Você está na página 1de 160

-


Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org

· THEODORO SAMPAIO


1
O TUPI
NA GEOGRAFIA
NACIONAL
4.ª EDICAO .
Comemorativa do 1.° Cenlenário do nascimento do autor


lntrod..po t twas ~.~

PROFESSOR FREDER1CO G. EDEl.WEISS

-
f

CAMARA MUNICIPAL DO · SALVADOR


1 95 5
••
.t
t


Reimpressio autorizada da 4.ª edi~ao da obra de Theodoro Sarnpaio,
"Voca&ul•rio Geogr.ílico Bra•ileiro", publicada cm 1955, pelo
Instituto Geográfico e Hist6rico da Bahia (p. 165 - 304 de "O Tupi na
Geografia Nacional").

.•

Editora da Universidade de Sao Paulo



1

UNIVERSIDADE DE SAO PAULO

Reitor: Prof. Dr. Miguel Reale

EDITORA DA UNlVERSIDADE DE SAO PAULO

COMISSAO EDITORIAL

Presidente Prof. Dr. Mário Guimaraes Ferri


(Instituto de Biociencias), Membros: Prof. Dr. A.
Brito da Cunha (Instituto de Biociencias ), Prof.
Dr. Carlos da Silva Lacaz (Instituto de Ciencias Bio-
médicas), Prof. Dr. lrineu Strenger (Faculdade de Direi-
to), e Dr. Pérsio de Souza Santos ( Escola Politécnica).


3

APRESENTA<;AO •

t
Fui incumbido pelo Prof. l\fário Guimaraes
Ferri. Presidente da Comissao Editorial da Editora da U niver
sidade de sao Paulo• de preparar esta apresenta9ao da reim
press&o do "Vocabulário Geográfico Bras~ico", da autoria de
Theodoro Sampaio.

t necessário que de. certa forma justifique


minha presen~a nesta apresent~~ao. Há quase 30 anos que me
dedico a estudos botanicos; inÚmeras vezes sentí-me atraído
pela freqffencia com que nomes de plantas e localidades, ainda
boje evocam o tupi. Devo a meu pai os primeiros esclareci
mentos sobre O significado de vários termos. ~1ais tarde encO!!_
trei na Flora Brasiliensis de Martius nomes populares com
que certas plantas sao até boje conhecidas dos caboclos e nesta
mesma forma acham-se grafadas em vários dicionários de no
mes vulgares de plantas. Assim, aos poucos, aprendendo frag
mentária e insenslvelmente senti cada vez mais a necessidade
---
de um vocabulário, de uma obra de referencia, que me possibi
litasse um esclarecimento imediato do signüicado, em geral
..
descritivo e preciso, <leste ou daquele nome.

Assim finalmente, por intermédio da ami


t
ga e colega Dra. Berta Lange de Morretes, vim conhecer a
obra inestimável de Theodoro Sampaio, na sua edi~ao de 1928
(Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Babia, n9 54 ).
- - ,
Quao relevantes servi~s este vocabulario me prestou teste
mu~a meu entusiasmo em procurar, de alguma forma, tornar

nova.mente acess!vel. aos estudiosos brasileiros esta fonte de


conhecimento do tupi.

Para facilitar meu trabalho,, encontrei o


... ...
apoio de urna pleiade de Professores da antiga Faculdade de Filo
s ofia,, Cie ncias e Letras da Universidade de Sa<>' Paulo, que sub_!
creveram entusiasma"dos meu pedido de reimpress~o dirigido a
Comissao Editorial. da Edito r é'. da Universidade de Sao Paulo.
Esta Comissao. em boa hora criada na Universidade de Sao
Paulo, autorizou o firianciamento do empreendimento, que seria
executado pelo Servi90 de Documenta~ao da prÓpria Reitoria. f

-
Faltava, ainda. a permissao do Instituto
Geográfico e Histórico da Bahía. Para lá escrevi e através
, A

dos bons oficios dos professores Al.exandre Leal Costa e Frede


...
rico G •. Edelweiss, que prontamente atenderam meu apelo, r~
cebi do Presidente do Instituto, a Exma. Sra. Edith Mendes da
Gama e Abreu. a comunica~ao que meu ped~do havia sido autori
zado em reuniao da Diretoria daquela Casa.

Para nao deixar de ser preciso devo acre~


centar que depois do pedido ter sido encaminhado a
Comissao
Editorial, o Prof. Jurn F. Philipson,, da Cadeira de LÍnguas In
dÍgenas do Brasil, da extinta Faculdade de Filosofia,Ciencias e
Letras da Universidade de Sao Paulo, alerto.u -me sobre a exis
tencia de outra edi9ao,, mais recente. do mesmo Vocabulário.

A presente reimpressao, em "off-set",, foi


feita a partir desta edi9ao de 1955. que traz o título geral "O tu
pi na geografia nacional".

...
A qui termina este esclarecim ento que jul
guei necessário acrescentar como uma explica9ao ao consulen
... -
te do porque assino esta apresentagao.

Aylthon Bran dao J oly


... ~

Departamento de Botanica, Instituto de Biociencias


Universidade de Sao Paulo
Margo de 1970

Prefácio a Ouarta Edi~ao

O Tupi na Geografia Nacional é, desde o seu aparecimento, um


dos llvros mais consultados pelos nossos indianistas, historiadores e
geógrafos. Muite>S estudiosos da lingua tupí lhe devem a maior parte
dos seus conhec1mentos, dos seus argumentos. o arremate final as
suas elucubra9óes. E, como acontece em tantos outros assuntos,
quanto mais a ele recorrem, menos lhe citam o nome. Mas, queiram
ou náo queiram, prestam ao grande autor o inestlmável serv190 de
espalhar os seus ensinamentos, que, embora se distribuam por tres
decenios e se contenham em tres edi9óes: de 1901, 1914 e 1928, con-
tinuam pouco acessivels ao número sempre crescente dos interes-
sados num assunto de táo palpitante atualidade pátria .
Principalmente em Sao Paulo, na terra dos tupís em sentido
restrito, onde nasceu, como devia nascer o Tupi na Geo~fia Nacio-
nal, o seu exemplo frutificou. Na Universidade de Sáo Paulo foi
criada a prime1ra Cadeira de Tupí e ao seu operoso regente, Plínio
Ayrosa, devemos o surgimento de toda uma biblioteca com a 1nest1-
mável publlca9áo de velhos inéditos. Em meto a ésse tesouro avul-
tam as edi9óes de dois manuscritos do dicionário jesuitlco, o Vocabu-
lário na Língua Brasilica, que constitui, com as velhas Artes, o ver-
dadeiro allcerce dos novos estudos da llngua tupi talada pelos
indígenas.
Teodoro Sampalo náo chegou a conhecer essa obra básica .
Manuseou laboriosamente o Dicionário Portugues e Braslliano,. que
reproduz o tupi deturpado dos mesti9os do século dezoito, socorrendo-
se, ora das Artes de Anchieta e Figuelra, ora dos compéncilos guara-
nis e, náo raro, do nheengatú moderno.
Se éle pudesse aperfei9oar a sua obra com os recursos hoje ao
nosso dispor, esta quarta edi9áo apareceria completamente refun-
dida em sua primeira parte e com numerosos retoques nas etimologias.
A nós tal tentame náo é permitido.

• Limitamos, por lsso, a nossa interferencia aos capítulos 1nlclals,


onde indicamos, em notas ao pé da página, -as retifica9óes que mats
se lmpunham, dando os correspondentes tupís onde aparecem f or-
mas guaranís, brasilianas ou nheenl'atús.
• · Pensamos prestar assim um servi~o aos estudiosos ainda pouco
familiarizados com a matéria. ·
No Vocabulário, com excec;áo de dois casos, náo fizemos reparos
contentando-nos com reportar o consulente a primeira parte para
aqueles termos onde ali aventamos alguma restric;áo.
Haveria tantos retoques a fazer para tupinizar todos os étimos,
ou Justificar a presenc;a de formas afins, tantas interpretac;óes novas
-6-

a inserir, que uma revisio conscienciosa, baseada no material


acumulado .depo1s da morte do saudoso mestre, corresponderla a
refundir a obra.
Náo é ésse o designio dos que promoveram a presente edi~áo

comemorativa do primeiro centenário do nascimento de Teodoro
Sampaio. - E' cedo &inda para empreendlmento de táo espinbosa
e vasta envergadura.

Convém acentuado que por tupí entendemos exclusivamente a


lingua dos tupis, como a registraram os jesuitas nos séculos dezasseis
e dezassete.
Ao lado dessa lingua policiada desenvolveu-se uma fala popular,
deturpada pela ignorancia e os vicios de pronúncia dos mesti~os e
alienígenas, que devia düerir ainda um pouco de sul a norte.
Da modalldade setentrional setecentista désse dialeto possutmos
o Dicionário Portu¡ués e Brasiliano, a que tanto reeorreu T. Sampaio.
Que noa impede de dar a esse tupi mesti~o o nome de braslliano
do dicionário que no-lo transmitiu?
Ao descendente amazónico do brasiliano conservamos o eufe-
- mismo wsual de nbeencatú.
Insistimos nessa nomenclac;io discrimtnan~ porque agora. com
a 1nclusáo do tupí em nossos estudos universitários, já é tempo de
pór a margem os cómodos genéricos, refúgio de a madores ocasionais,
para situar, tanto qua.nto PQW,vel, toda forma dialetal em seu justo
lugar e individualizar cada ramo de um tronco lingiiístico com deno-
mina~áo priv.ativa .
Ao raiar deste século, no meio em que vivia, na sltuaoá,o em
que se achavam os estudos tupis, pela falta do dicionário pr1m1tlvo,
Teodoro Bampaio ainda podia talar de tupí e citar exemplos gua-
ranís, brastHanos ou nheengatús. A nós, que vivemos cinqüenta anos ,,
depois, em meio a todos os recursos básico~ ta.is licen~as está.o veda-
das, se náo quisermos resvalar do terreno científico para o da mera
charlatanice.

Náo julgamos fóra de propósito incluir num llvro, que por multo
tempo &inda será clássico, umas llgetras notu cronológicas do
indi•ntsmo, principalmente dos estudos lingüísticos em nossa litera-
tura e do ambiente em que na.sceu o Tupí na Geografia Nacional
Elas completarlo de certo modo os capítulos 1ntrodutórios do

llvro, explicará.o a origem de certaa tncongruincias e a ramo do
aeu titulo.
Quanto as anota~óes, pedimos vén1a para frisar que e1as visa.ro •
multo mais orientar, de inicio, os passos dos nossos estudiosos, atuall-
zar, em alguns pontos, um llvro multo consultado, do que por a nú
os seus senóes. Seria inconcebivel o querermos culpar o autor pelo
desconhecimento de material básico, que só depois da sua morte
veiu a lume. - No mais, como já dissemos, ninguém escapa a 1nflu-
6ncia do meto.
-7-

Para evitar confusáo entre as notas primitivas do autor e as


-
nossas asslnalamos aquelas por meio de letras ao invés de números.
.. Mantivemos nas noté:.s a grafia dos vocábulos indígenas obser-
vada em nosso Tupís e Guaranís, com exc~o do fonema s (-= ss)
que representamos, no meio das palavras, por e e ~·
Portanto:
• l é o l semivogal ou a segunda parte de ditongo decreacente;
a o u semivogal ou a segunda parte de ditongo decrescente;
'1 o 1 gutural peculiar aos dialetos tupi-guaranís e
~ o 7 tupi '8.tónico.
e e o pronunciam-se fechados;
,, também escrito ch, é sempre a dorso-velar oclusiva sonora,
como na palavra portuguesa sato;
J corresponde ao j portugues e
x ao eh portugués.
Somos informados que Teodoro Sampaio detxou 11:11\ exemplar
da última edi~áo com eerto número de corr~óes. prinCipalmente
de erros tipográficos . - Infelizmente, tal exemplar náo está ao
alcance do Institut.o Geográfico e Histórico da Babia. - Mesmo
assim corrigimos diversos erras de compoai~, que náo figuram
na Errata.
Há mais de cinco lustros instamos o aut.or de público a apressar
a terceira edi~io do Tupí na Geografla Nacional - Seja a quarta
uma pequena homenagem ao grande mestre, cuja perspicácia crtou,
com poucos recursos, uma obra duradoira e deu novo alento a uma
disciplina que táo lnttmamente se entretece com o nosso pusado.

Cidade do Salvador, Janeiro de 1955.

FREDERICO O. EDELWEISS.

••


VOCABULARIO GEOGRAPHICO BRASILEIRO


e- /J.it<,vl
- -..-·-=-----.,__ _ _ _
A

A, 1. a aemente, o gráo; a bola; a cabe~a, a gente, a pe816a. Sene de
preflxo ' sufflm, em multas dlccóes.
ABA, s. cabello, pello lá, pennugem, pennas No tupi do Am1mnas,
aua; na Ungua geral, aba, ava.
ABA, s. o homem, a gente, a pessoa; o macho. No tupi amazontco,
aaá. Na llngua geral altera-se. por vezes, em ari e asstm entra
na composl~io de muitos vocabulos.
ABACAXJ, s. corr. ibá-cachl, fruta cheirosa, rescendente.
ABA~. s. comp. abá-ete, homem verdadelro, o varáo; bomem forte,
1llustre; bomem de bem.
ABANREEN, s. comp. abá-nheen, a tala ou llngua de gente. B' como ..
os indios cbamavam a sua propria llngua.
ABAPORfJ, s. com. abá-porú, bomen1 que come gente, o anthropo-
phago.
ABARA, s. comp. aba-rá, o cabello ou pello variegado, manchado.
ABARf:, s. c. abá-re, amigo da gente; aftei~oado ou dedicado ao bo-
mem; abá-ré, pessoa difterente, sobrenatural. E' como os indios
chamavam o padre ou mlsslonario. Alt. Avaré S. Paulo, Bahta, etc. 1

ABAREBEBl, s. c. abaré·bébe, ou abaré-ueue, o padre que vOa, o


llgeiro, o lnfatigavel: appellido do Padre Leonardo Nunes, entre o
gentio de S. Vicente.
ABAREMANDOAVA, s.c. abaré-mandoaba, a memoria ou recordac;io
do padre. Nome de uma das mais importantes cachoelr'3 do rlo
Tieté. Por corrupc;áo, se diz boje - Anrémanduava. 132. S.
Paulo. (1).
ABASSAY, s. c. abá-~aí, o homem que espia, ou espreita, o espláo;
· especie de cllabrete ou genio maleftco, entre os indios. ·
ABATI, s. c. aba-tí, os cabellos brancos ou alourados. E' contra~io
de abatinga, donde procede abatin, e depois abati. E' o milho,
cuja denomin~áo lhe vem dos filamentos rUJ.vos, esbranqmoadoa
que envolvem a espiga, por babeo da palha. CZéa Mata, L.) Alt.:
Avati.
ABATITf BA, s. c. abatl-tyba, o sitio ou local do mUho, o mUbaral.
26. Alt.: Avatituba ou Avatitlba, Batftuba.
ABATIRA, s. c. aba-atlrá_ os cabellos amontoados ou erguidos em
topete. ·Nome de uma tribu .indigena do reconcavo de S. Amaro,
Babia.

1 - VeJa a nota te
- 166 -

ABAUCANGA, s. c. aba-~anga, os cabellos soltos ou desgrenhados.


Nome de um valente chete tamoyo, das montanhas de Macahé,
no seculo XVI. R1o de Jane1ro.
ABAYU, s. c. aba-yú, ou aba-ruba, os cabellos louros ou ruivos.
ABI, s. c. - ab-1, o cabellinho, a agulha.
ABIBú, adj. repléto, cheio, tarto. •
ABOY, s. a minhoca.
ABUNA, s. c. aba·una, os cabellos negros; abá-una, homem preto.
o negro.
ABURA, s. c. abú-rá, a respir~áo aolta, o resfolego. Nome de uma
serra em Pernambuco.
ABUTUBY, s. c. abatu-1, o rio das abutuas. R. Gr. do Sul.
ACA, s. a ponta, a sallenc1a, o chUre ou corno; o exprlmldo, o Uldo,
o sumo.
ACA, s. a ca~a o cranio; botio, car~, pomo. E' CQntracQio de
acanra.
ACAE, s. uma especie de pviáo.
ACAIACA, a. o cedro brasileiro. <Cedrella Bruiliensls).
ACAL\CATINGA, s. c. aca••cá-tmca, o cedro branco. Altera-se para
caiacatlnp. S. Paulo.
ACAIARA, s. c. aca-iara, o que é chUrudo ou potente em chlfres.
ACAJú, a. c. aci·JÚ, o pomo amarello, o caJú (Anacatclium Occld.);
o anno.'
ACAIUTIBA, a. c. aca11i·t1ba, o sitio onde ba caJús; o caJual ou
caj ueire.l. )
ACAJUTIBIBó, s. c. aca1ú-tebiró, o cajú estragado; o cajú de sabor
amargo.
ACANGA, s. a cab~a. o come~o, a origem, o cbefe. Alter. acan, aci.
ACAN~ACY, s. c. acanca-cr, dor de cabeQ&.
ACANGAIBA, a. c. acanc..ayba, a cabe~a má; o doudo.
ACANGAOBA, s. c. acanca·oba, o cbapéo, o rorro, o capuz. Contrae-
se em acangaó.
ACANG.AOBI, s. c. acanga-obí, a cabe~ conlca, ou afunUada.
ACANUERA, s. c. acá·uera, o cranlo, a cave1ra. Dlz-se tambem acan..
ruéra.
ACANGAPEBA, a. acanp-peba, a ca~a chata. No tupí amazon1co,
acanrapeaa, significando: racha-cab~a, arma de guerra
ACANGATARA, s. c. acanra-tara, ornato da cabe~a; o cocar; coróa
óe plumas. ·
ACANGATUMA, s. c. acanra-tuma, o cerebro; o miolo.
ACANGAYMA, s. c. acanra-eyma, sem cab~a, o doudo.
ACANGUERA, a. c. aeanr·oéra, o cranio; a cavelra.
-167 -

ACASGUSSú , s. c. acanr-u~ú, a cabe~a grande ; o cabe~udo. Alt.:


cangussú.
ACANIIINANA, s. c. acan-nhinana, a adoudada, a agitada, a deliran-
te. Alt.: canlnana.
ACANUNDú, s. c. acá-nundú, febr1c1tar; ter febre com delirio; febre,
agita~áo. Alt.: calundú.
ACAPORA, s. c. aca-pora, o que está dentro do chlfre, o sabugo.
ACARA, s. c. aca-rá, o cascudo, o escamoso. Nome commum de certos
pebres fluviaes, no Brasil, cujo mais conhecido e o Geopharus
brasiliensls. Alt. cará.
'
ACARAC(7, ·cor. acará-y, donde acará-bú, que, pela forte asplra~i.o
do ultimo elemento, deu acará-cú, cujo significado é - rio dos
acarás. 75. Ceará. José de Alencar, no lracema, traduzlu - rlo
das gar~as, confundindo acará com aruará, a ave vermelha, Ibis
rubra.
ACARAHú, V. Acarahy.
ACAltAHY, s. c. acará-y, o rio dos acarás. Alt. Acarabú~ Acaracú,
Carahy. No guaraní, a-caray significando gente santa.
ACARAPE,s. ·c. acará-pe, nos acarás. Ceará. 62.
ACARAPEBA, s. c. acará-peba, o acará ·miudo, inferior. Alt. Cara-
peba, Carapeva.
ACARAPUCú, s. c. acará-pucú, o acará comprido, longo ou esgulo .
Alt. Carapucú, Carapicú.
ACARAúNA, s:
c. acará-una, o acará escuro. Alt. Carauna.
ACAREl\IBO, s.· c. acará-1embó, o arrolo dos acarás. 102. Rio Gr. do
Sul. Alt. Acarembú.
ACARI, s. um pelxe de agua doce <Lorlcarla plecostomus). Alt. Carl.
ACAú, s. c. acá-y, o rio da rixa, ou bebedouro da briga. Se, porem. se
compuser de aca-y, significa - rio ou agua do chifre. 75. Per-
nambuco.
ACAY. V. Aca-ú.
ACAUA, s. vóz onomatopalca com que se designa a ave Berpetotheres
Cachinans, que ataca as cobras e que os indios tinham como
protectora. Entre os guaranis é chamada l\Iacaguá. E' lenda
amazonica que a Acaui se apodera do espirito das mulheres e as
obriga a cantar com ellas as tres syllabas do seu nome. (R.
Ihering).
ACAYA, s. c. aci-yá, o fruto de caro~o cheio, graúdo; fruto que é
todo caro~o . <Spondias braslliensis). Alt. cajá.
. •,CAYAYBA, s. c. acayá-yba, a arvore da cajá. a cajazeira. Alt.: CaJa·
hyba. Bahia.
ACAY(J, V. Acajú.
ACAPA.BA, s. a travessia, a passagem.
ACATUSGA 1 s. c. a~á-tunga, escurece a vista. Nome de uma planta
medicinal. Alt .: Guar;atunga.
-168-

AC()Ct, s. a abundancia, o que avulta. E' tambem preposi9áo, e signi-


fica - por sobre; em cima de.
ACOYABA, s. a cobertura, ~ tecto, a tampa, o anteparo.
ACú, adj. grande, consideravel. como substantivo significa - o veo.do.
Alt. ~ú, u~ú, rua~ú.

ACUREl\lA, s. c. a~ú-rema, o -veado catinguento.
ACú, adj. quente, que tem calor. s. Paulo, Bahia.
ACUPE, s. c. acú-pe, no quente, no logar quente; na quentura; no

calor. Bahia. 62. Pode ser altera~io de acub, quente, t:alido.
ACURú, adj. encar~ado; contendo seixos ou calháos;_ o que tem
protuberancias; o seixo, o calháo. Alt. Curú.
ACVRUY, a. c. acurú-y, o rio dos seixos.
ACUTI, s. c. a-cotí, individuo que ae posta ou se assenta; allusáo ao
habito do animal desse nome de se assentar para comer. <Dasy-
procta). Alt. Cutia. Para · os indios, este animal symboliza a
imprevidencia pregui~osa .
ACUTIPURú, s. c. acoti-purú, a cutia enfeitada; nome dado ao
esquilo (Sciurus). Amazonas.
ACUTIRANBA, s. c. acoti-ranba, o dente de cutia, de que os indios
se serviam como lanceta. Amazonas.
AGARWA, s. c. ara-r-yba, a arvore do veneno, planta venenosa .
Pernambuco.
AGISSt, s. c. ayi-ce, a semente brota, a sementelra. Pernambuco.
AGUAPt, s. c. acuá-pe, cousa redonda e chata; a planta vulgarmente
chamadá ~pé, papéba, ~péva, que cobre a superficie dos
lagos e das aguas remansadas. (Nymphéa).
AGUAPEBY, s. c. aruapé-y, o rio dos guapés. V. Aruapé. S . Paulo,
l\.íatto Grosso.
AGUARA, s. nome da ga~a vermelha (Ibis rubra). Denominacao tam-
bem do cáo silvestre <Canis jubatus). Alt.: guará.
AGUANAMBI, s. s. arua-nambí, por aguará-nambí, a orelha de cáo.
V. Aguará. Alt.: Eguanambí. Ceará. <2>.
At, s. voz onomatopaica com que, entre os indios, se destgnava a
pregui~a <Bradypus). Von Tschudi explica que esse nome procede
do grito do animal que articula um - a - fechado multo pro-
longado, seguido de um - i - curto e aspirado.
-
Al, adj. equivale a aim, suffixo, vale dizer ~ crespo, enrolado, rugoso,
aspero, murcho.
AJ, pronunciado ie, é contrac~áo de anba, auff., agu~do, pontudo,
em gancho, encurvado.
AmA, adj. ayba, rulm, mau; azedo, acre, ardente. Alt.: Aí, Aiva.
. -
AIBO, s. a-Iba, cousa mesquinha: é uma· concha bivalva, tambem
dita mapé.

2 - v~J• a nota 52.


- 169 -

AIERA. s. c. aí-uéra. a pregui~a ladina ou esperta; é a lrara ou


papamel <Gallctis barbara).
AIMIRIM, s. c. aí-mlrim, a pregui~a pequena (BradJpus piacQ'lus).
AIPi, s. c. a-ipi, a raiz enxuta, a manclloca mansa. Alt. alplm.
AIPIXUNA, s. c. ai-pixuna, a pregui~ escura· (Bradypus torquatus).
AIQUARA, s. c. aí-quara, o refugio das pregul~as . Babia.
~UA, s.· c. a-iuá, a fruta de espinho; o juazeiro (Ziziphus). Alt.: Yuá.
AIURY, s. o auxillo, a ajuda. Alt.: Ajuri. Amazonas.
AJURA, s. o pesc~o, o collo; o gargalo ..
AlURICABA, s. a liga para o trabalho confraterno; o tempo proprio
para isso; o adjutorlo . Amazonas .
AJURtJ, s. c. a-Jurú, boca de gente, ou que tem fala como gente.
Nome dado ao papagalo <Pslttacus). Alt.: Acerú, Gerú. Bahla,
Sergtpe.
AJURtJ-CURAU, s. e: o papagaio maldizente <Psittacus amazonicus).
AJURUET&, s. c. ajurú-ete, o papagaio verdadeiro, legitimo.
AJURUJUBA, s. c. ajurú-yuba, o papagalo amarello. 109. Segundo os
viajantes, antigos, appellldavam os indios aos franceses e alle-
máes - ajurujuba, por trazerem barba ruiva: a-jurú-yuba, gente
de pescoco ou mento ruivo.
ALAMBARY, corr. araberi, arabé-r-i, a baratinha; o pelxinho, a sar-
dinha. Alt.: lambary.
AMAETINGA, s. c. embay-tlnga, a imbaúba branca. Alt.: Maltinga.
AMANA, s. a chuva, a nuvem chuvosa, nimbos. Alt.: ami.
AMANACú', s. c. amana-a~ú, a chuva copiosa, a tempestade; a nuvem
pejada. (3) .
AMANACY, s. c. amana-cy, a máe da chuva; nome de uma ave ama-
zonica, que os indios teem como mensagelra da chuva. Amazonas.
AMANAJó, s. c. amana-yó, o que provem da chuva ou das nuvens.
Amazonas.
~~ARY, s. c. amana-r-y, a agua da chuva.
AMANAYARA, s. c. amana-yara, o senhor da chuva ou das nuvens;
o manda-chuva.
AMANDABA, s. o circulo, a roda, rodeio. Alt. : Amandava, amandá.
AMARAGY, s. c. ami-rá-gy, rlo procedente de chuva.
AMBA, adj. vazio, 6co. Alt.: Emba, Emb.
AMBA, s. o conteúdo da concha; a vulva.
AMANDIYtJ, s. c. ami-ndiyá, o que dá noveno o algodio (Gosslplum).
Alt.: Mantú, Amaniyú.

3- VeJa a nota 218.


- 170-

AMANIYUTYBA, s. e. amani1ú-tyba, o local onde ae cultiva o algo-


dio, o algodoal. _118. Alt.: Amanlytaba.
AMBAYBA, s. c. amba-yba, arvore de vazios ou que tem o tronco oco.
Alt.: Ambaúba. (Cecropla).
AMBAYTINGA, s. c. amba-y'ba-tinga, a embaúba branca. Alt.: Amay-
tinga (Cecropla peltata).
AMBC, s. o fruto do ambuzeiro; diz-se commummente - ombú ou
imbú (Spondias tuberosa). Adj. sonante, estrondante, ruidoso.
AMBY, s. o gemido, o choro, a quelxa.
AMOAI, adj. lindo, bello, encantador.
AMOIPIBA, s. s. amó-y-pira, o que fica da outra banda, o vtztnho da
outra margem. E' o nome de um gentio morador á beira do rlo
s. Francisco. Adj. oriundo de longe, estrangeiro.
A.MU, s. c. a-mii.· gente aparentada, o parente, o alllado.
AN, s. a sombra, o vulto, a alma. 125. V. Anga.
ANACf;, s. c. ani-ee, o parente chegado, o CODIB.nguineo. Era o nome
de uma antiga tribu do gentio brasileiro:
ANAGÉ, s. o gaviáo. Alt.: Nagé. Babia.
ANAJA, s. a palmeira inajá (Maxlmilianae). Pará, Amazonas. Alt.
lnaiá.
ANAJATUBA, s. c. anajá-tyba, o sitio onde crescem palmeiras 1najás;
abundancia de inajás; palmar de inajás. Pará.
ANAMA, s. o parente, o consanguineo; adj. ligado, unido; espesso,
grosso, pesado, grosseiro. Alt. Anam, Anan, Aná.
ANDA, corr. a-ndá, o fruto rijo, a noz, a amendoa dura.
ANDAQ(J, s. c. andá-qú, a amendoa grande, a noz grossa.
A.NDAIA, s. c. andá-yá, copioso em amendoas. Alt. Indayá.
ANDABABY, s. c. andirá-y, o rio dos morcegos. Rlo de Jane1ro..Bah1a.
ANDIRA, s. o morcego," o\ vampiro.
ANDIROBA, s. c. Dhandl-iroba. o oleo amargo, o fruto de que se
extrae esse oleo (Carapa paianensis). Alt.: Jancliroha, naruHroba,
angiroba. Nordeste Brasileiro. .
ANDREQUI~, corr. andlrá-klcé, a faca de morcego, nome indigena
de uma graminea do Nordeste. AlagOas.
ANGA, 8. a alma, a sombra, o vulto, o espirito, a consciencia. Alt . :
· Anr. An.
ANGA. 8 . c. ang-á, a affei~io, a ternura, o rogo. Como contra~io de
aneaba, significa - appari~áo, visáo, phantasma, assombra~áo.
Designa tambem a jngá (Inga dulcls).
ANG~ s. c. anca-i. a alma pequena. o .espirito fraco. Pode procedér
de anp-y e significa entáo - o rio das almu.
ANGAIBA, s. c. anp-aybat a alma rutm, infellz, damnada; a vtsáo
má. Pode proceder alnda de anp-yha e entio significa - a
arvore da a.ngá ou ingá, o angazeiro.
-171-

ANGAIPABA, s. c. anrai-paba, o estado de maldade, ou de fraqueZa.


d'alma, o _peccado. Alt.: angaipá.
ANGATURAMA, s. c. anga-catú-rama, a alma bondosa; espirito
bemfazejo; um bom presagio. Angaturama, a alma a vir, a que
é esperada. Adj. f ormoso, bem parecido. Alt. Gaturama.
ANGOtRA, s. c. ang-oéra, a alma passada, a do defunto, mas aquella
que náo foi para a outra vida e que, por ser má, ficou resldindo
nas taperas ou ruinas, donde saía a assaltar os viandantes
assombrando-os. ·
ANGOERABA, s. a assombracáo, a vlsáo de maus espiritos, a ac~áo
de espectros. 21.
ANBA, s. c. á-nhi, a alma errante, o espirito que anda vagando; o
genio andejo, o diabo. Alt. lnhan, lnhang; Algnan, segundo
J. de Lery.
ANBANGA, s. o diabo, o mau espirito. v. Anhi.
ANHANGABA, s. a ac~io do dlabo, a dlabrura, ·o maleficio. Alt.
Anhangá. 21.
ANHANGABAú, s. c. anhangaba-ú, o bebedouro das diabruras. Pode
vir de anhangaba-y, e entáo stgnUica - rio ou agua dos male-
ficios. V. Anhangaba. S. Paulo.
ANHANGABY, s. c. anhanga-y, a agua ou rio do diabo.
AN~GUABA, s. c. anhá-guara, a cova ou caverna do diabo.
ANHANGOÉRA, s. c. anhá-goéra, o espectro, o phantasma; um diabo
consumado. Era o appellido de Bartholomeu Bueno da Silva,
bandeirante descobridor de Goyaz.
ANBANGAQUIABO, corr. anhanga-klaba, o pente do diabo; semente
aspera com o aspecto de pente, alojada numa fava ou balnha
tambem chamada - pente de macaco.
ANHARUPIA, s. c. anhan•rupiá, a progenie ou ra~a do diabo.
- -
ANRAU, s. c. anha-u, .. o diabo preto.
ANHONBECANBUVA, corr. anbanra-canhyma, o sumidouro do d1abo.
Minas Geraes. ·
ANTA, adj. forte, duro, rijo. Alt. Atá.
ANUM,- s. c. a-n-un, o vulto preto, o individuo negro. Nome da ave
conhecida <Crotopbaga). Alt. ADÜ.
APA, adj. desmoronante, desabado.
APAC:t, s. c. apá-ce, cousa ou entidade saliente, destacada. Alt. Pacé.
Com este nome se designava, outrora, entre os indios, um llhéu
de forma pyramidal, á entrada da enseada de. Jacaracanga, ao
fundo da babia de Todos os Santos. Dahi o nome Pacé ou Passé,
.. que se estendeu ao continente vizinho. Babia.
·APARA, adj. curvo, torto, torcido, aleijado. Alt. Apar, Apá.
APAREYBA, s. c. apar-e-yba, a arvore de esgalhos, de curvaturas;
E' como os indios chamavam o mangue. ·o vocabulo indigena
exprime bem o caracterlstico dessa arvore: apar-e-yba quer dizer
-arvore que tende a eneurvar-se, ou a esgalhar, mergulhando.
(Rblzophora mangle).
-172-

.APATUOA, v. dar ¡olpes, esbordoar, esmurrar, lavrar.


~. s. o eamtnho, a estrada. Alt. Pé. Casca, escama.
APEBA, a. c. a-peba, cousa babea, plana, chata; a superficie. Alt.
Apé, Pé.
APEAt:ABA, s. c. apé-qaba, a saida do camtnho, na praia ou mar-
gem dorio, o porto. 11<!. Alt. Apea9á, Pea9á, Mhea9á, Mlleapba,
Pea~aba.
APEACtJ, a. e. apé-qú, o camtnbo grande, a estrada.
APEHt'BA, s. c. a-pé-yba, a arvore de sobrenadar, de flutuar, o
pau de jangada.
APECUM, s. c. apé-cum, a superficie alongada; o chato em forma
de llngua. E' como se designam, á beira-mar, os tractos de terra,
planos, Usos, que a maré cobre e descobre alternadamente e onde
náo cresce vegetacá,o alguma. Bahla.
APEP*, s. c. apé-pé, o caminho amplo, o camtnbo no augmentatlvo.
Pode ser também a-pé-pé, a cousa multo plana, a planicie. Per-
nambuco.
APEREA, s. c. apé-réá, mora no camtnho, o ·que de continuo .se encon-
tra nos camtnhos. E' o animal vulgarmente chamado preá <Cavia
Apereá).
APEREATUBA, s. c. aperéa-tyba, o sitio das preás; preás em abun-
dancia. 109. S. Paulo.
APftUMBtJ, s. c. apé-tamby, o camtnho pulverulento, .chelo de pó.
PernaDlbuco. ·
APn•U&IB(¡, s. c. apé-tur-ybú, o camtnho que vem da fonte. Per-
nambuco.
APIA. contr. aplaba, s. o homem, o macho dos antmaes. Adj. a-pli,
manchado, pintado, marcado. Sub. aplab, ca~ arredondada,
a glande, o ca.stio. <Baptista Caetano>.
APIABA, a. o macho dos antmaes o homem, o vario. No tupí-guarani
- apiá; no tupi amazonico - apipua.
APICBAIM, a. c. a-picha~ o cabello crespo, encaracolado, encara-
plnhado.
APIGAUA, V. Aplaba.
APICUM, V. Apecum.
APIABY, s. c. aptá-y, orlo dos machos ou dos homens. S. Paulo. Pode
ser ainda apial-y, rio dos meninos. •
APIAÍ, s. c. apiá-i. o homemztnbo, o ptrralho, o menino.
APIPUCOS, corr. a-plpuc, o tropel de gente. Pode ser alnda - apé-
puc, o caminho dividido, a encn1z1Jhada. Pernambuco. Adm1ssivel
&inda é a-pi-puc, a fruta de casca rac?&da, de referencia a ptnhaa.
APIRtJ, a. a-pl-rú, a fruta de casca fina, delgada. Adj. aplrú, repleto,
chelo, inchado.
APJTHR.DrO, s. c. apyter-ybú, a tonte do meto, a que se encontra no
lntervallo. Alt. Apoterlbú, PoUrlbú. 8. Paulo.
-173-

APó, s. a ralz, a baae, a fundaoio.


