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Ministério da Saúde

FIOCRUZ ~ICICT
Instituto de Comunicação e Informação
Fundação Oswaldo Cruz
Científica e Tecnológica em Saúde

Obras Raras Fiocruz


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Obras Raras Fiocruz


Acer vo D igit al d e Ob r as Rar as e Es peciais
Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio

NOMES DE AVES EM LINGUA TUPI


( CO-NTRIBUIÇÃO PARA ALEXICOGRAPHIA PORTUGUÊSA)

RECIFE - 1811

Publicação auctorizada pelo Sr. Ministro da Agricultura,


Dr. Pedro de Toledo
/

/
/ /

•r

RIO DE JANEIRO
Typograpbia annexa á Directoria do Serviço de Estatistica

1913
Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio
--- -

NOMES DE AVES EM LINGUA TUPI -


( CONTRIBUIÇÃO PARA ALEXICOGRAPHIA PORTUGUÊSA)

RECIFE - 1811

Pnblien.ç:'.=io a11<·tox·izaclt1, pelo Sr. ::VIinistro da Agric-nlh11.·n,


D1·. P ch·o de Toldo
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RIO DE JANEIRO
Typographia anncxa ú Direcloria do Serviço de Estatística
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O.GQ.®t'Ó, •

811 pti~t11 (,'<tet,11w.


OOÃO

O presente estudo é parte integrante do G lossarzo das palavras


porlug-uêsas denvadas da l/1~rtzta tup1·, que conservo ineclito por circum-
stancias de todo independentes ele minha vontade.
Seccionando-o por classes de nomes, da maneira por que hoje
apparece ste ocabulario, obedeço ao proposito de facilitar sua pub1i-
cação, que ele oulra sorte seria talvez cousa irrealizavel, se não relegada
para um futuro remoto e duvidoso.

O Brasil lem, i11couteslavelme11te, o quiuhão leonino na avifauna


11eotropica americana. Segundo os dados ele vVallace e Sclater, aquella
zona, que abrange toda a America elo Sul e Centro, até o Texas e as
Antilhas, abriga 3. 164 especies c1 aves; dessas, conforme á estimativa
ele Goeld i, cabem á sub-reg ião brasileira, no estado actual da sciencia,
1. 686 especies, - mais de metade das especies neotropicas e quasi 1/ 6 da
ornis do globo.
O Catalo,_{{o das Aves do Brast'I, de Herrnann e Rodolpho von Ihe-
ring, enumera 1. 567 espec ies e 213 sub-especies, deixando fóra da lista
as aves que Bates co1ligin no rio Javary, extrema fronteira noroeste do
Brasil, por não h aver certeza se provieram do nosso, on elos paizes
limitrophes.
Assim, é natural e exp1 icaYel que os 110111es de aves avultem no
lexico incligeua em maior proporção que as outras classes de nomes.
ln ven tariando-os neste g lossario, consegui interpretar etymolo-
gicamente uma quóta que excede em muito a claquelles que me prece-
deram nesta odem de estudos; muitos, toclm·ia, não poderam ser
explicados, e por esse motivo foram omitticlos; de alguns outros, não
tive a origem por sufficientemente comprovada, e era de razão que os
-6-
eliminasse tambem; outros ainda, por evidentemente onomatopaicos,
dei..-..caram de ser col]eccionados, e esses em numero mais considerave]
que quaesquer outro~
Devêra, talvez~ e1-lit i-1os todos; mas, como me propuzesse apenas
a confeccionar um elnci:dario etymologico de termo originarios do tupi,
entendi sómente a esses dever estender a minha collectanea.
Em sua grande maioria, não foram ainda esses nomes apontados
em nenhum cliccionario ela lingua, on mesmo em vocabularios especiaes;
não vejo, entretanto, motivo poncleravel para isso, desde quei segundo
o conceito do eminente critico D. Juan Valera, expresso na introducção
do Vocabularz'o Rz'opla!e1tse Razonado, de Daniel Granada, - um voca-
bulo, quando designe um objecto natural que tenha acaso um nome
scientifico, sendo usual e corrente, é tão legitimo como o mais antigo e
castiço.
<< ão é só a língua portuguêsa ( disse-o excellenlcmeute o illus-
trado director do Museu Paulista), não é só a historia comm um que
une os differentes Estados do Brasil, mas tambem o facto quasi aclmi-
ravel da distribuição vastíssima e completa das palavras derivadas da
lz'ng-zta g·eral. E' preciso respeitar essas raízes ela formação da naciona-
lidade brasileira e julgo que aos sabios que estudam a natureza do pai:t;
compete, com todo o criterio, apoiar e guiar o processo ela assimilação
dos termos tupis 110 organismo da lingua brasileiro-portuguêsa» ( 1 ) .
esse sentido o seguinte glossario afigura-se-me uma contribuição,
modesta embora, á lexicographia portugnêsa; e é esse tambem o seu
principal intento.

Os indígenas amencanos, sobretudo os elo grupo tupi-guarani,


revelaram-se provectos observadores da natureza. Assim é q11 , con-
forme testemunho de compete11te autoridade, muitos factos lhes eram
familiares qne á sciencia ainda hoje são desconhecidos . Sua nomen-
.clatura delata esta notavel aptitude, caracterizando e definindo precisa- ·
mente os seres e objectos nomeados.
Os nomes de aves, em particular, têm directa referencia ao seu
aspecto exterior, ao instincto, ou ao modo de vida:; . alguns, entretanto,
se vão prender a lendas e superstições que correm entre o povo e

(1) DR. HERl\IANN VON lHERING: As aves do Estado de S. Pa1tlo, na «Revista elo
Mt1seu Paulista", vol. III, p. 121,
7-
emprestam ao /olk-lore brasileiro, ou melhor sul-americano, uma das
suas feições mais interessantes. Consignando essas lendas e super-
stições, fui levado, pela propria connexão elo assumpto, a fazê-lo tambem
com relação a outras, que, embora sem ligações de ordem etymologica,
não são para desprezar como elementos para o estudo da ethnologia
brasilica.
Para designar o passam ou ave tem a lingua o termo g1tú·á, que
se decompõe: o-yb-rá ( -= que a1to se solta on se eleva,- conforme ex-
plica Baptista Caetano de Almeida Nogueira: Vocab1tlano das palavras
R·1tara111s lf.sadas pelo traduc!or da «Conquista Espiritual)), ps . 554);
esse nome, entrando em composição, facilmente se altera em ozrá,
uz'J-á, vú-á, urá, g-ztarâ, gará, grá, ará, etc. O nome urú, dado como
onomatopaico, tambem significa ave; era applicaclo ás perdizes pequenas,
estendendo-se posteriormente aos gallinaceos em geral; 1trú-g·uaçú,
a uní grande, foi a designação guarani do gallo e gallinha domesticas,
que entre os tupis ela costa se chamaram çapucaya ( = canto, grito,
clamôr), provavelmente na origemx1úrá-çapucaya ( = canto de passam,
cantar de ave, e tambem a ave que canta, grita, ou clama).

Para maior clareza das interpretações etymologicas se fazem nece5.-


sarias algumas observaçõesgrammaticaes, que, em synthese erestrictas
ao objecto elo presente escripto, passo a consignar :
a) quando na composição elos termos entra um substantivo com
um acljectivo que o qualifique, aquelle precede sempre a este : guz'rá-
úna ( = passam negro, ou escuro).
b) a relação dita do genitivo é sempre expressa pela posposição elo
thema regente ao thema regido : ára-giárá ( = passam do dia); ás vezes
o thema regente vem affectado dos prefixos r e re.
e) o augmentativo fórma-se pela posposição ao nome no gráo
positivo do suffixo açú, que se altera em guaçú, oçú, uçzt, uaçú, buçú,
turuçú, ou simplesmente çú, conforme á gamma do thema com que se
combina. E' o suffixodo augmentativo por excellencia, correspondente
ao suffixo portuguê~ - ão, ona, etc.; traduz-se em geral por grande,
mas admitte os significados correlatos de grosso, basto, espesso,
cónsideravel.
O suffixo etê exprime tambem grandezá; tem, entretanto, melhor
equivalencia nos qualificativos verdadeiro, legitimo, real.
-8-
d) o diminntivo forma-se pela posposição ao nome no gráo positivo
do su:ffixo nu'rún, qne se altera em 11111·1, mí e í, correspondentes ao
suffixo português- /11/w, - .ú11!w, etc.
e) o freqnentativo é expresso pela repetição das ultimas sy11abas
da dicção; iud-ica continuidade da acção e tambem o seu gráo mais
intenso, ou superlativo.
/) o suffi.,,o e!â exprime plnrnlidade, assim como gnantidade,
significando muito, bastante, em excesso.
l() o suffi.xo nllla ou rrz
indica semelhança em relação ao objecto
a que se applica : semelhante, parecido, é a sua accepção mai geral,
equivalente ao suffi.xo grego otdc' ; ás ,·e,,,es, porém. parece exprimir
degeneração, illegitimidacle, falsidade, apresentando o significadu de
espurio, bastardo, em sentido oppo. to a C'/r1, que já vimos, equivalendo
ao vulgar brabo, do 11zatto. Com respeito ao nome de aves, a primeira
accepção é a mais natural.
/z) o suffi.xo péba, que se altera em péva, béba, bh a, phna, pémba,
1

ou se redm: simples111e·11te a pf ou hé, significa chato, plano, baixo, infe-


rior; é um qualificativo que tem largo emprego nos zoonymos, servindo
para distinguir diversas especies de a11i111aes, e outras.
t') os suffixos ara e elo participio nominal, ou elo 110111r' 1t,
hru·,

agntlú, significam o qne ou aqncll qne pratica a acção expressa


pelo verbo; ara, 110 guarani /l([r, çar, rrr ser\'e essencialmente aos
verbos transitivos, ao passo que bac, que se reduz aba ouma, serve aos
verbos intransitivos; mas essa distincção não é rigorosa, porquanto é
frequente a. occurrencia do participio de bae nos verbos transitivos,
como ás vezes apparece o de ara nos intransitivos. Correspondem
respectivamente aos suffi.xos portuguêses - ador, - odor, - ,dor, e
- ante, - ente , - /nte.
i) os pronomes demonstrativos são I, li, )' e 17; t é o demonstrativo
geral para as dicções que começam por ,-ogal ; torna-se fr, antes das
palavras começRdas por r = nerepresenta os adjectivosarticu]ares o, a,
os, as; lz é tambem empregado nas dicções começadas por vogal, em
guarani; torna-se ç= s no tupi, quando deixa de ser pronome e se
incorpora ao thema; y, de tão frequente emprego na composição dos
nomes, equivale ah, e apezar de vir sempre prefixado, pode apparecer,
por excepção, intercalado nas dicções; n equivale ah e y.
-9-
Ainda outras observações caberiam aqui; vão, entretanto, nos
logares proprios, quando mais precisas se fizerem á clareza das expli-
cações etymologicc:\,.s.

Deixei consignado que os nomes de aves têm directa referencia


ao seu habito externo, quero dizer, ás côres ele sua plumagem. A língua
tupi-guarani apresenta grande variedade em designativos de côres, dos
quaes dou a segLlÍr os de mais frequente emprego na composição dos
nomes, hem corno os respectivos significados, alterações e variações.
a) úng-a= branco, brancacento, alvo, claro: alvacento; altera-se
em túz e tí; 1z·11g·atú = bem branco, mui alvo; morotúig-a, morotz"n e
moratí=muito branco, alvissimo; o prefixo moro, junto a alguns
acljectivos, leva-os ao superlativo.
b) Ítna=negro, preto, escuro; altera-se em ftúna, ún, zí, pL-rúna
e mú; wnbá=negro todo, negro completamente; umbará = negro pin-
tado, variegado, salpicado; unzbatá ou mnatá = semi-negro, escuro,
meio preto ; 1mdaí= muito negro ; 1tndí ou unz·= negrinho, pretinho,
pintado ele negro, negracento; uni·atú = bem negro, bastante negro;
unoby=preto-azul, ou azul escuro, verde-negro; urandí ou ulandz
= negro acceso, preto luzidio, preto brilhante, lustroso.
e) pú-ang-a ou púan"ra=vermelho, rubro, encarnado ; altera-se
em pú-an ou p/rã, pàan, púá e puz/á; múang-a e múau.
d) oby=vercle, ou azul; çug-zâ = azul; tubí, tubz·ra ou tuz·ra ( con-
tracção e alteração ele /1 -.- branco, e oby = azul cinzento, pardo, côr
negra desbotada.
e) yuba=amarello ; altera-se em juba e ju; yubaí=muito ama-
rello, muito pallido; yumi°= amarellado, pouco amarello; tag-uá ou
tauá=amarello, no tupi amazonico.
/) pará ou ntbará=pintado, variegado, de varias côres.
l{) pínínza=pintaclo, pontuado, salpicado de pintas ou pontos.

