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CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ZOOLOGIA
Natal-RN
2017
FRANCISCO VIRGÍNIO DE SOUZA
Natal
2017
FRANCISCO VIRGÍNIO DE SOUZA
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________
Prof. Dr. Mauro Pichorim (DBEZ/UFRN)
_________________________________________
Dr. Guilherme Santos Toledo de Lima
________________________________________________
Prof. Ms. Iracema Miranda da Silveira (MCC/UFRN)
AGRADECIMENTOS
2. OBJETIVOS......................................................................................11
2.1 GERAL.........................................................................................11
2.2 ESPECÍFICOS.............................................................................11
3. MÉTODOS.........................................................................................11
3.1 ÁREA DE ESTUDO......................................................................11
3.2 PROCEDIMENTOS DE CAMPO.................................................12
3.3 ANÁLISE DOS DADOS.................................................................13
4. RESULTADOS....................................................................................14
5. DISCUSSÃO........................................................................................23
6. CONCLUSÕES....................................................................................27
7. REFERÊNCIAS....................................................................................28
ANEXO A..............................................................................................33
ANEXO B..............................................................................................42
9
1. INTRODUÇÃO
Atualmente há no Brasil 1919 espécies de aves (Piacentini et al. 2015),
destas, cerca de 369 ocorrem no estado do Rio Grande do Norte (Sagot-Martin,
2003; Wikiaves, 2017), com presença confirmada de 113 espécies de aves no
Parque Estadual das Dunas de Natal conforme Lobato (2005, apud Silveira & Irustia,
2000). Para o campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em
Natal, há registros de levantamentos preliminares da avifauna, sendo o primeiro
deles realizado de maneira sistemática em 1989, onde foi confirmada a presença de
37 espécies residentes (apud Junior, HMC; Varela-Freire, 1990). De 2007 a 2008 foi
realizado outro levantamento mais detalhado que registrou a presença de 62
espécies para o local (DANTAS et al. 2009) e em 2014 houve uma catalogação
fotográfica das aves do campus tendo sido registrada 30 espécies (FREITAS, 2014).
Registros de inventários antigos são importantes para estudos comparativos e
compreensão dos processos de colonização e extinção de espécies em uma área
(RIBON et al. 2003, LOPES et al. 2009).
A proximidade do campus com o Parque das Dunas proporciona certo grau
de fluxo de aves entre esses ambientes, havendo assim grande similaridade na
composição das aves das referidas áreas. Entretanto, com o crescimento do campus
nas últimas décadas houve muito desmatamento e urbanização da área, provocando
a fragmentação dos habitats, a substituição de parte da vegetação nativa por
espécies exóticas a partir dos projetos paisagísticos propostos, o que proporcionou o
desaparecimento de várias espécies de aves (VARELA-FREIRE, 1997). Sabe-se
que mudanças da vegetação podem tornar o ambiente inapropriado para algumas
espécies mais exigentes que necessitam de condições especificas para sobreviver
(DONATELLI, COSTA & FERREIRA, 2004). Isto acarreta mudanças na composição
da avifauna, causando extinções locais de algumas espécies e reduzindo a
abundância de outras, que passam a ser substituídas por espécies típicas de
habitats abertos ou alterados. A perda e fragmentação dos habitats estão entre as
principais ameaças à avifauna (MARINI & GARCIA, 2005), afetando particularmente
a sobrevivência e persistência de espécies mais sensíveis à mudanças na paisagem
(JARVIS, 1994). Alguns estudos mostram que a riqueza de espécies geralmente
10
2. OBJETIVOS
3. MÉTODOS
3.1. ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi realizado no Campus Central da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte que ocupa área de 123 hectares e está localizado na porção sul da
cidade de Natal, circundado por área urbana e tendo como limite, ao leste, o Parque
Estadual das Dunas de Natal “Jornalista Luiz Maria Alves” (CARVALHO,
2005)(figura 1). O Campus da UFRN está em uma área com clima quente úmido,
com período chuvoso entre os meses de abril a setembro e o período seco entre os
meses de outubro a março. Segundo Carvalho (2005), a média anual da
precipitação do Campus é de 1500 a 2000 mm e a temperatura apresentou máxima
de 27,7 °C nos verões de 2001 a 2003 e mínima de 23,6 ºC no inverno de 2000. A
vegetação que ocorre nos pequenos fragmentos de mata do Campus da UFRN
apresenta espécies típicas de ecossistemas costeiros, incluindo principalmente
espécies de tabuleiros litorâneos comuns no Bioma da Mata Atlântica. Esses
remanescentes são o que restou da vegetação nativa, que ocorria de forma contínua
12
Figura 1 (Mapa). Localização da área de estudo no Campus Central da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, Brasil. Na imagem da área acima, os números referem-se às áreas
amostrais, são elas: 1 e 2 indicam as ás áreas de matas, do 3 ao 6 as áreas de campos e de 7 a 10
as áreas urbanas.