APODY, s. c. a·pody, ou a-poty, cousa firme, altwa unida, fechada;
uma chapada. Ceará, Rio Grande do Norte.
APORA., s. c. a-porá, altura bonita, cabeoo formoeo; designa monte
isolado e d1st1ncto em terra unida. Babia. '

• APUA, s. c. a-poá, cousa erguida, ca~ eleftdo. Pemambuco. Tam-


bem significa, bola, globo, bala.
AQUA, s. a ponta, a eaqulna.
AQUIRA, s. c. a·qul·rá, cata plolho. Nome de uma cabllda de gentlo
do Ceará. Aqutra-á, o caro00 grande da fruta.
ARA, s. o dla, o tempo; tdade, vez; o que esti no alto, em ctma, de
cima, na eminencia: o mundo. Entre os indios do Amazonas, ·
designa a parte do dia, do meto dla ú cinco horas. O fruto: o
que nasce; o que se colhe; a espiga.
ABA, s. nome dos papagaios grandes (Pslttaeas). ·
A.RABI;, s. a barata, o besouro, o escaravelho.
ABABEBi, s. c. arabé-r-i, a baratlnha; um peixinho de agua d~
vulgarmente chamado - alambary ou tamba17 (Chalceas nema-
turus). S. Paulo, Minas Geraes, Rlo de Janelro.
ARABERY, s. c. arabé-r-y, o rlo das baratas, ou dos lambarts. Per-
nambuco.
ABABORt. s. um pebtlnbo que, segundo o Rotelro Gerat clo Braslt
de 1587, é como a sardlnha de Portugal, e anda aos cardumes.
V. Araberi.
ARABOYA. s. c. ara-boy, a cobra do ar; a serpente que ataca pelos
ares, lan~ando-se de cima das arvores.
ARABUTAN, corr. ruara-pytá, o pau vermelbo. o pan-brasil, que os
nossos indlos chamavam ybyrá-pitanl'a. Em llvros franceses, dos
seculos XVI e xvn é que se lé arabatá. ·
ARAQA, s. o fruto do Psidlum. Entre os Indios deslgnava tambem -
esta(fáo, epoca.
ARACAGY, s. c. ~-g-y, orlo dos ara~.
ABACAtBA. s. c. ara~á-yba, a arvore do~' o ara~o. Pslcllam.
ARACAJ(J, s. e. ará-acayú, o caJuelro dos papaga.tos. Sergtpe.
ARACAPA, corr. oaracapá, o escudo, o pavez, a rodella. Bahta.
ARACAR.t. s. nome de uma · vartedade de tucano, que vive em bandos
CPteroglossus). Tambem significa - chapada, no tupi amazonlco,
decompondo-se: ara-~á-ri, que se traduz: a ver o mundo.
ARA~ARIGUAMA, s. c. ara~ari-cuama, o comedouro ou cen.douro
de tucanos ar~~r1s. S. Paulo.
ARACAI\IA., s. c. ara-cam-i, o pelto alto do mundo, o morro, a eleva-
~i.o do solo, no valle do Amazonas.
ABACATUBA, corr. ara~á-tyba, o sitio dos ara~, onde há arac;ás
em abundancia. Alt. ~tlba. S. Paulo.
-174-

ARACATYBA, s. c. ara-~a-tyba, sitio de se ver o mundo; é como se


denomtna - o planalto - no tupí amazonlco.
ARACATY, s. c. ara-caty, o vento de maresia; o ar empregnado de
mau cheiro. No valle do Amazonas, designa uma variedade de
pinha <Anona). Cidade, á margem do Jaguaribe, até onde sobe a
maré. Ceará.
ARACAUBATUBA, s. corr. ara~á-y'ba-tyba, o sitio dos ara~azelros;
onde abundam ara~iros. Santa Catharina.
ARAC2, s. c. ara-ce, o dia sal, ou desponta; a aurora.
ARACOYA, V. Ara~oyaba .
ARACOYABA, s. c. ara-a~oyaba, o anteparo contra o tempo; o chapéo.
Nome dado commummente a montes !solados com a forma de
uma copa de chapéo. S. Paulo, Minas Geraes. V. A~oyaba.
ABA(;OAHY, s. c. ara~oyá-y, rio do chapéo ou do cocár. Minas Geraes.
Alt. Arassuahy.
ARACY, s. c. ara-ey, a máe do dia a aurora. Babia. Significa tambem
a cigarra.
ABACUA, s. voz onomatopaica, imitando o canto da ave que traz esse
nome. (Penelope Araqaan).
ABACUIPE, s. c. ara-cuí-pe, ao meto diá.
ARA&, s. c. ara-e, dado ou propenso aos papagaios, o amigo dessas
aves. Nome de uma tribu selvagem de Goyaz. Alt. Araez.
ARAGUA, s. c. ará-ruá, o valle ou babeada dos papagaios. Alt. Ara-
gaaba.
ARAGUABA, s. c. ará-gaaba, a comida ou bebida dos papagatos .
Pernambuco. Alt. Araguá.
ARAGUARY, s. c. aráruá-r-y, a agua ou
rio da babeada dos papa-
gaios. V. Araguá.
ABAGUAYA, s. c. ará-guaya, os papagaios mansos.
ARAmA, s. corr. ara-ahyba, o tempo mau; a tempestade. Alt. aray,
araí.
ARAMARt, V. Aramary
ARAMARY, V. Arabery.
AltANDú, s. c. ará-ndú, o rumor dos papagaios. Pernambuco.
ABAPACA, s. a rodella da canóa.
ARAPEBf', s. c. arabé-y, o rio das baratlnhas, dos lambarls. •
ABAPANEMA, s. c. ara-panema, tempo mau; d1a aziago.
ARAPARt, s. arvore multo comum no Amazonas. E' tambem o Cinto
de Orion.
ABAP4SStr, s. a ave conheeida por pica-pau <Pieua).
ABAPECO, s. o morro, um teso. . Amazonas.
ARAPECUM, s. a restinga, a llngua da terra. V. Apeeum. Amazonas.
ABAPIRACA, s. c. ara-pí-raca, o paJl de casca solta. DJz-se tambem -
parapiraca.
-175 -

ARAPIRANGA, s. c. ara•plranga, o arrebol; as ~arras do dla. O


· papagaio vermelho.
ARAPOCA, s. c. ara-poca, o pau furado; a made!ra brocada. Diz-se
tambem para.poca.
ARAPOA, corr. ira-poi, .o mel redondo, ou !ifnho de abelhaa .arre-
dondado.
ARAPONGA, s. c. ara-ponga, altera~áo de gulrá-ponga, o passaro
martelante, cujo canto sóa como a pancada de um martelo; o
ferrador. (Chasmarhynchus cochlearia, Viell).
ARAPUA, V. Arapoá.
\

ARAPUCA, s. c. ara-puca, altera~áo de guirá.-puea, o alc;apáo; a


armadilha de passaro; apparelho dos indios, feito de pequenos
paus, em forma de pyramide quadrangular, a guisa de cest;o e
armando-se como um al~apáo, a apa.nhar aves.
ARAPUR(J, s. c. ará-purú, por plrá-paní, o passaro voraz (Pipidrae).
Alt. irapurú, ulrapurú. ·
ARAQUABA, s. c. ará-•uara, o paradelro ou esconderijo doa papagatos.
Pernambuco.
ARARA, s. voz onomatopaica com que se designam oa grandes papa-
gaios. (Pslttacus Maerocereus).
ARARA, V. lrará.
ARARACANGA, s. c. arara-eanp, a ca~ de arara; ·a nascente ou
cabeceira das araras. ·
ARA RANGABA, s. c. ara-rangaba, signa! ou medida do tempo; o
relogio. Tambem significa - figura ou lmágem de passaro.
ARARANGUA, s. c. arára-anguá, o rumor ou barulho -dos papagatos
grandes. S . Paulo, S . Catharina.
ARARA PmA, s. c. arára-aptra, a cabecetra das araras. S. Paulo.
ARARAQUARA, s. c. - arara-quara, o refugio ou paradelro das
araras. s. Paulo. E' tambem uma arvore alta, entre as legumi-
nosas, no Amazonas. ·
ARARAY, s. c. arara-y, agua ou rio das araras.
ARAR!. s. c. arar-é, affei~oado aos papagak>s; o amigo dessas aves.
Nome de um personagem do romance - lraeema - de José
de Alencar.
AR-ARmA, s. c. arara-ybá, o fruto de araras, ou fruta de que ellas
se nutrem.
ARARIGUABA, s. c. arár-lguaba, o bebedouro dos papagalos. V.
lguaba.
ARARIPE, s. c. ara-ari-pe, literalmente se traduz - em sobre o
mundo, ou por sobre o mundo, allusáo a ser logar donde se pode
gozar de largo horizonte. E' como se chama a alta chapada que
domina os sertóes cearenses do lado do Sul. Tambem Araripe,
pode se decompor em ará-r-y-pe, e se traduz no rio dos papagaios.
ARABITAGUABA, s. c. arár-itá-guaba, o barreiro das araras ou dos
pagagaios; logar abarrancado a margem do rio, onde essas aves
- 176 - .

veem comer o barro salitroso. S. Paulo. V. Jtapa.ba. Era o priml-


tivo nome da cldade de Porto Fellz.
ARARUAMA. s. c. arara-uama, comedouro ou bebedouro dos papa-
gaios. Rio de Janeiro.
ARASSUABA, s. c. ara-suaba, aquelle que tem a face cor de terra; o
individuo amarellado.
ARASSUAllY, V. ~oay.
ARATACA, s. c. ara-taca, o que colhe batendo com estrepito; a arma-
dilha para cac;a mluda.
ARATANGY, s. c. aratá-g-y, o rto das aratanhas. Pernambuco.
ARATANHA. s. c. ara-tanha, o bico do papagaio. D~signa tambem um
pequeno camaráo de agua doce, armado de longas e fortes tena-
zes. Alt. Aratá. Pernambuco. Ceará.
ARATICUI\I, s. c. ara-tlcú, o fruto que re~uma; fruta rala, mole. E'
nome generico das anonas.
ARATINGA, s. c. ara-tlnga, o tempo claro; dia claro.
ARAT(J, s. c. ara-tú, o tombo ou queda de cima; nome de um pequeno
crustaceo, pardo, com laivos amarellos, que sóbe nas arvores de
mangue e que, ao menor rumor ou amea~a, se deixa cair do alto,
sumindo-se na agua (Grapsus). Bahia.
ARATUBYPE, s. c. aratú-y-pe, no rio dos aratús. V. Aratú. Bahia,
Pernambuco.
ARAUARA, adj. diario, do dia ; da occasiáo.
ARAUARÍ, s. nome de uma arara vermelha menor Amazonas.
ARAVATó, s. uma especie de gaviáo. Amazonas.
ARAUt, s. a barata. V. Arabé. Amazonas.
A.RACNA, s. c. ará-una, o papagaio escuro; arara azul celeste, escura.
ARAXA, s. c. ara-chá ou ara-echá, e ainda ara-9á que se traduz:
vista do mundo - allusáo ao facto de ser um logar donde se pode
ver o mundo ou os largos horizontes delle. E' como, em Minas
Geraes, se denominam as planuras altas, mais ou menos unidas,
entre as bacias fluviaes.
AREMBtPE, s. c. a-rembé...~ á volta ou em torno da gente; á borda
da povoa~áo. Bahia, Pernambuco.
ARYBE, s. o cacho, a penca.
ARIA, s. a a vó; a mi.e velha.
ARIA, s. o avo paterno.
ARICANGA, s. c. alrl-canga, o cóco de airi <Astrocaryum Ayri, Mart.>.
Alt. Arican. ·
ARICORY, s. c. ary-corii, o cacho amiudado ou multiplica.do <Cocos
coronata, Mart.) . Alt. Ouricury, Uricury. Pernambuco. Babia.
ARICANDUVA, s. corr. airican-dyba, o sitio dos airis, ou das palmas
a1ris; onde há abundancia dessas palmas. S. Paulo.
ABIBIAIA, s. corr. alri-aia, a palma airi mansa, ou mats macia. S.
Paulo.
- 177 - -

ARIRó, s. corr. airi-ró, o airi amargoso; palmelra que dá o palmito


amargo. Rio de Janelro. As palmas do a1ri <airi-r-oba).
ARIROBA, V. Arlró.
ARmANHA, s. corr. irarana (irar-ana), a falsa lrara; a que imita a
irara. E' a Iontra dos nossos rlos do sertáo. V. Irara. S. Paulo,
Minas, Goyaz, Matto Grosso.
ARú. V. Guarú.
ARUA, adj . quieto, manso. pacifico, bem parecido. E' o nome de uma
tribu indigena da ilha de Marajó. Pari..
ARUA, adj ., pemicioso, máu; s. animal damnoso. S. Paulo.
ARUJA, s. c. arú-yá, abundante de peixinhos, chamados barrigu-
dinhos. S . Paulo. V. Guarú.
ARUMt, s., a mandioca curada ao sol. Amazonas.
ASSAHt, s. c. a-9aí, a fruta acida, de referencia ao coqullho da pal-
melra Euterpe oleracea, Mart., de que se faz vinho -refrigerante.
Pará.
ASSAPABA, corr. a9a-paba, a travessia, o· cruzamento; travéssa.
ASSAQUERA, corr. a9á-quéra, a travessia antiga, onde cruzava o
caminho velho; o porto de outr'ora. S. Paulo, A9acuéra traduz-
se tambem - encruzilhadas.
ASSARt, corr. a~á-ré, a travessia differente, atalho. Ceará.
ASStr, V. A~ú.
ASSUNGUY, corr. a-c;uguí, o sangue de gente. A~uguí-y é - o rlo
do sangue. s. Paulo.
ATIBA, corr. a-tyba, o sitio das frutas; onde abundam as frutas; o
quintal ou pomar.
ATIBAIA, s. c. atyb-ala, o pomar saudavel. V. Atiba. Em outr'ora se
escrevia - Ty-baia ou Thibaia, caso em que cabe diversa tnter-
preta~ao . Tybaia - tyb-aia, vale dizer - sitio saudaveL S. Paulo.
Outra interpreta~áo ainda pode caber: Tybala ..., ty-b-aia, que
se traduz : manancial saudavel.
ATUA, s., o pesc~o, o cogote, a nuca.
ATUCUPt, s., as costas, as espaduas.
ATY, s., a gaivota.
ATYRA, s., o montáo, rima, cabe~o, cómoro. Alt. ytyra, uityra, uitéra,
tyra.
Aú, adj. falso, lllusorio, vio.
AUATITíBA, V. Abatityba.
AUt, corr. a-oé, a semente ou fruto que sóa, ou faz ruido, de que o
' selvagem se servia para guarnecer os braceletes.
AUIO, s., o abio CLacuma).
AVA, V. Abá.
AVA,V.Abá.
AVABY, corr. abá-y, o rio do homem. Paraguay.
-178-

AVANllANDAVA, corr. abá-nhandaba., a corrida da gente. Logar


onde a gente anda ás carreiras, por evitar os perigos da navega-
~áo. Nome de um dos saltos do rio Tieté. s. Paulo. 120.
AXIt, s., a tia. Amazonas.
AXUPÉ, s., a casta de abelhas que se aninha no cháo. Amazonas. V.
GWLiupé.
AYA, s., o papo.
AYACA, s .• o cesto feito de cannas, vulgo jacá.
AYMBERt, corr. ambaré, a lagartixa, o lagarteto.
AYTINGA, corr. aí-tinga, a pregui~a branca. S. Paulo. V. Itinga.
AYURICABA, V. Ajuricaba.
~
AYUR'CJ. V. Ajurú.

BABITONGA, corr. bopitanga, alt. de mbopitanga, que quer dizer -


assignala de vermelho, avermelhar. Pode proceder ainda de
mbaé-pitanga, oue vale dizer - a vermelha. Nome dado a urnas
barreiras vermeihas na costa de s. Catharina. ·
BACADA, corr. ybá-caba, a fruta oleosa ou gorda <Enocarpus bacaba, ·
Mart. ) Pará, Amazonas, Maranhao.
BACAETAVA, corr. m'baé-caitaba, a queimada. S . Paulo.
BACANGA, corr. ybá-canga, o galho de frutas; a cabeceira das frutas.
Maranhao.
BACAXA, corr. ybá-caa~i. pronunciado ybá-caachá, significando
fruta assada, Rio de J aneiro.
BACURAU, voz onomatopaica da ave nocturna (Caprimulgus).
BACURY, corr, ybá-cury ou ybá-curi, o fruto continuo, apressado;
o que frutlfica de prompto. <Platonia insignis).
BACURUVú, corr. yba-curú-uú, pau aspero molle. S. Paulo.
BAt, corr. mbaé, a cousa, o objecto. Alt. mae, ma. V. Mbaé.
BAEPENDY, antigamente Maependl ; corr. mbaé-pindi, que se traduz :
o lim.po, a clareira, a aberta, em allusao a uma clarelra na matta
marginal do rio Grande, facilitando a passagem do caminho dos
descobrldores de Minas Geraes. Minas Geraes.
BAEPINA, corr. mbaé-pina, o llmpo, o calvo, o pellado; os pellaes ; ~·
nome dado a logares privados de vegeta~áo de seu natural; o
individuo que perdeu os cabellos.
BAETACA, corr. mbaé-taca, o ruido, o barulhento. V. Maetaca.
BAETINGA, corr. mbae-tinga, o branca, o alvo.
BAG~ corr. page, o feitleeiro, o santáo do gentio. Rio Grande do Sul.
- 179-

DA.GUA, corr. JPá-pá, o habitante ou morador de alagad19os, de


brejos e lag6as (.Ardea, Clconla). Nome appllcado a aves aqua-
e ticas. 61. V. Guara.
BAGUARI, corr. mbaguari, especie de gar~a (Ciconla Maguarl).
BAIACú, antigamente maiacú, corr. mbaé-acú, o quente, o venenoso.
Pelxe peconhento pelo seu f el e que se infla ao calor do sol, ou
• por simples friccáo da pelle do ventre .
BAITt, corr. mbaé-ité, o feio, o de má apparencia. Pernambuco.
BAI\IBI¿BY, s. c. bambú-y, o rio dos bambús. 1'1inas Geraes.
BANABUYú, corr. paná-puyú, ou paná-poyú, o brejo ou pantanal
das borboletas. Ceará.
BANGtJ, corr. ubang-Ü, o anteparo escuro, a barreira negra, em allu-
sao a um serro. Rio de Janeiro.
BANBARAO, corr. ntbaé-nharó, o alegre, o risonho, o aprazivel. No
tupi do Norte, significa - o bravio, o furioso. S. Paulo.
BARABú, V. Guarabú.
BARACÉA, corr. pora-acé, o ajuntamento do povo, a reuniáo festiva,
o folguedo .. Nome de antiga localidade da costa de B. Paulo.
B. Paulo.
BARACVTIARA, corr. ybirá-coatiara, a madeira riscada, lanhada ou
manchada do seu natural. Ceará.
BARATI, V. Parati.
BARAUNA, corr. ybirá-una, a madeira preta. (Melanoxylon Barauna,
Schott) . Alt. Birauna, Brauna.
BARIRI(:O, corr. mbaé-riri~o, o evacuante, o evacuativo, o laxante.
Alt. Mariri~o.
BARIRY, corr. mbaé-riri, o agitado, o temído; o confuso. V. Mariry.
E' vocabulo para designar pontos do rio, onde as aguas correm
agitadas, rapidas; é o que commummente chamamos uma corre-
deira.
BARTYRA, corr: botyra ou ybotyra, a flor. E' o nome da mulher de
Joáo Ramalho, filha de Tybirl~á citado no poema Confedera~áo
dos Tamoyos, de Magalháes. (4).
BA.Rú, corr. mbarú, o cheiroso, o odorifero, o recendente. Nome de
· uma planta que dá sementes de chelro, servindo para beneficiar
o rapé ou tabaco. (Dipterix). Amazonas, Guyanas. V. Cumbarú,
Cumarú.
BARUERY, corr. bariry. V. Bariry. S. Paulo.
BASSUBY, corr. ybá-assú-y, rio dos cócos. Rio de Janeiro. Pode ser
tambem yb-assú-y, o rio do pau grande.
BATATA, corr. ybá-tanti, o coco duro. Pode ser tambem ybatátá, .
o pau duro, linheiro. :
BATICUPA, corr. abati-cupá ou abati-cupaba, a r~a de mllho, o
mUharal. Pernambuco.

4- VeJa a nota 25.


- 180 .......

BATINGA, corr. yba-tinp., o pau branco. Pernambuco.


BATITINGA, corr. abati-tinga, o milho branco. Alt. V~tltinga .
BATOVY, V. Batuvira.
BATUIRA, corr. mba-tuira, o clnzento, o pardo. Sáo Paulo. E' o nome
de um passaro.
BATURITÉ, corr. ybytyra-eté. a montanha verdadeira, a serra por·
excellencia. Alt. Ubuturete, Buturete. Oeará. 81.
BATUVIRA. corr. mba-tuuira. o ctnzentado, o pardacento. Nome dado
a um tapirideo da zona do Sul, a mesma anta-choré de Minas.
Alt. Batuvi, Batovi. Rio Grande. Santa Catharina, Paraná.
BAURú, corr. ybá-urú, o cesto de frutas. S. Paulo.
BAXIUVA, corr.. ybá-chi-:vba~ ·planta de frutos multo unidos, o cacho
fornido. E' uma palmeira (lriatae). Amazonas, Pará.
BAf'TINGA, V. Baetfnga~
BEi.Tú. corr. m'l>eiju, o enroscado, o enrolado, é o bolo de mandtóca
torrado, 119.
• BEi.Tú-PIRA, corr. ni-vú-nfrá, o peixe de ~lle ama:rella. Pode ser
tambem - mbeiiú-:r>irá, o peixe de bolo. v. ~eijú.
BEIJUHY, s. c. mbeijú-y, o rlo de ou agua do beijú.
BEPICú. corr. apé-pucú, o caminho comprtdo, a vereda longa. Per-
nambuco.
BERA, corr. beraba. brilhante. reluzente, transparente, claro. Alt.
verava,. ve.rá, uerá, virá, birá.
BERTIOGA, corr. oa1'ati-oca, o refugio, ou morada das tatnha.s.
Designa um canal oue separa a ilha de S. Amaro. da terra firmé.
S. Paulo. Alt. baratioca, bartioga, bertioga. 112, 129 .
BETUM, corr, petym, o tabaco, o fumo. <Nico.t iana T.). Alt. Bed~1,
petume.
BIACA, corr. mbia9á, s. c. mbiá-~á, a gente atravéSsa, ou cruza.
Nome dado a ponto do cam.lnho. quando atravessa um rio; porto
aonde sae o camlnho. Alt. mbia~aba, bia~aba, piac;aba, piac;á,
embiac;á.
BIBI, s., o vae-e-vem, a alternativa; o balan~o.
BIBIRIBE, cor. bibi-r-y-pe, no rio do vae-e-vem . .Em documento
antigo, lia-se yabebiry, caso em que se hade ter o nome como
composto de yabebir-y, significande>-o río das ralas. Pernambuco.
BJBOCA, corr. yby-boca, o chao fendido o.u sulcado; aterra rachada;
barro fendido ou gretado. Designa o casebre barreado, caso em
que o vocabulo biboca pode proceder de yby-b-oea, que se traduz
literalmente - casa de barro.
BICUYBA, corr. mbocui-yba, a arvore de fazer pó. (Myristica offici-
nalis). Da semente extrae-se um oleo aromatiao, .efficaz no rheu-
matismo. Alt. Bucuiba, bocuuva, ucuúba, vielúba.
BIGUA, corr. mbí-guá, o pé redondo, o palmipedc. 'Car:bo brasilianus).
Alt. Jmbiguá, piguá.

. .
-181-

BUARt, corr. mbí-yari, a pelle solta, a casca náo adherente. Pode


ser tambem yby-yari, a terra fofa, solta. Pernambuco.
BIOBEBA, corr. mbí-opeba, o pé chato; o pé espalbado. Nome dado
pelos guaranís do Paraguay aos tupís de S. Paulo. <V. Hist. Geral
das Bandeiras Paulistas, de Aff. de Taunay - Tom. 2.0 p. 67) .
BIRACOYABA, corr. ybyrá-a~oyaba, a cobertura ou anteparo de
• madeira .
BIRIBA, corr. mbir-yba, a arvore de casca ou pelle. Alt. emblriba,
ibiriba. Nome dado a uma arvore que se descasca facilmente e
de que se tiram fios compridos como o canhamo, a embira. E'
madeira forte, bóa para esteios, e arde ao fogo admiravelmente.
Della faiem-se bastóes, bengalas. Rot. do Brasil.
BIRIBA, corr. mblryb-á, procedente ou tirado da biriba. V. Blrlba.
BIRJBA, V. Iblriba.
BIRITINGA, corr. piri-tlnga, o junco esbranqui~ado; o junco que
desponta. Bahia.
BITú, corr. ybytú, o vento, a aragem, a nuvem. Alt. botú, butú, votú.
BOA, corr. mboy, a cobra, a serpente, o op'h idio em geral. ~pecial­
mente usado para designar a gibola (Boa constrictor). Alt. boy;
bóy. (5) . .
BOACICA, corr. mboaciga, a atalho o córte, o abreviado. Pernambuco.
BOAPABA, corr. boia-paba, a estancia, ou paradeiro das cobras. Modo
erroneo de escrever ybyapaba, tal como se ve em documentos do
seculo XVII. V. Iblapaba. Ceará, Piauhy.
BOASStJ, corr. mboy-assú, a cobra grande, a serpente. Rio de Janeiro.
BOAVA, V. Emboaba.
BOCA, V. Mocaba.
BOCAYUVA, V. Macahuba.
BOICININGA, corr. mboy-cininga, a cobra resonante; a que retine;
a cobra ca.scavel. Anch. (Crotalus terrificus). Alt. boicinunga,
boi~uninga .
BOICIPó, corr. mboy-cipó, a cobra cipó. Rot. <Coluber blcarinatus,
Neuw> .
BOIGUASSú, corr. mboy-guassú, a cobra grande, a serpente (Boa
constrictor). (6).
BOIJEJA, corr. mboy-yeyá, a cobra susceptivel de se cortar ou se
dividir. E' o nome de uma lagarta de f ogo que, cortada em
pedac;os, continua a mover-se e que os indios tinham como capaz
de se recompor e viver. Rot. (Lampyris femina).
BOIOBt, corr. mboy-obi, a cobra verde . M-arcgr. Piso. Rot. (Colu-
ber vlridissimus L.). Alt. boiubú; bojubi.

S- Boa nada tem que •er com o tupL Veja : Artur Neiva - E•tud.os da Lingu a
Nacional, Rlo de Jane1ro, 1940; pp. 333-348. Vem do latlm e ji toi usado
por P11nlo.
e- VeJa u notu 15 e 218.
-182-

BOIPEBA, corr. mboy-peba, a cobra chata; a que tem a propriedade,


quando acuada, de se achatar. Bahia, Amazonas.
BOIPINIMA, corr.. mboy-pinima, a cobra pintada ou maculada. (Elaps)
BOIPIRANGA, corr. mboy-piranga, a cobra vermelha; a cobra coral.
BOIQUATIARA, corr. mboy-quatiara, a cobra pintada. Alt. Boicutiara;
Cutiara. (Lacbesis). S. Paulo.
BOIQUICABA, corr. mboy-qui~aba, o ninho de cobra. 68. S. Paulo.
BOIRAú, corr. mboy-raú, a cobra fingida; imitac;áo de cobra.
BOIROICANGA, corr. mboy-roi~anga, a cobra fria. Anch.
BOISSó, corr. mboy-y~og, o bicho de cobra, ou piolho de cobra.
Pernambuco.
ROITATA, corr. mbae-tatá, como escreveu Anchieta, e que quer dizer:
- cousa que é toda fogo, luzeiro; é como os indios cbamavam
o fogo fatuo, a phosphorecencia. Alt. Baetatá, Maetatá. Tinhi-se
boitatá como um genio, na mythologla indigena. V. Macahera.
BOITARACA, corr. mbaé-taraca, a cambiante, a furta-eor. Nome de
uma serra no Sul da Babia. Alt. Baytará.cas. Bahia.
BOITIAPOIA, corr. mboy-tia-póe, e.o bra cerrante, ou que se enrodilha
em alguem. Grande ophidio, muito delgado, de f ocinho compri-
do e que náo mordia; matava a sua presa, enroscando-se eom
ella e apertando-a rijamente, ao tempo ·e m que lhe introduzia,
nos ouvidos, a ponta aguda e dura da cauda. Rot. do Brasil;
Piso. Alt. Boytyapó. ·
BOITUVA, cot'r. mboy-tyba, o sitio das cobras; onde as cobras abun-
dam; o serpentario. Alt. Boytiba, Boytuba. S. Paulo.
BOIUNA,. corr. mboy·una, a cobra preta.
BOIUSSú, corr. mboy-u~ú, a cobra grande, a serpente. Alt. Boigua~ú,
Boia~ú, Boi~ú.
BOIUCUCANGA, corr. mboy-u~ú-canga, o esqueleto de cobra, a
espinha de cobra. Pará.
BOJURU, corr. mbo-jurú, desembocar, confluir, fazer boca; tazer
barra; embocadura; foz.
BONGA, corr. pongá, contraccáo de ponpba, o ruido, o rumor, o
estrondo. Rio de J aneiro.
·~
BONGY, corr. pongy, c. pong-y, o rio do estrorido; agua do rumor
ou da pancada. Pernambuco.
BOPt, corr. mbo-pí, fura a pelle, ou sangra; o morcego. S. Paulo.
BOQUIRA, corr. mboquira, o broto, a nascente. Alt. Moquira. S. Paulo.
pode significar tambem - o que provoca ou annuncia a chuva;
logar onde as nuvens, preferentemente, se formam.
BOBA, s., o amago, o intimo, o centro. De referencia a a.belhas,
exprime o que se lhes tira da colmeia., ou ninho.
BOU, s., Instrumento musico do aelvagem, especie de gaita, feita
-183-

com a couraca da cauda do tatú grande - toró (Dasypus Giras>.


Boré é corru1>eáo de toro-e, donde tor-é, bor-é. (7).
BORBOREMA, corr. de por-por-eyma, procedente de pora-pora-eyma,
que significa - privado de moradores, sem habitantes (pora); o
deserto, a solidio, o sertáo. 85. Rio Grande do Norte. Parahyba.
BOSARAY, corr. mbo-~ará-y, rio· ou agua de deslisar; isto é, por
onde se fazia descera ma.deira cortada na matta. Rio de. Janeiro.
BOSSOROCA, corr. yby-soroca, a terra rasgada ou fendida; o rosgáo
no solo. Alt. Ubussoroca, Bussoroca, Bossoroca, Vossoroca. 132.
s. Paulo, Paraná, Minas Geraes.
BOTUCATú, corr. ybytú-catú, bons ares, clima bom. Alt. Ubutucatú,
Butucatú. 77. S . Paulo. · · · ·
BOTUCAVARú, corr. ybytu-cabarú, o cavallo das nuvens; monte
elevado onde as nuvens flcam a cavallelro. 129. S. Paulo.
BOTUJUR(J, corr. ybytu-jurú, a boca do vento; garganta ou quebra-
da por onde sopra o vento. 77. s. Paulo.
BOTUROCA, corr. ybytú-roca, a morada do vento; cova donde sae
o vento. ·
DOY, corr. mboy, a cobra, o ophidio em geral. Alt. Boí, Moy.
BOYGUASS(J, éorr. mboy-gua~ú, a cobra grande, a serpente.
-.
BOYGUASSUGUABA, · corr. mboy-gu~ú-guaba, o bebedouro da ser-
pente; o viveiro da serpente. S. Paulo.
BRACAYA, corr. mbaracá-yá, o que chocalha, ou imita o som do
maracá ou chocalho. E' o nome de um gato montes. V. Maracajá.
BRACUY, corr. ybyrá-cuí, a farinha de pau; o pó de madeira; farello;
a madeira que se desfaz em pó. Pode ainda Bracuy proceder de
ybiracúi-y e significar - o río das gamellas. V. IbiracúL Rlo de
Janeiro.
BRAUNA, V. Barauna.
BREJAUVA, corr. de J'byr&yá-yba, a arvore de madeira rija. E' uma
palmeira de cuja madeira se serviam os indios para fazerem os
seus arcos. Alt. Barajauba, Brajauba, Brejauba, (Astrocaryum
ayri). Minas, Rio de Janeiro.
BtJ, corr. ybú ou y-bú, a agua que surge; o olho d'agua; o manancial.
Alt. Ubú, Obú. Pode, ainda, o vocabulo Bu proceder de bur, surdir,
emerglr, sair donde estava occulto e, neste caso, Bú se traduz -
o que se embusca, o que tem por habito armar emboscada e assal-
tar de surpresa e com estrondo. E' o nome de uma na~áo selva-
gem do sertáo da Bahia, conhecida na Historia por - indios Bús
- Babia, Maranhio.
BUOO, corr. mbucú, o comprido, o longo, extenso. Pernambuco.
BU~UITOBA, corr. ybycui-tyba, o areal.
BUIQUE, corr. mboyr, fazer manar; logar de manadeiros, ou fontes.
Pernambuco.

7 - VeJa a nota 233.


- 184-

BUJURC, corr. ybú-juri, a boca ou entrada da fonte.


BULANDY, corr. bor-yandi, o que dá azelte; madeira oleosa; pau
de oleo. Pernambuco.
BUPEVA, corr. yby-peba, a terra babea; a cha, a planicie. 76.
BURACICA, corr. ybyrá-icica, o pau de resina; madeira resinosa, á
semelhan~a da almécega, da qual, em outr'ora se faziam calxas
para a exporta~áo do assucar. (Laurínea). Alt.' Buricica. Bahla.
BUR~~M, corr. ybyrá-nbe, a madeira doce; pau de casca adoci-
cada. <Chrysophyllum glycyphlocum Ried.) . Alt. Ibiraiihem.
BURAB.AMA, corr. ybyrá-rama, a regiáo das madeiras, a terra das
mattas. Pernambuco.
BURABt, corr. ybJl'á·re, a madeira fétida; o pau catinguento. Per-
nambuco.
BUIU, s. a palmeira conhecida. (Dlplothemium caudescens, Mart.).
Alt. Bury.
BURIQUI, corr. myra..qui, gente que se baµibaleia, que vae e vem.
Nome de uma especie de simios amarellados das mattas do litoral.
(Ateles bypoxantbus, Neu.). Alt. Muriki; Baricui; Baregui. S.
Paulo.
BURIQUIOCA, corr. buriqui-oca, o refugio ou paradeiro dos macacos.
V. Buriquí. 122. S. Paulo.
BURITAMA, corr. buri-tama, a regiáo dos burís. V. Burí. Ceará (8 ).
BURITY, corr. mbiriti, arvore que emitte liquido; a palmeira. (1\-Iauri-
tia Vinifera, Mart.) . Alt. l\'lurity, Mirity, l\tority. 108.
BUTANTA, corr. yby·tanti, a terra dura, firme ; designava tarilb~m,
em outr'óra, na lingua geral, em contacto com os portugueses -
a taipa, o muro de terra socada. S. Paulo. 76.
BUTú, corr. ybytú, o vento, o sopro, a ventania; o ar, o tempo o
clima. Alt. Botú. Pode ser ainda cor:tup~áo de ybyty, significando
- monte, cab~o, eleva~áo do solo.
BUTUCARAY, corr. yb)'ty-earay, o monte santo. Rio Grande do Sul.
BUTUQUABA, corr. ybytú-quara, o buraco do vento; garganta do
vento. Pode ser ainda derivado de ybyty-quara, significando -
a cova do monte. 7'7. s. Paulo.
BUTuPOCA, corr. ybyty-poca, a montanha furada; o monte partido,
arrebentado; o vulcáo. Alt. Vutupoca. ·s. Paulo, Minas Geraes.
BUTVBUNA, corr. ybytyr-ana, o monte negro; a serra negra. 81.
S. Paulo, Mtnas Geraes.
BITBuBY, corr. ybytyr-y, alterado para bytur-y, a agua do monte;
o rio da serra. Pernambuco.