Na transcripção elos vocabulos tupis-guaranis adoptei a· ortho-


graphia usual, isto é, aquella que tem sido seguida pela maioria dos
autores, embora reconheça certas vantagens na orthographia technica
internacional com as modificações propostas pelo autor das Plantas
L. T. 2
10

Usua!es del Paraguay, ainda recentemente adoptacla pelo Dr. A. ele


vVinkelried Bertoni, em seu t ocabulano Zoológico G11ara;á, publicado
nos Annaes do Terceiro Congresso Scientifico Latino-Americano.
Julguei de utilidade defrontar com a denominação vulgar das aves
'
o nome scientifi.co com que os ornithologos as designam, e a familia
em que as classificam. Parecerá truismo ou pedantismo; mas é sabido
que aquellas denominações differem muitas vezes ele uma localidade
para outra, acontecendo tambem servir um mesmo nome para deter-
minar varios individuos, ou um mesmo individuo ser nomeado por
differentes maneiras.
Vem dahi a confusão, que os proprios especialistas assignalam ;
dahi, portanto, a necessidade da nomenclatura technica, quando mais
não seja, como simples meio de identific·=tção .
A synonymia adaptada é a do excellente Calalog·o das Az 1es do
Brasil, organizado pelos Drs. Hermann e Rodolpho vou Ihering,
director e funccionario do Museu Paulista; ella se impõe, porque
é baseada nos preceitos e regras da nomenclatura zoologica interna-
cional, de 1905.
Por ultimo, addicionei aos nomes das aves a respectiva distribuição
geographica, que, aliás, não é nem pode ser rigorosa, dada a comple-
xidade inherente á .semelhante ordem de estudos.
BIBI_JIOG RAP H.lA

1- P. A:-.."l'ONIO Rurz DH MoNTOYA: Arte, iiocabulario )1 lesoro de la lengua


.rruarani, ó mas bien tupi. Nneva edicion, Viena -- Paris, 1876. ,
2 - DR. A. DE WINKELRIED BEJ{TONI: Vocabulario Zoológico Guarani - nos
Annaes do Terceiro Congresso Latino-Americano, tomo VI (ps. 541-603)
- Rio de Janeiro, 1910.
a - DR. BAP'l'ISTA CAETANO D.E ALMEIDA NOGUEIRA: Vocabulario das pala-
1.iras guaranis usadas pelo traduclor da «Conquista Espiritual,> nos Annaes
da Bibliotheca Nacional, volume VII -- Rio de Janeiro, 1879.
-i - TENENTE-GENERAI. VISCONDE DE BEAUREPATRE ROHAN: Diccionarz·o de
vocabulos brasileiros - Rio ele Janeiro, 1889.
õ - DR. CARL FRIEDR. PHIL. VON MARTIUS: G/ossaria Linguarum Brasilien-
sium. - Erlangen, 1863.
6 - P. CARLOS TESCHANER, S. J.: As aves nos costumes , superstições e lendas
brasileiras e americanas (Estudos etlmographicos) - Rio Grande, 1909.
1 - DR. COUTO DE MAGALHÃBS: O Selvagem --- Rio de Janeiro, 1876.
8 - D. DANIEL GRANADA: Vocabulario R.iupltjjense Razonado. - Montevi-
deo, 1890.
9 - DR. E11nLIO AUGUSTO GoELDI: a) .ris Aves do Brasil - Monographias
brasileiras II. - Rio de Janeiro, 1894-1900. - b) Album das Aves arna-
z onicas (S upplemento illustrativo á obra As Aves do Brasil).
10 - D. FELIX DE AZARA: Apuntamientos para la Historia Natural de los pájaros
de Pa1-agüay y Rz·o de la Plata - 3 volumes --- Madrid, 1803.
11 - GABRIEL SOARES DE SOUSA: Tratado Descrzptivo do Brasil em I587. - Rio
de Janeiro, r85r.
12 - DR . HERMANN BuRMEISTER: SJ 1stematz"sclte Uebenicht der Thz"ere Brasi-
li"ens. - Berlin, 1856 (Aves II e III volumes).
13 - DRs. HERMANNERODOLPHO VON h-IERING: As AvesdoBrasil(Catalogo).
Edição do Museu Paulista. - S. Paulo, 1907 .
14 - DR. JOSÉ ANTONIO DE MACEDO SOARES: Diccionario brasüeiro da língua
portuguêsa ( A-C ) - Rio de Janeiro, 1889.
lõ - JosÉ VERISSINIO: Scenas da Vida Arnazonica. - L isbôa, 1886.
16- P. JOSEPH DE ANCHIETA: Arte de Grammatica da língua mais usada na
costa do Hraszl - Edição P latzmann. - Lipsia, 1874.
- 12 -
17 - DR. J . BARBOSA RODRIGUES: a ) Poranduba .--J111azonica. - Rio de Janeiro,
1880. - b) Vocabularios i11digenas I e li. - Rio de Janeiro, 1892-1893.
18 - DR. Juuus PLA'l'ZMANN: Das A 11011y111r l Vor!erbucl, Tupi-D eu!sdi 1md
Deu!sch - Tupi. - Leipzig, 19o r.
19 - LtrCIEN ADAM: Jlf"alériaux pour sen •ir à l'é!ablisse111e11I d'une C ram111aire
comparée des dialec!es de la Fa111ille Tupi. - - Paris, 1896.
20 - MAXIJ\rILIAN, PRINZBN z u \VIED : Beilr1~ire .~·ur Nallu geschirl!le vou
Brasilien. - \,Veimar, 1830 ( Aves, III e IV volumes ) .
21 - DR . PAUL EHRENREICH: Die Yl_y!lum und Legeude11 derSiid-amerikanisc/1e11
Urvolf.,er und iltre Be.ú e!t1111xen z u de11e11 l \lord-a111eri/,a s und der a/le1t TVell.
- Berlin, r905.
22 - Prso 1<: MARCGRAV: J-fistoria 1Valuralis Hra siliae --- Alllsterdam, 1648.
23 - DR. RoDOT.FO LENZ: Diccionario h'Limolf!Jico de las voces chilenas den va-
das de lenguas indijenas americanas . - Santiago de Chile. 1904- 19rn.
24: - DR . THEODORO SAMPAIO: O Tupi na Ceograp!úa Nacional. - S. Paulo,
1901.
25 - DR. VICENTE CHERM0 T DE MIRANDA: Glossario Paraense, ou Collecção
de vocabulos peculiares á Amazonia e especialmente â il/1a de /11'araj6. -
Pará, 1905. •
26 - DICCIONARIO PoRTUGUEZ E BRASILIANO - Lisbôa, r795.

NOTA - O numero em typo preto , inscripto em seguida ao nome do autor


que é citado, reporta-se á respectiva obra, mencionada nesta bibliographia. As
abreviaturas empregadas neste escripto são as usadas em trabalhos congeneres.
·vooAJ3 1,ARJO

.Acamntauga: Amaz ona d,~fresniz', Kuhl. ( ?) Fam. Psittacidae. Tambem


chamado Ajuru-eLê. Burmeister : 12, II, 183. - E'l'YM.: de acã = cabeça+ mn-
la1tga por pitanga - - vermelha. Altera-se em ,·/mmafanga e Camala11ga. --- Rio de
Janeiro e E!'pirito Sauto .
Acnnã: I-ferpetoL!teres cad1iimans, Linn. Fam. Falconidae. - E'l'YM. : para
Baptista Caetano : 3, I 9, vem de acá ( decidido, resoluto) e um suffixo dizendo
,, briguento». Alt. A cauã, Cauã e llfacauã . - Nome geral.
Acanatí : N eomorp!tus g eojfroJ,i, Gm. Fam. Cuculidae. - E'l'YM : de acã =
cabeça + at1 = pontuda, aguçada, porque tem cocuruto. - Snl.
Acnpitã: Paroaria capilaLa, Lafr. et D ' Orb. Fam. Fringillidae. - ETYM :
de acã -= caheça + pi!ã vermelha. Alt. Capitá em Azara: 10, I, 509. - Missões
e Paraguay.
Acauã: ver ,•lcauã.
Acumatnng·a : ver Acamutanga .
Agerú : ver Ajuní.
Ageruaçú : ver Ajuru-açú.
Ageruetê : ver Ajuru-elê.
Aguapeaçocn : Yer Piaçoca.
Ajurú : A111a.:·ona aesliva, Linn . Fam. P ·ittacidae. O nome estende-se ás
especies afüns. - E't'YM. : de a = gente + j11ní = bocca : allusão ao fallar o
papagaio como gente. ( Cf. Baptista Caetano : 3, 56, e Maced.o Soares : 14, 34);
pód.e tambem ser expl icado por ajw ú = pescoço + !t = negro, porque são
orladas de preto as pennas elo pescoço ela ave. - Alt. Ag-ení . .ferií e.funí.. - · Sul
até Pernambuco ; Argentina e Paraguay.
Ajurú-açú: Amaz ona.fa,inosa, Boclcl. Fam. Psittacidae. Ta111bem chamado
.furft e Moleiro ; é o maior papagaio do Brasil. O~corre em Gabriel Soares : 11, 229,
Ag-erztaçft. - ETYM : de ajuní., quocl vide, + açzí. (suff. angmentativo) =
grande. Alt. .f11maç1t. - Amazonia e Estados d0 Sul.
Ajurú-npára: Amaz ona ()c/nocep!1ala, Gm. Fam. Psittacidae. - ETVM: de
ajNní, q. v. t apára = arqu~ado, vergado, acabrun hado. - Amazonia.
- ]4 -

Ajurfr-catinga: Ara modesta, Linn. Fam. Psittacidae. Occorre em Marcgrav:


22, 207, Aiuru-catinga. - ETYM.: para Bertoni : 2 , 545 , Yem de adjuní , e elo
tupi katinga = mao olor natural : acljurú que buele mal. E ' inaceitaye! seme-
lhante etymo. A meu ver deriva-se o nome ele ajuní, q. v. , âca = ponta , bico , --j
ti11ga = branco , accórde com a diagnose de Marcgrav ( lor. ri!.) : roslro al'i'o, etc .
- Norte.
AjurÚ•ClU'iÍll: A mazona amaz-onica, Linn . F am. Psittacidae . Tambem cha-
mado Papagaio dos mangues , Encoulros i1erdes e Curica . Marcg rav: 22, 205 ,
Aiurú-mrau. - ETYM. de ajuní, q. v ., +
mrâu - que solta a lingua , maldi-
zente ; ou curáu por quary = sol , alt. por Marcgrav. - Ama zonas, Matto Grosso ; .
costa oriental.
Ajurú-ctê: A mazo11a d'lifresnii, Kuhl. Fam. Psiltacidae . 'l'a111bcrn1 cha-
mado A camutang a, Papagaio g rego, Papag aio verdadeiro . Gabriel Soares: 11,
229, Ageruété . - ETYM.: ele ajur,í, q. v. , +
d ê - verdadeiro , legitimo, real.
- - Sul.

