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FIOCRUZ ~ICICT
Instituto de Comunicação e Informação
Fundação Oswaldo Cruz
Científica e Tecnológica em Saúde
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RECIFE - 1811
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RIO DE JANEIRO
Typograpbia annexa á Directoria do Serviço de Estatistica
1913
Ministerio da Agricultura, Industria e Commercio
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RECIFE - 1811
RIO DE JANEIRO
Typographia anncxa ú Direcloria do Serviço de Estatística
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O.GQ.®t'Ó, •
(1) DR. HERl\IANN VON lHERING: As aves do Estado de S. Pa1tlo, na «Revista elo
Mt1seu Paulista", vol. III, p. 121,
7-
emprestam ao /olk-lore brasileiro, ou melhor sul-americano, uma das
suas feições mais interessantes. Consignando essas lendas e super-
stições, fui levado, pela propria connexão elo assumpto, a fazê-lo tambem
com relação a outras, que, embora sem ligações de ordem etymologica,
não são para desprezar como elementos para o estudo da ethnologia
brasilica.
Para designar o passam ou ave tem a lingua o termo g1tú·á, que
se decompõe: o-yb-rá ( -= que a1to se solta on se eleva,- conforme ex-
plica Baptista Caetano de Almeida Nogueira: Vocab1tlano das palavras
R·1tara111s lf.sadas pelo traduc!or da «Conquista Espiritual)), ps . 554);
esse nome, entrando em composição, facilmente se altera em ozrá,
uz'J-á, vú-á, urá, g-ztarâ, gará, grá, ará, etc. O nome urú, dado como
onomatopaico, tambem significa ave; era applicaclo ás perdizes pequenas,
estendendo-se posteriormente aos gallinaceos em geral; 1trú-g·uaçú,
a uní grande, foi a designação guarani do gallo e gallinha domesticas,
que entre os tupis ela costa se chamaram çapucaya ( = canto, grito,
clamôr), provavelmente na origemx1úrá-çapucaya ( = canto de passam,
cantar de ave, e tambem a ave que canta, grita, ou clama).
e
Caboclinlto: Sporopllila nigrourantia, Boclcl. Fam. Fringillidae. - ETYM.:
comp. hybrida: ele caboclo (lit. caá matto +
boc, suff. ~ndicativo de procedencia::
procedente do matto ) + suff. dim. port. inlw. O nome lhe vem da côr castanho-
parda de sua plumagem. - Pará a S. Paulo.
CalJoré: Claucidimn brasilianum, Gm. Fam. Bubonidae. Marcgrav: 22, 212,
Caburé ; Pr. zu Wied: 20, III, 234 ; Burmeister: 12, II, 140. - ETYM. : de caá
=- matto +
boré por poré = morador. Alt. Cabiwé. - N. geral.
Caburé : ver Caboré. - Sob este nome é tambem conhecido na bacia do
Prata o Falco albigularis, de Daudin, Cam:é, na Amazonia.
Caçaróba : ver Picuçar6ba.
Caçuiróva: ver Picuçar6ba.
Caj ubi : ver Cujubi.
Camachilra: ver Cambacltirra.
Camachirra: ver Cambachirra.
Camatanga : ver. Acauizdang a.
Cambachirra: N. commum a diversas aves da fam. 'I'roglodytidae, designan-
do mais particularmente o Troglodytes furvus, de Gmélin, tambem chamado
Carriço. - E'l'YM. : de cambá = preto ( applicado a vivente: gente, macaco,
sariguê, passaro) + clziicllii, nome onomatopaico das and0rinhac; ( Cf. Macedo
Soares : 14:, 141.) Alt. Canzadtilra e Camacliirra, por intercurrencia do verbo
português cltilrar. - O nome designa tambem uma especie de lepidoptero elo
genero Megalura (Megalura Clziron, Fabr.) - N. geral.
Canindé: Araararamta, Linn. Fam. Psittacidae. Azara: 10, II, 400. -
E'l'YM. : talvez contracção de arára-canindé = arára muito retinta. ( Çf. Baptista
Caetano. 3, 67) . - N. geral.
Capitã: ver Acapitã (Cf. Granada : 8, 142).