8- VeJa u notaa 1'13 • 1'15.


- 185 -

e
CAA., s., a folha, a planta, a herva, o vegetal em geral; a arvore, o
matto, o monte; o matte ~ enes parapayensls). Alt. Cá.
CAACUP&, s. c. caá-cupe, atrás do monte; por detrás da matta.
Paraguay.
CAAET&, s. c. caá-ete, a matta verdade1ra; o matto virgem; a flores-
ta prim.1t1va.
1

CAAGUASSO, s. c. caá-guassu, o mattao; o matto alto. S. Paulo,


Paraguay.
CAAPORA, s. c. eaá-pora, o morador do matto; o mattuto; adj.
agreste.
CAARER(), s. c. caá-rerú, o prato de folhas; a beldroega.
CAATA, corr. caá-antá, o matto bravo. Alt. Catá.
CAATYUA, s., o mattagal; o ~tto cerrado. Alt. Catyba.
CAAZAPA, s., é forma guaraní corres1>9ndente, no tupi, a ~paba.
V. Ca~apava. Paraguay, Argentiná.
CABA, s., a vespa, o maribondo. Alt. Cáua, Cava, Ca. Como adj. gordo,
oleoso; s. a gordura, o oleo.
CABAPOAMA, s. c. caba-poama, vespas assanbadas.
CABARú, corr. do vocabulo portugues - cavallo. Alt. Cavarú. No
tupi-guaraní - Cabayú.
CABARú-PARARANGA, o relincho ou nitrido do cavallo. S. Paulo.
CABARUTINGA, s. c. cabarú-tinga, o cavallo russo. Alt. Cavarutinga.
CABAQUA, corr. caba-quá, o buraco das vespas; agullhao ou est.Uete
do marlbondo.
CABAXt, corr. caba-chi, vespas luzidlas, lustrosas. Babia.
CABAYBA, s. c. eaba-ayba, a vespa venenosa, má. Matto Qrosso.
CABEC&, s., a abelha parda.
CABIUNA, corr. caá•piuna, a folha escura; a madeira preta. (Macboe-
rium, Sp.). E' o chamado jacarandá do campo.
CABOCLO, V. CabOco.
CABOCO, corr. caá-boc, tirado ou procedente· do matto. 111. (9).
CABONBA, corr. cab-onha, o ninho de vespas; o enxame delas. Bahia.
CABREUVA, corr. caburé-yba, a arvore do caburé. Alt. Caburehyba,
Cabureúba, Cabureuva. S. Paulo.
CABROBó, Nao é tupí; procede de cropobó, na lingua cariry, vale
dlzer - guerra, luta. Pernambuco.
CABUCtJ, corr. cab-u~ú, a vespa grande, o taváo; -o maribondo; uma
varledade de abelhas. 109. Alt. Caussú.. Caasú.

9 ~ VeJa u notu 190 • 192


-186-

CABUHA, s. c. cab-RDa, a vespa negra; o maribondo escuro. Alt.


Cabun.
CABURÉ, s., uma especie · de mocho, ou corujinha (Strix bra~Uana,
Lath). Alt. Caboré, Cauré. Parece proceder de cabÜ-ré, que quer
dizer - propenso as vespas escuras, ou que se alimenta dellas.
Pode proceder ainda de caá-por-é, dado a morar. no matto. No
Amazonas, o Caburé ou Cauré é uma especie de gaviáo. (Falco).
CABUREHYBA, V. Cabreuva.
CACA, corr. caá-a.~á, paus cruzados ou atravessados, cercado felto
de tranqueiras.
CACAPAVA, corr. caá-a~apaba, a clareira ou aberta na matta; tra~
vessia da matta. S. Paulo, Minas Geraes, Rio Grande do Sul.
Alt. Casapá.
CACAQUERA, s. c. ca~á-coéra, as tranqueiras; os cercados ou curraes.
· Pode significar tambem os cercados velhos, ou curraes velhos.
V. Ca~á. (10).
·.
CACATú, corr. caá-catú, matto ralo, facil. de
.
penetrar; o cerrado. 88.
CACA.REMA, corr. caá-cerema, a que ni.o quer planta; especie de
f ormiga. Diz-se tambem caceree.
CACEREB(1, corr. cacira-bÚ, a vespa escura, o maribondo negro. V.
Cacira. Río de J aneiro.
CACIRA, corr. ca-clra, a vespa agullhoante, pungente. V. Caba.
CACUNUNGA, eorr. ca-cyninga, a vespa zumbldora, ou ruidosa. Alt.
Cacininga, Cacinunga. V. Caba.
CAETA, corr. caá-etá, as mattas; as plantas. E' o plural de caá. Bahta.
'
CAETE, corr. caá-ete, a matta real, constituida de arvores grandes,
a matta virgem; a folha larga, 88. Minas Geraes, Pernambuco.
Alt. Caheté, Cahité.
CAETITÉ, corr. caá-ete-te, a matta verdadeira, extensa, o mattáo. Se
o vocabulo, na sua forma primitiva, era Caitaté, como querem
alguns, dada a sua composi~áo - caá-ltá-té, se traduzirá -
penedo destacado na matta, isto é, pedra de relevo den~ro da
matta. Bahia.
CAHETÉ, s. nome de uma na~ selvagem no territorio de Pernambuco.
V. Caeté.
CARY, corr. caá-y, o rio da matta. Rio Grande do Sul. O nome cahy
ou caí tambem se applica a uma especie de silnlo <Cebas Azarae),
multo vergonhoso e timido. Caí, adj. acanhado, medroso, timido.
CAIA, s. a queimada, o incendio. Dlz-se tambem Calta. 57.
CAIACANGA, s. c. cai-acanga, a cab~a cbameJante ou em labaredas;
é o nome do polvo, no tupí.
CAIACICA, corr. acayá-clca, a resina da cajá. S. Paulo.

10 - VeJa u notu: 8, Me 195.


~- 187 -

e~, corr. acayá-apé, a vereda ou caminho das cajazelras. Pode


tambem proceder de cala-apé, a vereda das queimadas. Per-
nambuco.
CAIAR~ corr. acayá-ri, semelhante á cajá, ou a cajá falsa. Diz-se
tambero Cajarana. Pernambuco.
CAIABtJ, corr. caá-ybú. a fonte ou olho d'agua da matta. Pode ser
tambem ca-ybú, a fonte das vespas. Rio Grande do Sul.
CAICARA, corr. caá-i~ara, a estacada, o tapume, o cercado, a trin-
cheira. Alt. Caicá. (11).
CAINANA, corr. acá-inan, a cabe~a agitada; a embravecida.
CAtPE, corr. caá-y-pe, no rio da matta. Babia. Alt. Cahype. V. Calg_..
CAIPÉ~ corr. caá-y-pé, a vereda do rio da matta. Pernambuco.
CAIPIRA, corr. caí-pyra, o envergonhado, o timido. Clla) .
CAIPORA, corr. cai-pora, o que tem fogo; o q:.ie queima. Pode proce-
der tambem de caí-pora, que significa: o que tem acanhamento,
ou que é corrido. Pode proceder ainda de caá-pora, o morador do
matto, o habitante da matta, o mattuto, agreste. E' um genio da
mythologia selvagem. 125. .
CAIRUC(J, corr. cai-r-u~ú, a queimada grande. S. Paulo.
CAITA, corr. caitaba, a queimada, o incendio. Alt. Caitava.
CAITÉ, corr. caá-ité, o matto discorde, var1egado; o matto teto .
Pernambuco.
CAJA, V. Acayá.
CAJAHYBA, corr. acayá-yba, a arvore da cajá; a cajazeira. Spondlas
brasiliensis). Babia.
CAJARANA, corr. acayá-rana, a cajazeira parecida; a cajazelra falsa.
<Cabralea Cangerana. Vell.). Alt. Cangerana.
CAJú, V. Acayú.
CAWBURA, corr. acayú-byra, o cajueiro renovado; renovos de caju-
eiros. S . Paulo.
CAJURú, eorr. caá-Jurú, a boca da matta. S . Paulo, Minas Geraes. 88
CALUMBY, corr. caá-r-umby, a folha azulada, arroxeada, o anil. V .
Cayuby. Alt. Carumby, Catumby.
CALUND(J, corr. acá-nundú, a cab~a esquentada; afogueamento; mau
humor, arrufos, capricho.
CAMA, s., o peito, os seios; o papo; eleva~io, proeminencia, cabe~o .
Alt. Cam, Cá. · ·
CAMA~ARY, corr. cama-~arf, a lagrima do peito, isto é, o fio de leite;
allusáo á materia leitosa que deita a arvore deste nome, quando
ferida. Pode tambem proceder de caá-mo~ary que quer dizer -
planta que lacrimeja. Madeira de que, em outr'ora, se faziam
calxas para a exporta~áo do 8.§Ucar. Babia.

11 - VeJa. a nota 195.


ua - Idem. 100.
-188-

CAMACUA. s. c. cama-euá, ou eama-cuá, o bico do peito; colUna pon-


teaguda; cabe~o 1ngreme. Rio Grande do Sul.
CAMAMBú, corr. cama-mhur, o peito que entesa, ou resalta.
CAM.Al\'lú, corr. cama-m-un, o peito negro; especie de ave aquatica.
Bahía.
CAMAPUA, corr. cama-poá, o peito arredondado; o peito saliente; a
collina arredondada ; comoro; a meia laranja. Rio Grande do Sul,
Matto Grosso.
~AMARA, corr. caá-mbará, a planta variega~; a pl~nta de folhas
de varias córes. (Lantana C.). Alt. Cambara, Ca.para.
CAMARAGtBE, corr. camará-gy-be, no rio dos camarás. Pernambuco,
Alagóas. V. Cainará.
CAMARATIBA, corr. camará-tyba, o sitio ou local dos camarás; onde
abundam os camarás. V. Camará.
CAMBA, s., o negro africano, no guaraní. Paraguay.
CAMBAi, s. c. cambá-i, o negrlnho. Paraguay.
CAMBAQUA. corr. eambá-quara, o esconderijo_dos negros. Rlo Grande
do Sul.
CAMBOATA, s. c. caabo-oatá, anda pelo matto. E' o nome do pelxe
(Cataphractus), que se transporta através do matto, de uma
agua para outra, por occasiáo de secca. Alt. Cambotá, Camuatá.
CAMBUCY, corr. cambu-chi, o vaso d'agua, o pote, cantaro. Alt. Camu-
cy, Camucim, Camotim, CamotL S. Paulo. Pode proceder, ainda,
de caá-mbocy, significando - fruto de duas partes juntas. 70.
CMIBUY, corr. caá-mboy, a planta ou folha que se desprende .
Myrtacea).
CAMBUQUIRA, corr. caá•ambyquyra, a planta grelada; grelos; folhas
tenras.. Minas Geraes. .
CAMBUTA, corr. cam-buta, o peito saliente, emergente. Bahla.
CAMBY, .s., o lelte. Alt. Camy.
CAMIN, s. c. cam-i, o peitinho, o selo pequeno.
CAMINBOA, s. c. cami-yoá, o peltinho liso. Bahla.
CAMmIM, s. c. eaá-mJrim, a f olhtnba, a mattinba, a plantlnba. ,
CAMUCL\I, V. Cambucy.
CAMUCIATA, corr. camucy-etá, os potes, os cantaros. 25. Babia.
CAMUNDO, s. c. caá-mondó, trabalhar no matto; ca~ar. 116.
CAMURY, s., o roballo. (Sciaena undecimalis, Bloch.). Alt. Camurú,
Camburú. Peixe saboroso de agua doce, abundante no Baixo Sáo
Francisco.
CAMUBUGIPE, corr. e&m11J'1·1J'-pe, no rto dos roballos. Babia v.
Camury. Alt. Camurigy. Pernambuco.
CAMUKUPIM, s., o pebte conhecldo. Alt. Camboropí.
CAMUTANGA, corr. aeá-mJtanra, a ca~ vermeJ-ba, a crista. Per-
nambuco.
-189-

CAMUTIM, V. Cambuq.
CANDEA, corr. ean-teá, limpo, bonito, slo, perfeito.
CANEO, corr. eanei, a cansetra, a fadiga, o enfado. S. Paulo.
CANGA, s., o osso, o ca~. o nucleo; adj. aecco, ~nxuto. Alt. Can, Cá.
CANGACA, corr. acanga-~aba, a travessia da cabecelra. Pernambuco.
CANGAMBA, corr. aeanp-ambá, a cabe9& vazia, o estonteado. .
<Mepbltls suffocans). ·
CANGATAR, corr. a.canga-tara, o omato ou enfeite da cabe~a. Alt.
Canitar. ,
. CANGA'O, corr. acanp-ú, o beber na8 cabecelra.s; o bebedouro das
nascentes. Pernambuco.
CANGEBANA, V. Cajarana.
CANGOABY, corr. canperi, enfraquecldo; é o amarelllo ou opila~o,
entre os indios.
CANGOtRA, corr. canga, os ossos, a ossada. 25. S. Paulo. (12).
CANGUSS'O, corr. acang-u~á, a ca~ grande. Nome de uma esper.ie
de on~a. Bahla; Río Grande do Sul.
CANHANGA, corr. caá-nhanga, a planta antmada, odorUera. (Mjns-
tica Macropblla).
CANINDt, s., a arara ·de azul retinto e amarello. E' a mesma Araúna.
(Ara ararauna, LJ. Alt. Callndé.

CANITAR, v. Canratar.
CANNARANA, s. c. canna-rana, a canna falsa, ou que simula a canna.
Palavra hybrida, us~da no Amazonas, para designar a canna brava.
CANNATUB.A, corr. canna-tyba, o cannavlal. Palavra hybrlda.
CAORY, corr. ·caá-oby, a folha azul, arroxeada; o anll. Alt. Cayoby,
Caiuby.
CAOBI.1\IPARA, corr. caá-oby-pará, o mar de anll, mar azul. Nome
que a tradi~áo dá a urna das amantes do Caramurú, entre os
Tupinambás da Babia. V. Caoby.
CAOCAIA, corr. caá-ocaia, o matto que se quelma: a quelmada. S.
Paulo. Alt. Ca.acata.
CAPANE, V. Capa.nema.
CAPANEMA, corr. caá-panema, matto imprestavel, rulm; madelra
fraca. Babia.
CAPAO, corr. caá-páu, a llha de matto; o matto crescldo e !solado
no campo. 88.
CAPARA, corr. caá-apara, o pau torto; a folha torta. Pode vir de
yg-apara, significando - r1o torto; o canal curvo. S .. Paulo. 117.
CAi-EBA, corr. caá-peba, a folha chá, ou plana.

12 -:- VeJa u notas 9, 54 e 188.


- 190 -

CAPEMA. corr. eaá-pema, o pau esquinado. ou com arestas; o madelro


lavrado, com quinas. Pernambuco. Designa especialmente o estolo
dos cachos novos das pa.lmelras. Alt. Capemba.
CAPENGA, corr. cá-penga, o osso torto, quebrado; o manco. V. Canga.
CAPEBUSStl', corr. caa~ra-ussú, capoe1ra grande, ou, como se diz
commummente, a eapoeira grossa. Bah1a. V. Capoeira.
CAPIM, corr. caaprf, a planta de folha fina; a herva miuda.

CAPmARIBE, corr. capibara-y-be, no rio das capivaras; Pernambuco.
Alt. Caplberibe. V. Capfvara.
CAPICURA, corr. caapb·-~urá, semente de capim. Pernambuco.
CAPIMIRIM, corr. caapii-mirim, o capinzlnho; o caplm fino.
CAPITmA, corr. caapii..tyba, o caplnzal, o sitio de capim. Alt. Capituba.
CAPIVARA, corr.. caapJi..uára, o comedor de caplm; o herbivoro.
(Rydrocboerus Capybara). 75. Alt. Capiguara, Capibara.
CAPIVARY, corr. caapiuar-y, o rio das capivaras. Babia, S. Paulo,
Rio de Janelro, Minas Oeraes. Alt. Capibary. 75. 109.
CAPIXABA, corr. eo·picbaba, a lavoura, a r~ada. 118. (13).
CAPOAME, corr. caá-poi-me, no matto em pé; no matto que se isola
num campo, na mouteira ou silvado. Bah1a. ( 14).
CAPOAVA, corr. caá-poaba, a cobertura de folhagem; obra de palha.
Pode ser caá-mboaba, a vestimenta de folhagem. E' o abrigo na
ro~a .

CAPOEIRA, Veja 88. (15).


CAPONGA, corr. caá-ponga, matto batido; o pau sonoro ao percutir-se.
Alt. Capunga. Pernambuco.
CAPUTERA, corr. caá-apytera, o meio da matta. S. Paulo.
CAPUTfRA, corr. caá-potyra, a flor do matto.
CAPUVA, corr. caá-puba, o pau mole; a herva podre. S. Paulo.
CARA, corr. cará, redondo, circular. Pode proceder de acará, o indivi-
duo escamoso, cascudo; nome dado a pelxe. (Cbromis Acará). V.
Acará. Designa tambem uma planta tuberosa (Dioscorea), como
o 1nhame de S. Thomé. -
CARACARA, corr. caráe-caráe, o arranhador, uma especie de gaviáo.
.<Polyborus vulgaris, Vieill.). Alt. Careará. Ceará, Norte do Brasil.
CAR.ACITUBA, corr. cara-cin-tyba, o local das ralzes de cará. Per-
nambuco.
CARACú, corrr. acaracú, altera~áo de acaraú, ou melhor, acarahú,
cuja ultima syllaba era fortemente aspirada. Nome de um rio e de
uma localldade do sertáo do Ceará, famosos pelo seu gado bovino.
Com este nome Caracú se designa uma especie de gado de pello

13 - VeJa u n.otu 215 e 217.


l4 - ldem, 150
15 - Pana e.te Yerbete, que acapou na 3&. edlc;lo, veJa u notu 149 e 217.
- 191-

fino e curto e cauda tambem f1na. no Sul do Brasil. como os


curraes do rlo S. Francisco, por muitos annos, se suppriram de
gado cearense e piauhyense, e o gado minelro, o .goyano e o paulls-
ta procedem, quasi todo, daquelle rio (Antonil - Cultura e Opu-
lencia do Brasil), mui provavel é que o appellido Caracú venha
daquella reg1áo cearense, que, segundo o Padre M. Ayres do Casal
(Chorographla Brasllica), por muitos annos, assim se denomlnou.
• 75. V. Acaracú•
CARA(:UIPE, corr. a.Cará-~u-7-pe, no rlo dos grandes acarás.
CARACUNDAIA, corr. cará-cundat, a trama do cercado. Pernambuco.
CAR.AGUA, V. Carauá.
\

CAKAGUATA, corr. carauá-ti, o carauá rlJo, duro.


CAB.AGUATATUBA, corr. caruatá-tyba, o sitio dos gravatás, ou onde
abundam essas bromellaceas. 129. S . Paulo.
CARAGUATABY, corr. carauatá-7, orlo dos gravatás.
CARAIU, s., uma especie de simio. (N7ctipithecus vociferans, SpJ .
CAB.ABIPE, corr. carai-y-pe, no rlo dos carais. V. Carahf.
CAB.AH(J, corr. acará-ú, o bebedouro dos aearás, ou rio dos aearás.
Pernambuco. E' nome tambem de batatas e ~rás anegrados.
CAJt.AHtBA, adj., forte, duro. valente, sabio; sagrado, santo. Alt .
.. · caray, caryba, eariua, carahy.
CARA.JA, corr. carayá, o mono grande. O gentio costumava appellida.r
de cara.já aos seus vizinhos desaffectos. O gentio deste nom·?, e1n
Ooyaz, é assim appellidado pelos seus contrarios.
CARAMA, s., o circulo, a clrcumferencia. Alt. Cará.
CARAMAQUARA, s. c. . earama-quara, o buraco circular: o ~o. o
redondo. Alt. Caramequara.
CARAME, expressio cará-me, em cf!culo, em redondo.
CARAMEGUA, s. c. urame-guá, a vasllha em redondo:. a caixa, a
· ca nastra. Designava especialmente uma cabac;a grande com tampa.
CARAMEMO, s. c. earame-mo, fetto em circulo; de forma redonda; o
tonnel, a pipa; segundo J. de Lery. '
CARAMEI\fOA,
. s.
.
c. caramemo-am, o tonnel alto; a pipa em pé. Bahla.
CARANA, ou carandá, escamoso, cascudo, cheio de asperezas. E' o
nome da palmeira Copernicia cerifera, vulgo Camaúba. 198.
f CARANAHíBA, corr. caraná-7ba, a palmelra Camaúba.
CABANCHO, corr. earáe, o que arranha, dilacera com as unhas. S .
Paulo. E' o nome de gaviio. V. Caracará. ·
CABANDA, V. Caraná.
CARANDABY, s. c. carandá-y. o rlo das carnaúbas. Minas GeraeS. Pode
significar tambero - bica, cano, calha. Pab. C.
CARANDAllYBA, s. c. carandá-7ba. a pa!Jneira Camauba (Copernicia
cerifera). Alt. Carandeuba, Crandeuba, Crendeuba.
CABANDE'OBA, V. Carandahyba.
-192-

·CABANllA, adj., arranhada, esgaravatada, aulcada .


CABAPEBA, V. Acarapeba.
CARAPEBtJS, corr. acarapeb~ft, as carapebas escuras. Rio de Janeiro.
CAB.APIA, s .• tr~o, pedaco, A arvore conhecida. (Dorstenla).
CARAPICO, corr. acará-pucú, o acará comprido, esguio. V. Acará.
CARAPINA, corr. caraptn, tirar a casca grossa; descascar, lavrar. como
adj. : aparado, cortado curto, breve.
CARARA, s., o mergulhio. (Sula braslliensis). Amazonas.
CARAUA, corr. cará-ui, talo armado de espinho, nervura farpada;
bromeUa, cujas folbas dáo excellentes fibras para varios misteres
industr1aes: cordas, tecidos, papel. Alt. Crauá. Norte do Brasil.
CABAUATA, V. Caraguatá.
CARAUlPE, corr. cara-Ü-y-pe, no rio dos carás escuros. V. Carahú.
Pernambuco. ·
CABAUNA, s. c. cará-una, o cará escuro. O mesmo que carahú. Per-
na.in.buco. ·
CARAY, s., o appellldo do homem branco, europeu, entre os tupis,
significando o mesmo que carabyba, de que é forma contracta.
V. Carabyba.
CARt, V. Caray. 110.
CARmA, v. Carahyba, 110. (18) .
CARmit, s., urna bebida feita de farinha de mandiooa, agua, mel de
abelha e ovos de tartaruga. Asslm é no Ama.zonas. Alt. Carimbé,
Carimé.
CABmOCA, corr. carí-bóca, tirado ou procedente do branco, do euro-
peu. No Norte do Brasll, diz-se curiboca. V. Caray, Cari. (17).
CARDó, corr. cari-yó, o descendente de branco, de europeu; aquelle
que tem mistura de sangue europeu. Alt. Carijó. V. Cart. No Ama-
mnas deatgna uma especie de gaviáo. (18).
CAB.U(), corr. cari-yó, o procedente do branco, europeu. Designa tam-
.bem um galUnaceo de pennas pretas e brancas. A ave pedrés. 110.
CARIMAN, corr. quirin-.m i, o bolo tenro, ou punhado de cousa macia.
E' o produto da mandioca fermentada e amolecida.
CABIOOA, o mesmo que carió ou cariyó; corr. cari-oca ou cari-boc,
o mJstl~o descendente de branco. 110. Pode v1r ainda de eary-oca,
slgn1ticando a casa- do branco, a residencia do europeu. Rio de
Janetro, Oa naturaes da cldade do Río de Janeiro sáo chamados
cariócaa. (19) •

1e - Veja 1. nota 191.


17 - Jdem. llO e 111.
18 - Jdem. lbidem.
- 193

CARIOS, corr. carlós ou caryós, graphia usada por auto.r es hespanhoes


para o nome da na~áo tupi-guaraní, habitando a costa do Brasil,
de Cananéa para o Sul, chamada por outros indios dos Patos, ou
simplesmente - indios Patos. V. Carijó.
CARmY, corr. klriñ, adj. taciturno, silencioso, calado. Nome de uma
numerosa na<;áo selvagem que, outrora, dominou grande exten-
sa.o do Brasil, da Bahía para o Norte, concentrando-se, mals tarde,
nos sertóes do Nordeste : Ctará, Rio Grande do Norte, Parahyba,
Pernambuco. No Amazonas, designa wna especie de gaviáo.
CARtUA, V. Cariba ou Carahyba.
CARNAIIUB A, cor r. caraná-yba, a palmeira Copernicla certfera. 108.
V. Caraná.. ·Nordeste do Brasil.
·cARNAHYBA, V. Carnahuba.
CARNIJó, corr. carany-yó, o cará se arranca; onde se colhe o cará,
o cará rugoso ou nodoso (carañy). Pernambuco.
CAROBA, corr. caá-roba, a folha ou planta amarga. (Bignoniacea).
CAROVY, caarob-y, o .rio das carobas. Pode vir ainda de caá-r-oby,
a f olha azul, o anil. Rio Grande do Sul.
CARUA, V. Carauá.
CARUARA, s. c. carú-uara, o que come oú corróe; a comicháo, o pruri-
do; sarna, boubas. No norte do Brasil, é uma molestia que ataca
o gado, trazendo-lhe incha<;áo e paralysia nas pernas e corri-
mentos. Com o mesmo nome se conhece uma especie de formiga,
que dá nas arvores, cuja mordedura coc;a como sarna, e tambem
uma qualidade de abelha, cujo mel é nocivo.
CARUARú, s. c. caruar-ú, a aguada das caruaras: allusáo á fonte ou
agua que, na localidade, !)roduzia a molestia da caruara, no garlo.
Pernambuco.
CARUl\fBt, s., o macho do jabuty. Amazonas; corr. cara-mbé, o casco
achatado, óu aplainado. Designa tambem um cesto ou gamella de
forma canica, babea, servindo para o transporte de 'mlnerjQ. ~nnas
Geraes. Alt. Caramé, Carambé, Carombé.
CARURú, corr. caá-rurú, a folha grossa, inchada, aquosa; a planta.
mucilaginosa. Ba.p. C. Pode proceder ainda de caá-rerú, .:> prato
de hervas, feíto de folhas. Bahia.
CARUTAPERA~ s. c. carú-tapéra, as ruinas do celeiro, ou do deposito

, de generos. Mar~uhac
CASSACUtRA, s. c. cai9á-cuéra, os cercados, as tranqueiras ou curraes.
25. Significa tambero - os curraes velhos; as cercas extin !tas.
S Paulo.
CASSú, Cabu~ú.
CASSUA, corr. caá-a~oiá, a cobertura de folhas; o antepa.ro de folha-
gem; a trama ou tecido de paus ou de cipós; seirio de cipós para
cangalha.
CASSUNUNGA, V. Ca~ununp.

lD - ldem, lbidem.
-194-

CASSUPIN, corr. ca-u~ú-pin, a picada do maribondo ou vespáo. V.


Cabu~ú . Pernambuco.
CATA, corr. caá-ti, a folha aspera; matto espa~ado em campo sujo;
matto ralo; o cerrado. 69.
CATAGUA, corr. caá-ti-guá, ou catá-guá, o que é do cerrado ou do
matt.o ralo ; o habitante do cerrado. Designava, outr'ora, uma
na~áo selvagem dos sertóes de Minas Oeraes - chamada dos
Cataguás ou Cataguazes. V. Catá.
CATANDUVA, corr. caatá-dyba, o local do matto ralo, ou do cerrado;
terreno se eco com matto de inferior qualidade. 88. S. Paulo, Minas
Oeraes. V. Catá.
CATAPORA, corr. tatá-oora, o fogo interno; o afogueamento; a febre
eruptiva: erup~áo. 78.
CATtTE, corr. tatetú on tiytetú, o dente a~~ado. ou ponteagudo. E'
o porco montez, (Dicotyles). Alt. Caltetú, Cateto.
CATIMBAO, corr. caá-tymbá, o pau multo alvo. Pernambuco.
CATINGA, corr. caá-tinga. o matto branco. alvacento. especial da.s
regióes Reccas do Brasil de Nordeste. Pode o vocabulo proceder
ainda de caá-t-enga,. o matto ralo, que deixa vacuos de permeio,
isto é, o matto aberto. 73, 83.
CATIPARA, s., a formiga macho das saúvas. Amazonas .

CATOLI!: : náo parece de procedencia tupí ; é vocabulo do sertáo com
oue se denomina a palmeira <Atalea humilis). Alt. Catulé, Caculé,
Cacolé.
CATú, adj ., bom. bonito ; adv. bem, bastante. E' denomina~áo de
varios rios no Brasil.
CATUAMA, corr. caá-tuam, o matto taludo, crescido. Pernambuco .
Pode vir ainda de aea.tuam oue significa - á direita, do lado
direito. Nome aue tem a boca direita ou septentrional do canal
que separa a ilha de Itamaracá do continente.
CATUCA, corr. catú-caá, a matta bóa. espessa. Pernambuco.
CATUCAHEM, corr. catú-caem, bem sécca: o que a gosto se enxuga.
E' uma especie de sobro (Rhopala glabrata).
CATUGY, s. c. catú-g-y, o rio bom; a aguada bóa.
CATUMBY, corr. caá-t-umby, a folha azul; o matto verde; o anll .
Alt. Calumby, Cayoby, Carumby. Rio de Janeiro. Pode ta.mbem
vir de caá-tumby e significa - ao pé do monte, á beira da matta.
CATURAMA, s. c. catú-rama, o que hade ser bom; a bóa ventura, o
que virá para bem. Alt. Gaturama, Gaturamo.
CAú, v., beber vinho; caá-ú, bebem matte.
CAUA, V. Acauá.
CAUANE, s., especie de tartaruga.
CAUCAIA, corr. caá-ocaia, a queimada da matta; a queimada. S. Paulo.
CAUtRA, s., o beberráo, o borracho. Amazonas.
CAUil\f, corr. caui, o vinho, a aguardente. Amazonas. Pode vir tanibem
de acayú-y, a agua ou sueco do cajú de que se fabrica o vtnho.
195 -

CAUYPE, s. c. caú-y-pe, no vinho do cajú, ou donde vem o vlnho do


cajú. Bahla.
CAUNA, corr. caá-una, a folha escura, qualidade de matte. Rio Grande
do Sul.
CAURt, V. Caburé.
CAVARú, corr., a modo do tupí, da palavra - cavallo. Alt. Cabarú. 124.
CAVARú-CANGOtRA,
. s., a .ossada do cavallo; a cavelra deste animal.
CAVARú-PARARANGA, s., o ·relincho do cavallo. S. Paulo.
CAVAR'ú-RETA, s., a regiáo dos cavallos. Rio Grande do Sul.
\

CAVF.RA, corr. caá-berá. a folha brllhante ou luzidia, qualidade de


· matte. Rio Grande do Sul.
CAVETA, corr. caba-etá, as vespas, os maribondos. 25.
CAVIUNA, V. Cabiuna.
CAXANGA, corr. caá-~angá, o matto dilatado, estendido. Pernambuco.
CAYAPó, corr. caia-:oór; gente de queimadas; nacáo selvagem que
tem por habito queimar o campo para ca(far. Goiaz.
CAYARY, corr. acayá-r-y, o rlo das cajás ..
CAYRC. corr. caá-v-ru. a arvore de folha escura; urna variedade de
mangue de fruto preto. Bahia.
CAYUA, corr. caá-yuá, o morador do matto, o errante ou nomada.
Nome de urna na~ao selvagem do valle do Panamá.
CAYUBt, corr. caá-yobi, a folha azul; o anil. Alt. Caoby, Cayobl, Cauby.
CAZUMBA, corr. cab-umbá, a vespa multo preta, retinta. V. Caba.
CEARA, corr. ce-ará, Jala ou canta o papagalo: J . de Alencar, no
Jracema, traduziu livremente - canto da Jandala. 190. E' nome
de procedencia obscura.
CE.~ARY, corr. ce~á-r-y, a lagrima dos meus olhos (ce~á).
CECI, s. c. ce-el ou ce·- aci, a minha dór; o meu pesar. Pode proceder .
de ce-cy, a minha máe.
CEEM, s., o assucar, o doce. Amazonas.
CEEMRERú, s. c. ceem-rerú, o vaso do assucar; o assucareiro.
Amazonas.
CEKtSAUA, s. o esplchamento. Amazonas.
CEMBYRA, s., pedac;o, fragmento. Amazonas.
CEPIPIRA, corr. cibe-pira, ou cibepyra, alisada, lisa. Arvore de tronco
liso e boa madeira. (Bowdichia). Alt. Clpiplra, Sepepira, Sucupira,
Sapeplra. -
CEUCY, corr. chlu-cy, a máe do pranto, ou cbOro; uma pequena
coruja. Design~ tambem as Pleyades, no céu do Amazonas.
CHA, s., forma contracta de ~á, pronunciado ecbá, o olho, a vista.
Alt. ~á- Chá.
CBACUR(J, corr. yacurú, o que é tristonho. NoDie da ave pequena,
vulgo, Mánoel Tolo, ou Mandú Tolo. <Capito Melanotis, Temm.).
-196-

CHAMA, s., a corda, o llame. Alt. Cama, (;amba, ('am, Cham.


CBANGUA, s., ~am-guá, a corda redonda, o rodeio. Pernambuco.
CmCHA, s. c. chl-chá, liso,. brilhante á vista. E' uma planta de folha
cor de ouro e reluzente. <Sterculia). Amazonas, Maranháo.
Piauby, Goyaz.
CHICHUY, corr. chichuí-y, rio dos pintasllgos. Chicbuí é voz onoma-
topaica de aves canoras, como tambem de andortnha.s. Alt. J'ejuí,
.Jujui. Rlo Grande do Sul.
CBIIQVERA, s., cbü-coéra, as andorinhas. 25. Martlus dlz ser a ave
Quer-ker CVanellus cayennensls, Vi.eW).
CBIPiú, s., a ave Fringllla, que é o nosso Tico-tico.
CRIQUE-CRIQUE: nao parece voz tupi. E' o nome de uma cactacea
do genero Cereus, communisstma nas terras seccas do serta.o.
Babia, Pernambuco. Nordeste do Brasil.
CHIRú, corr. cbe·lrú, o meu proximo, o meu semelhante. Rio Grande
do Sul. V. Irumo, lrú.
CBOPI, ou Chopim, nome de um passaro, como um tordo, vulgo, vtra-
bosta. CCassicus). Río Grande do Sul.
CBOPOTó: náo é voz tupí. Minas Geraes.
CHORó, adj ., correntoso, impetuoso, ruidoso. Ceará.
CHORORA, adj., ruidosa. Nome de uma especie de inambú . (Crypturus
Variegatus, M.) .
CBUt, adj. tardo, vagaroso. ridieulo. Nome de uma especie de
tartaruga.
CBURI, s., a ema, uma das denomlna~óes que esta a ve tem no guaraní,
Matto Orosso, Paraguay .
CHUY, s. c. cbu-y, o rio dos chuts. Chui, voz onomatopaica cora que
se designara varios passarinhos, entre outros, o pintasilgo. Rio
Grande do Sul. Pode ser ainda corru~áo de cbué ..y, que quer
dizer rio das tarta.rugas.
CININGA, s. v. o tinido, o zumbido . Alt. Cinunp, Slnlnga.
CIPIPIRA, adj. alisada, esfregada, brunlda . Altera~áo de qbepira.
Alt. CipeJ>ira, Sucupira, Sucoplra, Sebiplra. (Bowdlchia)
CIPó, corr. 1~-pó, literalmente - plbo..máo, que é o mesmo que
dlzer - galbo aprehensor - que tema proprieda.de de se prender,
de se enleiar, de atar. Alt. lcepó, cepó, ~apó, sipó.
CIPóTUBA, corr. ~apótyba, donde procedem i9&potuba, ~apotuba,
clpótuba, que significam: o sitio dos sipós, cipoal, logar onde
essas plantas sarmentosas abundara. V. Cipó.
CIPOúBA, corr. l~apó.:yba, donde i~apoúba, clpoúba, significando -
a arvore dos clpós, a arvore enovelada de cipós . V. Cipó
cmY, s. procedente de ciri, deslisa.r, correr para trás. Nome, appll-
eado a uma variedade de crustacios, abundantes nas praias are-
nosas. Alt. Siry, Sery. E' o earangueljo armado de duas pontas
<cir) ou esporóes, nas extremidades do casco.
CO, s., a roc;a, a colheita, a plantac;áo, a llmpa. 118. como adj. det.
- este, esta, esiies, estas.
-197-

COARACY, s. c. eo-ara-cy, a or1gem deste tempo; a máe deste dia.