Ajurú-jubacanga; Conurus aurir;apillus, Licbt. Fam. Psittaciclae. -


ETYi\L : de ajurft, q. v., + J 11íb = amarello +
acang a - cabeça : aj1tr!r da ca-
beça amarella. - Sul ?
Auhinga : Plo/us anTtiuga, Linn. Fam. Ploticlae. O mesmo qu e Big ucí-li11g a.
--- E'.rYM. : segundo Bertoni: 2, 549 , é nombre anti g uo tupi , que equivale á
cabe:z-apeque11a. - Amazonia , Matto Grosso, Minas G eraes, S. Pa ulo; Argentina
I
e Paragnay.
Auhnma : Palamedea conwta, Linn. Fam . Palamedeidae. - ETYM. : de
1t!tã - com a apposição do artigo português a, significando ave preta. ( Cf.
1t11t ,
Theodoro Sampaio: 24, 1 w ) Alt. Inhuma. - Amazonia, Matto Grosso, Bahia,
Minas Geraes e S. Paulo.
Au!t : ver Anmn.
Anum Crotopliaga ani, Linu. Fam. Cuculiclae. - ETYi\I. : alguns dão
como onomatopaico do canto da ave; mas Baptista Caetano: 3, 37, consigna
anu = ani, aparentado, que vive na sociedade (ele eguaes) , o que admitte Macedo
Soares : 14, 49 ; parece-lhe, entretanto, haver na palavra o radical anã = parente,
seguido do suff. ,ím = preto, negro. A interpretação de Baptista Caetano se me
afigura tanto mais verdadeira quanto os ornithologos referem que essa especie é
principalmente caracterizada por obedecer a costumes communistas, vivendo em
bandos e fazendo grandes ninhos coloniaes, onde as femea s deitam os oyos que
chocam em commnm. ( Cf. Goeldi: 9 a, 32). - N. geral.
Anum-guaçú: Crotopliaga major, Gm. Fam. Cnculidae. Tambem chamado
Anum-peixe. - ETYM. de anztni, q. v ., + guaçú = grande. - Sul. Amaz,)TiaS
(Rio Jurná).
Aracuã : Ortalis squamata, Less. Fam. Cracidae. - ÜTYM . : Martins : õ,
437, consigna dubitativamente como composto de guirá e guã = variegatus colore;
preferivel de aní, alt. ele guirá = passara, e aquã = ligeiro, rapido, veloz. ·- Brasil
oriental I;! sul.
-15-
Aracuão: Neomorp!tus gcoffroJ 1i, Te111111. Fam. Cuculidae. - ETYM. : como
o precedente. - Pará, Bahia, Espírito Sa uto, Rio de Janeiro .
.A.racy-uirá : Pftamicocercus camifex, Liun. Fam. Cotingidae. Tambem cha-
mado Papa-assahy, Saurá e Uirá-tatá. - ETYM. : de áracy = aurora (lit. a1á =
dia + cy = mãe, fonte, origem) e uirá por gui1-á = passaro : passaro da aurora,
por sua brilhante plumagem vermelha. Comparar Saurá.- Amazonia .
.A.raguirá : Corypltospingus cuculatus , Muell. Fam. Fringillidae. Tambem
chamado Tico-tico rei. Azara: 10, I, 499; Burmeister : 12 , III, 213. ETYM. : de
ára = dia + g1ârá = passaro : passaro do dia, em razão da brilhante côr rubra
que o singulari za. ( Cf. Granad a : 8, 85). -- Sul e Paraguay.
Ar:tp:tçú: Nome commum a algumas aves da fam. Dendrocolaptidae. -
ETYM. : de guirá = a vis, pã = tundens, açú = valde. (C f. Platzmann: 18, 543 );
melhor de)'bJ 1nípár por J'byní-apá1- = pán arqueado , arco de madeira, +
açú .
grande : allusão á fórma do bico dessas aves, g rande e arqueado. ( Cf. Bertoni :
2, 569) - Sul.
Arap:tpá - Ca11crom a coclilearia, Linn. Fam. Ardeidae. Tambem chamado
AralaiaçtZ e Tamaliá. - ETYM.: de ará , alt. de guirá = passaro +pãpã ( fre-
quentativo) -- aos saltos, aos pulos? - Norte, Rio ele Janeiro .
Arapong:t : Chasmarhynclms nndicollis, Vieill. Fam. Cotingidae. Tam ben1
chamado Ferreiro ; mas Burmeister : 12 , II, 426, chama Ferrador ( nicht Ferreiro) .
+
- ETYl\C. : de ará, alt. de g uirá = passaro ponga = sonante, que sôa. Guira-
ponga, Urap01wa. - 1 . geral.
Arapouguinlrn : N. commum a duas aves : Oxyrltamp!tus Jlammiceps,
Temm. Fam. Oxyrhamphidae. Tambem chamado Clâbante. - Tityra i11quisit01-,
Licht. Fam. Cotingidae. - ETYM.: comp. hybrida : de araponga, q . v., e suffi.
dim. port úzha. - S ul.
Arapnl'Ú : N. commum a diversas aves da fam. Pipridae. - ETYM. : de ará,
alt . de guirá ==- passaro + purft por pirft = secco, magro. Guirapuní, Irapurft,
Uirapuní. - Amazonia .
.A.rára : N. comm um a diversas aves da fam. Psittacidae . - ETYM.: dado
como onomatopaico do fallar da ave ; mas ará póde ser alt. de guirá = passara,
e aní-ra ( frequentativo) póde exprimir passaro grande. Note-se, entretanto,
que na ling ua Aymará arára sig nifica fallador, palrador. O nome ura caracteriza
um genero represeu tado por varias especies de Psi ttácidas grandes. - N. geral .
.A.rárn,·cauga : . commum a duas aves da fam. Psittacidae: Ara macao,
Linn., e A. chloroptera, Gray. Tambem chamadas Macao e Arára-pirang-a. -
+
E'l'YM.: ele arára, q. , . , acanga = cabeça. - Amazouia, Rio de Janeiro,
S. Paulo; Argentina e Paraguay.
Arára-piranga: N. commum a duas a ves da fam. Psittacidae: Ara macao,
Linn., e A . chloroptera, Gray. Tambem chamadas Macao e Arára-canga. -
/
ETYl\I.: de arára, q. v., +pirang-a = vermelha. - Amazonia, Rio de Janeiro,
S. Paulo, Argentina e Paraguay.
Arára,-úna : Anrodorlrynclrns !tyacinthinus , Lath. Fam. Psittacidre. Marcgrav:
22, 206. - ETYl\L : de ará1a, q. v., +{ma= negro, escuro. - Amazonia, Goyaz,
Matto Grosso e Minas Geraes. '
- 16 -
Aráriuha: .-lra 111a1tilala, Bodcl. Fam. Psittacidae. -E'l'YJ\I.: comp. hy-
brida: de arâra, q. Y., e suffi. clim. port. inlta. - Amazonas e Matto Grosso.
Aratainçú: Cancroma codt!earia, Linn. Fam. Arcleidae. Tambem chamado
Arapapá, Tamatiá e Colltereiro. -ETYJ\I.: de aní, alt. deguiní =- passara +
tâi = bico + açú = graude: passaro de bico grande. Apud Goelcli, : 9 a 526 ,
Martius explica: aratâ-J 1açft = avis cancros comedens (.-lra/Ít = cancer). Pre-
ferível á pri~eira explicação.--- Amazonia, Goyaz, Rio de Janeiro, S. Paulo e
Minas Geraes .
Aratauá: GJ 1111-1wmystax 111elaniclerus, \ ieill. Fam. Icteridae. - ETYlVL . :
de ará, alt. de guirá = passaro + tauá por taxuâ - amarello ( tnpi a111azonico ) .
Alt. Aritauá, lratauâ. - Amazonia.
. A.raúna : Cassidix 01J z i-.1ora , Gm. Fam. Icteridae. - ETYM. : de ará, alt. de
1

gufrá = passaro + fina =- negro , escuro. Alt. Cara(ma2 Crafma, Garafma ,


GralÍna, lrnfma. - Norte.
Aritauá : ver A ralauá.
Aruaí : Conurus leucop/1/ltalmus , Muell. Fam. Psittacidae. - ETVM.: de arõ
= sorrir, -l aí = mal: chocarreiro, gracejador, motejador. ( Cf. Baptista Cae-
tano: 3, 50) ; Bertoni: 2, 55r, consigna anta[ - zombador. «porque es el que más
zumba en el aire quando vuela". - Sul e Paragu3.y.
_,\.tangará: ver Tang ará.
Atangará-tinga : Afanacus mana cus, Linn . Fam. Pipriclae . Tamhem cha-
mada Rendeira e Bifreira. - ETv:-.r . : el e laug arâ, q. ,- . , 1 liug a = bran co. -
Amazonia.
Atingaçú ver Tiugaçft.

Bacurán: Nyctidro111us albicollis derb_yanus, Gould. Fam. Caprimulgiclae.


- para alguns é onomatopaico ; mas pode vir de mbaé....::: cousa, bicho
ETYJ\L:
+ curáu = que solta a língua, maldizente. - N. geral.
Baguarí : ver Maguarí. Occorre em Azara: 10, III, u4.
Bafacú : .I-Iaematopus palliatus, Temm. Fam. Charadriidae. - ETYM.: de
mbaê = cousa, bicho + ac/4 = quente? Como nome de um peixe ( Tetrodon psit-
tacus ?) muito mais proprio - S. Paulo (Iguape ) .
Batuíra: N. commum a diversas aves da fam. Charadriidae. - ETYM.:
de mbaê = cousa, bicho + tuíra = pardo, cinzento, de côr negra desbotada. - Po
Pará a Santa Catharina.
Batuirinha : .1-Ieteropygia .fuscicollis, Vieill. Farn. Charadriidae. - ETv:vr.:
comp. hybrida: de batuira, q. v., + suff. dim. port. inha. - Sul.
- 17
Biguá: Carbo vig ua, Vieill. Fam. Carbonidae. Tambem chamado Cflrvo
1narinlio. ETYM.: de mbJ' = m.J' = pé + guá = redondo; totipalma. Comparar
Myuá. - Amazonia, Matto Grosso.
Biguá-tinga: Plotus anlzing a, Linn. Fam. Plotidae. O mesmo que Anliz'?1g a
+
e l11j1 wí. - ETYM.: ele bz/;'uá, q. v., tinp·a = 'branco. - S. Paulo, Minas Geraes,
Amazonia e Matto Grosso.

e
Caboclinlto: Sporopllila nigrourantia, Boclcl. Fam. Fringillidae. - ETYM.:
comp. hybrida: ele caboclo (lit. caá matto +
boc, suff. ~ndicativo de procedencia::
procedente do matto ) + suff. dim. port. inlw. O nome lhe vem da côr castanho-
parda de sua plumagem. - Pará a S. Paulo.
CalJoré: Claucidimn brasilianum, Gm. Fam. Bubonidae. Marcgrav: 22, 212,
Caburé ; Pr. zu Wied: 20, III, 234 ; Burmeister: 12, II, 140. - ETYM. : de caá
=- matto +
boré por poré = morador. Alt. Cabiwé. - N. geral.
Caburé : ver Caboré. - Sob este nome é tambem conhecido na bacia do
Prata o Falco albigularis, de Daudin, Cam:é, na Amazonia.
Caçaróba : ver Picuçar6ba.
Caçuiróva: ver Picuçar6ba.
Caj ubi : ver Cujubi.
Camachilra: ver Cambacltirra.
Camachirra: ver Cambachirra.
Camatanga : ver. Acauizdang a.
Cambachirra: N. commum a diversas aves da fam. 'I'roglodytidae, designan-
do mais particularmente o Troglodytes furvus, de Gmélin, tambem chamado
Carriço. - E'l'YM. : de cambá = preto ( applicado a vivente: gente, macaco,
sariguê, passaro) + clziicllii, nome onomatopaico das and0rinhac; ( Cf. Macedo
Soares : 14:, 141.) Alt. Canzadtilra e Camacliirra, por intercurrencia do verbo
português cltilrar. - O nome designa tambem uma especie de lepidoptero elo
genero Megalura (Megalura Clziron, Fabr.) - N. geral.
Canindé: Araararamta, Linn. Fam. Psittacidae. Azara: 10, II, 400. -
E'l'YM. : talvez contracção de arára-canindé = arára muito retinta. ( Çf. Baptista
Caetano. 3, 67) . - N. geral.
Capitã: ver Acapitã (Cf. Granada : 8, 142).
Capororóca: Coscoroba coscoroba, Muell. Fam. Anatidae. - E'l'YM.: de cá,
alt. de guirá = passaro + poror6ca = estrondante ; allusão ao bater das azas
dessas aves, quando levantam o vôo. - Rio Grande do Sul.
Capoeira: Odontoplwrus capueira, Spix. Fam. Odontophoridae. Tambem
chamada Urú. - E'l'YM.: ele caá = matto +
puêra, suff. do preterito nominal :
que foi - matto extincto. O nome lhe vem do facto de habitar de preferencia as
capueiras e mattas. - Rio Grande do Sul até Goyaz e Bahia .
L, T, 3
18 -
Caracará: l/,fi/vago c!tinzachima , Vieill . Fam. Falconidae Marcgrav: 22,
211 ; Azara : 10, I , 42 Burmeister : 12, II, 40. - ETYM. : alguns dão
como onomatopaico ; melhor de carãe = arranhar : frequentativo carãe-carãe =
arranha-arranha, arranhador. -- O . Caracará figura nos mythos e lendas da
America do Sul. Um desses mythos, de que Martins foi o primeiro a dar noticia,
e a qne se referem Goeldi : 9 a, 45 , e Ehreureich : 21, 40, - conta que, quando
se formou o mundo, o grande Espirito fez a cada povo um presente, mas nada
deu ao Guaycurú ; este , queixoso, tomou conselho ao Caracará. - « Tu te
queixas e, entretanto, ficaste com o melhor quinhão, porque, como nada tiveste,
podes te apoderar de tudo quanto os outros têm. Esqueceram-se de ti : mata tudo
o que te apparecer no caminho !i> O Guaycurú tomou o conselho ao pé da letra e
começou logo por matar o Caracará, cuja doutrina segue fielmente. - N. geral.
Caracará-:í : l/,filvago chimang o, Vieill. Fam. Falconidae. Tambem chamado
C!timango e Caracará-branco . - ETYl\J. : de caracará, q . v., +t= pequeno . -
N. geral.
Carachué: T1trdus f wnig atus, Licht. Fam. Turdidae. ETYM.: de cará,
alt. de guirá = passaro + cltué = vagaroso , tardo, chorão. Uirá-clwé . - No
Pará chamam Ca1-acltué ao proxenêta, individuo que vive á custa de prostitutas.
- Amazonia.
Carancho: Pol_)'bor1ts t!tams, Mo!. Fam. F alconidae. - E'f Yl\J.: de carãe
=arranhar: o que arranha, o que dilacera com as unhas. Cf. Theodoro Sampf,tiO:
24:, 120). - N. geral.
Carapirá: ver Crapirá.
Caraúna: ver Ara/m a.
Cauã: ver Acauã.
Cauaré: ver Cauré.
Cauré: Falco albtg 1tlaris, Daud. Fam. Falcouidae. Tambem chamado
Colleirinl1a e Tem-temz inlw. - ETYM.: contracção de caá = matto, e buré por
poré = morador: morador do matto, porque procura habitualmente as selvas,
fugindo da visinhança dos centros populosos. Na bacia do Prata é conhecido pelo
nome equivalente de Làbztré (Cf. Teschauer: 6, 12 ) . Usa-se tambem Cauaré.
A queda do b, ou a sua mudança para u; é commum e frequente no tupi
amazonico. - Ao Ca uré attribue a superstição popular na Amazonia virtudes
mysteriosas, taes como as de augmentar a fortuna e dar felicidade a quem quer
que possúa um fragmento do seu ninho, que, retalhado, se vende a bom preço no
mercado do Pará. Mas o dr. Goeldi verificou 1ue o que alli passa por ninho
de Cauré, é simplesmente o ninho de mn cypselideo, a Panyptila caJ anensis, de
1