Capororóca: Coscoroba coscoroba, Muell. Fam. Anatidae. - E'l'YM.: de cá,
alt. de guirá = passaro + poror6ca = estrondante ; allusão ao bater das azas
dessas aves, quando levantam o vôo. - Rio Grande do Sul.
Capoeira: Odontoplwrus capueira, Spix. Fam. Odontophoridae. Tambem
chamada Urú. - E'l'YM.: ele caá = matto +
puêra, suff. do preterito nominal :
que foi - matto extincto. O nome lhe vem do facto de habitar de preferencia as
capueiras e mattas. - Rio Grande do Sul até Goyaz e Bahia .
L, T, 3
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Caracará: l/,fi/vago c!tinzachima , Vieill . Fam. Falconidae Marcgrav: 22,
211 ; Azara : 10, I , 42 Burmeister : 12, II, 40. - ETYM. : alguns dão
como onomatopaico ; melhor de carãe = arranhar : frequentativo carãe-carãe =
arranha-arranha, arranhador. -- O . Caracará figura nos mythos e lendas da
America do Sul. Um desses mythos, de que Martins foi o primeiro a dar noticia,
e a qne se referem Goeldi : 9 a, 45 , e Ehreureich : 21, 40, - conta que, quando
se formou o mundo, o grande Espirito fez a cada povo um presente, mas nada
deu ao Guaycurú ; este , queixoso, tomou conselho ao Caracará. - « Tu te
queixas e, entretanto, ficaste com o melhor quinhão, porque, como nada tiveste,
podes te apoderar de tudo quanto os outros têm. Esqueceram-se de ti : mata tudo
o que te apparecer no caminho !i> O Guaycurú tomou o conselho ao pé da letra e
começou logo por matar o Caracará, cuja doutrina segue fielmente. - N. geral.
Caracará-:í : l/,filvago chimang o, Vieill. Fam. Falconidae. Tambem chamado
C!timango e Caracará-branco . - ETYl\J. : de caracará, q . v., +t= pequeno . -
N. geral.
Carachué: T1trdus f wnig atus, Licht. Fam. Turdidae. ETYM.: de cará,
alt. de guirá = passaro + cltué = vagaroso , tardo, chorão. Uirá-clwé . - No
Pará chamam Ca1-acltué ao proxenêta, individuo que vive á custa de prostitutas.
- Amazonia.
Carancho: Pol_)'bor1ts t!tams, Mo!. Fam. F alconidae. - E'f Yl\J.: de carãe
=arranhar: o que arranha, o que dilacera com as unhas. Cf. Theodoro Sampf,tiO:
24:, 120). - N. geral.
Carapirá: ver Crapirá.
Caraúna: ver Ara/m a.
Cauã: ver Acauã.
Cauaré: ver Cauré.
Cauré: Falco albtg 1tlaris, Daud. Fam. Falcouidae. Tambem chamado
Colleirinl1a e Tem-temz inlw. - ETYM.: contracção de caá = matto, e buré por
poré = morador: morador do matto, porque procura habitualmente as selvas,
fugindo da visinhança dos centros populosos. Na bacia do Prata é conhecido pelo
nome equivalente de Làbztré (Cf. Teschauer: 6, 12 ) . Usa-se tambem Cauaré.
A queda do b, ou a sua mudança para u; é commum e frequente no tupi
amazonico. - Ao Ca uré attribue a superstição popular na Amazonia virtudes
mysteriosas, taes como as de augmentar a fortuna e dar felicidade a quem quer
que possúa um fragmento do seu ninho, que, retalhado, se vende a bom preço no
mercado do Pará. Mas o dr. Goeldi verificou 1ue o que alli passa por ninho
de Cauré, é simplesmente o ninho de mn cypselideo, a Panyptila caJ anensis, de
1
Cabanis, á qual move aquelle dura guerra , perseguindo-a até em seu abrigo e
ahi montando guarda, a ponto de ser tomado pelo povo por dono e inquilino legi-
timo do ninho qnem não é senão um méro salteador. (Cf. dr . E. A. Goeldi :
A L enda A nzazonz"ca do Cauré, in Boletim do Museu Paraense, vol. II, ps. 430 e
seguintes) . - Amazonia.