Nome dado ao Sol. V. Guaracy. ·
COABACYABA, V. Guaraeyaba.
COBAYGUARA, s. c. ~obay-&'WLJ'&, o vivente da outra banda; o mo-
rador da banda d'alem; o estrangeiro . 110.
COBÉ, s.. a existencia, a vida. Eahia.
·cocA, s., a matalotagem, as provisóes de viagem, os viveres.
COCAHú, s. c. cocá-ú, comer a matolotagem; .rguada junto á qual
se come a matolotagem; a agua da merenda . Pernambuco.
COCHA, s., vocabulo ltichua que significa - lagoa, alagadi90, pan-
tanal . Perú, Bolivia .
COCHó: náo é vocabulo tupí, mas, sim da llngua tapuya, e mui pro-
vavelmente da dos kaingans; equivalente a goyó, que significa
- rio . Bahla.
COCú, s., c. co-u~ú, a r~a grande. s. Paulo. v. Co .
COCYSAUA, s., antiguidade, vetustez.
COCYUARA, adj., antigo, velho.
CODó, s., nao é vocabulo tupi, mas sim ~a llngua cariry, significando
- dardo - arma de arreme~o . Maranháo. ·
COEMA, s., a manhá; a parte do día desde o nascer do sol até á6
9 horas .
COÉRA, adj ., velho, extinto, passado, antigo . Alt. cuéra, cuér, cué;
guéra, boéra, poéra. 72. E' suffixo na f orma~áo do plural dos
nomes. 25. ( 19a).
COER:ANA, corr. kiy-rana, a pimenta falsa; frutinha que imita a
pimenta (Cestrum). Bahia. Alt. Coirana.
COGO~RA, s. pl. cog-éra, tragos, sorvos, chupóes . E' como os tupís
chamavam seus charutos, feitos de folhas de tabaco seccas, en-
volvidas em palha e atadas em ambas as extremidades, numa
das quaes deitavam o fogo, e na outra, chupavam e tragavam.
Rot. do Brasil. AB cogoéras, ou charutos do gentio, tinham dous e
mais palmos de comprido .
COITÉ, corr. cúi-eté, vasilha verdadeira, capaz; a cuia . (Crescentia
Cuyeté, L.). Pernambuco, Bahía, Nordeste do Brasil. Alt. Cuitf.,
Cuieté.
COIVARA, corr. co-uara, o jazente da ro~a, de referencia ao matto
cortado ou ro~ado que espera pela queimada, depois de secco.
V. Co. O termo uára é derivado de u ou nb, v. intr., jazer, estar
I deitado; pode affectar duas formas - uara, ubara, e d&hi o vo-
cabulo tupí co-uara ou co-ubara, donde procede colvara. A coi·
vara é, entretanto, a queima dos tassalhos incombustos.
COLUMBY, V. Calumby. .
• •
COLUMIM, corr. curum1, o menino, a crian~a; o rapaz. Alt. Cununu.
COLUMINJUBA, corr. curumi-yuba, o menino amarello; a crlan~a
pallida. Ceará.
COMANDA, s., o feijáo, a fava, o legume. Alt. Comaná, Cumaná.

ll!t. ..:_ VeJa u notas 9. :;4 e 101


- 198 -

COMANDATOBA, corr. cumandá-tyba, o feijoal, o sitio dos felj6es.


Bahia . 118.
COMBUCA, corr. cuia-mbuca, a cab~a furada. Alt. Cumbuca .
COMEDOY, corr. comand-oy, o feijio que, por si mesmo, se solta .
E' o nome dado ao mulungú pelo gentlo .

COMUNATY, corr. cumaná-ti, o feijáo branco . Alagóas, Pernambuco.
CONDAPUBY, corr. condá-poi, o enroscado fino; o buzio.
CONDEúBA, corr. condá-yba, a arvore dos caracóes, ou de frutos
retorcidos. Bahía.
CONGOGY, s., nao é voz do tupí, mas, da lingua dos Camacans. Con-
¡-ueri é o mesmo saguim da · lingua geral . Bahía.
CONGONBA, corr. congói, o que sustenta ou alimenta; é a herva-
matte, variedade <Ilex Congonba). Minas, Bahía.
COPABYBA, corr. cupa-yba, a arvore de deposito, ou que tem jazida;
allusáo á capacidade que possue o tronco desta arvore de guardar,
no seu Interior, abundancia de oleo balsam.ico, medicinal, pre-
cioso, para cuja extrac~áo, em epoca propria, a dos grandes ca-
lores, se procede como se o tronco fos:se um barril, praticando-
se-lhe um pequeno furo, a certa altura, para a introduc;ao do ar,
e sangrando-se a arvore, que dá de si, sem mais trabalho, o oleo
que tiver. <Copaüera). Alt. Copaiva, Copauva, Cupay, Cupabyba.
COPAúBU~ú, corr. cupayua-u~ú, a copahyba grande ; nome dado
pelo gentio á figueira brava ou gamelleira (Ficus doliaria).
COPICBABA, corr. copi~aba ou copixaua, a roc;a, a plantac;áo. 118 .
Alt. Capichaba . Amazonas, Espirito Santo . <20) .
COPll\1, corr. copií, o térmita ou formiga branca . Alt. Cupim.
COREAHú, corr. curiá-hú, ou curiá-ú, o comedouro dos curiás~ ou
viveiro dos curiás, pequenos patos d'agua doce. Era o nome pri-
mitivo que tinha a cidade da Granja . Ceará .
COREMAY, corr. curimá-y, o rio das curimas. Pernambuco.
COROMATA, corr. curima.tá. Pernambuco .
CORONDEúBA, corr. corondí-yba, arvore medicinal . Minas, Bahía,
Goyaz . Alt. Crundeuba, Crindiuba .
CORUMBA, corr. curú-mbá, o banco de cascalho . Matto Grosso.
CORUMBATAllY, corr. curimatá-y, o río dos curimatás. 109.
CORUTUBA, corr. curú-tyba., o seixal, o sitio dos seixos .
COTJGY, corr. acutí-g-y, o rio das cotias . Pernambuco .
COTJGYPE, corr. acutí-g-y-pe, no rio das cotias . cotias . Babia.
COTIM, corr. cO.-tin, ou cu-tinga, a lingua branca; o panno trian-
gular Que serve de vela ás embarcac;óes . V. Cutinga. (21).
COTINDmA, corr. cutln-d-yba, a arvoré de vela; o mastro. Ser-
glpe . (21).

20 - Veja u notae 215 e 217.


199 ~

COTINGUIBA, corr. cuting-yba, a arvore de vela; o mastro V. Co-


tindiba . Alt. Cotunpba. <21).
COVOA, s., náo parece proceder do tupi. E' nome que, nos sertóes
• de Ooyaz, designa monticulos de todos os tamanhos, de um até
dez metros de altura, multiplicados em immensa superficie. O
covoá é attribuido ás f orma~óes ou térmitas. (Plmentel - Brasil
Central).
COXIM, s., nao é tupi. Na llngua Caingang ou bugre, quer dizer -
filho . Matto Orosso . Alt. Cuxüm .
CRAJAUNA, corr. carayá-una, o mono preto. Nome de um monte á
·margen1 , do rio Una de Iguape . . S. Paulo .
CRAVASSú, corr. carauá-assú, gravatás grandes. Babia.
CRICARÉ, corr. kiri-kere, o que é propenso a dormir, o dorminhoco.
Nome que davam os indios a uma planta mimosacea, como a sen-
sitiva . Espirito Santo . E' o nome indigena do rio S. Matheus.
CRUANGY, corr. curuá-g-y, o río das curuanhas; arvores silvestres
que crescem á margem do río . Pernambuco .
CRUEIRA, corr. curuéra, tr~os, fragmentos; peda~os da mandioca
ralada que. nao passam na peneira . . (22) .
CRUMATAHY, V. Corumbataby .
CRUSSAHY, corr. curu~á-y, o río da cruz . Pernambuco .
cu, s., a lingua, o órgao da ·!ala.
CUARA, s., o buraco, o orificio, a cova. V. Quara.
CUARAIM, corr. cuara-im, o buraquinho, a covinha.
CUARI, s. c. cuara-i, o buraquinho .
CUATÉ, s. c. cuá-té, o po~o desfeito ou transformado .
CUCA, s., o ·trago, o que se engole de vez . Designa uma especie de
coruja.
CUQú, corr. co-u~ú, a roc;a grande. S. Paulo.
CUÉ, adj., contrac~ao de cuéra, mais frequente no guaraní Paraguay.
CUtPE, s. c. cué-pe, no meneio; na manobra; na vivenda.
CU:tRA, adj., velho, antigo; o que já foi, o passado; velhaco, experto,
entendido . Suffixo para indicar o passado dos substantivos, va-
lendo como o prefixo latino - ex. Suffixo tambem para o plural
dos substantivos . 25 . Alt. Coéra, Coér, Coé. (23) .
f cut, s., a farinha; o pó. Alt. cuy, uy. 119. (24) .
cmmuú, corr. curumi-u, o rapaz preto, o moleque.
CUMA, corr. cum.á . a follgem, o negro de fumo. Maranháo. Signi-
fica tambem - a fava.

21 - VeJa a nota 208


22 - Idem, 223.
23 - VeJa u notu 9, M • 101.
:1( - Idem, 222.
-200-

CUMAIU, corr. cu..mborí, o que exita a lingua. E' o nome lndigena


da pimenta. ·
CUMARú, corr. ca..mbori,· o que exlta a llngua. Nome indigena da
Dipterix odorata, de sementes de um cheiro suavisslmo,' as cha-
madas - favas de tonca - empregadas para communlcarem o
seu aroma ao tabaco . Amazonas .
CUMBACA, corr. cQ-mbaca, a llngua virada. E' uma especie de rá. Rlo
de J anelro, Babia.
CUMBE: náo parece proceder do tupí; mas se o fór, pode-se approxl-
mar de cum-be, que quer dizer - na .lingua; ou se equiparar ·a
cumbi, que vale dizer - barbicacho, cabe~áo. Babia. Pernambuco.
CUNAPtJ, s. c. cü-apú, lingua ruidosa. Nome da.do ao méro.
CUNBA, s. c. cü-nhá, a lingua que corre; a linguaruda. A mulher, a
f emea dos a,nlmaes.
CUNBAMBEBE, corr. ctl-nhá-béba, a l1ngua move-se rasteira, para
exprlmir que fala devagar e babeo. E' o homem de fala mansa .
Assim se cbamava o astuto chefe dos Tamoyos, morador no Ariró.
Falava a modo de D. Joao m, de Portug~l, seu contemporaneo, de
quem dlzia Frei Luiz de Sousa: "Adqueriu elrei por arte e uso
falar tao de vagar e com tanta pausa que, falando, parecía que
se escutava e ia pensando o que dlzia". (Annaes de D. Joáo 111).
O chefe tamoyo era como esse rei manhoso de que nos fala o
illustre chronista. Os escriptores franceses, como Thevet e Lery,
escreveram o nome desse chefe - Konlan-Bebe ou Konian-
Beck. (25).
CUNHANDA, s. c. cü-nhandá, a lingua estendida, alongada, de refe-
rencia a um banco arenoso.
CUNBAPIRú, s. c. cunhi-pirú, o passo, ou vau das mulheres. Rio
Grande do Sul. ~

CUNHAtJ, s. c. cunhi ..u, por cunhi..una, a mulher negra; a negra .


Pode ser ainda Cunhá-u, e significar ~ a aguada das mulheres.
Pernambuco.
CUPEC~ s. c. cft-pece, a lingua partida. Pode ser ainda oopece, a r~a
dividida. S . Paulo.
CUPEVA, s. c. cQ-peba, a llngua rasteira, em allusáo ao indio de fala
mansa, vagarosa. Era o nome do chefe tuplnambá da aldeia em
que ;morou o Caramurú. Alt. Cupeva ou Gupeva. (28).
CUPIM, V. Coplm.
C.UPIOBA, corr. copli-oba, o envoltorio do cupim; a cobertura deste
· termita; a termltelra ou casa de cupim. Bahia.
CURI, corr. curtí, o pinhio, o fruto do plnhelro <Araucaria braslliensis).
CURIA, s., nome de uma especie de palmipedes pequenos.
CUIUACBt, corr. curtá..g-y ou curlá-y, aguada dos curiás. V. Curiá.
· Babia. .

· 25 - VeJa aa notu 22 • 23.


26 - ldem, 22
-201-

CURICA, s., o papagaio todo verde.


CURIMBABA, corr. kirimbaba, a forca. a valentia, o valor.
• CURITOBA, V. Curityba.
CURITYBA, s. c. curií-tyba, o pinhal, o sitio dos ptnhelros .
Paraná. 108. (27).
CURU(:A, corr. da palavra portugueza - cruz, tal como a usavam os
indios. catechumenos.
CURUCUTú, voz onomatopaica com que os indios designavam urna
especie de coruja parda, com duas pennas, na cabeca, simulando
chifres. E' o mocho orelhudo. (Bubo ma,ellanicus).
CURUPA, s. c. curú-pá ou curú-p;iua, · o paradelro do cascalbo ou .·
seixo; o banco de pedregulhos. Alt. Gurupá. Pará.
GURUPACi, s. c. curú-pacé, o pedrouco destacado.
CURUPIRA, s. curupyra, o chagado, o individuo coberto de pustula.
Nome de um genio da mythologia selvagem, que presidia aos
maus sonhos e pe:Sadellos.
CURUQUERlt, s. c. curú-quer-e, a lagarta propensa a dormir, a larva.
S. Paulo. ·
CURURIPE, s. c. curú-r-y-pe, no rio tios seixos. Alagóas. Pode o
nome - Cururipe - ser uma alteracáo de Cururuipe, como es-
creveu Frei Vicente do Salvador, na sua Historia do Brasil, e.
nesse caso, é vocabulo composto de - cururú-y-pe, e se traduz
- no rio dos sapos. E' o nome do rlo em frente de cuja barra
naufragou o primeiro bispo do Brasil, D . Pedro Femandes Sar-
dinha, em 1556.
CURURú, s., cururú ou curoró, o roncador; o sapo grande. Pipa
Cururú).
CURURUIM, s. c. cururú-i, o sapinho. Amazonas.
CURURUPEBA,· s. c. cururú-peba, o sapo miudo, inferior. Era o nome
de um principal do gentío da Bahia de Todos os Santos.
éURUYRA, s., voz onomatopaica, designando uma avezinha dos
telhados, cujo cantar diz distinctamente - curuyra.
CURUZú, alterac;ao da palavra - cruz - entre os guaranís; equivale
ao curu~á dos tupís.
CUTIA, corr. agutí ou a-cutí, o individuo que come de pé, de referen-
cia ao habito que tem o animal deste nome de tomar o alimento
com as patas deanteiras. (Dasyprocta aguti) . Alt. Cotia. 109.
• CUTlETA, s. pl. acutí-etá, as cutias. Río de Janelro.
CUTIETAZES, corr. acutietás de que se fez plural á portuguesa
cutietás, escripto, nao raro, no seculo XVI, - .c utietáz - como
guayanaz, papanaz, goiatacaz, cujos pluraes ainda deram -
cutietazes, guayanazes, papanazes, goitacazes.
CUTINGA, s. c. cO.-tinga, a llnga branca; allusáo ao panno triangu-
lar que serve de vela ás embarca~óes. Alt. Cotinga. (28).

27 - Veja u notaa 55 e 1'18.


28 - Idem. 208.
-202-

CUTINDmA, V Cotindiba.
CUTINGUmA, V. Cotinplba.
CUTUBA, corr. cutu-bae, o que fere; o cortante.
CUTUNDUBA, V . Cotlndiba.
CUY, s., o ouri~o <Cercolabes Vllloms, Mart.). Dlz-se vulgarmente -
cuim.
CUY ABA, s., segundo Lacerda e Almeida, era o nome da tribu aelva-
gem que habita o sitio, onde é hoje a capital do Estado de Matto
Orosso. Se f ór nome de procedencia tupí-guarani, Cuyahá é o
mesmo que cul-abá, significando - o homem da fartnha, o
f arinheiro.
CUYAMBUCA, corr. cura-mbuea, a cuia furada; a cabe~a furada.
Pernambuco.
CY, ·s., máe, a genitora; a origem; o principio; a fonte, o manancial.

E
ECA, o olho, os olhos. Alt. Qá, Te~á, ~á.
s~,
EQAUNA, s. c. ~á-una, os olhos negros. Alt. Qauna. Babia.
EIRA, s., a abelha; a máe do meL Alt. Eir.
ElltATIM, óOrr. eíra-ti', a abelha branca. Alt. Iratim..
EIRUBA, s. c. elr-ub, a mie do mel a abelha mestra. Alt. Elruva.
EIRU(;(J, s. c. elr-u~ú, a abelha grande. Alt. Iru~ú. '
EIXú, s. c. el-x-Ü, a abelha negra. Alt. Exú.
EMBilS, corr. mbae, as cousas, os teres ou haveres. Bah2a.
EMBABY, s. c. emba-y, o rio ou agua de socavio, ou que surge de
conduto natural subterraneo.
El\IBAYBA, s. c. emba-yba, a arvore de óco, ou cujo tronco é chelo
de camaras ou vazios. E' a arvore da matta, vulgarmente cha-
mada imbaúba (Cecropia). Alt. Ambahiba, Embahyba, Emba-
buba, lmbahyba, Umbabuba. (29) . .
EMBAú, s. c. emba-ú, o beber da bica; a bica. S. Paulo, Minas Gera.es. t
Pode ainda proce(ier de mbá-ú, que quer dizer - o beber do
extremo, a derradeira aguada. No tupí amazonico, mbaú signi-
fica - o comido, a comida, como pode significar - a bebida.
EMBAúBA, V. Embayba.
EMBIACABA, corr. mbea~aba, a travessia do camtnho; ponto do rio
ou esteiro onde o caminho vae ter ou atravessa para a outra
margem. O porto. Alt. lmbia~ba, Bla~aba, Bia~á, Pia~á, Pea~á.
S. Paulo. V. Bia~.

29 - VeJa a DOta 1'17.


-203-

EMBIARA, corr. mbiara, a ca~. o pescado; logar apto para caear


ou pescar. Babta. Alt. lmblara.
EMBIKA, corr. mblra, o descascado, o tirado da casca. E' a entrecasca
resistente de certas arvores, servindo para corda. Alt. Imblra.
EMBIB.ET&, corr. mbir-ete, a verdadeira ou b6a embira.
EMBmU~, corr. mblr-u~ú, a embira grande; a casca grossa.
EMBI~A, corr. mhlr·»'ba. o pau de emblra, a arvore que dá embira. .
EMBIBICICA, corr. mbfr-lrlci, a fiell'a de embira, a cambada. Ceará.
EMBITUBA, corr. mbl-t7ba, o -1t1o das emblrM, onde ha embira em
abundanela. Alt. lmbitaha.
EMBO, corr. em-bó, o que tem vazto, 0co; a c•nna, " virga. Alt. Emlní.
EMBOABA, corr. mboaba, c. mbo-aba, far.er coní que se ottenda;
mover aggressáo; aggredir. Innumeras tém sido as interpre~
dadas a esta palavra - emboaha - de procedencia tupl Pelos
seus elementos componentes - mbo-aba - o vocabulo tupi re-
presenta uma ac~áo, como se pode ver: mbo é o verbo com que,
no tupí, se modifica a ac~ de outros verbos, ·e traduz-se -
fuer com que; aba é o substantivo derivado do verbo ah - ferir,
offender, quebrar. Assim, mboaba. se traduzirá - a provoca~.
a agressio, a hostllidade; nio é um epltheto individual. Chamar,
portanto, emboaba a um individuo é Já no sentido de que elle é
do bando da aggressáo, da grel dos provocadores. s. Paulo, 1'.finas
Geraes. Alt. Imbuaba, Embaava, Buava, Boava. (30).
EMBOACABA, corr. mbo-~aba, faz que atravesse, a a~áo de atra-
vessar, a passagem. Designa um logar, á margem do Tieté, vid-
nbo de S . Paulo, onde se passava o rio na estrada do sertio e onde
be mandou levantar um f orte ou tranqueira par.a defesa da
cldade, no seculo XVI. Alt. Emboa98va, Boa~va. S. Paulo.
EMBOACO, C!Jrr. amboá-á~ú, a centopéla grande; mals propr1an1en-
te: é uma lagarta verde, pintada de preto, com a cab~a branca;
outras ha· pintadas de vermelho e preto e de meto palmo de
.. comprldo. Rlo de J"s.nelrn.
EMBUBANA. V. Ur.nburana.
BNCONBA, corr. 7-eói, o que é gemeo, o par.
ENGA, v. mrá.
ENGAGUAC(1, corr. ingá-passá, o engá grande. Pode proceder
atnda de 7guá-~ú, a babia grande, o lagamar extenso. s.
Paulo. H. St. 96.
t ENAPOP&, V. lnhapopi.
EPI, a., o alicerce, a funda~o. AmuoDia.
EPIACABA, s. v. eplacaba, a ac~io de ver; a vista.
ERA, V. Clléra.
.ERAQOABA, s. v. o carregador; o condutor; o que tramporta.
ERA(X)ABA, a. v. a condu~, o transporte.

30 - Veja a nota 188.


-204-

ER~: náo é tupí o vocabulo. mas da llngua calnpng, signlficando -


campo, palha, herva. Rio Grande do Sul, Santa Catbarina.
ERER~, s., a marreca; pequeno palmtpede. Pará. Amazonas.

ERIRY, corr. riry, a ostra.


ESGARAVATANA, corr. yguarapá-tá ou ybirapá-tá, o arco llnheiro.
recto. E' o tubo de dez a doze palmos de comprido corn que o
selvagem sopra uma pequenina setta com buxa de algodáo. intro-
duzida no mesmo. Amazonas.
EXú, corr. eichú ou eira-chú, abelha negra. a que faz '11ll nlnho
rugoso, aspero. Alt. Enxú, Inchú. Ceará. Pernambuco.

G
GAIAMUM, corr. guaia-m-un, o carangueijo preto ou azulado. Bahia.
Era, antigamente, chamado pelo gentio guaiarará, crustaclo dos
mangues, mui liso. de cór apavonada, ·e casco redonc:Jo. Alt.
guaiamu.-
GAMBA, corr. guá-mbá, o ventre aberto, a barriga óca. (Didelphys).
GAMBOA, corr. caá-mbó, o fecho ou cinta de ramagens. Antigamente
camboa (de cambó.) que é como os indios chamavam o cercado,
feito de galhos e ramagens, á entrada dos esteiros para apanhar
J.>t!ixe. Bah.ia. No guaraní - caabó.
GARA~ú, corr. igara-a~ú, a canoa grande, o barco, o navio. 115 .
Pernambuco.
GARANHUNS, corr. guara-nhu, o individuo escuro; os passaros pretóa
<guirá-nbÜ). Pernambuco.
GARAPA, corr. guarapa, o gerundio-supino de guarab, o revolvtdo,
remexido; é a bebida ado~ada com mel ou assucar para refresco;
designa boje mais especialmente o caldo da canna.
GUARAPú, corr. guará-pú, o ruido dos guarás. Pernambuco.
GARGAú, guaraguá-ú, o peixe-boi pasta; o comedouro do pelxe-bol.
V. Guaraguá.. Parahyba.
GAROP.A, corr. ygara-paba., o logar das canóas, o porto. Alt. lprapl\,
lgarepá.
GAROPABA, corr. ygara-paba, o porto, o .surgidouro das canoas. S.
Catharina. Alt. Garopá.
<aATIUBA, corr. caá-t-yuba, o pau amarello. Pernambuco.
GATURillO, corr. catura.ma, o que bom será; allusáo a que a ave
,.
deste nome, se colhida em gaiola, se torna excellente no cantar.
E' o gurinhatá, do Norte do Brasil.
GENEUNA, corr. yaní-una, yandí-una, o oleo escuro, o sueco negro;
allusáo á polpa anegrada da fruta da arvore deste nome, 1nais
conhecida por Cannafistola. <Cassia brasillana, L.). Alt. Geneuva,
Janauba, Janau.ma.

1
-205-

GENIPABO, corr. yanipáb-ú, onde se comem gentpapos. Pernambuco.


GENIPAPO, corr. yanipab ou yandipab, podendo escrever-se nbandi-
pab, que se decompóe - yandi-ipab, e significa - fruto das e~re­
midades que dá sueco. O termo yandl ou nbandi exprime sueco,
oleo, o que re~uma; e o final ipab é o composto de ibápab, con-
tracto em í-pab, que se traduz - fruto da ponta, do extremo, ou
fruto extremo, allusáo a e; ue os frutos do genipapeiro sáo tantos
• quantas as extremidades dos seus galhos .
GENIPAVABY, corr. genipaba-y ou yanlpab-y, o rio dos genipapei-
ros. Bahla.
GEREBA, corr. yereba, o girante, o que volte1a; é o nome dado ao
urubú-rei, grande voador. (Catbartes aurea).
flEREMA, V. Jurema.
GEREl\IOABO, corr. gerema-oabo, as geremas a brotarem; renovos
de geremas. Pode ser tambem corrup<;áo de gerumÜ-oabo, as
aboboras nascendo; a vazante, ou planta<;áo de aboboras. Babia.
GEREMUM, corr. yurú-m-un, o pesco<;o escuro; é o nome de uma
variedade de abobara grande. (Cucurbita maxlma, D.). Alt.
Girimum, Jurumum.
. .
GERICINó, corr. yarí-cin-ó, o cacho liso fechado; é o periantho das
flores do gerivá, a bainha que as protege, a qual, secca. se abre
em duas partes concavas como canoas, a que o vulgo chama -
catolé. Nome de uma localidade e serra no Rio de Janeiro.
GERIVA, corr. yari-ibá ,yari-ib-á), o fruto que cae atóa. Alt. Girlbá.
GER(J, corr. a-jurú, boca de gente; fala como gente. E' o nome dos
papagaios. Alt. Agirú, Ajurú. Sergipe.
Gts, nome de urna na<;ao tapuya dos sertóes, tambem appellidada
Cran. O verdadeiro modo de pronunciar gé é ghe. Bahía, Mara-
nháo, Góyaz.
GETY, corr. yetyc, enterrada, afincada; a batata. Alt. Gity, Gltl.
GIA, corr. gihl, a ri grande, de cór escura. Bahla.
GIARY, corr. gihia-r-y, a agua, ou rio ~as rás. Babia.
GIBOIA, corr. gihi-boy, a cobra de ras; o ophidio que se alimenta
de ras.
GIJOCA, corr. gihi-oca, o viveiro ou paradeiro das rás. E' urna lagóa
no Ceará.
GIPARANA, corr. djí-paraná, o rio do machado. Amazonas, Pará.
GIRAO, corr. y-rau, suspenso da agua. ou da humidade. Construc~áo
sobre f orqu1lhas para evitar os effeitos dagua ou da humidade;
estrado feito de varas.
GIRIMUM, V. Geremum.
GIRUCOA, V. Jurucuá.
GITmANA, corr. yetyrana, a batata falsa; o que simula batata.
Bahía.
GITIRANABOIA, corr. yakirana-boy, a cigarra-cobra, ou a cigarra
.manchada como cobra. (Fulgora lantemaria). Sobre este insecto
-206-

curioso pesa a injusta accusa~o de venenoso. O quallficativo


boJ, que lhe deu o indio, náo lhe veio pelo veneno, que náo tem,
mas 4iJD pelas manchas que apresenfl., ,.como as de um ophidio
"Venenoso. 119.
GlfiTUBA, corr. yeti-tyba, o batata!, o sitio das batatas. Nome de
uma serra em Alagóas.
GOIARABA, corr. guayá-ra-rá, o carangueijo furta-cór; é o crustacio
mutto liso e de cór apavonada. <Rot. do Brasil, Cap. 139) .
GORUTUBA, corr. carú-tyba, seixal, pedregal; o sitio dos seixos ou
calhaus. Minas Geraes.
·GOYA, corr. guayá, c. guá-yá, o individuo semelhante, parecido. ou
gente da mesma rar;a. Documentos antigos falam em guayás e
guayazes, designando urna na~áo selvagem. Goyaz. 109.
GOYABA, corr. aeoyá ou acoyaba., a-coyaba, o ajuntamento de caro-
~os ; aggregado de caror;os ; pinha de gráos. <Psidium) . Nome de
uma variedade. Alt. Guayaba.
GOYANA, antlgamente Gueena CFrei Vicente do Salvador, Historia
do Brasil, de 1627 >, ou Guayana, que designa uma planta indigo-
f era. Pernambuco.
GOYANAZ, V. Guayanaz.
GOYAZ, V . Goyá.
GOYTACAZ, corr. pay-atacá, o individuo corredor, veloz; a gente
andeja, nomada. 109, 129. Rio de Janeiro. Alt. Guaytacá.
GOYTARACA, corr. guay-taráca, o que muda de cór; cousa de c6res
cambiantas. E' o nome de um trecho da Serra dos Aymorés .
Bahía. V. Boytaraca, Baetaraca.
GOYTY, V. Oity, Gutí.
GRAMillE, corr. guiramame, c. guirá-má-me, no bando dos passa-
ros, na passarada. Em documentos antigos, escrevia-se tambem
- Aramame, c. ará-má-me, que se traduz: no bando dos papa-
gaios ou das araras. Parahyba do Norte. O vocabulo indigena
ainda admitte outra interpretar;áo : pode proceder de ruaramamo
que se traduz - cerca, curral, manga, rodeio.
GRAPECICA, corr. guara-pecica, o individuo liso, polido; e tambE:m -
madeira lisa. Santa Catharina.
GRAPUITA, :orr. guara-puitá, o individuo vermelho; a madelra
avermelhada ou parda. R io Grande do Su!. Alt. Grapuetan.
GRAUNA, corr. guirá-una, o passaro preto.
GRAUCA, corr. guara-u~á, o carangueijo de buraco. Pequeno crusta-
cio que vive em cóvas na areia da praia e serve de isca aos
pescadores . Antigamente guaiaussá . Bahía .
GRAVATA, V. Carauatá e Caraguatá.

GRAVATABY, corr. carauatá-y, o rio dos gravatás. Rio Grande
do Sul.
GRUMICHAMA, antigamente guamlchi, c. guami-chá, o que pega ao
comer; allusáo ao fruto adocicado e mucllagtnoso desta arvore
- 207-

do Brasil. <Eurenia braslllensls). Alt. Comlcbi, Guamlcbá, Gua-


mlcbava, Gumlebá, Gmmtxama, Gnunlehaba e Guablcbá. V.
Guaml, pref.
GBUPIARA, corr. cuní-piara, o que Jaz ou fica entre aelxos; jazida
em cascalbos. Minas Geraes.
GUABA, s., a ac<;io de comer ou beber; a comida, a bebida; o logar
de comer ou beber. A form~ correcta é uaba, do verbo u e do
suffixo substantivador aba, ou aua. Alt. Guava, Guá, Guab.
GUABt, pref, para exprimir - a comer, para comer; as provisóes,
os mantimentos. Diz-se tambem Guml.
\
GUABIJ(J, corr.. guabí-yú, o comestlvel amarello, allusáo ao fruto
amarello da planta 4este nome. R1o Grande do Sul.
GUABIRABA, corr. guabi-rab, o comestlvel chelo de pellos; a fruta
pelluda ou tomentosa, raza.o- por que tambem se chama Cabelluda.
E' o fruto da Eugenia brasWensis. Alt. Guablrava, Guabirá.
GUABIROBA, c. guabi-iroba, o comestlvel amargo, ou fruto que trava.
No Rio Grande do Sul é a Engenia variabilis ou :u.nthocarpa; no
Pará, é a Engenia myrobalana. Alt. Guavlroba, Guabirova,
Guamlroba.
GUABIROTUBA, corr. guabiró-tyba, o pablrobal, ou o aitlo das gua-
birobas. Sio Paulo.
GUABIR(J, c. guabí-r-ú, o que devora o ma.ntimento; o rato ·<Mus
tectorum). Alt. · Guavlrú, Guamlrú.
GUABIRUJ(J, c. guabirú-jú, o rato de espinho <Eebynomys).
GUABIRUTOBA, corr. guablrú-tyba, a rataria; o sitio dos ratos. Alt.
Guavlrutuba.
GUACHO, s. voz onomatopatca da ave Cassicas boemorrhous.
GUA~ATUNGA, c. gua-a~á-tunga, o que atravessa nevoas nos olhos,
ou o que turva a vista. E' uma planta medicinal.
GUAC!r, s., no tupi do Sul, exprime veado; no tupi costelro diz-se
snat;ú, allás 9oó-a~ú, que quer dizer, a ca~a grande, animal de
Vltlto. Como adjectivo, exprime - grande, grosso, largo, amplo.
No tupí primitivo, dizia-se ua~ú; com o contacto do portugués,
appareceu a letra g inicial, e se passou a dtzer, na Ungua geral,
gua~ú. como em quasi todas as palavras come~adas por u, da
lingua primitiva. Alt. a~ú, oa~ú, u~u. (30a) .

GUA~(J-BOY, c. guac;ú-mboy, a cobra de vea.do. V. Gua~ú.
GUA~úPITA, c. gua9ú-piti, o veado pardo, ou vermelho. Rlo Grande
do Sul.
GUAHY, c. ruá-y, agua em seio, enseada, babia.
GUAHt'BA, antlgamente guaybe, c. gua-y-be, que quer dizer na
enseada, na babia. Rio Grande do Sul, Sáo Paulo.
GUAIA, c. goá-i-á, o que é como bola, roll~o; o caranguetjo. Pode
ser corru~áo de guá-yá, o que mora em buraco; o encovado .
Alt. Goaiá, Guayá, Guajá.

30a - Al o autor eett equtvocado. VeJa a nota 1~6.


