deve sempre avaliar
o contexto. Por exemplo: Onde armazenar as preparações alcoólicas? Há local
adequado no domicílio? Há condições de preparar tais soluções no domicílio?
Ou precisam ser preparadas na unidade básica e fornecidas para a família?

Estas são considerações que precisam ser levadas em conta quando aborda-
mos a família acerca dos cuidados com a higiene das mãos.

Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

Unidade 1

26
Não apenas o cuidado com a higiene das mãos deve preocupar o profissional.
Cuidados com o uso de luvas de procedimentos, máscaras e outros equipa-
mentos de proteção devem fazer parte dos cuidados com a saúde do trabalha-
dor. No protocolo sobre higiene das mãos você já leu a respeito do uso de luvas,
mas sempre é bom lembrar: o uso de luvas não substitui a higiene das mãos,
nem a forma de realizá-la!

O cuidado em relação à saúde do trabalhador que atua em estabelecimentos


de saúde está normatizado na Norma Regulamentadora 32, de agosto de 2011,
do Ministério do Trabalho e Emprego.

Essa NR tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implemen-


tação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores nos
serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção
e assistência à saúde em geral.

Link

Para conhecer mais sobre a Norma Regulamentadora 32, acesse: <http://


portal.mte.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR32.pdf>.

Fonte:
GREEN AND SAFE IDEAS @ ATTITUDES IN HEALTH, 2010.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

27
Nesta norma está estabelecido que deve ser fornecido para todo trabalhador
dos serviços de saúde, gratuitamente, programa de imunização ativa contra
tétano, difteria, hepatite B, além do estabelecido no Programa de Controle Mé-
dico de Saúde Ocupacional (PCMSO), bem como outras vacinas eficazes con-
tra agentes biológicos a que os trabalhadores estão expostos. Neste sentido,
a vacina contra influenza (vacina da gripe) é uma das recomendadas. Portanto,
você trabalhador deve estar atento a sua proteção. Não basta orientar familia-
res e usuários para se vacinarem. A vacinação, como forma de prevenção, é
responsabilidade também do trabalhador!

Além disso, o trabalhador deve estar atento às vestimentas que são utilizadas
para a sua proteção, como máscaras e aventais. Caso você tenha de realizar
um curativo extenso, com presença de secreção fétida ou sangue, o uso de
máscaras, aventais de proteção e luvas são indicados, bem como o cuidado na
realização do procedimento e no destino do material.

Imaginamos que agora você já sabe como se cuidar, como orientar a família
para evitar infecções no domicílio e, principalmente, como estar atento a sua
saúde.

1.4 Cuidados no ambiente domiciliar

Não é suficiente termos cuidado com a nossa saúde e com a saúde dos fami-
liares/cuidadores, no intuito de buscar a recuperação do usuário, pois também
o cuidado com o ambiente é importante na Atenção Domiciliar. Esse cuidado
envolve a relação com o usuário e com o meio ambiente. Assim, o objetivo aqui
é refletir sobre os princípios envolvidos no cuidado do ambiente domiciliar.

Unidade 1

28
Inicialmente vamos abordar os princípios relacionados ao ambiente do usuário,
que envolve o contexto no qual está inserido. Quando falamos do ambiente do
usuário no hospital, estamos nos referindo a leito, mesa auxiliar de refeição,
mesa de cabeceira. E no domicílio? Também o local onde o usuário fica deitado
– cama, sofá ou outro local – é considerado seu ambiente, bem como os uten-
sílios que auxiliam nesse cuidado, como a mesa de cabeceira ou a mesinha
de apoio. Muitas vezes não temos no ambiente domiciliar uma mesa de apoio,
que possa auxiliar nos procedimentos a serem realizados. Neste caso, caixas
ou caixotes podem ser utilizados, mas sempre considerando a limpeza desse
material.

Portanto, quando vamos realizar um procedimento no domicílio e orientar a


família/cuidador para a realização destes, devemos avaliar no contexto o que
temos disponível e o que precisamos enfatizar no cuidado. Uma das questões
centrais, em relação ao ambiente, é manter a privacidade do usuário. Isso é
fundamental, é um sinal de respeito com aquele que estamos cuidando. Essa
questão da privacidade tem de ser salientada junto à família/cuidador. Como
realizar um curativo, uma medicação intramuscular ou um banho se ficam to-
dos em volta do usuário?

Talvez você esteja se perguntando: mas só há um cômodo na casa, o que eu


faço? É ali que todos ficam, almoçam, dormem, conversam, vivem... Você deve
então explicar que no momento do cuidado as pessoas, se possível, devem se
retirar daquele ambiente. Ou talvez você tenha de improvisar um biombo com
um lençol, uma caixa de papelão grande, com algo que deixe o usuário mais
à vontade. Isto precisa ser enfatizado para aquele que cuidará do usuário no
domicílio, pois a equipe de AD não estará sempre presente para a realização de
procedimentos, como a higiene.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

29
Outro aspecto a ser salientado refere-se à limpeza do local. Você deve estar
atento às condições do ambiente: ventilação, iluminação, presença de sol e
limpeza de uma forma geral. Em situações de exceção, essas condições po-
dem interferir na decisão da realização da AD ou não, ou seja, se o usuário tem
condições de ser atendido efetivamente no domicílio ou se há necessidade de
atendimento em outro ponto da rede. Porém, a equipe deve esgotar todas as
possibilidades na abordagem familiar, acionando a rede de cuidados do usuário
e da família e a rede intersetorial na tentativa de garantir o acesso à saúde e à
Atenção Domiciliar. As condições mínimas de higiene, relacionadas ao ambien-
te, são um direito do usuário e implicam a responsabilidade também da equipe
de saúde. Já discutimos isso nesta unidade: cuidar no domicílio é antes de tudo
uma atitude ética e de responsabilidade.

Em relação à disponibilização de insumos e equipamentos para os usuários do


Serviço de Assistência Domiciliar (SAD), é necessário seguir um fluxograma.

Unidade 1

30
Desta forma, os seguintes critérios devem ser seguidos para o fornecimento
dos materiais de uso hospitalar para usuários do SAD:
• os usuários devem ser cadastrados no SAD de acordo com o protocolo
de ingresso estabelecido pelo município;
• o fornecimento será na quantidade e na tipologia estabelecidas median-
te o cumprimento das rotinas que acompanham esse documento.

Por sua vez, o fluxo de atendimento precisa respeitar as considerações a seguir.

• Os instrumentos e equipamentos serão estabelecidos por profissional


do SAD, com designação para esse fim. A quantidade e o tipo de mate-
rial dependerão do diagnóstico da patologia de base e do projeto tera-
pêutico estabelecido para o usuário.
• O profissional responsável pelo SAD deve emitir um parecer em docu-
mento específico em que deverão constar nome, endereço e número de
registro do usuário, bem como a especificação, quantidade e justificati-
va dos materiais solicitados.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

31
• Esse documento deve ser encaminhado pelo profissional ao coordena-
dor do SAD/Distrito/Regional/SMS para a análise técnica e parecer do
responsável.

Caso o parecer seja favorável, será emitido um comunicado ao setor próprio de


disponibilização (almoxarifado/Central/SMS/hospital/UPA/UBS), conveniado
ou contratado (hospital/empresa), para o fornecimento do material da PRIMEI-
RA REMESSA e para previsão de aquisição das REMESSAS SUBSEQUENTES.
O material será encaminhado ao local de funcionamento do SAD e entregue no
domicílio do usuário mediante assinatura de um Termo de Compromisso pelo
responsável.

Unidade 1

32
No caso de equipamento fornecido por empresa contratada, esta deverá encar-
regar-se de sua instalação e manutenção periódica, devendo avisar imediata-
mente o SAD quando a instalação for realizada. A empresa deverá também se
encarregar de capacitar o cuidador para o manuseio do equipamento e deixar
mecanismo acessível de contato para casos de mau funcionamento e neces-
sidade de substituição.

Outro aspecto a ser salientado refere-se ao meio ambiente, principalmente em


relação aos resíduos. Estudos apontam que no Brasil são mínimas as inicia-
tivas relativas às medidas de gerenciamento de resíduos sólidos resultantes
da atividade de Atenção Domiciliar, estando centradas principalmente nos
resíduos com características perfurocortantes (SIQUEIRA, CONSONI, 2008).
Mesmo quando há iniciativas relacionadas com a coleta de todos os resíduos
sólidos, o transporte ainda é realizado sem condições de segurança, sendo
empregados veículos particulares dos profissionais ou das unidades básicas,
que também são utilizados para o transporte de outros materiais, como medi-
camentos ou materiais descartáveis.

Fonte: LIMPEBRAS E DESCARTADOS, 2008.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

33
O importante é que o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) tenha um Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos, conforme preconiza a Resolução da Di-
retoria Colegiada - RDC 306, de 07 de setembro de 2004 (BRASIL, 2004b), e
que possa ser organizada uma forma de recolher os resíduos no domicílio. No
entanto, se isso não for possível, seriam importantes algumas iniciativas por
parte da equipe, expostas a seguir.
• Orientar a família/cuidador quanto ao acondicionamento do lixo, prefe-
rencialmente em dois lixeiros, um menor que fique no quarto e outro que
acondicione o lixo até o seu recolhimento.
• As lixeiras devem ter tampas e o lixo deve ser acondicionado em sacos
plásticos colocados nas lixeiras.
• O lixo deve ser manuseado, preferencialmente, com luvas de borracha.
• As lixeiras devem ser de material de fácil limpeza.
• Materiais perfurocortantes devem ser acondicionados em caixas apro-
priadas, rígidas e resistentes a punctura, ruptura e vazamentos. Essas
caixas especiais podem ser fornecidas pela SAD. Caso contrário, utili-
zar latas e identificar como material perfurocortante.
• Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes consti-
tuídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes,
rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante (numa garrafa
PET, por exemplo).

A RDC 306 preconiza a identificação do material, de acordo com a sua classifi-


cação, do modo a seguir.

Unidade 1

34
Simbologia Orientação

O Grupo A é identificado pelo símbolo de substância


infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e
contornos pretos.

O grupo B é identificado por meio do símbolo de


risco associado e com discriminação de substância
química e frases de risco.

O Grupo C é representado pelo símbolo internacional


de presença de radiação ionizante (trifólio de cor
magenta) em rótulos de fundo amarelo e contorno
pretos, acrescido da expressão REJEITO RADIOATIVO.

O Grupo D é identificado pelo símbolo de material


reciclável. Caso haja reciclagem, a identificação
adotada deve usar códigos, cores e nomeações
baseadas na Resolução CONAMA 275/01*.

O Grupo E é identificado pelo símbolo de substância


infectante constante, com rótulos de fundo branco,
desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição
de RESÍDUO PERFUROCORTANTE, indicando o risco
que apresenta o resíduo.
Fonte: BRASIL. ANVISA. Resolução RDC n.º 306 (2004b).
*Resolução que estabelece o código de cores para os diferentes tipos de
resíduos, a ser adotada na identificação de coletores e transportadores, bem
como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

35
O lixo gerado no domicílio geralmente é classificado como do grupo A, D e E.
Os lixos do grupo A são aqueles que entraram em contato com o usuário e com
material infectado (por exemplo, gazes de um curativo). Recomenda-se que os
resíduos do grupo A, gerados nos serviços de assistência domiciliar, sejam
acondicionados e recolhidos pelos próprios agentes de atendimento ou por
pessoa treinada para a atividade e encaminhados para o estabelecimento de
saúde de referência (CUSSIOL, 2008).

Resíduos com Resíduos com Rejeitos Resíduos


Risco Biológico Risco Químico Radiativos Comuns

A manipulação do material perfurocortante exige um cuidado especial, pois na


literatura encontram-se registros de acidentes com esse material que criam
uma porta de entrada para agentes infecciosos, presentes em sangue e outros
fluidos orgânicos. Esses acidentes envolvem tanto o pessoal de atenção à saú-
de como o da limpeza e da coleta de resíduos. Por isso, atenção nos cuidados
que você profissional ou o familiar/cuidador deve ter ao acondicionar os resí-
duos resultantes dos procedimentos realizados.

Fonte: INFORME IOC, 2007.

Unidade 1

36
Para diminuir os riscos de transmissão de doenças, por sangue e fluidos orgâ-
nicos, algumas condutas devem ser adotadas:
• não reencapar, entortar, quebrar ou retirar manualmente as agulhas das
seringas;
• colocar os recipientes coletores, para o descarte de material perfuro-
cortante, próximo ao local onde é realizado o procedimento;
• descartar todo resíduo perfurocortante e abrasivo, inclusive os que não
foram usados, em recipiente exclusivo, resistente à perfuração e com
tampa, sem ultrapassar o limite de 2/3 da capacidade total;
• fornecer equipamentos de proteção individual ao pessoal da higieniza-
ção e coleta dos resíduos, de acordo com o Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais (PPRA) do estabelecimento, e exigir o seu uso
correto (atentar para a possibilidade de haver agulha dispersa no chão);
• seguir as orientações do PGRSS do estabelecimento (CUSSIOL, 2008).

Link

Para você obter mais informações sobre a questão do gerenciamento


de resíduos, leia a RDC 306, de 07 de dezembro de 2004, que dispõe so-
bre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços
de saúde. Conteúdo disponível em: <https://unasus-cp.moodle.ufsc.br/
mod/resource/view.php?id=4171>.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

37
Multimídia

Para assistir ao vídeo Web TV - Lixo Hospitalar tem


tratamento especializado na cidade, acesse: <http://
www.youtube.com/watch?v=807E6MR20R0>.

Assista também a Série Reciclar - 4.ª reportagem,


que aborda o lixo hospitalar. Conteúdo disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=TNW_uGYYqZY>.

Ainda em relação ao meio ambiente, há de se ter um cuidado especial com


equipamentos, produtos ou artigos utilizados junto ao usuário, como estetos-
cópios, esfigmomanômetros e termômetros, que devem ser limpos e desinfe-
tados antes de serem utilizados em outros usuários. Também as superfícies
devem ser limpas e desinfetadas, sendo recomendada para superfícies a lim-
peza com água e sabão e álcool.

Link

Para obter mais informações sobre a limpeza de superfícies, leia: BRA-


SIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Segurança do paciente em
serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies/Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2010. 116 p. Conteúdo
disponível em: <https://unasus-cp.moodle.ufsc.br/mod/resource/view.
php?id=4172>.

A limpeza das roupas é outro aspecto a ser observado, sendo recomendado


orientar a família/cuidador para a troca da roupa de cama e do usuário quando
houver sujidades e quando estiver molhada.

Unidade 1

38
Link

Para obter mais informações sobre o processamento de roupas, leia o


texto produzido pela ANVISA sobre esse tema, que é voltado aos esta-
belecimentos de saúde, mas que você pode adaptar à realidade domici-
liar: BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Processamento de
roupas em serviços de saúde: prevenção e controle de riscos / Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2009. Conteúdo dispo-
nível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/processa-
mento_roupas.pdf>.

Você, profissional de saúde, é responsável pelo cuidado no domicílio não ape-


nas do usuário, mas da família, do cuidador e do meio ambiente. Por isso, bus-
que outras informações que você considerar necessárias para complementar
o estudo desta unidade.

Encerramento da unidade

Ao concluir a unidade sobre Princípios Éticos e de Biossegurança no Cui-


dado Domiciliar, você teve a oportunidade de adquirir informações acerca
do cuidado compartilhado e ético, bem como os princípios de biossegu-
rança relacionados ao trabalhador e ao próprio ambiente.

Princípios éticos e de biossegurança no cuidado domiciliar

39
Unidade 2

Procedimentos no cuidado
domiciliar: sinais vitais
2.1 Introdução da unidade

Os sinais vitais podem ser caracterizados como sinais clínicos de vida. Eles
refletem o funcionamento de funções orgânicas básicas. Seu monitoramento
é capaz de revelar a existência de desequilíbrios resultantes da interação entre
os sistemas orgânicos e agentes patogênicos ou distúrbios do equilíbrio hi-
droeletrolítico, por exemplo.

A importância dos sinais vitais para a avaliação clínica, e das condições de


saúde das pessoas, é defendida desde a Antiguidade, por Hipócrates, que con-
siderava a aferição dos sinais vitais a etapa mais importante do exame físico
(MOZACHI, 2009).

No âmbito da Atenção Domiciliar, é fundamental que os profissionais estejam


atentos à avaliação dos sinais vitais no momento da avaliação do usuário. É
igualmente importante orientar usuários e familiares/cuidadores a executarem
esse procedimento de maneira correta e segura, assim como recomendar cui-
dados relacionados às situações de alteração dos parâmetros esperados para
cada faixa etária.

A aferição dos sinais vitais faz parte do exame físico do histórico de enferma-
gem. Sua avaliação auxilia o enfermeiro no planejamento das ações, na elabo-
ração da prescrição de enfermagem e na tomada de decisão clínica. Podem
ainda ser mensurados isoladamente, com o objetivo de conhecer/revisar a
condição de saúde do usuário.

A avaliação dos sinais vitais inclui a medida fisiológica da temperatura, pulso


(frequência cardíaca), pressão arterial, respiração (frequência respiratória) e a
mensuração da dor. Os primeiros relatos acerca da necessidade de reconhecer

Unidade 2

42
a dor como 5.º sinal vital ocorreram em 1996 por James Campbell (Presiden-
te da Sociedade Americana de Dor). O objetivo de Campbell foi conscientizar
profissionais de saúde sobre o tratamento adequado da dor, assim como já
ocorre no manejo aos demais sinais vitais (SBED, 2013). No âmbito da atenção
aos usuários em cuidados paliativos, a avaliação da dor é indispensável, pois,
a partir do manejo adequado da dor, é possível promover alívio e conforto a
essas pessoas, de modo que se ofereça um cuidado integral e humanizado no
processo de morrer e a morte.

Atualmente a dor faz parte do conjunto de sinais vitais. Assim, é reconhecida


como o 5.º sinal vital por órgãos nacionais e internacionais, como a Agência
Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana
de Dor, que ressaltam a importância de registrar a dor como sinal vital ao mes-
mo tempo e no mesmo ambiente clínico em que são avaliados os outros quatro
sinais vitais: temperatura, pulso, respiração e pressão arterial (SOUZA, 2002).

Controle da temperatura
Controle da pressão arterial
Controle do pulso

Controle da frequência respiratória

Controle da dor

A aferição dos sinais vitais é fundamental para a avaliação de usuários, tanto


em âmbito hospitalar como em diferentes serviços da rede de atenção à saúde,
como Unidades Básicas de Saúde (UBS), policlínicas, ambulatórios, Unidades de
Pronto Atendimento (UPA), Unidades de Saúde da Família (USF), Serviço de As-
sistência Domiciliar (SAD) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

43
Apesar de sua indiscutível relevância, a avaliação dos sinais vitais de maneira
isolada tem pouco ou nenhum valor clínico. É fundamental compreendê-los
como parte do exame físico, englobando a observação do usuário como um
todo: suas emoções, o ambiente em que vive ou está, a doença vivenciada,
seus medos e anseios, seu contexto familiar, seu estado nutricional e de hidra-
tação, entre outras questões (MOZACHI, 2009).

O objetivo desta unidade é revisar as técnicas adequadas de aferição dos sinais


vitais, suas principais características, o significado das alterações mais fre-
quentes, além de descrever os parâmetros de normalidade esperados para as
diferentes faixas etárias. Ressaltamos a importância da aferição dos sinais vi-
tais nos usuários em estágio avançado de doença e sem possibilidade de cura.

2.2 Controle da temperatura

A aferição da temperatura corpórea visa identificar alterações no controle da


regulação térmica do organismo. O hipotálamo, localizado no cérebro, rece-
be informações sobre a temperatura corporal advindas de sensores térmicos
periféricos e locais e, com base nessas informações, realiza o balanço entre
a perda e o ganho de calor do corpo, podendo resultar em alterações como
febre, hipertermia ou hipotermia (PETMEDICINA, 2013). A alteração patológica
da temperatura corporal normalmente está associada à sua elevação, como é
o caso da febre, presente na maioria dos processos infecciosos e (ou) inflama-
tórios (BRASIL, 2003).

Unidade 2

44
Fonte: Banco de imagem Fotolia.

Normalmente a temperatura corporal varia ao longo do dia, poden-


do oscilar também conforme as atividades desenvolvidas pelo indi-
víduo no decorrer de sua jornada diária.

A temperatura corpórea relaciona-se diretamente à atividade metabólica.

Isto quer dizer que a regulação da temperatura depende da liberação de ener-


gia, por meio de reações químicas, ocorridas no interior das células.

Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

45
Assim, é correto afirmar que o processo de regulação da temperatura corpó-
rea varia de acordo com fatores de ordem psicofisiológica, como o sono e o
repouso, as emoções, a desnutrição, o exercício físico e o uso de agasalhos.
Além disso, existem situações que contribuem para a ocorrência de alterações
transitórias da temperatura corporal, como é o caso da oscilação hormonal
durante o ciclo menstrual e a ovulação, a exposição a temperaturas extremas
(banhos muito quentes ou frios) e a ingesta de alimentos e (ou) bebidas muito
quentes ou frias (BRASIL, 2003), ou durante o processo de morrer e a morte,
como é o caso da febre sistêmica, presente em pessoas nas últimas 72 horas
de vida (se a elevação da temperatura não gerar desconforto ao usuário, não
deve ser tratada com medicamentos).

Fonte: Banco de imagem Fotolia.

Pela manhã, em torno de 6 horas, a temperatura corpórea é usualmente mais


baixa, elevando-se no decorrer do dia, atingindo até 37,7°C, entre as 16 e 18 ho-
ras. Por este motivo, embora esteja padronizado na literatura que a temperatu-
ra corpórea normal é de 37°C, é importante considerar o período do dia em que
a temperatura foi aferida, ponderando que às 6 horas da manhã a temperatura
máxima normal é de 37,2°C e às 16 horas é de 37,7°C (BARROS et al, 2004).

Unidade 2

46
Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

O hipotálamo exerce o controle da produção ou da perda de calor. Sua função


é manter o corpo com a temperatura constante, independentemente das va-
riações de temperatura do meio externo. Um exemplo disso é a ocorrência de
tremores em indivíduos expostos a temperaturas ambientais baixas. O tremor,
neste caso, é uma resposta fisiológica para aumentar a produção de calor por
meio da contração muscular (ALBERGARIA et al., 2007).

Fonte: Banco de imagem Fotolia.

De acordo com Mozachi (2009), o organismo produz calor constantemente por


meio do metabolismo. Os principais processos envolvidos na perda de calor
corpóreo para o ambiente são:

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

47
• radiação: transferência de calor para outro objeto de temperatura mais
baixa, situado a distância;
• condução: transferência de calor para um objeto mais frio que esteja
em contato com a pele;
• convecção: transferência de calor via movimento de gás ou líquidos que
circundam a superfície corporal;
• evaporação: a perda de calor por evaporação ocorre por meio da pro-
dução de suor (sudorese) e das perdas insensíveis (respiração). Quando
a temperatura externa é muito elevada, a radiação e a convecção não
são suficientes, sendo a evaporação pela pele o meio mais eficaz de
perder calor.

A febre é, por definição, a elevação da temperatura corporal mensurada com


o auxílio de um termômetro, normalmente na região axilar, acima dos parâ-
metros considerados normais. Em termos fisiológicos, é considerada como
uma resposta protetora a processos infecciosos, inflamatórios, neoplásicos ou
decorrentes de lesão de estruturas orgânicas e celulares (MOZACHI, 2009).
Observe as informações a seguir.

ALTERAÇÕES DA TEMPERATURA

Febre ou É uma resposta fisiológica do organismo, em


pirexia que ocorre elevação da temperatura corporal
em decorrência de um reajuste do set point pelo
hipotálamo. Os mecanismos periféricos de perda
e (ou) conservação de calor encontram-se intactos
(PETMEDICINA, 2013).

Unidade 2

48
Hipertermia É uma temperatura corporal acima da temperatura
considerada normal, que está relacionada com a
incapacidade do organismo de promover a perda de
calor ou reduzir a sua produção. Assim, as doenças
ou traumas, que ocasionam alterações no hipotálamo,
prejudicam os mecanismos de perda de calor, e
consequentemente temos a hipertermia.

Não podemos deixar de citar brevemente a hipertermia


maligna, uma condição hereditária com a produção
incontrolada de calor, em reação ao recebimento de
determinadas drogas anestésicas (POTTER; PERRY,
2009).

Em algumas circunstâncias a febre pode trazer


prejuízos consideráveis (PETMEDICINA, 2013):
• aumento importante do consumo de oxigênio, au-
mento do trabalho cardíaco (precipitando insuficiên-
cia cardíaca em usuários com doenças cardíacas
prévias);
• indução de convulsão em crianças ou portadores de
doenças neurológicas;
• mal-estar físico;
• desorientação.

Em relação aos sinais de febre, é importante orientar


os usuários e familiares/cuidadores sobre a técnica
correta de aferição da temperatura corporal, do mesmo
modo que os sinais sugestivos de febre: vermelhidão,
lábios ressequidos, respiração rápida, pulso acelerado,
delírios e convulsões (GELBCKE; PRADO, 2013).

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

49
2.2.1 Aferição da temperatura

A temperatura corporal pode ser aferida com o auxílio de termômetros de


mercúrio* ou digitais. A temperatura varia de acordo com a região anatômica
eleita para sua verificação, sendo consideradas temperaturas normais as se-
guintes (BARROS, 2004):
• temperatura axilar: 35,8°C - 37,7°C;
• temperatura oral: 36,3°C - 37,4°C;
• temperatura retal: 37°C - 38°C.

*Contraindicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-


VISA) em função do risco de acidentes com consequente exposição
ao mercúrio.

Para realizar a aferição da temperatura corporal podemos utilizar os métodos


a seguir (BRASIL, 2003).
• Oral: o termômetro de uso oral deve ser individual. A técnica de aferi-
ção envolve o posicionamento sob a língua e a sua manutenção firme
nesse local. Os lábios devem se manter fechados e o termômetro deve
permanecer nessa posição por 3 minutos. O termômetro de mercúrio é
contraindicado para a aferição de temperatura oral.
• Retal: o termômetro retal é de uso individual. Deve ser lubrificado an-
tes de ser posicionado no ânus. Para sua aferição, o usuário deve ser
colocado em decúbito lateral, sendo o termômetro inserido cerca de
3,5 cm em indivíduo adulto, permanecendo no local por 3 minutos. A
verificação da temperatura retal é considerada a mais fidedigna, porém
é contraindicada a pessoas submetidas a intervenções cirúrgicas do
reto e períneo.

Unidade 2

50
• Axilar: embora seja a menos precisa, é a verificação mais frequente em
nosso meio. Esse fato se deve à facilidade de execução da técnica. O
bulbo do termômetro deve ser posicionado no oco axilar seco e mantido
nesse local por no máximo 7 minutos (cerca de 5 a 7 minutos).

O material necessário para a aferição da temperatura corporal oral e axilar é


composto por um termômetro clínico, algodão seco, álcool etílico a 70%, bloco
de papel e caneta.

Após o uso do termômetro, deve-se proceder à sua desinfecção, obedecendo o


princípio do mais limpo para o mais sujo, mediante lavagem com água e sabão
ou limpeza com álcool a 70%.

Os valores de referência para o controle de temperatura axilar são citados no


quadro adiante.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

51
NOMENCLATURA DAS VARIAÇÕES TÉRMICAS DO ORGANISMO COM
AFERIÇÃO DA TEMPERATURA AXILAR

Classificação Variação em °C

Normotermia 36,0 – 37,0

Hipotermia Abaixo de 36,0

Temperatura subfebril 37,0 – 37,5

Febre baixa 37,5 – 38,5

Febre moderada 38,5 – 39,5

Febre alta 39,5 – 40,5

Febre muito alta – hiperpirexia Acima de 40,5

Verifica-se a temperatura, na axila, deixando o termômetro por pelo menos 3


minutos.
Fonte: VOLTA REDONDA, 2013.

Para uma avaliação mais criteriosa do usuário com febre, devemos considerar
os seguintes aspectos (PETMEDICINA, 2013):

Início Súbito ou Em pneumonia, malária e infecções


gradual urinárias geralmente tem início súbito.

Intensidade Febre leve Até 37,8.

Febre De 37,8 a 38,5.


moderada

Febre alta Acima de 38,6.

Unidade 2

52
Duração Febre Encontra-se nas seguintes doenças:
prolongada tuberculose, septicemia, malária,
(dura mais endocardite infecciosa, febre tifoide,
de uma colagenoses, linfomas, pielonefrite,
semana) brucelose, esquistossomose.

Modo de Febre O usuário permanece com a temperatura


evolução contínua corporal elevada, com variações de até 1
grau, sem grandes oscilações.

Febre Picos muito altos, intercalados por


irregular ou temperaturas baixas. Não há qualquer
séptica caráter cíclico. Totalmente imprevisíveis.

Febre Há elevação da temperatura diária com


remitente variações de mais de 1 grau, sem períodos
de apirexia (quando a febre é abrandada).

Febre A elevação da temperatura é ciclicamente


intermitente interrompida por um período de temperatura
normal. Por exemplo: o indivíduo tem febre
durante a manhã e passa a tarde sem febre.

Febre Período de temperatura normal que dura dias


recorrente ou e semanas, até que sejam interrompidos por
ondulante períodos de temperatura elevada.

Término Em crise A febre desaparece subitamente


(geralmente ocorre sudorese profunda e
prostração). Por exemplo: acesso malárico.