Cabanis, á qual move aquelle dura guerra , perseguindo-a até em seu abrigo e
ahi montando guarda, a ponto de ser tomado pelo povo por dono e inquilino legi-
timo do ninho qnem não é senão um méro salteador. (Cf. dr . E. A. Goeldi :
A L enda A nzazonz"ca do Cauré, in Boletim do Museu Paraense, vol. II, ps. 430 e
seguintes) . - Amazonia.
Chimango : Milvag o chimang o, Vieill. Fam. Falconidae . Tambem chamado
Caraca1-á-í e Caracará-branco. E'l' YM. : para alguns é onomatopaico. Rodolfo
Lenz: 23, 811, consigna cltumângo, e diz que o nome cliimango é çorrente na
- 19 -
Argentina, de onde passou ao Chile ; é pravavelmeute de pracedencia india, mas
Lenz não sabe de que líng ua. Baptista Caetano: 3, roo, dá como tupi -guarani,
explica1ldo por /úbá = caça-piolho. - Rio Grande do Sul, republicas Platinas e
Chile.
Chopim: /llfolotlirus bonariensis, Gm., ou Aaptus c!t0pi, Vieill. Fam. Icteridae.
Tambem chamado Vira-bosta e Coricho. - ET YM .: Granada: 8, 199, dá como
derivado do guarani c!t0pi sem explicação: parece onomatopaico. - Sul.
Coaracy-mirnby: Syrigma sibilatrix , Temm. Fam. Ardeidae. - ETYM: ele
coarac)' = sol, + minzby = flauta: flauta do sol. - Sul ? Paraguay.
Coaracy-uirá: 1-Iaematodents mi/itaris, Lath. Fam. Cotingidae. - E'l'Yl\J. :
d e coaracy = sol+ uirú, alt. de g uirá = passara: passara do sol, por sua brilhan-
te plumagem rubra. - Os tapnyas amazonenses têm como certo que esse passara,
quando levanta o vôo, alcança ás nuvens, e só desce ao meio dia. -- Guyana,
Amazonia inferior, rio Tocantins.
Craúna: ver Ara/ma.
Cnjuhí : Cumana cujubi, Pelz. Fam. Crnciclae. E'rvM . : con tracção clejactt,
q . v., e obJ' = verde. ( Cf. Goeldi: 9 b, estampa 29, figura 1) . Alt. Cajubf,
C11jubim. - Amazouia, Matto Grosso e Paraguay.
'ujubim : ver Cujubf.

E11a111bú: ver lnamblt.

Gainambí : ver Guainmnbi .


Garaúna: ver Ara/ma .
Geréba : Cathartes aurea, Liun. Fam. Cathartid re . Tam bem chamad o
Urub!t-péba, Urub!t-caçador, Untb!t da cabeça vermelha e Urub!t-ministro. -
E•ry:r,,r. : ele gerê = volver, g irar + ba por bae = suffi. . elo nomen agentis : o que
yolve, o que gira, volven te , g irante, - pelo continuo movimento que faz com o
pescoço. - Amazonia e Sul.
G-rapirá: F1'egata aq1tila, Liun. Fam. Fregatidae. Tambem chamado Al-
catraz, Fragata, João Grande e Teso ura. Occorre in Gabriel Soares: 11, 250,
Carapz·1,á; Burmeister: 12, III, 459. E'l'YM.: ele grá alt. de guirá = passara -f-
pirá = peixe. - Região littoranea.
Graúna : ver Ara!tna . Tambem chamado 1/llelro, no Rio de Janeiro , e Ckico-
preto, no Norte; no Sul é o nome applicado ao Apliob1ts-c/1opi, ele Vieillot, e na
illia de Marajó ao Ambl)lcercus solitarius, do mesmo auctor.
20 -
Grou]rntá : ver Guirá-nl1eengetá.
Gruuhatá : ver Guirá-nheengetá.
OnacurÍL : N_ycticorax nJ1cticorax naevius, Bodd. Fam . Ardeidae. Tambem
chamado Socó. -E'rYM. : de guá, alt. g1tz'rá = passaro + curú, por podt = voraz.
- Sul.
Guaiunmlli . commum ás aves da farn. Tmchilidae (Be(ja-jlores).
Occorre i11 Gabriel Soares: 11, 2J4, Gainambí; Marcgrav : 22, 197 ; Burmeister:
12, II, 3 Ir. - ETYl\I. : susceptivel de varias explicações : ele guaí-aibí = passa
snbito ; de g11iní-memby = filhote de passara; de guirá-mimbig = passam scin-
tillante; de guirá-umbi (contrac. de ún e oby) = passam preto-azul; on de
guay-n-0111by = aquelle que é de côr verde ou azul; ou ainda gua-unoby = o qne
tem pluma verde-negra; e ontras menos acceitaveis ( Cf. Baptista Caetano :
3, 132, 144, 555 e 556; Platzmann: 18, 187; e Theodor0 Sampaio: 24-, 128.
Alt. Cainambt, Guanambt e J/fainumbí ( no Paraguay). - N. geral.
GuainumlJi-apiratí: Stepha1to_1,p lodiggesi, Gould. Fa111. Tmchilidae .
- ETv L : guai1tumbí, q. v., apir = cabeça + ati = pontuda, aguçada, porque
tem cocuruto de pennas no alto da cabeça. - Alto Paraná.
Guainnmbí-guaçú: Calbula mfovirides, Cab. Fam. Galbulidae. Tam-
1 bem chamado Beija-flor do matto-virgem . - ETYM.: de guainumby, q. v., + gztaçú
= grande. - Do Amazonas ao Paraná; Goyaz, Matto Grosso, Minas Geraes.
1
GuanamlJÍ : ver Cuainmnbf.
Guará: Eudocimus n,be,, Linn. Fam. Ibididae. - ETYl\I. : para Beaure-
paire Rohan : 4, 71, vem de guirá-piranga = ave vermelha ; mas é preciso suppôr
grande agglutinação, ainda mesmo que piranga se alterasse em pirã e pirá, como
é possível ; mais aceitavel é a explicação ele Baptista Caetano, embora dubitativa:
de guag = adornos, enfeites, e ráb = plumas. (Cf. Baptista Caetano : 3, 25).
Tenha-se em vista que as pennas dessa ave serviam de adornos aos índios - N.
geral.
Gnarajúba: Co1tu rus guarouba, Gm . Fam. Psittacidae. - E1.'vrvr.: de guará
alt . de guirá =-= passam + J'ttba = amarello. Alt . Guarúba, por agglutinação. -
N. geral.
Guarauicing·a : Pitylits fitlig-inosus, Daucl . Fam. Fringillidae. Tambem
chamado Bicudo e Bico-pimenta. - E'rYM . : ele guará, alt. ele guirá = passara +
nycinga, meta plasmo ele cynynga = resonante, rumorejante. - Bahia ao Rio
Grande do Su 1.
Guarúlia : ver Guaraj!tba.
Guirá•aca.ngatára : Guira g-1tira, Gm . Fam. Cuculielae. - E1.'YM. : ele
guirá = passara, acangatára = pennacho ( lit. ornato ele cabeça : acanga = ca-
beça + tára = ornato). - Norte.
Guirá-gua.çú-berába : Nemosia guira, Linn. Fam. Tanagridae. Occorre in
Marcgrav: 22, 2 r2. - ETYM. : ele guirá = passara, g uaçzí, = grande, e berába =
brilhante, reluzente. - Sul e Centro.
- 21 -
Guirá-nheengatú : Syc,:1,lis jlaveola, Linn. Fam. Fringillidae. Nome antigo
do Canario da terra. Occorre in Marcgrav : 22, 211. - ETYM. : de guirá =
passaro + nlteeng = fallar + caM = bem : passam que falla, ou canta bem ; ng
substitue c e g todas as vezes que á dicção precede ou segue gamma nasal. -
Em desuso.
Guirá-nheengetá : Taenioptera nengetá, Linn. Fam. 'fyrannidae. Hoje
mais conhecida pelos nomes de Pombin!ta das almas, /Jllaria Branca e Pepoasá.
Occorre in Marcgrav. : 22, 2 ro. - E1.'Yl\lI. : de guirá = passara + nlzeeng = fallar +
etá = muito : passaro que falia, ou canta muito. Alt. Gronhatá e Grimltatá, por
agglutinação. - Em desuso.
Guirapouga : ver Araponga .
Guirapurú : ver Uirnpimí,.
Guiratinga : H erodias egretta, Gm. Fam. Ardeidae. 'fambem chamada
Garça-branca. Occorre in Marcgrav : 22, 210. F1.'YM. : de guirâ = passaro +
tinga = branco. - Sul e Paraguay.
Uuiratil'ica: Paroaria cuc1tllata, Lath. Fam. Fringillidae. 'fambem chamado
Cardeal. Occorre in Marcgrav : 22. 2 r r. - ETYM. : de guirá =
passaro + tirica
= medroso, timido, fujão. - S. Paulo ao Rio Grande do Sul.
Guiraundí : Step!tanop!torus leucocepltalus, Vieill. Fam. 'fanagridae.-ETYM.:
de g 1tirá =
passaro + zmd[ =
negrinho, pintado de negro, negracento, azulado;
Baptista Caetano: 3, 555, traduz : passarinho salpicado de preto. Alt. Guraundí.
- Rio de Janeiro ao Paraná.
UtuamHlí : ver Cuiraundi.
Guriatã: Eaplwnia a1trea, Pall. Faw. 'fanagridae. - ETv111. : deguirí-atan =
o que canta, ou trina forte ( Cf. 'fheodoro Sampaio: 24:, 126); pode ser tambem
como Guirá-nlteengetá, de que se fez por agglntinação Gronlzatá e Grzm!tatá.
Alt. Curin!tatã. - Pará, Pernambuco, Bahia e Goyaz.
Gurinliatã: ver Guriatã.

Ibijaú: Nyctidromus albz'collis, Gm. Fam. Caprimulgidae. 'fambem chamado


Curiangú e Mede-legoas. Occorre in Gabriel Soares : 11, 233, Ubi~jaú,
Marcgrav: 22, 195. - ETYM. : de Jtby :_:: terra + y, demonstrativo (= o que,
aquelle que) e aú = comer, devorar: o que come, ou devora terra. Para alguns é
onomatopaico do grito da ave; mas conforme ao testemunho de Gabriel Soares
(loc. cit.), seu canto diz cuxaigu{g-uí - Região littoranea do Norte.
Ibijaú-guaçú: Nyctibius grandis, Wied. Fam. Caprimulgidae. --ETYM: de
ibi:faÍt, q. v., + guaçú = grande. - Amazonia e Guyana; S. Paulo e Matto
Grosso.
- 22 -

Inambú ·: N. commum a diversas aves da fam. Tinamidae, especialmente as


do genero Cryptunts. - ETYM-: dey , demonstrativo (= o que, aquelle que)+ ani
= em pé, e bur = emergir : a que emerge em pé, a prumo ; ou deJ1-ani = a que
se levanta + M estrondando (Cf. Baptista Caetano: 3, 173); ou ainda dey-nam-
btí, = o que corre surdindo, ou emergindo, ou o que levanta o vôo rumorejando.
(.Cf. Theodoro Sampaio: 24:, 130). Alt. Ina.1nú , In!tambú, Enanibú, Nambú,
1Vltambú. - N. geral.
Inambú-anhang·a: Clypturus variegatus, Gm. Fam. Tiuamidae. ETYM. :
de z·1tambú, q. v., + an!tanga = phantasma, diabo. -Bahia, Amazonia e Guyana.
Inambú-carapé : Taoniscus nanus, Temm. Fam. Tinamidae. Tambem
chamado Codorna bwaquez'ra. -E'l'Y 'I. de útambú, q. v., + carap é anão -
S. Paulo, Paraná, Minas Geraes e Paraguay.
Inambú-chintam: Crypturus tataupa, Temm. Fam. Tinamiclae. - ETYM.
de inamb/t, q. v. + e/tiniam (de cliin por tt == bico, e tam por a1tfan = duro, forte):
inamblt do bico duro? - Rio ele Janeiro ao Rio Grr.ncle do Sul ; Bahia, Minas
Geraes e Matto Grosso.
Inambú-chororó : CrJ,Phtnts parvirostris, Wagler. Fam. Tinamiclae. -
ETYM. : de inambú, q. v., -t c!toror6 ( 0110111 . ) rumorejante, sussurrante. - De
S . Paulo a Bahia e Matto Grosso.
Iuamb(1-guaçú: CrJ,Pht1us obsoletus, Temm. Fam. Tinamiclae. Ç)ccorre in
Azara : 10, III, 34 ; Burmeister, 12, III , 327 ; - E'l'YM. : ele i1tamb/t q. v.
+ guaçú = grande. - Do Rio de Janeiro ao Rio Grande elo Sul, Minas Geraes e
S. Paulo; Argentina e Parag uay.
Inambuí: Not!t1tra maculosa, Temm. Fam. Tinamiclae. Tambem chamada
Codomiz . Occorre in Azara : 10, III, 40 ; Bnrmeister: 12, III, 330. - E'l'Yi\l. :
- ele inambú, q. v. + { = pequena. -- fü1.hia para o Sul; Parag uay, Argentina
e Perú.