Chimango : Milvag o chimang o, Vieill. Fam. Falconidae . Tambem chamado
Caraca1-á-í e Caracará-branco. E'l' YM. : para alguns é onomatopaico. Rodolfo
Lenz: 23, 811, consigna cltumângo, e diz que o nome cliimango é çorrente na
- 19 -
Argentina, de onde passou ao Chile ; é pravavelmeute de pracedencia india, mas
Lenz não sabe de que líng ua. Baptista Caetano: 3, roo, dá como tupi -guarani,
explica1ldo por /úbá = caça-piolho. - Rio Grande do Sul, republicas Platinas e
Chile.
Chopim: /llfolotlirus bonariensis, Gm., ou Aaptus c!t0pi, Vieill. Fam. Icteridae.
Tambem chamado Vira-bosta e Coricho. - ET YM .: Granada: 8, 199, dá como
derivado do guarani c!t0pi sem explicação: parece onomatopaico. - Sul.
Coaracy-mirnby: Syrigma sibilatrix , Temm. Fam. Ardeidae. - ETYM: ele
coarac)' = sol, + minzby = flauta: flauta do sol. - Sul ? Paraguay.
Coaracy-uirá: 1-Iaematodents mi/itaris, Lath. Fam. Cotingidae. - E'l'Yl\J. :
d e coaracy = sol+ uirú, alt. de g uirá = passara: passara do sol, por sua brilhan-
te plumagem rubra. - Os tapnyas amazonenses têm como certo que esse passara,
quando levanta o vôo, alcança ás nuvens, e só desce ao meio dia. -- Guyana,
Amazonia inferior, rio Tocantins.
Craúna: ver Ara/ma.
Cnjuhí : Cumana cujubi, Pelz. Fam. Crnciclae. E'rvM . : con tracção clejactt,
q . v., e obJ' = verde. ( Cf. Goeldi: 9 b, estampa 29, figura 1) . Alt. Cajubf,
C11jubim. - Amazouia, Matto Grosso e Paraguay.
'ujubim : ver Cujubf.
.
cuca=tragar, engulir: o tragador ou engulidor de fructos. -N. geral.
Macuquinho: Lochmias nematura, Licht. Fam. Dendrocolaptidae. --ETYM.:
composição hybrida: de macuco, q. v., +suff. dim. port. inlio. -S. Paulo.
Maguarí : Eu.xenura maguarz", Gm. Fam. Ciconiidae. Tambem chamado
Cegonha e Jabi1ú Moleque. Occorre in Marcgrav: 22, 204. - ETYM.: Baptista
Caetano: 3, 227, dá mbegué (tardo, vagaroso) com o suff. ri, ou com ri, inf. de
t=estar; a queda do b é natural, absorvido no m de mb. Alt. Bag uarí. (Matto
Grosso) . Amazonia.
Mainumbí: ver Guainzmibi.
Maitá: N. commum a diversas aves dos generos Pionopsitta e Pionus, fam.
Psittacidae. -ETYlVI.: de mboé= dizer, fallar + etá = muito: o que falla muito
fallador. Alt. Maitáca, por intercurrencia da palavra pàrtuguêsa matraca ? - Sul.
I
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]}1ai1ára : ver Jl([aitá.
Ma11; n- bé : Myospzz a nianimbé, Licht. Fam. Fringillidae. - ETYM. : de
manib =-e mandióca + mbé por pé = casca: casca de mandióca, porque a ave tem
a côr da casca dessa euphorbiacea. ( Cf. Baptista Caetano: 3, 218). Montoya: I,
206, define - paxaro pardo, y assi llaman las cascaras de la mandioca. - Sul e
Paraguay.
Maracanã: Ara maracana, Vieill. Fam. Psittacidae. -ETYM.: de maracá
( composto ele mbara = forte, resistente +
cá= casca, a codea, o envolucro: Theo-
doro Sampai o: 24:, 137) + nã = semelhante, parecido: semelhante ao marar;á,
o que sôa como o maracá. - N. geral.
Maracanã-guaçú: Ara severa, Linn. Fam. Psittacidae. - ETYM.: de
maracanã, q. v. + guaçú =grande . - N. geral.
:Ui tú: ver Mutmn.