Lise Hipertermia desaparece gradualmente.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

53
A febre pode ser causada, segundo a Universidade Federal do Ceará, 2013, por:
• aumento da produção de calor (como no hipertireoidismo);
• bloqueio da perda de calor (como na ICC e ausência congênita de glân-
dulas sudoríparas);
• lesão de tecidos por infecção (por bactérias, vírus ou parasitos), por
lesões mecânicas (cirurgias e traumas), neoplasias malignas, doenças
hemolinfopoiéticas, afecções vasculares (IAM, hemorragias, trombose)
e doenças do SNC;
• medicamentos.

Existem algumas situações especiais que devemos contextualizar em relação


à temperatura corpórea. Por exemplo, as puérperas, que podem ter um ligeiro
aumento da temperatura axilar (36,8° - 37,9°C) nas primeiras 24 horas pós-par-
to, não significando necessariamente a iminência de um quadro infeccioso
em evolução. É necessário atentar para a técnica adequada de verificação da
temperatura corporal em mulheres no puerpério, pois a infecção puerperal é
diagnosticada por meio da aferição da temperatura bucal.

Segundo Freitas et al (2011), “a infecção puerperal é definida como temperatura


bucal [grifo nosso] ≥ 38°C, verificada por técnica padrão, no mínimo 4 vezes ao
dia, em 2 dos 10 primeiros dias do pós-parto, excetuando-se as primeiras 24
horas.”

Assim, é conduta de enfermagem: medir e registrar temperatura axilar, e se a


temperatura axilar for maior que 38°C, solicitar avaliação médica.

Unidade 2

54
2.2.2 Condutas de enfermagem ao usuário com hipertermia ou
hipotermia

É importante que a equipe de saúde não apenas identifique as alterações da


temperatura corporal, mas execute e (ou) oriente os cuidadores/familiares
acerca das medidas de controle térmico capazes de manter a temperatura cor-
poral em níveis próximos aos considerados normais.

É conduta de enfermagem medir e registrar a temperatura axilar, de


acordo com prescrição de enfermagem. Se estiver acima de 38°C,
solicitar avaliação médica. É importante que a equipe de saúde não
apenas identifique as alterações da temperatura corporal, mas exe-
cute e (ou) oriente os familiares/cuidadores acerca das medidas de
controle térmico, capazes de manter a temperatura corporal em ní-
veis próximos aos considerados normais.

Acompanhe no quadro a seguir os principais cuidados de enfermagem para os


casos de hipertermia e hipotermia.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

55
CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO USUÁRIO COM HIPERTERMIA E
HIPOTERMIA

Alteração da Cuidados de enfermagem


temperatura

Hipertermia • Orientar o usuário sobre a importância dos procedimen-


tos a serem realizados para reduzir a temperatura.

• Instruir o controle da temperatura com maior frequência


até sua estabilização.

• Orientar o aumento da ingesta líquida, se não houver


contraindicação.

• Instruir e providenciar banho morno e repouso - o ba-


nho morno provoca menos tremores e desconforto que
o frio.

• Nos casos de temperatura corpórea muito alta, aplicar


compressas frias de água no corpo.

• Durante o período de calafrios, cobrir o usuário e protegê-


-lo de correntes de ar; no período de transpiração, arejar
o ambiente e providenciar roupas leves.

• Orientar a administração de medicação de acordo com


a prescrição médica.

• Comunicar ao enfermeiro ou médico e fazer o registro


no prontuário domiciliar.

Unidade 2

56
Hipotermia • Orientar o usuário e familiares/cuidadores sobre a im-
portância dos procedimentos a serem realizados para
elevar a temperatura.

• Instruir familiares/cuidadores quanto à necessidade de


aquecer o usuário com agasalhos e cobertores.

• Orientar a importância de manter o ambiente aquecido.

• Orientar e proporcionar o repouso e a ingestão de ali-


mentos quentes.

• Instalar soro fisiológico aquecido (morno), conforme a


prescrição médica.
Fonte: Adaptado de BRASIL, 2003.

2.3 Controle da pressão arterial

A pressão arterial é a função resultante do produto débito cardíaco x resistên-


cia vascular periférica. Quando o sangue é lançado nos vasos, pela contração
do músculo cardíaco, exerce uma determinada pressão sobre as artérias e
veias. Essa pressão depende fundamentalmente de cinco fatores (MOZACHI,
2009), como você pode ver a seguir.

Força contrátil O débito cardíaco é a quantidade de sangue ejetado


do coração pelo ventrículo esquerdo do coração. Quando a força
contrátil do coração é insuficiente, reduz o débito
cardíaco e, consequentemente, a pressão arterial.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

57
Resistência É a resistência oferecida pelos vasos à circulação
vascular sanguínea. Quando ocorre um aumento da
periférica resistência vascular em virtude da diminuição do
calibre dos vasos, a pressão arterial se eleva. Já
com a diminuição da resistência vascular periférica,
ocorre diminuição dos níveis pressóricos.

Volemia É a quantidade de sangue circulante. Quanto maior


for o volume circulante, maior será a pressão
exercida sobre os vasos.

Viscosidade Depende da composição do sangue circulante, ou


sanguínea seja, do número de células, proteínas e de outros
elementos encontrados no plasma. Quanto maior for
a viscosidade, maior será a tensão arterial.

Elasticidade Depende da resistência oferecida ao sangue pelos


da parede dos vasos sanguíneos. Quanto maior for a elasticidade
vasos do vaso, maior será a resistência oferecida ao fluxo
de sangue e, consequentemente, mais elevada será a
pressão arterial.

A pressão sistólica ou máxima é a medida da pressão arterial no momento em


que ocorre a ejeção de sangue para a aorta, a partir da contração do ventrículo
esquerdo durante a sístole cardíaca.

A pressão diastólica é a pressão arterial que está continuamente presente nas


artérias, quer seja na diástole, quer seja no momento de enchimento do ventrí-
culo esquerdo.

Unidade 2

58
Multimídia

Para conhecer mais sobre mensuração da pressão ar-


terial, assista ao vídeo disponível em: <https://youtu.
be/9mLZJ_NiN5k>.

2.3.1 Aferindo a pressão arterial

A posição recomendada para a aferição precisa da pressão arterial é a sen-


tada. No entanto, está indicada a mensuração da pressão arterial na posição
ortostática (posição ereta ou em pé) na primeira avaliação de idosos, diabéti-
cos, pessoas com disautonomias, alcoólicos e pessoas em uso de medicação
anti-hipertensiva (BRASIL, 2006).

Para a obtenção de valores confiáveis de pressão arterial é necessário que a


mensuração seja feita utilizando-se aparelhos calibrados.

De acordo com Brasil (2006) e com as recomendações VI Diretrizes Brasileiras


de Hipertensão (SBC, 2010), a técnica correta de aferição da pressão arterial
envolve as doze etapas a seguir.
1. Explicar o procedimento ao usuário, orientando que permaneça em
ambiente calmo e descanse, por pelo menos 5 minutos, em ambiente
com temperatura agradável e, preferencialmente, em silêncio. Promo-
ver relaxamento, para atenuar o efeito do avental branco (elevação da
pressão arterial pela tensão provocada com a simples presença do pro-
fissional de saúde, particularmente do médico).
2. Certificar-se de que o usuário está com a bexiga vazia; não praticou
exercícios físicos há pelo menos 60 minutos; não ingeriu bebidas alcoó-

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

59
licas, café, alimentos, ou fumou até 30 minutos antes; não está com as
pernas cruzadas.
3. O usuário deve estar na posição sentada, pernas descruzadas, pés
apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado. O braço deve
estar na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4.º es-
paço intercostal), livre de roupas, apoiado, com a palma da mão voltada
para cima e o cotovelo ligeiramente fletido.
4. Utilizar manguito de tamanho adequado ao braço do usuário, cerca de
2 a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha
sobre a artéria braquial. A largura da bolsa de borracha deve correspon-
der a 40% da circunferência do braço e o seu comprimento envolver
pelo menos 80%.
5. Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou do mos-
trador do manômetro aneroide.

Posicionamento do usuário para a aferição da pressão arterial.


Fonte: Banco de imagem Shutterstock

6. Palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento,


para a estimativa do nível da pressão sistólica; desinflar rapidamente e
aguardar um minuto antes de inflar novamente.
7. Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria
braquial, na fossa antecubital, evitando compressão excessiva.

Unidade 2

60
8. Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar, de 20 a 30 mmHg,
o nível estimado da pressão sistólica. Proceder a deflação com veloci-
dade constante inicial de 2 a 4 mmHg por segundo. Após a identificação
do som que determinou a pressão sistólica, aumentar a velocidade para
5 a 6 mmHg para evitar congestão venosa e desconforto para o usuário.
9. Determinar a pressão sistólica no momento do aparecimento do pri-
meiro som (fase I de Korotkoff), seguido de batidas regulares que se
intensificam com o aumento da velocidade de deflação. Determinar a
pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff).
Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar
seu desaparecimento e depois proceder com a deflação rápida e com-
pleta. Quando os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a
pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff).
10. Registrar os valores das pressões sistólicas e diastólica, complemen-
tando com a posição do usuário, o tamanho do manguito e o braço em
que foi feita a mensuração. Não arredondar os valores de pressão arte-
rial para dígitos terminados em zero ou cinco.
11. Esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas mensurações.
12. O usuário deve ser informado sobre os valores obtidos da pressão arte-
rial e a possível necessidade de acompanhamento.

Antes e após a realização do procedimento, realizar a desinfecção do diafrag-


ma e das olivas do estetoscópio.

Multimídia

Agora, assista a um vídeo que trata da verificação da


PA, disponível em: <http://www.youtube.com/watch?-
v=UJlQ3gzNwro>.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

61
2.3.2 A escolha do manguito

Um dos aspectos fundamentais para garantir a mensuração precisa da pres-


são arterial é a utilização de manguitos com dimensões adequadas à faixa
etária, aos locais de medida da pressão arterial e ao tamanho do braço. A utili-
zação de manguitos em desacordo com as dimensões preconizadas acarreta
imprecisão dos resultados aferidos (BRASIL, 2006).

As dimensões recomendadas para a bolsa de borracha para os aparelhos


de pressão (manguito), segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
2010, são apresentadas no quadro a seguir.

DIMENSÕES RECOMENDADAS DA BOLSA DE BORRACHA DE ACORDO


COM A CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CRIANÇAS E ADULTOS)

Denominação do Circunferência do Bolsa de borracha (cm)


manguito braço (cm)
Largura Comprimento

Recém-nascido ≤ 10 4 8

Criança 11 - 15 6 12

Infantil 16 - 22 9 18

Adulto pequeno 20 - 26 10 17

Adulto 17 - 34 12 23

Adulto grande 35 - 45 16 32
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC, 2010.

Unidade 2

62
Válvula Manguito Oliva

Pêra
Diafragma

Verificação da pressão arterial

Técnica de verificação da pressão arterial


Fonte: Brasil, 2003.

Os aparelhos de medida de pressão arterial no punho e dedo não são recomen-


dados para a prática clínica, embora já existam aparelhos de punho validados
(SBC, 2010).

Link

Para escolher o aparelho semiautomático, consulte o site : <http://


www.dableducational.org/sphygmomanometers/devices_2_sbpm.
html> e também: <http://www.bhsoc.org>.

Todos os aparelhos devem ser validados por protocolos estabelecidos na li-


teratura pela Association for the Advancement of Medical Instrumentation

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

63
(AAMI) e pela British Hypertension Society (BHS). Além disso, precisam ser
verificados anualmente, de preferência nas dependências dos órgãos da Rede
Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade (RBMLQ), nos Institutos de Pesos e
Medidas Estaduais (IPEMs) ou em local designado pelo Inmetro, e, se necessá-
rio, calibrados (SBC, 2010).

Link

Para saber mais, acesse o site do Inmetro, disponível em : <http://www.


inmetro.gov.br/consumidor/produtos/esfigmo2.asp>.

É comum que usuários, familiares/cuidadores tenham aparelhos para a veri-


ficação de pressão arterial em casa. Embora não sejam recomendados pela
Sociedade Brasileira de Cardiologia, é importante destacar aos usuários e cui-
dadores/familiares que esses aparelhos devem ser calibrados anualmente, e
que a técnica de aferição da pressão arterial deve seguir as recomendações
dispostas no quadro a seguir.

PREPARO DO USUÁRIO PARA AFERIÇÃO DE PRESSÃO ARTERIAL

1. E xplicar o procedimento ao usuário e deixá-lo em repouso, por pelo


menos 5 minutos, em ambiente calmo. Deve ser instruído a não con-
versar durante a mensuração. As possíveis dúvidas devem ser escla-
recidas antes ou após o procedimento.

Unidade 2

64
2. Certificar-se de que o usuário:
• não está com a bexiga cheia;
• não praticou exercícios físicos há pelo menos 60 minutos;
• não ingeriu bebidas alcoólicas, café ou alimentos;
• não fumou nos 30 minutos anteriores.

3. Posicionamento do usuário: deve estar na posição sentada, pernas


descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e re-
laxado. O braço deve estar na altura do coração (nível do ponto médio
do esterno ou 4.º espaço intercostal), livre de roupas, apoiado, com a
palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido.

Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC, 2010.

Quanto a isso, vemos adiante algumas situações especiais (BRASIL, 2006;


SBC, 2010).

Crianças

• A largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da


circunferência do braço.

• O comprimento da bolsa de borracha do manguito deve envolver 80% a 100%


da circunferência do braço.

• A pressão diastólica deve ser determinada na fase V de Korotkoff.

Fonte: Banco de imagem iStock

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

65
Idosos

No idoso, há dois aspectos importantes:


• maior frequência de hiato auscultatório, que consiste no desaparecimento
dos sons na ausculta durante a deflação do manguito, geralmente entre o
final da fase I e o início da fase II dos sons de Korotkoff. Tal achado pode su-
bestimar a verdadeira pressão sistólica ou superestimar a pressão diastólica;

• a pseudo-hipertensão é caracterizada por pressão arterial falsamente eleva-


da em decorrência do enrijecimento da parede da artéria. Pode ser detecta-
da por meio da manobra de Soler, que consiste na inflação do manguito no
braço até o desaparecimento do pulso radial. Se a artéria for palpável após
esse procedimento, sugerindo enrijecimento, o usuário será considerado
Osler-positivo.

Fonte: Banco de imagem iStock

Gestantes

Recomenda-se que a medida da pressão arterial em gestantes seja feita na


posição sentada. A determinação da pressão diastólica deve ser realizada na
fase V de Korotkoff.

Fonte: Banco de imagem iStock

Unidade 2

66
Obesos

Manguitos mais longos e largos são necessários em pessoas obesas para


não haver superestimação da pressão arterial.

Fonte: Banco de imagem iStock

Observação: evitar a aferição da pressão arterial em membros su-


periores ipsolaterais a procedimentos de esvaziamento axilar e em
membros com fístulas arteriovenosas e cateteres venosos, para evi-
tar estase sanguínea e risco de obstrução da fístula ou cateteres.

Assim, realizamos a mensuração da pressão arterial nos membros inferiores,


de acordo com Potter; Perry (2009).
• A artéria poplítea, palpável atrás do joelho, no espaço poplíteo, é o local
para ausculta.
• O manguito precisa ser largo e longo o suficiente para comportar a cir-
cunferência mais larga da coxa.
• A posição em decúbito ventral é a melhor opção. Se não for possível,
instrua o usuário a flexionar o joelho suavemente, a fim de acessar a
artéria poplítea com mais facilidade.
• Posicione o manguito a 2,5 cm (1 polegada) acima da artéria poplítea
com a câmara sobre o lado posterior da porção média da coxa (figura
adiante). O procedimento é idêntico ao da ausculta da artéria braquial.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

67
• A pressão sistólica nas pernas usualmente é 10 a 40 mmHg maior que
na artéria braquial, mas a pressão diastólica é a mesma.

Posicionamento do manguito na extremidade inferior sobre a artéria poplítea na área


mediana da coxa, com o joelho flexionado.
Fonte: POTTER; PERRY, 2009, p. 546.
Os parâmetros normais de pressão arterial variam conforme estão descritos
nos quadros a seguir.

CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL


(CRIANÇAS E ADOLESCENTES)

Classificação Percentil* para Frequência de


medida da pressão
PAS e PAD
arterial

Normal PA < percentil 90 Reavaliar na próxima


consulta médica
agendada.

Limítrofe PA entre percentis 90 a 95 Reavaliar em 6 meses.


ou se PA exceder 120/80
mmHg sempre < percentil
90 até < percentil 95

Unidade 2

68
Hipertensão Percentil 95 a 99 mais 5 Usuário assintomático:
estágio 1 mmHg reavaliar em 1
a 2 semanas;
se hipertensão
confirmada,
encaminhar para
avaliação diagnóstica.

Usuário sintomático:
encaminhar para a
avaliação diagnóstica.

Hipertensão PA > percentil 99 mais 5 Encaminhar para


estágio 2 mmHg avaliação diagnóstica.

Hipertensão PA > percentil 95 em


do avental ambulatório ou consultório
branco e PA normal em ambientes
não relacionados à prática
clínica
*Para idade, sexo e percentil de estatura.
Modificado do The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Treatment of High
Blood Pressure in Children and Adolescents.
Fonte: Adaptado da Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC, 2010.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

69
CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL DE ACORDO COM A MEDIDA
CASUAL NO CONSULTÓRIO (> 18 ANOS)

Classificação Pressão sistólica Pressão diastólica


(mmHg) (mmHg)

Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe* 130-139 85-89

Hipertensão estágio 1 140-159 90-99

Hipertensão estágio 2 160-179 100-109

Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica ≥ 140 < 90


isolada

Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias


diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial.
*Pressão normal-alta ou pré-hipertensão são termos que se equivalem na literatura.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC, 2010.

A mudança no estilo de vida é uma medida que deve ser orientada na preven-
ção primária da HAS, notadamente nos indivíduos com PA limítrofe, segundo o
contexto social vivenciado por família e usuário. As mudanças de estilo de vida
são capazes de reduzir os níveis pressóricos e, consequentemente, a mortalida-
de cardiovascular. Hábitos saudáveis de vida devem ser adotados por todas as
pessoas, independentemente de serem hipertensas desde a infância e adoles-
cência. As principais recomendações não medicamentosas para prevenção pri-

Unidade 2

70
mária da HAS são: alimentação saudável, consumo controlado de sódio e álcool,
ingestão de potássio, combate ao sedentarismo e ao tabagismo (SBC, 2010).

2.4 Controle do pulso

O controle do pulso mensura as oscilações da pulsação e revela aspectos im-


portantes sobre o estado do usuário.

Fonte: MYHEALTHALBERTA. CA. (2012).

O controle de pulso inclui, além da frequência cardíaca, o ritmo e a intensidade


da força exercida pelo sangue ao passar pelas artérias. Sua aferição é possível,
pois o fluxo sanguíneo impulsionado para os vasos pela contração do músculo
cardíaco provoca oscilações ritmadas em toda a extensão da parede arterial,
que podem ser sentidas quando se comprime moderadamente a artéria contra
uma estrutura óssea (BRASIL, 2003).

A frequência cardíaca pode sofrer alterações passageiras que variam confor-


me o estado emocional, a atividade física, a alimentação e o grau de hidratação
do indivíduo. Além disso, os parâmetros de normalidade da frequência cardía-
ca (FC) variam com a idade, conforme o quadro adiante.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

71
FREQUÊNCIA CARDÍACA ESPERADA PARA A FAIXA ETÁRIA

Faixa etária Parâmetros

Recém-nascido 130 bpm (limites – 70 a 170 bpm)

Primeiro ano 120 bpm (limites – 120 a 140 bpm)

Segundo ano 110 bpm (limites – 110 a 130 bpm)

3 – 5 anos 100 bpm (limites – 80 a 120 bpm)

6 – 11 anos 90 bpm (limites 70 – 110 bpm)

12 – 18 anos 75 bpm nas mulheres e 70 bpm nos homens


Fonte: BRASIL, 2003; RODRIGUES E RODRIGUES, 2012.

Verifica-se a FC observando-se as pulsações da fontanela anterior, palpando


as artérias centrais: femorais e braquiais no lactente até um ano de vida e ca-
rótidas nas crianças acima de um ano de vida ou auscultando diretamente o
coração. As FC acima da média recebem o nome de taquicardia, e as abaixo,
de bradicardia (VOLTA REDONDA, 2013).

A partir da adolescência e idade adulta, o pulso pode ser distinto em homens


e mulheres, em virtude da diferenciação entre o crescimento físico esperado
para cada sexo. Na fase adulta, a frequência cardíaca varia entre de 65 a 80
bpm nas mulheres e de 60 a 70 bpm nos homens (BRASIL, 2003).

Unidade 2

72
2.4.1 Aferindo o pulso

Habitualmente o pulso é verificado sobre a artéria radial. Existem outras ar-


térias recomendadas para a aferição do pulso, como a braquial, a poplítea e a
dorsal do pé, conforme é possível observar na figura a seguir.

Femoral

Carótida e
temporal
Pediosa

Braquial,
cubital,
radial e ulnar Posição dos dedos para verificação de pulso

Principais artérias envolvidas na aferição do pulso.


Fonte: BRASIL, 2003.

Os materiais necessários são os seguintes:


• relógio com ponteiro de segundos;
• papel;
• caneta.

A pulsação da artéria radial é verificada a partir do posicionamento dos dedos


médio e indicador sobre o rádio, exercendo moderada pressão. O profissional
não deve usar seu polegar para fazer a palpação do pulso, pois pode haver con-
fusão entre a sua própria pulsação e a do usuário. Contar o número de pulsa-
ções por um minuto, observado no ponteiro de segundos do relógio. Registrar o
procedimento, destacando as características observadas (BRASIL, 2003).

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

73
As alterações da frequência do pulso são expressas pelos termos:
• bradicardia: frequência cardíaca abaixo da normal;
• taquicardia: frequência cardíaca acima da normal;
• taquisfigmia: pulso fino e taquicárdico;
• bradisfigmia: pulso fino e bradicárdico;
• filiforme: pulso fino.

A expressão normocardia é usada quando o pulso é regular e os batimentos


são constantes, ou seja, corresponde aos valores de normalidade citados an-
teriormente.

2.5 Controle da frequência respiratória

Controle da
frequência
respiratória

Características de
Parâmetros
respiração

A respiração é uma das principais funções vitais do organismo, responsável


pela troca gasosa ocorrida nos alvéolos.

O tronco cerebral exerce o controle da respiração autônoma. No entanto, o


mecanismo respiratório é também influenciado pelo córtex cerebral, o que pos-
sibilita, em parte, o controle voluntário.

Unidade 2

74
O controle da frequência respiratória (FR) é usualmente executado mantendo-
se a mesma posição adotada para a verificação do pulso. Esse procedimento
evita que o usuário perceba a manobra e exerça controle voluntário das incur-
sões respiratórias. Deve-se proceder a contagem do número de respirações no
período de um minuto, observando-se os movimentos torácicos. Cada respira-
ção compreende o movimento de inspiração e expiração (BRASIL, 2003).

Fonte: Banco de imagem Fotolia.

Além da frequência, é importante observar as características da respiração,


como o intervalo entre a inspiração e expiração, a simetria dos movimentos
torácicos, a presença de esforço respiratório e de ruídos.
Contração dos Relaxamento dos
músculos da Ar músculos da costela Ar
costela e aumento inalado e diminuição da exalado
da caixa torácica caixa torácica

Pulmão

Diafragma

A. INSPIRAÇÃO B. EXPIRAÇÃO
Diafragma se contrai Diafragma relaxa
(se move para baixo) (se move para cima).

Movimento diafragmático e parede torácica durante a inspiração e a expiração.


Fonte: ROLFING INTEGRAZIONE STRUTTURALE, 2012.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

75
Assim como a frequência cardíaca, o padrão respiratório sofre variações com a
realização de esforços físicos, estresse emocional ou durante o choro.

Os parâmetros considerados normais variam conforme a idade, sendo de 40


a 60 incursões respiratórias por minuto no recém-nascido e de 14 a 20 nos
indivíduos adultos, caso classificado como eupneia.

VARIAÇÕES ACEITÁVEIS DA FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA (FR) POR


FAIXA ETÁRIA

Faixa etária pediátrica Frequência - movimentos respiratórios/


minuto

De 0 a 2 meses Até 60

De 2 a 11 meses Até 50

De 12 meses a 5 anos Até 40

De 6 a 8 anos Até 30

Acima de 8 anos Até 20


Verifica-se a FR, com o usuário em completo repouso físico e emocional, por, no
mínimo, 60 segundos.
Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE TISIOLOGIA, 2007.

De acordo com Brasil (2003), os principais tipos de padrões respiratórios anor-


mais são:
• bradipneia: frequência respiratória abaixo da normal;
• taquipneia: frequência respiratória acima da normal;
• dispneia: dificuldade respiratória;
• ortopneia: dificuldade respiratória que ocorre na posição deitada. Me-
lhora do padrão respiratório na posição vertical;

Unidade 2

76
• apneia: parada respiratória;
• respiração de Cheyne Stokes: caracteriza-se por aumento gradual na
profundidade das respirações, seguido de decréscimo gradual dessa
profundidade, com período de apneia subsequente;
• respiração estertorosa: respiração ruidosa.

Segundo a OMS, considera-se que uma criança estará taquipneica se a FR es-


tiver nos parâmetros apresentados no quadro a seguir.

Faixa etária pediátrica Frequência - movimentos


respiratórios/minuto

De recém-nascidos até 2 meses de idade Acima de 60

De 2 meses até 1 ano de idade Acima de 50

Entre 1 ano e 4 anos de idade Acima de 40

Acima de 4 anos de idade Acima de 30

Fonte: Adaptado de VOLTA REDONDA, 2013.

2.6 Controle da dor

A percepção da dor é uma experiência subjetiva e multidimensional, cuja causa


pode relacionar-se a dano real ou potencial nos tecidos.

Isso quer dizer que a sensação dolorosa possui múltiplas facetas, desde bio-
lógicas até afetivo-motivacionais, e que a percepção dolorosa difere de indiví-
duo para indivíduo tanto em termos qualitativos como de intensidade sensorial
(SOUSA, 2002).

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

77
Apesar de a experiência da dor acompanhar o ser humano desde os primór-
dios de sua existência no planeta, seu conceito vem sofrendo modificações
significativas até os dias de hoje. Tradicionalmente entendida como resultante
de lesão tecidual, a dor foi por muito tempo avaliada apenas em sua dimensão
sensorial e linear, desconsiderando-se a plasticidade e a complexidade dos di-
ferentes mecanismos envolvidos na percepção dolorosa (CARVALHO, 1999).

A inclusão dos aspectos psicológicos na avaliação da dor e o reconhecimen-


to de seu caráter bidimensional, com componentes sensoriais e emocionais,
ocorreu apenas no século XX, a partir da elaboração da teoria Gate Control por
Melzack e Wall em 1965 e com a criação da International Association for the
Study of Pain (IASP) – Associação Internacional para o Estudo da Dor, em 1973
(CARVALHO, 1999).

Em 1979 a IASP elaborou o conceito de dor que vigora até hoje, considerando
a dor como “uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a
lesões reais, potenciais ou descrita em termos de tais lesões. A dor é sempre
subjetiva e cada indivíduo aprende a utilizar esse termo por meio de suas ex-
periências” (IASP, 2013).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 30% da população mundial


sofre de dor crônica. Na realidade brasileira, esse número se traduz em apro-
ximadamente 60 milhões de indivíduos com dor crônica, e em 50% dos casos
já houve comprometimento de suas atividades rotineiras, com consequente
prejuízo em sua qualidade de vida (ATTACHÉE DE PRESSE, 2013).

A sensação dolorosa é uma das causas mais frequentes da procura por ser-
viços de saúde. A dor pode ser classificada, de acordo com sua duração, do
modo a seguir (SBED, 2013).

Unidade 2

78
Dor aguda

Aquela que se manifesta transitoriamente durante um período


relativamente curto, de minutos a algumas semanas, associada a
lesões em tecidos ou órgãos, ocasionadas por inflamação, infecção,
traumatismo ou outras causas. Normalmente desaparece quando
a causa é corretamente diagnosticada e quando o tratamento
recomendado pelo especialista é seguido corretamente pelo indivíduo.

Dor crônica

Tem duração prolongada, que pode se estender de vários meses a vários


anos e que está quase sempre associada a um processo de doença
crônica. A dor crônica pode também ser consequência de uma lesão já
previamente tratada. Exemplos: a dor ocasionada pela artrite reumatoide
(inflamação das articulações), a dor da pessoa com câncer, a dor
relacionada a esforços repetitivos durante o trabalho, a dor nas “costas”,
entre outras.

Dor recorrente

Apresenta períodos de curta duração que, no entanto, repetem-se com


frequência, podendo ocorrer durante toda a vida do indivíduo, mesmo
sem estar associada a um processo específico. Um exemplo clássico
desse tipo de dor é a enxaqueca.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

79
Dor total

Considera as diferentes dimensões do sofrimento humano a partir da


avaliação dos componentes físico, mental, social e espiritual envolvidos
na percepção dolorosa. Para as pessoas com doenças em estágios
avançados e sem possibilidade de cura, a perda é uma constante: a
perda da normalidade, da saúde, de potencial de futuro. Essa condição
exige transformações significativas no estilo de vida, uma vez que impõe
limitações na mobilidade, paciência e resignação dos sujeitos que vivenciam
a experiência dolorosa. Esse conceito foi introduzido por Cecily Saunders,
médica fundadora do St. Christopher Hospice, em 1967, na Inglaterra.
Fonte: BRASIL, 2001.