Inambú-pixuna: CrJtplurus cinereus, Gm. Fam. Tinamiclae . O mesmo que


Iuambzt-qztz'á. - ETYllI. : de úzambú, q. v., + p z"xáua = negro , escuro. - Amazo-
nia e Guyana.
Inambú-quiá: Crypturns cinereus, Gm. Fam. Tinamiclae. O mesmo que
i1ta11tbú-pixfma. - E'.rv111. ele inambft, q. v. + quiá = sujo . - Amazon ia e
Guyana.
Inam ú: ver inambú .
lnambú-péua-í: Crypturus strigulosus, Temm. Fam. Tinamiclae. O mesmo
que Inambú-relogz·o. - ETYM. : de inanzú, alt. útantbú, q. v., p éua por p éba ( tupi
amazonico ) = chato, + i = pequeno. -Amazonia.
lnhamb11 : ver lnambft.
Inhuma: ver An!tuma.
lpec ú : N. commum ás aves ela fam. Piciclae. (Pica-páus ) . Occorre in Marc-
grav : 22, 207. - E 'l 'YllI : ele yb = arvore, páu + pycoi = fura. ( Cf. Baptista
Caetano: 3, 204 ) . - N. geral.
- 23 -

Ipecú-acã-mirá : Ceopliloeus lineatus, Linn. Fam. Picidae .-ETYM.: de


zp edt , q. v. , acã = cabeça, e mirá por p irã = vermelha: ipeczí da cabeça en-
carnada. - Amazonia.
lpecú-atí : Celeus flavescens, Gm. Fam. Picidae. Tambem chamado joão
Velho, no Sul. - ETYM . : de zp ecú , q . v. , a = cabeça, e tí = branco: zjecú da
cabeça branca. - Amazonia .
lpecú-pinima: Celeus 1mdatus, Linn. Fam . Picidae. - ETYM.: de zpecú,
q. v. , { = pequeno, e p íníma -= pintado. - Amazonia.
lpecú-mirim : Mela nerpes cm entatus, Bodd . Fam. Picidae . - ETYM.: de
ipec!t, q . v., + mú im = peqneno. - Amazonia.
lpecú-tauá : Crocomorpliztsjlavus, Mnell. Fam. Picidae. -ETYM.: de zpecú,
q. v . , + tauá por tag uá = amarello ( no tupi amazonico ) . -Amazonia.
lpequí: H eliornis fulica, Bodd. Fam. Heliornitidae. Tambem chamado
Picapára, Merg ulltão, Patinho d' ag ua e Marrequinlta. - ETYM.: de zpéca ( nome
generico dos patos no tupi: lit. agna batendo, bate n ' agua ) + f = pequeno. Alt.
Pequi . - Amazonia e Matto Grosso.
Jrapu rú: ver [. irap1m't.
lra1.aná: yer Aralauá .
J
Jnhfrú : Jl1j 1cteria 111,_ycteria, Licht. Fam. Ciconiidae. Occorre in Marcgrav:
22, 2or ; cunvém notar que houve troca, na Historia Naturalis Brasilz'ae, entre as
fig uras do JabirÍt e do T uyuy ú , o que induzin em erro a Linneu, cujas descripções
especificas se basearam naquella obra. - ETYM. : deJ', demonstrativo ( = o que,
aquelle que, o que tem, ou está ) + abidt = farto, replecto, inchado: o qne está
farto, ou replecto - allnsão ao grande papo da ave. ( Cí. Theodoro Sampaio: 24-,
134) . Alt. Jabur!t. - Norte, Centro e Paragnay.
Jaburú : ver J abirâ.
Jacamim : Psop!tia crepitans, Linn. Fam . Psophiidae. - ETYM.: de y,
demonstrativo ( = 9' qne, aquelle que; o que tem ) , acã = cabeça, e m í = pequena:
o que tem cabeça pequena ; ou ele y -acã-nzyi = a que move a cabeça, a mesureira ;
ou ainda alt. dey-og-and = a que em casa se acostuma, a caseira (Cf. Baptista
Caetano: 3, 565 ) ; é mais natural a primeira explicação. - O nome dess·a ave
está ligado a um mytho, qne Barbosa Rodrigues: 17 a, 119, recqlheu no Rio
Branco ( Amazonas) , e a que tambemserefere Ehrenreich: 21, 40. Certa donzella
fugiu de sua aldeia para ir procurar marido além ; chegando á outra nação,
encontron um homem com quem casou; depois de casados foram banhar-se ao
riacho, onde esfregaram o corpo com a herva Jacamim, transformando-se em
Jacarnins. Depois disso, a moça sentiu que tinha ovos na barriga e deu á luz dois
ovos, de onde sairam um menino e uma menina, que se chamaram Pinon, e Seuci;
esta tinha sete estrellas na testa e aquelle era cingido por uma cobra de estrellas.
Emquanto o pae foi consultar os pagés sobre o caso, o menino pegou do arco e
das frechas e saíu a caçar, matando todos os Jacamins que encontrou, e qne eram
o proprio pae e os pagés. - Então fugiram, mãe e filhos , para a nação daquella.
- 24 -
Em caminho, disse ella ao filho: - cc Meu filho, co:n') chegarem 1'> á terra ele teu
avô? Qnanelo outr'ora ele lá saí, e.; tava virgem ; agora teu avô ha de querer
metter-me na cac;a tenebrosa, para que eu não conheça homens ... » - O filho
prometteu que ella nada soffreria; e quando chegaram, pegou elle de uma pedra e
lançou-a sobre a casa tenebrosa, ach atando-a ; e as mulheres to::las que Já estavam,
fugiram. O avô teve medo elo menino e recebeu todos muito bem . A menina morreu
logo, á mingua de marido; o irmão levou-a para o céo, e ella é agora as Sete-
estrellas (Pleyacles) . Voltando, não encontrou mais a mãe, que tinha sido engulida
pela cobra grande; saíu á sua procura e toi emprenhando todas ac; mulheres, até
que, achando-a, a levou tambem para o céo, onde ficou sendo Pinon, ou Cobra
grande ( Ophincus). - Amazonia, Rio Branco, Rio Negro a Guyana.
J:te-amim-copé-júba: Psop!tia oc!iroptera, Pelz . Fam. P~ophiidae. -E'l'YJ\L:
de jacamim, q. v. , copé = tergo, dorso, costas t y/tba = amarello: jaca71lim das
costas amarellas. - Amazonia, Rio egro.
Jacamim-ropé-tiJ10-a: Psop!da leucoptera, Spix. Fam. Psophiidae.- E-rv"r.:
dejacamim, q. v., copê = tergo , dorso, costas + tinga = branco: jacami111 das
costas brancas, como tambem é chamado . - R_ios Madeira e Solimões, Amazonia
superior e Matto Grosso.
Jacamim-úna: Psop!tia obscura, Pelz. Fam. Psophiiclae. - E-rv::1r. : de
1'acam.z'm, q. v., + ftna = negro, escuro. - Amazonia.
Jacarina: N. especifico com que a sciencia conhece a ave S erra-serra, ela
fam. Fringielidae. ( Volatz'niajacarina, Linn). ETYM.: de J'-ã-lt-ár-ini = ella a se
levantar a caír está, alludindo ao jogo que faz o macho a voar para cima e para
baixo na mesma linha vertical. (Cf. Baptista Caetano: a, 565 ) . - N. erudito.
Em Pernambuco chama-se Saltador.
Jacú: N. generico das aves da fam . Cracidae, especialmente das elo genero
Penelope. - ETYM.: de J', demonstrativo ( = o que, aguelle que), a = fructo ,
grão + czt=comer, tragar, engulir: o que come grãos. ( Cf. Baptista Caetano: 3,
565 ) . - N . geral. ·
Jacú-apétí: ver Juczttz'nga. -ETYM.: ele jacú, q. v ., apé = dorso + lt =
branco - Usado no Parag uay. (Cf. Bertotli: 2, 555) .
J acucaca: Penelope jacucaca, Spix. Fam . Cracidae. - ETv::1,r, : de jaclÍ, q. v.,
+ áca = ponta, côrno, porque tem crista. - Da Bahia a Guyana.
Jacú-guaçú : Penelope obscura, Ili. Fam. Cracidae. -E-rv;vr.: clejaett, q. v.,
+ guaçú = grande. - Rio de Janeiro para o Sul; republicas Platinas.
Jacupará: Cumana jacuting-a, Temm. Fam. Cracidae. Tambem chamado
Jacutinga. - ETYM.: de jacú, q. v., + pará= vario, ·variegado, de varias côres,
- porque o é effectivamen te. - Sul e Paraguay.
J acupema : Penelope su,perâliaris, Temm. Fam. Cracidae. - ETYM.: de
jacú, q. v . , + p éma por p éba = chato. Alt. J acupemba. -- Bahia para o S ul ; Minas
Geraes, Matto Grosso e Amazonia.
Jaéupemba: ver Jacupema.
Jacupoi: Penelope Sclateri, Gray? Fam. dos Craciclae. - E'l'YM.: de jacú,
q. v., + poi = delgado, fino. - Alto Paraná e Paraguay.
- 25 -
Jacutinga: Cumaua jamtinga, Spix. Fam. Cracidae. Tambem chamado
Jacupa~ ·á. Occorre em Azara: 10, III, 80,Jacú-apétí. ETYJ.VL: dejacú q. v. , + tinga
= branco. - Da Bahia ao Rio Grande do Sul.
Jaçanã: Parrajacaua, Linn. Fam . Parridae. Tambem chamada Piaçóca.
No Parag nay e republicas Platinas, o nome equivalente Djalzaná designa a
Gallinula galeala, de Lichten ,;t .:!in, da fam. Rallidae, e por extensão outras especies
affins.- ETYl\I.: de y, demon:;trativo (= o qne, aquelle que tem ou está), eçá =
olho + enã = alerta, attento, vigilante: o que está de olho alerta? (Cf. Baptista
Caetano: 3, 3c2); ou, melhor, dey-açã-nã: o qne grita forte, o que tem o grito
intenso ( Cf. Theodoro Sampaio: 24: , 134). - N. geral.
,Tandáia: Conurus aureus, Gm. Fam. Psittacidae. Tambem chamado Peri-
quito-rei. Marcgrav: 22, 206, Jendaya. - Ver Nandaya.
Japim: Cassiws cela, Liun. Fam. Icteridae. Tambem chamado C!tec!iéo.
-E'rYM.: dey , de1110115trativo ( = o qu~, aquel\e que tem ) , a= cabeça + pií =
fina ou delgada : o que tem a cabeça fina ou delgada ; admitte outras explicações.
- Amazonia, Goyaz, Matto Grosso, Piauhy e Bahia.
Japú: Oslinops decumauus, Pai!. Fam . Icteridae. Burmeistt:r: 12, III, 275.
- ETYM.: susceptivel de varias explicações, como de: y, demonstrativo (=o que,
aquelle que tem), ab = pluma +ll = negro: o que tem plumas negras, e outras;
mais natural, porém, é a que faz derivar o nome de ya (demonstrativo, como
acima)+ pú = soar, fazer rumôr: o que sôa, ou rumoreja (Cf. Baptista Caetano:
3, 571, e TheodoroSampaio: 24:, 136). -N, geral.
Japú-guaçú: Ostiuops decumanus, Pall. Fam. Icteridae. ETYM.: de japú,
q. v.,+guaçâ=grande. - Sul e centro.
Japuí: Cassicus p ersicus, Linn. Fam . Icteridae. Burmeister: 12, III, 273,
- ETYl\L: dejapâ, q. v. +í= pequeno. - Sul e Pai;aguay.
JnpuJúba: Cassicus p ersicus, Linn. Fam . Icteridae. ETYM.: de japú, q. v.
+yúba = amarello .- Amazonia , Goyaz, Matto Grosso.
Jerú: ver Ajurú.
Jeru tí : ver Jurutt.
Juparába: Brologerysvirescens, Gm . Fam . Psittacidae. O mesmo que Tui-
iuba-berába. ETYM.: ele J'Ú = amarello + paráb =-= vário, variegado, pintado :
pintado de amarello, pela mancha desta côr que o passaro tem nas azas. Quiçá,
na origem, fosse Tui-yúb-parába, dizendo o Tui ele amarello pintado; mas pode
provir tambem, por agglutinação, de Ttti-júba-berába, ao qual e~tá identificado
ná syste matica. - Norte.

Jurití: ver Jurutí.