1Uutum: N. generico das aves da fam. Cracidae. Occorrc in Azara: 10, III,
83, MiLft. ETYM.: de mytum por pytun e pytuna =noite: escuro, negro, por
extensão; originariamente qualificativo, dizendo - passaro negro, ou escuro.
Para alguns é onomatopaico. - N. geral.
Mutum-eté: Mz"tua mitzt, Linu. Fam. Cracidae. Tambem chamado Mzttum-
cavallo. - ETYM.: de nzutuni, q. v., + etê = verdadeiro, legitimo, real. - Ama-
zonia superior.
1Uutum-pinima: Crnx púzima, Pelz. Fam. Cracidae. - ETYM.: de mutum,
q. v., + p2ntma = pintado, cheio de piu tas . - Pará.
Mutum-poranga: Crax alector, Liun. Fam. Ctacidae. Tambem chamado
Mutuni do cú branco. - ETYM.: de niutum q. v., + poranga :-- bonito, bello,
formoso. - Amazonia superior.
Myuá: Plotus an!tinga, Linu. Fam . Plotidae. O mesmo que Anliínga e
Biguá-tinga. Occorre iu Burmeister: 12, III, 461, Goeldi: 9 a, 590, propõe para
essas aves a denominação scientifica de Steganopodes - pés remeiros. - ETYM. :
de mby por my =pé+ uá por guá =redondo; totipaltna. Comparar Biguá.
- Região li ttoranea do Norte.
Q
Quijúlla: Conurus solstitialis, Linn. Fam. Psittacidae. - ETYM.: contracção
de guirá = passaro, e yuba = amarello. - Guyana brasileira e Rio Branco.
Quirirú: Guira guira, Gm. Fam. Cuculidae . Tambem chamado Anzmz
branco . - ETYM.: de quiriri = calado, silencioso, quiet0 ?- Sul até Pernambuco .
s
Sabiá : N. generico dos Turdidas, dado tambem por extensão ao genero
Saltator, fam. Fringilidae. - ETYM. : contracção de !taã-piy-liar = aquelle que
reza muito. (Cf. Baptista Caetano: 3, 147 ) . - N. geral.
Sabiá-cica: Tridaria tyanogaster, Vieill. _Fam. ·Psittacidae. - ETYM.: de
sabiá, q. v., + ry = -mãe: mãe do sabiá. - Rio Grande do Sul a Minas Geraes e
Espirito Santo.
Sabiá-guaçú : Donacobius atricapillus, Linn. Fam. Mimidae. - ETYM. : de
sabiá q. v., +- guaçú =grande. - Snl .
Sabiá-piranga: Merula rujiventris, Vieill. Fam. Turdidae. - ETYM.: de
sabiá, q. v., + piranga = vermelho. - Sul.
Sabiá-pirí: llfimus lividus, Licht. Fam. Mimidae . Tambem chamado Sabiá
da praia. - E'l'YlVI.: de sabiá, q. v., pyry · pequeno, minguado? - Amazonia,
Bahia e Rio de Janeiro.
- 30
Sabiá-póca: ll.femla crotopeza, Licht. Fam. Turdidae. -Mimus saturninus,
Licht. Fam. Mimidae. T ambem chamado Sabiá do campo. - ETYM. : de sabiá,
q. v., +p6ca (gerundio de p6c = estallar, rebentar) = estallante, que estalla :
allusão ao seu canto. - Pará.
Sabiá-úna: Platycic!tla jlavipes, Vieill. Fam. Tnrdidae. - ETYM.: de
sabiá, q. v., + úna = negro, escuro. - Sul até Bahia.
Sací: Tapera naevia, Linn. Fam. Cuculidae. Tam bem chamado S e11tji11t.
-ETYM.: lt-ã (lt-ang)+01 =-= o que é mãe das almas. (Cf. Baptista Caetano:
3, 86); porque, segundo a lenda, chupa a alma dos defuntos. O lt demonstrativo
corresponde a J' e torna-se ç = s, quando se fixa ao thema; ã por ang = alma,
e 0' = mãe. Alt. Sacinz. Para outros é onomatopaico. - A superstição popular
faz dessa ave uma especie de demonio, que pratica male:ficios pelas estradas,
enganando os viandantes com as notas de seu canto e fazendo-os perder o rumo.