espécies foi possível calcular o índice de frequência das espécies (IF) considerado o
índice de abundância relativa das espécies para os ecossistemas. Esse foi obtido
através da divisão do número de listas nas quais uma determinada espécie ocorreu
pelo número total de listas em estudo. As espécies foram agrupadas em guildas
tróficas de acordo com Motta-Júnior (1990), Sick (1997) e Sigrist (2009), sendo
considerados os seguintes grupos funcionais: insetívoros (INS), onívoros (ONI),
frugívoros (FRU), granívoros (GRA), nectarívoros (NEC), carnívoros (CAR) e
detritívoros (DET). Em relação ao uso do hábitat as aves foram classificadas em
categorias de acordo Lima (2013) considerando espécies típicas da Mata Atlântica.
4. RESULTADOS
Entre 2015 e 2017 foram registradas por meio de observações esporádicas,
listas de Mackinnon e pontos de escuta, 73 espécies de aves na área de estudo
15
(ANEXO A). Para esse trabalho, analisamos apenas os resultados das listas de
Mackinnon,através das quais foram registradas 56 espécies(ANEXO B), onde 37 (66
%) destas pertencem à ordem Passeriformes, totalizando 24 famílias. As famílias
que apresentaram maior número de espécies foram Tyrannidae e Thraupidae, com
10 e nove espécies, respectivamente ( Tabela 1). A família mais representativa entre
as não-Passeriformes foi Trochilidae com quatro espécies (7 %).
TABELA 1: Espécies de aves registradas em três ambientes do Campus Central da UFRN, Natal, RN,
Brasil, de setembro a dezembro de 2016 e em outubro de 2017. FO (%) - Frequência de ocorrência:
ER– Espécie regular (>25%), EC - Espécie comum (de 10,0 a 24,99%), PC– Espécie pouco comum
(de 3,0 a 9,99%). IF: índice de frequência. SE - Sensitividade a distúrbios humanos: B- Baixa, M -
Média, A- Alta. Habitat: AA- ambientes abertos antrópicos, NA-ambientes abertos naturais, F-
florestas, G-espécie generalista, U-ambientes úmidos. GT - Grupos tróficos: ON – Onívoro, IN –
Insetívoro, DE-Detritívoro, CA – Carnívoro, NE – Nectarívoro, GR – Granívoro, FR – Frugívoro.
Família/Espécie
Campo Urbano Mata SE HA GT
FO(%) IF(%) FO(%) IF(%) FO(%) IF(%)
PC
Cracidae
Ortalis araucuan 3,7 0,03 _ _ _ _ M F FR
PC
Cathartidae
Cathartes aura _ _ _ _ 7,4 0,07 B G DE
PC
Coragyps atratus
_ _ 7,4 0,07 _ _ B G DE
Accipitridae PC
Buteo brachyurus 3,7 0,03 _ _ _ _ M G CA
EC EC
Rupornis magnirostris 18,51 0,18 _ _ 22,22 0,22 B G CA
Falconidae PC PC
Caracara plancus 3,7 0,03 7,4 0,07 _ _ B G CA
Charadriidae PC
Vanellus chilensis 7,4 0,07 _ _ _ _ B G ON
Columbidae ER ER EC
Columbina picui 55,55 0,55 85,18 0,85 11,11 0,11 B AA GR
EC
Columba livia 11,11 0,11 _ _ _ _ B G ON
Psittacidae PC
Eupsittula aurea _ _ 3,7 0,03 _ _ M AA FR
16
PC
Eupsittula cactorum _ _ 7,4 0,07 _ _ M AA ON
Cuculidae ER PC PC
Crotophaga ani 29,62 0,29 7,4 0,07 7,4 0,07 B AA IN
PC EC
Guira guira 7,4 0,07 11,11 0,11 _ _ B AA IN
PC EC
Piaya cayana 7,4 0,07 _ _ 14,81 0,14 B F IN
Strigidae ER
Athene cunicularia 25,92 0,25 _ _ _ _ M AA C
Trochilidae PC PC PC
Amazilia fimbriata 7,4 0,07 3,7 0,03 3,7 0,07 B AA NE
PC EC ER
Amazilia leucogaster 3,3 0,33 14,81 0,14 55,55 0,55 B F,AA NE