Jurú : ver A jurâ.
Jm·(rn çú : ver Ajzmi-açzt.
L. T. 4
- 26 -
Juruéba: Amazona vinacea, Kuhl. Fa~. Psittacidae.-ETYM.: deyurú =
pescoço+ éb = virado, rodante, girante?- Sul até á Bahia.
Jurutáu: ver Urutáu.
Jurutáuí: ver Urutáuf.
Jurutí: N. commum a diversas aves da fam. Peristeridae. - ETvivr. :
de yurú = pescoço + tt =branco. Alt. Jerutf e Jurutf. - N. geral.
Jurutí-piranga: Geotrygon montana, Linn., e G. viotacea, Temm. Fam.
Peristeridae. - ETYM.: dejuruti, q. v.,+piranga = vermelha. - N. geral.

Macaguá: Herpetotlieres cacltinnans, Linn. Fam. Falconidae. Occorre in


Gabriel Soares: Il, 224, Macucagoá e Macuagoá; Azara: 10, I, 81; Burmeister:
12, II, 90. - ETYM.: de macucaguá, composto de má por ybá = Jructo + cug iguá1
por curi!tár = que traga, tragador, comedor: comedor <le fructos; ou ainda e
melhor, por acc6rde com o nome generico e com o instinctô da ave, de mboi-
acá-hár= aquelle que briga com as cobras. (Cf. Baptista Caetano: 3, 213 ) . -
Amazonia e região central.
Macauã: ver Acauã.
Macuagoá: ver l/1/acaguá.
Macuca: ver Macuco.
Macucagoá : ver Macaguá.
Macucau: Crypturus adspersus, Spix. Fam. Tinamidae. - ETYM. : contra-
cção de macucaguá, como no seguinte. - Amazonia.
Macuco: N. commum a diversas aves da fam. Tinamidae. Usado tambem
na forma feminina. ETYM. : contracção de macucaguá (Cf. Beaurepaire Rohan:
4, 84); má por ybá = fructo + cugiguár por cun"!tár = que traga: tragador,
comedor de fructos, como em Mq,caguá, quod vide; ou de má, como acima,+

.
cuca=tragar, engulir: o tragador ou engulidor de fructos. -N. geral.
Macuquinho: Lochmias nematura, Licht. Fam. Dendrocolaptidae. --ETYM.:
composição hybrida: de macuco, q. v., +suff. dim. port. inlio. -S. Paulo.
Maguarí : Eu.xenura maguarz", Gm. Fam. Ciconiidae. Tambem chamado
Cegonha e Jabi1ú Moleque. Occorre in Marcgrav: 22, 204. - ETYM.: Baptista
Caetano: 3, 227, dá mbegué (tardo, vagaroso) com o suff. ri, ou com ri, inf. de
t=estar; a queda do b é natural, absorvido no m de mb. Alt. Bag uarí. (Matto
Grosso) . Amazonia.
Mainumbí: ver Guainzmibi.
Maitá: N. commum a diversas aves dos generos Pionopsitta e Pionus, fam.
Psittacidae. -ETYlVI.: de mboé= dizer, fallar + etá = muito: o que falla muito
fallador. Alt. Maitáca, por intercurrencia da palavra pàrtuguêsa matraca ? - Sul.

I
- 27 -
]}1ai1ára : ver Jl([aitá.
Ma11; n- bé : Myospzz a nianimbé, Licht. Fam. Fringillidae. - ETYM. : de
manib =-e mandióca + mbé por pé = casca: casca de mandióca, porque a ave tem
a côr da casca dessa euphorbiacea. ( Cf. Baptista Caetano: 3, 218). Montoya: I,
206, define - paxaro pardo, y assi llaman las cascaras de la mandioca. - Sul e
Paraguay.
Maracanã: Ara maracana, Vieill. Fam. Psittacidae. -ETYM.: de maracá
( composto ele mbara = forte, resistente +
cá= casca, a codea, o envolucro: Theo-
doro Sampai o: 24:, 137) + nã = semelhante, parecido: semelhante ao marar;á,
o que sôa como o maracá. - N. geral.
Maracanã-guaçú: Ara severa, Linn. Fam. Psittacidae. - ETYM.: de
maracanã, q. v. + guaçú =grande . - N. geral.
:Ui tú: ver Mutmn.
1Uutum: N. generico das aves da fam. Cracidae. Occorrc in Azara: 10, III,
83, MiLft. ETYM.: de mytum por pytun e pytuna =noite: escuro, negro, por
extensão; originariamente qualificativo, dizendo - passaro negro, ou escuro.
Para alguns é onomatopaico. - N. geral.
Mutum-eté: Mz"tua mitzt, Linu. Fam. Cracidae. Tambem chamado Mzttum-
cavallo. - ETYM.: de nzutuni, q. v., + etê = verdadeiro, legitimo, real. - Ama-
zonia superior.
1Uutum-pinima: Crnx púzima, Pelz. Fam. Cracidae. - ETYM.: de mutum,
q. v., + p2ntma = pintado, cheio de piu tas . - Pará.
Mutum-poranga: Crax alector, Liun. Fam. Ctacidae. Tambem chamado
Mutuni do cú branco. - ETYM.: de niutum q. v., + poranga :-- bonito, bello,
formoso. - Amazonia superior.
Myuá: Plotus an!tinga, Linu. Fam . Plotidae. O mesmo que Anliínga e
Biguá-tinga. Occorre iu Burmeister: 12, III, 461, Goeldi: 9 a, 590, propõe para
essas aves a denominação scientifica de Steganopodes - pés remeiros. - ETYM. :
de mby por my =pé+ uá por guá =redondo; totipaltna. Comparar Biguá.
- Região li ttoranea do Norte.

Nambú : ver lnamb1í - Gabriel Soares: 11, 228 .


Nancláia: Comtrosjendaya; Gm. Fam. Psittacidae. O mesmo que Jandáia •.
- ETYM.: de n!teê = fallar + ai= mal, ou muito (Cf. Baptista Caetano: 3,-335);
onde n!tand-az·=correndo só, o corredor. (Cf. Theodoro Sampaio: 24:, 135).
Preferivel a primeira explic~ção . - Piauhy, Ceará e Pernambuco .
Nhambú: ver lnhambú.
- 28 -
Nhandú: Rhea amerz'cana. Linn. Fam. Rheidae. O mesmo que Ema
e Avestruz. Occorre in Gabriel Soares: 11,223; Marcgrav: 22, 190. O nome
passou ao lexico fran cês . - ETYM . : de nf1ã =corre+ tu= estrepitante; ou de
nhan = de correr + ub =perna: a corredora, a que corre. ( Cf. Baptista Caetano:
3, 313). N. geral.

Paracáu: N. generico dos Psittacidas, especialmente do genero Am&zona .


Occorre in Marcgrav: 22, 207, Paragua . - ETYM.: de apár - aqua =bico de
volta, ou bico adunco; a mudança de aqua em acau apresenta-se em não raras
dicções ( Cf. Baptista Caetano: 3, 36 r ) - Rio Verde (Brasil ) e Paraguay.
Pepoasá: Taenioptera nengeta, Linn., F. coronata, Vieill. Fam. Tyranidae.
Mais conhecido no Brasil por Pombinha das almas, 11/aria Branca e Cuirá nlteen-
guetá. - ETYM.: de pepó = aza + açá atravessada; pela cinta branca que tem
sobre as azas. ( Cf . Granada: 8, 316 ) - Republicas Platinas ; Sul do Brasil ?
Peqní : ver lpequf.
Piaçoca: Parra jacana, Linn. Fam. Parridae. Tambem chamada Jaçanã.
Occorre in Gabriel Soares : 11, 227, Aguapeaçoca. - ETYM.: de aguapé ( planta
aquatica da fam. das Nymphaceas; litteralmente aguá= redondo+ pé= chato)
+ açóg= bicho: bicho do aguapé, - que sobre o aguapé tem casa (Cf. Baptista
Caetano: 3, 25; e Bertoni: 2. 546). Martius: 5, 453, diz: a vis in berba aquatica
Nymphaea Aguapé saltans (soe). ( Cf. mais Goeldi: 9 a, 482). N. geral.
Picaçú: Columba plumbea, Vieill. Fam. Columbidae. Tambem chamada
Pomba legitz"ma e pomba p1-eta. Occorre in Gabriel Soares : 11, 228. - ETYM.:
contracção de pycui ( nome generico das rolas), e açú =grande. Alt. Pucaçit.
N. geral.
Picuçaróba: Columba picazuro, Temm. Fam . Columbidae . Tambem
chamada Pumba-anzargosa. -ETYM .: contracção de picaçú, q. v., + rób = amargo,
-:- porque lo es cuando come ciertas frutas. ( Cf. Bertoni: 2,588 ) : Alt. Caçaróba,
Caçidróva e Saróba . - N . geral.
Picui ·péba: Cla1 avis presti'osa, Ferrari Perez . Fam. Peristeridae. Tam bem
chamada Rola-azul . - ETYM.: de pycui ( nome generico das rolas)+ p éba =
chata. - Sul até Bahia.
Picui-piníma: Scarda.fella squamosa, Temm. Fam. Peristeridae. Tambem
chamada Fogo-apagou. Occorre iu Marcgrav: 22, 204 ;_Burmeister: 12, III, 298.
-ETYM.: de pycui (nome generico das rolas)+ pfolma = pintada, cheia de
··pintas. - Amazonia .
Piranha: iWilvulus ty1~annus, Linn. Fam. Tyrannidae. Tambem chamado
Tesoura. -:-- ETYM.: de pyr = pelle + áu!ta = cortar, despedaçar: corta pelle, a
tesoura, a tenaz. (Cf. Platzmann: 18, 516); o apellido lhe vem da longa cauda
- 29 -
bifurcad<J., com as duas rectrizes exteriores extraordinariamente compridas, em
fórma de tesoura. O mesmo nome tambem se applica a um peixe de rio (Serrasal-
mo piranlza , Spix), mas, provavelmente, com o thema proprio - pirá = peixe.
-- Amazonia.
Pitanguá: Pitangus sulplmratus, Linn. Fam. Tyrannidae. Tambem chamado
Bem-te- vi do bico clzato . ETYM. : nomen derivatur ·apita et angatt vel angay, i . e. a
frustatim murmurando ( Cf. Martius: 5, 470) . Para outros é onomotopaico; mas
o canto dessas aves diz nei-nei, .que é tambem um dos seus nomes . - Sul, Centro;
Pará e Paraguay.
Pitaug·uá-guaçú: Megar!iinclius pz"tangua, Linn. Fam. Tyrannida-e. Occorre
in Marcgrav: 22, 215. - ETYM.: de pitanguá , q. v., + guaçú = grande. - Ama-
zonia.
Pitiajunú: Compsotlz!_ypis pitiayumi, Vieill. Fam. Mniotiltidae. - ETYM.:
depitiá = peito + yumi = amarellado. ( Cf. Baptista Caetano: 3, 597 ). = Para-
guay ; Mariquita, no Brasil .
Pucaçú : ver Picaçú.

Q
Quijúlla: Conurus solstitialis, Linn. Fam. Psittacidae. - ETYM.: contracção
de guirá = passaro, e yuba = amarello. - Guyana brasileira e Rio Branco.
Quirirú: Guira guira, Gm. Fam. Cuculidae . Tambem chamado Anzmz
branco . - ETYM.: de quiriri = calado, silencioso, quiet0 ?- Sul até Pernambuco .