- Sul, Centro, Amazonia e Paraguay.
Sacim: ver Sací.
Sahí : ver Saí.
Saí: N. commum a diversas aves da fam. Coerebidae, e a algumas da fam.
Tanagridae, por extensão. - ETYl\L: de eçá = olho + i =pequeno: vivo, esperto;
ou çá-fr= tira os olhos? aquelle que faz sair os olhos; olhador, mirador.
(Cf. Baptista Caetano: 3, 86). Tambem escripto saltí; mas a etymologia não
autoriza a intercalação do h, que é sempre mais ou menos aspirado. - Norte .
Saí-açú: N. commurn a duas aves da fam. Taoagrid4e ( Tanagra episcopus,
Linn., e T. palmarum, Wied ) . A primeira traz tambem o qualificativo de az ul
e a segunda o de pardo. - ETYM .: de saí, q. v., + açú = grande. - Amazonia
e Guyana.
Saí-arára : Procnias coerulea, Vieill. Fam. Tanagridae. - ETYM.: de saz
e arára, q. v. - Sul, Matto Grosso e Paraguay.
Saí-guaçú: Calospiza melanonota, Sw. Fam. Tanagridae. - ETYM.: de saí,
q. v., + guaçú = grande. - Sul e Goyaz.
Saíra: N. commum a diversas aves da fam. Tanagridae, especialmente da
Calospiza pretioza, de Cabanis. - ETYM.: de çá-z'r = tira os olhos ? aquelle que
tira os olhos? aquelle que faz sair os olhos : olhador, mirador. (Cf. Baptista
Caetano: 3, 86); ou, melhor, de saí, q. v., + rã=semelhante, parecido.
Tambem escripto SaMra : ver o que se notou em Saí. - N. geral .
Sairuçú: Stephanoplzorus leucocephalus, Vieill. Fam. Tanagridae. Tambem
chamado Sanhaçú .frade e A z ulão. ETYM.: de saíra, q. v ., + açú =grande.
-Sul.
Sanhaçú: N. commum a algumas aves da fam. Tanagridae, applicado
especialmente a Tanagra sayaca, de Linneu, e a T ryanoptera, de Vieillot.
ETYM.: de saí, q. v., + açú =grande . - N. geral.
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Saracúra: N. commum a diversas aves da faro. Rallidae. - de ETYM.:
çara =espiga+ cur= comer, tragar, engulir; o que come ou traga espiga.
- Região littornnea do Sul.
Saracúra-sanã: Limnopardalus rytirhJmclzus, Vieill . , e L. nigricans, Vieill.
Faro. Rallidae. - ETYlVI.: de saracúra, q. v., +
sanã=soluçaute. - Republic8.S
Platinas e Perú ; Rio de Janeiro, S. Paulo e Rio Grande do Sul.
Saracuraçú: Aranzz"des .YPaca!ia, Vieill. Fam. Rallidae. - ETYM . : de
saracftra, q. v., + açú = grande . - Minas Geraes.
Saróba : ver Pzátçaróba.
Saurá: Plzce1úcocercus carnifex, Linn. Fam. Cotingidae. Tam bem chamado
Uirá-tatá e Papa-assahJI. - ETYM. : contracção de áraCJI = aurora, e uirá por
guirá = passaro: passaro da aurora , por sua bella plumagem vermelha. Comparar
A racy-uirá. - Amazonia.
Seriêma: Microdacty!us cristatus, Linn . Fam. Microdactydae. Occorre in
Marcgrav: 22, 202, Cariama; note-se que os naturalistas antigos escreveram em
latim, e que essa lingua desconhece o ç. Sariá, in Azara: 10, III, ror, - ETYlVI. :
de çaria = crista + ant = erguida, levantada, em pé ; ou de çaria = crista + ma
por bae = suff. do nomen agentis: a que tem crista, a cristada. Por intercurreucia
de Ema se fez Seriéma . - N. geral.
Sirirí: N. commum a algumas :ives da fam. Tyrannidae. ( Tyrannus melan-
clzolicus, Vieill., T. albogularis, Burm. ) -- Ver Suirin·.