Chlorostilbon lucidus (Shaw, PC
1812) 3,7 0,03 _ _ _ _ B AA NE
Eupetomena macroura EC PC
18,51 0,18 _ _ 3,7 0,03 B AA NE
Thamnophilidae PC EC
Taraba major 3,7 0,03 _ _ 18,51 0,18 B AA,F IN
PC
Rhynchocyclidae _ _ _ _ 3,7 0,03 A F IN
Hemitriccus griseipectus
ER ER ER
Todirostrum cinereum 44,44 0,44 37,03 0,37 59,25 0,59 B AA IN
Tyrannidae EC EC
Camptostoma obsoletum 11,11 0,11 _ _ 14,81 0,14 B AA,F ON
PC
Cnemotriccus fuscatus _ _ _ _ 3,7 0,03 B F IN
PC EC
Elaenia cristata 3,7 0,03 _ _ 14,81 0,14 M AA ON
ER ER ER
Elaenia flavogaster 51,85 0,51 25,92 0,25 74,07 0,74 B AA ON
PC PC
Elaenia spectabilis 3,7 0,03 3,7 0,03 _ _ B AA ON
PC ER
Fluvicola nengeta 7,4 0,07 25,92 0,25 _ _ B AA,U IN
PC PC
Machetornis rixosa 3,7 0,03 3,7 0,03 _ _ B AA IN
ER ER ER
Myiozetetes similis 37,03 0,37 51,85 0,51 51,85 0,51 B AA,F ON
ER ER ER
Pitangus sulphuratus 85,18 0,85 88,88 0,88 74,07 0,74 B G ON
ER ER ER
Tyrannus melancholicus 37,03 0,37 51,85 0,51 29,62 0,29 B AA,F IN
17
Vireonidae EC ER EC
Cyclarhis gujanensis 18,51 0,18 25,92 0,25 11,11 0,11 B F,AA IN
EC
Vireo chivi _ _ _ _ 11,11 0,11 B F ON
Hirundinidae EC
Progne chalybea _ _ 11,11 0,11 _ _ B AA IN
EC
Tachycineta albiventer _ _ 11,11 0,11 _ _ B U IN
Troglodytidae ER
Cantorchilus longirostris _ _ _ _ 37,03 0,37 B F ON
ER ER ER
Troglodytes musculus 51,85 0,51 62,96 0,62 66,66 0,66 B G IN
Polioptilidae EC ER
Polioptila plumbea 18,51 0,18 _ _ 44,44 0,44 B AA,F IN
Turdidae EC ER ER
Turdus leucomelas 22,22 0,22 33,33 0,33 70,37 0,7 B AA,F ON
PC
Turdus rufiventris 3,7 0,03 _ _ _ _ B AA,F ON
Mimidae ER EC
Mimus gilvus 29,62 0,29 22,22 0,22 _ _ B AN ON
PC
Mimus saturninus 7,4 0,07 _ _ _ _ B AA ON
Thraupidae ER ER ER
Coereba flaveola 77,77 0,77 74,07 0,74 100 1 B AA,F NE
PC PC
Dacnis cayana 3,7 0,03 3,7 0,03 _ _ B AA,F ON
EC ER EC
Paroaria dominicana 22,22 0,22 48,14 0,48 11,11 0,11 B AA GR
EC PC
Sicalis flaveola 11,11 0,11 7,4 0,07 _ _ B AA GR
PC PC PC
Tachyphonus rufus 3,7 0,03 7,4 0,07 7,4 0,07 B F,AA FR
EC PC EC
Tangara cayana 11,11 0,11 7,4 0,07 14,81 0,14 M AA,F ON
ER ER ER
Tangara palmarum 25,92 0,25 55,55 0,55 25,92 0,25 B AA,F ON
ER ER ER
Tangara sayaca 70,37 0,7 74,07 0,74 59,25 0,59 B AA,F ON
PC
Thlypopsis sordida _ _ _ _ 7,4 0,07 B AA,F ON
Icteridae EC
Molothrus bonariensis _ _ 22,22 0,22 _ _ B AA ON
Fringillidae ER PC EC
Euphonia chlorotica 51,85 0,51 7,4 0,07 11,11 0,11 B AA GR
18
Estrildidae ER PC EC
Estrilda astrild 51,85 0,51 7,4 0,07 11,11 0,11 B AA GR
Família/Espécie Campo Urbano Mata SE HA GT
Passeridae ER
Passer domesticus _ _ 66,66 0,66 _ _ B AA ON
14
12
10 Campos
8 Urbano
6 Matas
4
2
0
Regular Comum Pouco comum
Frequência de Ocorrência
25
20 Campo
15 Urbano
10 Matas
5
0
Baixa Média Alta
Níveis de Sensitividade
12
10
Campos
8
Urbano
6
Matas
4
2
0
ONI INS NEC GRA FRU CAR DET
Guildas tróficas
Figura 5. Curva de acumulação de espécies (est.: observado); riqueza estimada (média) de espécies
de aves obtidas por três estimadores não paramétricos ( Chao 2, Jacknife 1 e Bootstrap), a partir de
27 listas de 10-espécies, observadas no ambiente de Campo do Campus Central da UFRN,Natal,RN.