2.6.1 Mas como avaliar a dor vivenciada pelos usuários?

Por se tratar de uma experiência subjetiva, a dor não pode ser mensurada ob-
jetivamente a partir de instrumentos físicos que permitam a um observador
externo avaliar uma experiência interna, complexa e pessoal. Usualmente uti-
lizamos ferramentas que nos permitem aferir os demais sinais vitais, como
a temperatura, a pressão arterial e o pulso, mas para a avaliação da dor não
existe um instrumento padronizado (SOUSA, 2002).

ETAPAS DA Perguntas Onde é a dor?


AVALIAÇÃO essenciais na
Quando/como iniciou?
DA DOR avaliação da dor
Existem fatores de melhora/piora?

Descrição da dor

Mensuração da dor

Unidade 2

80
Os objetivos da avaliação da dor são, segundo a Sociedade Brasileira para o
Estudo da Dor, 2013, identificar a sua etiologia e compreender a experiência
sensorial, afetiva, comportamental e cognitiva do indivíduo com dor para pro-
por e (ou) implementar o seu manejo.

Deve-se considerar que a avaliação da dor faz parte do histórico e exame físico
do usuário, compreendendo os aspectos psicossociais e familiares relaciona-
dos. O entendimento de que a experiência dolorosa é subjetiva permite ao pro-
fissional avaliar a dor com base no relato do indivíduo que a vivencia, uma vez
que é ele quem conhece seu padrão, localização, intensidade e natureza, assim
como o grau de alívio obtido pela terapêutica instituída (SBED, 2013).

Em relação à descrição da dor, o conhecimento sobre sua localização pode


contribuir para a determinação de sua etiologia. Existem instrumentos que
podem facilitar sua localização, como o diagrama corpóreo, onde o usuário
demonstra, assinalando em um desenho, as áreas dolorosas. É o que mostra
a figura a seguir.

A B

A. Diagrama de localização da dor no diagrama.


B. O local de dor, assinalado pelo usuário.
Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR - SBED, 2013.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

81
Para avaliar a intensidade da dor é possível utilizar a escala visual analógi-
ca (EVA). Essas escalas têm diferentes versões, sendo particularmente úteis
na avaliação da dor em pessoas adultas. Entretanto, a utilização da EVA por
crianças, idosos e usuários com déficit visual e cognitivo pode ser difícil pela
ausência de marcações na linha de 10 cm, capazes de auxiliar na identificação
da intensidade da dor (SBED, 2013).

Entre as diferentes versões da EVA está a escala numérica visual de 0 a 10,


associada ou não a uma escala verbal, contendo quatro ou cinco descritores.
A escala mais utilizada no Brasil é a de quatro termos: dor ausente, leve, mode-
rada e intensa (SBED, 2013).

As escalas com as faces de sofrimento (figura adiante) são particularmente


úteis para pessoas que apresentam dificuldades em compreender as escalas
numéricas.

A escolha do melhor instrumento a ser utilizado deve se basear


na capacidade de entendimento dos indivíduos, considerando a
faixa etária, a capacidade cognitiva e os aspectos culturais dos
indivíduos avaliados.

A escala numérica verbal (figura adiante) é utilizada para a quantificação da


dor. O usuário deve dar uma nota de zero a dez, sendo zero a inexistência da
dor e dez uma dor insuportável.

Unidade 2

82
Escala numérica
Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR - SBED, 2013.

Outra escala bastante utilizada em nosso meio é a escala analógica visual (figura
a seguir). Trata-se de uma linha de 10 cm de comprimento em que, nas extremi-
dades, encontram-se termos como “nenhuma dor” e “pior dor”, em lados opostos.
O usuário é orientado a marcar onde se situaria a sua dor nessa linha. A distância
entre a extremidade sem dor e o ponto marcado é o valor da dor a ser registrado.

A máxima dor já
Sem dor sentida

Escala visual analógica


Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR - SBED, 2013.

Os instrumentos de avaliação devem ser adaptados à idade e à cognição do


usuário. A escala de faces de Wong-Baker (próxima figura), em que o paciente
descreve como se sente, é uma opção para avaliar a dor em crianças.

0 1a2 3a4 5a6 7a8 9 a 10


sem dor leve moderada forte muito forte insuportável

Escala de faces de Wong-Baker


Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR - SBED, 2013.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

83
A identificação da natureza da dor pode ser definida com o auxílio de descri-
tores verbais a partir de suas características. É possível questionar ao usuário
quais palavras melhor caracterizam sua dor. As palavras escolhidas podem
auxiliar na definição do tipo de dor, uma vez que descrevem a qualidade senso-
rial e emocional da dor vivenciada pelo indivíduo, conforme se pode observar
a seguir (SBED, 2013).

NATUREZA E CARACTERÍSTICAS DA DOR

Dor • Com envelhecimento apenas da pele: dor cortante ou


cutânea em queimação.

• Se houver envolvimento de vasos sanguíneos: dor pul-


sátil.

• Se houver lesão nas terminações de fibras nervosas


na pele: dor em formigamento, ardida ou em ferroada.

Dor • Com distúrbios agudos de articulações: dor em agu-


somática lhada, queimante ou pulsátil.
profunda
• Com distúrbios crônicos de articulações: dor em fa-
cada.

• Se houver comprometimento ósseo: dor em pontada


profunda; caso haja inflamação, adquire qualidade
pulsátil.

• Se houver comprometimento muscular: dor surda ou


em cãibra.

Unidade 2

84
Dor visceral • Com envolvimento de fibras nervosas da pleura, peri-
cárdio e peritôneo: dor em facada, agulhada, cortante,
aperto ou cãibra.

• Com envolvimento do intestino, ureteres, vesícula e


canais biliares: dor por cólicas.

• Nos casos de obstrução vesical: dor em queimação


ou em aperto. O paciente pode referi-la como extrema
e intolerável.

Dor • Com isquemia muscular: dor em aperto ou esmaga-


isquêmica mento. O paciente pode referi-la como terrível ou hor-
rível.

Dor • Comprometimento do SNC ou SNP: dor em queima-


neuropática ção permanente, choque ou uma sensação de disparo.
O paciente pode referi-la como indescritível, descon-
fortável, desagradável e pode estar acompanhada de
dormência, hipoestesia, hiperestesia e paresias.
Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR - SBED, 2013.

A avaliação da dor deve fazer parte da rotina de todos os serviços de saúde,


sendo seu registro devidamente descrito como parte do exame físico.

Para tal, é fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados para


abordar a dor considerando sua multidimensionalidade, complexidade e todos
os componentes sensoriais e emocionais implicados no mecanismo da sensa-
ção dolorosa.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sinais vitais

85
Além de selecionar o instrumento de avaliação mais adequado à idade e à ca-
pacidade de compreensão dos usuários, é preciso ter em mente o objetivo final
da avaliação da dor: o alívio da sensação álgica.

Neste sentido, profissionais de saúde devem tem não apenas competência téc-
nica, mas sensibilidade suficiente para perceber a necessidade de reajuste das
dosagens prescritas e de alterações no tratamento inicialmente proposto, bus-
cando com isso o bem-estar e a qualidade de vida dos usuários que buscam
os serviços de saúde.

Encerramento da unidade

Excelente! Você concluiu a unidade Procedimentos no cuidado domici-


liar: sinais vitais. O conteúdo abordou as técnicas adequadas de aferição
dos sinais vitais, suas principais características, o significado das altera-
ções mais frequentes, além de descrever os parâmetros de normalidade
esperados para as diferentes faixas etárias.

Esperamos que o conteúdo aqui apresentado muito contribua para seu


aprimoramento.

Unidade 2

86
Unidade 3

Procedimentos no
cuidado domiciliar:
higiene e conforto
3.1 Introdução da unidade

Manter o usuário limpo e confortável deve ser uma das preocupações do pro-
fissional, já que muitas vezes precisa orientar a família/cuidador para esse fim.
Neste sentido, o objetivo desta unidade é rever os principais procedimentos a
serem realizados no domicílio para manter a higiene e o conforto do usuário,
itens imprescindíveis para o bem-estar dos indivíduos.

Para tanto, vamos centrar nossa atenção em relação aos cuidados necessários
para manter a integridade corporal e as medidas que possibilitem manter a
segurança e o conforto dos usuários.

3.2 Manutenção da integridade corporal

Tem como objetivo rever os cuidados necessários para manter a integridade


corporal, principalmente os cuidados de higiene do usuário, visando manter a
integridade da pele e seu conforto.

Esteja atento às anormalidades da pele. Para tanto, lembre-se das caracterís-


ticas normais da pele: ela é lisa, seca, macia e flexível; não deve apresentar
abrasões ou lesões, sendo as alterações de textura palpáveis por meio da su-
perfície cutânea; deve ter um bom turgor – ser elástica e firme; a cor varia de
uma parte a outra do corpo, indo do marrom intenso ao rosa vivo ou rosa claro
(POTTER, PERRY, 2009). Lembre-se ainda de que alguns fatores do meio am-
biente e hábitos de vida influenciam na pele e nos anexos, como:
• a nutrição da pele, que é realizada por meio da circulação sanguínea, sen-
do que quando há má nutrição ou pouca ingesta hídrica a pele fica seca,
desidratada, frouxa e sem viço, o que denominamos turgor pastoso;
• a atividade física melhora o aporte nutritivo, bem como facilita a excreta

Unidade 3

88
de produtos do metabolismo;
• o clima, que quando frio tende a ressecar e rachar a pele, e quando
quente aumenta a transpiração, por isso o indivíduo necessita aumen-
tar a frequência dos banhos e da própria hidratação da pele;
• medicações, pois algumas podem causar alergias cutâneas, mudança
na cor dos dentes (tetraciclina), queda de cabelos (quimioterapia), sen-
do necessário que o profissional esteja atento também a mudanças na
pele como o eritema, a descamação cutânea e as manchas aracnifor-
mes sob a pele;
• a umidade e a presença de objetos sobre os lençóis (por exemplo, pro-
tetor de agulhas), migalhas ou restos de alimentos, lençóis amassados,
entre outros elementos que podem causar lesões na pele.

As observações acerca de características anormais da pele e de fato-


res que podem alterá-la também devem ser repassadas ao familiar/
cuidador, pois ele é quem, muitas vezes, poderá identificar as alte-
rações na pele e anexos, detectando anormalidades e auxiliando na
prevenção de complicações.

Outra questão a ser salientada, antes de iniciarmos na revisão dos procedimen-


tos, é lembrar que em cada fase da vida há necessidades diferentes relaciona-
das à higiene e ao conforto, bem como ao cuidado com a pele e anexos.

A mulher durante a gravidez necessita de cuidados com a boca, pois podem


ocorrer sangramentos gengivais. Além disso, a má higiene da boca pode levar
a infecções secundárias que prejudicam a gestante e podem trazer consequên-
cias ao bebê. A gestante também precisa ser orientada para, ao tomar banho,
cuidar para não escorregar, haja vista que seu equilíbrio encontra-se alterado.
O cuidado com os seios é primordial, devendo ser orientada a evitar fissuras

Procedimentos no cuidado domiciliar: higiene e conforto

89
(rachaduras) quando o bebê começa a mamar: preparar a mama durante o pré-
natal com o banho de sol, além da orientação quanto à pega do bebê (posição
correta para o bebê amamentar). Caso apareçam fissuras mesmo com essas
orientações, você ainda pode orientá-la a passar um pouco de seu leite no seio
rachado e, se necessário, procurar o posto de saúde.

Link

Para maiores esclarecimentos acerca dos cuidados com o seio e como


orientar para a pega correta, acesse o caderno do Ministério da Saúde
denominado Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e
alimentação complementar, disponível em: <http://www.amigasdopeito.
org.br/?p=880>.

Multimídia

Para assistir a um vídeo sobre posição e pega na ma-


mada, acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=Lx-
VZb-8G1j4>.

Por sua vez, o recém-nascido tem a pele muito delicada, devendo ser manuseada
com cuidado. Não é necessário que o banho seja realizado com sabonete, pois a
pele do bebê pode apresentar irritação, sendo indicado o uso de sabonete neutro.
Um problema comum nos bebês é a dermatite de contato, por isso é indicada a
troca frequente das fraldas, a limpeza com água e uma boa amamentação, pois
a ingesta de líquidos ajuda a evitar esse problema, já que dilui a urina, que fica
menos irritante. Lembre-se ainda de orientar a mãe em relação à higiene oral do
bebê, que deve iniciar no recém-nascido, principalmente a limpeza de língua e

Unidade 3

90
gengivas, quando os dentes estão em fase de crescimento. Essa limpeza pode
ser realizada com uma gaze e com água limpa, friccionando a gengiva e a língua.

Outra questão importante que o profissional deve salientar para a família é que
os hábitos de higiene são adquiridos na infância, por isso é importante ressal-
tá-los para as crianças, estimulando-as no banho, na higiene oral, no cuidado
na escola com a pediculose e a escabiose. Crianças que têm problemas com
enurese (emissão involuntária de urina), ou seja, que não controlam a diurese,
principalmente à noite, devem ser orientadas a tomar banho ao se levantarem,
evitando odores e futuras irritações. A escovação dos dentes é imprescindível na
infância, pois as crianças podem desenvolver cáries mesmo nos dentes de leite.

A adolescência é a fase em que aparecem as acnes, interferindo até socialmente


com os adolescentes, já que muitos ficam constrangidos com o aspecto de sua
pele. A limpeza da pele é o principal recurso, evitando as infecções secundárias.

Quando o indivíduo envelhece, ocorre o enrugamento, a frouxidão e o aumen-


to da pigmentação da pele por conta da exposição ao sol. Ocorre ainda um
adelgaçamento da pele, bem como a diminuição do turgor e da elasticidade
cutânea. Além disso, a diminuição das secreções gordurosas causa secura e
descamação na pele do idoso. Por isso os idosos resistem menos a banhos
frequentes e necessitam de hidratação da pele com cremes e loções oleosos,
além de hidratação e alimentação adequadas (PRADO e GELBCKE, 2013).

Você deve estar atento a problemas comuns, decorrentes da falta de higiene, e


que precisam ser detectados, visando ao bem-estar e ao conforto do usuário, bem
como para evitar prejudicar ainda mais sua saúde. Uma pessoa que se encontra
debilitada está mais suscetível às infecções, e a higiene é fundamental para mini-
mizar tais problemas.

Procedimentos no cuidado domiciliar: higiene e conforto

91
3.2.1 Quais são os problemas mais comuns relacionados à
higiene?

Primeiramente a incapacidade do usuário de realizar a sua própria higiene, pois


a dependência pode afetar a sua autoestima, por isso é importante incentivá-lo a
realizar seus próprios cuidados ou parte deles, quando isso for possível. Muitas
vezes, em função da incapacidade de realizar sua higiene, o usuário exala odores
desagradáveis devido à má higiene da pele, da boca e dos cabelos. O usuário
que tem uma higiene debilitada está mais propenso ao aparecimento de lesões.
Lembre-se de que o banho é um ótimo momento para avaliar a pele, inclusive no
sentido de detectar precocemente o aparecimento das úlceras de pressão.

Além da higiene frágil, decorrente da falta de banho, o usuário pode apresentar


gengivites, formação de placas e tártaro, por não realizar a escovação dos den-
tes e língua, sendo que a língua torna-se saburrosa, danificando a percepção do
gosto e paladar, além de propiciar infecções secundárias, e os dentes podem
apresentar cáries.

A presença de parasitas no couro cabeludo (piolhos) e a dermatite seborreica


(caspa) são problemas comuns quando o cabelo não é lavado adequadamente
(PRADO e GELBCKE, 2013).

Vamos rever agora alguns aspectos importantes acerca do banho, principal-


mente para que você oriente a família/cuidador, que normalmente é responsá-
vel pela higiene e pelo conforto do usuário.

O banho pode ser realizado no leito e no chuveiro (em cadeira ou aspersão),


dependendo das condições do usuário. Você deve orientar a família acerca de
alguns cuidados, principalmente relacionados ao bem-estar do usuário e a sua

Unidade 3

92
segurança durante o banho. Lembre-se de que a idade do usuário e as suas
condições também demandarão cuidados especiais. Por exemplo, o banho do
recém-nascido, desde os primeiros dias, deve ser dado numa banheira ou ba-
cia, com água morna e sabonete neutro; já o idoso muitas vezes não precisa de
banhos tão frequentes, e pode se sentir com medo de tomar banho sozinho, ou
mesmo envergonhado.

Sempre esteja atento e oriente a família/cuidador em relação à temperatura da


água, que deve ser morna. Cuidado com água muito quente, para evitar quei-
maduras.

Link

Para ver mais sobre banho no leito e de aspersão, leia um trecho do tex-
to Cuidados no Domicílio para Pessoas Acamadas ou com Limitações
Físicas, mais especificamente o capítulo 10, que trata tanto do banho
quanto dos cuidados com usuários que apresentam assaduras, além de
cuidados com a boca:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria


de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Guia prático do cuidador
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Ges-
tão do Trabalho e da Educação na Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde,
2008. 64 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). Disponível na
página 21 do seguinte endereço eletrônico: <http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf>.

Procedimentos no cuidado domiciliar: higiene e conforto

93
Multimídia

Para observar como proceder no banho, assista ao ví-


deo Cuidador de Idosos: Higiene e Conforto, disponível
em: <http://www.youtube.com/watch?v=oXoIH1tsX28>.

Para facilitar o banho no chuveiro, em vez da utilização de bacias, você pode


orientar a família a utilizar garrafa PET, com furos na tampa, como se fosse um
chuveirinho.

Lembre-se sempre da temperatura da água e da privacidade do usuário, assim


como dos cuidados com a higiene oral e com as dentaduras, que devem ser
reforçados junto aos familiares/cuidadores.

Também destaque a importância da troca de fraldas, quando o usuário é recém-


nascido ou tem incontinência urinária. A umidade é um fator que gera assadura
e úlceras de pressão (sobre as quais vamos nos aprofundar na próxima unidade).

3.3 Medidas de segurança e conforto para usuário


acamado

O objetivo desta unidade é auxiliar os profissionais de enfermagem na realiza-


ção e orientação de medidas que possibilitem manter a segurança e o conforto
do usuário acamado.

Quando o usuário encontra-se acamado ou com dificuldade de locomoção, algu-


mas medidas são necessárias para manter seu conforto e sua pele íntegra. Esta
tarefa nem sempre é fácil, principalmente quando o usuário está em pós-operató-
rio e tem medo de se movimentar em função da dor. Atividades de relaxamento,

Unidade 3

94
como massagens, podem auxiliar nesse processo, bem como o incentivo a se
movimentar, a sair do leito. Quando você realiza o banho no usuário, esse proce-
dimento também estimula a movimentação, pois necessariamente se realiza a
mudança de decúbito e a movimentação do usuário, estimulando a circulação.

Fonte: Ministério da Saúde.

Exercícios que são realizados pelo próprio usuário – deambulação, levantar


os membros com movimentos de flexão, extensão e outros, são denomina-
dos exercícios ativos. Já aqueles em que você ou o familiar/cuidador auxilia na
realização são denominados exercícios passivos. Tais movimentos devem ser
estimulados ou realizados no usuário, para facilitar a movimentação.

Você deve avaliar junto à família o que tem motivado ao usuário a permanência
em determinada posição. Por vezes ele pode ter medo de sentir dor, por outras
pode ter medo de se mexer e cair da cama, ou pode estar deprimido. Avalie e
discuta, com a família/cuidador e o próprio usuário, sobre a importância da
movimentação. Pois, além de manter a força e o tônus dos músculos que se
encontram em desuso, previne a atrofia e a contratura, evitando que estas pre-
judiquem a mobilidade das articulações, de modo que se restaurem a força
e o tônus muscular, além de prevenir a deterioração de outras capacidades
funcionais em decorrência da limitação da mobilidade.

Procedimentos no cuidado domiciliar: higiene e conforto

95
Ao orientar a família para a realização da movimentação do usuário, lembre-se
de algumas regras gerais que asseguram o conforto físico, descritas a seguir.
• A postura adequada proporciona repouso, relaxa o usuário e ajuda a
manter um melhor funcionamento do organismo.
• Ao realizar a movimentação do usuário, obedeça a amplitude das arti-
culações, fazendo movimentos amplos e harmoniosos e evitando pro-
cedimentos bruscos e manuseios desnecessários.
• Toque o usuário com firmeza, para que ele se sinta seguro, mas tam-
bém com gentileza.
• Ao auxiliar na movimentação do usuário, virando-o ou aparando-o, não
utilize apenas as pontas dos dedos, pois isso pode machucá-lo; utilize a
palma da mão e os dedos.
• Ao tocar o usuário, a mão deve estar seca e quente.
• Quando levantar um usuário, sustente sempre as partes mais pesadas do
corpo. Não o arraste. Procure suspendê-lo, evitando úlceras de decúbito.

Link

Para você orientar como a família/cuidador deve realizar os exercícios ati-


vos e passivos no usuário, leia o guia prático do cuidador, disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf>.
As orientações estão entre as páginas 32 e 40.

Um problema frequente em usuários acamados, ou que ficam por longos perío-


dos em uma mesma posição, é o aparecimento do que denominamos úlceras
de decúbito ou úlceras por pressão.

Unidade 3

96
Link

O protocolo para prevenção de úlceras por pressão apresenta os indica-


tivos de úlceras por pressão e os cuidados necessários para sua preven-
ção. Confira o conteúdo disponível em: <https://unasus-cp.moodle.ufsc.
br/mod/resource/view.php?id=4173>.

Já no guia prático do cuidador você encontra as várias formas de realizar


a mudança de decúbito e os cuidados nesse procedimento. Essas infor-
mações estão na páginas 32 a 34, no capítulo 14. Acesse em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf>.

Fique atento:

Pressão
Umidade + - Circulação = Úlcera por pressão
Cisalhamento

Portanto, a manutenção da pele seca e limpa e a mudança constante de decú-


bito são fatores primordiais para evitar o aparecimento de úlcera por pressão.
A mudança de decúbito ou o reposicionamento do usuário no leito deve ser
realizada ou estimulada a cada duas horas.

Procedimentos no cuidado domiciliar: higiene e conforto

97
Multimídia

Para conferir recomendações no vídeo Cuidador de


Idosos - Posicionamento e Transferências, acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=EueeoNx1UoY>.
O conforto e o bem-estar do usuário podem auxiliar em
muito sua recuperação, portanto enfatize as orienta-
ções com a família/cuidador visando ao bem-estar do
usuário. Assista ao vídeo: Cuidador de Idosos - Medi-
das Preventivas, disponível em: <http://www.youtube.
com/watch?v=eV0vDwOsRjE>.

Encerramento da unidade

Aqui você concluiu a terceira unidade e adquiriu conhecimento sobre os


principais procedimentos a serem realizados no domicílio para manter a
higiene e o conforto do usuário, itens imprescindíveis ao bem-estar dos
indivíduos.

Continue os seus estudos na unidade 4, adquirindo conhecimentos sobre


sono e repouso, que são fundamentais para a recuperação de uma pes-
soa com problemas de saúde.

Unidade 3

98
Unidade 4

Procedimentos no cuidado
domiciliar: sono e repouso
4.1 Introdução da unidade

Esta unidade tem como objetivo rever os principais cuidados a serem reali-
zados no domicílio para garantir o sono e repouso dos usuários. Para tanto,
vamos discutir quais são os principais cuidados para manter sono e repouso
adequados, quais são as posturas adequadas e as medidas de segurança rela-
cionadas à movimentação do usuário.

Manutenção das condições adequadas


de sono e repouso

Princípios de mecânica corporal e


posturas adequadas

Medidas de segurança: deambulação,


transporte e restrição do usuário

O sono e o repouso são fundamentais para a recuperação de uma pessoa que


está com problemas de saúde. Além disso, o sono inadequado interfere na
capacidade de concentração, raciocínio e até no humor. Quantas vezes você já
se deparou com alguém cansado e que estava de mau humor? Quantas vezes
você, depois de uma noite mal dormida, não conseguia se concentrar? Então,
vamos ver alguns aspectos importantes relacionados a essa questão.

Unidade 4

100
4.2 Manutenção das condições adequadas de sono e
repouso

O objetivo desta unidade é destacar os principais cuidados a serem realizados


visando à manutenção do sono e repouso, pois sabemos de sua importância
na vida das pessoas.

De acordo com Potter e Perry (2009), repouso significa redução do trabalho


corporal e mental. O sono é um estado de repouso que ocorre em períodos
contínuos, restituindo a energia e sensação de bem-estar, diminuindo o estado
de vigilância mental e atividade física.

Vários são os fatores que podem afetar o sono. Por exemplo: a luz e os ruídos,
o medo, os hábitos sociais e ocupacionais, os medicamentos, as doenças, o
uso de bebidas alcoólicas, de estimulantes e de bebidas com cafeína. Acerca
de todos esses aspectos, devemos estar atentos quando uma pessoa nos diz
que está dormindo mal ou apresenta sinais de cansaço, pois a partir da iden-
tificação do fator que está afetando o sono podemos adotar as medidas para
melhorar sua qualidade. Por exemplo, usuários idosos muitas vezes têm medo
da morte, principalmente à noite, e precisam de alguém que fique por perto, ou
de uma luz indireta acesa. Crianças têm sonhos ou pesadelos que interferem
no seu sono e que também podem gerar medo.

Para que uma pessoa tenha bons hábitos de sono, oriente-a a:


• procurar diariamente dormir e acordar na mesma hora, estabelecendo
um certo ritual do sono;
• fazer exercícios no mínimo uma a duas horas antes de ir dormir, evitan-
do a agitação física e psicológica;
• manter o quarto bem ventilado e com uma temperatura agradável;

Procedimentos no cuidado domiciliar: sono e repouso

101
• ter um colchão confortável;
• usar técnicas de relaxamento, como fazer massagens e ouvir música
tranquila, principalmente se o dia foi muito estressante;
• comer um pequeno lanche ou beber um copo de leite antes da hora de
dormir;
• evitar ingestão de álcool e de estimulantes antes da hora de dormir;
• evitar levar trabalho para a cama ou assistir à televisão na cama;
• evitar uso repetido de hipnóticos (PRADO e GELBCKE, 2013).

Link

Para outros cuidados, leia o Guia Prático do Cuidador, páginas 53 e 54,


disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_prati-
co_cuidador.pdf>.

4.3 Princípios de mecânica corporal e posturas


adequadas

Para que possamos ter uma recuperação/manutenção da saúde, os cuidados


relacionados aos princípios de mecânica corporal são importantes, tanto para
usuários quanto para familiares/cuidadores e profissionais, sendo o objetivo
desta unidade revisar tais princípios.

É importante ao profissional conhecer os princípios de mecânica corporal, tan-


to para minimizar o desgaste físico do seu corpo que ocorre no processo de
trabalho (por exemplo, quando auxilia um usuário a tomar um banho de chuvei-
ro) quanto para orientar familiares/cuidador sobre como manter uma postura
correta, evitando as dores nas «costas», e para o próprio usuário, no sentido
de que adote uma postura correta no leito e quando estiver sentado ou em pé.

Unidade 4

102
Quais são os objetivos do posicionamento terapêutico do usuário? Entre eles,
podemos destacar:
• garantir uma distribuição equitativa do peso corporal sobre a superfície
de apoio (leito, cadeira);
• manter o alinhamento normal do corpo;
• garantir uma boa circulação venosa;
• fazer a estimulação sensorial, cognitiva e motora do usuário (PRADO e
GELBCKE, 2013).

Lembre-se: uma boa postura é o resultado da harmonia entre


músculos e articulações, interferindo em diversos sistemas (di-
gestivo, respiratório e circulatório), que devem ser mantidos nas
posições anatômicas corretas para funcionarem de modo efi-
ciente (PRADO e GELBCKE, 2013).

PRINCÍPIOS DA MECÂNICA CORPORAL

1 Os grandes músculos não se cansam tão rapidamente quanto os


pequenos. Por isso, ao usar os músculos das pernas para erguer peso,
flexione os joelhos, o que exige menos esforço do que usar os músculos
das costas, dobrando a coluna. Desta forma, lembre-se de que você deve
abaixar-se com flexão dos joelhos e coluna ereta, sem curvar a coluna.

2 Os músculos estão sempre ligeiramente contraídos – tônus muscular.

3 A estabilidade de um objeto é maior quando há uma ampla base de


sustentação, um centro de gravidade baixo e quando a linha de gravidade
cai dentro dessa base de sustentação. Uma boa base de sustentação é
obtida com os pés paralelos separados pela distância dos ombros.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sono e repouso

103
4 A quantidade de esforço necessária para mover um corpo depende de
sua resistência, bem como da força da gravidade.

5 A força necessária para manter o equilíbrio do corpo é maior quando


a linha da gravidade está mais afastada possível do centro da base de
sustentação.

6 Mudanças de atividades e posição ajudam a manter o tônus muscular e


evitar fadiga.

7 A fricção entre um objeto e a superfície sobre a qual ele se move afeta a


quantidade de trabalho necessária para mover-se o objeto.

8 Empurrar ou fazer deslizar um objeto pesado requer menos esforço


que levantá-lo; levantar um objeto implica usar movimento contra a
gravidade mais o peso do objeto. Se o peso for excessivo, peça ajuda de
outra pessoa.

9 Usar o próprio peso para contrabalançar o peso do usuário requer


menos energia de movimento.
Fonte: PRADO e GELBCKE, 2013.

Ao realizar os procedimentos, lembre-se desses princípios e oriente a família/


cuidador, pois o desgaste físico será menor, evitando dores musculoesqueléti-
cas, principalmente as lombares. Baseie-se nestes parâmetros:
• homens não devem carregar mais do que 20% do peso corporal;
• mulheres não devem carregar mais do que 15% do peso corporal.