-208-

.
GUADU, 1., -' mulher velha. Diz-se tambem gaalb1. -
GUAIMICOAB.A, corr. guaimÍ-quára, o buraco da velha; o ~o da
velha. V. Guatmi. E' tambem o nome 1nd1gena do peixe ronca- &
dor. CRot. do Brasil).
GUAIMIHY, corr. guaimi-y, o rio das velhas. Minas Geraes. Em docu-
mentos de 1600 e 1603 o grande affluente da direlta do rlo Sáo
Francisco é chamado Guaibihí.
GUAIMi-PARA, s. c. a velha Pará, tratamento familiar, carinhoso.
entre indios e portugueses, dado á velha Paraguassú, mulher de
Dlogo Alvares Caramurú, já viuva e multo honrada no seio de
sua numerosa descendencia, na Bahia. Outros escreveram erro-
neamente - Caayobim-Pará ou Cuayobim-Pará. O nome Pará,
aquí, é simples abreviac;áo de Paraguassú.
GUAJAB(J, corr. goaiá-Ü, o carangueijo escuro. Pode ainda ser cor-
rupc;ao de goaiá-ú que exprime, o carangueijo come, isto como
que a dizer - seva ou comedouro dos carangueijos. V. Guaiá.
GUAJAHY, corr. goiá-y, o rlo dos carangueijos. Rio Grande do Norte.
V. Guaiá.
GUAJA.JABAS, corr. goaiá-yara, o que é dextro na cac;a aos caran-
guetjos. Sáo indios do Maranháo.
GUA.JARA, s., é o nome de uma arvore amazonica, uma varledade
de abiu. Pará.
GUAJER'ú, corr. guá-yary, o que tem cachos, ou frutos em penca.
<Chrysobalanus). Alt. Guajirú, Guajarú, Guajurú.
GUANABARA, antigamente Guanabará, c. goaná-pará, o lagamar.
Rio de Janeiro. 95.
GUANANDI, corr. guá-nhandí, o que é grudento; allusáo ao liquido
gluttinoso e visguento, de um amarello fino, que tem a aryore
deste nome. (Calophyllum brasiliense,· S. Hill.). Alt. Gnanantim,
Oanandy, Olandy, Urandy, Landy, Lantim.
GUANHAES, corr. gua-nhá, aquelle que corre; o corredor. Nome de
urna tribu selvagem de Minas Geraes.
GUANUMBY, corr. gua-nu-oby, o individuo preto azulado. E' a ave-
zinha - beija-flor. <Trochilidae). Os indios a tinham como men-
sageiro da outra vida. Alt. Guanamby, Gainumby.
GUAPACARÉ, corr. gua-upá-caré, a lagóa torta da baL"'{ada, ou antes
- o bra~o do rio. Sao Paulo.
GUAPARAYBA, c. gua-pará-yba, a arvore das enseadas ou sacos .
(Rhysophora Mangle). O mang~e vermelho.
GUAPt, c. gua-apé, o que serve de caminho; allusáo ás folhas desta
planta que· cobrem a superficie das aguas estagnadas e dáo
caminho ás aves. Pode ser tambem corrupc;áo de guá-peba, o
que é chato ou plano. (Nimphéa). Alt. Aguapé. •
GUAPEBA, s., o mesmo que guapé, no guarani. V. Guapé. Designa
tambem uma madeira branca (Luéuma sp.). empregada · no
fabrico de caixóes e de violas ou guararapebas. E' tambem o nome
indigena da fava de s. Ignacio, ou cabec;a de frade. Alt. Guapeva.
GUAPI, V. Guapira.
-209-

GUAPIARA, c. gua-piara, do fundo do valle, ou da t>ailtada; o que


jaz no fundo, ou accupa o fundo da concavidade.

• GUAPIASS'ú, c. guapí-a9ú, a cabecelra grande. Rlo de Janeiro.


GUAPIRA. c. gua-apira, o comec;o do valle; as cabeceiras; as nascen-
tes. Alt. Guapi, Guapy.
GUAPITANGA, c. guá-pitanga, a madeira vermelha. Rlo Grande
do Sul.
GUAPITANGUY. corr. KUá-pitang-y, o rio dos paus vermelhos (gua-
pitan( a ou guara pitanga) . Río Grande do Sul. ·
GUAPUY, c. ~v á.-puy, o individuo delgado; o pau fino, o cipó . Alt .
Gu!'lrapuy. ·
GUARA. s. verb. de ú ou gú , comer, beber. Gn~ra. o mesmo que uara,
auer dizer o que come; o que se alimenta: o que devora: o vtvente.
o individuo. o ente. Alt. Guá, Guar, ()uá. No Sul do Brasil, é
affixo na del"omina cá o das ma deiras. Como suffixo, indica pro-
cedencia, n a cionalidade.
GUARA. s., a gar~a · vermelha. a a ve aquatlca (Ibis rubra). E' fre-
Quente a troca de guirá, P3.$Saro, ave. por guará.
GUARAB'ú. cotr. mara-b-Ü, o individuo róxo ou Pscuro: . allusáo á. cOr
roxa da madPira desta arvore. <Atronium Concinnum, Schott) .
Alt. Garabú, Guaravú, Guarabú.
GUARACAPA, c. t'Ua-aracapá. o escudo. ou rodella de couro e tambem
de vime, para servir contra os tiros de flexa.
GUARACAPEI\fA. corr. 1roara-acá-pema, o individuo de cabec;a esqui-
n ada. O dourado. (Corypbaena Equiselis ).
GUAR.ACY. c. ~ara-c;v, a máe dos viventes ; o criador da gent.e : o
sol. Pode ser ainda corrun~áo de ~o-ara .. cy, a máe deste día ; a
m áe do día; o sol. Alt . Cuaracy, Goaracy.
GUARACIARA, corr. guara cv-aba., os cabellos ou raios do sol; o
cabello louro. Non1e da mulher equivalente a Laura. V. Guaracy.
Alt. Coaracyaba, Goaracya ba.
GUARACICA, corr. guara-icica, o pau resinoso; o individuo viscoso.
(Lucuma fissilis, Ali.).
GUARACININGA. corr. gu3ra - cynynga, o individuo Que zumbe ou
troveia ; ave ruidosa. (Pit ylus caerulescens, Caba.) . Alt. Guara-
cinunga, Guiracinnnga.
GUARACAO, corr. aguará-acá, a cabec;a de cáo. (Canis jubatus).
GUARAGUA, corr. guara-guara, o comiláo, o que muito pasta. E' o
peixe-boi. (l\lanatus australis) .
GUARAHtr, V. Guarabú .
GUARAHIM, corr. guará-im, a pequena ave rubra. Pode ser tambem
guara-im, o individuo pequeno. V. Guara, Guará.
GUARAHY, c. guará-y, o río dos guarás, ou aves. rubras. (Ibis); no
río das ga r~ as.
GUARABYPE, c. guará-y-pe, no río das garc;as. E' o non1e pri.lnitivo
da Ribeira de Iguape. Sáo Paulo.
-210-

GUABAITA, c. guara-ltá, o páu-terro. S. Paulo. Pode ser ainda pari-


ttá, a . pedra das pr~.
GUARANHEM, c. pa.ra-~e, o pau doce. a madeira adoclcada . .
CChrysopbyllum paranhem). E' a mesma madeira Baranhem.
..
GUARANHUNS, c. cuara-nh11, o páu preto, a madeira escura. Pode
exprimir tambem o individuo preto, a gente escura. Pode ainda
ser a corrup~áo. de guirá-nhÜ, o passaro preto. Pernambuco.
GUARA.Ni, corr. guariní, o guerreiro, o lutador.
GUARANTAN. c. guara.-anti., a madeira rija. <S&plndacea). Alt. Gua-
ra.ti. V. Guara.
GUARAPA, adj ., revolvldo, remexldo. Alt. Garapa.
GUABAPARI, c. guará-pari, o cercado ou curral dos passaros; bacla
onde as garGa¿: se reunem. 100.
GUABAPARIM, c. goará-pari, a ga~a manca, ou de perna quebrada.
Espirito Santo.
GUABAP(1, corr. qua-r-apú, a ponta romba; o como nao agu<;ado. E'
nome de um veado pequeno e vermelho. (Cenas rdmpllcl eornls).
GUARAPUAVA, corr. ~ará-posba, o rumor óu latido dos narás ou
cáes do ma tto. Pode ser corrupctáo de guirá-poaba e entio se tra-
duztrá - o rumor dos passaros. Paraná.
GUAR.APUCú, c. guara-pocú, o individuo comprido, o longo do corpo.
E' o nome indigena do peixe - Caftlla <Cyblum Caballa, Cuv.l.
Alt. Guarapicú.
GUARAPUITAN. V. Grapuetan.
GUAB.AQUISSABA, corr. guará-ki~aba, o ntnho de garcas ou de patos.
Paraná.
GUARARA, s., o tambor usado pelo gentío. 122. Tambem significa :...
o manhoso, o investigador <Bap. C.) ; e ainda - o que é furta-
cór. ou cambiante; nome de um pebre do mar.
GUARARAPE, corr. glUU'al'á-pe, nos tambores 122. Pernambuco.
GU.ARAREJ\IA, s. c. guara-r-ema, a madeira fétida; é o chamado -
pau d'alho <Scorododendren), com a sua casca rescendendo a
alho . Sáo Paulo.
GUARATIBA. corr. Pará-tyba, ga~as em abundancia; o sitio das
gar~as . 'Rio de .Janelro, Paraná. Alt. Guaratuba.
'
GUARATINGA, c. gaaq-tinga, a gar~a branca. pode ser alnda cor-
rupcáo de plrá-ttnp, .. o passaro... branco. •
GU.ABATINGUETA, corr. gatrá-ting-etá, os :gassaros brancos, u
g~as. 25, 134. Sáo ·paulo. V. Guaratinp. Em velhos documentol
se encontra Guiratinguetá .
GUAB.ATUBA, V. Gn.rattba.

GUABAUN~ V. Bara.una. E' tambem paft-una, a gar~a escura;
uma Ardea, vulgo Caráo ou Caraú.
GUARAYUVA, c. para-yaba, o individuo amarello; o pau amarello.
Alt. Guarajuva, Guariuva, Guara.aba.
- 211 -
GUAREBY•.corr. guari-y. o rio das guarlbas, ou macacos. 109. S. Paulo.
V. Guariba.
GUARIBA, corr. guar-ayba, o individuo feio; a gente ruim. Designa
' uma casta de macacos (Mycetes).. Alt. Guariva, Guari.
GUARICBó, corr. guirá-l~ó. pronunciado gulrá-lchó, a ave que fura
páu ou esgaravata os páus apodrecidos; é talvez a Coruyra (Mo-
tacilla furva. Gmel) . (30b) .
GUARIROBA, corr. guara-iroba, o individuo amargo; o páu amar-
goso; é uma especie de palmito (Cocos oleracea, Mr.).
GUARIRú, corr. guá-rerli, a tina, a vasilha para agua . Designa uma
serra n o interior da Bahia.
·GUARú, corr. guar·ú, o ilidividuo que come; o comedor; allusáo ao
ventre columoso e desproporcionado que tem o peixinho deste
nome, tambem conhecido por barrigudinho. Alt. Arú.
GUARUJA, corr. guarú-yá, o viveiro dos guarús. S . Paulo. V. Guarú.
GUARULHOS, corr. guarú, nome de urna tribu indigena. not avel por
ser de gente barriguda . Dizer - l'Uarulhos ou guarús é como se
chamasse - barrigudos . V. Guarú. Rio de Janeiro, S. Paulo.
GUATUMBú, co.rr. guá-ati-mbú, o que ~ duro e sonoro . E' a madei-
ra tambem conhecida por piquiá. <Apídosperma sessiliflorum).
GUATAPARA, corr. guá-tabará, o que tem pello manchado, variegado.
GUATUCUPA, corr. guá-atuc-apá, o .que tem o dorso curvo, o cor-
cunda ou corcovado. E' o peixe Corvina <Otollthus Guatu-
cupá, CuvJ .
GUAú. s .. o canto chorado dos indos quando recebiam o estrangeiro
e o hospedavam . E' tambem a dansa em geral. Alt. Guayú .

sitio das vassouras;


-
GUAXENDUBA, corr. guach1-dyba, as vassouras em abundancia; o
o vassoural . Maranhao .
.
GUAXIMA, corr. gua-cyma, pronunciado guá-chima, significa - o
que é liso ou lustroso; allusao á fibra sedosa da planta deste
nome (Urena lobata). Alt. Guaxuma, Guanchuma, G uajima. (30b).
GUAXINIM, corr. guá-chini, o que rosna, o roncador; allusao ao
habito rleste animal de rosnar, quando se lhe toca na cauda
(Galictis vitata) .
GUAXUPt, corr. gua-exú-pé, é urna casta de abelhas que faz ninho
dent ro da terra . Alt. Axupé, Exupé .

• GUAYANA, corr. guayá-ana, a guaiaba falsa, o que se assemelha á


guaiaba. E' planta do Norte do Brasil que dá un1 anil inferior .
(Piscidia Erythrina, Vell.). Alt. Goyana. V. Goayaba . .
GUAYANAZ, corr. guayaná, como escreveu Anchieta, c. gua.y-aná,
individuo parente, gente aparentada. Tratamento, de certo, dos
tupís do litoral para com os do campo de Piratininga, 69, 109,
129; s. Paulo. .
GUAYAO, corr. guáya-ó, a cova dos carangueijos . Alt. Guayó.
S . Paulo.

JOb :- Vf'Ja 8.1 n o tas 13 e 162 .


-212-

GUAYCANANS, corr. guay-acá-ná, o 1ndiv1duo de cabe~a grande,


de cranlo espesso. Nome de urna tribu selvagem no Rlo Grande
do Sul .
GUAYCURú, c. guay-curú, o individuo samento, chelo de ferldas
ou pustulas; nome ou appellldo de uma na~áo selvagem do
Paraguay, em Matto Grosso . O appellido é deprimente e appll-
cado pelos contrarios. porque o nome nacional da tribu é Yoage,
e entre os brasileiros - Cavalleiros. 109 .
GUAYRA, corr. qua-y-rá, o intransitavel Cpassar náo hade> Bap.
C. Nome indlgena do Salto das Sete Quedas . Outros pronun-

ciam - Guayra.
GUAYú, gerundio-supino de ur, exprtmlndo - a vinda, a chegada,
a invasio ou lrup~io. Designava as formigas de passagem ou
de eorreicáo.
GUAfOPIA, s., _o feiti~o .
GUEBUCú, corr. guém-bucú, a queixada longa . E' o nome indigena
do peixe conhecido por - Bicuda (Bistiophorus americanus, Cuv.>.
GUIARA, s., nome tupi do charéo .
GUIGO, s., nome onomatopaico de uma casta de simios <Simia Cal-
lithrix melanonochir, Neuw.). Thevet assignal-os no Rio de Ja-
neiro pelo nome de Cacuyú e J. de Lery chama-os - Cay - .
GUIGOABO, c. guigó-oabo, a ninhada de guigós . Alt. Qulcoabo. Bahta.
GUIRA, s., a ave, o passaro . Alt. Uirá, oirá, oerá, birá, virá, urá, hura,
huirá, ará, ourá .
GUIRABA, c. guirá-aba, a penna do passaro .
GUIRAI\'IEMBt, c. guirá-membé, a ave tema <Coraclna ornata).
GUIRAMIKIRA, c. guirá-mykira, o assento de passaro; o uropigio .
Era o no me de um chefe dos Potyguaras, dos seculo XVI. ·
GUIRANBENGATú, corr. guirá-nheen-gatú, o passaro que canta
bonito . E' o canario indigena <Emberiza brasiliensls, Gmel) .
GUIRANHENGUETA, e: guirá-nheeng-etá; o passaro que canta multo.
E' o conhecido Gurinhatá (Taenioptera nengueta, Lin), tambem
chamado - Pomba das almas, Maria branca, Pepoasá .
GUIRAPA, corr. guara-apá, ou guara-apara, o pau curvo; o arco .
E' a forma guaraní. No tupi se d1z yapara. Alt. Grapá, Yapá,
Yapara. (31) .
GUIRAPACAMA, corr. guarapá-f(ama, a corda do arco S. Paulo.
GUmAPEPO, corr. guirá-pepo, as asas do passaro.
GUIRAPEREA, corr. guirá-apereá, o passaro, que frequenta os cami-
nhos. <Tanagra nava, L.).
GmRAPIA, c. guirá-apiá, o gráo de passaro, tambem chamado
Ururá-apiá, o gráo de gallo.
GUIRAPIB.A, corr. gutrá-pir-á, o passaro nuello. <Tacbypetes Aqui-
'
lus, Vielll).

31 - Veja a nota 212.


- 213 -
GUIRAPONGA, c. ruJ,rá-ponga, o passaro martellante, ou de grito
estridente. V. Araponga.
GUmAQUECABA, s. c. quirá ke~aba, o ninho das aves.
GUIRAQUEREA, corr. guirá-kere-á, o passaro sem somno, ou a ave
privada do dormir. E' o bacurau ou Curiangú <Caprlmulps
torquatus, L.).
GUIRAREYA, c. guirá-reya, o bando de passaros.
GUIBARó,. corr. guirá-ro, o passaro bravo ou feroz. (Musclcapa
Joazeiro, Splx).
GUIRATIN, c. gulrá-tin, ou guirá-tlnga, o passaro branco, a ga~a.
Pode ser tanibem - guirá-tim, o bi~o da ave.
GUIRATINGA, c. guirá-tinga, o pa.ssaro branco, a gar~a.
GUIBATIRICA, corr. guiri.-tirica, a ave tlmida ou esquiva. <FrlncWa
dominicana, Neuw.).
GUIRAUNDI, c. ptrá-undí, o passaro azulado, o azuláo. Alt. Gurundi.
GUPEVA, corr. cfi-peba, a llngua rasteira ou presa; allusáo ao falar
defeituoso, ao que ·pega na fala ; o gago. Nome de um principal
dos Tuplnambás da Bahia, no seculo XVI, a quem se ligou o
Caramurú.
GUPIARA, V. Gruplara.
GUR1, corr. guiri, o bagre. E' o tratamento que, no Sul do Brasil, dáo
aos meninos; mas, neste caso, o vocabulo pode proceder da
corrup~áo de guiri, que é o mesmo que - pequeno, crian~a. Rlo
Grande do Sul.
GURINHATA, corr. guir-enhe-atá, a ave que canta multo. J:: o mesmo
uira.nhengatá de outr'ora. Rot. B. (Euphonidae) . E' chamado
tambem gaturaDlo.
- ..
GURINBEM, corr. de guirá-nhe, as aves cantam; ou o canto dos
passaros. Pode proceder tambem de guri-nhe e significar - o
rumor dos bagres . Parahyba do Norte.
GURUNDIUNA, corr. guirá-nndi-una, o passaro azul escuro ; o azuláo.
.
GURmY, c. gurí-ry, o rlo dos bagres. V. Guri.
GUTt, corr. gu-tí, ou u-tí, o comer duro, rijo; allusáo á dureza da
massa que se come. E' o nome do oitL <Broshnum).

H
BERú, corr. eirú, a abelha anegrada..
mCATn, corr. y-catú, a agua bóa; rio bom. Ma.ranháo.
BOTINGA, corr. y-tinga, agua branca. Alt. Utinga, Otlnga. Babia.
HUl\lA, suf. totalmente negro.
BUMATA, corr. Ü-Dlatá, meio negro, anegrado.
BUMAITA, corr. mbaitá, o papagaio pequeno, tambem conhecldo por
mattaca (Pstttacu1 cyano¡astra). Nome da famosa fortaleza
-214-

á margem esquerda do rlo Paraguay, que tio importante papel


represent.ou na guerra da Tríplice Allia.n~a. de 1864 a 1870.
ll1JltlBA., suf., o mesmo que bgmi V. Bumá, Alt. ami, umbá.
BtJMBABA. corr. um-.b ará, manchado de preto.
llVMJIU, corr. J-miri, .a gua escassa; ·poueo sueco.
BY, s., wn dos diversos modos de escrever a vogal gutural tupí. 7,
que AJ>Chieta escrevia - 1C· Como substantivo, signtttca - agua,
·rio. Alt. hi, ,.,, hú, ú, •.
BYASSO, corr. 1~ú, agua grande; rio grande. Babia.
BYBICUY, V. lblcuy.
B~Blll'IJA, corr. yby-pitá, a terra vermelha; barro vermelho.
llICAVO, corr. 7p.ba, c. Ye-aba, os filamentos ou cabellos d'agua;
o limo. s. Paulo.
BYGAPC), V. lppó.
BYNllANGABA, corr. y-nhanpba, o curso d'agua, o ribeiro, o riacho.
No guaraní - Ynh&Dl'á.
BYPANEMA, V. lpanema.
BYPUACV, corr. ypaí-~ú, a fonte grande; manancial grosso; olho
d'agua grande. Ceará.
Bt'PUACtJ, corr. nní-acú, a fonte quente, olho d'agua ·quente.
BYQUABA, corr. 7-quara, o buraco d'agua; o po90.
llYQUABANA, corr. 1-•uara-ana, o que simula um ~; o sorve-
douro a.o leito dos rios.
BYB.ABA, V. Irara.
BYTU, V. ltú.

1
JACAYOBY, corr. yacá-1-eby, o rlbeiro de agua verde. Rlo Grande
do Sul.
IAPARYABA, c. 7-apar-JU&, o que é dextro no a.reo; o arqueiro.
IAl'EYO, corr. J'&pó-J'li, o pantanaJ, o estagnado. E' forma guarani
correspondente a J'&POyuc& do tupi costelro. Alt. lpojaca, PoJuca.
JAPDl)', corr. 1-apinú, as empalas d'agua; as ondas.
JAPENtJPAt corr. yapená-pá, o tombo ou pancada das ondás; a
arreben~áo; a resáca.
JAPUCANDl, corr. ya-puea-m, , -
aquelle que está a rir-se; o 11sonho,
o esc.aminbo. E' o nome de um gaviio cujo grito simula o rilo.
<Splzcetu.s Tyran.nus). Entre os Cayuás - Nhapucanta.
JATITA, s., o caracol. No tupi, 7ap1111Diti, o car~ de terra.
IATUABA, corr. Jatya.r&, o tazedor de culas. Rlo Grande do Sul.
- 215 -

JBACURUPARY, corr. ybá-curú-parí, o fruto cercado de pontas ou


chelo de asperezas. <Platonia lnsignis). Alt. lbacupary, Bacupary.
e IBA&, c. ybá-e, o fruto doce, agradavel. Nome ·de mulher.
JBA:Rt, corr. ybá-aré, o fruto caido. Arroio no Rio Grande do Sul.
IBATt, c. y-ibaté, o alto, o cume. S. Paulo.
JBATUBA, corr. ybá-tyba, o sitio das frutas; o frutal; o pomar.
IBATUBY, corr. ybatyb-y, o rio do pomar. Alt. Batuby, Batuvy,
Batovy•.
IBERA, c. y-berá, forma contracta de y-beraba, para significar a
agua cla.ra, limpida. E' o nome de uma grande lagoa na Argen-
tina. Alt. Uberá, Uberaba.
181, corr. yby, a terra, o solo,. o cháo. 76. Alt. ubú, bú, bo.
mIA, corr. yby-á, a terra alta; a chapada, o planalto. Alt. Ibyá. <32) .
IBIAGUY, corr. ybyá-guy, por babeo da terra alta; no sopé da escar-
pa. V. Iblá. .
IBIAPABA, corr. ybyá-paba, a estancia da terra alta, ou da chapada;
o escarpado ou alcantilado. Nome da serrania entre o Ceará e o
Piauhy. Alt. Ibuapaba, Buapaba, Boapaba. V. Ibiá.
IBIAPINA, corr. ybyá-pina, ou ybyá-apina, a terra alta despida,
sem vegetac;ao; o alto calvo. Pode ser tambem, yby-apina, aterra
limpa; os pellaes ou espac;os naturalmente despidos de vegetac;áo.
IBIBOCA, corr. yby-boca, a terra rachada ou tendida. Chamavam
os indios a cobra coral - lbiboca - talvez por habitar· esta as
f endas do solo. Significa tambem - saido ou tirado do cháo .
Alt. Ububoca, Biboca.
IBICABA, corr. ybycaba, é o nome de urna myrtacea, de fruta preta,
miuda . e sabor soffrivel, tambero chamada ubucaba (Rot. do
Brasil). 8. Paulo Alt. Ubecaba, Ubicava.
IBICOARA, corr. yby-quara, a cova, a sepultura. V. Tibycoara.
m1cut, corr. yby-cuí, a terra fina; a areia; o pó. 76. Alt. Ubucuí,
Bucuí.
IBICUIBA, corr. ybycuí-yba, a arvore de areia. O fruto desta arvore
é considerado n oz moscada do Brasil. <Myristica officinalis). Alt.
Bicuiba, Ubucuhuba. Bucuúba, Bicuiva, Vicuiba.
IBICUY, corr. ybycuí-y, o rio das areias. Rio Grande do Sul.
IBIPETUBA, corr. ybypé-tyba, o razio; banco de areia em abundan-
cia. Paraná.
IBIPITANGA, corr. yby-pitanga, a terra vermelha. Alt. Bypitanga,
. Bupitanga.
¡. . mm.A, corr. ybyrá, o páu, a arvore, a madeira, o tronco, tóro, viga,
vara. Alt. Imirá, myrá, byrá, mará, pará., burá, uará, vará.
IBIRACICA, corr. ybyrá-icyca, a resina de páu; a almecega, tambero
chamada icicariba, yciy. <Anacardiacea), de que se colhe a melhor
resina balsamica do Brasil. Alt. Biraclca, Buracica.
.
32 - Veja a nota 145.

..
- 216 -

IBIRACOA, corr. ybyrá-guá, forma contrata de ybyrá-g-uara, o mora-


do!' ou o que habita nas arvores. Nome de uma cobra pequena
que anda sempre sobre as arvores. CRot. do Brasil, cap. 113).
IBIRAvOCA, corr. ybyrá-sóca, o verme da madeira; a broca ou guza-

n o. Alt. Ubira~oca. V. Soca.
lliIRACúl, corr. ybyrá-cúi, a gamella, o cócho, a vasilha teita de
um tronco. Alt. lbiracuia.
IBIRAGARA, corr. ybyrá-ygara. o pau de canóa.
IBIRAITA, corr. ybyrá-ttá, o páu ferro. V. Itá.
IBIRAJA, corr. ybyrá-yá, a arvore frutifera. <Bap. C.).
IBIRANHEM, corr. ybyrá-nbe, a madeira doce. Arvore bastante alta
e de raiz medicinal. (Chrysopbyllum buranhem). Alt. Buranhem,
Guaranhem.
IBIRAPARAtBA, corr. ybyrá-apara-yba, a arvore do páu d'arco, de
cuja madeira os indios faziam os seus arcos. Alt. Ubiraparaiba.
IB.IRAIPIRA, corr. ybyrá-ypira, a madeira verde.
IBIRAPIROCA, corr. ybyrá-piróca, o páu esfolado, ou cuja casca
cae annualmente, criando-se outra por babco. (Myrtacea). Alt.
Ubirapiroca.
IBIRAPITANGA, corr. ybyrá-pitanga, o páu vermelho, que se cha-
mou - pau-Brasil. (Caesalpinia echinata). Alt. Ibirapiranga,
lbírapitan, lbirapuitan, Imirapitá.
IBIRATAYA, corr. ybyrá-taya, o pau picante, a madeira acre.
(Laurus).
IBffiATINGA, corr. ybyrá-tinga, a madeira branca. O pau linheiro
de que os indios f aziam as lan~as e arreme~óes. Alt. lbirati.
-
WIRATININ, corr. ybyrá-tin1, o pau secco, a madeira en.xut.a. Nome
de um principal dos Petiguaras, no seculo XVI.
IBIRIBA, corr. mbir-yba, a arvore de embira; aquella de cuja casca
se tiram fios que servem como canhamo e de que se fazem amar-
ras e toda a sorte de cordoalha, e se faz estopa. A madeira é
durissima e má de lavrar. <Rot. do Brasil, cap 68.). Alt.. Biriba.
IBIROCAI, corr. ybyr-ocai, o curra! feíto de esteios, a manga, o po-
treiro. Río Grande do Sul.
IBIROCAHY, corr. ybyrocái-y, o rio dos curraes ou potreiros. R1o
Grande do Sul.
mITIPOCA, corr. ybyty-poca, a montanha partida, ou furada; o
vulcáo. Minas Geraes, S. Paulo. Alt. Butupoca, Vutupoca.
·m1TIGUIRA, corr. ybyty-guir, ao pé do monte; o piemonte.
. '
mITINGA, corr. yby-tinga, a terra branca ; o barro branco. 76. Alt.
lbltin.
mITIPAU, corr. ybyty-páu, entre montes; no meio de morros.
mlTIRAMA, corr. ybytyr-a.m, o monte alto; a montanha.


-217-

mtt•Rntt., corr. 1111t1-rehe, em cima do monte; ou em ctma da


aerra.
IBITl&OY, corr. ybJt7-roy, o serro frlo; a montanba fria.. 132. Mtnu
Geraea. Alt. lllltmay.
mlTO, corr. 7bytú, o vento, a corrente de ar, o sopro ou effluvio
da terra. Alt. Bitú, Bat4, .Botú.
mlXUllA, corr. 1 PJ-CJDl&, pronunciado J•PY·ch7ma, o que tem a
cascá lll&. E' a Gaamm• llllifolia, a mesma mutamba em Angola.
IBó, corr. ybó, attrar com a flexa.
IBONDABA, corr. 7bonda~ o frexeiro,. o q,u e aa1?e atirar com a frexa.
IBOBA, corr. y-lterá, ou y-porá, a agua bonita. Kto Grande do Sul.
IBO~, corr. ybot7, a flDr. .
IBOTIBAMA, corr. 7beq-1'811Ja, o país ou terra das flores. 110. (33).
180, corr. 7-m ou 7-bu.ra, a agua a surgir, o manaacial, o mtnadouro
ou olho d'a¡ua. y. lpu. (34) .
IBYA, corr. 1b1á, terra erguida; reetio elevada, chapada ou pla-
nalto. Rio Grande do Sul. ·
IBYTYBA, s. 7by-tyra, a terra empinada; a montanba, a serra. Alt.
Ibltlra, lbutma, Butara.
IB1'.'1't:&UCtJ, s. c. 7b)"tyr-~ú, a serra grande, a cordllheira. Alt.
Buturu~ú. 90.
ICANGA, corr. 7-acaap., a cabeeeira, a ca.be9& do rto, o regato, o
corrego, o arroto. 102. ·
IOAPABA, corr. n-apára. agua, río ou canal torto; bra~ curvo do
rto. 117. S. Paulo.
ICABAllY, corr. . y-caray, a agua santa; a agua benta. Rio de Janeiro.
ICATO, corr. y-a.tú, a agua bóa; o rio bom. Maranbáo. 75.
· 1cA, s. a formiga grande que os indios comiam. Entre oS>guaranis -
y~a, entre os tupís - tanajura. o vocabulo y~á é contra~ ao de
y~aba, significando gordura, pois tinham os indios por tal o que
se continha no abdomen desta formiga.
ICACA, corr. y9á-~, os gravetos, os ramos seccos. Rlo Grande do Sul.
ICAYBA, corr. y~-ayba, a formiga má damntnha, que destróe as
plantas. Alt. l~uba, Saúba, Saúva.

• ICERICA, corr. y-cerica, a agua llgelra; o rapldo, a corredeira. 104.


Alt. lxlrica.
ICICA, corr. 1-cyca, o liquido chegado ou que aponta; a resina.
ICICAYBA, corr. ycyca-yba, a arvore de resina; a aimacega, segundo
Marcgrat.
JCIPó, V. Cipó.

33 - Veja as notaa 25, 152 e 173.


34 ~ Idem, un.
218 -

ICUU, corr. y-curé, aquelle que é bambot ou ba.mbaleia a.o andar.


E' o nome de uma va.riedade de anta. (Ta.pirus americanus). Alt.
1ruré.
lEMBó, corr. y-iembó, o filete d'aguat o lagrimal. 102. •
JERt, corr. y-iere, o giro d'agua, o redemoinho.
IGABA, corr. yg-aba, os filamentos d'agua, o limo. V. Hycavo. Alt.
lgava, Icavo.
IGA((ABA, corr. yg-a~aba, o transporte d'agua, o que serve para a
conduc~áo della, o pote, ou cantara; a urna. Alt. lga~á.
IGA((ATYRA, corr. ygac;á-atyra, o outeiro ou morro dos potes; o
monte das urnas. 126.
IGAPIRA, corr. yg-apira., a cabeceira, a origem do rio.
IGAPó, c. yg-apó, ou y-apó, a a gua que invade; a enchente; o ala-
gavel. Sao as lezirias dos ríos da Amazonia.
IGARA, corr. yg-yara, dona d 'agua, superior a agua; a canóa. No
t upí amazonico yuara (y-uara), o que mora n 'agua, permanece
sobre a gua; o a quatico.
IGARA(;ú, corr. ygara-a~ú, a canóa grande, o barco. 115. Pernam-
buco. Alt. Iguara~ú.
IGARAPABA, corr. ygara-paba, termo ou pouso das canoas, o porto.
114. S . Paulo. C35i.
IGARAP1;, corr. ygara-apé, o caminho da canoa, o canal, o furo ou
brago de rio, o esteiro. 97, 115. Amazonas, Pará, Maranháo.
IG Al'tAPIUNA, corr. ygara-piuna, a canóa preta, ou a canóa de casca
p rcia . Bahia. 115.
JGARATA, corr. ygara-ati, o navio, o barco, entre os guararús. S.
Paulo.
IGARETINGA, corr. ygara-ytinga, o panno branco da canoa, ' a
vela. 115.
JGARIPt, corr. ygara-ipé, a canoa de casca, entre os guaran.ís. (35a).
IGARITÉ, corr. ygara-été, a canóa de vult o, a barca. (35a ).
IGOA, corr. y-guá, o seio d 'agua, a enseada, a bahía ; a bacía fluvial,
o lago.mar. 96. S . Paulo. V. Iguá.
IGOAGUA~ú, corr. yguá-gua~ú, a bahía grande, lagamar grande,
estuario an1plo. 96. S. Paulo.
IGRAi\IIRU\f, corr. ygara-mirim, a canoinha, o barco pequeno.
IGUA, corr. y-guá, o seio d'agua, o mesmo que igoá.
JGUABA, corr. y-guaba, a bebida d'agua, logar onde se bebe, o
bebedouro.
IGUAGUAQUPE, corr. yguá-gua~ú-pe, no lagamar grande . Hans
Staden escreveu lwawasupe, de que Frei Oaspar da l\íadre de
Deus fez Enguaguassupe e traduziu - pil.ao grande. S. Paulo.
IGUAPE, corr. yguá-pe, no lagamar, na bahía fluvial. Bahia, S. Paulo.

35 - Veja a nota 204.


3~a - Idem, 207.
- 219-

IGUARAC'O, v. Icara~ú.
IGUREY, corr. icu.r é-y ou igure-y, o rio das antas. V. Iguré. Ma.lto
Grosso.
IM.Bt, corr. y-mbé, a planta rasteira trepadeira. (Philodendron>. Em
guaraní - pembé. Alt. Guatmbé.
IMBIA~A, corr. mbé-a~á., ou pé-a9á, forma guaraní de mbé-a~ba,
a travessla do caminho; aonde o caminho vem ter ao rio ou ao
estelro; o porto. V. Pea9a. ·
IMBIRA, corr. y-mbira, a pelle 'da arvore; a casca de arvore; a fibra
da entrecasca. Alt. Embi~. · '
IMBI&ITi, corr . ymbyra-ti, a fibra branca. entrecasca de arvore de
que os indios faziam cordas e os negros aventaes; dava morróes
de espingarda que náo se apa.gavam. <R. do Brasil, cap. 68).
11\fBIRUSSú, corr. ymbyr-u~ú, ·a embira grande, a entrecasca grossa.
Alt. EmJdru~ú.
11\IBú, corr. y-mb-ú, a arvore que dá de beber; allusáo aos tuber-
culos grandes desta planta (Spondias uberosa), que. nas raizes,
seggregam agua e matam a sede aos viajantes do serta.o em
tempo de secca. Alt. Umbú, Ombú, Ambú. Norte do Brasil.
11\IBUA, corr. amboá, c. a-mbo-á, pellos erguidos ou levantados.
Designa a lagarta felpuda entre os indios. Outros dio este no me
á Centopéa.
11\IBUHY, corr. ymbú-y, o rio do imbú. Pode ser tambem mboy-y,
que quer dizer - río das cobras, ou agua da cobra. Rio de Ja-
neiro, Bahía.
IMBURANA, corr. ymbú--rana, o imbú falso; semelhante ao imbú.
(Bursera leptophlecos).. Norte do Brasil.
INAl\IB(J, corr. y-nbá-bú, a que corre a pn1mo, ou se levanta a
prumo, a perdiz. Pode proceder o vocabulo de y-am-bu, signifi-
cando - a que se levanta com estrepido, estrondando. (Cryptu-
rus). Alt. Nambú, Inambú.
INAYt, corr. ina-ye, o que está sepa ra do, o solitario; o gaviao. Alt.
Nagé.
INDAYA, corr. andá-yá, amendoas ou cocos caídos, ou que - se des-
pencam. E' a palmeira Attalea compta). Alt. Andayá, Endayá.
· INDAYATUBA, corr. indayá-tyba, abundancia de indaiás, o sitio das
palmeiras indaiás. s. Paulo. 108. ·
INDUA, corr. indoá, o piláo. No guaraní - angoá. (36).
INGÁ, corr. y-igá, o que é embebido, ou humldo; allusao á polpa da .'
fruta. Alt. Engá, Angá..
INGARYVA, corr. ingá-yba, a arvore de ingá, a ingazeira. Entre
caipiras, o tempo ingahiva se applica ao individuo irritadic;o e
desconfiado; mas, neste caso, o vocabulo verdadeiro deve ser -
angayba <anga-ayba) que se traduz - a lma ruim, genio mau.
(0 Gunga-muquixa, de Waldomiro Silveira ).
INEMA, s. c. y-nema, a agua apodrecida, fétida. Bahía.