60
50
Número acumulado de espécies
40
S(est)
30
Chao 2 Mean
Jack 1 Mean
20 Bootstrap Mean
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Listas de Mackinon
Figura 6. Curva de acumulação de espécies (est.: observado); riqueza estimada (média) de espécies
de aves obtidas por três estimadores não paramétricos ( Chao 2, Jacknife 1 e Bootstrap), a partir de
27 listas de 10-espécies, observadas no ambiente urbano do Campus Central da UFRN,Natal, RN.
45
40
35
Número acumulado de espécies
30
25
S(est)
20 Chao 2 Mean
Jack 1 Mean
15 Bootstrap Mean
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Listas de Mackinon
Figura 7. Curva de acumulação de espécies (est.: observado); riqueza estimada (média) de espécies
de aves obtidas por três estimadores não paramétricos ( Chao 2, Jacknife 1 e Bootstrap), a partir de
27 listas de 10-espécies, observadas no ambiente de Mata do Campus Central da UFRN, Natal, RN.
40
35
30
Número acumulado de espécies
25
20
S(est)
15
Chao 2 Mean
10 Jack 1 Mean
Bootstrap
5 Mean
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27
Listas de Mackinon
5. DISCUSSÃO
As 56 espécies de aves contabilizadas nessa pesquisa representam 15% das
aves listadas para o Rio Grande do Norte (Wikiaves, 2017), 31% das aves
registradas na cidade do Natal (Wikiaves, 2017). Esses números corroboram com a
literatura, pois segundo Franchin (2009) cerca de 30% da avifauna brasileira ocorre
em áreas verdes do ambiente urbano e, resultados semelhantes a respeito da
riqueza de aves, também foram obtidos em alguns campi universitários na região
Nordeste, como: Santos (2014) que encontrou 42 espécies, Periquito (2015) com 43
espécies, Camurugi et al.(2010) com 60 espécies e Nascimento (2015) com 63
espécies. Se levarmos em consideração a lista final das aves do campus da UFRN
observadas durante os últimos dois anos, o tamanho da área do campus e, a
crescente urbanização local fica evidente que o mesmo ainda apresenta uma rica
avifauna em nível da região Nordeste do Brasil.
24
(FRANCHIN, 2009; SILVA et al., 2014; LUCENA, 2015), o que sugere que a
predominância de aves desses hábitos supracitados em detrimento de outros mais
especializados como o frugívoro, deve-se à crescente fragmentação e antropização
das matas da área de estudo, pois se observa que a maioria das insetívoras do local
também são generalistas, incluindo outros itens em sua dieta. Apesar da
degradação dos fragmentos florestais houve o registro considerável de quatro
espécies nectarívoras que são importantes para a manutenção das matas, pois
algumas delas atuam como polinizadoras.
Entre as aves não-Passeriformes a família Trochilidae (quatro, 7%) foi a mais
rica, muito provavelmente devido à grande variedade de plantas floríferas no
campus, especialmente nos fragmentos de matas. Além disso, três das quatro
espécies de beija-flores, registradas são relativamente comuns nas áreas urbanas
bem arborizadas da mesorregião leste do estado (Wikiaves, 2017).