s
Sabiá : N. generico dos Turdidas, dado tambem por extensão ao genero
Saltator, fam. Fringilidae. - ETYM. : contracção de !taã-piy-liar = aquelle que
reza muito. (Cf. Baptista Caetano: 3, 147 ) . - N. geral.
Sabiá-cica: Tridaria tyanogaster, Vieill. _Fam. ·Psittacidae. - ETYM.: de
sabiá, q. v., + ry = -mãe: mãe do sabiá. - Rio Grande do Sul a Minas Geraes e
Espirito Santo.
Sabiá-guaçú : Donacobius atricapillus, Linn. Fam. Mimidae. - ETYM. : de
sabiá q. v., +- guaçú =grande. - Snl .
Sabiá-piranga: Merula rujiventris, Vieill. Fam. Turdidae. - ETYM.: de
sabiá, q. v., + piranga = vermelho. - Sul.
Sabiá-pirí: llfimus lividus, Licht. Fam. Mimidae . Tambem chamado Sabiá
da praia. - E'l'YlVI.: de sabiá, q. v., pyry · pequeno, minguado? - Amazonia,
Bahia e Rio de Janeiro.
- 30
Sabiá-póca: ll.femla crotopeza, Licht. Fam. Turdidae. -Mimus saturninus,
Licht. Fam. Mimidae. T ambem chamado Sabiá do campo. - ETYM. : de sabiá,
q. v., +p6ca (gerundio de p6c = estallar, rebentar) = estallante, que estalla :
allusão ao seu canto. - Pará.
Sabiá-úna: Platycic!tla jlavipes, Vieill. Fam. Tnrdidae. - ETYM.: de
sabiá, q. v., + úna = negro, escuro. - Sul até Bahia.
Sací: Tapera naevia, Linn. Fam. Cuculidae. Tam bem chamado S e11tji11t.
-ETYM.: lt-ã (lt-ang)+01 =-= o que é mãe das almas. (Cf. Baptista Caetano:
3, 86); porque, segundo a lenda, chupa a alma dos defuntos. O lt demonstrativo
corresponde a J' e torna-se ç = s, quando se fixa ao thema; ã por ang = alma,
e 0' = mãe. Alt. Sacinz. Para outros é onomatopaico. - A superstição popular
faz dessa ave uma especie de demonio, que pratica male:ficios pelas estradas,
enganando os viandantes com as notas de seu canto e fazendo-os perder o rumo.
- Sul, Centro, Amazonia e Paraguay.
Sacim: ver Sací.
Sahí : ver Saí.
Saí: N. commum a diversas aves da fam. Coerebidae, e a algumas da fam.
Tanagridae, por extensão. - ETYl\L: de eçá = olho + i =pequeno: vivo, esperto;
ou çá-fr= tira os olhos? aquelle que faz sair os olhos; olhador, mirador.
(Cf. Baptista Caetano: 3, 86). Tambem escripto saltí; mas a etymologia não
autoriza a intercalação do h, que é sempre mais ou menos aspirado. - Norte .
Saí-açú: N. commurn a duas aves da fam. Taoagrid4e ( Tanagra episcopus,
Linn., e T. palmarum, Wied ) . A primeira traz tambem o qualificativo de az ul
e a segunda o de pardo. - ETYM .: de saí, q. v., + açú = grande. - Amazonia
e Guyana.
Saí-arára : Procnias coerulea, Vieill. Fam. Tanagridae. - ETYM.: de saz
e arára, q. v. - Sul, Matto Grosso e Paraguay.
Saí-guaçú: Calospiza melanonota, Sw. Fam. Tanagridae. - ETYM.: de saí,
q. v., + guaçú = grande. - Sul e Goyaz.
Saíra: N. commum a diversas aves da fam. Tanagridae, especialmente da
Calospiza pretioza, de Cabanis. - ETYM.: de çá-z'r = tira os olhos ? aquelle que
tira os olhos? aquelle que faz sair os olhos : olhador, mirador. (Cf. Baptista
Caetano: 3, 86); ou, melhor, de saí, q. v., + rã=semelhante, parecido.
Tambem escripto SaMra : ver o que se notou em Saí. - N. geral .
Sairuçú: Stephanoplzorus leucocephalus, Vieill. Fam. Tanagridae. Tambem
chamado Sanhaçú .frade e A z ulão. ETYM.: de saíra, q. v ., + açú =grande.
-Sul.
Sanhaçú: N. commum a algumas aves da fam. Tanagridae, applicado
especialmente a Tanagra sayaca, de Linneu, e a T ryanoptera, de Vieillot.
ETYM.: de saí, q. v., + açú =grande . - N. geral.
- 31 -
Saracúra: N. commum a diversas aves da faro. Rallidae. - de ETYM.:
çara =espiga+ cur= comer, tragar, engulir; o que come ou traga espiga.
- Região littornnea do Sul.
Saracúra-sanã: Limnopardalus rytirhJmclzus, Vieill . , e L. nigricans, Vieill.
Faro. Rallidae. - ETYlVI.: de saracúra, q. v., +
sanã=soluçaute. - Republic8.S
Platinas e Perú ; Rio de Janeiro, S. Paulo e Rio Grande do Sul.
Saracuraçú: Aranzz"des .YPaca!ia, Vieill. Fam. Rallidae. - ETYM . : de
saracftra, q. v., + açú = grande . - Minas Geraes.
Saróba : ver Pzátçaróba.
Saurá: Plzce1úcocercus carnifex, Linn. Fam. Cotingidae. Tam bem chamado
Uirá-tatá e Papa-assahJI. - ETYM. : contracção de áraCJI = aurora, e uirá por
guirá = passaro: passaro da aurora , por sua bella plumagem vermelha. Comparar
A racy-uirá. - Amazonia.
Seriêma: Microdacty!us cristatus, Linn . Fam. Microdactydae. Occorre in
Marcgrav: 22, 202, Cariama; note-se que os naturalistas antigos escreveram em
latim, e que essa lingua desconhece o ç. Sariá, in Azara: 10, III, ror, - ETYlVI. :
de çaria = crista + ant = erguida, levantada, em pé ; ou de çaria = crista + ma
por bae = suff. do nomen agentis: a que tem crista, a cristada. Por intercurreucia
de Ema se fez Seriéma . - N. geral.
Sirirí: N. commum a algumas :ives da fam. Tyrannidae. ( Tyrannus melan-
clzolicus, Vieill., T. albogularis, Burm. ) -- Ver Suirin·.
Siril'i-tinga: MJ1iOdJ1nastes solitarius, Vieill. Fam. Tyrannidae. - ETYM.:
alt. de suirirí, q. v., + tinga= branco. - Sul, Ce11;tro; Paraguay.
Socó: N. commum a diversas aves da fam. Ardeidae. - ETYM. : de ço == ir
+ co = batendo, socando, ou manquejando : bate vai, ou batendo vai (Cf. Baptista
Caetano: 3, 165); ou de çoó = bicho + có = manter, apoiar, ou arrimar: . bicho
que se arrima, ave que se apoia em um pé só . ( Cf. Tbeodoro Sampaio: 24,
150). Rodolfo Lenz: 23, 192, consig na cocói como nome vulgar no Chile para uma
especie de garça (Ardea cocoi), que é tambem alli chamada cuca, e diz que
provavelmente deriva do mapuche; mas cocói, nome especifico attribuido .á ave
pelos naturalistas antigos, é. o equivalente de socó, apenas differeuçado pela
graphia latina daquelles escriptores, á qual era extranho o ç. Não me parece qu e
o nome seja usado fóra da systematica, e o proprio Lenz, apesar de classifical-o
;::orno ,·ulgar, diz não saber se cocói é denominação corrente. - N. geral.
Socó-í : Ardea virescens, Linn. Fam . . Ardeiclae . O mesmo que Socó-niirún
e Socózin!to. - ETYM . : de socó, q. v ., + 2 = peqneno . - De Matto Grosso
a G uyana e Amazonia inferior.
Socó-mirim : ver Socó-í.
Socózi nl10: O mesmo que os precedentes. - E1'YM. : composição bybrida:
d e socó, q . v., e suff . dim . por t. - zinlzo.
Suiná : ver Suindára.
- 32 -
Suinára : ver Szdndára.
Suindá : ver Sztz'ndára.
Sufodára: Strzx jlammea pedala, Licht . Fam. Stringidae. Tambem
chamada Coruja de igreja. Occorre in Marcgrav: 22, Tuidára. ETYM.: de
çu)'endá = não comer + ara= suff. do nomen agentz's: o que não come, segundo
a tradição. (Cf. Baptista Caetano: 3, 97). Alt. Suiná , Suin.:•·a, Suindá e
Zuinára. - De S. Paulo a Pernambuco e Matto Gros o.
Suiriri : Maclzetoonz's rixosa, Vieill. Fam. Tyrannidae. Occorre in Azara:
10, II, 148. - ETYM . : de hub por çub = estar + quirid = calado, silencioso?
(Cf. Baptista Caetano: 3, 97). Para outros é Ollomatopa.i co. Alt. Siriri. - Pará,
Sul e Centro.
Suiriri-guaçú: 7jwannus melanclwlicus, Vieill. Fam. Tyrannidae. - ETYM.:
de suiri1Í q. v., + guaçzí, = grande. - Sul e Paraguay.
Surucuá: Trogon sztmcua, Vieill. Fam. Trogonidae. Occot re in Azara: 10,
II, 373 . Uzado tambem Smuquá ( Cf. Beaurepaire Rohan: 4:, r32 ). - E'rYl\1.-:
Baptista Caetano: .. 3, 169, consigna liu1ucua = çurucua, que decompõe clubitativa-
mente em: çurug = escapar-se, e qud = ligeiro, ou adiante; Bertoni : 2, 59 r, dá
a seguinte explicação: ele sz.rzí, = hundido, y /m' á = cintura, porque lo es el
vientre. - Região littoranea do Sul e Paraguay.
Surucuá-tatá: Trogon melanurus, Sw. Fam. Trogonidae. - ETYM.: de
surucuá, q. v., + tatá = fogo, pela côr vermelha do baixo ventre. - Arnazonia.
Suruquá: ver Surucuá.

·T
Tubujajá: A rdea cocoi, Lino. Fam . Ardeidae. Occorre in Gabriel Soares :
11, 224, Tabuiaiá. - E'I'YM. : Baptista Caetano : 3, 469, consigna tabu_yaJ'ª,
explicando dubitativamente por contracção de oatáyaya = que andando cae-cae;
ou de tabyr= de pello erguido, e áíáí ( frequentativo ) =crista. U!'ado tambem
Tabuyayá. - Amazonia, Matto Grosso e Paraguay.
Tabuyayá : vêr Tabu:fajá.
Tachurí: N. commum a diversas aves da fam. Tyrannidae, abrangendo
todo o genero Euscarthmus. Occorre in Pr. Zu Wied : 20, IV, 945 ; Burmeister :
12, II, 492. - ETYM. : de tachy por tacy = formiga + n'í. =comer: come formiga;
ou cie taç6-rez' = come vermes. (Cf. Baptista Caetano: 3, 472). Dahi o nome
Frzixú ou Truxú, que deram .ao Dr. Goeldi nos arredores de Nova Friburgo
(Rio de Janeiro) para o Neopelnia aurifrons, do Príncipe Zu Wied? - Paraguay.
Taiaçú: N . commum a duas aves da fam. Ardeidae ( Tzgrz'soma lz'neatum,
Bodd., e T .fasciatum, Such.). Tambem chamado Soc6-boi. - ETYIIL: de taz
= riscado, listado, com o suff. augm. açú, em referencia ás grandes listas brancas
que essas aves apresentam nas costas.
- 33 -

'.l1aiaçú-uirá : Neomorp!ms rufipennis, Gray. Fam. Cucnlidae. - ETYM. :


de taiaçft, q. v., + uirá por guirá = passam : passaro muito listado, ou de grandes
· listas. - Amazonia. ( Rio Branco) .
Tamatiá: Cancroma cocltlearia, Linn. Fam. Ardeidae. Tambem chamado
Arataz·açft, A1apapá e Col!tereiro. Occorre in Marcgrav : 22, 220. ~ .ETYJ\I. : alt.
de tímatíâi-= o que tem bico de gancho. ( Cf. Baptista Caetano: 3, 477 ). - Sul.
Tangará: N. commum a diversas aves da fam. Pipridae, applicado especial-
mente á Cltiroxiplda caudata, de Swainson, tambem chamado Dançador. A Goeldi :
9, a, 662, parece que L inneu adoptou este vocabulo, com inversão de letras,
para formar o nome Tanagra. - ETYJ\I. : de atá = andar + carã = em volta :
o que anda aos saltos, o que dança aos saltos, o pulador. (Cf. Theodoro Sampaio:
2-!, 152. Alt. A tangará. - N . geral.
Tangarazinho: Ilicum milita1-z"s, Sw. Fam. Pipridae . -ETYJ\L : composição
hybrida: de tangará, q. v., e suff. dim . port . z inlw. - Sul.
']'apcrá : Hirzmdo fctpera, Linn. Fam. Hir_undinidae. Andorinha. E'rYJ\I. : de
tápe ( contracção de tábape) = na aldeia, 110 povo, e rá = tomar: o que toma,
isto é, mora em casa ou povo velho? (Cf. Baptista Caetano: 13, 481); ou de
táb = aldeia, povo, casa + era, suff. do preteri to nominal = que foi, extincto:
aldeia, ou casa velha+ á = producto; porque habita de preferencia as tapéras,
ou sitias abandonados. Tapéra, in von Ihering: 3, 340. -- Do Rio de J aneiro ao
Rio Grande do Sul ; Amazonia, Minas Geraes, Matto Grosso e Paraguay.
'l'nperuçú: Cluutura zonaris, Sw. Fam. C1 pselídae. Andorin/1ão . - ETYlvI. :
ele taperá, q. v. + uçft = grande. - Bahia, Minas Geraes, S . Pau lo e Rio Grande
do Sul.
'l'ié-piranga: Rhamp!wcoelus brasilius. Linn. Fam. Tanagridae.- ETYM. : ele
tié (n. generico das tanagras) + pirmiga = vermelho. - S ul e P arag uay.
Tieté : Eup!wnia pectort;J,lis: Lath. Faro . T anagridae. - ETYM. : ele tié
(n. generico elas t anagras) + etê = verdadeiro, legitimo, real. - Sul, Centro
e Paraguay .
Tieté-í : Eup!wnia violacea, Li nn . Faro. T an agridae. - ETYl\1. : de tieté,
q. v., + t = pequeno. - S ul , Cent ro e P araguay.
Ti éti n ga: Cissopis major, Cab. Fam . Tanagriclae. -- ETYM . : de tié ( n. ge_
n erico das tanagras) + tinga= branco. - Sul, Centro, Parag uay e Perú.
Tij ú : T'{jztca nig·ra, Less. Fam. Cotingidae. - ETYM. : de ti= bico + yúb
= amarello, porque o m acho tem o bico amarellado. Comparar T uj ú. -Sul?
Tingaçú : vêr Tz'ngztaçú.
Tingu açú : P iaya caycma , Linn. Fam . Cuculidae. Tambem chamado A lma
de gato, Rabo de escrz'vão, R abo de palita e Jllfaria Caralryba. - ETYM . : ele a=bico
+ guaçtí, = grande. Att. Atingaçú e Tingaçú . - Zona costeira do Sul; Pará.
L. T. 5
- 34 -

