Obras Raras Fiocruz

O acervo digital de Obras Raras Fiocruz surgiu para colocar em prática o conceito de preservação e acesso às
publicações existentes na Seção de Obras Raras da Biblioteca de Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz,
que constitui um componente estratégico para a consolidação da memória institucional e para a História
do Brasil.
A gestão do acervo integra as atividades do Laboratório de Digitalização de Obras Raras, criado pelo
Multimeios, pólo de desenvolvimento na área de Artes e Design do Instituto de Comunicação e Informação
Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Icict). O laboratório iniciou seus trabalhos em 2010 com
auxílio do Programa de Indução à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (PIPDT).
Alinhada à Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, a disponibilização do acervo busca garantir à
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Obras Raras Fiocruz

Acer vo D igit al d e Ob r as Rar as e Es peciais
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(._-'6/./J / ) v r) y
EXPEDIÇÃO SCIENTIFICA
ROOSEVELT-RONDON

(PUBLICAÇÃO ,·N.o 53 da Commissão de ·linhas Tel~graphicas

Estrategicas de Matto-Grosso ao Amazonas)

HJSTORIA NATURAL

ZOOLOGIA·
( ANNEXO· N. 4 da Expedição Roosevelt)
0

~esultados :z:oologieos da Expediqão po:tr

ALIPIO DE MIRANDA RIBEIRO

(SETEMBRO DE 191~)

Pa p . Macedo- Rua da Ouifanda, 74

RIO .DE JANEIRO
 INTRODUCÇÃ'"'O -

A COMMISSÃO DE LINHAS TELEORAPHICAS

ESTRATEOICAS DE MATTO-OROSSO AO AMAZO-
NAS, sob cujos auspícios foi realizada a publicação
dos resultados scientificos da EXPEDIÇÃO_ ROOSE-
VELT, não dispondo de um zoologo a seu serviço
para a classificação do respectivo material, colligido
por essa EXPEDIÇÃO, através do sertão de Matto-
Orosso ( 1913-1914 ), confiou á bôa vontade- muitas
vezes comprovada, em outros trabalhos gratuitos de
que o tem imcumbido- e á competencia profissional
do zoologo Brasileiro Snr. ALIPIO DE MIRANDA
RIBEIRO, professor do Museu Nacional do Rio de
janeiro, todo esse material, com aquelle objectivo. Tal
providencia era essencial para que da sua integração
aos mostruarios do referido Museu, pudesse advir o
maximo dos resultados praticas, collimados pelo Snr.
Coronel CANDIDO MARIANO DA SILVA RONDON,
Chefe das duas Com missões citadas- a Com missão
Telegraphica e a Commissão Brasileira que fez parte
da Expedição Roosevelt.
PARTE DO MATERIAL tem sido classificado
gradativamente e em conjuncto com outros exemplares
numerosos, ainda em estudos, collecionados pela
 . COMMISSÃO TELEORAPHICA desde 1907 até 1918,
á proporção em que são atacados os gruROS naturaes
com que se relacionam, ·conforme é facil verificar com-
pulsando as publicações já realizadas pela Commissão.
D'EST A FÓRMA, todo o material trazido ·do ser-
fão de Matto-Orosso pela EXPEDIÇÃO ROOSEVELT
continuará a ser estudado e-classificado pelo Professor
MIRANDA RIBEIRQ, excepção dos grupds que, por
proposta sua, serão por elle proprio conduzidos á Eu-
ropa para o mesmo fim e sob sua directa fise'alização, o
~ que permittirá mais rapida .c onclusão da grande tarefa
scientifica que, não ~ obstante a sua grande activid:â:ê:ie,
- seria de outra fórma dilatada p9r largo tempo, tendo
~ em vista a abundancia de exemplares já accumulados.
A SITUAÇÃO DE GUERRA em que se enco!Jíram
os paizes europeus, fórça até o presente momento a
transferencia da p-rojectada viagem.
ENTRETANTO' O Professor MIRANDA RIBEIRO
' \
' organizou as notas que se seguem e que resumem os
resultados zoologicos da EXPEDIÇÃO RQOSEVELT.