Os campos (44 spp ) apresentaram o maior número de espécies registradas e
em seguida o ambiente urbano (36 spp ) apresentou maior riqueza do que os
fragmentos de matas (33 spp). Esses resultados baseados apenas na riqueza
devem-se, provavelmente, a alguns fatores, como: Entre as áreas urbanas e os
fragmentos de mata, encontram-se as manchas de vegetação campestre com
arbustos e árvores espaçadas que, funciona às vezes como corredor entre os
ambientes supracitados ou como ponto de parada e área de forrageio para a maioria
das espécies. Na área urbana há muitos arbustos e árvores frutíferas, sendo usada
para forrageamento principalmente por espécies típicas de área aberta de hábitos
principalmente frugívoros, nectarívoros, granívoros e onívoros que juntos somaram
67%. A comunidade de aves foi estudada em apenas dois fragmentos de mata
relativamente pequenos e intercalados por campos e áreas construídas (urbana),
enquanto que para os campos e áreas urbanas foram analisadas 4 locais distantes
para cada ambiente, tentando contemplar a maior cobertura da área do campus e
seus setores.
Baseado nos índices de freqüência, onde as espécies que predominaram no
campus foram: C. flaveola, P.sulphuratus,T. sayaca,T. musculus,C. picui e E.
flavogaster, percebe-se como os ambientes naturais do campus da área em estudo
estão bem antropizados e fragmentados, pois estas são espécies típicas de áreas
abertas, bordas de matas e áreas urbanas.
26
6. CONCLUSÕES
Com a crescente urbanização no campus Central da UFRN houve mudanças
na paisagem, incluindo substituição de parte da flora nativa por espécies exóticas de
valor ornamental, além do desmatamento para novas construções, afetando
diretamente a comunidade de aves em estudo. Essas alterações no ambiente
extinguiram algumas aves mais sensíveis no local, porém as espécies típicas de
28
áreas abertas e com hábitos alimentares mais generalistas que, por serem pouco
sensíveis a alterações humanas, passaram a ocupar o novo nicho e aumentaram a
riqueza de espécies. No entanto o número de espécies varia de acordo com os
ecossistemas, tendo os Campos registrados 44 espécies, a área urbana 36 espécies
e as Matas 33 espécies, sendo provavelmente o ambiente campestre o principal
ponto de descanso e forrageio da maioria das espécies generalistas que se
deslocam entre o Parque das Dunas e o Campus, pois os únicos dois fragmentos de
Matas ficam mais para o interior do Campus e estão cercados por campos e áreas
construídas. Apesar do maior número de espécies nos Campos, foram nas Matas
que foram registrados as aves mais raras do Campus, como O. araucuan e H.
griseipectus espécies exclusivas da Mata Atlântica, sendo importantíssima a
manutenção desses fragmentos florestais para a conservação daquelas e
consequentemente da biodiversidade típica de tal habitat. Além disso, é fundamental
a existência dos campos que parecem funcionar como corredor verde no campus
sendo o habitat exclusivo, por exemplo, da coruja-buraqueira. A substituição
gradativa da flora exótica por espécies nativas típicas da Mata Atlântica também
seria muito bom para avifauna local.
7. REFERÊNCIAS
LOPES, L. et al. Aves da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil: uma
síntese histórica do conhecimento. Papéis Avulsos de Zoologia, v. 49,p. 9-47,
2009.
MACKINNON, J.; PHILLIPIS, K.A field guide to the birds of Borneo, Sumatra, Java
and Bali. Oxford: Oxford University Press, 1993. 692pp.
REIS, E. S.; LOPEZ, G.; PINHEIRO, R. T. Changes in bird species richness through
different levels of urbanization: implications for biodiversity conservation and
Garden design in Central Brazil. Landscape and Urban Planning, Evanston, v.
107, p. 31-42, 2012.
SICK, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 912 pp.
STOTZ, D.et al. Neotropical Birds: Ecology and Conservation. Chicago: University
Chicago Press, 1996. 502 pp.
ANEXO A
Lista de aves do Parque das Dunas em preparação, elaborada por colaboradores do laboratório de
Ornitologia da UFRN; Lista de aves do Campus segundo Varela-Freire(1990); Lista de aves do
Campus segundo Dantas et al. 2009 e, a lista elaborada durante essa pesquisa.