36 - Veja a n ota 228.

-
- 220 -

INHA, corr. y-uha, a agua corrente, a enxurrada ; y-nhá, aquella


que corre. Alt. Unhá, Unháo. Babia.
INllABATAN, corr. ya-poatá, o individuo linheiro, o tronco recto .
Nome de urna arvore que dá mastros para embarca~ oes. Alt.
la.ha.ti, Iaboatá, Jaboatio.
INHACUNDA, corr. y-nhá-cundá, a corrente sinuosa; agua corrente
en1 curva. Rio Grande do Sul.
INllAMBú , corr. y-nha-bú, a que sae com estrondo; ou que surde
com estrepido. V. Inambú.
11'\HAMBUHY, corr. ynhambú-y, o rio das perdizes. 109. V. Inhambú.
INHAI\1BUI. corr. ynhambu-i, a perdiz pequena, a codorniz ou codor-
na. (Crypturus maculosus, 'I'emm.) .
INHA!\IBUPE, corr. ynhambú-pe, nas perdizes. Bahía. V. Inhambú. (37)
INHAMUNS, corr. ynha-mÜ, a perdiz. V. lnhambú. Ceará.
INHANCICA, corr. ynhá-ycica, a resina de esguicho; a resina que
escorre. E ' uma acacia. Minas Geraes.
INHATIUI\l, corr. nhati-ú, o que pica com o ferráo. E' o mosquito
pernilongo (Culex) que zun e a n oite.
INIIAUl\fA, corr. nhae-u, -
- o barro olar. o barro de panella. Rio de
Janeiro.
INllAYBA, corr. y-nhá-yba, a arvore de andar n 'agua, o mastro de
embarca9áo
INHA1."BATA1\l, corr. y-nbi-yba-ati, o mastro direito, ou linheiro.
V. lnhayha.
I.t..~OA, corr. nhu-i, o campo alto. Rio de J a n eir o.

INHOBll\I, corr. nh~-obi, o campo verde. Parahyba do Norte.


INHUAYBA, corr. nhÜ-ayba, o campo rium. Rio de Janeir o.
INHU1\1A, v. Anhuma.
INHUl\IIRIM, corr. nbÜ-mirim1 o campinho. 87. Rio de Janeiro.
INHUl\fUCú, corr. nhÜ-mocú, o campo comprido. Río de Janeiro.
INí, s. a réde de dormir; a maca; o fio. a linha. 120.
INIAOBA, c. ini-aoba, o manto de réde ; capa feíta com trama de
réde de que usavam os chefes selvagens, em días de festa. Nome
e.le um principal do gentio, no seculo :KVI.
INIGUASSú, c. ini-guassú, a rede grande. Nome de um principal dos
Peting¡¡a ra s, a o tempo da conquista , no seculo XVI.
1Nll\1BOIA, corr. y-nimbó, o que é de cuspir ou de salivar. E' a planta
- silva da p'l'aia. (Guilandina, Bonduc) , de cuja entrecasca se

-
tira substancia que faz vomitar a saliva .
- o campo verde. Parahyba do Norte.
lNOBY, corr, nhu-obi,
INTANIIA, corr. yi-ti, a rá forte; allusáo ·ao coaxar do animal que
imita o som do martello na bigoma. E' a ra de chl!re (Cerato-
phrys dorsatus, Neuw.) . Alt. ltanba. Itania.

37 - Ve~li. a nota 237.


- 221-

INUBIA, antigamente, como escreveu Joáo de Lery, yanubifi,


designando uma trombeta usada pelos tupinambás do Rio de
Janelro. O vocabulo tupí se decompóe em ya-nu-biá que se tra-
duz literalmente - o que s.ó a agradavel. Era uma trombeta de
guerra, grossa, comprida e de grande abertura, cuj o som se
ouvia multo lon¡e. (38).
INUC(J, corr. nbú-u9ú, o campo grande. Ceará, Piauhy.
IPAMEIU, corr. y•paÚme-ri, ao entre rios, á mesopotamia. E' o nome
tupi dado i cidade de Entre Rios, em Goyaz.
IPAN~ forma guaraní de ipanema. V. Ipanema.
IPANEMA, cott. y-panema, IJ. agua ruim, imprestavel; o rio sem

..- -..
peixe, ou ruim pa ra a pesca. s. Paulo. Alt. Ipane.
IPAU, corr. y-pa u, a 1lha de rlo. E' forma guaraní .
.
IPAUC(J, corr. y-pau-u9ú, a llha grande. Nome de um chefe e feiti-
ceiro famoso dos Petinguaras, no seculo XVI.
~' corr. y-pé ou yb-pé, a arvore cascuda. (Tecoina lpé).
' IPECA, corr. y-pega, · o caminhante n'agua, o nadador, o pato, o
palmipede. E' abrevia~ao usual do nome da planta vomitiva -
Cephaelis ipecacnanha.
.
Alt. Upeca. .
..
IPECACUANHA, antigamente ipicacnem, que se decompóe em - ypy-
caá-guee, e se traduz - a raiz vomica, pois que ypy-caá é a raiz,
o pé da planta, e gueé é vomitar. Outros, porem, escrevem ipe-
eaconha (ypeca-conha) que vale dizer - o penis do pato, pois
ha semelhanc;a da raíz da planta vomitiva CCephaelis ipeca-
euanba) com a forma do menibro desta ave.
IPECATIAPOA, corr. ypeca-tl apoá, o pato de crista levantada. CAnas
carnnculata, Illig.). V. Ipeca.
IPEC1', corr. ypec-Ü o pato preto. <Aanas \'iduata. Anser.). Com o
mesmo nome se designa o pica-pau, como se ve em Marcgraf.
V. Uaplcú.
....
IPECUTW, corr. ypeca-n-tiri, o pato preto arisco. E' o mesmo
paturi. (Anas braslliensis, Briss.). V. lpeca.
IPEROBA, corr. ypé-roba, a casca amargosa. Alt. Peroba. (Aspidos-
perma). Alt. Iperó.
-¡p-E-R-OIG, corr. ypirú-yg, o rio ou agua do tubario. 109. S. Paulo .
Pode proceder tambem de fperó-yg que se traduz - rio das pero-
. bas. V. Iperoba. (39).

• IPETINGA, corr. ypé-tinga, a casca branca. Rio Gr. do Sul.


IPEúVA, corr. ypé-yba, a arvore de casca, a casquenta. Alt. lpeiba,
Ipeúba, Peúba, Pluva. ·
IPIABA, corr. ypiaua ou ypiau, o que tem a pelle manchada; a sar-
ctinha. Rio de Janeiro. V. Ipiau. Alt. Piaba, Piava. O nome ipiaba
• pode proceder tambem de ypyaua, a fundura, a profundidade .
IPIAU, corr. y-piau, o que tem a pelle manchada; a sardinha. Alt.
Piáu.

38 - VeJa a nota 233.


39 - VeJa ae notaa 185 e JOS.
-222-

IPIABC, corr. y-piahú, o río novo.


IPIOCA, corr. ypyoga, a colheita de raizes; o arrancar da mandioca.
Alt. Pióca. Pode o vocabulo proceder tambem de ybyoca ·(yby-
oca), a casa do cháo, a · caverna. a fuma. Alt. Bioca.
IPIRUAC(J, corr. ypiri-a~ú, o tubarao grande. Era o nome de um
chefe dos Tamoyos. citado por Hans Staden.
IPIRUQUIBA, corr. ypirú-kyba... o piolho do tubaráo. E' o nome do
peixe - rémora - c.o mpanheiro inseparavel dessa féra marinha.
(Echeneis Rémora). Alt. Piruquiba.
IPIRú, corr. y-pe-r-ú, o que devora patos; o tubarao. <Bap. C.).
Pode, porem. proceder o vocabulo de ypir-ú, (y-pir-ú) o que
devora a pelle, o que dilacera.
JPITA, corr. y-pytá, a agua perenne.
IPJUNA, corr. y-piuna, a agua preta.
IPOJUCA, corr. yapó-yuc, o estagnado, podre; o banhado de aguas
putridas. Alt . Pojuca. 115. Pernambuco.
IPOPOCA, corr. y-popoca, a agua que estronda, ou arrebenta com
fragor. Parahyba do Norte.
IPú, c. y-pú, a agua surge ou borbulha; o manancial, o olho d'agua ,
f onte, minadouro. 103. Ceará.
IPUA~ú, corr. ypú-a~ú, a fonte grande; o olho d'agua grande.
IPUCA, corr. y-puca, a agua aberta; a gua que arrebenta.
IPU~ABA, corr. ypu~aba, a mina~ao d'agua ; o charco. Ceará.
JPUtRA, corr. y-poéra, a agua passada, curso d 'agua extincto, bra~o
de rio que já náo corre ; sa cco ou bahia fluvial. 71. O vocabulo
ypoera, como forma do plural de - y , pode significar tambem -
aguas, oú alagados. V. Poéra.
IPUICHIM, corr. y-pui-cyn, a agua tenue e luzidia, o filete d'agua
brilhante. '
IPUPIARA, corr. ypú;piara, o que reside ou jaz na fonte; o que habita
no fundo das aguas. E' o genio das f ontes, animal mysterioso
que· os indios davam como o homem marinho, inimigo dos pes-
cadores, mariscadores -e lavadeiras.
IPUXt, corr. y-puchf, a a gua suja; o rio ruim ou feio. Pode signifi-
car - o que é f eio, ruim.
IRA, corr. é-ir, desprende o doce, doce sae; o mel de abelhas. Ali-
mento multo estimado do gentio do Brasil que lhe attribuia a
virtude da longevidade. Significa t ambero - a abelha. (40).
JRACEMA, s. c. yra-cema, a saida das abelhas, o enxame. Pode tra-
duzir-se - asa.ida ou fluxo do mel. Como nome de mulher, vale
por meliflua, dulce, razáo por que José de Alencar o traduziu
livremente - labios de mel, para qualificar a heroína do seu
romance. <41 ).
IR.Al:, c. ira-e, o que sabe a mel. Como nome de mulher, vale por
dul~urosa.
IRABY, corr. ira-y, a agua ou rio do mel. Bahia.

I
40 - VeJa a nota 27.
41 - ldem, lbldem ..
-223-

IRA.JA, corr. ira-Já, capaz de mel, a mele1ra. Rlo de Janelro.


IBAJAIU, corr. lrayá-e, propenso aos cortl~, ou á.s casa.s de abe-
lhas. Bahta.
IBAJABY, corr. trayá-y, o r1o da meletra ou do cortl~o. Bahta.
IBAJUB.&, corr. tra-yuba, o mel . ruivo. Bah!a.
IBAMAIA, c. ira-maia, a máe do mel, a abelha mestra.
• IRAPIRANGA, c. ·1ra-piranga, o mel vermelho.
mAPUA, corr. lra-apoá, o mel levantado, ou abelhetra erguida, assen-
tada no alto. (42).
mARA, c. lra;-ra, o que colhe mel, o papa-mel. <Galictls barbara).
IRARA, c. lra-r-á, tira mel. Babia. Designa tambem uma especie de
fornúga de asas brancas, á semelhan4;a do cuplm; neste caso
porem, lrará é altera~áo de arará <ara-rá), nascido da luz ou
do día, pois que sáo f oniligas que surdem á luz do dia, depois
que chove. CBap. Caet.) .
IRARUAMA, c. lrára-uama, o comedouro ou vivetro das lontras ou
iraras. Era o nome antlgo da actual lagóa de Araruama, nas
vizinhan~s de Cabo Frlo. Rio de Janeiro. ·.
IRAUA, s. c. ira-uá, o papa-mel ou tira-mel. Nome de pequeno rio
na Saubara. Babia. ·
IRAYPE, corr. Ira-y-pe, no rio do mel Bahia.
IRECt, corr. y-rece, pela agua, á tona dágua; á merce da corrente.
Nome que propús para um municipio novo, no serta.o da Jacobina,
de referencia á chamada Vereda de Rómáo Gramacho, leito tem-
porario do río do Jacaré, affluente da direlta do S. Francisco,
que banha as terras desse municipio. E' usado como nome de
mulher. Bahia.
IRIETt, corr. y-ri-ete, rio correndo direito, trecho de rio rectillneo,
o estlráo. 104.
IRIRt, corr. rlri, a ostra, o molusco. Alt. LerL
IRIRICWO, corr. y-ryryc, o que escapole, o arisco. E' um lagarto verde,
pequeno, muito llgeiro, que, no Norte do Brasil, se chama Calango.
moY, corr. y-roy, a agua fria. Río Gr. do Sul.
mUQ'ú, corr. lra-u~ú, o mel grande.
mUMOGUABA, c. inuno-guaba, a comida junto, a vida em comum, •
a convivencia, a sociedade, a companhia, o gremio. Alt. Irwno-
guá, Irunamoguá.
IRUMOGUARA, c. iramo-guara, morador junto, o companheiro, o

• socio, o collega. Diz-se tambem Irunamoguara.


IRUPmú, corr. urú-pirú, o que faz vez de gallnha. (Tyrannus Iru-
pirú, Vieill.). ·
-
IRUTIM, corr. eira-tin, ou ira-ti, a abelha branca. Pode tambem,
proceder de urú-ti, a gallinha branca.
IRY, corr. yri, o cacho. Denomina~áo de uma palmetra que dá frutos
em cacho muito conchegados. (Astrocaryum Ayrí, Mart.)., Alt.
Ayri. .

42 ,... VeJa a nota 137.


- 224-

ISANGA, s . c . y-~anca, a agua solta; ou a solta d'agua.


ITA, c. y-tá, o que é duro, a pedra, o penedo, a rocha, o seixo, o metal
em geral, o ferro. 107. Alt. Tá.
ITABAPOAMA, antigamente Cabapoama, c¡ue se decompóe - caba
••
poama, vespas assanhadas ou alevantadas. 107. Espirito Santo.
ITABERABA, c. itá-beraba, a pedra resplandecente, a pedra que
reluz, o crystal. 107. .Minas, S. Paulo, Bahia. Alt. Itaberá. Itaverá,
Tabará, Sabará.

ITABERABAETt, c. itaberaba-eté, o crystal verdadeiro, o diamante.
107. Alt. ltaberabeté.
ITABIRA, c. itá-bira, a pedra levantada ou empinada. Minas
Oeraes. 109.
ITABffiACABA, s. c. itabira·a~aba , a travessia da pedra empinada..
E ' a lasca de pedra erguida e disposta em forma de ponte: a
ponte de pedra natural. Minas Oeraes.
ITABOCA, corr. itá-boca, a pedra furada; o penedo solapado ; a lapa,
a caverna. Alt. Itaoca. Rio de Janeiro.
ITABORAHY, corr. itá-porá-y, a agua ou rio da pedra bonita. Rio
de Janeiro.
ITABUBUI, c. itá-bubui, a pedra que fluctua, o pedra pomes. 107.
ITACA, ytaca, agua ruidosa; o rio ronca~or.
ITACAMBIRA, c. itá-acambira, o forcado de ferro ; o compasso, a
tenaz.
JTACARANHA, corr. itá-earáe, ou itá-caranha, a pedra arranhada
ou escalavrada, como acontece aos schistos argilosos batidos pelas
aguas do mar. Bahia.
ITACERANGABA, corr. itá-ac~-rangaba, a figura da gente de pedra;
a imagem de metal ; a estatua. Alt. ltacerangá.
ITACBAMA, c. itá-cbama, a cadeia de ferro, a ·corrente, a corda
metalica. 107. Alt. ltachan. <43 ).
ITACOC~ , c. ltá-a~océ, sobre pedras; em cima de pedras; sobre
metaes. Alt. Itassuce.
ITACUATIARA, c. itá-cuattara, a pedra pintada, a pedra escrípta ; a
inscrtp~ao em pedra. 107. Alt. Itaquatiá. .
ITACUTUMt, corr. itá-curumi, o menino de pedra; allusáo ao facto
de ser o pico, que tem este nome, fórmado por um grande penedo
com outro menor ao lado, á guisa de filho. Minas Géraes.
ITACURUBA, c. itá-curuba, o fragmento de pedra, o matacáo, o seixo, • .
o cascalbo. 107. Alt. ltacurú, Tacuruba, Tacuruva.

ITACURUBt, c. itaburub-1, o seixo pequeno, o pedregulho. Alt. Ita,;,
curuvi, Tacuruvi.
ITACURUCA, c . itá-curu~á, a cruz de pedra, ou de ferro. V. Curu~á. 11
107. Rio de Janeiro.
ITACYRA, s ., a erutada. 123.
ITAEM, c. itá-em, a pedra-hume. 107.

43 - Veja u notu 162 e 170.


-225-

ITAETÉ, c. itá-ete, a pedra durissima, o ferro; o ac;o. 107. Bahta.


ITAGIBA, corr. ttá-yibá, o brac;o de ferro. Nome de um chete dos
Tabayaras. no seculo XVI, citado pelos chronlstas da epoca pela
forma - Itagiba, mas com a traducc;áo acima dada, a qual, a ser
verdadeira, deveria corresponder a Itagibá. V. ltahiba.
JTAGUABA, c. itá-guaba. a comida de pedra, 1sto é, o barreiro sali-
troso que os animaes come'll; o barreiro, como vulgarmente se
chama. Alt. Itaguá, Taguá, Tauá; Itaguava, Tabá.
ITAGUAHY, antigamente, Taguaby, c. ltaguá-y, o rio dos barreiros,
ou dos tauás. V. Itagnaba. Rio de Janeiro.
ITAGUA, V. ltaguaba.
ITAGUmA, corr. itá-guir, por babeo de· pedras. Matto Grosso.
ITAlllBA, corr. itá-yba, a arvore de ferro; o pau ferro. Alt. Itagiba,
Itauba, Itauva.
ITAHIM, corr. itá-im, a pedra pequena, a pedrinha; a conchinha.
ITABYPE, corr. itá-y-pe, no rio das pedras. Bahía.
ITAIERt, c. itá-iere, a ·pedra que gira, a mó.
ITAIGARA. corr. itá-y~a.ra , o barco de ferro: o navio feito de ferro.
Confunde-se com itayguara (itá-:vquara), oue quer dizer - o
po<;o das pedras, como se ve na Pituba. Bahía.
ITAl1\1Bt. c. itá-aimbé, a pedra afiada, o penedo ponteagudo. 82.
Alt. Itambé. (44) . ·
ITAIPAVA, corr. ita1--paba, a estancia ou pouso do pedregulho: o
h~nco de sP.ixos 0 1J dP cascalbos. form ando travessáo no leif.()
d 0~ rio.!'. S . Paulo. R!o, Minas Geraes. Paraná, Rio Grande do Sul.
104. 107. V. Itahim.
ITAIPú. corr. itá-ynú, a fonte das pedras; o manancial saido da
pedra ou do rochedo. S. Paulo.
ITA.l AHV, ~orr. itayá-y, rio pedregoso. com o leito cheio de pedras.
Santa Catharina.
ITA.TUBA, corr. it?.-vuba, a pedra amarella, o metal amarello, o ouro.
107. Alt. ltayú, Itajub.
ITAJTJBA, corr. itayub-á, a extrac~áo de ouro, a minera~áo aurífera.
a mina. Minas Geraes. V. Itajuba.
ITA.JUHY, corr. itáyú-y, o rio do ouro. Bahia.
ITAJYCA, s. , o estanho. 107.
ITAK"t.RA. itá-kéra, a pedra jazente; a jazida de pedras, a pedreira;
•• o lageado. 57, 107. S. Paulo.
ITAKY, o escripto commummente Itaquy; c. itá-ky, a pedra aguc;ada;
a pedra de amolar. 109. Río Grande do Sul, Paraguay.
ITAMANDUABA, corr. itá-maenduaba, o monumento de pedra ou de
metal; a estatua.
ITAMARACA, c. itá-maracá, o chocalho de metal; o sino, o guizo. 107.
Pernambuco. (45).

+t - VeJa a nota 144.


~ - . Idem, 169.
_;_.; 226 -

ITAMAB.ANDmz., corr. itá-mará-dJba, o local de pedras desordena-


das - o pedrou~. E' o nome primitivo da 1lha de S. Amaro, situa-
da por detrás da ilha de Itaparica. Babia.
IT.&MABATY, corr. itá-mará-ty, a torrente por entre pedras soltaa.
Pode proceder tambem de itá-morot.l, as pedras alvisstmas. Rio
de Janeiro.

ITAMBt, V. ltaimbé. Rlo Grande do Sul, Minas Geraes.
ITAMB(J, c. ttá-ambú, a pedra sonora.
~AMBY, c. ttá-mbí, a pedra al~ada, o penedo ·e m pé. Rlo de Janelro.

ITAMEMBECA, c. ltá-membeca, a pedra mole. E' como os indios
chamavam a esponja. O chumbo, o metal mole.
ITAMETARA, c. itá-metára, o ornato de pedra ou de metal, o bato-
que de pedra, ou pedra de be1~o .
ITAMLTú, corr. ttá-uii-yú, a pedra miuda amarella. E' o topa.sio tio
frequente na regii.o de Minas Novas . Nome de um rio da me.~ma
regiáo. Minas Geraes .
ITAMIRANGABA, corr. itá·myra.. rangaba, a figura de gente de metal
ou pedra, a estatua .
ITAMIBDI, c. itá-mirim, pedras pequenas, pedrinbas; pedregulho,
selxo rolado .
ITAMDUNDmA, c. itamirin-dyba, o sitio das pedrlnhas, o seixal, a
cascalheira . 107. Minas Geraes.
ITAMOABO, c. itá-moabo, a pedra eminente, ou levantada, a penha .
Ponta meridional, em forma de promontorio, da llha da Maré,
na Bahia de Todos os Santos .
ITAMOB.ENDENGUE, corr. itá-mori-d-enga, pedras soltas esparsas .
Rio Grande do Sul . .
ITAMOTINGA, c. itá·mottinga, a pedra esbranqul~ada, ou feita
branca.
ITAN, corr. ytá, a concha grande, lacustre (Mytllus) . Alt . lnti.
ft'ANEMA, c. ttá-nema, o metal fétido, o cobre. o azinavre.
ITANGUA, c. yti-guá, a balxa das conchas ou ltans. Minas Oeraes.
V. ltan .
ITANllAEM, c. itá-nhae, a bacia de pedra; vaso de metal, a pa-
nella de ferro . 120. S. Paulo.
ITANBENGA, cor. ltá-nheenga, a pedra sonante, ou que tem echo.
Rlo de Janelro.
ITAOBDI, c. itá-obi, a pedra verde, a -esmeralda. 107.
JTAOCA, c. itá-eca, a casa de pedra, a caverna, fuma ou lapa. 100,
112 . R1o de Janeiro.
JTAOCAIA, corr. itá-ocái, o recinto de pedra; o muro de cerca. Rio
de Janeiro. Pode ta.mbem significar - a queima de pedras, a t .
caielra .
ITAOCABA, c. itá-oeara, terre1ro ou pra~a empedrada. 112. Rio de
Janeiro .
·n APAOOBOYA, corr. iiapé-eoroi, a lage que emerge; rochedo que
sobresai . s. Catbarina.

... .
-227-

ITAPAGIPE, corr. itapé-u-pe, no rio da lage; non1e de principio


applicado ao riacho que, proximo do engenho da Concei~áo. se
despenha do penedio, na encosta da montanha, e vae ter ao mar,
ao norte da cidade do Salvador. E' o riacho que, em out'ora, se
chamava de Itapagipe de cima . V. Itapé .
ITAPANHUNACANGA, V. Tapanhunacanga .
ITAPARt, c. itá-pari, a tapagem de pedras; a cerca ou fecho de
pedra~; allusao á corda de recifes que, á distancia, mar dentro,
se estende em linha, fechando o accesso da costa . Alt. Itaparica.
ITAPARICA, corr. itá-pa.rí, a tapagem de peilra, ou cerca feita de
pedras. Nome que tem a ilha maior das que ficam dentro da
Bahía de Todos os Santos; assim se chama - itáparica ou ita-
pari - en1 allusáo á corda de recifes que lhe protege a costa
oceanica, "urna legua de bancos de pedra, onde o mar anda o
mais tempo em flor", como se le no Rotelro do Brasil. Bahía.
ITAPt, c. itá-apé, o caminho de pedra, ou a cal~ada, V. Itape.b a .
Pode alnda proceder o vocabulo de y-t-apé que signüica - o
caminho dentro d 'agua, o váu, o passo .
ITAPEA<;Jú, c. itá-apé-a~ú , o caminho grande de pedra, a estrada
cal~ada . Pode proceder tambem de itapé-a~ú , e significar -
lagedo grande . V. ltapeba .
. ITAPEBA, c. itá-peba, a pedra rasteira, a lage, o penedio . Alt. Ita-
peva, Itapé .
ITAPEBO«;ú, c. itapeb-u~ú, a lage grande ; o lageado. Nome da pri-
meira povoa~áo fundada por D. Francisco de Sousa, ao pé do
Morro de Ara~oyaba , em 1600. S . Paulo .
ITAPEBY, c. itapcb-y, o rio da lage . Rio Gr. do Sul.
ITAPECHINGA, c. itá-pechinga, a penha lisa . S. Paulo.
ITAPECERICA; c. itapé-cerica, a lage escorregadia, ou a penha lisa.
Nome dado pelo gentio ao monte rochoso, nú de qualquer vege-
ta~áo pelas encostas . S. Paulo, Minas Oeraes. 107. V. Itapeba. (46) .

JTAPECUM, c. itá-apecum, a lingua de pcdra . S . Catharina .


V. Apecum .
ITAPECURú, c. itapé-curú, a lage formada de cascalhos ou seixos;
a lage aspera. cheia de caro~os ou protuberancias; o conglo-
mer~do . Alt. Itapicurú, Tapecurú. Bahia, Maranhao .

ITAPEMA, c. itá-pema, ou iti-pemba, a pedra esquinada, ou angu-

' lada, á semelhan~a de parede . Bahía, S. Paulo.


ITAPEMIRIM, c. itapé-mirim, a Jage pequena, a laginha . Espirito
Santo, Babia . V. It.apeba .
ITAPEPUCú, c. itapé-pucú, a lage comprida; o lageado extenso .
ITAPETINGA, c. itapé-tinga, a lage branca, a cha de pedra branca.
S. Paulo.

ff -Veja a nota 172.

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai


www.etnolinguistica.org
- 228-

ITAPETININGA, c. itápé-tininga. a lage enxuta . Pode tambem o


nome proceder de y-t-apé-tininga, que vale dizer - o caminho
d'agua ou o vau secco, o passo razo . All~áo á passagem do cor-
rego que vizinha a cidade deste nome, do lado do Sul . S. Paulo .
ITAPEUNA, c. itápé-una, a lage negra; o lageado escuro . '
ITAPEVA, V. ltapeba.
ITAPICURú, V. Itapecurú .
ITAPJMIRIM, V. ltapemirim .
ITAPIRA. corr. itá-apira, a pedra empinada; a penha. V. lta-bira.
S . Paulo .
ITAPIRú, corr. itá-apirú, pedras sobrepostas; ou pedras delgadas,
pouco espessas ; pedra estratificada.
ITAPITANGA, c. itá-p!tanga, a pedra vermelha ou parda. Alt. lta-
p~ti . Bahía . ·
ITAPITOCAI, corr. itapy-tocái, o curral de pedra, o recinto murado.
Rio Grande do Sul .
JTAPIV A, corr. itá-pibo, a pedra em pé . Minas Geraes .
ITAPOPú, s. c. itá-popú, a ped ra sonora .
ITAPORA, c. itá-por, o que tem pedra . o pedregoso . Río de Janelro . ....
JTAPORANGA, c. itá-poran~a. a pedra bonita . 107 . Itapori, Itabori .
ITAPOROROCA, c. itá-pororoca. a pedra estrondante. ou que arre-
benta com ruido. Confunde-se commummente com capororoca
(C'::tá -porcroca), que qucr dizer - pau que estala. Babia .
TTAPUA. c. it?.-apuá. a pedra redonda, o bloco de pedra . Pode pro-
ceder tambem de it:l-poá, a pedra erguida, o penedo levantado.
107. Babia. ( 47 ) '
ITAPúA, c. ítá-púa, a pedra sonora, o metal sonante; o sino.
Paraguay .
JTAPlJCú, c. ttá-pucú. a pedra comprida, a penha longa; a barra
de ferro. 107 .
ITAPURA. corr. itá-bura. a pedra que emerge, que aflora; a pedra
levantada .
ITAPUY, corr. itá-po-i. a pedra delgada, ou em folhetas; o schisto,
o folheto .
ITAQUA, corr. itá-quá, a ponta de pedra, o dedo de pedra, o pico .
ITAQUAQIDCETUBA, antigamente Taquaquicetuba, corr. taquaqui-
cétyba, o sitio das taquaras da variedade taquaquicé . 107. S.
Paulo. V. Taquaquicé .

JTAQU2RA, corr. ita-cuéra, as pedras; penbascos . 25. No guaran!,
itá-cué. (48)
ITAQUt, V. Itaky.
ITAQUICt, c. itá-quicé, ou itá-kicé, a faca de pedra ou de metal. 123.
'
I
47 - Veja u notas 132, 150, 157 e 172.
48 - Idem, 9, 54 e 172.
229

ITABACA, corr. y-taraca, a agua furta-cór; o que é cambiante, vari-


ando de cores. Babia.
ITARAM, c. itá-rare, a pedra solapada; o conducto subterraneo;
sumidouro; tubo, cano, galerla. 107. S. Paulo. (49).
ITARER(J, s. c. itá-rerú, a vasilh~ de pedra, e tambem a vasilha de
ferro ou caldelráo.
ITATIAIA, corr. itá-tiai, o penhasco cheio de pontas; a crista eri~ada.
• E' o culminante do systema orographico brasileiro, na $erra da
Mantiqueira. S . Paulo, Minas Oeraes.
ITATIBA, corr. itá-tyba, o sitio das pedras, o pedregal. S . Paulo.
ITATmERABA, c. itá-tl·beraba, a ponta de pedra reluzente, o
cryst al. 107.
ITATICU:f, c. itá-ti-cuí, o pó da pedra branca; a cal.
ITATICUITIBA, corr. itati-cuí-tyba, o sitio da cal, a caieira.
ITATIM, corr. itá-ti, a ponta ou nariz de pedra, o pico. 82. Como
contraccao de itá-tinga, quer dizer: peara branca, marmore; a
prata ou m etal branco. 107. Alt. Itati.
ITATINGA, c. itá-tinga, a pedra branca; o metal branco ; o marmore,
o gesso, a cal. 107.
ITATINGUY, corr. itating-y, o rio da pedra branca; o rio da prata.
V. ltatínga. Babia.
ITATY, c. itá-ty, o liquido manado de pedia; o manancial das pedras.
ITATYRA, c. itá-tyra, o conducto de pedra ; o cano ele ferro ou de
metal.
ITATYRABA, s. a canaliza~ao de ferro. V. ltatyra.
ITAú, corr. ita-Ü, a pedra preta; o ferro. Nome de uro chefe tupinam-
bá citado p or Hans Staden. Pode ser ainda itá-ú, que significa -
o manja ferro. ·
ITAúBA, V. ltahiba.
· ITAUNA, c. itá-una, a p edra preta ; o ferro, o minereo. 107. Rio de
Janeiro.
ITAYÁ, c. itá-yá, capaz de pedras, o pedregoso.
ITAYUBA, c. itá-yuba, a pedra ou metal amarello; o ouro. 107. Alt.
Itayú, Itayub, Itayuva.
ITAYUBARANA, c. itá-yuba-rana, a pedra amarella falsa; o ouro
falso; o cobre. 107.
ITERONE, ou iteronne, graphia do nome de Nitheroy, segundo H .

' Staden ; corr: y-teró, a agua em seio, ou em concavo, ancora-


douro, enseada. Río de Janeiro.
ITINGA, corr. y-tinga, a agua branca; o rio branco. Alt. Utinga,
.. Otinga .
ITINGUA~ú, corr. y-ting-ua~ú, a agua grande, o río branco grande.
Alt. Utingua~ú. Rio de Janeiro.
ITIQUEIRA, corr. yty-cuéra, as vertentes; mananciaes.

~ .- Idem 171.
- 230-

ITIQUIRA, eorr. y-tykyra, a agua vertente, o minadouro.


ITIUBA, V. Tiuba.
ITOBY, corr. y-t-oby, a ag~a verde; o rio verde. S . Paulo.
ITOROQUEl\l, corr. y-toró-quem, a agua jorra barulhenta ; o jorro
ruidoso. Rio Grande do Sul.

ITú, corr. y-tú, a queda d'água ; o salto, a cachoeira. 104. s . Paulo.
Alt. Outú, Uitú.
ITliA~ú, corr. ytú-a~ú,
o salto grande. Bahia.
ITUPARARANGA, corr. ytú-pararanga, o salto estrondante; o ronco
do salto. S. Paulo.
ITUPEVA, corr. yíú-peba, a queda d 'águ rasteira; a cachoeira babca;
a corredeira. 104. S. Paulo. V. ltú.
ITUPJ.Rú, con·. yt.ú-pirú, a queda d'agua secca, ou enfraquecida. s.
Paulo.
1""'....
Tú"""PO..-.-RANGA, c·o rr. ytú-poranga, o salto bonito.
lTUPU~, corr. ytú-po1, a queda d 'agua fina, ou em filetes.
ITUTll\GA, corr. ytú-tinga, o salto branco; o quéda d'agua alva. S.
Paulo.
ITUZAINGO, verdadeiramente Ituzaiugó, corr. ytú-~aingú, o salto
dependuraclo, ou a prumo. Rio Grande do Sul.
- - ·· - l
ITYRA, s., o mesmo que atyra, eleva~ao; o cabe~o, o cumulo, o
monte 79.
ITYRAPINA, c. ityra-apina, o morro pellado, o monte calvo. s. Paulo.
IVAHY, corr. ybá-y, o rio das frutas. Pode proceder tambero de yba-y.
que signüica - o río das flexas. Paraná.
IVAlCA, corr. ybá-yg, a agua de frutas, o vinho. Rio Grande do Sul.
IVINHEII\IA: nao parece do tupí; mas, se o fór, pode ser interpre-
tado como procedente de yby-eyma, que exprime sem terra ou sem
margens, allusao as cheias dorio desse nome que o transformam
em um grande alagado, sem margens distintas. Matto Grosso.