Unidade 4

104
Multimídia

Assista ao vídeo 4 Dicas para Cuidador de Idosos,


disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=P-
F4gO4X6bng>

4.4 Medidas de segurança: deambulação, transporte e


restrição do usuário

Os cuidados com a deambulação e o transporte do usuário são importantes


para o seu bem-estar, mas requerem dos profissionais atenção em relação aos
princípios da mecânica corporal, que foram discutidos na unidade anterior, no
sentido de se prevenir lesões e riscos para os usuários e para os profissio-
nais, além dos familiares/cuidadores. Por isso, o objetivo aqui é compreender
os procedimentos adequados para a movimentação do usuário, bem como as
situações em que são utilizadas restrições químicas, manuais ou mecânicas.

Para movimentar o usuário no leito, para sentá-lo ou retirá-lo da cama, preci-


samos realizar os procedimentos com movimentos lentos, evitando fricção da
pele com a roupa, ou o que denominamos cisalhamento. Movimentos suaves,
porém firmes, dão sensação de segurança e conforto ao usuário.

Link

Para obter mais informações sobre como proceder para movimentar o


usuário, quer na sua locomoção, quer no transporte do leito para a cadeira,
leia as páginas 34 a 36 do Guia Prático do Cuidador, disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_cuidador.pdf>.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sono e repouso

105
Evite puxar ou segurar o usuário por um braço ou perna. Desta forma, você
diminui o risco de machucá-lo. Evite arrastá-lo, para não friccionar a pele. Uti-
lize o próprio lençol para auxiliar na movimentação dele no leito. Lembre-se
dos princípios da mecânica corporal para movimentar o usuário e, sempre que
possível, peça o auxílio dele na movimentação.

No auxílio à deambulação, principalmente em idosos, lembre-se de respeitar o


ritmo do usuário e o estimulo à utilização de artefatos, como bengalas. O idoso
precisa se sentir seguro ao se movimentar, inclusive porque as quedas podem
levar às fraturas, que são muito mais difíceis de consolidar numa pessoa com
a idade avançada e debilitada.

Cuidado com chinelos e tapetes para evitar quedas, principalmente com ido-
sos. Também para a segurança do usuário, a iluminação é fundamental. A pre-
venção de quedas é um dos itens importantes relacionados à segurança do
usuário, e destacados na Portaria 529, de 1.º de abril de 2013, que institui o
Programa Nacional de Segurança do Usuário (BRASIL, 2013). Por isso, lembre-
se de que quando o usuário está no leito e se movimenta, temos de cuidar com
as proteções no leito, como grades ou outros objetos que possam minimizar
as quedas. Por exemplo, você pode encostar um lado do leito na parede e, no
outro, buscar uma proteção, como uma cadeira com espaldar mais alto. No lei-
to de crianças, principalmente bebês, as grades são fundamentais para evitar
as quedas.

Unidade 4

106
Em muitas situações a restrição é necessária, seja química, manual ou
mecânica. Essas medidas são necessárias quando o usuário está muito
agitado, confuso ou inconsciente. Mesmo que causem certo desconfor-
to para a família, que pode manifestar contrariedade na tomada de de-
cisão pela restrição, tais medidas são importantes para manter a integri-
dade do usuário. Por isso, sempre que for necessário adotar tal medida
de restrição, é importante conversar com o usuário e familiar/cuidador,
explicando os motivos pelos quais se está adotando tal medida.

A medida de restrição química é feita por meio de medicamentos (sedativos).


Já a manual é realizada, temporariamente, por alguém que utiliza o seu próprio
corpo para restringir o usuário. Por sua vez, a restrição mecânica é realiza-
da por meios mecânicos, como talas, ataduras e grades (PRADO e GELBCKE,
2013). Lembre-se de que, independentemente do tipo de restrição, ela precisa
ser avaliada periodicamente, visando ao melhor para o usuário.

Ao utilizar a restrição mecânica, conforme Prado et al (2013, p. 483), alguns


princípios precisam ser observados para garantir a segurança e o conforto do
usuário:
• conservar a posição anatômica dos membros;
• proteger o local da restrição, utilizando protetores, como chumaços de
algodão, tecido ou gaze;
• avaliar, com frequência, o local da restrição, observando a presença de
dor, a coloração (cianose), a temperatura, a presença de edema ou lesões;
• refazer a restrição, periodicamente, procedendo à massagem e lubrifi-
cação do local.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sono e repouso

107
Você pode realizar a restrição mecânica nos seguintes locais: nos ombros; pu-
nhos e tornozelos; nos membros superiores com tala; no tórax e nos joelhos.
Esteja atento aos locais em que a restrição está sendo realizada, pois uma res-
trição incorreta, ou mal supervisionada, pode provocar lesões graves. Portanto,
sempre que uma restrição for indicada, redobre a atenção, pois uma pessoa
imobilizada apresenta-se mais ansiosa e angustiada.

Mantovani et al (2010) ressaltam algumas diretrizes para o manejo do usuário


que se encontra agitado ou violento, dentre as quais destacamos as apresen-
tadas adiante.
• Evitar movimentos bruscos.
• Olhar diretamente para o usuário.
• Apresentar-se e apresentar outros membros da equipe e falar pausada-
mente com o usuário, de maneira clara e objetiva.
• Colocar limites de maneira objetiva, mas acolhedora, e sem barganhas.
• Não fazer ameaças ou humilhações e não confrontar.
• Estimular o usuário a expressar seus sentimentos.
• Deixar claro que você pretende auxiliá-lo e não puni-lo.
• Estar atento, evitar fazer anotações e manter certa distância física.

Vale ressaltar que a “contenção mecânica é um procedimento que, se não apli-


cada com critério e cuidados, pode desencadear complicações que vão muito
além da discussão do trauma psicológico envolvido em uma abordagem agres-
siva e sem consentimento” (MANTOVANI et al., 2010, p. 102).

Unidade 4

108
Link

Para aprofundar a reflexão sobre o uso de restrição, leia Manejo do


Paciente Agitado e Agressivo, de Mantovani, Migon, Alheira e Del-
-Ben (2010), que se encontra nas referências bibliográficas e está
disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_pdf&pi-
d=S1516-44462010000600006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>.

Lembre-se de que a restrição deve ser a última alternativa a ser utilizada e deve
ser aplicada com responsabilidade, sendo importante a orientação do usuário e
familiar/cuidador acerca desse procedimento.

Encerramento da unidade

Parabéns! Aqui você teve a oportunidade de conhecer os principais cui-


dados para manter o sono e o repouso adequados do usuário, bem como
as posturas adequadas e as medidas de segurança relacionadas à mo-
vimentação do usuário para a realização de um cuidado com qualidade.

Procedimentos no cuidado domiciliar: sono e repouso

109
Unidade 5

Procedimentos no cuidado
domiciliar: medicação
5.1 Introdução da unidade

A presente unidade pretende contribuir para o desenvolvimento de suas com-


petências profissionais no atendimento domiciliar a usuários com necessidade
de administração de medicamentos por via oral, subcutânea, intramuscular,
endovenosa, e hipodermóclise.

Esta unidade visa inserir o profissional da enfermagem no cuidado domiciliar


ao usuário com necessidade de administração de medicamentos, dando-lhe
condições de compreender como se dá a abordagem deste no domicílio, bem
como os principais cuidados a serem realizados no que se refere à administra-
ção de medicamentos de maneira segura e planejada.

Assim, ao final deste estudo, você deverá ser capaz de:


• prestar assistência de enfermagem ao usuário no domicílio em uso de
medicamentos orais e parenterais de maneira segura e planejada;
• reconhecer os diferentes tipos de administração de medicamentos, sa-
bendo identificar as certezas necessárias à segurança do usuário;
• conhecer as principais formas de apresentação e locais de administra-
ção dos medicamentos;
• identificar os principais cuidados relacionados à administração de me-
dicamentos;
• orientar usuário, familiares e cuidador a respeito dos cuidados necessá-
rios e as alterações esperadas para as medicações em uso.

O sucesso da adesão do usuário ao tratamento depende da ação de profis-


sionais qualificados para planejamento, execução, orientação e avaliação das
ações desenvolvidas no domicílio.

Unidade 5

112
Assim, convidamos você a aprofundar seus conhecimentos sobre a adminis-
tração de medicamentos, de modo a garantir a segurança e a continuidade do
tratamento.

Multimídia

Veja o vídeo Conceitos e Panorama Situacional do


Uso Racional de Medicamentos, que aborda como a
atuação profissional pode contribuir para um melhor
uso dos medicamentos, contribuindo assim para a me-
lhoria da qualidade de vida dos usuários. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=95-9rEnrnZs>.

5.2 Segurança na administração de medicamentos

O objetivo desta unidade é apresentar conceitos básicos sobre a administração


de medicamentos e os principais cuidados relacionados à segurança do usuá-
rio, ao preparo e à administração dos medicamentos.

Cuidados
Segurança do Vias de
gerais de
usuário administração
enfermagem

Vamos revisar alguns conteúdos relacionados à administração de medicamen-


tos com enfoque no atendimento domiciliar. Esperamos que você desenvolva
essas ações de modo crítico-reflexivo, articulando-as com suas práticas pro-
fissionais cotidianas, junto ao usuário e seu familiar/cuidador, no domicílio.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

113
A terapia medicamentosa (farmacológica) consiste na administração de subs-
tâncias químicas que modificam o funcionamento corporal, de modo a obter
um efeito terapêutico.

É importante você compreender as ações de cada medicamento para adminis-


trá-lo para obter o efeito terapêutico desejado e evitar ou minimizar os efeitos
colaterais (efeitos não desejados), assim como para a segurança do usuário
(REIBNITZ et al, 2007). A administração correta de medicamentos é uma
preocupação dos profissionais da saúde e, principalmente, da enfermagem
para a garantia da segurança do usuário. Ela compreende, além da prescrição
correta, o preparo e a administração em si.

O esquema medicamentoso é o planejamento do uso de diferentes substân-


cias que, combinadas ou não, contribuirão no tratamento de alguns problemas
de saúde apresentados pelo usuário em seu domicílio, sob responsabilidade do
médico. A definição do esquema medicamentoso é de responsabilidade mé-
dica, sendo decidido levando-se em consideração aspectos como o estágio
da doença, as comorbidades associadas, as condições físicas do usuário (por
exemplo, deglutição, rede venosa e condições musculares), a adesão ao trata-
mento, os resultados de exames laboratoriais, os protocolos de longa duração,
bem como as intercorrências relacionadas aos efeitos colaterais (REIBNITZ et
al, 2007).

Entretanto, o preparo, a administração e os cuidados são realizados pela equi-


pe de enfermagem. Cabe ao enfermeiro a avaliação do usuário no seu domicílio
e o planejamento dos cuidados que serão executados por sua equipe.

Para que o processo de administração de medicamentos seja seguro, relembre


alguns conceitos.

Unidade 5

114
Medicamento

Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade


profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. É uma forma
farmacêutica terminada que contém o fármaco, geralmente em associação
com adjuvantes farmacotécnicos (ANVISA, 2010). Os medicamentos são
substâncias que devem atuar em benefício da saúde do usuário. Em sua
amplitude, têm papel de recuperar a saúde, diminuir riscos de doenças
crônicas, aliviar sintomas, auxiliar no diagnóstico e prevenir doenças. No
entanto, o uso inadequado dos medicamentos produz sérias consequências
à saúde dos usuários.

Medicamento É um medicamento que tem a mesma fórmula e produz


genérico os mesmos efeitos no organismo que um medicamento
de referência. O medicamento genérico é identificado
com a letra G e não tem nome comercial, sendo
identificado pelo princípio ativo da fórmula (substância
que produz os efeitos terapêuticos) (ANVISA, 2010).

Droga

Qualquer substância capaz de produzir alterações somáticas ou funcionais


no organismo vivo, resultando em efeito benéfico (caso dos antibióticos) ou
maléfico (cocaína, por exemplo). Uma droga pode agir como medicamento
ou como tóxico, dependendo de certos fatores, como a dose utilizada, as
vias de administração e as condições do usuário. A margem de segurança
refere-se aos limites existentes entre a dose terapêutica e a dose tóxica.
Por exemplo, os digitálicos têm pequena margem de segurança porque
o usuário, mesmo fazendo uso de dose terapêutica, pode, com relativa
facilidade, apresentar sinais de intoxicação digitálica.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

115
Dose

Refere-se à quantidade de medicamento que deve ser ministrada ao usuário


a cada vez, podendo ser classificada do modo a seguir.

Dose mínima A menor quantidade de um medicamento capaz de


produzir efeito terapêutico.

Dose máxima A dose maior, capaz de produzir efeito terapêutico sem,


contudo, apresentar efeitos indesejáveis.

Dose Aquela capaz de produzir o efeito desejado.


terapêutica

Dose de Aquela necessária para manter os níveis desejáveis


manutenção de medicamento na corrente sanguínea e nos tecidos
durante o tratamento.

Ação

Os medicamentos podem ser classificados, segundo seu poder de ação, em


local ou sistêmica.

Ação local Como o nome indica, está circunscrita ao próprio local


de aplicação. Exemplos: cremes, pomadas, supositórios
de efeito laxativo e colírios.

Ação sistêmica O medicamento é absorvido e veiculado pela corrente


sanguínea até o tecido ou órgão sobre o qual exercerá
seu efeito. Exemplos: aplicação de vasodilatador
coronariano sublingual e administração de diurético via
oral.
Fonte: BRASIL, 2003.

Unidade 5

116
Comumente os medicamentos são encontrados nos estados sólidos, semis-
sólido, líquido e gasoso, podendo ser fabricados em diversas apresentações
para possibilitar a sua utilização pelo usuário e alcançar a finalidade desejada.

Link

Para conhecer as diversas formas de apresentação de medicamen-


tos, acesse o material do PROFAE (2003, p. 85), nas páginas 83 a 116,
disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/
pae_cad3.pdf>.

ESTADO FORMA CONCEITO

Sólidos Pó Apresenta-se na forma de pó,


contido em envelopes, frascos-
ampola, frascos.

Comprimido O medicamento em pó é
submetido à compressão em
um molde geralmente em forma
de disco de faces planas ou de
lentilhas.

Cápsula O medicamento, em pó ou líquido,


é colocado em um invólucro de
gelatina de consistência dura.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

117
Drágea Espécie de comprimido
recoberto por revestimento
açucarado, com ou sem corante,
geralmente indicado quando se
deseja uma absorção em nível
intestinal.

Supositório Forma sólida associada à


gelatina, que se desfaz à
temperatura corporal, e é
absorvida. Indicado para
aplicação retal.

Óvulo Forma sólida ovoide, para


aplicação vaginal.

Pastilha Forma sólida achatada e circular,


indicada para dissolução na
boca.

Pílula Forma esférica, podendo ser


ou não revestida de substância
açucarada.

Fórmula sólida que contém uma


ou mais drogas com formas de
glóbulos (ovoides ou oblongos).

Unidade 5

118
Semissólidos Pomada Mistura de medicamentos
(pastosos) com uma base gordurosa, de
consistência macia.

Creme Preparado semissólido de óleo,


água e medicamento.

Gel Substância de consistência


gelatinosa.

Líquidos Solução Preparação líquido-aquosa,


apresentando uma ou mais
substâncias nela dissolvidas,
formando uma mistura
homogênea.

Xarope Solução aquosa concentrada


de açúcar, contendo ou não
medicamentos e aromatizantes.

Suspensão Mistura de partículas de


medicamentos sólidos dispersos
em meio líquido; em repouso, as
partículas podem depositar-se no
fundo do frasco.

Tintura Preparado alcoólico contendo


princípio ativo de origem animal,
vegetal ou mineral.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

119
Emulsão Preparação medicamentosa na
qual se acha, em suspensão,
uma substância gordurosa sob
forma de finíssimas gotículas.
Exemplo: emulsão de vaselina
líquida.

Gasosos Elixir Solução composta de álcool,


açúcar e água, destinada a uso
oral.

Gás Oxigênio, halotano.

Aerossol Medicamento sólido ou líquido,


encerrado em um recipiente
pressurizado.

Exemplo: Aerolin® spray.

Apresentação de medicamentos nos estados sólidos, semissólidos, líquidos e gasosos.


Fonte: POTTER, PERRY, 2009; PROFAE, 2003.

As diferentes formas de apresentação têm como finalidade garantir a precisão


da dose, proteger a substância durante o percurso pelo organismo, facilitar
a administração, garantir a presença no local de ação, facilitar a ingestão da
substância ativa e determinar a forma de administração.

Assim, a via de administração é a maneira como o medicamento entra em con-


tato com o organismo, sua porta de entrada. Cada via é indicada para uma
função específica e apresenta vantagens e desvantagens. A administração de

Unidade 5

120
medicamentos pode ser realizada por várias vias, sendo estas escolhidas de
acordo com a necessidade de absorção, o estado clínico do usuário, a doença
associada e a finalidade do tratamento.

As vias de administração utilizadas são: oral e sublingual, retal, ocular, auri-


cular, nasal, vaginal, tópica ou cutânea, parenteral (subcutânea, intramuscular,
intravenosa, intradérmica) e respiratória. Existem outras vias de administração
de medicamentos, que são as intratecais e intraósseas, mas em função da
complexidade e da necessidade de um profissional médico, não serão aborda-
das neste capítulo, por não ser rotina sua administração no domicílio.

Nesta unidade, discutiremos apenas as de uso oral, subcutânea, intramuscular,


endovenosa e hipodermóclise.

Ressalta-se que, mesmo tendo finalidade preventiva, curativa ou paliativa, os


medicamentos podem apresentar reações adversas, que são efeitos previsí-
veis dos medicamentos. Esses efeitos podem ser leves e aceitáveis, como uma
náusea discreta, sendo o benefício do medicamento maior. Se, contudo, torna-
rem-se muito acentuados, será necessário o ajuste da dosagem (diminuição)
ou sua suspensão temporária para garantir a segurança do usuário.

A correta administração de medicamentos garante a segurança do usuário.


Mas, o que vem a ser a segurança do usuário?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Segurança do Usuário é


um problema de saúde pública mundial e se refere à redução dos riscos de
danos desnecessários associados à assistência em saúde até um mínimo acei-
tável (OMS, 2009, BRASIL, 2013).

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

121
Multimídia

Para entender melhor o que é a segurança do usuário


e quais são as metas internacionais de segurança do
usuário da OMS, assista ao vídeo disponível em: <ht-
tps://www.youtube.com/watch?v=mxHft7A9M2E>.

Link

Para completar seu entendimento sobre a segurança do usuário e sua


finalidade, leia o texto Segurança dos Pacientes, Profissionais e Or-
ganizações: um Novo Padrão de Assistência à Saúde, disponível em:
<https://unasus-cp.moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?id=4174>
e em: <http://www.cqh.org.br/portal/pag/anexos/baixar.php?p_ndo-
c=222&p_nanexo=%2072>.

Com essa discussão, conclui-se que a segurança do usuário não é nada mais
que a redução de atos inseguros, nos processos assistenciais, e o uso das me-
lhores práticas descritas, a fim de alcançar os melhores resultados possíveis
para o usuário.

Desta forma, é importante compreender que o uso de medicamentos, os pro-


cedimentos envolvidos e as próprias respostas orgânicas decorrentes do tra-
tamento, envolvem riscos potenciais capazes de provocar danos ao usuário,
sendo imprescindível que o profissional esteja preparado para assumir as res-
ponsabilidades técnicas, legais e éticas decorrentes dos erros que possam vir
a ocorrer.

Unidade 5

122
Vamos agora nos reportar aos cuidados gerais que a enfermagem deve atentar
quando assume a responsabilidade pela administração de medicamentos no
domicílio, lembrando que este é um cuidado que deve ser compartilhado com
o usuário e familiar/cuidador.

5.2.1 Cuidados gerais no preparo e administração de medica-


mentos

Primeiro contato do profissional no domicílio

É muito importante, pois o tratamento realizado com gentileza,


cordialidade, atenção e escuta ativa ajuda a despertar a confiança e a
segurança, necessárias para a continuidade e adesão ao tratamento.

Qualidade da assistência domiciliar e segurança do usuário

São preocupações da atualidade e se constituem em desafios diários


dos profissionais de saúde. Ao ser atendido em casa, o usuário deposita
sua confiança no profissional e acredita que ele pode ajudá-lo na sua
condição de saúde, permitindo sua permanência no lar.

Erro na administração de medicação

Tem sido apontado como um importante fator, que compromete a


segurança do usuário, seja nas prescrições ilegíveis, na escolha da
dose, na via de administração, na frequência e (ou) mesmo na interação
dos fármacos.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

123
Informação dos cuidados e efeitos decorrentes do medicamento
administrado

A adoção de práticas profissionais qualificadas conduz à assistência


com maior segurança ao usuário. No cuidado durante a execução
e administração de medicamentos no domicílio, deve-se atentar
para alguns aspectos a fim de evitar erros e garantir a segurança
do usuário. Tanto o profissional quanto o usuário e familiar/cuidador
devem estar informados dos cuidados e efeitos decorrentes da
medicação administrada. Esse saber deve ser compartilhado entre as
díades profissionais/usuários, profissionais/familiar, familiar/usuário
e usuário/cuidador, a fim de que haja um efetivo acompanhamento
da condição de saúde. Assim, alguns cuidados precisam ser
considerados, independentemente da via de escolha da administração
do medicamento.

Considerando que você, profissional de enfermagem, estará no ambiente do-


miciliar do usuário, planeje e organize sua atividade com a equipe, o usuário e
o familiar/cuidador, preocupando-se em levar o material necessário, evitando
imprevistos.

5.2.2 Quais os cuidados ao se administrar medicamentos no


domicílio?

Vamos agora nos reportar aos cuidados gerais que a enfermagem deve atentar
quando assume a responsabilidade pela administração de medicamentos no
domicílio, lembrando que este é um cuidado que deve ser compartilhado com
o usuário e familiar/cuidador.

Unidade 5

124
Diante da necessidade de você assumir a administração de algum medicamen-
to no domicílio, alguns cuidados prévios precisam ser considerados. Acompa-
nhe a seguir.
a. Fazer a leitura atenta da prescrição médica. A leitura do medicamento
listado na prescrição médica deverá ser feita de maneira atenta e rigo-
rosa, respeitando as 09 certezas.
b. Respeitar as 09 certezas preconizadas pela Organização Mundial de
Saúde.
1. Usuário certo: este direito é autoevidente: o medicamento deve ser admi-
nistrado ao usuário para quem é prescrito. Administração de um medica-
mento para o usuário errado é, no entanto, um erro que deve ser evitado.
2. Medicamento certo: muitos erros relacionados a medicamentos ocor-
rem pela administração de droga errada. Se você não tiver certeza do
nome da medicação prescrita (ou achar que é um medicamento errado),
não deverá administrá-lo antes de verificar com o médico prescritor.
3. Hora certa: a medicação deve ser administrada no tempo correto para
garantir níveis séricos terapêuticos. Administrar a medicação na hora
errada é, portanto, um erro.
4. Via certa: muitos medicamentos estão disponíveis em diferentes for-
mas para administração por várias vias. Por exemplo, paracetamol vem
na forma de comprimidos, cápsulas, xarope, supositórios e ampolas
para administração intravenosa. A checagem da forma deve assegurar
que atenda às especificidades do usuário, com a análise do tempo de
absorção frente a cada apresentação da droga.
5. Dose certa: deve fazer a conferência da dose prescrita com a apresen-
tação da dosagem no rótulo da droga. Calcular a dosagem correta do
medicamento, de acordo com a apresentação do produto disponível,
utilizando a relação entre o que é conhecido, ou seja, a dose disponível
e a dose desejada, a ser ministrada.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

125
Link

Para aprimorar seus conhecimentos acerca do cálculo de medicação,


leia as páginas 110 a 116 do documento disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/profae/pae_cad3.pdf>.

6. Compatibilidade medicamentosa: garantir que os medicamentos a


serem administrados possam ser misturados, não precipitando e (ou)
formando pequenos cristais ou partículas na solução. Caso ocorra, a
solução não deve ser administrada.
7. Orientação ao usuário: orientar sobre a forma de uso adequado, os cui-
dados e os possíveis problemas relacionados ao medicamento.
8. Direito a recusar o medicamento: na condição de usuário acometido
por uma doença, o usuário tem o direito de recusar-se a receber o trata-
mento.
9. Anotação correta: monitorar o usuário para que a medicação tenha
efeito. Esse direito da administração de medicamentos envolve uma
avaliação da eficácia da finalidade da medicação, que é crucial para
alguns medicamentos de alto risco, tais como anticoagulantes, antiar-
rítmicos e insulina. Por isso, é importante o monitoramento para a res-
posta certa e a detecção dos eventos adversos (fármaco vigilância) e
registros das intercorrências e efeitos da ação do medicamento (REIB-
NITZ et al, 2013).

Unidade 5

126
Usuário certo

Medicamento
Anotação correta
certo

Direito a recusar Administração Hora certa


o medicamento segura de
medicamentos

Orientação
Via certa
ao usuário

Compatibilidade
Dose certa
a medicamentos

c. Observar atentamente a prescrição. Os medicamentos, ao serem pres-


critos, deverão estar descritos de maneira completa e legível, contendo
nome do usuário, dose, via de administração, tempo de administração e
assinatura com carimbo do médico, e quando prescrito por enfermeiro
também deve conter sua assinatura e carimbo com os respectivos re-
gistros dos órgãos regulamentadores, respectivamente (Conselho Re-
gional de Medicina/CRM e Conselho Regional de Enfermagem/COREN).

A prescrição verbal só deve ser atendida em situação de emergência,


que deverá ser transcrita o mais rápido possível, ao término da inter-
corrência.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

127
d. Conhecer o medicamento a ser administrado, sua ação, efeitos cola-
terais e adversos. O conhecimento sobre os medicamentos utilizados é
primordial para a melhor prática de saúde, permitindo o aumento da sua
qualidade e segurança. A embalagem, o rótulo e a bula devem conter
todas as informações relevantes sobre o medicamento, contribuindo
para seu uso adequado.
Observar que os medicamentos podem ser prescritos pelo seu nome
comercial (disponibilizado pelo fabricante ou marca registrada) ou pelo
nome genérico (composição química), estando disponíveis em diferen-
tes apresentações e concentrações.

Medicamento não identificado, fora do prazo de validade, ou com emba-


lagem avariada, deve ser desprezado!

e. Conhecer os cuidados para cada medicamento. Cada medicamento


tem certas implicações e cuidados para sua administração e controle
apropriado, que devem ser de conhecimento do profissional, usuário e
familiar/cuidador. A bula do medicamento descreve de modo mais de-
talhado as informações necessárias para a utilização mais segura do
produto.

Link

Para obter mais conhecimento acerca dos medicamentos, consulte as


bulas no bulário eletrônico disponíveis em : <http://www.anvisa.gov.br/
fila_bula/>.

Unidade 5

128
É fundamental que o profissional de enfermagem leia a bula ou o Dicionário de
Especialidades Farmacológicas (DEF) sempre que ouvir ou encontrar o nome
de um medicamento desconhecido, para compreender o que está sendo admi-
nistrado, seu efeito desejado e (ou) reações adversas, e avaliar o resultado do
esquema medicamentoso prescrito.

Link

Para obter mais conhecimentos sobre indicação do medicamento, dilui-


ção e cuidados, acesse o Dicionário de Especialidades Farmacológicas
(DEF). É necessário fazer o cadastramento do profissional da saúde.
Conteúdo disponível em: <http://www.def.com.br/>.

f. Orientar o usuário. Todo usuário tem o direito de saber que medica-


mento está recebendo.

Lembre-se que o usuário e seu familiar tem o direito de saber que medi-
camento você vai aplicar e quais os cuidados que deverá realizar. Faça
deste espaço um momento de educação em saúde e tenha-os como
aliados na adesão ao tratamento.

g. Utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI). De acordo com a


disposição da Norma Regulamentadora 6 (NR 6), “[...] considera-se Equi-
pamento de Proteção Individual (EPI) todo dispositivo ou produto, de
uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

129
Link

Para conhecer esta NR na sua íntegra, acesse o site: <http://www.guia-


trabalhista.com.br/legislacao/nr/nr6.htm>. Já as precauções são deter-
minadas por rota de transmissão (padrão, contato, por gotículas e aérea),
e devem ser seguidas sempre diante de risco de transição para o usuário,
familiar/cuidador e para o profissional. Para ter maior conhecimento das
precauções e isolamentos, acesse o site: <http://www.anvisa.gov.br/ser-
vicosaude/controle/precaucoes_a3.pdf>.

Os equipamentos de proteção individual são luvas, máscaras, gorros, óculos


de proteção, capotes (aventais) e botas, e atendem às indicações citadas no
quadro a seguir.

EPIs: INDICAÇÕES DE USO

EPI Indicação

Luvas Sempre que houver possibilidade de contato com


sangue,secreções e excreções, com mucosas
ou com áreas de pele não íntegra (ferimentos,
escaras, feridas cirúrgicas e outros).

Máscaras, gorros Durante a realização de procedimentos em que


e óculos de haja possibilidade de respingo de sangue e outros
proteção fluidos corpóreos, nas mucosas da boca, nariz e
olhos do profissional.

Unidade 5

130
Capotes Devem ser utilizados durante os procedimentos
(aventais) com possibilidade de contato com material
biológico, inclusive em superfícies contaminadas.

Botas Proteção dos pés em locais úmidos ou com


quantidade significativa de material infectante
(centros cirúrgicos, áreas de necropsia e outros).
Fonte: SIRIDAKYS, M.; 2009.