Tinamidae
Crypturellus inambu- X
parvirostris chororo
(Wagler, 1827)
Accipitridae
Elanus leucurus gavião- X X X
(Vieillot, 1818) peneira
Rupornis
magnirostris(Gmeli gavião-carijó X X X X
n, 1788)
34
Buteo brachyurus
Vieillot, 1816 gavião-de- X X
cauda-curta
Falconidae
Caracara plancus carcará X X X X
(Miller, 1777)
Milvago
chimachima carrapateiro X X X
(Vieillot, 1816)
Micrastur
semitorquatus falcão-relógio X
(Vieillot, 1817)
Falco sparverius
Linnaeus, 1758 quiriquiri X
Falco peregrinus
Tunstall, 1771 falcão- X X
peregrino
Charadriidae
Vanellus chilensis quero-quero X X X X
(Molina, 1782)
Charadrius
semipalmatus batuíra-de- X
Bonaparte, 1825 bando
Charadrius collaris
Vieillot, 1818 batuíra-de- X
coleira
Scolopacidae
Limnodromus maçarico-de- X
griseus (Gmelin, costas-
1789) brancas
Calidris pusilla
(Linnaeus, 1766) maçarico- X
rasteirinho
Columbidae
Columbina rolinha- X
passerina cinzenta
(Linnaeus, 1758)
Columbina minuta
(Linnaeus, 1766) rolinha-de- X X
asa-canela
Columbina
talpacoti rolinha X X X
(Temminck, 1810)
Columbina picui
(Temminck, 1813) rolinha-picuí X X X X
Columba livia
Gmelin, 1789 pombo- X X X X
doméstico
Patagioenas
picazuro asa-branca X
(Temminck, 1813)
Zenaida auriculata
(Des Murs, 1847) avoante X
Leptotila verreauxi
Bonaparte, 1855 juriti-pupu X
35
Psittacidae
periquito-rei X X
Eupsittula aurea
(Gmelin, 1788)
Eupsittula
cactorum (Kuhl, periquito-da- X X X
1820) caatinga
Forpus
xanthopterygius tuim X X X
(Spix, 1824)
Cuculidae
Piaya cayana alma-de-gato X X X
(Linnaeus, 1766)
Coccyzus
melacoryphus papa-lagarta X X
Vieillot, 1817
Crotophaga ani
Linnaeus, 1758 anu-preto X X X X
Guira guira
(Gmelin, 1788) anu-branco X X X X
Tapera naevia
(Linnaeus, 1766) saci X
Tytonidae
Tyto furcata suindara X X
(Temminck, 1827)
Megascops
choliba (Vieillot, corujinha-do- X X X
1817) mato
Athene cunicularia
(Molina, 1782) coruja- X X X
buraqueira
Asio clamator
(Vieillot, 1808) coruja- X
orelhuda
Nyctibiidae
Nyctibius griseus urutau X
(Gmelin, 1789)
Caprimulgidae
Antrostomus rufus joão-corta- X X
(Boddaert, 1783) pau
Nyctidromus
albicollis (Gmelin, bacurau X X
1789)
Hydropsalis bacurau- X X
parvula (Gould, chintã
1837)
Trochilidae
Phaethornis ruber rabo-branco- X
(Linnaeus, 1758 rubro
Phaethornis rabo-branco-
pretrei (Lesson & acanelado X
Delattre, 1839
Eupetomena beija-flor-
macroura (Gmelin, tesoura X X
36
1788)
Nomes Parque Campus Campus Campus
Família/Espécie populares das Dunas da da da UFRN,
em (Lab.Ornito UFRN,Natal UFRN,Natal Natal
Português .,UFRN) (1989-1990) (2007-2008) (2015-2017)
Chrysolampis
mosquitus beija-flor- X
(Linnaeus, 1758) vermelho
Chlorestes notata beija-flor-de-
(Reich, 1793) garganta-azul X
Chlorostilbon besourinho-
lucidus (Shaw, de-bico- X X X
1812) vermelho
Amazilia beija-flor-de-
leucogaster barriga- X X X
(Gmelin, 1788) branca
Amazilia versicolor beija-flor-de-
(Vieillot, 1818 banda-branca X
Amazilia fimbriata beija-flor-de-
(Gmelin, 1788) garganta- X X X
verde
Alcedinidae
Megaceryle martim- X X
torquata pescador-
(Linnaeus, 1766) grande
Bucconidae rapazinho-
Nystalus dos-velhos X X X
maculatus
(Gmelin, 1788)
Picidae picapauzinho-
Picumnus canela X
fulvescens Stager,
1961
Veniliornis pica-pau-
passerinus pequeno X
(Linnaeus, 1766)
Colaptes pica-pau-
melanochloros verde-barrado X
(Gmelin, 1788)
Thamnophilidae
Taraba major choró-boi X X X
(Vieillot, 1816)