Siril'i-tinga: MJ1iOdJ1nastes solitarius, Vieill. Fam. Tyrannidae. - ETYM.:
alt. de suirirí, q. v., + tinga= branco. - Sul, Ce11;tro; Paraguay.
Socó: N. commum a diversas aves da fam. Ardeidae. - ETYM. : de ço == ir
+ co = batendo, socando, ou manquejando : bate vai, ou batendo vai (Cf. Baptista
Caetano: 3, 165); ou de çoó = bicho + có = manter, apoiar, ou arrimar: . bicho
que se arrima, ave que se apoia em um pé só . ( Cf. Tbeodoro Sampaio: 24,
150). Rodolfo Lenz: 23, 192, consig na cocói como nome vulgar no Chile para uma
especie de garça (Ardea cocoi), que é tambem alli chamada cuca, e diz que
provavelmente deriva do mapuche; mas cocói, nome especifico attribuido .á ave
pelos naturalistas antigos, é. o equivalente de socó, apenas differeuçado pela
graphia latina daquelles escriptores, á qual era extranho o ç. Não me parece qu e
o nome seja usado fóra da systematica, e o proprio Lenz, apesar de classifical-o
;::orno ,·ulgar, diz não saber se cocói é denominação corrente. - N. geral.
Socó-í : Ardea virescens, Linn. Fam . . Ardeiclae . O mesmo que Socó-niirún
e Socózin!to. - ETYM . : de socó, q. v ., + 2 = peqneno . - De Matto Grosso
a G uyana e Amazonia inferior.
Socó-mirim : ver Socó-í.
Socózi nl10: O mesmo que os precedentes. - E1'YM. : composição bybrida:
d e socó, q . v., e suff . dim . por t. - zinlzo.
Suiná : ver Suindára.
- 32 -
Suinára : ver Szdndára.
Suindá : ver Sztz'ndára.
Sufodára: Strzx jlammea pedala, Licht . Fam. Stringidae. Tambem
chamada Coruja de igreja. Occorre in Marcgrav: 22, Tuidára. ETYM.: de
çu)'endá = não comer + ara= suff. do nomen agentz's: o que não come, segundo
a tradição. (Cf. Baptista Caetano: 3, 97). Alt. Suiná , Suin.:•·a, Suindá e
Zuinára. - De S. Paulo a Pernambuco e Matto Gros o.
Suiriri : Maclzetoonz's rixosa, Vieill. Fam. Tyrannidae. Occorre in Azara:
10, II, 148. - ETYM . : de hub por çub = estar + quirid = calado, silencioso?
(Cf. Baptista Caetano: 3, 97). Para outros é Ollomatopa.i co. Alt. Siriri. - Pará,
Sul e Centro.
Suiriri-guaçú: 7jwannus melanclwlicus, Vieill. Fam. Tyrannidae. - ETYM.:
de suiri1Í q. v., + guaçzí, = grande. - Sul e Paraguay.
Surucuá: Trogon sztmcua, Vieill. Fam. Trogonidae. Occot re in Azara: 10,
II, 373 . Uzado tambem Smuquá ( Cf. Beaurepaire Rohan: 4:, r32 ). - E'rYl\1.-:
Baptista Caetano: .. 3, 169, consigna liu1ucua = çurucua, que decompõe clubitativa-
mente em: çurug = escapar-se, e qud = ligeiro, ou adiante; Bertoni : 2, 59 r, dá
a seguinte explicação: ele sz.rzí, = hundido, y /m' á = cintura, porque lo es el
vientre. - Região littoranea do Sul e Paraguay.
Surucuá-tatá: Trogon melanurus, Sw. Fam. Trogonidae. - ETYM.: de
surucuá, q. v., + tatá = fogo, pela côr vermelha do baixo ventre. - Arnazonia.
Suruquá: ver Surucuá.
·T
Tubujajá: A rdea cocoi, Lino. Fam . Ardeidae. Occorre in Gabriel Soares :
11, 224, Tabuiaiá. - E'I'YM. : Baptista Caetano : 3, 469, consigna tabu_yaJ'ª,
explicando dubitativamente por contracção de oatáyaya = que andando cae-cae;
ou de tabyr= de pello erguido, e áíáí ( frequentativo ) =crista. U!'ado tambem
Tabuyayá. - Amazonia, Matto Grosso e Paraguay.