Em situações de autoaplicação, o uso de EPI (luvas) pode ser dispensa-


do, desde que seja garantida a prévia lavagem rigorosa das mãos pelo
usuário.

h. Cumprir o aprazamento das prescrições. É necessária a manutenção


da prescrição nos horários determinados para manter o nível sanguíneo
da droga, assegurando o efeito desejado.
i. Escolher o local adequado para o preparo do medicamento. O preparo
do medicamento deve ser realizado em local limpo e arejado - mesmo
no domicílio, escolha um local limpo e arejado em que você possa pre-
parar o medicamento.
j. Observar as reações do usuário ao medicamento. Cada pessoa apre-
senta reações diferentes ao medicamento. Estar atento aos fatores que
afetam a reação a drogas, que dependem de: idade, sexo, peso corporal,
estado nutricional, funcionamento dos sistemas orgânicos, fatores psi-
cológicos, condições da doença e história clínica.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

131
Lembre-se de que crianças necessitam de doses menores que os adul-
tos, dependendo geralmente do peso e da idade. A dose do medica-
mento específico a cada usuário, seja ele adulto ou criança, deverá vir
detalhada na prescrição médica. Em caso de prescrições ilegíveis ou
mesmo incompletas, não realize a medicação e questione o médico
prescritor.

k. Ter recipientes para perfurocortantes. Ter recipientes com paredes


duras (caixa para perfurocortante), próprias para acondicionar material
perfurocortante (agulhas, ampola quebrada, lâmina cortante etc.). Mes-
mo no domicílio, não despreze esse material no lixo comum. A Normati-
va Regulamentadora do Ministério do Trabalho e do Emprego, por meio
da NR-32 (MTE, 2011), obriga a adoção de materiais perfurocortantes
com dispositivo de segurança. Apesar de o foco ser a segurança do pro-
fissional de saúde, a NR-32 acaba também favorecendo a segurança do
usuário/doente, pois muitos dos dispositivos de segurança terminam
por inutilizar o material, impedindo o seu reuso.
Se no domicílio não for possível levar o tipo de caixa apresentado na
figura a seguir, pode-se providenciar um recipiente rígido e com tampa,
que seja vedável após a colocação do material perfurocortante.

Modelos de recipientes para perfurocortante.

Unidade 5

132
Lembre-se de não recapar a agulha e de desprezá-la na caixa de perfu-
rocortantes. Atualmente a maioria das agulhas já vem com dispositivo
de segurança acoplado, uma vez que essa determinação também foi
realizada aos serviços de saúde pela NR-32.

Link

Para conhecer na íntegra as disposições dessa Normativa, acesse:


<http://portal.mte.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR32.pdf>.

l. Realizar a higienização das mãos. A higienização das mãos deve pre-


ceder todos os procedimentos envolvidos no preparo de medicamen-
tos. As mãos devem ser higienizadas seguindo os 5 momentos que já
foram discutidos na unidade 1 deste conteúdo.
m. Chamar o usuário pelo nome e avaliar alteração do seu estado clínico
e nível de consciência. Tal ação garante a interação com o usuário e
permite que você reconheça se a presença de alguma alteração já exis-
tia ou adveio da medicação utilizada.
n. Manter a privacidade do usuário. Garanta a privacidade do usuário em
aplicações que exponham sua intimidade. Pergunte se ele deseja que
seu familiar permaneça durante o procedimento.
o. Fazer o registro de enfermagem. Deve ser feito de maneira clara e
objetiva, sem dar margem a interpretações errôneas quanto à ação de
medicamentos e tratamentos específicos, para verificação da resposta
orgânica manifestada após a aplicação de determinado medicamento
ou tratamento. Por exemplo: alergia após a administração de medica-
mentos, diminuição da dor após aplicação de analgésico. Esse registro
deve ser realizado no prontuário do usuário.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

133
Considerando-se sua legalidade, o registro correto serve de proteção
tanto para o usuário como para os profissionais de saúde, a instituição
e a própria sociedade.

p. Assinar a anotação de maneira legível e colocar o número de inscrição


do Conselho Regional de Enfermagem (COREN/SC, 2013).
q. Monitorar as reações adversas. A monitorização constante, durante e
após a administração do medicamento, mostra-se uma ferramenta im-
portante a ser utilizada para se atingir um efeito seguro e reconhecer
possíveis efeitos adversos. O próprio usuário ou seu cuidador também
deverão ser orientados quanto à necessidade dessa monitorização dian-
te do uso das medicações, na ausência do profissional da enfermagem.
É importante lembrar que, mesmo na condição de doente, o usuário
continua de posse de seus direitos:
• ao respeito de ser chamado pelo nome;
• de decidir, junto aos profissionais, sobre seus cuidados;
• de ser informado sobre os procedimentos e o tratamento que lhe serão
dispensados;
• sobre a manutenção da sua privacidade física e o segredo sobre as
informações confidenciais que digam respeito a sua vida e estado de
saúde.

Unidade 5

134
Multimídia

Para entender melhor o que foi discutido até aqui, as-


sista ao vídeo Posologia e Reações Adversas aos Me-
dicamentos, que apresenta dicas para a orientação do
usuário e seu familiar/cuidador a respeito das doses e
reações dos medicamentos. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=AzTOT9SNN_0>.

Link

Para complementar seu conhecimento acerca dos medicamentos, leia O


que Devemos Saber sobre Medicamentos. Esse material ajudará na pre-
paração de medicamentos, com algumas dicas de medidas importantes
para auxiliar a determinar o cálculo das doses. Conteúdo disponível em:
<https://unasus-cp.moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?id=4175>.

5.3 Administrando medicamentos por via oral

Esta unidade tem como objetivo apresentar os cuidados básicos na adminis-


tração de medicamentos por via oral.

A medicação oral é toda a administração de medicamentos que são deglutidos


ou colocados diretamente no estômago, por meio de sondas (REIBINITZ et al,
2007). A característica da mucosa digestiva permite a adequada absorção de
inúmeras substâncias. A maioria dos medicamentos disponíveis pode ser ad-
ministrada por via oral, visto que se podem administrar por essa via as formas

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

135
farmacêuticas sólidas (cápsulas, comprimidos, pastilhas, pílulas) e as líquidas
(soluções, essências, xaropes). A absorção começa na boca e no estômago,
mas se efetua principalmente no intestino delgado. Para chegar à grande cir-
culação, o fármaco primeiro tem de atravessar a parede intestinal e depois
o fígado. A parede intestinal e o fígado alteram quimicamente (metabolizam)
muitos fármacos, diminuindo a quantidade absorvida.

A administração de medicamentos por via oral é a mais fácil e pode ser delega-
da ao usuário e (ou) familiar desde que sejam respeitadas as orientações e os
cuidados específicos a cada medicamento.

Cuidados na
administração
de medicamentos
por via oral

Neste sentido, é importante relembrar alguns cuidados específicos para a admi-


nistração da medicação oral que contribuem para a segurança do usuário. Com-
plementando os cuidados já discutidos, destacamos os apresentados a seguir.

Vantagens da medicação via oral

Como vimos, a administração de medicamento por via oral é mais


segura, fácil e mais comumente usada. Medicamentos orais são
mais baratos que as soluções endovenosas e os preparados tópicos,
produzem efeitos locais e sistêmicos e raramente causam ansiedade
do usuário ao tomá-la, por ser indolor. Outra vantagem observada diz
respeito à possibilidade de reverter a administração em caso de ingestão
indevida, pois o vômito pode ser provocado, ou realizar lavagem gástrica.

Unidade 5

136
Desvantagens do uso de medicamentos via oral

Consta o fato de ter sua ação mais lenta que as demais vias de
administração, causar irritação da mucosa do trato gastrointestinal,
descolorir os dentes, além do gosto desagradável na boca. Devem
ser evitadas em usuários com alterações na função gastrointestinal,
náuseas, vômitos, motilidade reduzida, deglutição prejudicada por
distúrbios neurovasculares, estenose gástrica, lesões orais, entre outros.

Assim, o uso de medicação via oral é de fácil manuseio, seguro, não requer
técnica estéril e pode ser delegada ao usuário e familiar/cuidador quando da
ausência do profissional (SILVA; SILVA, 2009). Esta atividade deve ser orienta-
da e programada de maneira participativa entre profissional e usuário/familiar,
com orientações claras e simples para evitar troca de medicações, excessos
ou esquecimento.

5.3.1 Cuidados na administração de medicamentos por via oral

• Avaliar qualquer contraindicação que impeça o usuário de ingerir o me-


dicamento. Este não deve ser administrado em usuários inconscientes,
com náuseas e (ou) vômitos.
• Orientar usuário e familiar/cuidador dos possíveis efeitos colaterais e
cuidados específicos a determinadas medicações e estas devem ser
reforçadas e acompanhadas em intervalos regulares pelo profissional
de enfermagem.
• Evitar a administração de vários medicamentos no mesmo horário para
evitar interações medicamentosas.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

137
A interação medicamentosa ocorre quando o efeito de um ou mais medi-
camentos é alterado pela administração simultânea, neutralizando sua
ação ou provocando uma reação adversa no usuário (ANVISA, 2010).

• Administrar os medicamentos apropriadamente, tendo os seguintes


cuidados:
1. quando é necessária a administração simultânea de vários medicamen-
tos, a prática mais segura é a utilização de recipientes separados, pos-
sibilitando a correta identificação dos medicamentos que efetivamente
o usuário recebeu, nos casos de aceitação parcial ou perdas acidentais
de parte deles. Os recipientes unitários não fornecem esse risco;
2. existem no mercado diversas apresentações para administração de
medicamentos via oral, como vimos anteriormente, em que a dosagem
diária dependerá do tipo de medicamento, uma vez que são calculados
de acordo com o peso e (ou) estado clínico do usuário. Isso é muito
importante, pois muitas vezes o usuário tem dificuldade de engolir um
comprimido ou uma cápsula, que poderá ser substituído por sua apre-
sentação em xarope ou suspensão.

Multimídia

Acesse um vídeo que poderá auxiliar você a entender


como devemos preparar o usuário acamado para o re-
cebimento do medicamento via oral, no domicílio, que
é bastante semelhante à forma como deve ser instala-
da a alimentação enteral. Disponível em: <http://www.
youtube.com/watch?v=Yh0SzhXKxj0>.

Unidade 5

138
5.3.2 Medicamentos orais (comprimidos, cápsulas ou drágeas)

Adiante estão os procedimentos indicados.


• Coloque o comprimido na boca do usuário, caso ele não possa segurar
com as mãos, oferecendo água para que possa engolir o medicamento.
Se o usuário tem problema de deglutição, moa o comprimido até o dei-
xar em pó. Entretanto, fique atento a comprimidos que não possam ser
moídos. Drágeas não devem ser separadas.
• Fique com o usuário até que ele degluta o medicamento, alertando-o
para não mastigar ou engolir pastilhas.
• Observe que somente os comprimidos apresentando sulcos poderão
ser partidos. Essa marca no comprimido nos indica onde podemos par-
ti-lo. Portanto, se temos 1 sulco, só podemos partir o comprimido em 2
(Figura A), e se temos 2, podemos partir o comprimido em 4 (Figura B).

Figura A Figura B

Fonte: Andrew Kelly - Noun Project.

• Observe cuidados específicos para determinadas medicações. Por


exemplo, a digoxina não deverá ser administrada se a frequência car-
díaca for inferior a 60 bpm. Portanto, o pulso deve ser verificado antes
da administração.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

139
5.3.2.1 Para crianças

Pela dificuldade de deglutição e risco de engasgos, não se deve oferecer para


bebês medicamentos em apresentação sólida, como comprimidos e cápsulas.
São preferíveis as apresentações líquidas, como xaropes. Quando se adminis-
tra um produto líquido, deve-se vertê-lo para um recipiente graduado ou uma
colher dosadora, de modo a comprovar-se que a dose é a correta, colocando-a
no nível dos olhos. Caso exista líquido em excesso, este deve ser desprezado,
sem nunca se devolver o medicamento ao frasco. Na ausência do medicamen-
to disponível no mercado, em apresentação líquida, este deverá ser diluído em
água filtrada ou fervida, e oferecido em colher ou seringa.

5.3.2.2 Medicamentos sublinguais

• Observar a correta colocação do medicamento sob a língua do usuário,


orientando-o para que o mantenha sob a língua, sem engolir a saliva,
por alguns minutos, permitindo a absorção do medicamento.
• Orientar o usuário a não mastigar ou engolir o medicamento até ser
totalmente dissolvido. As medicações por via sublingual oferecem uma
absorção da droga, em curto espaço de tempo, além de se dissolver
rapidamente, deixando pouco resíduo na boca.
• Orientar para não oferecer líquidos com a medicação sublingual.

5.3.2.3 Medicamentos solúveis

• Misturar comprimidos ou pó efervescente com líquido e ministrar ime-


diatamente.
• Medicamentos em soluções ou xarope: agitar o conteúdo do frasco
antes de entorná-lo no recipiente graduado (copinho), segurando-o com

Unidade 5

140
o rótulo voltado para cima, para evitar que o medicamento escorra aci-
dentalmente. Entornar o conteúdo do frasco, segurando-o na altura dos
olhos junto ao copinho, facilita a visualização da dose desejada.

5.3.3 Administração por sonda nasoenteral

A sonda nasoenteral é uma alternativa muito utilizada em usuários idosos, no


domicílio, para alimentação e hidratação, e tem servido como via de administra-
ção de medicação. Por ser muito frequente seu uso em idosos, principalmente
com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), usuários com problemas
neurológicos, desnutridos, entre outras necessidades, focaremos alguns pon-
tos importantes que você profissional e o familiar/cuidador necessitam saber.
Então, como administrar e cuidar de usuários em uso de sonda nasoenteral?

Multimídia

Antes, assista a um pequeno vídeo que demonstra


como fazer para administrar a alimentação pela son-
da nasoenteral, com alguma semelhança para a admi-
nistração de medicamento, atentando para o cuidado
com a lavagem da sonda antes e após cada medica-
ção. Disponível em: <http://www.youtube.com/wat-
ch?v=A29XYmQNzuA>.

• Se forem comprimidos, moa-os e dilua-os e aspirar em seringa de 10


mL e 20 mL, administrando. O uso de uma seringa desse calibre é para
diluir o comprimido ou as gotas e líquidos que devem ser aspirados e
administrados em seringa de 10 mL e 20 mL para prevenir a obstrução
e alguns efeitos adversos. Após o procedimento, a sonda deve ser la-

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

141
vada com água filtrada ou soro fisiológico 0,9% em seringa de 10 e 20
mL em bolus, evitando sua obstrução (SILVA, SILVA, 2009, CONSELHO
FEDERAL DE FARMACIA, 2009).
• Se forem prescritos medicamentos líquidos, aspire o volume prescrito
em uma seringa e injete pela sonda.
• Após cada medicamento, lave a sonda com 5 mL de água, para que a
medicação não permaneça na sonda, podendo obstruí-la.
• Atente que preparações líquidas hiperosmolares, com grande quantida-
de de sorbitol, podem provocar quadro de intolerância gastrointestinal,
como diarreia, cólica, distensão abdominal e vômito.
• Para medicamentos cuja absorção dependa do esvaziamento gástrico,
e a sonda esteja em posição gástrica, a dieta deve ser interrompida 30
a 60 minutos antes e reiniciada 30 minutos após a administração do
medicamento.
• A alimentação deve ser interrompida para a administração do medi-
camento, pois a incompatibilidade entre alimentação e medicamento
pode obstruir a sonda.
• Verifique se a sonda está bem localizada e fixada para evitar que seja
retirada acidentalmente.

Link

Para saber mais sobre a alimentação e administração por sonda, acesse


Nutrição Enteral Domiciliar: Manual do Usuário, disponível em: <http://
www.hc.unicamp.br/servicos/emtn/Manual_paciente.pdf>.

Unidade 5

142
5.4 Administração de medicamentos por via subcutânea

Aqui discutiremos a administração de medicamentos por via subcutânea, ten-


do como objetivo conhecer os locais de administração e cuidados de enferma-
gem relacionados à administração por via subcutânea.

A via subcutânea consiste na administração do medicamento na hipoderme,


conhecido também como tecido subcutâneo. Devido ao fato de o suprimento
sanguíneo do tecido subcutâneo apresentar uma extensa rede de capilares
venosos, arteriais, linfáticos e nervosos com uma espessura menor do que a
dos músculos, a absorção do medicamento é mais lenta que na administra-
ção intramuscular, porém são totalmente absorvidos se o estado circulatório
do usuário for normal. Essa via é indicada para administração de hormônios
(insulina, adrenalina), vacinas, anticoagulantes e outras soluções aquosas e
suspensões não irritantes. É utilizada com frequência para o tratamento de
longa duração de Diabetes Mellitus (DM), em pós-operatório de ocorrências
vasculares obstrutivas.

A administração por via subcutânea permite que o medicamento seja absorvi-


do lentamente a partir do tecido subcutâneo, prolongando assim seus efeitos
(SILVA; SILVA, 2009).

Os locais para aplicação de medicamentos por via subcutânea incluem:


• regiões superiores externas dos braços;
• abdome;
• região anterior das coxas;
• região superior do dorso.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

143
abdome regiões superiores
externas dos braços

região anterior região


das coxas superior do dorso

Regiões recomendadas para injeção subcutânea


Fonte: Adaptado de PALMIERI, 2011.

Em relação ao material para a administração de medicamentos por via sub-


cutânea, deve-se observar que as seringas dependem do volume a ser admi-
nistrado. Existem no mercado seringas de insulina e de 1 mL. As seringas de
insulina possuem graduação específica, com agulha fixa e com escalas em
unidades, e devem ser utilizadas somente com essa finalidade, para garantir a
segurança na dosagem correta. Quanto às agulhas, apresentam o comprimen-
to e calibre que variam dentro dos limites de espessura da tela subcutânea e do
ângulo de inserção da agulha.

Unidade 5

144
ORIGINAL: CURTA:
agulha com 12,7 mm agulha com 8 mm
de comprimento de comprimento

Modelos de seringas de insulina com graduação específica e agulha fixa com diferen-
tes comprimentos.
Fonte: Centro BD de Educação em Diabetes. Preparo e aplicação de insulina sem
mistério.

Link

O tratamento de insulinoterapia/SC no usuário com diabetes mellitus é


complexo e requer um estudo à parte. Para maior esclarecimento quanto
à insulinoterapia, consulte o Caderno de Atenção Básica: Diabetes Melli-
tus, que discute a técnica, a característica dos vários tipos de insulina,
o tempo de ação, a validade, a utilização de rodízios de aplicação, as
complicações, os cuidados, entre outros aspectos importantes. Disponí-
vel em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>.

Um cuidado importante que você deve ter no preparo da insulina é aspirar o ar


na quantidade de unidades de insulina prescrita, injetar no frasco de insulina e
aspirar a quantidade de insulina determinada, para evitar erro na dosagem de
insulina. A seringa de escolha deve ser a específica, com agulha fixa (acoplada),
para não haver desperdício e erro de insulina.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

145
Link

Acesse o manual Cuidados de Enfermagem em Diabetes Mellitus da So-


ciedade Brasileira de Diabetes, que discute os tipos de insulina e cuida-
dos nas situações de hipo e hiperglicemia. Disponível em: <https://una-
sus-cp.moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?id=4176>.

5.4.1 Vantagens na administração de medicamentos por via


subcutânea

• Tem como característica uma absorção mais rápida para a corrente


sanguínea do que por via oral e mais lenta quando comparada com a
via muscular, em função de sua absorção pelos capilares sanguíneos.
• Provoca um mínimo de traumatismo tecidual e comporta um pequeno
risco de atingir vasos sanguíneos de grande calibre e nervos, sendo as-
sim pouco dolorosa.

5.4.2 Desvantagens na administração de medicamento por via


subcutânea

• É impossível retirar o medicamento do organismo depois de adminis-


trado.
• Lesões importantes podem ocorrer se a medicação for administrada
por engano.
• Há o rompimento da integridade da pele, existindo então o risco de in-
fecção, o que exige técnica asséptica no preparo e administração do
medicamento.

Unidade 5

146
5.4.3 Cuidados na administração de medicamento por via sub-
cutânea

Além dos cuidados abordados para a aplicação de medicamentos, alguns cui-


dados específicos da medicação subcutânea devem ser observados.
• O local de aplicação do medicamento não deve apresentar lesões cutâ-
neas, proeminências ósseas, músculos e nervos grandes subjacentes.
• Apenas doses pequenas de (0,5 mL a 1 mL) de medicamento hidrosso-
lúveis devem ser aplicados subcutaneamente, já que o tecido é sensí-
vel às soluções irritantes, e grandes volumes de medicamentos, com
exceção da administração da hipodermóclise, que será discutida mais
adiante neste conteúdo.
• A prega subcutânea deve ser realizada para aplicação de insulina com
pouco tecido subcutâneo.
• A massagem local, após a aplicação, pode ser realizada, com exceção
da heparina e da insulina, para evitar a formação de hematoma ou ace-
lerar a absorção da droga, respectivamente.
• Você deverá examinar o usuário idoso quanto ao melhor local de apli-
cação, uma vez que este tem perda progressiva da camada gordurosa
subcutânea. A realização de um exame físico detalhado auxilia o profis-
sional de enfermagem a fazer uma avaliação adequada das condições
cutâneo-musculares de cada usuário.
• Fazer rodízio dos locais de aplicação de insulina para evitar má absor-
ção e lipodistrofia (deformidade no tecido subcutâneo, que prejudica a
absorção da insulina, causando hiperglicemia), conforme figura anterior
relacionada aos locais para aplicação. As regiões recomendadas para
aplicação de medicação por via subcutânea são as que ficam afastadas
de articulações, ossos, grandes vasos sanguíneos e nervos, e devem
ser de fácil acesso para autoaplicação.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

147
• Orientar o usuário para autoaplicação de insulina (SN) é uma das atitu-
des que devem ser incorporadas ao estilo de vida diário do usuário e sua
família e que podem contribuir para a melhoria do controle metabólico
e adesão.
• Planeje com o usuário o rodízio de aplicação, conforme figura apresen-
tada anteriormente.

É importante evitar os locais que estão dentro do perímetro de 5 cm da


cicatriz umbilical, devido à possibilidade de atingir um vaso sanguíneo.

Além disso, outros cuidados são necessários, uma vez que você deverá sem-
pre estar atento ao peso corpóreo do usuário e discutir isso com o enfermeiro
supervisor, pois ele poderá indicar a profundidade da camada subcutânea, faci-
litando a escolha do comprimento da agulha e do ângulo de introdução.

Para um usuário não obeso, o profissional de enfermagem pode optar por uma
agulha de 1,50 cm, calibre 23, introduzida a um ângulo de 45°, resultando numa
administração de medicamento satisfatória. Em usuários obesos, a injeção
subcutânea deve obedecer a um procedimento diferente: o profissional de en-
fermagem deve prensar o tecido entre os dedos e utilizar uma agulha longa,
capaz de ser introduzida através do tecido adiposo, na base da prega da pele.
Assim, o comprimento da agulha deve ser da metade da largura da prega da
pele. O ângulo de introdução pode variar entre 45° e 90°.

Unidade 5

148
Multimídia

Assista ao vídeo e aprenda passo-a-passo como pre-


parar e aplicar a injeção de insulina, disponível em:
<www.youtube.com/watch?v=LJBik5x28BQ>.

Atentar para algumas complicações que podem ocorrer na administração de


medicamentos por via subcutânea por longo tempo (veja o quadro adiante).
Esteja atento aos cuidados de enfermagem relacionados a: hematomas, dor, le-
são ou compressão de filetes nervosos, reações inflamatórias locais, fenôme-
no de Arthus, infecções específicas ou abscesso, embolias, úlcera ou necrose
de tecidos, bem como lipodistrofia/lipo-hipertrofia.

POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DO USO DA VIA SUBCUTÂNEA

Princípio científico Cuidados de


enfermagem

Hematomas Provocados por lesão Ao aplicar a SC, não


acidental de vasos aspirar.
sanguíneos.

Dor É comum o usuário Valorizar a queixa


referir dor ao injetar a do usuário, pois
medicação. A dor é uma cada pessoa tem um
sensação subjetiva e limiar diferente para
apresenta diferentes suportar a dor.
percepções pelos
usuários.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

149
Lesão ou A lesão é acompanhada Observar técnica
compressão de de muita dor. correta e observar
filetes nervosos presença de dor local.

Reações Hiperemia, calor e Inspecionar os


inflamatórias edema. locais de aplicação
locais para detectar
precocemente
alterações.

Fenômeno de Formação de nódulos, Fazer rodízio de locais


Arthus provocados por injeções de aplicação.
repetidas em um mesmo
local.

Infecções Devido à contaminação Observar técnica


específicas ou do material durante o correta e locais
abscesso preparo. de aplicação para
detecção precoce de
infecções.

Embolias Devido à lesão de vasos Garantir que a


sanguíneos. medicação seja
ministrada no
subcutâneo.

Unidade 5

150
Úlcera ou Ao se administrar Atentar para
necrose de medicamentos que não administrar o
tecidos são indicados para essa medicamento correto,
via. observando as 9
certezas.

Fibrose mesmo Devido à injeção de um Observar rodízio de


local volume excessivo ou locais de aplicação.
introdução do líquido em Observar volume
velocidade rápida ou por subcutâneo para
injeções repetidas em escolha da agulha de
um mesmo local. punção.

Lipodistrofia/ Caracteriza-se pela Observar rodízio de


Lipo-hipertrofia perturbação hormonal locais de aplicação.
que resulta num Fazer uso de insulinas
acúmulo de gorduras mais purificadas
em determinada área ajuda a melhorar
do corpo; Depressão da o problema. A
pele que aparece em reutilização de
usuários que injetam seringas deve ser
sempre a insulina no evitada.
mesmo local. Apesar
de serem antiestéticas,
as lesões não causam
problemas.
Fonte: Elaborado a partir do Livro Fundamentos para o Cuidado Profissional de
Enfermagem. REIBNITZ et al. Cuidado ao ser humano com necessidades terapêuticas
de medicação e fluidoterapia. IN: PRADO, ML; GELBECKE, FL. Fundamentos para o
cuidado profissional de Enfermagem, 2013. p.361-442.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

151
5.5 Administração de medicamentos por via intramus-
cular (IM)

Nesta unidade você aprofundará seus conhecimentos acerca da administra-


ção de medicações por via intramuscular, de modo a prestar uma assistência
segura através da escolha do músculo, da delimitação adequada do local ideal
para a administração da medicação, além de compreender as possíveis con-
traindicações e complicações.

O uso de medicamento intramuscular consiste na introdução de medicamen-


tos no interior do corpo muscular, sendo indicado para administração de drogas
que precisam ser absorvidas mais rapidamente do que pelas vias subcutâneas
ou intradérmicas. Possui, entretanto, um limite de volume a ser administrado,
que deverá ser definido de acordo com o músculo escolhido, bem como pelas
condições musculares do próprio usuário.

Os medicamentos intramusculares podem ser administrados em quatro re-


giões (ATKINSON; MURRAY 1995), sendo importante você conhecer cada uma
delas, sobretudo no que se refere à técnica correta, como demonstraremos na
sequência. É importante ressaltar que os cuidados com a assepsia, o preparo
do ambiente, a lavagem das mãos e a orientação do usuário e (ou) familiar/
cuidador devem ser primariamente seguidas, conforme discutimos anterior-
mente.

Veja a figura a seguir e relembre os locais para aplicação da injeção IM.

Unidade 5

152
Região Região
ventro-glútea deltoideana

Região vasto Região


lateral da coxa dorso-glútea

Fonte: Adaptado de PALMIERI, 2011.

5.5.1 Região ventro-glútea (músculo glúteo, médio e mínimo)

Dentre os locais indicados para a aplicação de injeção intramuscular em usuá-


rios adultos, ou mesmo em crianças acima de 3 anos, a região ventro-glútea
deverá ser a sua primeira escolha. Esse é considerado um excelente local para
aplicação, pois não há grandes vasos sanguíneos que possam ser lesados,
além de o tecido adiposo ser menos espesso que o do glúteo (ATKINSON;
MURRAY, 1995).

Embora seja uma região de menor risco de lesão de vasos e nervos, com tecido
adiposo menos espesso que o do glúteo, essa técnica ainda não é tão difundida
em algumas regiões, talvez por ser pouco divulgada no país e necessitar de
orientação e treinamento adequados sobre a delimitação do local de introdu-
ção da agulha (RANGEL; CASSIANI, 2000).

A região ventro-glútea, por possuir uma espessura muscular grande e não ha-
ver nervos ou vasos significantes, diminui significativamente o risco de aciden-
tes, sendo indicada para todas as idades.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

153
Como se delimita o local de aplicação?
Para delimitar o local adequado da musculatura para a administração dos me-
dicamentos você deve seguir as instruções adiante.
a. Encontra-se o local da injeção colocando-se o dedo indicador sobre a
espinha ilíaca anterossuperior e a palma da mão sobre a cabeça do
fêmur (trocânter).
b. Em seguida, desliza-se o adjacente (dedo médio) para formar um V. A
injeção no centro do V alcança os músculos glúteos. A explicação da téc-
nica pode ser mais bem compreendida observando-se a figura a seguir.

Local de aplicação na região ventro-glútea


Fonte: REIBNITZ et al, 2013.

Para este local de aplicação a angulação da agulha deverá ser de 90°, com leve
inclinação para a crista ilíaca.

Unidade 5

154
Link

Para aprofundar seus conhecimentos nesta técnica de punção e com-


preender melhor sobre a delimitação adequada do local, leia o seguinte
artigo: MENESES, Abel Silva de and MARQUES, Isaac Rosa. Proposta de
um modelo de delimitação geométrica para a injeção ventro-glútea. Rev.
bras. enferm.[online]. 2007, vol.60, n.5 [cited 2013-04-18], pp. 552-558.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0034-71672007000500013&lng=en&nrm=iso>.