Thamnophilus choca-
capistratus barrada-do- X
Lesson, 1840 nordeste
Thamnophilus choca-de-
torquatus asa-vermelha X X
Swainson, 1825
Thamnophilus choca-do-
pelzelni Hellmayr, planalto X
1924
Myrmotherula choquinha-
axillaris (Vieillot, de-flanco- X
1817) branco
Herpsilochmus chorozinho-
sellowi Whitney & da-caatinga X X
Pacheco, 2000
37
Herpsilochmus chorozinho-
pectoralis Sclater, de-papo-preto X
1857
Formicivora grisea papa-formiga-
(Boddaert, 1783) pardo X X
Formicivora rufa papa-formiga-
(Wied, 1831) vermelho X
Cercomacroides chororo-didi
laeta (Todd, 1920) X
Conopophagidae
Conopophaga chupa-dente X
lineata (Wied,
1831)
Furnariidae
Synallaxis scutata estrelinha- X
Sclater, 1859 preta
Pseudoseisura
cristata (Spix, casaca-de- X
1824) couro
Rhynchocyclidae maria-de-
Hemitriccus barriga- X
griseipectus branca
(Snethlage, 1907)
Hemitriccus sebinho-
striaticollis rajado- X
(Lafresnaye, 1853) amarelo
Hemitriccus sebinho-de-
margaritaceiventer olho-de-ouro X X
(d’Orbigny &
Lafresnaye, 1837)
Todirostrum ferreirinho-
cinereum relogio X X X X
(Linnaeus, 1766)
Tyrannidae
Camptostoma Risadinha X X X
obsoletum
(Temminck, 1824)
Elaenia guaracava-
flavogaster de-barriga- X X X
(Thunberg, 1822) amarela
Elaenia spectabilis guaracava-
Pelzeln, 1868 grande X X X
Elaenia cristata guaracava-
Pelzeln, 1868 de-topete- X X X
uniforme
Phaeomyias
murina (Spix, bagageiro X X
1825)
Myiophobus
fasciatus (Statius filipe X
Muller, 1776)
Cnemotriccus
fuscatus (Wied, guaracavuçu X X
1831)
38
Pipridae
Neopelma fruxu-do- X
pallescens cerradão
(Lafresnaye, 1853)
Tityridae
Pachyramphus X
polychopterus caneleiro-
(Vieillot, 1818) preto
Vireonidae
Cyclarhis Pitiguari X X X
gujanensis
(Gmelin, 1789)
Hylophilus vite-vite-de-
amaurocephalus olho-cinza X
(Nordmann, 1835)
Vireo chivi
(Vieillot, 1817) Juruviara X X
Corvidae
Cyanocorax gralha-cancã X X X
cyanopogon
(Wied, 1821)
39
Hirundinidae
Stelgidopteryx andorinha- X X
ruficollis (Vieillot, serradora
1817)
Progne chalybea andorinha-
(Gmelin, 1789) grande X X X
Tachycineta
albiventer andorinha-do- X X X
(Boddaert, 1783) rio
Troglodytidae
Troglodytes Corruíra X X X X
musculus
Naumann, 1823
Cantorchilus
longirostris garrinchao- X X X
(Vieillot, 1819) de-bico-
grande
Polioptilidae
Polioptila plumbea balanca-rabo- X X X
(Gmelin, 1788) de-chapeu-
preto
Turdidae
Turdus sabiá-branco X X X
leucomelas
Vieillot, 1818
Turdus rufiventris sabiá-
Vieillot, 1818 laranjeira X X X
Turdus
amaurochalinus sabiá-poca X
Cabanis, 1850
Mimidae
Mimus gilvus sabiá-da- X X X X
(Vieillot, 1807) praia
Agelaioides asa-de-telha-
fringillarius (Spix, palido; X
1824)
Molothrus chupim
bonariensis X X X
(Gmelin, 1789)
Gnorimopsar pássaro-preto
chopi (Vieillot, X
1819)
Passerellidae
Zonotrichia tico-tico X X
capensis (Statius
Muller, 1776)
Parulidae
Basileuterus pula-pula X
culicivorus
(Deppe, 1830)
Myiothlypis canário-do-
flaveola Baird, mato X
1865
Fringillidae
Euphonia fim-fim X X X
chlorotica
(Linnaeus, 1766)
Euphonia violacea
(Linnaeus, 1758) gaturamo X
Estrildidae
Estrilda astrild bico-de-lacre X X X
(Linnaeus, 1758)
Passeridae
Passer pardal X X X X
domesticus
(Linnaeus, 1758)
ANEXO B
Imagens das aves registradas através das Listas de Mackinnon. As fotografias anexas foram feitas no
campus central da UFRN, exceto as de números 17,19,31 e 36. Elas são de minha autoria, salvo
aquelas em que é citado outro autor.