Tabuyayá : vêr Tabu:fajá.
Tachurí: N. commum a diversas aves da fam. Tyrannidae, abrangendo
todo o genero Euscarthmus. Occorre in Pr. Zu Wied : 20, IV, 945 ; Burmeister :
12, II, 492. - ETYM. : de tachy por tacy = formiga + n'í. =comer: come formiga;
ou cie taç6-rez' = come vermes. (Cf. Baptista Caetano: 3, 472). Dahi o nome
Frzixú ou Truxú, que deram .ao Dr. Goeldi nos arredores de Nova Friburgo
(Rio de Janeiro) para o Neopelnia aurifrons, do Príncipe Zu Wied? - Paraguay.
Taiaçú: N . commum a duas aves da fam. Ardeidae ( Tzgrz'soma lz'neatum,
Bodd., e T .fasciatum, Such.). Tambem chamado Soc6-boi. - ETYIIL: de taz
= riscado, listado, com o suff. augm. açú, em referencia ás grandes listas brancas
que essas aves apresentam nas costas.
- 33 -
u
Ubujaú: vêr Ib-[jaú.
Uirác]rné: -vêr Caraclmé.
Uiraçú: N. commum a duas aves da fam. Falconid·ae ( Thrasaetus harpya,
Lino., e lltiorp!mzts guaianensis, Daud.). - ETYM. : de uirá, alt. guirá = pas-
sam, + açz't, -= grande. Alt. U1 açií,. - Amazonia.
Uirámirí : N. commum a diversas aves da fam . Pipridae. - ETYivI. : de
uirá, alt. guilá = passam, +
nârí = pequeno. O mesmo que Uirápun't . -
Am azonia.
Uirápiana: N. commum ~
algumas aves da fam. Galbulidae. - ETYlVI. : de
uirá, alt. guirá = passam, + piã = manchado, pintado? - Amazonia.
Uirápurú: N . commum _a diversas aves da fam. Pipridae. O mesmo que
Uirámirí. - ETvivr. : de uirá, alt. guirá = passara + purlt por pir!Í =
sêcco,
magro. Para Couto de Magalhães: 7, ( 2ª parte) r36, significa passam empres-
tado, ou passara que não é passara, porque toma a fórma de um passam que aud::t
rodeado de mui tos outros. - « O passaro Uirapurú, - diz José Verissimo : 15, 62,
- é considerado como efficaz talisman para acarretar ventu ra a quem o possúa;
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Não ha muitos anuos, rara era a taberna do interior que não tinha um destes
pa~saros enterrado á entrada, ou suspenso dos humhraes das portas. Cumpre notar
que a maior parte destes taberneiros eram europêus, portuguêses. A procura deste
passaro é grande, principalmente porque é difficil apanhai-o vivo, como é mais
estimado, e o Sr. Couto de Magalhães refere que c0mprou um morto aqui no Pará
por trinta mil réis ». - Possuir, ou ter um 1tiníp1tJ ft, diz-se de pessôa a quem tudo
corre prosperameute. ( Cf. Chermont: 25, • rn7). - Amazonia
Uirátatá: P!toenicocercus carnife.x, Linn. Fam. Cotingidae. Tambem chamado
' Aracy-uirá, Saurá e Papa-assa!tJ'· - ETYM. : de uirá, guirá = passam, +
fatá
· fogo, por sua plumagem rubra. - Amazonia.
Uraçú: vêr Uiraçft.
Ui·aponga: vêr Arapouga .
Urubú: Cai!tarista atratus brasiliensis, Bonap . , ou Catharistes 1t1'1tbú,
Vieill. Fam. Cathartidae. - ETYM. : susceptivel de varias ex plicações, das quaes
a mais conforme á bibliographia é a que faz derivar o nome de urft = ave
( gallinaceo em geral), e M = negro ; pócle ser aclmittida uma outra, que o
, derive de uní = ave, é ú = voraz, o côrvo. (Cf. Baptista Caetano: 3, 208,455 e
558; cf. mais Theocloro Sampaio: 24, 156). - . geral.