5.5.2 Região anterolateral da coxa (músculo vasto lateral)

Esta área costuma ser bastante utilizada por não possuir estruturas anatômi-
cas que possam ser lesadas durante o procedimento, sendo geralmente a se-
gunda opção de escolha.

Para decidir qual é o melhor local a ser utilizado, e definir o uso dessa muscula-
tura em detrimento da região ventro-glútea e das demais regiões musculares,
você deverá levar em consideração (além do quadro clínico do usuário e das
condições musculares) o volume a ser administrado e a idade.

Veja no quadro a seguir os locais de aplicação em relação à idade do usuário.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

155
Idade Deltoide Ventro- Dorso- Vasto
glúteo glúteo lateral

Prematuros - - - 0,5 mL

Neonatos - - - 0,5 mL

Lactentes - - - 1,0 mL

Crianças de 3 - 1,5 mL 1,0 mL 1,5 mL


a 6 anos

Crianças de 6 0,5 mL 1,5 - 2,0 1,5 - 2,0 1,5 mL


a 14 anos mL mL

Adolescentes 1,0 mL 2,0 - 2,5 2,0 - 2,5 1,5 - 2,0


mL mL mL

Adultos 1,0 mL 4,0 mL 4,0 mL 4,0 mL


Seleção do local de aplicação de IM e volume máximo a ser administrado, segundo
faixa etária.
Fontes: Malkin B. Are techniques used for intramuscular injection based on research
evidence? Nursing times 2008; 105 (50/51): 48-51.
Bork AMT. Enfermagem baseada em evidências - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2006.

Como se delimita o local de aplicação?


A delimitação do local ideal neste músculo consiste de um retângulo. Para
tanto, você deverá delimitá-lo pelas linhas médias anterior e lateral da coxa,
aproximadamente 15 cm abaixo do trocânter maior do fêmur, e 12 cm acima

Unidade 5

156
do joelho, numa faixa e 7 a 10 cm de largura, conforme podemos ver na figura
a seguir.

Esquema ilustrando a área proposta para a injeção intramuscular na região antero-


lateral da coxa, utilizando-se a metade distal do quadrilátero (área hachurada) como
local de escolha para a aplicação desta injeção.
Fonte: ROCHA, R.P. et al, 2002.

Para este local de aplicação a agulha deverá ser introduzida em ângulo de 45°,
em direção podálica.

5.5.3 Região dorso-glútea (músculo glúteo máximo)

Apesar de essa região ser um músculo de fácil delimitação, você não deverá
escolhê-la como primeira opção, considerando os riscos relacionados à lesão
de nervo ciático e da artéria glútea superior (COREN/SP, 2010). O volume má-
ximo a ser injetado em grandes músculos é cerca de 4 mL. Um volume maior
poderá comprimir vasos e nervos, ocasionando dor e aumento da temperatura
local, hiperemia, necrose e alteração de sensibilidade e mobilidade do membro
(RANGEL, CASSIANI, 2000).

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

157
Como se delimita o local de aplicação?
Para identificar o local adequado você precisa delimitar quatro quadrantes com
o traçado de dois eixos: um horizontal, a partir da saliência mais proeminente
na região sacra; outro vertical, originando-se na tuberosidade isquiática. Das
quatro áreas delimitadas, utiliza-se o quadrante superior externo (REIBINITZ
et al, 2013).

Local da aplicação de injeção IM no músculo dorso-glúteo.


Fonte: PORTAL SÃO FRANCISCO, 2012.

O ângulo da agulha em relação à pele deverá ser de 90°.

5.5.4 Região deltoideana

O deltoide é um músculo pequeno, comportando pequenas doses de volume


a ser administrado. Apesar de ser de fácil acesso, por ser pequeno e ter uma
proximidade ao nervo radial, associado à superficialidade de vasos e nervos, a
infusão de medicações nesse músculo não deve ser sua primeira escolha. Con-
sidera-se que o maior número de complicações pós-injeções intramusculares
ocorre nos membros superiores (RANGEL, CASSIANI, 2000).

Unidade 5

158
Como se delimita o local de aplicação?
Apesar de esta não ser a opção mais indicada, é importante que você saiba
delimitar adequadamente a região. Desta forma, esse músculo deve ser delimi-
tado na parte superior, respeitando a distância aproximada de 3 a 5 cm abaixo
do acrômio e na porção inferior, de 3 a 3,5 cm acima da margem inferior do
deltoide, conforme a figura adiante (REIBNITZ et al, 2013).

Clavícula
Acrômio
Lugar de injeção
Ponto de interseção.
Músculo deltoide
Húmero

Local da aplicação de injeção IM no músculo deltoide


Fonte: INTERLIGADO NA ATUALIDADE, 2011.

O ângulo da agulha em relação à pele deverá ser de 90°.

Você deve observar a ordem de escolha do local de administração de medica-


mentos IM, segundo o quadro a seguir.

Região de injeção Escolha de indicação

Ventro-glútea Primeira

Anterolateral da coxa Segunda

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

159
Dorso-glútea Terceira

Deltóidea Quarta
Distribuição das regiões de injeção IM em relação à escolha de indicação (em adulto e
crianças). Fonte: ROCHA, R.P et al, 2002.

Após a escolha do local correto, você deverá também saber definir o material
mais adequado a cada situação. A seringa utilizada dependerá, é claro, do volu-
me a ser administrado. Entretanto, para a escolha da agulha é importante você
também considerar as características do músculo a ser usado, bem como as ca-
racterísticas gerais e condições clínicas do usuário, conforme o quadro adiante.

Calibre da agulha Local Características do usuário

30 x 7 mm • Ventro-glúteo • Usuários adultos.

• Dorso-glúteo • Homens com peso corpó-


reo entre 60 e 118 kg.

• Mulheres entre 60 e 90 kg.

25 x 7 mm • Deltoide • Usuários adultos.

• Vasto lateral • Para mulheres com peso


da coxa superior a 90 kg indicam-se
agulhas com pelo menos
3,8 cm de comprimento.

25 x 6 mm • Vasto lateral • Para crianças, a avaliação


da coxa clínica é imprescindível na
tomada de decisão.
Seleção do local de aplicação de IM e calibre da agulha, segundo características do
usuário. Fonte: Adaptado: Bork, A. M. T. Enfermagem baseada em evidências - Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Unidade 5

160
Considere que a administração de medicamentos intramusculares poderá ser
feita utilizando-se o que ficou conhecido como técnica em “Z”, que consiste
em esticar a pele no local da aplicação para o lado ou para baixo, até o final da
aplicação de todo o medicamento. Após o término, a pele é liberada e volta à
posição correta, fazendo uma alteração do trajeto de saída e, com isso, impe-
dindo a saída da medicação para tecidos adjacentes.

Multimídia

Para compreender a realização da técnica em “Z” as-


sista ao vídeo disponível em: <http://www.youtube.
com/watch?v=afcgSqMRGxQ>.

• Vantagens da aplicação de medicação por via intramuscular


1. A via intramuscular é utilizada para administrar medicamentos irritan-
tes, por ser menos dolorosa, considerando-se que existe menor número
de terminações nervosas no tecido muscular profundo.
2. A absorção ocorre mais rapidamente do que no caso da aplicação sub-
cutânea e intradérmica, devido à maior vascularização do tecido mus-
cular.
3. Em relação à via oral, existe a vantagem de evitar os efeitos causados
pela passagem do medicamento pelo estômago e absorção do fígado.
4. Favorece a concentração terapêutica em um curto espaço de tempo.

• Desvantagens da aplicação de medicação por via intramuscular


1. Esta via de acesso não permite erros, pois, após administrado o medi-
camento, não é possível retirá-lo.
2. Necessita que o profissional tenha habilidade e conhecimento de anato-
mia, devido ao risco de lesão de nervos, tecidos ou vasos.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

161
3. Possui limitação do volume a ser administrado conforme a idade e as
condições musculares do usuário.
4. Se o medicamento não for introduzido na via correta, ou seja, nos mús-
culos, pode gerar dor, formação de abcesso e nódulos.

Após você ter relembrado as vias possíveis de administração de medicamen-


tos IM e as formas de delimitação adequadas do local, alguns cuidados devem
ser considerados, independentemente do músculo em que a medicação será
administrada:
• conhecer os locais de administração de medicamentos por via intra-
muscular segundo a idade e o estado nutricional;
• observar o rodízio de locais previstos na prescrição de enfermagem,
evitando sobrecarregar o mesmo local de aplicação, minimizando com-
plicações;
• no caso de medicamentos irritantes, a agulha que aspirou o medica-
mento deve ser trocada antes da aplicação, visando evitar a ocorrência
de lesões teciduais;
• após a introdução da agulha no músculo, realizar a aspiração da seringa
antes de introduzir a medicação, para certificar se não houve inserção
da agulha em algum vaso sanguíneo. Caso haja refluxo sanguíneo visí-
vel durante essa aspiração prévia, deve-se retirar a agulha, desprezar a
seringa e preparar nova medicação.

Ao final da realização do procedimento e da aplicação do medicamento,


o local de aplicação não deve ser massageado, sendo feita apenas uma
leve compressão no local (COREN/SP, 2010).

Unidade 5

162
5.6 Administração de medicamentos por via endove-
nosa (EV)

Esta unidade tem como objetivo discutir os aspectos relacionados à aplicação


de medicação por via endovenosa, auxiliando você a aprofundar seus conheci-
mentos acerca dos principais cuidados de enfermagem, vantagens e desvanta-
gens do uso desta via, bem como as possíveis complicações.

A via endovenosa é uma possibilidade de acesso para a administração de uma


droga (medicamento) diretamente na corrente sanguínea (vaso sanguíneo), a
fim de obter uma ação imediata do medicamento. Por ser um procedimento
invasivo, sua inserção, manutenção e manipulação deve ser realizada rigorosa-
mente por meio de técnica asséptica (REIBINITZ et al, 2013).

A realização de medicação endovenosa tem como finalidade atender às ne-


cessidades terapêuticas do usuário relacionadas, sobretudo, à nutrição, à
hidratação, ao equilíbrio ácido-básico, bem como à administração de drogas
específicas.

É importante que você saiba escolher adequadamente o vaso mais indicado


para a administração do medicamento:
• devem-se evitar as articulações;
• procuram-se sempre as veias da região distal para a proximal;
• evitar puncionar o membro dominante para não restringir os movimen-
tos, quando for necessário manter a punção;
• devem-se evitar também os membros com lesões e escoriações, mini-
mizando os riscos de infecção.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

163
Os principais vasos venosos que você poderá escolher para realizar a pun-
ção são, sobretudo, localizados nos membros superiores. No braço, as mais
indicadas são a cefálica e basílica. No antebraço, as veias a serem escolhidas
incluem a cefálica, cefálico-acessória, basílica e intermediária do antebraço.

A figura adiante mostra a anatomia das veias, o que poderá auxiliá-lo na esco-
lha e localização das veias.

Veia cefálica
mediana Veia cefálica
Veia cefálica
acessória Veia basílica Arco
venoso dorsal
Veia cefálica
Veia dorsal Veia dorsal
Veia mediana metacarpo superficial
Veia basílica
Veia mediana Veia dorsal digital
Veia basílica mediana

A: no antebraço B: superfície dorsal da mão

Sítios comuns para acesso venoso


Fonte: ENFERMAGEM, APRENDENDO, REALIZANDO E ENSINANDO O CUIDADO, 2011.

5.6.1 Puncionando o acesso venoso periférico

Após escolhido o vaso a ser puncionado, você deverá separar o material a ser
utilizado e realizar a técnica de punção venosa, seguindo os princípios assép-
ticos.

O início do procedimento deverá levar em consideração os aspectos de assis-


tência segura já abordados na unidade 1, bem como os princípios da lavagem
das mãos, também já explicitados.

Unidade 5

164
O material utilizado para a realização da punção venosa inclui a luva de pro-
cedimentos, o algodão com álcool para a assepsia, o garrote, a fita adesiva
(esparadrapo, micropore ou película transparente), o dispositivo venoso, uma
seringa com água destilada estéril ou solução salina para assegurar que o dis-
positivo ou cateter está no vaso venoso e um saco plástico para o descarte do
material contaminado, lembrando que o material perfurocortante é descartado
com recipiente específico.

O tipo de cateter utilizado para a realização do procedimento deve ser esco-


lhido considerando-se o calibre do vaso e a finalidade da punção, levando em
consideração também o tempo necessário de permanência do acesso venoso.

Em situações em que o acesso será realizado apenas para a administração


do medicamento, sendo retirado a seguir, poderá ser utilizado o cateter curto,
agulhado, para punção periférica, também conhecido comercialmente como
“scalp” ou “butterfly”.

A: punção com catéter curto, B: punção venosa com retorno venoso


agulhado, em um ângulo de 10° a 30°. no equipo do cateter e curativo feito.

Punção venosa periférica com catéter curto, agulhado na fase interna no braço.
Fonte: B. BRAUN, 2014.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

165
Em situações onde há necessidade de manutenção do acesso por períodos
mais prolongados ou onde se faz necessária a infusão de volumes maiores,
o mais indicado é o uso do cateter curto, com mandril, para punção venosa
periférica, o qual é conhecido comercialmente com os nomes de “Abocath”,
“Jelco” ou “Introcan”.

Modelos de cateteres intravenosos periféricos de longa permanência (jelco) de


diferentes tamanhos.
Fonte: ENFERMAGEM, APRENDENDO, REALIZANDO E ENSINANDO O CUIDADO, 2011.

A numeração desses cateteres poderá variar: quanto maior o número indicado


pelo fabricante, menos calibroso é o cateter. Os tamanhos variam: 14G, 16G,
18G, 20G, 22G e 24G. O 14G é o cateter mais calibroso, e o 24G é o menos
calibroso.

Multimídia

Relembre como deve ser realizada a punção, por meio


do vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=_qJnfGMQxe8>.

• Vantagens na administração de medicamentos por via endovenosa


1. Produz efeito rápido devido a sua absorção imediata, sendo a via mais
indicada em situações de emergência.
2. Permite a administração de grandes volumes de líquidos, repondo per-
das por hemorragias, diarreias, entre outros.

Unidade 5

166
3. Protege as mucosas do trato gastrointestinal de irritações/necroses
provocadas por drogas irritantes.
4. É a única via que tolera, dentro de certos limites, uso de soluções hipo/
hipertônicas contraindicadas nas demais vias.
5. Evita traumatismo, por injeções repetidas nas demais vias parenterais.
6. Permite a conexão de equipos, com recipiente graduado (bureta) pró-
prio para diluição de medicamentos, com aplicação em microgotas e
sistema fechado.
7. Permite o uso de extensões, com local próprio, para injeção através de
película autovedante.

• Desvantagens na administração de medicamentos por via endovenosa


1. Não permite erros, pois uma vez administrados os medicamentos, não
é possível retirar a dose injetada.
2. Seu efeito imediato pode ser fatal, como nos casos em que o medica-
mento produz alergia, hipoglicemia, arritmia, entre outros.
3. Constitui risco potencial de infecção, pois cada punção rompe as defe-
sas da pele íntegra.

É importante relembrar os cuidados que você deve ter após a punção para a
infusão de medicamentos ou a manutenção da punção com infusão contínua.

Por isso, para proceder com os cuidados do modo recomendado, esteja atento
aos cuidados ao diluir a medicação e aos cuidados importantes após ter
realizado a punção venosa, temas que serão vistos em seguida.
• Para infusão contínua de solução: conectar o tubo extensor ou tubo
em “Y” ao equipo do sistema de infusão; remover o ar do sistema; co-
nectar o sistema ao cateter venoso e iniciar a infusão, no tempo/veloci-
dade recomendado.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

167
• Para administração de medicamentos: conectar a seringa contendo o
medicamento ao cateter venoso e infundir conforme tempo preconiza-
do para a medicação, sendo o ideal seguir as orientações do fabricante.

Link

Para estudar um pouco mais sobre os cuidados de enfermagem diante


de medicações endovenosas (protocolos de preparo e administração de
medicamentos; setor: pulsoterapia e hospital dia), acesse: <http://www.
huwc.ufc.br/arquivos/biblioteca_cientifica/1238006517_50_0.pdf>.

5.6.2 Cuidados ao diluir a medicação

• Antes de abrir a ampola, certificar-se de que toda a medicação está no


corpo da ampola e não no gargalo, para que não haja desperdício de me-
dicamento. Se não estiver, fazer movimentos rotatórios com a ampola.
• Fazer a desinfecção do gargalo da ampola com algodão embebido em
álcool a 70%. Nesse movimento são removidos os microrganismos que
estão presentes, evitando assim a contaminação. A seguir, você deve
proteger os dedos com algodão ou gazes ao quebrar o gargalo, evitando
acidentes.
• Adaptar a agulha ao bico da seringa, cuidando para não tocar em nenhu-
ma das partes internas. Introduzir a agulha na ampola e proceder com a
aspiração do conteúdo, invertendo lentamente a ampola sem encostar
na borda dela. Desta forma, estaremos nos prevenindo contra a conta-
minação da agulha e do medicamento.
• Se a medicação estiver em frasco, deve-se retirar a parte deslocável
da tampa metálica e fazer a desinfecção da tampa de borracha com
algodão embebido em álcool a 70%:

Unidade 5

168
1. deve-se fazer a desinfecção da ampola diluente do frasco e abri-la, aspi-
rando o conteúdo em uma seringa. Colocar o diluente no medicamento
do frasco e homogeneizar a solução, fazendo a rotação do frasco, evi-
tando a formação de espuma;
2. colocar ar na seringa em volume igual ao medicamento a ser aspirado;
erguer o frasco aspirando o líquido nele contido e com a agulha protegi-
da, evitando contaminações e desperdício de medicamentos.

• Fazer uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

5.6.3 Cuidados importantes após ter realizado a punção venosa

• Se o usuário for permanecer com o medicamento e fluidoterapia, por


tempo prolongado, deve-se realizar a punção com cateter curto com
mandril (Abocath ou jelco) para garantir maior mobilidade e o fluxo do
cateter.
• A punção deve ser mantida por 72 a 96 horas. Após esse período, deve
ser trocada de local, devido a possibilidades de complicações locais
ou sistêmicas. Caso o local de inserção do cateter não apresente sinal
flogístico, pode ser mantido o cateter por um período mais longo, desde
que avaliado diariamente para observar o fluxo do cateter e sinais de
alteração.

Em alguns casos o usuário poderá necessitar, mesmo em domicílio, de um


acesso permeável, embora não precise de fluidoterapia. Nestes casos é indica-
da a salinização da via ou mesmo a heparinização do dispositivo, mantendo
o acesso venoso e eliminando a necessidade de múltiplas punções venosas.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

169
5.6.4 Manutenção com solução salina

Para manutenção da permeabilidade com solução salina 0,9%, introduzir 1 a 2


mL, antes e após a administração da medicação, conforme calibre e compri-
mento do dispositivo.

5.6.5 Manutenção com heparina

• Após a administração do medicamento prescrito, lave o vaso venoso


com água destilada ou SF 0,9%.
• Na sequência, você deve injetar de 0,3 a 0,5 mL da solução de heparina,
com concentração previamente prescrita pelo médico.
• Fechar o cateter curto agulhado para punção periférica, acoplando-se
uma tampa protetora específica esterilizada.

5.6.6 Preparo da solução de heparina

De acordo com REIBINITZ et al (2013) o preparo da solução de heparina é feito


com 0,1 mL de heparina EV, acrescentando-se 9,9 mL de água destilada e resul-
tando em 10 mL de solução de heparina endovenosa (EV). Essa solução deve
ser mantida na geladeira com a identificação do usuário (nome, data de prepa-
ro) e do profissional de saúde, pois a solução de heparina é de uso individual.

Unidade 5

170
• Ao administrar novamente a medicação, deve-se primeiro as-
pirar a solução de heparina que ficou no dispositivo, introduzir
novamente água destilada, “lavando” internamente o scalp, para
somente depois aplicar o medicamento. Após o medicamento
ser introduzido, lavar o cateter com água destilada ou SF 0,9% e
introduzir a solução de heparina novamente.

• É importante que você mantenha a técnica asséptica ao manu-


sear o equipamento, principalmente com a parte interna da tam-
pa do cateter, que ficará exposta durante a injeção. Desta forma,
é fundamental que nas conexões, antes e depois de serem aber-
tas, seja realizada desinfecção com álcool a 70%, prevenindo
infecções.

Após você ter relembrado a técnica de punção venosa e os principais cuidados


acerca da terapia intravenosa, torna-se agora indispensável também que você
conheça e saiba identificar as principais complicações, sendo capaz de prestar
cuidados direcionados em cada situação, como infiltração, flebite, hematoma, in-
fecção local, infecção generalizada, embolia ou mesmo sobrecarga circulatória.

Link

Para saber mais sobre complicações que podem ser locais ou gerais no
usuário em uso de terapia intravenosa contínua ou por bolus, acesse:
<https://unasus-cp.moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?id=4177>

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

171
5.7 Administração de medicamentos por hipordermóclise

Esta fase dos estudos tem como objetivo discutir indicações, locais de punção
e cuidados relacionados à hipodermóclise no domicílio.

Indicações para o uso


da hipodermóclise

Cuidados de
Como administrar
enfermagem

A infusão de fluidos isotônicos e (ou) medicamentos por via subcutânea é de-


nominada hipodermóclise ou terapia subcutânea, e tem como objetivo a repo-
sição hidroeletrolítica e (ou) terapia medicamentosa (BRASIL, 2009).

A hipodermóclise ou hidratação subcutânea consiste na administração de


grande quantidade de fluidos (500 mL a 2.000 mL em 24 horas), no espaço sub-
cutâneo de maneira contínua ou intermitente. A solução infundida pode ser de
glicose a 5% (SG 5%) ou solução fisiológica a 0,9% (SF 0,9%). A hipodermóclise
permite o controle adequado dos sintomas clínicos, e usá-la em casa pode
oferecer melhor qualidade de vida ao usuário.
• Indicações para o uso da hipodermóclise
1. Hidratação - quando da impossibilidade de ingestão por via oral - usuá-
rios em cuidados paliativos que apresentem embotamento cognitivo,
náuseas e vômitos incoercíveis, obstrução do trato gastrintestinal por
neoplasia.

Unidade 5

172
2. Impossibilidade de acesso venoso - usuários com difícil acesso veno-
so e que tenham seu sofrimento aumentado pelas constantes tentati-
vas de punção; usuários cujo acesso venoso represente impossibilidade
ou limitação para a administração de medicamentos e fluidos decorren-
tes de flebites, trombose venosa e sinais flogísticos.
3. Possibilidade de permanência do usuário no domicílio - é um método
seguro, sem graves complicações e facilmente manipulado pelo usuá-
rio ou familiar/cuidador.
4. Dor - sinal efetivamente presente em estágio avançado da doença.

• Contraindicações
Segundo BRASIL (2009, p.15), as contraindicações “estão relacionadas
aos distúrbios de coagulação, edema, anasarca e risco severo de con-
gestão pulmonar (exemplo: insuficiência cardíaca congestiva e síndro-
me de veia cava superior)”.

• Vantagens do uso da hipodermóclise


1. Baixo custo: os materiais necessários para a instalação da hipodermó-
clise são relativamente pouco onerosos, se comparados aos materiais
utilizados em outros tipos de punções, conferindo baixo custo ao pro-
cedimento.
2. Possibilidade de alta hospitalar precoce: o manuseio simples e a fácil
administração possibilitam a alta precoce do usuário, já que o disposi-
tivo pode ser manejado em domicílio pelo cuidador/familiar e (ou) pelo
próprio usuário após capacitação pela equipe de enfermagem.
3. Risco mínimo de desconforto ou complicação local: a utilização da
via subcutânea provoca um desconforto doloroso mínimo em alguns
usuários e traz menor grau de limitação pelas opções diferenciadas dos
sítios de punção (comumente distantes de articulações). Além disso, a

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

173
infusão poderá ser interrompida após ser iniciada e a qualquer momen-
to, sem o risco de complicações, como a trombose de vaso.
4. Risco mínimo de complicações sistêmicas: o risco de complicações
sistêmicas, como a hiper-hidratação e a sobrecarga cardíaca, é mínimo
e pode ser monitorado ao longo do período da infusão.
5. Os opioides geralmente são bem tolerados. Usuários em controle álgi-
co se beneficiam da via subcutânea para os medicamentos de resgate
(BRASIL, 2009).

• Desvantagens do uso da hipodermóclise


1. O volume diário recomendado é de 2.000 mL em 24 horas (1.000 mL por
sítio). Portanto, a hipodermóclise não é recomendada para uma infusão
rápida ou uma reposição com alto volume de fluidoterapia. Como exem-
plo não indicado, citamos a reversão de uma desidratação severa.
2. Apresenta limitação quanto à necessidade de ajuste rápido de doses,
uma vez que a absorção pelo tecido subcutâneo é mais lenta do que
pela via intravenosa, para a maioria dos medicamentos.
3. Os fluidos são absorvidos por difusão capilar, por isso a absorção fica
reduzida quando há comprometimento da irrigação no sítio de infusão,
como em presença de edemas e hematomas.

As soluções com extremos de pH (< 2 ou > 11) apresentam risco aumentado de


precipitação ou irritação local. As soluções com pH próximo à neutralidade, hi-
drossolúveis e soluções isotônicas são mais bem toleradas. Os medicamentos
tradicionalmente utilizados pela via subcutânea englobam o sulfato de morfina,
a brometazida, o ondansetrona, a metadona, o midazolan, a prometazina, o
octreotide, a metoclopramida, o fenobarbital, o tramadol, entre outros (BRASIL,
2009).

Unidade 5

174
Essa técnica vem sendo largamente utilizada recentemente como alternativa
na oncologia para hidratação e analgesia em usuários debilitados, proporcio-
nando-lhes maior conforto e mobilidade (BRASIL, 2009). A administração de
medicamentos e líquidos por via subcutânea está em concordância com os
princípios dos cuidados paliativos, que estão baseados em um atendimento
multidisciplinar para melhorar a qualidade de vida do usuário e da família frente
a problemas associados a doenças crônico-degenerativas e oncológicas em
estágio avançado e sem possibilidade de cura.

De acordo com a Série de Cuidados Paliativos escrita em 2009 pelo Instituto


Nacional de Câncer (INCA), a administração dos medicamentos por hipoder-
móclise deve seguir alguns passos:
• diluição: todos os medicamentos devem estar na forma líquida e de-
vem ser diluídos em água para injeção;
• volume: a diluição deve ser de pelo menos 100%. Exemplo: morfina de
10 mg/mL, ampola de 1 mL, diluir em 1 mL de água para injeção;
• incompatibilidade: as interações ocorrem entre soluto e solvente, solu-
to e soluto, solução e recipiente. Algumas são visíveis (precipitação ou
alteração de cor) e outras, invisíveis, mas comprometem a eficácia do
medicamento.

Diluição

Volume

Incompatibilidade

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

175
Link

Por tratar-se de uma técnica difundida recentemente na enfermagem, mas


largamente utilizada em cuidados paliativos, é importante que você leia
os documentos que discutem conceitos, finalidade, o passo a passo da
punção por hipodermóclise e complicações. Acesse o endereço: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Terapia_subcutanea.pdf>.

5.7.1 Escolha do sítio da punção

Qualquer região com relativa boa qualidade de tecido subcutâneo pode ser uti-
lizada para punção subcutânea. A parede lateral do abdome é um dos locais
mais selecionados. Outros locais também podem ser puncionados, como:
• região do deltoide;
• região anterior do tórax;
• região escapular;
• região abdominal;
• face lateral da coxa.

Unidade 5

176
região anterior
do tórax e região do
região deltoide
escapular

região
abdominal

face lateral da
coxa

Locais adequados para a punção subcutânea para o uso da hipodermóclise


Fonte: BRASIL, 2001.

5.7.2 Cuidados de enfermagem com a hipodermóclise

• Orientar o usuário e familiar/cuidador a identificar sinais de irritação


local; presença de sinais flogísticos (edema, calor, rubor e dor); endure-
cimento; hematoma; necrose do tecido (complicação tardia).
• Observar a área de inserção do dispositivo subcutâneo em relação a sinais
de infecção (presença de febre, calafrio, dor) e sinais de sobrecarga car-
díaca (taquicardia, turgência jugular, hipertensão arterial, tosse, dispneia).
• Fazer rodízio do sítio de punção a cada 96 horas ou na suspeita e (ou)
vigência de complicações, respeitando a distância de 5 cm do local da
punção anterior.
• Após a administração de medicação, injetar 1 mL de soro fisiológico a
0,9% ou 1 mL de água destilada estéril para garantir que o conteúdo do
dispositivo seja introduzido no sítio de punção.
• Realizar a proteção do sítio da punção subcutânea com plástico, duran-
te o banho, com o objetivo de manter a área seca.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

177
• Fazer a lavagem das mãos antes do manuseio do cateter (exemplo: co-
nectar equipos com fluidos ou medicação) para prevenir infecção.

5.8 Cuidados no transporte e armazenamento de


medicamentos no domicílio

Agora você aprenderá os principais cuidados a serem assumidos, diante do


transporte de medicamentos até o domicílio, por ocasião de atendimentos,
bem como aprofundará seus conhecimentos acerca das principais orientações
a serem repassadas ao usuário e seus cuidadores quanto ao armazenamento
adequado de medicações no domicílio.

