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DIREITO EMPRESARIAL (Aula 4)

PROFª ERICA OLIVEIRA CAVALCANTI

Obrigações do Empresário
- Registrar-se: Antes de iniciar suas atividades, o empresário individual ou a
sociedade empresária devem, obrigatoriamente, registrar-se no órgão competente,
que é a Junta Comercial da respectiva sede da empresa (art. 967). Havendo sucursal,
filial ou agência em outro Estado, impõe-se o dever de outro registro estadual,
acompanhado da inscrição originária (art. 969) A empresa que não é registrada estará
em situação irregular. A falta de registro impõe várias consequências jurídicas.
A sociedade simples é registrada no Cartório de Registro Civil de Pessoas
Jurídicas. Todos os atos constitutivos a serem arquivados devem ser supervisados por
um advogado. A sociedade advocatícia tem seus atos constitutivos levados à OAB.
O empresário rural e o pequeno empresário sujeitam-se a regime registral
próprio e simplificado, de acordo com o art. 970. Vale lembrar que o registro do
empresário rural na Junta Comercial é facultativo.

- Manter escrituração regular de seus negócios: Refere-se a organização de uma


contabilidade a cargo de profissional habilitado (contador) com a obrigatoriedade de
manter livros empresariais, sob pena de aplicação de sanções. A escrituração possui
três funções: gerencial, documental e fiscal. Os livros autenticados servem como meio
de prova relevante para o empresário. (CC/02: art. 1179-1195).

- Levantar demonstrações contábeis periódicas: Refere-se ao levantamento do


balanço geral do ativo e passivo, e ainda a demonstração de resultados. A
periodicidade é anual, exceto para sociedades anônimas e instituições financeiras,
onde a periodicidade é semestral (art. 1179). Esse período é chamado de exercício
social. O balanço patrimonial serve para demonstrar a situação real da empresa,
indicando todos os seus bens, créditos e débitos (art. 1188). O balanço de resultado
econômico (ou demonstração da conta de lucros e perdas) acompanha o balanço
patrimonial e nele constarão créditos e débitos.

Junta Comercial
Órgão estadual responsável pelo registro das empresas. Está subordinada ao
Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC), que é um órgão federal
ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A função executiva da
Junta são os atos registrais de matrículas, atos de arquivamento e autenticação.
Também é de sua competência a expedição de carteira de exercício profissional, o
assentamento de usos e práticas os comerciantes e a habilitação e nomeação dos
tradutores públicos e intérpretes.

- Matrícula: diz respeito aos auxiliares do comércio. São os leiloeiros, tradutores


públicos, intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais.
Tais profissionais devem ser matriculados na Junta para que possam exercer suas
respectivas atividades. A Junta funciona como o órgão profissional destas categorias,
estabelecendo, inclusive, códigos de ética e realizando o controle do exercício destas
profissões.

- Atos de arquivamento: São registros em geral das empresas. Apenas o registro do


ato constitutivo garante a personalidade jurídica da empresa. São relativos a atos de
constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas individuais, sociedades
empresárias, bem como atos relativos a consórcio e grupo de sociedades, empresas
estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil, declaração de microempresas, e
qualquer outro documento que, por força de lei, deva ser registrado pela Junta (ex.:
atos de assembleias gerais das sociedades anônimas).

- Autenticação: Registro de instrumentos de escrituração imposto por lei aos


empresários (livros contábeis, fichas, balanços e documentos pertinentes) e dos
agentes auxiliares do comércio (profissionais específicos). A autenticação dos livros e
fichas escriturais é condição de regularidade desses documentos. A função da Junta
neste caso é garantir a publicidade dos atos dos agentes econômicos, fazendo com
que possam ser opostos contra terceiros.
A Junta tem competência para apreciar os requisitos formais de validade e
eficácia dos instrumentos, podendo negar ou indeferir pedidos de registro ou
arquivamento, caso constate a existência de vício insanável (aquele que compromete
o requisito de validade do ato. Ex: ato de incapaz) ou, pode conceder prazo de 30 dias
para a correção do ato, se o vício for sanável (aquele que compromete o requisito de
eficácia do ato. Ex.: contrato com ausência dos requisitos do art. 968).

Consequências da falta de registro na Junta


O não cumprimento da obrigação legal de registro empresarial perante a Junta
acarreta na consideração da sociedade empresária como irregular, informal,
clandestina e sonegadora de tributos. Está sujeita a aplicação de penalidades
administrativas, fiscais e penais e seus sócios passam a responder ilimitadamente,
inclusive com o patrimônio privado, pelas obrigações da sociedade.
Uma empresa irregular não pode pedir falência de um devedor comerciante
seu, não pode requerer recuperação judicial, nem realizar negócios com empresas
regulares a Administração Pública, nem contrais empréstimos bancários. Também não
pode participar de licitações, não pode se inscrever no CNPJ (implicação de
responsabilidades tributárias, como emissão de nota fiscal), ausência de matrícula
junto ao INSS, ausência de proteção ao nome empresarial. Ou seja, a empresa
irregular não usufrui de nenhum benefício que a lei comercial concede.

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