Fotografia 1. Ortalis araucuan observada na Mata dos Saguis. Fonte: Própria (2017). Fotografia 2.
Cathartes aura observada próximo a Capela do Campus. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 3. Coragyps atratus observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 4. Buteo brachyurus observada sobre o Departamento de Geologia.Fonte: Própria (2017).
Fotografia 5. Rupornis magnirostris observada próximo a Mata dos Saguis. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 6. Caracara plancus observada na área da reitoria. Fonte: Própria (2017).
43
Fotografia 7. Columba livia observada em campo próximo a capela. Fonte: Própria (2017). Fotografia
8. Columbina picui(macho) observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 9. Eupsittula cactorum observada próximo a Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 10. Eupsittula aurea observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 11. Crotophaga ani observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 12. Guira guira observada próximo ao Departamento de Educação Física. Fonte: Própria
(2017).
44
Fotografia 13. Piaya cayana observada próximo ao Centro de Biociências. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 14. Athene cunicularia observada próximo a Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 15. Amazilia fimbriata observada na Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017). Fotografia
16. Amazilia leucogaster observada na Mata dos Saguis. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 19. Taraba major (macho),foi observada na Mata dos Saguis e Mata da CAERN. Fonte:
Própria (2017). Fotografia 20. Vanellus chilensis observada próximo ao NUPEG II. Fonte: Própria
(2017).
Fotografia 21. Todirostrum cinereum observada próximo a Capela. Fonte: Própria (2017). Fotografia
22. Hemitriccus griseipectus observada na Mata dos Saguis. Fonte: Anderson Salvador (2016).
Fotografia 23. Camptostoma obsoletum observada na Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 24. Cnemotriccus fuscatus observada na Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017).
46
Fotografia 25. Tyrannus melancholicus observada próximo ao ECT. Fonte: Própria (2017). Fotografia
26. Pitangus sulphuratus observada próximo a Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 27. Myiozetetes similis observada próximo ao Departamento de Educação Física. Fonte:
Própria (2017). Fotografia 28. Machetornis rixosa observada próxima a Reitoria. Fonte: Própria
(2017).
Fotografia 29. Elaenia spectabilis observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria
(2017). Fotografia 30. Elaenia flavogaster observada próximo a Mata da CAERN. Fonte: Própria
(2017).
47
Fotografia 31. Elaenia cristata,foi observada na Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017). Fotografia
32. Fluvicola nengeta observada próximo ao Departamento de Educação Física. Fonte: Própria
(2017).
Fotografia 33. Cyclarhis gujanensis observada na área do Centro de Convivência. Fonte: Própria
(2017). Fotografia 34. Vireo chivi observada no Centro de Biociências.Fonte: Alisson Rafael(2017).
Fotografia 35. Progne chalybea observada próximo ao ECT. Fonte: Própria (2017). Fotografia 36.
Tachycineta albiventer,foi observada próximo ao ECT. Fonte: Própria (2017).
48
Fotografia 37. Troglodytes musculus observada próximo ao CCSA. Fonte: Própria (2017). Fotografia
38. Cantorchilus longirostris observada na Mata dos Saguis. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 39. Turdus leucomelas observada próximo a Mata da CAERN. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 40. Turdus rufiventris observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 41. Mimus gilvus observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 42. Mimus saturninus observada próximo ao Setor de aulas 1. Fonte: Própria (2017).
49
Fotografia 43. Coereba flaveola observada próximo a Reitoria. Fonte: Própria (2017). Fotografia 44.
Thlypopsis sordida(macho) observada próximo a BCZM. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 49. Tangara palmarum observada próximo ao ECT. Fonte: Própria (2017). Fotografia 50.
Tangara sayaca observada próximo ao Centro de Convivência. Fonte: Própria (2017).
Fotografia 51. Dacnis cayana(macho) observada na área do CCSA. Fonte: Própria (2017). Fotografia
52. Molothrus bonariensis(macho) observada próximo ao Departamento de Educação Física. Fonte:
Própria (2017).
Fotografia 55. Polioptila plumbea observada em área campestre próximo ao campo de Futebol da
UFRN. Fonte: Própria (2017). Fotografia 56. Passer domesticus observada próximo ao NUPEG II.
Fonte: Própria (2017).