A utilização de medicamentos no domicílio requer cuidados especiais para ga-


rantir sua eficácia, por meio da correta armazenagem. Para que você possa
realizar uma assistência segura, utilizando medicamentos com validade ade-
quada, bem como orientar os usuários sobre esses cuidados, é importante se-
guir algumas orientações, apresentadas a seguir, conforme as recomendações
do Ministério da Saúde (2006).
• Os medicamentos devem ser armazenados em local de fácil acesso,
porém seguro e fora do alcance das crianças.
• Devem estar sempre protegidos da luz e do calor, evitando-se armaze-
nar em locais com umidade ou muito quentes.
• Você deve atentar para saber se o usuário faz uso de algum medica-
mento específico que possa exigir armazenamento especial. Como
exemplo, temos a insulina, que deve, após aberta, ser conservada em
geladeira (2°C a 8°C), por ser sensível ao calor. Também não pode ser
congelada nem exposta à luz solar direta.
• É importante orientar o usuário e familiar/cuidador a revisarem
constantemente os medicamentos guardados, retirando aqueles com

Unidade 5

178
prazo de validade vencido ou há muito tempo fora de uso, devendo
descartá-los.
• O usuário deve ser alertado sobre o prazo de validade. A data impres-
sa na embalagem vale apenas para o produto fechado. Após iniciada a
utilização do produto, este prazo passa a ser menor, devendo levar em
conta a orientação do fabricante por meio da bula.
• Orientar ao usuário e familiar/cuidador que os medicamentos devem
ser conservados na embalagem original e com a bula. Quando se tratar
de medicamentos líquidos, a medida (colher ou copo) deve ser mantida
junto à embalagem.
• Caso necessite armazenar o medicamento após reconstituição e (ou)
diluição, utilize etiqueta de identificação com no mínimo as seguintes
informações: nome do medicamento; responsável pela manipulação
(nome e número do registro profissional); data; hora; diluente.

Referente aos cuidados gerais, quanto aos medicamentos de uso contínuo, o


usuário, a família e o cuidador devem receber orientações específicas para que
não haja troca de medicamentos, doses ou mesmo horários.

Saiba mais

Para saber mais a respeito desses cuidados gerais, acesse: <https://una-


sus-cp.moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?id=4180>

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

179
5.8.1 Transporte de medicamentos

O transporte requer cuidados especiais para não alterar a estrutura físico-quí-


mica dos medicamentos. Caso você precise levar a medicação até o domicílio,
alguns cuidados precisam ser observados, sobretudo quanto à exposição ao
calor. Situações que exijam transporte de medicações que são armazenadas
a baixas temperaturas necessitarão também de cuidados especiais. A Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão responsável por regu-
lamentar, dentre outras questões, as condições adequadas de transporte de
medicações.

Link

Para aprofundar seu conhecimento sobre a regulação da ANVISA, aces-


se: <http://anvisa.gov.br/medicamentos/legis/resol.htm>.

Já para aprofundar os conhecimentos sobre esse assunto e saber de que


modo você pode auxiliar usuário, familiar e cuidadores na organização e
no armazenamento de medicamentos no domicílio, acesse as orienta-
ções apresentadas na íntegra na Biblioteca Virtual do Ministério da Saú-
de, disponíveis em: <http://bvsms.saude.gov.br/>.

Multimídia

Ainda com o intuito de aprofundar seus conhecimen-


tos, assista ao vídeo Cuidador de Idosos - Medicação,
disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=-
dAv3SgFCPDM>.

Unidade 5

180
Encerramento da unidade

Excelente! Você concluiu a unidade 5 – Procedimentos no cuidado domi-


ciliar: medicação. O conteúdo abordou as competências profissionais da
enfermagem no atendimento domiciliar a usuários com necessidade de
administração de medicamentos por via oral, subcutânea, intramuscular,
endovenosa e hipodermóclise.

Procedimentos no cuidado domiciliar: medicação

181
Unidade 6

Tratamento de feridas
e curativos
6.1 Introdução da unidade

O tratamento de feridas e a realização de curativos constituem-se como impor-


tantes ferramentas terapêuticas no âmbito hospitalar, ambulatorial e até mes-
mo domiciliar. Além disso, o manejo adequado das feridas proporciona con-
forto àqueles com lesões crônicas, como os usuários em cuidados paliativos.

A execução de tais técnicas no ambiente domiciliar permite que os usuários,


portadores de feridas agudas ou crônicas, sejam acompanhados por profis-
sionais capacitados desde sua admissão pelo Serviço de Atenção Domiciliar
(SAD), abreviando com isso a permanência prolongada em instituições hospi-
talares e oferecendo, consequentemente, menor exposição a infecções, maior
grau de conforto e autonomia aos usuários.

Neste sentido, é fundamental que as equipes de Atenção Primária à Saúde, a


Estratégia Saúde da Família e as equipes de Atenção Domiciliar sejam capazes
de estabelecer vínculos solidários com os usuários e suas famílias/cuidadores,
acolhendo suas necessidades, oferecendo suporte técnico, além de promover
o cuidado, instituir a terapêutica e acompanhar sua evolução.

Com efeito, a produção do cuidado no domicílio exige dos profissionais não


apenas competência, domínio e precisão técnicas, mas o desenvolvimento de
um perfil diferenciado de atuação, direcionado à horizontalidade das relações
e das ações, em que o respeito, a valorização e a integração entre o saber po-
pular e conhecimento técnico-científico sejam objetivos a serem alcançados.

Esta unidade tem como foco principal o tratamento de feridas e a orientação


para o uso adequado das diferentes coberturas existentes atualmente. No en-
tanto, tal abordagem, apesar do seu caráter técnico, é entendida aqui como

Unidade 6

184
um potente instrumento de produção social de saúde, uma vez que considera
o usuário com a sua singularidade e o seu contexto familiar, social e cultural.
Busca-se com isso compreender as necessidades dos usuários, na perspecti-
va da integralidade da atenção, da humanização da saúde e da corresponsabi-
lização do cuidado.

Multimídia

Para conhecer mais sobre procedimentos técnicos em


feridas e curativos, assista ao vídeo disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=UVCQyz93Ihk>.

6.2 Avaliação de feridas

A determinação do tipo de ferida é de fundamental importância para a tomada


de decisão do profissional de saúde. Considerando as características da lesão
apresentada pelo usuário, procedimentos terapêuticos poderão ser instituídos,
variando desde a indicação de algum tipo de cobertura ou, até mesmo, de uma
combinação.

Neste momento, temos como objetivo compreender os diferentes tipos de feri-


das e avaliá-las a partir de suas características: localização, tipo de drenagem,
natureza do agente vulnerante, extensão, grau de contaminação e profundidade.

Tratamento de feridas e curativos

185
Tipos Tratamento
de ferida de feridas

6.2.1 Tipos de feridas

O quadro a seguir traz a classificação de feridas de acordo com a natureza do


agente vulnerante, a profundidade, o grau de contaminação e sua complexidade:

NATUREZA

Incisas

Produzidas por agentes cortantes, afiados, provocando um tipo de ferida


linear, com bordas regulares e pouco traumatizadas. Exemplo: ferida
cirúrgica.

Contusas

Produzidas por objetos rombudos, capazes de romper a integridade


da pele, provocando feridas irregulares, retraídas e com bordas muito
traumatizadas. Exemplo: lacerações simples a complexas (com
sangramento, contaminação e perda de substância).

Unidade 6

186
Perfurantes

Provocadas por objetos finos e pontiagudos, capazes de perfurar a


pele e tecidos subjacentes, produzindo lesão cutânea puntiforme ou
linear, de bordas regulares ou não. A profundidade atingida não pode ser
estabelecida à simples inspeção.

Transfixantes

Variedade de ferida perfurante ou penetrante, provocada por objeto


capaz de penetrar e atravessar os tecidos de determinado órgão em toda
a sua espessura.

PROFUNDIDADE

Superficiais

Atingem a pele, o tecido celular subcutâneo, as aponeuroses e os


músculos, sem lesar estruturas profundas ou nobres, como nervos,
tendões, vasos de maior calibre, vísceras e ossos.

Exemplo: escoriações (atingem somente a pele e são produzidas pelo


atrito com uma superfície áspera ou pontiaguda).

Profundas

São aquelas que atingem estruturas profundas, às vezes de importância


vital. Exemplo: feridas provocadas por acidentes de trânsito.

Tratamento de feridas e curativos

187
CONTAMINAÇÃO

Limpas

A contaminação bacteriana ocorre em grau mínimo. As defesas do


organismo são normalmente efetivas quando o número de bactérias não
excede 103 por cm3 ou 105 por grama de tecido.

Para ser classificada como limpa, a ferida deve ser rigorosamente


examinada, atentando-se para suas características, tempo de evolução,
localização e natureza do agente vulnerante que a provocou. Exemplo:
pequenos cortes com facas ou outros instrumentos limpos, que podem
ocasionar esse tipo de ferida.Limpas

A contaminação bacteriana ocorre em grau mínimo. As defesas do


organismo são normalmente efetivas quando o número de bactérias não
excede 103 por cm3 ou 105 por grama de tecido.

Para ser classificada como limpa, a ferida deve ser rigorosamente


examinada, atentando-se para suas características, tempo de evolução,
localização e natureza do agente vulnerante que a provocou. Exemplo:
pequenos cortes com facas ou outros instrumentos limpos, que podem
ocasionar esse tipo de ferida.

Sujas ou poluídas

São aquelas muito contaminadas, com grande possibilidade de se


infectarem. Muitas vezes a contaminação é evidente ou de fácil dedução.
Exemplo: a maioria das feridas produzidas por acidentes de trabalho e de
trânsito.

Unidade 6

188
Infectadas

São aquelas em que houve a proliferação de microrganismos, que levam


a um processo infeccioso, de início localizado, mas que podem, sob
determinadas condições, estender-se aos tecidos vizinhos, formar novos
focos a distância ou generalizar-se por todo o organismo. As feridas
infectadas devem conter bactérias em concentrações que variam de 107
a 109 por cm³.

COMPLEXIDADE

Simples

São pequenos ferimentos nos quais não ocorre perda de tecidos nem
contaminação grosseira. Exemplo: a maioria das feridas produzidas por
acidentes domésticos.

Complexas

São graves, irregulares, nas quais geralmente ocorre perda de


substância. Não raro, albergam em seu interior corpos estranhos.
Exemplos: esmagamento, queimadura, avulsão, dissecção e
deslocamento de tecidos.

Tipos de ferida de acordo com a natureza, a profundidade, o grau de contaminação e


a complexidade.
Fonte: Adaptado de BRASIL, 2011.

Tratamento de feridas e curativos

189
Você acompanhou a classificação de feridas de acordo com a  natureza  do
agente vulnerante, a profundidade, o grau de contaminação e sua complexida-
de. Agora, confira alguns exemplos de ferida.
• Ferida incisa

Fonte: CIÊNCIAS CRIMINAIS, 2011.

• Ferida contusa

Fonte: SLIDESHARE, 2009.


• Ferida perfurante

Fonte: SLIDESHARE, 2009.

Unidade 6

190
• Ferida transfixante

Fonte: VIEIRA, 2013.

• Ferida superficial

Fonte: WIKIPÉDIA, 2012.

• Ferida profunda

Fonte: NINA, V.J.S et al, 2008.

Tratamento de feridas e curativos

191
• Feridas limpas

Fonte: GALVÃO, MF. IML-DF, 2012.

• Feridas sujas

Fonte: CLUBE DO MONTANHISMO DE BRAGA, 2013.

• Ferida contaminada

Fonte: SLIDESHARE, 2009.

Unidade 6

192
• Ferida simples

Fonte: CLUBE DO MONTANHISMO DE BRAGA, 2013.

• Ferida complexa

Fonte: FIGUEIREDO, J. C. A. et al, 2011.

Link

Feridas provocadas por queimaduras têm especificidades que merecem


uma discussão à parte. Leia a Cartilha para o tratamento de emergência
das queimaduras: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Especializada. Brasília: Editora do Ministério
da Saúde, 2012. 20p.: il. - (Sério F. Comunicação e Educação em Saúde).
Conteúdo disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
cartilha_tratamento_emergencia_queimaduras.pdf>

Tratamento de feridas e curativos

193
A determinação do tipo de ferida é de fundamental importância para a tomada
de decisão do profissional de saúde. Considerando as características da lesão
apresentada pelo usuário, procedimentos terapêuticos poderão ser instituídos,
variando desde a indicação isolada de algum tipo de cobertura ou, até mesmo,
de uma combinação.

Entretanto, a classificação do tipo de ferida em questão deve ser realizada con-


siderando o contexto familiar e o modo de vida do usuário com a lesão. Neste
sentido, vale ressaltar que a avaliação e o exame físico são indispensáveis em
todos os encontros entre o usuário e a equipe de Atenção Domiciliar. Tais pro-
cedimentos fazem parte do tratamento das lesões, mesmo que o usuário já
venha sendo acompanhado pela equipe de saúde.

Resgatar os dados coletados na avaliação inicial e realizar um novo exame


físico a cada encontro se faz importante, uma vez que o tratamento de lesões
depende das condições de saúde dos usuários, ou seja, da alimentação, da
hidratação, do sono, do repouso, das condições de moradia, da higiene e con-
forto, bem como da troca dos curativos. Assim, mesmo que o foco do atendi-
mento seja o acompanhamento e a evolução da lesão, é indispensável atentar
às alterações no padrão de saúde que porventura possam ter ocorrido desde o
último encontro com a equipe.

Faz parte ainda do tratamento de feridas a identificação no domicílio


dos potenciais de cuidado de que a família/cuidador e a residência dis-
põem. Observar na residência os aspectos que contribuem ou prejudi-
cam para a evolução favorável da lesão e orientar o usuário e sua famí-
lia acerca desses fatores são tarefas da equipe de Atenção Domiciliar.

Unidade 6

194
Acompanhe a seguir algumas questões importantes a serem observadas no
ambiente ou questionadas ao usuário ou ao seu cuidador.
• Observar ou questionar acerca da incidência de luz solar no domicílio e
orientar que o usuário com a lesão se exponha à luz natural em horários
adequados.
• Observar temperatura, grau de umidade, ventilação e demais condições
insalubres no ambiente em que o usuário com a lesão permanece a
maior parte do tempo, além de orientar sobre a necessidade de mantê-
-lo em condições agradáveis e seguras.
• Observar a presença de animais domésticos e insetos no ambiente do-
miciliar e orientar acerca dos cuidados de higiene necessários ao trata-
mento das feridas.
• Perguntar sobre a disponibilidade de água tratada no domicílio e instruir
acerca das formas domésticas de tratamento da água.
• Investigar acerca das condições disponíveis para higiene e conforto do
usuário com a lesão.
• Investigar os eventos que antecederam e se seguiram ao aparecimento
da lesão.
• Conhecer a história pregressa de enfermidades ou traumas prévios.
• Questionar sobre a presença de alergias em geral.
• Conhecer os medicamentos utilizados pelo usuário.
• Questionar sobre a utilização de drogas, álcool e tabaco.

6.3 Tratamento de feridas tumorais e úlceras por pressão

As orientações de tratamento desse tipo de ferida não diferem daquelas pre-


conizadas para outros tipos de lesões. No entanto, algumas particularidades
devem ser avaliadas com critério, priorizando as ações no atendimento e evi-
tando a futilidade terapêutica.

Tratamento de feridas e curativos

195
A adoção de tais procedimentos objetiva a qualificação da atenção à saúde por
meio da sistematização da prática dos profissionais na realização dos cuida-
dos e prevenção de feridas tumorais e úlceras por pressão em pacientes com
doença oncológica avançada (BRASIL, 2009).

Link

Para saber mais sobre o tratamento e controle de feridas tumorais e úlce-


ras por pressão no câncer avançado, acesse BRASIL. Ministério da Saú-
de. INCA. Feridas tumorais. Rio de Janeiro. 2009, disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Feridas_Tumorais.pdf>.

6.3.1 Curativos (terapia tópica)

O mercado disponibiliza atualmente uma gama de curativos industrializados


indicados para os mais diversos tipos de feridas. No entanto, é fundamental ter
em mente que o processo de resolução de uma ferida depende não apenas da
cobertura utilizada, mas de um arranjo de fatores que, somados, contribuem
para uma recuperação favorável. Os elementos implicados no manejo da feri-
da incluem o acesso a alimentação equilibrada, hidratação, sono e repouso,
tratamento adequado de doenças ou condições clínicas desfavoráveis, possi-
bilidade de exposição mínima a situações geradoras de estresse, afastamento
do trabalho sem prejuízo da renda (caso seja necessário), além de estrutura
familiar com apoio de cuidadores e estabelecimento de vínculos solidários com
equipe de saúde, suporte técnico adequado, entre outros.

Todos esses elementos influenciam, direta ou indiretamente, no processo de


cicatrização de uma ferida. Isto quer dizer que as condições desfavoráveis
devem ser discutidas com o sujeito e sua família com o intuito de minimizar

Unidade 6

196
efeitos deletérios ao tratamento da ferida. A equipe deve estar preparada, por
exemplo, para abordar e orientar os usuários trabalhadores que necessitam de
repouso domiciliar acerca do afastamento do trabalho, licença saúde ou sobre
a existência de benefícios sociais disponíveis para a situação em questão.

As feridas devem ser avaliadas de acordo com suas características (nature-


za do ferimento, profundidade, grau de contaminação e complexidade) e a
quantidade de secreção produzida. A cobertura será indicada considerando
os aspectos descritos e a capacidade de absorção do exsudato produzido pela
ferida pelo curativo escolhido.

Além disso, é fundamental que o profissional de saúde esteja ciente da evolu-


ção esperada para cada tipo de cobertura, como o aspecto da secreção resul-
tante dos curativos úmidos, que deve ser devidamente reconhecido e informa-
do ao usuário e aos seus familiares/cuidadores.

O acompanhamento e a reavaliação da lesão e da cobertura indicada devem


ser realizados por profissionais de saúde capacitados. Talvez seja necessário
substituir a cobertura inicialmente utilizada ao longo do tratamento, pois, à me-
dida que o processo cicatricial evolui, certos curativos podem deixar de ser a
melhor indicação.

Outro ponto a ser considerado é a avaliação da necessidade de desbridamento


cirúrgico complementar ao químico (induzido por curativos especiais ou me-
dicamentos de uso tópico) em feridas com extensas e profundas placas necró-
ticas. Neste caso, o profissional de enfermagem solicitará avaliação médica e
fará os devidos encaminhamentos.

Tratamento de feridas e curativos

197
Desbridamento ou debridamento é o ato de remover da ferida o tecido
desvitalizado e (ou) material estranho ao organismo. O desbridamento
é essencial para o tratamento de feridas, pois, para que exista repa-
ração tecidual, o tecido necrótico deverá ser removido previamente
(COREN-SP, 2009).

A seleção ou indicação do produto a ser utilizado para o tratamento da lesão


depende não apenas de uma avaliação adequada, mas do conhecimento amplo
acerca de cada produto e (ou) cobertura. Segundo Dealey (2008) e Honorio
Gelbcke (2013), o curativo ideal é aquele:

capaz de manter a umidade adequada no leito da ferida;

capaz de proteger a ferida das agressões do meio exterior,


oferecendo inclusive proteção contra microrganismos;

capaz de remover o excesso de exsudação e componentes


tóxicos, prevenindo a maceração;

capaz de permitir trocas gasosas;

capaz de manter a temperatura adequada e constante no leito


da ferida;

de fácil remoção, sem provocar danos ao leito da ferida;

que não deixa resíduos sobre o leito da ferida após a sua


remoção;

que proporciona conforto ao usuário e se adapta ao ferimento


em relação a tamanho e forma.

Unidade 6

198
Os produtos disponíveis no mercado podem ser classificados de acordo com
suas indicações, contraindicações, vantagens e limitações, mecanismo de
ação, conforme está descrito a seguir (UGGERI et al, 2010).
• Epitelizantes: aceleram o processo de cicatrização.
• Absorventes: absorvem o exsudato da lesão.
• Desbridantes: auxiliam na degradação de tecidos desvitalizados.
• Antibióticos: agem inibindo o crescimento bacteriano no leito da ferida.
• Antissépticos: reduzem a flora bacteriana presente em tecidos vivos
durante a antissepsia.
• Protetores: conferem proteção física à ferida.

Vale ressaltar que, apesar da apresentação farmacológica das diferen-


tes substâncias disponíveis para o tratamento de feridas (gel, óleos,
pomadas, entre outros), todas são denominadas coberturas, e denomi-
nadas primárias, quando entram em contato direto com a pele íntegra
ou com o leito da ferida; e secundárias quando são utilizadas para reco-
brir a cobertura primária (UGGERI et al, 2010).

Algumas coberturas necessitam curativos secundários, como as bandagens,


que deverão ser dispostas de modo a não trazer desconforto ao usuário, ou
seja, sem comprimir em demasia o local, nem tampouco ficar frouxas demais.
No caso dos membros, o enfaixamento deve ser iniciado da região distal para
a proximal.

Link

Para conhecer indicações, mecanismo de ação, contraindicação e modo


de usar de cada tipo de cobertura, acesse: <https://unasus-cp.moodle.
ufsc.br/mod/resource/view.php?id=4178>.

Tratamento de feridas e curativos

199
6.4 Cuidados domiciliares no tratamento de feridas

A realização de curativos no ambiente domiciliar implica não apenas a execu-


ção da técnica, mas exige técnica adequada para cada tipo de cobertura, bem
como a observação dos cuidados listados a seguir.
• Explicar previamente ao usuário as etapas do procedimento a ser rea-
lizado.
• Perguntar ao usuário se ele deseja a presença de familiares durante a
execução do procedimento. Na impossibilidade de realizar o procedi-
mento na ausência de familiares, orientar o usuário acerca da importân-
cia da participação do familiar no cuidado a ser realizado.

Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

• Estimular a participação de familiares e do cuidador na execução do


procedimento, sempre que possível.
• Chamar o usuário pelo nome.
• Convidar o responsável pela execução do curativo no domicílio para
participar do procedimento, caso o usuário assim deseje.

Unidade 6

200
Fonte: Ministério da Saúde.

• Convidar, sempre que possível, o agente de saúde que realiza as visitas


regulares à família, fortalecendo o vínculo entre a equipe e o usuário.
• Manter o ambiente limpo e espaço para dispor o material.
• Realizar a avaliação e o exame físico, destacando os fatores que inter-
ferem no processo de cicatrização, como a alimentação, a hidratação,
o sono e o repouso, o uso de medicamentos, a exposição ao estresse, a
doenças prévias e a alergia a medicamentos.
• Orientar sobre a importância do cuidado integral no processo de cica-
trização da ferida.
• Não permitir a entrada de animais domésticos durante a execução do
procedimento.

Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

Tratamento de feridas e curativos

201
• Avaliar a necessidade de analgesia antes da execução do procedimento e
estar atento à necessidade de o medicamento analgésico estar prescrito.

Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

• Lavar as mãos antes e após a execução do procedimento.


• Utilizar álcool gel antes e após a execução do procedimento.

Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

• Observar a limpeza do local que será utilizado como bancada de tra-


balho.
• Dispor o material na bancada de trabalho, observando a técnica assép-
tica.
• Utilizar instrumental adequado ao procedimento.

Unidade 6

202
Fonte: Banco de imagem Shutterstock.

• Avaliar o leito da ferida e indicar a cobertura apropriada ao tipo de lesão.


• Desprezar os resíduos em recipiente próprio para descarte do material
contaminado produzido.
• Orientar usuário e família/cuidador sobre a periodicidade de retorno da
equipe para a realização do procedimento e explicar como proceder até
o retorno da equipe.
• Realizar os registros necessários no prontuário.

6.5 Bandagens

A técnica de aplicação de bandagens consiste no enfaixamento de uma região


corporal, de modo confortável, com faixas elásticas de tecido, gaze ou crepom,
com a finalidade de (DEALEY, 2008):
• fixar curativos primários;
• exercer pressão sobre uma parte do corpo;
• imobilizar uma região específica do corpo para restringir a movimen-
tação;
• apoiar uma área do corpo (tipoia);
• promover a proteção de feridas e manter a estética do curativo;

Tratamento de feridas e curativos

203
• possibilitar maior mobilidade (nutrição da cartilagem, evitar atrofia
muscular, trabalho linfático e venoso);
• promover a reabsorção de hematomas e edemas e melhorar a proprio-
cepção no caso do uso de bandagens no ombro.

Para a aplicação de bandagens, é necessário (DEALEY, 2008):


• observar o posicionamento do segmento corporal a ser enfaixado, pro-
curando mantê-lo na posição anatômica habitual. A imobilização na po-
sição adequada diminui o risco de deformações ou lesões;
• proteger a pele com gaze ou algodão laminado, a fim de evitar o atrito e,
consequentemente, ruptura na pele, quando indicado;
• aplicar as faixas de modo firme, para evitar que se movam durante a
deambulação;
• aplicar uma pressão adequada durante o enfaixamento, de modo que a
faixa se mantenha firme, com tensão equivalente em cada volta;
• evitar o excesso de superposição de camadas de faixas, a fim de man-
ter uma distribuição uniforme de pressão sobre o seguimento corporal
enfaixado e evitar o comprometimento circulatório;
• fixar com fitas adesivas do tipo crepe ou esparadrapo.

6.5.1 Tipos de voltas e figuras geométricas correspondentes

• Espiral: cilindro.
• Espiral reversa: cone.
• Figura em oito: ângulo.
• Recorrente: ovoide.
• Volta circular: fixação inicial e terminal da atadura.

Unidade 6

204
Fonte: PROJETO MULHER, 2013.

Link

Para visualizar os tipos de bandagens e as técnicas de aplicação, consul-


te: SIATE/CBPR. MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO COR-
PO DE BOMBEIROS DO PARANÁ. Curitiba, 2006. Disponível em: <http://
www.bombeiros.pr.gov.br/arquivos/File/1gb/socorros/FerimentosCura-
tivoseBandagens.pdf>.

6.5.2 Técnica de aplicação de ataduras

Siga os procedimentos indicados a seguir.


1. Examinar o locar a ser enfaixado e escolher o tipo de atadura e as di-
mensões.
2. Colocar o usuário em posição favorável ao procedimento, de modo que
a região corporal a ser enfaixada permaneça em posição anatômica.
3. Fixar a extremidade inicial da atadura correndo o rolo da esquerda para
a direita.
4. Aplicar voltas com a atadura de modo que cubra toda a superfície cor-
respondente à região lesada.
5. Fixar a ponta terminal da atadura com fita crepe ou esparadrapo.

Tratamento de feridas e curativos

205
6.5.3 O que não utilizar

Ter conhecimento acerca dos produtos contraindicados para o tratamento de


feridas ou aqueles considerados iatrogênicos pode ser, em alguma medida,
mais importante que saber indicar a cobertura adequada. Neste sentido, são
apontadas adiante as substâncias que devem ser evitadas e os motivos que as
contraindicam para a terapêutica de feridas.

SUBSTÂNCIAS A SEREM EVITADAS

Substância Motivo

Antibiótico tópico Capaz de promover seleção de flora


bacteriana no local da lesão, prejudicando a
cicatrização. Predispõe também a reações de
hipersensibilidade ao antibiótico e dermatites.
Exemplos: neomicina e bacitracina.

Corticoide Desfavorece o processo inflamatório por ação


anti-inflamatória, retardando o crescimento
tecidual e, consequentemente, o processo de
cicatrização.

Éter/benzina Promove ação irritante, resfria e desidrata o leito


da ferida. Retarda o processo de cicatrização e
promove ressecamento do tecido perilesão.

Violeta genciana É citotóxica para os fibroblastos e dificulta a


granulação normal. Promove ressecamento da
lesão e pode provocar manchas na pele.

Unidade 6

206
Lidocaína gel Não promove efeito anestésico comprovado.
Inibe a ação das demais coberturas indicadas no
tratamento das feridas, como pomada desbridante.

Vaselina Causa impermeabilização da pele, dificultando


a ação de outros produtos. A qualidade de
esterilização não é garantida, favorecendo a
colonização da lesão por microrganismos.

Povidine (PVPI) Citotóxico para feridas, destrói os fibroblastos.


Pode causar dermatites. Existem relatos de
absorção pela mucosa e lesões, podendo levar
tardiamente a uma tireoidite a até mesmo a
uma insuficiência renal se for usado por tempo
prolongado.

Açúcar É um esfoliante capaz de lesionar o produto de


granulação. É considerada fonte de infecção,
atrai pragas (formigas e insetos) e exige múltiplas
trocas diárias.

Permanganato de Resseca os tecidos e impossibilita a umidificação


potássio (KMnO4) do leito da ferida.
Fonte: GOMES et al., 2005.

6.5.4 Prevenção de feridas

Embora o tratamento de feridas seja uma etapa importante da assistência de


enfermagem, o foco prioritário do cuidado deve recair sobre a prevenção das
feridas. Neste sentido, a Atenção Domiciliar exerce um papel fundamental, quer
seja na realização de procedimentos, quer seja na orientação sistemática por

Tratamento de feridas e curativos

207
profissionais de saúde aos familiares e (ou) cuidadores, que desempenham
essa tarefa no ambiente domiciliar.