J
JABA, corr. yabá, v., fugir, esconder-se; s. o fujáo. No tupí costeiro -
ja.báu.
JABAQUARA, corr. yabá-quara, o refugio ou esconderijo de fujóes,
vulgo - quilombo. 120. S . Paulo.
JABEBIRA, corr. ya-pé-byra, o que tem a pelle aspera, ou pelle de
ruca. E' o nome tupi das raías e peixes _chatos. Alt. Jabebura.
JABOATAO, V. Inhabatan.
JABORANDY, corr. ya-mbo-r-endí, aquelle que faz salivar. E' a
planta medicinal - Pilocarpus senatifolius. Alt. Jaborandiba,
Jebarandí, Jaburandy e até Joáo Brandí.
- 231-

JABOTICABA, corr. yahutí-caba, a gordura do kagado. O vocabulo,


porem, é dos que admittem diversas interpretac;óes. Considerado
como corrupc;ao de yabutí-guaba, quer dizer - comida de kagado;
se,· porém, como opina Baptista Caetano, for composto de yambo-
ticada, significa - fruto em bota.o, ou abotoamento de frutos .
(Eurenia caulülora). ·
JABURú, corr. ya-abirú, o individuo repleto ou de papo cheio. (Mycte-
• ria a~ericana).
JABUT1, corr. ya-u-ti, aquelle que náo bebe; o kagado, que os indios
tinham como 1nsensivel á sede, "criando-se pelos pés das arvores
sem ir á agua". (Testudo tabulata). O vocabulo admite outra
interpretac;ao, como composto de y-abú-tí, traduzindo-se - o
que nada respira, ou tem folego tenaz. O jabuti é, no folk.• lore
indigena, o symbolo da astl,lcia alliada á perseveranc;a. Manha e
paciencia é o que o indio ve no j.abuti; sáo ellas tambem as duas
virtudes fundamentaes do selvagem.
JACA, corr. ayacá, o cesto, tecido de taquaras e de forma cylindrica.
JAC.Al\lIM, corr. ya-aca-mú, o individuo que move a cabec;a; a mesu-
reira. Bap. C. (Psophia crepitans).
JACANHYOBY, ·corr. yacá-y-oby, a nascente verde. Rio Gr. do Sul.
JACAPA, corr. ya-cá-pá, aquelle que tem peito sonóro. E' a ave canóra.
Tanagra Jacapá. L.
JACAPú, corr. ya-cá-pú, aquelle que t en1 peito ruidoso; o rumoroso.
<Tanagra loricata, Licts.). Ave canóra do Brasil.
JACARAC.ANGA, corr. yacaré-acanga, a cabet;a do jacaré. Pode ser,
ainda, yacaré-canga, a caveira ou ossada do jacaré. Bahia.
JACARACICA, corr. yacaré-ycica, a baba do jacaré. Nome de urna
lagóa em Sergipe .
.
JACARACY, corr. yá-caracy, a vertente ou manancial curto, como
sóe acontecer nas cabeceiras. Bahia.
JAcARANDA, corr. y-acá-ranta, o de amago ou cerne rijo. E' arvore
de madeira negra preciosa, incorruptivel, f olhagem pennada, e
de flores amarellas. <Machaerium sp,), da familia das Legumi-
nosas.
JACARANDA-PIRANGA, corr. y-acá-ratá-piranga, o de amago ou
cerne rijo e vermelho. E' o jacarandá roxo. (Machaerium firmum,
Benth.) . Rio de Janeiro.

' JACARANDA-TA, corr. y-aca-rar.tá-tá, o de amago muito rijo, a


madeira durissima (l\lachaerium soleroxylon, Fr. All.). E' o cha-
mado - pau-ferro. ~finas Geraes, Barna.
JACARANDA-UNA, corr. y-acá-ranti-una, o de amago rijo e preto.
E' a Cabiuna, ou Palisandre. (Dalbergia nigra, Allem.). Babia.
JACARAPINIMA, corr. yacaré-pinima, o lagarto manchado. Bot.
Bras., c 114.
JACARt, corr. ya-caré, aquelle que é torto, ou sinuoso. Pode ser,
ainda, .1-echá-caré, aquelle que olha de banda. <Crocodilus
sclerops).
- 232 -

JACABEGUAVA, corr. yacaré-guaba. a comida dos jacarés; o bebe-


douro ou viveiro de jacarés. S . Paulo.
JACAREHY, corr. yacaré-y, o rio do jacaré. S. Paulo. 109.
JACAREPAGUA, corr. yacaré-ypá-guá, a babea da lagóa dos jacarés.
I'
84, 129. Rio de Janeiro.
JACAREPIPIRA, corr. yaeare-pipira, o jacaré esfolado ou descascado.
Lacerda e Almeida interpretou - a pestana do jacaré.
JACARÉPUA, corr. yacaré-puá, o jacaré assanhado; nome de uma

lagóa do Rlo de Janeiro.
JACARINI, corr. ya-cá-r-iní, o individuo de peito firme. Ave canora.
<Tangra Jacarini).
JACATINGA, corr. ya-cá-tinga, o individuo de peito branco. Marc.
JACATIKAO, corr. ya-cati-ró, o individuo que cheira forte, ou dema-
siado. Arvore que dá para caibros. <Lasiandra). Rio de Janeiro,
Espirito Santo, Babia.
JACAUNA, corr. ya-cá-una, o individuo de peito negro. Pode ser ain-
da - ya-aci-una, aquelle que tem a cabe~a preta. Nome de um
chefe selvagem do tempo da conquista do Nordeste Brasileiro,
no seculo XVI.
JAQANA, corr. ya-~á-ni, o individuo que grita alto ; o gritador. E' a
ave aquatica. <Parra ja~ani).
JACANABU, corr. y~ani-y, o rio das ja~nás; pode ser tambem -
Ja~aná-ú, a ja~na come; onde vive a ja~ana. E ' uma lagóa no
Ceará.
JAQf;, corr. ya-c-é, o fruto doce ; a melancia. <Cucurbita citrunus, L.).
JACER-O, corr. yace-yrú, o que contem melancias. Bahia.
JACEGUA, corr. yace-guá, a baixa das melancias.
JACEGUAY, c. yacé-guá-y, o río da babea das melancias. Pode :ser
ainda yacé-guái, a cabe~a edule, a melancia.
JACIGUA, corr. yacy-guá, o globo da lua, a lua chela.
JACINA, corr. yacina, a libéllula, tambem chamada Cavallo do cio.
<Aeschnídae).
JACIRENDY, corr. yacy-rendy, a luz da lua, o luar.
JACOBINA, antigamente - yacuabinas, corr. ya-cua-apina, o que
tem cascalbo limpo, isto é, jazidas de cascalho descoberto. E' o
nome do sertáo aurífero da Bahia.
JACú, corr. yacú, adj., esperto, cuidadoso, desconfiado, cauteloso. E'
o nome da a ve Penelope. Batista Caetano decompóe o vocabulo
em y-a-cú e o traduz - o que come graos.
JACUACANGA, corr. yacú-acanga, a cabe~a de jacú. Pode ser ainda
yaguá-canga, a caveira ou ossada da on~a. E' urna planta borrag1-
nea. (Tiaridium indicum). Río de Janeiro. f.
JACUBI', corr. yacú-y, o rio dos jacús. Pode tambem proceder de
y-acui, o rio enxuto; o rio temporario. Rio Grande do Sul, Bahla.
JACUNDA, corr. ya-cundá, o individuo retorcido ou tra·vado. E' um
peixe fluvial, vagaroso, que se deixa apanhar á mao. Batrachops).
JACUNt, corr. yacú-né, o jacú fétido ou catinguento.
-233-

JACUPEMA, c. yacú-pema, o jacú miudo, inferior. (Penelope aaper-


clliaris). Alt. Jacupemba, Jacupeba.

• JACUBICY, corr. yacuri-cica, a resina do Jacuré ou 111&curi. Babia.


JACURUNA, corr. yacú-r-una, o pacú preto. Bahia.
JACURUTú, s. voz onomatopaica, denominando uma coruja grande.
(Strix). Alt. Nhacurutú.
• JACURUTUOCA, corr. yacurutú-oca, a residencia ou paradeiro dos
jacurutús. Rio de Janeiro, Ceará.
JACUTINGA, corr. yacú-tinga, o jacú branco. (i'enelope leucoptera).
Neme de uma rocha friavel, argillosa, servindo de jazlda ao ouro,
entre a r bch a de itabirito. 107. 109.
JACUTYBA, corr. yacú-tyba, o sitio dos jacús, onde se encontram
essas a ves em abundancia.
JACY, corr. ya-cy, a máe dos frutos, a lua; o mes lunar; o ornato
feito de um pedac;o de conha branca e telhado em forma de
crescente. 120.
JACUYPE, corr. yacú-y-pe, no rio dos jacús. Pode proceder, &inda,
de y-acui-pe, no rio secco ou no rio temporario. Bahia.
JAEMBt, corr. nhaé-bé, o prato razo; .ª panella raza; o alguidar.
JAGUA, forma contracta e alterada de yaguara. Entre os guaranis,
era o nome que davam ao corneta, como· se este astro errante
fosse urna féra entre as estrellas. V. Jaguara.
JAGUABEBi, corr. yaguá-bebe, as estrellas cadentes, os aerollthos.
V. Ja¡-uá. · ·
JAGUACAMBÉ, corr. yaguá-acá-bé, o cachorro de cabec;a chata. E'
o mesmo guaxinim. <Procyon cancrivorus).
JAGUAJIRA, corr. yaguá-cira (pronunciado yaguá-chlra), a onc;a
pungente, ou de f erráo, o escorpiáo, equiparando o indio o escor-
piáo a uma fera, entre os insectos. (49a).
JAGUAMIMBABA, corr. yaguá-mimbaba, a onc;a de cria~, o cio
manso, o cachorro. (Canis fidelis) . S . Paulo. 109, 124.
JAGUAMITANGA, corr. yaguá-mttanga, a onc;a pequena; o cachorro
do matto. <Canis vetulus, Lund).
JAGUANAMBt, corr. yaguá-namby, a orelha de onc;a. Ceará.
JAGUANAO, corr. yaguá-ná, parente de on~a. parecido com ella.
Rio de Janeiro. ·
JAGUANÉ, corr. yagua-né, a catinga da onc;a; a onc;a fétida.
JAGUAPEBA, corr. yaguá-peba, o cáo miudo, ou inferior. Alt. Jarua-
peva.
JAGUAQUARA, corr. yapá-quara, a cova da onc;a. Bahia. Alt.
Jaguacoara.
t JAGUAR, corr. ya-guara, aquelle que devora ou dilacera, o devorador.
109. Forma primitiva no tupí: yauara. No guaraní - yauá. 109.
Alt. Jaguá, Jaguara. C49b ).

48a - VeJ& u nota.a 13 e 162.


49bº - Ba endente afolteza nee1a atlrma~iio .
- 234 -

JAGUAR&, corr. yapá-rá, tirado da on9a, a ficc;áo de onc;a. E' o nome


de um f olguedo, que se f azia, entre os catechumenos, com o dis-
f arce de uma onca, envol ta em palhas ou folbas seccas. Pode aer
tambem de Jaguar-á, a onc;a erguida, ou de pé. Bahia.
JAGUAR.ABA, corr. 1aruar-aba, o pello de onc;a. Rio de Janeiro.
JAGUARABYVA, corr. yap.ar-aíba, o cachorro ruim; o cáo medroso.

109. s. Paulo.
JAGUARAO, corr. yaruar-áá, a onc;a pequena, a onc;azinha. Pode ser
derivado de 1aguá-nhar0 e entio significa - o cáo bravo, a on~a
feroz. Rio Grande do Sul.
JAGUARAPOABA. s. c. yaguara-poaba, o rugido da on~a. Ceará.
JAGUARAPIPO, corr. yaguara-pipo, a onc;a em pé. Rio de Janeiro.
JAGUARAPY, s. c. yguara-py, os pés da onc;a, ou o rasto da on<;a .
Nome de um riacho no Ceará..
JAGVARAUNA, corr. yaguara-una, a onc;a preta, o tigre.
JAGUAR.ET~, corr. yaguar-ete, a on~ verdadeira. <Felis on~a). 109.
Alt. Japarlte.
.JAGUAR!., corr. ya~r-e, dado a onc;as; onde ellas se acoutam .
S. Paulo.
JAGUARIBARA, corr. y~ry-uara, os moradores do rio da onc;a, ou
habitantes do Jaguary. Nome de uma tribu selvagem das m.argens
do Jaguaripe. Ceará. V. Japa.ry.
JAGUARmE, corr. yaguar-y-be, no rto da onc;a. Ceará. 75.
JAGUARICATú, corr. yapary-catú, o yaguary bom; o que tem agua
perenne. V. Jaruaey.
JAGUARIPE, o mesmo que jaguaribe. V. Jaguaribe. Bahia.
JAGUARY, corr. yaguar-y, o rlo da on~a. 75, 109.
JAGUAYARA, corr. yaguá-yara, o senhor da on<;a, o ca~ador de on<;as.
JAGUARITIRA, s. c. yaguar-ytira, o morro da on~a.
JAGUATIRICA, corr. yaguá-ttrica, a on~a timida, fujona. <Fells
mitis).
JAGUARURANA, corr. yagua-ü-rana, o semelhante á on~a preta; o
que parece com um tigre. Nome de uma tribu selvagem do Ceará.
JAB6, voz onomatopaica da ave Zabele <Crypturus noctivaps).
JABYBA, corr. y-ayba, a agua ruim; o rio mau; aquelle que náo
presta.
JAIBARAS, corr. ya-aí-uara, o que é comedor de preguicas <ai).
Indios do Ceará .
.JALAPA. corr. yá-rápa, aquelle que solta, o solvente, o resoluto. E' a con-
volvulacea (Plptostegia Pisonis) de S. Paulo tambem chamada -
batata de purga em Minas, e purga de Amaro Leite em Goyaz. ,.
JAMACARú, corr. ya-má-carú, aquelle que é fetxe de espinhos; o
espinhento. CCereus). Alt. Jaramacarú, Jamandacarú, Mandacarú.
JilWNDA, corr. ya-mundá, aquelle que furta; gente ladra; povo de
la.dr0es. Pará. Alt. Nhamundá.
JANAt'IBA, corr. JaDdí-yba, a arvore ou pau d'oleo; a planta do Tileo
ou do grude. Alt. Janayba, Jandlba.
- 235 -

JANDAJA, corr. nband-ái, correndo sempre ; o andejo, o errante. E'


um papagaio pequeno de tabe~a. peito e encontros amarellos .

• Psittacus surdas). Em Minas Geraes - Nhandaia.


JANDAtRA, corr. yandí-eíra, a abelha de mel, a melifera. Alt. Jandira.
JANDIRA, V • .Jandaíra. Nome de· mulher.
JANDIROBA, corr. yandí-rob~, o oleo amargo. <Fenilea trilobata) .
Alt. Nhandíroba.
JANDú, corr. ya-andú, aquelle que pre-sente, ou percebe o minimo
contacto. E' a aranha. (Aranea).
JANGURUQú~ corr. yang-uru~ú, o urn~ú de enxame; abelhas de
enxame. Ceará. ·
JAPARA, corr. ya-apara, o que é curvo ou torto; o arco para
flexas. 116. (50).
JAPARATUBA, corr. yapara-tyba, o sitio dos arcos, onde abundam
arcos. Sergipc.
JAPARAYBA, corr. yapara-yba, o pau d'arco; madeira rija de que os
indios faziam os seus arcos. (Rot. Br.). ·
JAPEAQABA, corr. y-apea~aba, a travessia do rio, a ponte. · Designa
tambem urna palme ira de que se tiram fibras resistentes, conhe-
cidas vulgarmente por pia~aba. V. Pea~aba .
JAPECANGA, corr. ya-apé-canga, aquelle que tem a casca secca .
(Smilax). E' a salsaparrilha do Brasil. Alt. Juapecanga, lnhape-
canga, Japicanga. Jupican ga.
JAPEJú, corr. yapó-yú, o alagado podre, o pantanal. R ío Gr. do Sul.
JAPOAHYBA, corr. yapó-ayba, o p antano ruim, ou perigoso. Rio
Grande do Sul.
..
JAPOCA, corr. y-a-poca. a agua que sóbe arrebent ando; a agua impe-
tuosa, a mareta ou levadia. Parah yba.
JAPOMII\.t, corr. yapó-mi, o brejo pequeno, o brejinho. Pernambuco.
JAPú, corr. ya-pú, aquelle que é r uidoso, o individuo barulhento. A
a ve conhecida <Cassicus) .
JAPUHYBA, corr. yapú-yba, a arvore dos japús. Rio de Janeiro. V.
J apú.
JAPUIUBA, corr. yapú-yuba, o japú amarello. <Cassicus hcemorrhous,
Dand.) . V. Japú.
JAPURú, corr. ya-purú. o devora-frutos ; o bicho das frutas, o verme:
V. Taporú.
JAPURUCHITA, corr. yaporú-cy-ita, o bicho que gera concha ; o cara -
muj o, o caracol. (l\turex).
JAPUTEREBA, corr. yapú-tereba, limpa-culpas, tira-peccados; o que
t absolve ; o pa dre, o missíonario.
JAPY, o mesmo que japú. V. Japú. Pode ser ainda procedente de
y-apy, significando - as cabeceiras, as nascentes. S. Paulo.

M - VeJa a no'ta 21 :.!


- 236 -

JAQUA. coIT. y-aqua~ aquelle (?Ue é proeminente, o culminante. E' a


arvore Lucuma g!gantea, Freire All. Alt. Jaccá..
JAQUmANA, corr. ya-ki-rana, o que é semelhante a piolho Ckl ou
kiha). A cir.arra cujo corpo parecia ao indio um plolho grande.
<Cicada). Alt. Juquirana, Jiquírana.
••
JARAC.~.TJ A , corr. yara-catí-á, o que de exhalar. E' o mamoeiro bra-
silic\1 \ Cárica dodecaphylla,. Yell.).
JiLW\GLii., corr. ya.ra-guá, a ba1.xa do senhor, o valle do dono. Pode
ser corr upc;áo ce yara-quá, que significa - o dedo de Deus, a
ponta do Senhor. S. Paulo, Ooyaz, Alagóa~.
JARARACA, corr. ya-ra-raca, aquelle que . colhe ou agarra envene-
nando ; o que tem o bote venenoso. (Lachesis).
JARARACU~ú, c~rr. ya-rarac-u~ú, a jararaca grande. (Lachesls).
JAil .RÉ, corr. ya.rare, o fruto subterraneo; é o mandobi <Arachis, L.).
4

JARATICACA, corr. yara-tic-aga, o que pode arrojar fetido. E } um


aniraal que, perseguido. se defende com arrojar de si um liquido
f ét ido, insupo;:tavel. (.i\lephitis sofíocans). E' o mesmo Cangambá,
uo Nor te do Brasil. Alt. Jaratacaca, Jeratacaca, Jeraticaca.
JAT.\IiY, corr. ya-atá-yba, contracto em ya-ata-y, a arvore de fru to
uuro (yá-atá). E' a arvore Hymenea Cubaril. Alt. Gitahy, Jutahy.
Desígnc. tun1bem uma qualidade de abelha, que toma este nome
pela pred1lec~áo de se aninhar nesta arvore.
JATEúCA, corr. y-atí-uca, o que finca a tromba; o carrapato.
<lxodes). Alt. Jatibuca, Jativuca.
.i!.TOEA, cvrr. yatay-ybá, contracto em yat-ybá, o !ruto do yatahy.
que se chama Mo~a branca <Mosca branca).
JATIUT'COA, corr. yatiú-tyba, o sitio dos carrapatos, a abundan'!ia
delles.Pode ser aiuda procedente de jatiú-tyba, o sitio das batatas,
o batatal. pois que jatiuca é a batata, tambem chamada jatebuca.
JATt, con·. ya-ti, o individuo branca; a branca; casta de abelhas
Alt. Yatybá, Jatubá, Jatobá.
JAú, ou jahú, corr. ya-ú, aquelle que devora; é o grande peixe fluvial
<Platystoma), f·r equente no Rio Tieté, como nos ríos da bacia do
Rio da Prata. S. Paulo, Matto Grosso, Goyaz. E' o mesmo Sorobtm,
do Rio de S. Francisco e outros ríos do Norte.
JAUÁ, contr. yauara. V. Jaguar.
{
JAUR'(), corr. yau-r-ú, os jaús comem, ou onde ha jaús. Matto Orosso.
JA'URY, corr. yaú-ry, o rio dos jaús. V. Jaú.
JAVAIU, corr. ya-aba-é, aquelle que é gente differente, o que é povo
á parte. Goyaz.
JAVARY, corr. yauá-r-y, o rio da on~. Amazonas. ,
JEJUHY, graphia bespanhola de Chechuy,. ou Chuchú-y, o rlo doe
pintasilgos. Republica Argentina, Paraguay.
JENIPAPO, V. Genlpapo.
J'.€RERAHú, corr. yere·raú. o redemo1nho atoa, ou giro appa.rente. E'
o nome de uma lagóa no Ceará..
- 237 -

JER!BATUBA, corr. yaribá-tyba, o sitio dos jiribás; o palmar de


jfrfbás. V. Yiribá. S. Paulo. Alt . .Jirlbatuba, Jarubatuba, Jerivatuba.
JERICOAQUARA, corr. yurucui-quara, o buraco ou refugio das tarta-
rugas. Ceará. V. Jurucuá.
JETICA, s.• yetyca, a batata, o tuberculo. Alt. Jetuca.
JETICUCC, corr. yetyc-u~ú, a batata grande. E' a batata purgativa
<Convolvulus operculatus, Bem).
JJQ!Jt, corr. y-iké-i, aquelle em que se entra <Bat. C.). E' o covo ou
J'l ~ ~sa para apanhar pebte. No Norte do Brasil - jukl. Alt. Jequí,
... kí .
.,u
JUQUIA, corr. 'yikí--yá, o covo aberto, a nassa de boca larga. Alagoas.
· JIQUIR!CÁ, corr. yuqulrl~aba, contracto em yuquiri~á, o logar do
sal, a Bahía.
~alina.
JIQUITAHY. corr. yiqn!táí-y, o rio das jiquitaias, ou formigas uren-
te'>. !'..finas Geraes. V. Yíquitaia.
JIQUITAIA, corr. yiqultái, o que é picante; o molho; a form1ga
urente. (51). ·
JIRmA, corr. yari-ybá, o fruto de cacho. E' a palmeira esbelta, gra-
ciosa da matta virgem. Alt. Jirivá.·
JITAHY, V. Jatahy.
· JIQ1J!É, corr. yikí-é, o cóvo de forma diversa. Entretanto, o vocabulo
pnde ter procedido da altera~áo de Yaquié, palavra da lingua dos
Cn.!!lacans, para exprimir - on~a . cachorro. Bahia.
1IQTTt:TIBA, corr. yikí-t-ybá, o fruto de jiquy, isto é, fruto com a
f ~rma de cóvo. O fn1to do jiquitibá é pequeno e afunilado á seme-
lhan~a de um jiquy. E' a arvore gigante do Brasil. (Couratari
legalis). Alt. Jequitibá.
JIQUITINHONHA, corr. yi!d-tynhonhe, o cóvo mergulhado, ou assen-
tado n'agua. Mais provavel é ser o vocabulo da lingua dos Boto-
cudos da regiáo banhada por esse rio. Minas Geraes, Bahía.
J UA, corr. a-yú-á, a fruta do espinho. (Zyzyphus J .) .
JUACEl\tA, corr. yu-acema, a saida dos espinhos. Pode vir tambem
de yuá-acema, significando - a salda dos juás, a epoca dessas
frutas. Babia.
JUACóCA, corr. yuá-cóca, a colheita de juás. Parahyba. Alt. Joacóca.
JUARA-~A, corr. yuá-rana, o juá falso, ou semelhante ao juá. Alt.
Jueirana, Juairana.
JT.JAP.Y, c. juá-r-y, o r1o do juá. Nome de um antigo engenho no Río
de Janeiro.
JUATINDYBA, corr. yuatÍ-dyba, o sitio dos juás brancos; o espinhal,
ou espinheiro.
t
..
JUATINGA, corr. yuá:..ttnga, o juá branco; espinhcs. Río de Janeiro .
Alt. Juatl.
JUBA!A, corr. yub-aia, o pouso ou mansáo saudavel. Ceará.

~l -·Veja a nota 221.


'

- 238 -

JUCA. corr. yucá, v. a . matar. Nome de uma madelra rUa de que se


· servia o gent1o para fazer os seus tacapes, ou espadoes, com que
davam morte aos prisioneiros.
JUCANA, s., o la~o para colher as aves. 116.
JUCARA, adj. o espinhoso, ou espinhento. Como sub., yú-~ara, o espi-
nho ligador, ou a agulha. Os esp1nhos da palmeira deste nome

serviam de agulha aos indios. A coeeíra.
JUCOEX, como escreveu Antonio Knivet. nas suas Peregrina~óes pelo
Brasil, no século XVI, a denominar o Cabo Frio, é erro de graphia
do verdadeiro nome Yucoe, que quer dizer - i-arganta, em allu-
sio ao canal estrefto e profundo que separa a ilha do continente.
Rio de Janeiro.
JUCUNEM, corr. y-ucú-ne. a agua espraiada, fetida. E' o nome de
uma lagóa no Espirito Santo.
JACURIAC(r, s. n·o me indigena da madeira conhecida por Gon~alo
Alves. Babia.
JUCURUTú, V. Jacurutú.
JUIGIA, corr. gyi-yiá, oriundo da gia. E' o nome de urna rá branca-
centa. cujo canto simula o choro das crian(!as; é chamada -
ca.~ote no Norte do Brasil e cumbaca (cú-baca, o que revira a
lingua), no Sul do País.
JUIBI. corr. ~yí-í. augmentativo de gyi, a gia P,'rande ou rá grande .
<Rana), de cór escura. Rot. Bras. c. 115. Alt. Gia, Yuí.
.TUJNS. corr. ~i-i as ranzinhas. Rot. Brasil. c. 115 .
.TUIPEREGA. corr . ~i-perereg"a, a ra saltitante. conh~cida vulgar-
mente por - perereca - Rot. Bras., c. 115.
JVIPONGA, corr. ,y¡.ponga, a ra sonante, cujo cantar imita o traba-
lho do caldereiro. Rot. Bras., c. 115.
JUNDIA, corr. yn-ndi-á, a cabe~a armada de barbatanas. E' o peixe
d'agua doce Platystoma spatula.
.JUNDIAHY, corr. yundiá-y, o rio dos jundiás. S. Paulo.
lUND'CJ, corr. nbÜ-tÜ. o campo sujo, o terreno á beira mar que come9a
a ser invadido pela vegeta~áo mais alta. S. Paulo.
JUPARA, corr. ~íipara, o movedi~o ou inquieto. Animal do tamanho
de um bugio que vive aos saltos sobre as arvores. <Cercoleptes
caudivolvulus) . Alt. Xupara, Supara.
JUPECANGA, corr. ju-pé-canga, a casca secca de espinhos; a epiderme
enxuta e espinhenta. E' o mesmo que Japecanga. V. Japecanga.
JUPt, corr. yu-py, o pé de espinho. Pode ser ainda yu-pí, o espinho
agudo. Pernambuco. ·
JY11UrT'llr-l""'RA, corr. y-upyra, aquelle que foi devorado ou comido.
JUQUERIQUERt, corr. yukeri-ker-é. o espinheiro muito propenso a
.,
dormir; a planta dorminhoca, a sensitiva. <Mimosa pudica). S .
Pawo. ·
JUQUERY, corr. yu-ker-i, o espinho propenso a dormir. Nome
commum das Mimosaceas. Com a lixivia desta planta tlrava o
gentio uma especie de sal com que temperava os seus manjares.
S. Paulo.
- 239 -

JUQUIA, ou Juklá, a nassa aberta; o covo de boca larga. Alagóu.


v. Jlquiá.

• JUQUIRATfBA, V. Juqultíba•
JURARA, s., a tartaruga (Testudo), tambem chamada Jurucuá.
IURtA, antigamente yuré, corr. eur-é. (pronunciado chur-é), a sall-
encia distinta, a ponta nota:vel. E' o nome de um promontorio
na vizinhan~a da Ribeira de Iguape. S. Paulo.
JUREMA,, corr. yu-r-ema, o espinheiro succulento; arvore esplnhen-
t a do sertáo, da qual o gentío extrahia um sueco capaz de dar
somno e extasis a quemo ingeria. (Acacia J urema, Mar., ou Spina
dulcis) . Ait. Gerema, Jerema.
JUR(r, corr. yurú, o pesco~o. a garganta, a boca, a barra, a foz.
JURUA, corr. yurú-á, a boca aberta, ou ampla; a embocadura larga.
Pará, Amazonas.
JURUBIM, corr. yurú-bi, a boca cerrada ou fechada. Alt. Surublm..
JURUCt, corr. yurú-ce, a boca doce; a affavel. Nome de mulher.
JURUCUA, corr. yurÜ-quá, o pesco~o que se afunda ou se recolhe; a
tartaruga. Alt. Jericoá, Jerequá.
JURUJUBA, corr. yurú-yuba, o pesco~o amarello ou ruivo; a boca
ruiva; a barba ruiva ou loura.. 199. Río de Janeiro.
JURUMIRIM, corr. yurú-mirim, a boca pequena, a barrinha.
~ ~

JURUl\IU, corr. yurú-mu, a gargalo ou pesco~o apertado. E' uma espe-


cie de abobora grande <Cucurbita. maxima). Alt. Gerimum,
Jirimum.
JURUOCA, corr. ajurú-oca; o refugio ou esconderijo dos papagaios.
V . Ajurú. Minas Gera es.
JURUPARt, corr. yurú-pari, a boca fechada. Nome de um gentio da
myt hologia selva gem. No Amazonas, o Jurupari é um enviado do
sol para ·reformar os costumes dos h omens: legislador, deu o
poder aos homens, tirando-o das mulheres : instituíu festas em
que só os homens tomam parte e deixou segredos que só estes
podem saber. A mulher que os descobre deve morrer, como mor-
reu Ceucy, a propria máe de Jurupari. O nome Jurupari que vale
dizer - aquelle que fech a a n ossa boca - segundo os pagés, é de
referencia á institu i~ao dos segredos. Out ros indios do Brasil
tinham o Juruparí p elo espirito do mal, e o representavam nas
suas itaqua tiaras com horrenda catadura e os dentes arrega-
nhados. Tinha Jurupari muitos outros genios maleficos ao seu
servi~o. bem como os seus animaes: as aves nocturnas, o morce-
~o . a cobra, o jacaré, a on~ a . as aránhas grandes, o lagarto .
Perseguia a gente até durante o somno, tapando-lhe a boca nos
pesadelos. (52 ).
JURUPARt-KIBABA, corr. yurupari-kibaba, o pente do diabo. E'
urna especie de centopéa; mas, neste caso, deve ser yurupari-kiba,
o piolho do diabo.
JURUPARIOBA, corr. yurupari-oba, a roupa do diabo. Pernambuco.

52 - VeJa a nota 240.


- 240 -

.TUBUPARf-PINDA, corr. yurú-parí-pindá, o anzol do diabo. E' o


pelxe Geophagas Jurupari. Heck.
-
JURUPENCEM, corr. yurú-pence, a boca partida ou dividida. Espi- ••
rito Santo.
. 'URUPIT:t, s. c. yurú-pyté, chupada de boca, o beijo entre os indioa.
<M. Bertoni >.
.JORURt, s., a supplicante, a pedinte. Nome de uiulher.
•HTRURú, corr. yurú-rú, pesco~o pendido, declinado; o que está triste;
o calado.
JURUTY, corr. yurú•ty, collo teso; allusáo ao aspecto da ave deste
nome no acto de cantar; pode ser procedente de juruti,. <Jurú-
ti> que significa. - o collo branco. (Peristera frontalis).
JURUUNA, corr, yurú-una, a boca negra. Alt. Juruna.
JUTURN.AllYBA, ou yuturnaby, corr. yuturutunhá-y, a agua d~
corujas. A ave. yuturutunhá é urna coruja listrada (yuturutú-llhá).
v..Jacurutú, E' o nome de urna lagóa do Estado do Rio de Janeiro.

L
LAI\IBARt, corr. arambaré, a bruma, a nevoa, a mancha azulada,
indistinta e distante. Dava-se este nome ao vulto brumoso das
montanhas longinquas. Alt. Aramaré.
~

LAI\IBARY, corr. aramberi, o peixinho de agua. doce semelbante á


sardinha. Alt. Araberí, Alambary.
LANDY, V. Guanandí.
LERII\URIM, corr. reri-mirim, a ostra pequena. Rot. Brasil, c. l4ff.
LERIPEBA, corr. rerí-peba, a ostra raza ou chata. Rot. Bras., c. 140.
Alt. Leripeva.
LERITl:'BA, corr. rerí-tyba, o sitio das ostras, a ostreira. V. Lery,
Rerityba.
LERIUCU, corr. rerí-u~ú,a ostra grande. V. Lery.
LERY, corr. reri, a ostra. Alt. Ireri, lrlrí. Nome de uma das praias
no Rio de Janeiro, nome que, allás, nao recorda o do celebre
companheiro de Villegagnon, mas exprime slmplesmente - a
praia das ostras.
LICURY, corr. aricuri, ou yarí-curi, o · cacho mludo, ou de coqullhos.
<Cocos schizophyUa). Alt. Ouricuri, Uricurí.
..
.

LOCA, corr. roca <o r brandissimo), a casa, o abrigo, o esconderljo


do peixe. Alt. Toca.
LOctJ, corr. rucú ou urucú, o vermelhao.
·LOCURANA, con. rucurana, ou urucú-ran~, o urucú apparente, o
falso.
LOPO, corr. ropa (o r brandissimo>. o errante, o vagabundo, andejo.
Indios tapuyas da Serra da Mant1que1ra, brutos e vtvendo nos
pinhaes. Eram tambem chamados - Bllreiros. .