Tiriba : P_yrrlmra vü~ata, Sw. Fam. Psittacidae. Occorre in Burmeister:


12, II, r77. - ETYM. : de tiri = estalar, tinir+ ba por bae = suff. do nomen
agenb's: o que estala ou tine. Baptista Caetano : 3, 520, dá Nri como onomato-
paico. - Sul.
Tiribaí, P_}'rrhura leucotis, Kuhl. Fam. Psittacidae. Tambem chamado
Tú,iba pequeno, Tiribinl1a, Fura-matto e Periquito tapuya. - ·ETYM. : de tiriba,
q . v., + t = pequeno. - Littoral de S . Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo
e Bahia.
Tiribinlrn : O mesmo que o precedente._:_ ETvM. : composição hybrida : de
tiriba, q. v ., e suff. dim. port. z'nlza.
Tucano: N . commum a diversas aves da fam. Rhamphastidae. - E'l'YM. :
dett =bico+caug=osseo? (Cf. Baptista Caetano: 3, 54r) . O nome Araçari
por que tambem se designam essas aves, é onomatopaico do grito qne ellas
soltam. - N. geral.
Tucaninho : Andigena baillonz·, Vieill. Fam. Rhamphastidae, - ETYI\I.:
composição hybrida: de tucano, q. v., e suff. dim. port. inho. - S. Panlo e
Paraná.
Tucanuçú : Rhamp!tastos toco, Muell. Fam. Rhamphastidae. - ETYM. : de
tucano, q. v., + uçú = grande. - S. Paulo e Matto Grosso.
Tucanuí: Pteroglossus arassari, Linn. Fam. Rhamphastidae. - E'l'YI\L : de
tucano, q. v., + 2 = pequeno. - Sul; Pará e Guyana.
Tiú: N. generico dos Psittácidas peqnenos; no Paragnay refere-se especial-
mente ao Mj 1iopsiltacus monacus, de Boddaert, e no Brasil abrange todo o genero
Brotogerys. - ETYl\L : de tut, onomatopaico? on adjectivo =brancacento? (Cf.
Baptista Caetano: 3, 542 ); melhor: tu por tt = bico + t = pequeno. Alt. Tuim.
- N. geral.
Tuí-aputejúba: Conurus aureus, Gm . Fam. Psittacidae. Tambem chamado
Periquito-rei. Occorre in Marcgrav : 22, 206, Tui-Apute-juba; Burmeister :
12, II, r69. - ETYM. : de tuí, q. v., a= cabeça, PJ'te = meio, centro, e J'fíba
= amarello : tuí que tem o meio da cabeça amarello, que é coroado. - Sul
e Paraguay.
'fuí-chirirí: Brotogerys cltiriri, Vieill. Fam. Psittacidae. - E'l'Yl\L : de tztí,
q. v., + cltiriri = estalar, tinir, rebc:ntar: tu[ qne estala, allnsão ao ruido qne
fazem quando estão em bandos. - N . geral.
Tuifüira : vêr Suindára.
'11 uí-eté: Psittacula passerina, Linn. Fam. P.sittacidae. O mesmo qne Tut-
tin'ca. Occorre in Marcgrav: 22, 206. - ETY::'IL : de tal, q. v ., + eté = verdadeiro,
legitimo, real. - Norte.
Tuí-júba-bcr:íba: Brotoger)'S virescens, Gm. Fam . Psittacidae. O mesmo
quejuparába. - E'l'Yl\L : ele tuí, q. v ., + yfíba = amarello +
beníba = brilhante,_
que brilha. - Norte.
- 35 -
Tuim : vêr 11tf.
Tuí-maitáca: Pionopsitta pileata, Scop. Fam. Psittacidae. 'I'ambem cahmado
Ma.itáca da cabeça vermel/za. - ETYM. : de tuí e maitáca, q. v. - Sul.
Tuí-pará: Brotogerys tuipara, Gm. Fam. P sittacidae . Occorre in Marcgrav:
22, 206. - ETY:VI. : de tuí, q. v., + pa1 á = vário, vari egado, de varias côres.
- Norte.
Tuí-tirica: Psittacula passeriua , Linn. Fam . Psittacidae. Hoje mais conhe-
cido pelos nomes de Ctt-tapado, Cú-cosido e Tapa-cú. Occorre in Marcgrav:
22, 206 . - ETYM . : de tztí, q. v., + tirz"ca = timido, medroso, fujão. - N. g eral.
'l1ujú: Luroca/is semitorquatus, Gm. Fam . Caprimulgidae. - ETYM. : de
ti = bico + yúb = amarellado. Comparar Tijú. - Amazonia superior.
Tujnjú : vêr TuJ'1tJ'Ú .
'ru,'uyú : Tantalus americanus, Linn. Fam. Ciconiidae. Occorre in Mar-
cgrav: 22, 200 ; vêr o que ficou dito sobre o Jabirlt. - ETvM. : de tu por
t1 = bico + yl't-ytt ( frequentativo) = muito amarello. ( Cf . Baptista Caetano :
3, 547 ) . Alt. Tu,ju,jlt. - Amazonia, Matto Grosso, S. Paulo, Minas Geraes, Rio
Grande do Sul e Paraguay.
Tuyuyú-guaçú: /11j1de1ia americana. Linn. Farn. Ciconiidae. - de
ETYM . :
fu_yztJ' ú, q. v., + guaç,í = grande. - Distribuição geographica iLlentica a anterior.
TuyuyÚ-J)ará : Tautalus loculator, Linn. Fam. Ciconiidae . - RTYM. : de
tuyuylt, q. v., + pará = vário, variegado, de varias côres. -Sul e Paraguay.

u
Ubujaú: vêr Ib-[jaú.
Uirác]rné: -vêr Caraclmé.
Uiraçú: N. commum a duas aves da fam. Falconid·ae ( Thrasaetus harpya,
Lino., e lltiorp!mzts guaianensis, Daud.). - ETYM. : de uirá, alt. guirá = pas-
sam, + açz't, -= grande. Alt. U1 açií,. - Amazonia.
Uirámirí : N. commum a diversas aves da fam . Pipridae. - ETYivI. : de
uirá, alt. guilá = passam, +
nârí = pequeno. O mesmo que Uirápun't . -
Am azonia.
Uirápiana: N. commum ~
algumas aves da fam. Galbulidae. - ETYlVI. : de
uirá, alt. guirá = passam, + piã = manchado, pintado? - Amazonia.
Uirápurú: N . commum _a diversas aves da fam. Pipridae. O mesmo que
Uirámirí. - ETvivr. : de uirá, alt. guirá = passara + purlt por pir!Í =
sêcco,
magro. Para Couto de Magalhães: 7, ( 2ª parte) r36, significa passam empres-
tado, ou passara que não é passara, porque toma a fórma de um passam que aud::t
rodeado de mui tos outros. - « O passaro Uirapurú, - diz José Verissimo : 15, 62,
- é considerado como efficaz talisman para acarretar ventu ra a quem o possúa;
36
Não ha muitos anuos, rara era a taberna do interior que não tinha um destes
pa~saros enterrado á entrada, ou suspenso dos humhraes das portas. Cumpre notar
que a maior parte destes taberneiros eram europêus, portuguêses. A procura deste
passaro é grande, principalmente porque é difficil apanhai-o vivo, como é mais
estimado, e o Sr. Couto de Magalhães refere que c0mprou um morto aqui no Pará
por trinta mil réis ». - Possuir, ou ter um 1tiníp1tJ ft, diz-se de pessôa a quem tudo
corre prosperameute. ( Cf. Chermont: 25, • rn7). - Amazonia
Uirátatá: P!toenicocercus carnife.x, Linn. Fam. Cotingidae. Tambem chamado
' Aracy-uirá, Saurá e Papa-assa!tJ'· - ETYM. : de uirá, guirá = passam, +
fatá
· fogo, por sua plumagem rubra. - Amazonia.
Uraçú: vêr Uiraçft.
Ui·aponga: vêr Arapouga .
Urubú: Cai!tarista atratus brasiliensis, Bonap . , ou Catharistes 1t1'1tbú,
Vieill. Fam. Cathartidae. - ETYM. : susceptivel de varias ex plicações, das quaes
a mais conforme á bibliographia é a que faz derivar o nome de urft = ave
( gallinaceo em geral), e M = negro ; pócle ser aclmittida uma outra, que o
, derive de uní = ave, é ú = voraz, o côrvo. (Cf. Baptista Caetano: 3, 208,455 e
558; cf. mais Theocloro Sampaio: 24, 156). - . geral.
Urnbú-paraguá : GJ,Popsz'tta v1tlturina, Kuhl. Fam. P sittaciclae.-ETYl\I.: ele
urubtt. q. v., + paraguá = corôa, ou p.arquá = papagaio. - Pará, Amazonia,
interior.
Urnbú-péba : Cai/tartes azwea, Linn. Fam. Catharticlae. Tarnbem chamado
Geréba, Urubú-caçador e Urubft da cabeça vennel!ta . - E'rvivr. : ele urubú, q. v.,
+ péba = chato. - N. geral.
Urnbú-tinga : Catltaries urubutinga, Pelz . Fam . Cathartidae. - ETYM. : de
urub/t, q . v., + tinga= branco . -Amazonia, Norte, Rio de Janeiro, S . Páulo.
Urubuzinbo : Chelz'doptera brasilz'ensis, Pall. Fam. Bucconidae. - ETYM. :
composição hybrida: de iwubú, q. v., e suff. dim. port. zinlw. - Amazonia .
Urú-mutum : Not!tocrax urunzutum, Spix. Fam. Cracidae. - ETY1VI. : de
urú = ave ( gallinaceo em geral) + mutum, q. v. - Amazonia.
Urutáu: N. comm um a alg umas aves da fam . Caprimulgidae ( genero
N yctibius ) . Occorre in Azara: 10, II, 527. - ETY1VL : de urú, = ave (galli naceo
em geral) +
taú =
phantasma . - Uma lenda amazonica attribúe ao Urutáu o
costume de acompanhar com a cabeça o curso do sol, emquanto o passam sobre
um galho de arvore, conserva immovel o corpo. O Dr. E mílio A. Goelcli, em u m
artigo publicado na revista ornithologica T!te I bis ( L ondres, 1904) , provou ,
mediante photog rapbi as tirad as de duas em duas ho ras, de u m exemplar existente
no ja rdim zoologico do P ará, o nenhum fund amen to da lenda. - Alt. J urutáu .
Prontmcia-se t ambem Undaú, no sul , mais conforme á et ymologia. (Cf. G ranada;
8, 385) . - N. geral.
- 37 -
Uruta_u í: Nyctibius jamaicensz"s, Gm. Fam. Caprimulgidae. Tambem chamado
Urutáu-menor. ,
ETYM. : de urutáu, q. v., + =
t pequeno. Para Barbosa Rodrigues:
17, a, r 5 1, vem de yuru = bocca +
tahy por çãi = d estendida, escancarada.
Preferível a primeira explicação. Att. Jurutáuí. - cc A pe11e da ave noctívaga
Jurzdáuí preserva as donzellas das seducções e faltas deshonega:s: Conta-se que
antigamente matavam para isso urna destas aves e tiravam-lhe a pelle que, sêcca
ao sól, servia para nella assentarem as filhas, justamente nos tr(;!s primeiros dias
do inicio da puberdade. Parece que esta posição era guardada por tres dias,
durante os quaes as matronas da familia vinham saudar a moça, aconselhando-a
a ser honesta. No fim desses tres dias a donzella saía curada, isto é, invulneravel
á tentação das paixões deshonestas a que seu temperamento, dest'arte modificado,
a pudesse attrahir ». (Cf. José Veríssimo: 15, 62 ) - Amazonia.
Urutáurana : Spz'zaetus ornatus. Dand. Fam. Falconidae . Occorrc in
Marcgrav: 22, 203. - ETYM. : de urutáu, q. v., + rana =
semelhante, parecido .
- Bahia, para o Sul.

V
Viruçú: Lat!tria virussu, Pelz. Fam. Cotingidae. Tambem chamado Sabiá
de Matto Grosso. - ETYM. : de virá, alt. guirá = passara, + uçú = grande.
- Santa Catharina, S. Paulo e Rio de Janeiro.

z
Zabelê: Cryptztrus no. tivagus, Wied. Fam. Tinamidae. Tambem chamado
fa6. - ETYM. : de eçá = olhos + peré = encascados, ou cheios de caspas. (Cf.
Theodoro Sampaio: 24:; 160). - Bahia ao Rio Grande do Sul.
Zuinára : vêr Szándára.
I
·,

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