;
 Resultados Zoologicos da Expedição
ROOSEVEL T- RONDON

AS COLLECÇÕES realizadas pela EXPEDIÇÃO

ROOS,EVELT-RONDON- parte brasileira- são cons-
titui das por dois grupos de material- um procedente
do valle do Paraguay (MATTO-OROSSO) até as cabe-
ceiras do rio Roosevelt, e alguns exemplares dos rios
Commemoração de Floriano e Oy-Paraná ou Machado;
outro procedente do rio Aripuanã, affluente do rio
Madeira.
O PRIMEIRO resulta dos trabalhos da secção
brasileira confiada ao botanico Snr. FREDERICO
CARLOS HOEHNE, que teve como auxiliar os taxi-
dermistas H. REINlSCH e ARNALDO BLAKE DE
SANT'ANNA.
O SEGUNDO resulta dos esforços do Snr. 1. 0
Tenente ANTONIO PYRINEUS DE SOUSA, que quiz
levar em sua companhia o taxidermista EMIL STOLLE,
no louvavel intuito de secundar o seu eminente chefe,
o Snr. Coronel RONDON, nesse afan de promover o
estudo da Natureza do BrasiJ, nas regiões em que
opera o assentamento
\
da Linha Telegraphica aos seus
cuidados.
É CLARO que não se possa exigir muito de
 -6-
qualquer expedição que tenha de colleccionar material
á proporção que marcha celeremente n'uma direcção
qualquer; comtudo, muito satisfatorios foram os resul-
tados da EXPEDIÇÃO ROOSEVEL T-RONDON, atten-
dendo-se á rapidez com que se deslocou e á natureza
da região Qercorrida, de difficil accesso; e d'onde todo
o material é sempre bem vindo aos estabelecimentos de
Historia Natural e aos que d'essa sciencia se occupam.
NÃO SE PRETENDE aqui enumerar, detalhada-
mente, especie por especie, o que foi colligido, mas
apenas, para satisfazer aos deveres da publicidade,
dar algumas informações em resumo, ficando os de-
talhes ~ara quando fôr concluído o estudo de cada
uma dessas especies.
A SECÇÃO confiada ao Snr. HOEHNE, teve por
tarefa um trabalho mais ingrato- o de percorrer uma
zona já anteriormente trilha~a pela Com missão Rondon
em duas vezes successivas, a segunda das quaes, em
parte igualmente percorrida pelo Snr. HOEHNE, auxi-
liado pelo Snr. JOÃO GERALDO KUHLMANN e a
primeira por nós, na Expedição que, sob a direcção
do Coronel RONDON, varou do Paraguay ao Madeira,
de Agosto de 1908 á Dezembro de 1909.
O TRABALHO DO Snr. Tenente ANTONIO
PYRINEUS DE SOUSA cahio, ao contrario, em região
mais favoravel e, se não fôra a epoca em que teve
existencia, seria certamente muito mais interessante sob
o ponto de vista scientifico e suas collecções muito
mais ricas.
ASSIM MESMO, tão ráras são as opportunidades
de brasileiros poderem estudar a natureza de sua terra
e colligirem material para estabelecimentos do Brasil
que só ha que abençoar a entrega da Commissão de
 -7-
Linhas Telegraphicas e da Expedição Roosevelt ao Snr.
Coronel RONDON, graças á quem o Museu Nacional
tem adquirido quasi tanto material patrio quanto o
adquirio em um seculo de sua existencia anterior.

COLLECÇÕES procedentes do valle do Para-

guay, Matto-Orosso, até o chapadão e n'este até as
cabecéiras do rio Roosevelt, assim como dos rios
Commemoração de Floriano e Oy-Paraná: 16 mammi-
feros, dentre os quaes sobresahem, como documento
biologico, um craneo de féto de Tapirus terrestris,
um craneo de Mazama ruja, de chifre duplo. Há, alem
disso, boas pelles, dentre as quaes a d'um individuo
adulto do Cuxiú de nariz branco- Chiropot;es albi-
nasa. I
137 AVES, d'entre as quaes um bello exemplar
de Ampellis purpurea, bellissima cotinga da fauna
Septentrional brasileira; diversos Conurideos ráros
(periquitos), um Pionus (Maitaca) egualmente raro; 'dois
exemplares de Arara azul (Ara hyacinthina); diversas
especies de Buconideos e Oalbulideos ráros; uma bôa
série de Formicariideos; cem exemplares de peixes
pertencentes aos grupos dos Scleracanthas, Characini-
deos e Cichlideos.
59 TUBQS COM INSECTOS diversos e outros
animaes.

11

COLLECÇÕES pr~cedentes do rio Aripuanã:

43 Mammiferos, dentre os quaes diversos exem·
piares de uma especie de Callicebus supposta nova;
duas DasyprQctus (Cotias) ráras, representadas em di-
versas pelles; duas pelles de um ,Veado que no fasci-
culo referente aos mammiferos da Expedição RONDON,

17 Reptis, um dos quaes (provavelmente do ge-

nero l.achests) bastante ráro.
70 Peixes, na sua maioria do grupo dos Chara-
cinideos e constitui~o de especies que o Museu_ ainda
ainda não possuía.
5 Arthropodes.

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Nota: A revisão deste trabalho foi feita pelo proprio aut'ol'.
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