As principais orientações para a manutenção da integridade cutânea são apre-


sentadas nos itens adiante, conforme o Protocolo para Tratamento de Feridas
Agudas e Crônicas de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 2011).
• Identificar os usuários com risco para úlcera de pressão e orientar os
familiares e (ou) cuidadores sobre os cuidados de enfermagem (frequên-
cia da mudança de decúbito, higiene perineal, uso de colchão piramidal).
• Implementar escala para mudança de decúbito (BRADEN) e reposicio-
namento do paciente.
• Identificar usuários portadores de incontinência urinária e (ou) fecal,
orientando acerca da troca de fraldas e do uso de dispositivos para in-
continência urinária.
• Orientar sobre a utilização de sabonete com pH neutro para realizar a
limpeza da região genital (sabão comum – remove os lipídeos e o man-
to hidrolipídico da pele).
• Estar atento ao aparecimento de candidíase e outras infecções por fun-
gos e orientar o tratamento medicamentoso e os cuidados necessários
ao tratamento das lesões.
• Estabelecer rotina de verificação e possível troca de fraldas a cada 3
horas, no máximo.
• Em casos de usuários com úlceras de pressão estágio III e IV, discutir
a possibilidade de cateterismo intermitente para o sexo feminino e (ou)
sondagem vesical de demora se houver respaldo da CCIH e equipe de
Atenção Domiciliar, até a melhora parcial da lesão.
• Utilizar colchão piramidal com densidade de 28, 29 a 30 em usuários
acamados com diminuição da mobilidade, da unidade e da percepção
sensorial.

Unidade 6

208
• Utilizar aliviadores de pressão – coxim, travesseiro, “rolinho” para as
mãos, entre outros.
• Aplicar filmes transparentes e (ou) cremes ou loções – por exemplo,
à base de ácido graxo essencial (AGE) nas áreas de risco aumentado
para lesões.
• Dar atenção especial a usuários com doenças neurodegenerativas, com
diabetes mellitus, desnutridos, idosos, com diminuição da pressão arte-
riolar, com estresse emocional, fumantes e hipodérmicos.
• Observar usuários com aparelhos gessados em relação a: ponto de
apoio do membro, pontos de pressão do aparelho gessado sobre a pele,
perfusão do referido membro, integridade da pele que se mantém como
apoio para o aparelho gessado.
• Realizar massagem suave na pele sadia, em áreas potenciais de pres-
são, com loção umectante e suave, como o AGE.
• Parecer da nutrição: avaliação e diagnóstico nutricional, definição da
terapia nutricional (necessidades dietéticas, vias de acesso e uso de
nutrientes específicos ao tratamento de feridas), acompanhamento e
monitorização do estado nutricional e da terapia instituída.
• Manter a limpeza das roupas de cama, bem como mantê-las secas e
bem esticadas.
• Não utilizar lâmpadas de calor sobre a pele, pois estimulam o seu res-
secamento.
• Áreas hiperemiadas não devem ser massageadas, pois correm o risco
de provocar solução de continuidade.
• A prescrição do curativo será realizada pelo enfermeiro, obedecendo ao
protocolo da instituição.
• Reduzir a manipulação de feridas limpas.
• Evitar a utilização de colchão-d’água, principalmente em usuários com
pouca ou nenhuma mobilidade. Caso seja utilizado, existe a necessida-

Tratamento de feridas e curativos

209
de de colocar um cobertor sobre o colchão, pois a água esfria e causa
desconforto ao usuário.
• Avaliar a ferida a fim de certificar-se da eficácia do produto – deverá ser
feita pelos enfermeiros da comissão, e no mínimo a cada 15 dias.
• O estado geral do usuário, a observação constante da ferida e a utiliza-
ção correta do produto são essenciais para o sucesso na cicatrização.

Link

Para saber mais sobre a prevenção e o tratamento de feridas, acesse o


material: SÃO PAULO. Prefeitura Municipal de São Paulo. Secretaria Mu-
nicipal de Saúde. Atenção à Saúde. Protocolo de Prevenção e tratamento
de feridas. Comissão de prevenção e tratamento de feridas: São Paulo,
2009. Disponível em: <http://www.ee.usp.br/departamento/ens/sel/pro-
tocol_feridas.pdf>.

Confira também o Protocolo de Assistência aos Portadores de Feridas,


indicado a seguir: BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Políticas
Sociais. Secretaria Municipal de Saúde. Gerência de Assistência – Coor-
denação de Atenção à Saúde do Adulto e do Idoso. PROTOCOLO DE AS-
SISTÊNCIA AOS PORTADORES DE FERIDAS. Revisão: Belo Horizonte,
2006. Disponível em: <http://www.pbh.gov.br/smsa/biblioteca/protoco-
los/curativos.pdf>.

Unidade 6

210
Encerramento da unidade

Ao concluir a unidade sobre tratamento de feridas e curativos você ad-


quiriu conhecimento sobre os tipos de feridas existentes e o conjunto
de coberturas indicadas a partir da avaliação de cada lesão, visando à
aplicação prática no processo de cuidado domiciliar.

Tratamento de feridas e curativos

211
Referências

Referências

Unidade 1

BARROS, Débora Gomes; CHIESA, Anna Maria. Autonomia e necessidades de


saúde na sistematização da assistência de enfermagem no olhar da saúde
coletiva. Rev Esc Enferm USP, v. 41, n. esp., p. 793-798, 2007.

BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis,


Rio de Janeiro: Vozes, 1999. 199p.

BRASIL. Ministério da Saúde. ANVISA. Manual Segurança do Paciente


- Higienização das Mãos. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/
servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf>. Acesso em 23 de julho de 2013.

______. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização:


a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas
as instâncias do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004a. 20p.
______. ANVISA. Resolução RDC n.º 306, de 07 de dezembro de 2004.
Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 dez. 2004b.

______. Ministério da Saúde. Portaria N.º 2.527 de 27 de outubro de 2011 -


Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 out. 2011.

______. Portal da Saúde (SUS). Biossegurança. Disponível em: <http:// portal.


saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=32794>Acesso
em: 18 abr. 2013.

______. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica, 2012.


Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_melhor_em_casa.php>

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Caderno de


Atenção Domiciliar. Brasília, DF, 2012. (Melhor em Casa: a segurança do
hospital no conforto do seu lar, v. 1).

CECÍLIO, Luiz Carlos de Oliveira. A morte de Ivan Ilitch, de Leon Tolstói.


Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 13, n. 1, p. 545-555, 2009.

COLLIÈRE MF. Promover a vida: da prática da mulher de virtude aos cuidados


de enfermagem. 4.ª ed. Coimbra: Ledil; 1999.

COREN-RJ. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução N.º 358, de 15


de outubro de 2009: dispõe sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambientes,
públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem, e

214
dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Rio de
Janeiro: Conselho Federal de Enfermagem, 2009.

CRAVEN, Ruth F.; HIRNLE, Constance J. Fundamentos de enfermagem: saúde


e função humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

CUBAS, Marcia Regina; DA SILVA, Sandra Honorato; ROSSO, Mariângela.


Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®): uma
revisão de literatura. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 12, n. 1, p. 186-
194, 2010. Disponível em: <http://www.fen.ufg.br/revista/v12/n1/v12n1a23.
htm>. Acesso em 12 jun. 2015.

CUSSIOL, N. A. M. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de


saúde. Belo Horizonte: Feam, 2008. 88p.

DOCHTERMAN, Joanne M.; BULECHEK, Gloria M. Classificação das


intervenções de enfermagem (NIC). 4.ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

FEUERWERKER, L. C. M.; MERHY, E. E. Como temos armado e efetivado


nossos estudos, que fundamentalmente investigam políticas e práticas sociais
de gestão e de saúde? In: MATTOS, R. A.; BAPTISTA, T. W. F. Caminhos para
análise das políticas de saúde. Rio de Janeiro, 2011. p. 290- 305. Disponível
em: <http://www.ims.uerj.br/ccaps/?p=578> Acesso em: 10 abr. 2013.

FRANCO, T. B.; MERHY, E. E. Atenção Domiciliar na saúde suplementar:


dispositivo da reestruturação produtiva. Ciênc. saúde coletiva, Rio de
Janeiro, v. 13, n. 5, Out. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232008000500016&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 13 abr. 2013.

215
GREEN AND SAFE IDEAS @ ATTITUDES IN HEALTH. NR 32 - Norma regu-
lamentadora de segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de
assistência à saúde, 2010. Disponível em: <http://greenandsafeideasattitude-
sinhealth.blogspot.com.br/2010/12/nr-32-norma-regulamentadora-de.html>

INFORME IOC. Ciência para a Saúde da População Brasileira. Como descartar


material perfurocortante? São Paulo: Fiocruz, 2007. Disponível em: <http://
www.ioc.fiocruz.br/pages/informerede/corpo/informeemail/2007/2308/
mat_04_23_08.html>

LIMPEBRAS E DESCARTADOS. Blog do tema Limpebrás e o tratamento dos


descartados do Projeto Viver de Uberlância da Escola da Criança - Espaço de
Adolescer. Coleta e transporte dos resíduos da área de saúde – Limpebrás,
2008. Disponível em: <http://limpebrasedescartados.blogspot.com.
br/2008/06/coleta-e-transporte-dos-resduos-da-rea.html>

NANDA. North American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de


Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009/2011/NANDA
Internacional. Tradução Regina Machado Garcez. Porto Alegre: Artmed, 2010.

NICHIATA, Lúcia Yasuko Izumi et al. Classificação Internacional das Práticas


de Enfermagem em Saúde Coletiva - CIPESC®: instrumento pedagógico de
investigação epidemiológica. Rev. esc. enferm. USP,  São Paulo,  v. 46, n. 3, p.
766-771, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0080-62342012000300032&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 12
jun. 2015>.

216
PORTAL BRASIL, 2011. Benefício ao Idoso e à pessoa com deficiência.
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2011/10/
beneficio-ao-idoso-e-a-pessoa-com-deficiencia>.

SÃO PAULO (Cidade). Secretaria da Saúde. Manual técnico: normatização das


rotinas e procedimentos de enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde. São
Paulo: SMS, 2006.

SIQUEIRA, A.; CONSONI, A. Resíduos sólidos de serviço de saúde - RSSS na


assistência domiciliar (homecare): considerações para um manejo seguro.
Rev. Bras. Cienc. Ambient. Campinas, n. 9, p. 9-14, abr. 2008.

VARELA, G.C. et al. Sistematização da assistência de enfermagem na


estratégia saúde da família: limites e possibilidades. Revista da Rede de
Enfermagem do Nordeste - Rev Rene, v. 13, n. 4, p. 816-824, 2012.

Unidade 2

ALBERGARIA, V. F.; LORENTZ, M. N.; LIMA, F. A. S. Tremores intra e pós-


operatório: prevenção e tratamento farmacológico. Rev. Bras. Anestesiol.,
Campinas, v. 57, n. 4, ago., 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942007000400012&lng=en&nrm=iso>.
Acesso: 28 Abr. 2013.

ATTACHÉE DE PRESSE. Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED)


lança Campanha Nacional de Combate a Dor, 2013. Disponível em: <http://
www.attachee.com.br/index.php/imprensa/sociedade-brasileira-para-o-
estudo-da-dor-sbed-lana-campanha-nacional-de-combate-a-dor>. Acesso em:
30 mar. 2013.

217
BARROS, E. et al. Exame clínico: consulta rápida. 2. ed. Artmed: Porto Alegre,
2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Cuidados


paliativos oncológicos: controle da dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001. 124p.

______. Ministério da Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem:


cadernos do aluno. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2003. 128 p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde).

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Hipertensão


arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Cadernos de Atenção
Básica 15. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2006. 58 p.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação


na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área 61 de
Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos
do aluno: fundamentos de enfermagem. 2. ed. rev., 1.ª reimpr. - Série F.
Comunicação e Educação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, Rio de
Janeiro: Fiocruz, 2003, 128p.

CARVALHO, M.M.M.J. (Org.) Dor: um estudo multidisciplinar. São Paulo:


Summus, 1999.

DINARELLO, C.A., CANNON, J.G., WOLFF, S.M. New concepts on the


pathogenesis of fever. Rev Infect Dis, v. 10, n. 1, p. 168-89, 1998.

FREITAS, F. et al. Rotinas em Ginecologia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

218
GELBCKE, F. L.; PRADO, M.L. (Org.) Fundamentos para o cuidado de
enfermagem. 3. ed. revisada e ampliada. Florianópolis: Progressiva, 2013.

IASP (International Association for the Study of Pain). Classification of


Chronic Pain. Descriptions of Chronic Pain Syndromes and Definitions
of Pain Terms, 2013. Disponível em: <http://www.iasp-pain.org/Content/
NavigationMenu/Publications/FreeBooks/Classification_of_Chronic_Pain/
default.htm>. Acesso em: 30 Mar. 2013.

MALAGUTTI, W; AMARAL, J. B.; SILVA, R. S. (Org.) Enfermagem em Cuidados


Paliativos - Cuidando para uma boa morte. São Paulo: Martinari, 2013.

MOZACHI, N.; SOUZA, V.H.S. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 3. ed.


Curitiba: 2009.

MYHEALTHALBERTA. CA. Taking a Pulse (Heart Rate), 2012. Disponível


em: <https://myhealth.alberta.ca/HEALTH/Pages/conditions.
aspx?hwid=hw201445>

RODRIGUES, P.P.B; RODRIGUES, I.T. Semiologia Pediátrica. 3. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

ROLFING INTEGRAZIONE STRUTTURALE. Respirazione. Boulder CO, USA,


2012. Disponível em: <http://www.rolfingfede.it/respirazione.html>

219
SALLES, M. J. C. et al. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica/sepse
3/4 revisão e estudo da terminologia e fisiopatologia. Rev. Assoc. Med. Bras.
São Paulo, v. 45, n. 1, Mar, 199. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-42301999000100015&lng=en=nrm=iso>.
Acesso em 22 jun. 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). Sociedade Brasileira de


Hipertensão/Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão. Arq. Bras. Cardiol. São Paulo, v. 95, n. 1, supl. 1, p. 1-51, 2010.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Diretrizes


brasileiras em pneumonia adquirida na comunidade em pediatria. J. Bras.
Pneumol. Brasília, v. 33, 2007, p. 31-60. Suplemento 1. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf>

SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR (SBED). Hospital sem dor


diretrizes para implantação da dor como 5.º sinal vital, 2013. Disponível em:
<http://www.dor.org.br/profissionais/5_sinal_vital.asp>. Acesso em: 24 mar.
2013.

SOUZA, F.A.E.F. Dor: o quinto sinal vital. Rev. Latino-Am. Enfermagem.


Ribeirão Preto, v. 10, n. 3, p. 446-447, 2002.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Faculdade de Medicina. Febre. Ceará,


2013. Disponível em: <http://www.fisfar.ufc.br/petmedicina/images/stories/
febre.pdf>. Acesso: 23 Mar. 2013.

220
VOLTA REDONDA. Linhas de Cuidado Integral da Saúde da Criança:
Semiologia Pediátrica. Secretaria Municipal da Saúde de Volta Redonda: Volta
Redonda, 2013. Disponível em: <http://www.voltaredonda.rj.gov.br/saude/
cuidados/Saude%20da%20Crianca%20-%20A%20Consulta%20Pediatrica%20
-%20Fornecendo%20informacoes%20VR.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2013.

Unidade 3

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Saúde da criança:


nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112p. (Cadernos de Atenção Básica, n. 23).

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia prático


do cuidador. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 64 p. (Série A. Normas e
Manuais Técnicos).

PRADO, M. L.; GELBCKE, F. L. (Org.) Fundamentos para o Cuidado


Profissional de Enfermagem. 3.ª ed ver e ampl. Florianópolis: Progressiva,
2013, 548p.

POTTER, P. A.; PERRY, A.N. Fundamentos de Enfermagem. 7.ª ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2009.

Unidade 4

BRASIL. Ministério da Saúde. PORTARIA MS/GM N.º 529, DE 1 DE ABRIL DE


2013, que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).
Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 02 abr. 2013, Seção 1, p.
43-44.

221
MANTOVANI, C. et al. M. Manejo de paciente agitado ou agressivo. Rev.
Bras. Psiquiatr. São Paulo, v. 32, suppl. 2 p. 96-103, 2010. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
44462010000600006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 24 abr. 2013.

PRADO, M.L.; GELBCKE, F.L. (Org.) Fundamentos para o Cuidado Profissional


de Enfermagem. 3.ª ed ver e ampl. Florianópolis: Progressiva, 2013, 548p.

POTTER, P. A.; PERRY, A. N. Fundamentos de Enfermagem. 7.ª ed. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2009.

Unidade 5

ATKINSON, L.D.; MURRAY, M.E. Fundamentos de enfermagem: introdução do


processo de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1995.

BOING, A. C.; VEBER, A. P.; STOLF, F. Conceitos e panorama situacional do


uso racional de medicamentos, 2010. Disponível em: <https://ares.unasus.
gov.br/acervo/handle/ARES/408>. Acesso em: 10 jul. 2013.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em


serviços de saúde. Brasília: Anvisa, 2007.

______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n.º 8, de 27


de fevereiro de 2009. Dispõe sobre as medidas para a redução da ocorrência
de infecções por microbactérias de crescimento rápido - MCR em serviços de
saúde. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 02 mar. 2009.

222
______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O que devemos saber
sobre medicamentos. Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://portal.
anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d1ebd3804745871090afd43fbc4c6735/
Cartilha+o+que+devemos+saber+sobre+medicamentos.
pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 10 jul. 2013.

______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em


serviços de saúde. Brasília: Anvisa, 2013.

______. Ministério da Saúde. Normas e recomendações do INCA/MS. Controle


de Sintomas do Câncer avançado em adultos. Rev. bras. cancerol. Rio de
Janeiro, v. 46, n. 3, p. 243-256, 2000.

______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Cuidados


Paliativos Oncológicos: Controle de dor. Rio de Janeiro: INCA, 2001.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação


em Saúde. Profissionalização de auxiliares de Enfermagem: cadernos do
aluno: fundamentos de enfermagem. Brasília, DF: Ministério da Saúde; Rio de
Janeiro: FIOCRUZ, 2003.

______. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica: Diabetes Mellitus.


Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>. Acesso em: 12 jul. 2013.

______. Ministério da Saúde. O trabalho dos agentes comunitários de saúde


na promoção do uso correto de medicamentos. Brasília, DF: Ministério da
Saúde, 2006. 72 p. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde).

223
______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Terapia
subcutânea no câncer avançado. Rio de janeiro: INCA, 2009. (Série Cuidados
Paliativos).

______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Terapia


subcutânea no câncer avançado. Rio de Janeiro: INCA, 2011.

______. Ministério da Saúde. Portaria n.º 529, de 1 de abril de 2013. Institui


o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Diário Oficial da União.
Brasília, DF, 1 abr. 2013.

______. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora NR n.º 6.


Equipamento de Proteção Individual – EPI. Diário Oficial da União. Brasília,
DF, 07 dez. 2010.

______. Ministério do Trabalho. Norma Regulamentadora NR n.º 32. Dispõe


sobre as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à
segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 30 ago. 2011.

B. BRAUN: Sharing Expertise. Scalps / Butterfly com Sistema de Segurança,


2014. Disponível em: <http://www.bbraun.com.br/cps/rde/xchg/cw-bbraun-pt-
br/hs.xsl/8897_8902.html>.

CAMERINI F. G.; DOPICO L. S. Segurança do paciente: análise do preparo


de medicação intravenosa em hospital de rede sentinela. Texto Contexto
Enferm. Florianópolis, v. 20, n. 1, 2011.

224
COREN/SC. Consolidação da legislação e ética profissional. Florianópolis, v.
1, 2013. (Série Cadernos Enfermagem).

COREN/SP. Administração de medicamentos por via intramuscular. São


Paulo, 2010. Disponível em: <http://inter.coren-sp.gov.br/sites/default/files/
administracao_de_medicamentos_por_via_intramuscular.pdf>. Acesso em: 19
jul. 2013.

COREN/SP. Hipodermóclise. São Paulo, 2009.

D’AQUINO, M. O.; SOUZA, R. M. Cuidados paliativos. Rev. HUPE. v. 11, n. 2,


abr./ jun. 2012. Disponível em: <http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.
asp?id=332>. Acesso em 19 jul. 2013.

DISTRITO FEDERAL. Governo do Estado. Secretaria de Estado de Saúde.


Manual de procedimentos de enfermagem. Brasília, DF, 2012.

DREYER, E. et al. Nutrição Enteral Domiciliar: manual do usuário: como


preparar e administrar a dieta por sonda. 2. ed. Campinas, SP: Hospital das
Clínicas da UNICAMP. 2001. Disponível em: <http://www.hc.unicamp.br/
servicos/emtn/Manual_paciente.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2013.

ENFERMAGEM, APRENDENDO, REALIZANDO E ENSINANDO O CUIDADO.


Técnicas Básicas 2 - Coleta de Sangue Venoso, 2011. Disponível em: <http://
ocuidaremenfermagem.blogspot.com.br/2011/07/coleta-de-sangue-venoso-
uma-tecnica-que.html>.

225
FERREIRA, K.A.; SANTOS, A. C. Hipodermóclise e administração de
medicamentos por via subcutânea: uma técnica do passado com futuro.
Prática hospitalar. Ano XI, n. 65 p. 109-114, set./out. 2009.

FRID, A. et al. New Injection Recommendations for patients with Diabetes.


Diabetes & Metabolism, v. 36 n. 2, p. 3-18, set. 2010.

HOEFLER, R.; VIDAL, J. S. Administração de medicamentos por sonda.


CEBRIM/CFF, Ano XIV, n. 3/4, mai./ago. 2009.

INTERLIGADO NA ATUALIDADE. Intramuscular, 2011. Disponível em: <http://


interligadonaatualidade.blogspot.com.br/2011/05/intramuscular.html>.

LISBOA, C.D.; SILVA, L.D.; MATOS, G. C. Investigação da técnica de preparo de


medicamentos para administração por cateteres pela enfermagem na terapia
intensiva. Rev. Esc. Enferm. USP. São Paulo, v. 47, n. 1, p. 53-60, 2013.

MENESES, A. S.; MARQUES, I. R. Proposta de um modelo de delimitação


geométrica para a injeção ventro-glútea. Rev. bras. Enferm. Brasília, v.
60, n. 5, p. 552-558, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000500013&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 18 abr. 2013.

OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE). The Conceptual Framework


for the International Classification for Patient Safety v. 1. Final Technical
Report and Technical Annexes, 2009. Disponível em: <http://www.who.int/
patientsafety/taxonomy/en/>. Acesso em: 20 jul. 2013.

226
PALMIERI, A.C.M.R. Medicação Via Subcutânea (SC). Enfermagem
continuada, Online; 2011. Disponível em: <http://enfermagemcontinuada.
blogspot.com.br/2011/02/medicacao-via-subcutanea.html>.

PORTAL SÃO FRANCISCO. Vacinas, 2012. Disponível em: <http://www.


portalsaofrancisco.com.br/alfa/vacinas/imagens/vacina-68.jpg>.

POTTER, P. A.; PERRY, A. Grande tratado de enfermagem prática. 2. ed.


Santos, SP, 2009.

RANGEL, S. M.; CASSIANI, S. H. B. Administração de medicamentos injetáveis


por via intramuscular: conhecimento dos ocupacionais de farmácias. Rev.
Esc. Enf. USP, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 138-144, jun. 2000.

REIBINITZ, et al. Cuidado ao ser humano com necessidades terapêuticas de


medicação e fluidoterapia. IN: PRADO, Marta Lenise do Prado e GELBCKE,
Francine Lima. Fundamentos para o cuidado profissional de enfermagem.
3.ª ed rev e ampl. Florianópolis: Progressiva, 2013. 548p.

ROCHA, R. P. et al. Distribuição do nervo cutâneo lateral da coxa na área de


injeção intramuscular. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 48, n. 4, Dec. 2002.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302002000400044&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 abr. 2013.

SBD (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES). Disponível em: <www.diabetes.


org.br>. Acesso em: 18 jul. 2013.

227
SILVA, A. A. L.; CASSIANI, S. H. B.; OPTIZ, S. P. Avaliação da técnica de
administração subcutânea de heparina na formação de hematomas. Rev.
Bras. Enferm. Brasília, v. 55, n. 2, p. 128-133, mar./abr. 2002.

SILVA, M. T.; SILVA, S. R. L. P. T. Cálculo e administração de medicamentos


na enfermagem. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2009.

SIRIDAKYS, M. Precauções universais e equipamentos de proteção


individual (epi). Enfermagem online, 2009. Disponível em: <http://
enfermagemonline.webnode.com.pt/epi/>.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Hospital Universitário Walter Candítio.


Comissão de Farmácia e Terapêutica. Gerência de Riscos Hospitalares.
Protocolos de preparo e administração de medicamentos. Setor:
pulsoterapia e hospital dia. 2008. Disponível em: <http://www.huwc.ufc.br/
arquivos/biblioteca_cientifica/1238006517_50_0.pdf>.

Unidade 6

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Manual de Primeiros


Socorros. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003. 170p.

______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Tratamento e


controle de feridas tumorais e úlceras por pressão no câncer avançado.
Rio de Janeiro, RJ, 2009. (Série Cuidados Paliativos). Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Feridas_Tumorais.pdf.> Acesso
em: 17 jul. 2013.

228
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Procedimentos.
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. 64 p. (Série A. Normas e Manuais
Técnicos, n. 30).

CIÊNCIAS CRIMINAIS. Traumatologia - Lesões produzidas por ação


contundente e por ação cortante, 2011. Disponível em: <http://delicti.blogspot.
com.br/2011/06/traumatologia-lesoes-produzidas-por.html>.

CLUBE DO MONTANHISMO DE BRAGA. Socorro em montanha – 8.ª parte –


Feridas, 2013. Disponível em: <http://clubemontanhismodebraga.blogspot.
com.br/2013/01/socorro-em-montanha-8-parte-feridas.html>.

COREN/SP. Parecer COREN-SP CAT 013/2009. Realização de desbridamento


pelo enfermeiro. São Paulo, SP, 2009.

DEALEY, C. Cuidando de feridas: um guia para enfermeiras. 2.ª ed. São Paulo,
Atheneu, 2008.

FIGUEIREDO, N. M. A.; MEIRELES, I. B. Feridas, fundamentos e atualizações


em enfermagem. 2. ed. Edição revisada e ampliada. São Caetano do Sul, SP:
Yendis Editora, 2010. Cap. 8 p. 179-208.

FIGUEIREDO, J. C. A. et al. Tração cutânea intraoperatória para fechamento de


ferida após mastectomia bilateral higiênica: relato de caso. Revista Brasileira
de Cirurgia Plástica, Vol. 26, n.º 1, 2011. Disponível em: <http://www.rbcp.org.
br/detalhe_artigo.asp?id=807>

FRANCO, D.; GONÇALVES, L. F, Feridas Cutâneas: A Escolha do Curativo


Adequado. Rev. Col. Bras. Cir. Rio de Janeiro, v. 35, n.3, mai./jun. 2008.

229
GALVÃO, MF. IML-DF, 2012. Universidade de Brasília. Faculdade de Medicina.
Coordenação de Pós Graduação. Disponível em: <http://www.malthus.com.br/
mg_imagem_zoom.asp?id=1385>.

GOMES, F. V; COSTA, M. R; MARIANO, L. A. A. Avaliação e tratamento de


feridas: manual de curativos. 3.ª rev. Goiás, 2005.

HONORIO, M. T.; GELBCKE, F. L. Cuidados com a Integridade cutânea.


In: PRADO, M. L; GELBCKE, F. L. (org.) Fundamentos para o Cuidado
Profissional de Enfermagem. 3.ª ed rev e ampl. Florianópolis: Progressiva,
2013. Cap. 6 p. 195-308.

PRADO, M. L.; GELBCKE, F. L. (org.) Fundamentos para o Cuidado


Profissional de Enfermagem. 3.ª ed rev. e ampl. Florianópolis: Progressiva,
2013, 548p.

NINA, V.J.S. et al. Reconstrução da parede torácica com suporte


metálico externo: técnica alternativa na mediastinite pós-esternotomia.
Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, vol. 23, n.º 4,
2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
76382008000400009&script=sci_arttext>.

PROJETO MULHER. Técnica de bandagem reduz dores e amplia


movimentos. 2013. Disponível em: <http://www.projetomulher.com.br/blog/
tecnica-de-bandagem-reduz-dores-e-amplia-movimentos-projeto-mulher/>.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde. Superintendência dos


Hospitais Públicos Estaduais. Protocolo de feridas agudas e crônicas.
Florianópolis, 2011.

230
SLIDESHARE. Feridas – FSA, 2009. Disponível em: <http://www.slideshare.
net/enfermagemfsa/feridas-fsa>.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Diretrizes


brasileiras em pneumonia adquirida na comunidade em pediatria. J. Bras.
Pneumol. Brasília, v. 33, 2007, p. 31-60. Suplemento 1. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/jbpneu/v33s1/02.pdf>.

UGGERI, J. C. et al. Coberturas para o tratamento de feridas. In: SILVA, R. C. L.;


FIGUEIREDO, N. M. A.; MEIRELES, I. B. Feridas fundamentos e atualizações
em enfermagem. 2. ed. rev. ampl. São Caetano do Sul, SP: Yendis, 2010. p.
179–208.

VIEIRA. C.L. Ferimento transfixante em criança: relato de caso clínico. Rev.


Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v. 13, n. 2, p. 57-62 , abr./jun.
2013. Disponível em: <http://www.revistacirurgiabmf.com/2013/2/8.pdf>.

WIKIPÉDIA. Ferida, 2012. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/


Ferida>.

231
Autoras

Francine Lima Gelbcke


• Endereço do currículo na plataforma Lattes:
<http://lattes.cnpq.br/5933444737764967>

Tanise Freitas
• Endereço do currículo na plataforma Lattes:
<http://lattes.cnpq.br/2878518544634263>

Nádia Chiodelli Salum


• Endereço do currículo na plataforma Lattes:
<http://lattes.cnpq.br/0093665820886595>

Melissa Orlandi Honório Locks


• Endereço do currículo na plataforma Lattes:
<http://lattes.cnpq.br/3151461331785853>

232
Realização:

Apoio:

Coren
Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina
SC

Você também pode gostar