Urnbú-paraguá : GJ,Popsz'tta v1tlturina, Kuhl. Fam. P sittaciclae.-ETYl\I.: ele
urubtt. q. v., + paraguá = corôa, ou p.arquá = papagaio. - Pará, Amazonia,
interior.
Urnbú-péba : Cai/tartes azwea, Linn. Fam. Catharticlae. Tarnbem chamado
Geréba, Urubú-caçador e Urubft da cabeça vennel!ta . - E'rvivr. : ele urubú, q. v.,
+ péba = chato. - N. geral.
Urnbú-tinga : Catltaries urubutinga, Pelz . Fam . Cathartidae. - ETYM. : de
urub/t, q . v., + tinga= branco . -Amazonia, Norte, Rio de Janeiro, S . Páulo.
Urubuzinbo : Chelz'doptera brasilz'ensis, Pall. Fam. Bucconidae. - ETYM. :
composição hybrida: de iwubú, q. v., e suff. dim. port. zinlw. - Amazonia .
Urú-mutum : Not!tocrax urunzutum, Spix. Fam. Cracidae. - ETY1VI. : de
urú = ave ( gallinaceo em geral) + mutum, q. v. - Amazonia.
Urutáu: N. comm um a alg umas aves da fam . Caprimulgidae ( genero
N yctibius ) . Occorre in Azara: 10, II, 527. - ETY1VL : de urú, = ave (galli naceo
em geral) +
taú =
phantasma . - Uma lenda amazonica attribúe ao Urutáu o
costume de acompanhar com a cabeça o curso do sol, emquanto o passam sobre
um galho de arvore, conserva immovel o corpo. O Dr. E mílio A. Goelcli, em u m
artigo publicado na revista ornithologica T!te I bis ( L ondres, 1904) , provou ,
mediante photog rapbi as tirad as de duas em duas ho ras, de u m exemplar existente
no ja rdim zoologico do P ará, o nenhum fund amen to da lenda. - Alt. J urutáu .
Prontmcia-se t ambem Undaú, no sul , mais conforme á et ymologia. (Cf. G ranada;
8, 385) . - N. geral.
- 37 -
Uruta_u í: Nyctibius jamaicensz"s, Gm. Fam. Caprimulgidae. Tambem chamado
Urutáu-menor. ,
ETYM. : de urutáu, q. v., + =
t pequeno. Para Barbosa Rodrigues:
17, a, r 5 1, vem de yuru = bocca +
tahy por çãi = d estendida, escancarada.
Preferível a primeira explicação. Att. Jurutáuí. - cc A pe11e da ave noctívaga
Jurzdáuí preserva as donzellas das seducções e faltas deshonega:s: Conta-se que
antigamente matavam para isso urna destas aves e tiravam-lhe a pelle que, sêcca
ao sól, servia para nella assentarem as filhas, justamente nos tr(;!s primeiros dias
do inicio da puberdade. Parece que esta posição era guardada por tres dias,
durante os quaes as matronas da familia vinham saudar a moça, aconselhando-a
a ser honesta. No fim desses tres dias a donzella saía curada, isto é, invulneravel
á tentação das paixões deshonestas a que seu temperamento, dest'arte modificado,
a pudesse attrahir ». (Cf. José Veríssimo: 15, 62 ) - Amazonia.
Urutáurana : Spz'zaetus ornatus. Dand. Fam. Falconidae . Occorrc in
Marcgrav: 22, 203. - ETYM. : de urutáu, q. v., + rana =
semelhante, parecido .
- Bahia, para o Sul.
V
Viruçú: Lat!tria virussu, Pelz. Fam. Cotingidae. Tambem chamado Sabiá
de Matto Grosso. - ETYM. : de virá, alt. guirá = passara, + uçú = grande.
- Santa Catharina, S. Paulo e Rio de Janeiro.
z
Zabelê: Cryptztrus no. tivagus, Wied. Fam. Tinamidae. Tambem chamado
fa6. - ETYM. : de eçá = olhos + peré = encascados, ou cheios de caspas. (Cf.
Theodoro Sampaio: 24:; 160). - Bahia ao Rio Grande do Sul.
Zuinára : vêr Szándára.
I
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