-
- 241-

M
•·, )1A, forma contracta de mbaé, a cousa, o objec.to. quando entra na
composi~áo de outros vocabulos. Pode ser tambem a forma con-
t.r acta de uma, ou yma, yba, a madeira, a arvore. V. Mbaé, Uma.
MACABA, corr. má-caba, a cousa gorda; o que é carnudo ou polposo.
E' o fruto da palmeira Acrocomia scleroearpa, Mar. Alt. Macá,
Baccaba, Bacá.
l\IACABOQUEIRA, corr. macaba-coéra, as macabas. Fol o nome pri-
mitivo da atual cldade de Granja, Ceará.
MACABú, corr. maeab-Ü, a macaba preta ou
arroxeada. V. Macaba.
MACACH!:RA, corr. maealera. O aipim, que se comia assado, chama-
va-se atni-macaiera, que, por corru~áo. se passou a alpl-maea-
chelra. V. Macala.
MACACO, vocabulo tomado dos Gallbis da Guyana. O simio, na llngua
desses indios, é macaca.
MACACO, V. Macacú.
MACAGUA. corr. mocáguá, c. moy-cá-a-úá, que se traduz - comedor
de cabe~a de cobra. E' o gaviáo Fal<'o cachinans, que devora as
cobras e por isso tido, entre os indios, como ave protectora .
Chamavam-na os Tupís do Brasil - Acaai, vocabulo que pode
ser onomatopaico, mas que. em verdade, se compóe de acá-uá,
provindo de acá-uára, o comedor de cabe~as.
l\fACAHt, corr. macá-é, a macaba doce.· Rio de Janelro. V. Macaba.
l\IACAlllBA, corr. macá-yba. a arvore da macaba. E' a palmeira
Acrocomia sclerocarpa, Mart., que se chama Cico de eatharro.
Alt. Macabyba, Macahuba, Macayuba, Bocayuva. V. Macaba.
MACABUBA, V: Macahlba.
~ACAIA. corr. ma-~ála, por mbae-cáta. a cousa abrasada, ou que se
nuetma ; a queimada; a ardentia; a luz phosphorecente, o fogo
fatuo.
MACAIOtA, forma plural de macala. 25. Significa: fogos que ardem
por si, espontaneos ; o fogo fatuo ou labaredas phosphorecentes,
oue os indios ttnham como maus espirttos que os perseguiam
nos car.ninhos. Alt. Macachera. V. Macala.
l'tlACAl\mmA. corr. má-cambira, o manojo ou mólho pungente, chelo
ñe _espinhos. E' urna bromeUacea, de que, no sertáo, se extraem
!1bras para cordas.
MACAPÁ. corr. macá-pá, contrac~ao de macá-paba, a estancia das
n1acabas, o pomar de macabas. Pará. V. Macaba.
>••o t:tm fD f · · - -· ··-~·1- • o u•fi º o fn10oj o )lome rJe nmo
MACA..'l\fBABA, corr. m~ambaba., a un ao, a Junc;ao. Nome de uma
restinga. ent re urna lagóa e o mar, fazendo a communic~io entre
dous promontorios . Alt. Ma~ambá. Rio de Janeiro.
:!\lA~Al\IBARA, corr. mo~ambá-rá, a restinga rota. V. ~ambaba .
Río de Janelro. ·
l\IA(;ARANDUBA, corr. ma-~aran-d-yba, a árvore do escorrego; lon-
garina utilizada, na matta, para, sobre ella, rolar a madeira tirada.
-242-

Pode ser corrup~io de mo-~ran-d-yba, que quer dizer - arvore


que faz escorregar ou deslizar. E' a sapotacea Lucuma procera,
Mart. .
MACARANDUPió, corr.
V. Ma~aranduba.
m~arandy-pyó,
Babia.
o extracto da ma~aranduba.
•·
MACAYUBA, V. Macahiba.
MACUCO, corr. macucu, c. ma-cú-eú, a cousa de multo comer, ou
muito bom de comer; allusáo ao phisico da ave deste nome, a
qual " ... tem no peito mais titellas que dous gallipavos" . Rot.
Bras. (1.'racbypelmus brasiliensis).
MACUGÉ, corr. ma-cu-ge, cousa de comer agradavel. doce. E' a planta
apocynea do sertao do Norte. Alt. Mocuge. Bahia.
MAECHUÉ, corr. mbae-chué, a cousa humilde; o humilde, o modesto,
o rasteiro. Alt. Machué, Bachué.
MAETACA, corr. mbae-taca, a cousa ruidosa ; o ruidoso, o barulhento.
E' uma variedade de papagaio. Alt. Mait 5., Baetaea, Humaetá.
MAETINGA, corr. mbae-tinga, a cousa branca; o branco ou a branca.
Antigos documentos dáo - Amaitinga. em vez de Maetinga, nome
do ribeiro aurífero dos arredores do Morro do Jaraguá. A preva-
lecer Amaitinga, é este· vocabulo corruptela de Ambaytinga, que
é a embaúba branca. S. Paulo. Antonio Knivet escreveu Mutinga.
MAG~, antigamente Magépe, c. magé-pe, o feiticeiro ou no paré, de
referencia á resistencia deste. Rio de Janeiro. 6. Alt. Mbagé,
Magé, Bagé, Pagé.
MAGOARY, corr. mbaguari, o tardo, o vagaroso, o que anda pausado.
No tupi é nome generico de cegonhas e garcas. Alt. Baguari.
l\IAIACú, V. Baiacú.
MAIR, appellido dos Franceses entre os Tupis do Brasil. Os guara-
nís do Paraguay chama,ram os Hespanhoes - mbaí. Os dous voca-
bulos Mair e Mbaí sao formas contractas de mbae-ira, que expri-
me - o apartado, o solitario, o que vive distante. De mbae-ira
procedem: mbaíra~ maíra, mair, mbaí. Este appelido davam os
indios aos franceses e hespanhóes, náo só por virem de longe,
como porque os equiparavam, pela sua superioridade, aos seus
feiticeiros, chamados pa~és ou carahybas, os quaes levavam vida
solitaria no recesso das mattas, nas cavernas das montanhas dis-
tantes . O pagé era, portante, um solitario (maír, mbaí). De resto,
o vocabulo pagé procede do mesmo radical, pois é contrac~ao de
mbaí, isto é, o solitario de diversa natureza, o solitario sobre-
natural. Do nome mbaié decorrem duas formas : maié, que deu
majé, ou magé, e baié que deu bajé ou bagé, donde procede pagé.
Do mesmo thema - mbai - ainda procede baí ou bay, que deu -
pay ou pahy, como tambem se chamava, entre os indios de outras
tribus, o feiticeiro ou curandeiro. 112.
MAIRAPÉ~ c. mair-apé, o caminho dos Franceses, e tambem o cami-
nho do feiticeiro. V. Maír. Bahia.
MAIRY, nome dado pelos Tupís á.s cidades e povoacóes dos franceses
<Maír) depois da conquista. A cidade de Ollnda era, antlgamente,
Maíry, nome este que é a forma contracta de maír-reya e signi-
-243-

fica reuniáo de maír, ajuntamento de europeus, franceses prin-


cipalmente. 112. V. Maír. (53) .

• MAIRYARA, c. maíry-uara, o habitante da cidade, o cidadáo. 112.


l\IAJOY, corr. mayui ou mbiyuí, a andorinha. Baptista Caetano tem
o vocabulo por onomatopaico e generico das pbllomellas. Alt.
Mijuim, Majubn.
MALOCA, corr. már-r-oca, a casa de guerra, a casa forte para a
luta <mará). Designa uma ranchada de indios bravos. Pará.
MAMALUCO, corr. mama-ruca, o que procede da mixtura, o mlstl~o.
110. Alt. l\fameluco. (54) .
l\IAl\IANGUABA~ c. mamá-guaba, a comida de reuniao, ou dentro de
cerca; o pasto ou malhada. Alt. Mamanruá.
MAMANGUAPE, c. mamanguá".'pe, nos pastos ou na malhada. V.
Mamanguaba. Parabyba.
MAMBUCABA, corr. mombucaba, o furo, a abertura, a passagem, o
rasgáo .. Rio de Janeiro.
l\IAMOA, c. ma-moá, a cousa que se levanta; a visáo sú~lta. Designa
o vagalume. Alt. Memoá, Mimoá. Bahia. V. Mbaé.
l\fAMPITUBA, antigamente Mboiypatyba, c. mboi-ypá-tyba, o brejal
das cobras. Nome do rio que faz a divisa, na zona costelra, entre
S. Catharina e o Rio Grande do Sul.
MANACA, corr. mana-ca, o ramilhete erecto; allusáo a floracáo
abundante desta planta (Franciscea uniflora), flora~áo que a
faz parecer com um ramllhete em pé. V. Manda.
J\tANAGt, corr. amanajé, a reuniáo do pov-0, o ajunta.mento.
MANAHt, s., o peixe-boi. tambem chamado Guaraguá. Rlt. Manatí.
MANAHYBA, V. Mandyba.
l\fANDA, gerundio-supino de má, envolver, amarrar. Manda exprime
- amarrado: o feixe ; manojo, ramllhete, ma~o , colleccáo, mólho.
Alt. Mana, Má, Manga.
l\IANDACARú, c. manda-carú. o feixe ou mólho pungente, cheio de
espinhos. V. Jamacarú. <Cereus). 108.
MANDA(;AIA, c. manda-~áia, o ninho estendido; allusáo á forma do
ninho da abelha dest e nome, f eito de barro com um orificio de
ent rada saliente. (M~lipona antbidivides. Lep.). V. l\landa.
l\IANDAGUAt, c. manda-guai, o ninho delicado, bonito. Especie de
abelhas do Brasil. (Trigona lheringi, Trlese) . V. l\landa.
l\IANJ)AGUASSú, c. manda-gua~ú, o nlnho grande. ~ele de abe-
lha indígena. V. Manda. .
MANDAHú, corr. amanda-y, o granizo, a saralva, ehuva de pedras.
E' corrup~ao de amana-ayba, a chuva má, a tempestuosa.
l\IANDAQUI, c. manda-aqui, os feixes verdes; o montio humido. 6 .
Paulo.

53 - Veja u notas 103 e 200.


54 - Idem 193
- 244-

MANDIOCA, corr. rnany-oga, o que procede da manyba ou mandyba.


E' a raiz tuberosa da planta Jatropba manibot. 118. V. Mandyba.
l\!ANDIOPUBA, c. mandió-puba, a mandio.c a apodreeida ou fermen-
tada. 119 ~ Era o nome de um principal das Tabayaras. no
seeulo XVl. -
)\fANDlOTUB.4., corr. mandió-tyba, o sitio das mandiocas, o mandto-
cal; a ro~a de mandioca. 118.
l\1ANDIUC(J, corr. mandi:v-uC.ú, o· bagre grande. silurotde abundante.
na bacia do Prata. V. Mandiy.
MANDil", s., o bagre. (Pimelodus Maeulatus, Lacep). Alt. Mandl,
Mandim. ,,
lUANDIYUQDYARA, c. mandiy-n~ú-yara, o que é dextro no apanhar
os granees bagres. Antonio Knivet, viajando nos sertóes de S.
Pn.ulo. no seculo XVI, encontrou umas amazonas tapuyas. qu~
pegavam .g randes bagres a arco e flexa, e chamou-as Mandiyu~ú,.
yara, de que um mau copista fez - l\landiScussianas.
MANDOr;~ s. c. mand-obí, estojo, ou rólo ponteagudo. CArachJ$
hypogea, L.). Alt. Mendobí, Mandobí, Mundubí.
1\-tANDORI, c. manda-r-i, o ninhozinho, o feixinho. E' uma abelha
silvestre. Cl\1elipona marginata, Lep.) . Alt. Munduri V. Man4a,.
MANDú, modo incorrecto rle pronunciar - Manoel, entre os indios
catechumenos. Era o nome de uma especie de phantasma que,
nas masr.aradns das aldeias, se apresentava envolvido em palha:.
como um f ei~e de f olhas seccas. M2.nd-u, o .feixe que vem, óu
anda . .Design,a. tambem, uma. avf;! peqaena. imp3$sivel, da familiá
das Bucconin~, chamada Mandú-t.olo.
!\1AN:OYBA, ou manyba, c. má-yba, a planta de entorpecer; allus~o
ao sueco venenoso da raiz. (Jatropha manibot). Alt. Manday~;.
Manabyba, Naniva. ..
l\f A1"1GABA, corr. mongaba., o grude. o visco·; allusáo ao latex abu11~
dante da planta deste nome. <Hancornia speciosa). Alt. Mo.n ga'b•,
l\!anguaba. ·
MANGANGA, co1:"r. mang-á-caba, contracto em mang-i-cá, que
signüica - a vespa de giro alto (n1ang-á), o vespáo. Alt. Man.-
gangaba, V. Caba.
l\fANGARA, corr. má-cará, o tuberculo ou raiz de mont.áo. Uma espe-
cie de Caladium. Alt. l\.la.ngaraz.
MANGARATAIA, corr. mancará-taia, o mangará picante ou acre.
V. l\langará.
l\IANGARATIBA, corr. manf{ará-tyba, o sitio dos mangarás; ond~
abundam mangarás. 118.
l\fANHANA, s.,. o vigilante, a atalaia. E' o nome tupi de um mont~
em forma de ovo, situado acima da barra do rlo Sergipe, vislvél,
de todas as partes, de muito longe. Alt. Máe Anna. Sergipe. ·
MANHUASSú, antigamerite - Manassú, corr. amana-a~ú, a chuva
copiosa, a tempestade. Minas-Geraes.
l\IANOA, s., a desfallecida, ou desmaiada.
MANTIQUEIR..4., V. Amantiquira.
-245-

MAPt, c. ma-pé, contrac~áo de mbae-peba, que dá mapeba, a cousa


chata, ou o cQa.to, ou aplainado. !!:' o nome de uma especie de
ostra chamada tambem leripeba <rirí-peba). Alt. Mapele. Babia.
MAPELE, V. Map~ .
.l\lA.PENDIPE, corr. ma-pindi-pe, na cousa limpa; no llmpo, na aberta.
Designava, outróra, uma qualidade de tumo ou tabaco. Babia.
V. Mbaé.
MAR.ii., s., a guerra, a couf usáo, a desordem. a revolu~io. 127. Pode
ser uma alteracáo de l\Ibará, equivalente a Pará.
MAR.ABA, corr. maír-abá, raca de francés (maír), gente que é proce-
dente do estrangeiro. Era como se .denomína va, entre os 1nd1os,
o fllho do prisioneiro ou estrangeiro. V. l\laír. · .
MARt\CA, corr. mara-acá, a cabeca de fingimento ou de fic~áo ; ·
instrumento usado pelos ielticell'os · (pagés), f eito de wn caba~o
do ta.manho da cabeca humana com orelha, cabellos, olhos, narl-
nas e boca, estribado numa tlexa como sobre pesco~o. No maracá,
faziam fumo, dentro, com folhas seccas de iaoaco, queimadas, e
desse fumo, que sa1a pelos olhos, boca e narizes da :figura, se
enebriavam os taE:s felticeiros e ticavam como que tomados do
vinho; nesse estado, taziarn visagens e cerimonia, prediziam o
futuro e em tudo que a1irmavam crianl os outros indios, como se
ioram revela~óes de algum propheta. <Simao de Vasconcellos,
Chronica da Comp. ae lesus - L1v. ll, p. C>. Depois da conquista,
o nome maracá flcou servindo para denominar o chocalho. 112.
MARACABOYA, c. maracá-boy, a cobra de chocalho, o cascavel.
( Crotalu::.- '¡ .
MARACAHYPE, corr. maracá-y-pe, no rio do maracá, ou do chocalho.
l\IARACAJO, corr. maracá-yú, o chocalho amarello; o guizo, o casca-
vel metalico. 123. Matto Grosso.
MARACANA, e: maracá-ni, semelhante ao maracá; o que imita, no
som, o maracá ou chocalho. E' o nome de uma especie de papa-
. galo. (Psittacus nobilis. Illig.) .
MARACANABú, corr. maracaná-ú, o maracaná come, ou onde vive
o maracaná ; o bebedouro de maracanis. Ceará. V. Maracaná.
MARACANIM, s. c. maracá-nÍ, o chocalho minusculo. E' o nome de
um pequeno carangueijo,· encontrado, em mir1ades, nos bancos
arenosos, por detrás dos mangues. Vem-lhe o nome dos estalidos
que este animalejo produz com a boca, que é desproporcionada
em relacao ao seu tamanho. Babia.
IUARACANATIBA, corr. maracaná~yba, o sitio dos maracanis; onde
abundam maracanás.
MARACATII\I, c. maracá-ti, a próa ou pontal de maracá; especie de
barca que trazia á próa um maracá. Pará.
MABACAYA, c. maracá-yá, o dextro no maracá; o chocalheiro. E' o
gato mol\tés do Brasil. (Felis pardalis, New.>. V. l\laracá.
MARACAYAGUASSú, c. maracayá-gua-rú, o gato grande. Nome , de
um famoso principal dos Temimínós, do Espirito Santo, no
seculo XVI.
-246-

MARACUJA, corr. maraú-yá, fruto do marabú. <Pusiflora>. V.


Marabú.
MABAGOGIPE, corr. maraú-gy-pe, no rio dos marahús ou dos mara-
cujás. Bahia. V. Marabú.
MAH.AGUJ., corr. mberú-guí, a mosca pequena, o mosquito. Alt .
Marauim, Maruim.
MARAB'O, corr. m.a-rá-ú, a cousa de sorver ou que se toma de sorvo.
E' o fruto da planta Passiflora. Alt. Maragú, Maracú. Bahía .
...
MARAJó, corr. mbará-yó, tirado do mar, e tambem o tapa-mar, ante-
paro do mar. E' a ilha grande da foz do Amazonas. Pará. V.
Mbará.
MARAMBAIA, corr. mbará-mbai, o cerco do mar, a restinga, lingua
arenosa cercando o mar. Rlo de Janeiro. Pode ser tamb.em mará-
mbaia, a cerca ou pali~ada de guerra. V. Mari. ·
MAR.ANA, corr. mbará-ni, semelhante ao mar, tio caudaloso. Alt.
Parana.
MA.RANGUá, c. mará-Jwi, a babeada ou valle da batalha. 94, 127 .
Pode ser tambem contrac~ao de ma.ran1uar, o lutador, o desor-
de1ro, o decidido.
MARANGUAP.E, c. maranguá-pe, no valle da ba.talha, ou da luta.
127. Ceará. V. Maranguá.
1\-lARANHAO, corr. mbará-nhá, o mar corrente; o grande caudal que
simula o mar a correr. Alt. Marani, Paraná. V. l\lbará.
MAR.APÉ, c9rr. mbará-apé, o caminho do mar ou que leva ao mar.
Vasconcellos (Cbronica, parte 1, pgs. CVI> desereveu esse cami-
nbo, na Bahia de Todos os ::>antos, como f eito de areia solida e
pura, do comprimento de meia legua, pelo mar a dentro. Babia,
s. Paulo .
.llARAPENDí, corr. mbará-pindí, o mar llmpo. Nome de uma lagóa
no Estado do Rio de Janeiro.
MARAPINIMA, corr. ymirá-pJníma, o pau manchado ou cheio de
pintas. Alt. Mirapinima, Muirapinima. Amazonas, Pará.
MARATATAIBA, corr. ymirá-tatá-yba, a arvore de pau de f ogo.
MABAUNA, s., o agouro. Usado no Nheengatú da Amazonia.
MARt, nome genérico para as diversas especies de Cassias, entre os
Tupis. Alt. Umari.
MARICA, c. mari-cá, o mari pungente, o espinheiro proprio pa.ra
sébes. Río de Janeiro.
MARICOABO, corr. maricá-oabo, o mari ou espinheiro de folha aber-
ta. V. Maricá. Bahía.
MARIM, V. Matry.
MABJQUERt, corr. marí·ker-e, o espinheiro propenso a dormir; espe-
cie de Cassta dormente. Nome de uma serrano Rio de Ja.neiro, que,
por corrup~o do vocabulo indlgena, se alterou para Amar-e-
11uere:r.
MAR.IR.Y, c. mari·r·J', o rto dos esplnhelros.
- 247-

MABOIM, corr. mberui, os mosquitos. Serglpe. 109.


MARUHY, corr. mberui. Sergipe. V. Marolm.
MATA, corr. yma-tá ou ma-tá, as arvores abundam; o arvoredo, a
matta. O vocabulo yba, arvore, toma, ás vezes, a forma 7JD&,
donde procede ma com a queda da inicial y; o termo tá é o verbo
- abundar, multiplicar-se - e tambem é o adjectlvo - muito .
Matá traduz-se, pois, - arvores multas, ou arvores abundantes,
isto ~. a matta.
MATAB.IPE, corr. matá-r-y-pe, no rio da matta. V. Matá. Bahta.
MATAPY, corr. matapí, o cóvo conico de pescar. Barb. Rodrigues.
MATAT(J, c. matá-tú, a matta escura;. a floresta negra. O termo tú
admite diversas traduc~óes: como adjeetivo, significa - escw-o,
queimado, encarvoado; molhado; batido; como substantivo -
tombo, queda. Com o significado de - escuro, negro, o termo tú
é uma variante de t-ü.
MATETE, c. ma-eté-te, superlativo, de maete, a cousa multo grande;
o enorme, o excessivo, o demasiado.
MATBINCllA, corr. ina-tiri-chá, a cousa que escapole da 11nha (do
anzol) ; a cousa a vessa á linha. E' o nome de um peixe do rlo
s. Francisco. Bahia.
MATUIM, corr. ma-tui, a cousa pequena, insignificante. E' o nome
de uma ave dos mangues <Charadrius), tambem chamada mqa-
rico. Bahla. Alt. ~latoim.
MATUR1, c. ma-turí, a cousa que está para vir. E' o fruto ainda muito
tenro do cajueiro. Alt. Moturi, Muturi. Bahia.
MATY-TAPER.t, corr. matii-taper-e, o pequenino propenso ás ruinas
<tapera), tsto é, o ente minusculo que gosta das taperas· ou vive
nellas. Em verdade, matli exprime cousa multo pequena, o vulto
insignificante. Taperé é taper-é, que quer dizer - propenso ou
dado ás t"ulnas. Para o gentio braslleiro o maty-tapere é um
genio malefico, refugiado nas aldeias abandonadas, e que perse-
guia a quem, imprudente, dellas se aviz1nhava. Costuma a ando-
rinha aninhar-se nesses logares e, por isso, o indio a appellidava
- taperuá, que quer dizer - morador das taperas ou rutnas.
Dahi o dizer-se que o maty-tapere tomava sempre a figura de
um passaro pequenino, como a andorinha, e asstm se cllsfar~ava.
MAUA, c. ma-uá, a cousa elevada; o alto, o firme; allusio á terra
erguida entre baixas alagadi~as. Rio de Janeiro.
MBAt, s., a cousa, o objecto; bens, haveres; prefixo para formar ver-
bos e substantivos abstractos. Alt. Máe, má, baé, ba. 68.
MBARA, s., o mesmo que pará; o mar, o rio caudaloso. Alt. Mará,
Bará, Pará.
MBAEAQA, corr. mbé-a9aba, a travessia do cam1nho; onde atravessa
ou sae o camlnho; o porto. Alt. Mbla~á, lmbla~á, B~á, P~á.
MBOY, s., a cobra, o ophidio em geral. Pronuncia-se umbóí ou imboú.
Alt. Boi, Boya, May ou Moya. 68. S. Paulo. (54a) .
MBOYUC(J', c. mboy-u~ú, a cobra grande, a serpente.

Ma - 8lo realmente aurpreendentea u ldétu que o autor tem a nepelto da


pron'llncta de cenu palaTN1 e fonemas tupw.
-248-

MEAP&, corr. alteyú-pé, o beitú chato; o pio..


MEARY, corr. mbiá-r-y, o rio do povo; o rio da gente navegar. Pode
ser ta.mbem corruJ>Oi,o de mblar·y, o rio dos prlslonelros. ou onde
se t,omam captivos. Maranháo.
MEENGABA, s., a dadiva,. o dom, o presente.
MEllBY, s., a gaita, a flauta, o que aopra. Alt. •hnbL 122.
MEOA, s., a mancba, o signal. Nome de mulher.
MEOAEY.MA, c. meoá-eyma, sem macula, tmmaculada.
MEBOBt, corr. merú-obí, a mosca verde, a varejeira. Alt. Merubi,
Mon:mbí. V. Merú.
MEBC, corr. mw-ú, o que chupa a pelle, a mosca. Alt. Mlrú, Muní,
Maní, Morú, Bení, Birú.
MEBU1PE, corr. merú-y-pe, no rio das moscas. Pode aer tambem pro-
cedente de menú-pe, o paradeiro. das moscas, o moaquelro. 109,
112. Ceará.
MEBUBUPIABA, c. merú-rupiara, aa larvas de moscas. Amazonas.
METABA, corr. mbetara, o que orna, aformosela, ou faz bonito .
Objecto do ornato para o selvagem. Alt. Metá, mbetá.
MJACARIM, corr. mbla~-lm. o porttnho; localldade á margem dorio
Parahyba, em s. Paulo.
MIACUBA, s., a captiva, a escrava. Nome de mulher.
MIABIM, corr. mblá-r-im, o povinho, a genttnha.
MIMBABA, corr. mymbaba, s., a cria, a crtaoáO; o an•mal doméatlco.
Alt. Mimbá.
MJMOIA, s., o que f oi cozido ou f ervido.
MINDUBA, c. mi-dyba, o pé da lan~a, ou a baste.
MINGAU, c. mJ.ncá-ú, ou monga-ú, o comer vJsguento, u papas ralaa
da mandioca. O Padre Figuelra escrevia - mtn¡aft, maJs confor-
me á etymologia do vocabulo.
MINGUA, corr. men-guá. estragado, rulm, deteriorado. Dahi a exprea-
sáo - mhae-menguá, para signUicar - destr09os, cacarécos. Alt.
Baemenguá, B1mlnguá.
MINBOCA, corr. mí·nhoca ou minhop., o que é extrahido, arrancado
ou tirado. E' o verme do cháo.
MINBOCUQú, c. mtnhoea-~ú, o minhocáo, bicho monstruoso e fan-
tasUco a que os indios attribuiam o solapamento e aubversio das
barra.neas dos rios do sertáo. V. MJnhoca.
MJPIBtr, corr. mbí-pibú, o Odre, o sacco de couro, vulgarmente -
borracba. R1o Orande do Norte. ·
MJQU!, corr. iabí-qaí, a ponta da lan~; significa tambem o uroplglo,
o assento ou traaeiro. Alt. Mrld. MIQ111ra, Muqaira, MaquL ·
MIQUIBA, V. lllf¡aí.
MIQUtGUACtr, c. mJquí-pa9ú. o traseiro grande. Nome de um chef•
Pettnguara, no secUlo XVI, na Parabyba. V. MlquL
MJB.&, corr. iDJta, pavo, n·a~. Ali. llar&, Maira.
-249-

· MJBACAIA, corr. plrá-c1•a, o cardume de pelxes.


MIBAC.l.UEBA, corr. ID7!'a-ei-oéra .o u IDJl'&•e&npéra, a ossada de
gente, o cemlterio. Pará.
..
MJBAMOMtS, corr. myra-mo1111, a gente miuda ou de pequena esta-
tura. Era uma tribu tapuya que habitava em S. Vicente, nas
mattas da serra, e, ás vezes, no campo, parecendo ter affinidades
com os Guarús ou Guarulhos. Alt. Maramomln1, Guaramomís.
s. Paulo.
.MIBANGA, V. Plranga.
MIBANGAOBA, corr. mboy-rangá-oba, ·O manto de· figura de cobra.
Era o nome de um principal dos Tupinambás, senhor da aldeia
de s. Joáo, no estelo de Pirajá, na Babia. Os chefes 1nd1genas, em
. dla de solennldade, traziam um manto (oba) tecldo e enteltadc1
de modo bizarro, manto que .lhes descla da cab~a á cinta. O
manto principal era enteltado em figura de cobra <mbo1-rangá
ou mboy-ranraba).

- . - -
MIBtM, adj., pequeno, breve, pouco, miúdo; adv. um pouco. Alt.
mlrt, IDI, min1, lm, l.
MIBINA, corr. · mirlDaba, a pequenez, a miudeza.
MIBOBó, corr. mlrolró, o desprezado ou repudiado.
MIBYBA, corr. myra-ayba, a gente má ou ruim, barbara. Alt. Blliba.
MITIM, s., a sementelra, a planta~áo, ~a.
MOACYB, corr. mo-acyr, faz doer; o que molesta; o doloroso.
MOCABA, V. Bocaba. Alt. Mocá.
MOCABUQú, c. mocab-u~ú, t» canhio, a pe~a de artllharla. Alt.
Moca~u, ~c~ú. 123.
MOCACUf, c. mocá-cuí ou mocaba-cm, o pó de fuzil, a polvora. 123.
.. ,
MOCANGUt, corr. mocae-gue, os moquens; varaes em tendal sobre
braselro para assar a carne ou o pe1xe. E' a forma plural de
mocaé. V. Moquem. Rlo de Janelro. 25.
MOCAYBA, V. Macahiba.
MOCICA, corr. mo-cyca, tazer chegar; puxar para si, o puxio. Dar a
mocyca é derrubar a rez, na carreira, por melo de um puxáo pela
cauda, dado pelo cavallelro ou vaqueiro que com ella se empa-
relha. Ceará, Nordeste do Brasil.
MOCó, corr. mo-coó, bicho que róe, animal roedor. <Cavia rapestris).
MOCóCA, corr. m6-coga, fazer ~a; o ~ado; a plantacáo. S. Paulo.
.
v. Có.
..
MOCOIM, corr. mocoó-1, o que punge ou .róe miudlnho. Insecto ml-
nusculo e vermelho que mortie acremente, uma especie de
Tromhldlum. Alt. Muculm, Mlqalm.
MOOCA, c. mi-oca, faz casa; a -rancharta, o pouao. 8. Paulo. 112.
MOCORIPB, corr. mocó-r-7-pe, no rlo doe mocóa. Se procedente de
uma ·alter&Qlo de Mucar-y-pe, llgnlfica - nagua ou no .rto das
.- 1DUCUl'U ou gambáa. Ceará.

.
~
-250-

MOCORORó, corr. mO-eororó, faz que ronque; a fervura: allusáo ao


ruido da fermentacáo do vinho deste nome. Maranháo.
1\IOCORY, s. c. mocó-r-y, a a.gua ou rio dos mocós.
MOCOTO, corr. mo-cotog, faz que jogue; a desarticula~áo. como mio
de vacca, procede de mbó-cotó, as máos desarticuladas.
l\IOCURY, s. c. mo-cUJ'1, faz desejo, o apetecido. Arvore grande que
se dá perta do mar, produzindo frutos amarellos, cheirosos, e de
polpa muito saborosa. (Rot. Bras.). Alt. Mucury.
.
l\'IOQACA, corr. mo-~a-cá, faz que os ·olhos se quebrem ou se tomem
doces. Nome dado ao amigo, ao querido ou estimado. Joáo de
Lery escreveu - ~oussacat, e Fernáo Cardim - m~acara .
MO~URANA, corr. mocym-rana, o mo~um falso, o que é parecido eom
o mo~um. Nome do ophidio escuro, liso, luzidio, que luta, enla-
cando-se com outro, e o devora. (Rhacbidelus Bras.). Entre os
indios, designava tambem a corda de que se serviam para matar,
em terreiro, o prisioneiro tomadQ em guerra.
MO~UM, corr. mo-cym, (pronunciado mo-cilm), o que faz que desllse,
o escorregadio ou resvaloso. E' a enguia do Brasil. Alt. M~ú,
Mo~ú.
MUNDAB(J, corr. mondá-ú, o bebedouro dos ladróes; o rio do furto
(mondá-y). 75. Ceará.
MOEMA, a. c. mo-ema, supino de mo-em, ou mbo-em, que significa -
fazer vacuo, fazer exhaurir; mo-ema, se traduz, pois - a exhaus-
ta, a desfallecida. E' o nome lendario de uma das amantes do
Caramurú, perecida no mar, ao seguir, a nado, a nau em que
partia para a Europa o ingrato consorte. (55) .
MOGY, corr. mboy-gy, o rio das cobras. 67, 75. S. Paulo.
MOGYGUACú, corr. mboy-gy-guassú, o rio das cobras grandes. s.
Paulo. V. Mogy.
MOGYQUI~ABA, corr. mboy-gy-k~aba, a dormlnda ou pouso dorio
das cobras. Bahía.
MOJ(J, corr. mboy-yú, o amarellado, ou pardacento; allusáo á cor
das aguas que se fazem amarellas. Pode ser, ainda, uma corrup~áo
de mboy-ú, que significa - a cobra come, ou de onde ha cobras.
Maranháo.
MOLOPAQUES, corr. myrapac, alterado para murupac, a gente exper-
ta, viva ; o povo activo. Tribu selvagem do S ul de Minas, des-
cripta por A . Knivet, como constituida de gente branca, ruiva,
á f ei~áo de flamengos ou ingleses.
MO!tlBUCA, corr. mo-buca, o furo, o furado ; nome de uma abelha
silvestre. (Trigona mombuca). 100 .
MOMBUCAllA, s., a ac~áo de furar ou de atravessar; a perf.ura~,
a passagem; o estreito ou garganta. Rlo de Janeiro.
MONDEllY, c. mondé-yJ o rio dos la~os ou armadilhas. 117.
MONDf.:O, corr. mo-ndé, fazer sobrepor, ou ·cobrlr; o que se al~, o
al~páo. 116. Alt. mundé.

'5 - Veja a nota 11.


- 251-

MOUGUBA, c. mi-raba, faz que pertnan~a; a que atura; a dura-


doura. E' o nome da paJneira Bombax, um dos gigantes das flo-
restas do Brasil. Ama zonas, Pará.
MONHANGABA, s., o logar de fazer, o tempo de fazer; a fabrica, a
ofticina; a produc;áo, o arteflcio; o feito, a acc;áo . 21.
MONHANGARA, s. v. c. monhang-ara, o fabricante, o offlclal, o
operarlo, o produtor, o autor.. 22.
MONY, corr. mo-ní, faz que enrugue ou encrespe; o enrugado, ou
ondeado. Maranhio.
MOPA, corr. mo-pia, faz que se atole, o que se met~e no lodo; o
atolado. Et uma variedade de ma~gue. Nome de um chefe dos
Tobayaras, da Parahyba, no seculo XVII.
MOQUECA, corr. moqué ou po•keca, feito embrulho; o embrulhado
ou envolvido. Peixe assado entre tolhas, que o envolvem e no
meio de cinzas. 119.
MOQUEM, corr. mocae ou mo-cae, faz que seque; o seccadouro, o
assador; gradeado de varas sobre brasas para assar a cac;a ou
peixe. Alt. Muquem.
MORA, corr. myra, o povo, a gente. Alt. Mura, Pura, Pora.
MORANGA, o mesmo que poranga, bello, formoso, bonito, excellente.
MORICt, s. c. mboricí, faz resinar; resinento, grudento. E' a planta
malpighiacea Byrsonirna. Bahia, Pernambuco. Alt. Muricí, Morecí.
MORICOCA, corr. merú-sóca, a mosca pungente, a que dá ferrotoa-
das; o mosquito pernilongo. Bahia.
MOROIM, corr. merú-i, a mosca miuda, o mosquito. Alt. Mendm,
maruim, muruim. ·
MOROTIM, corr. moro-ti, multo branco; alvlssimo. E' o adjectivo ti ou
tinga, branco, no gráu superlativo. '
~IORPION, palavra de origem duvidosa. Joao de Lery d1z que é o nome
que os indios davam ao forte da Bertioga, e Thevet appllca-o á
terra da Capitanía de S. Vicente, mas Hans Staden deu-o á llha
de S. Vicente, com a graphia Urbioneme. Morpion, Urbione sao,
de certo, procedentes do mesmo thema - Uirá-ypaÜ, exprtmtndo
a ilha dos passaros, thema de que procedem as fórmas - Uirá-
upaon, Urapaon, Urpaon, Urpion, Urbione. A graphia de H.
Staden - Urbioneme, pronunciado com o accento na ante-penul-
tima syllaba, dá Urbióneme, equivalente a Urblone-me que signi-
fica - na llha dos passaros. S. Paulo.
MORTUGABA, corr. mora-tocaba ou mora-togaba, a morada do povo,
habita~áo, rancbaria, povoa~áo . Thevet - escreveu Mortugabe.
MORUBICHABA, corr. mo-r-yby-chaba, faz inspec~áo da terra. A
phrase yby-chaba é o mesmo que yby-~aba <o e é levemente
chiado no tupi> e significa - vista ou inspe~áo da terra. O thema
mo ou mbo é o verbo coercitivo que exprime - fazer com que e
assim, Morybychaba ou morubichaba significa - fazer com que
inspeccione a terra, o vigilante, o inspetor, o que toma conta da
terra; o chefe ou principal. (56).

se - VeJa u notu 13, 24 e 162.


252 -

MORUMBI, corr. merú-obí, a mosca verde, a varejelra. Pode proce-


der tambem de mará-mby, que significa - luta, peleja oculta;
guerra de emboscada, cllada. 127. s . Paulo.
MORUNDú, corr. mó-r-undú, faz que avise; a testemunha, o mon-
ticulo ou cone de terra.
MORUNGAVA, corr. mo-rangaba, faz signa!; o marco, a balisa .
Pode proceder tambem de morangaba que, como poranraba, expri-
me - belleza, f ormosura. S. Paulo.
MORURú, corr. mo-rurú, faz que amolle~a ou que se abrande.
MORYOA, s., a caricia, o agrado. E ' contrac~áo de mory9aba.
l\IOSSAMBARA, s., a herva de pastagem. (Nheengatú).
MOSSORó, corr. mo-~oroc, faz romper, rasgio, ruptura. No nbeen-
gatú. é um chá de infusáo, tambem chamado - mosúrú. Logar
e porto no Rio Grande do Norte.
MOSSUUG UÉ, s., mo9ym-gbe, os mossuns, ou engu1'as do Brasil
MOTUCA, c. mo-tuca, faz que perfure ; a pungente, a aguilhoante .
Alt. Mutuca, Butuca.
l\IOTUM, corr. my-t-ü, a pelle negra. E' a ave erase urumutum. Alt.
l\fytum, Mutum.
MOY, corr. mboy, a cobra. o ophidio em geral. Alt. Boy, Moy, Boya
ou )foya.

MUNDUBA, corr. mO-nduba, faz que estronde; a estrondante, a
ruidosa ou atroadora. S . Paulo.
MUQUIRANA. corr. mby-quí-rana, semelhante ·ao piolho da pelle;
o piolho grande.
MUCETAYBA, s., o nome indígena do - pa.u santo - Bot.
MUCUNA, corr. mo-co-n-i, faz arrimo alto, a trepadeira. Planta
sarmentosa que sobe pela sarvores grandes, lan~ando ramas como
vides e dá umas favas redondas, aleonadas, tendo estas um circu-
lo preto ao redor e na cabe~a um olho branco. Sáo favas pe~o­
nhentas, mas que o povo sabe tratar e comer em tempo de secca.
1\-IUCURA, corr. mo-cura, faz que absorva ou que se occulte dentro
de si mesmo; allusio ao facto de esconder o animal deste nome
os proprios f llhos no sacco ou bolsa que t em no ventre. E' o
marsupio tambem conhecido por Gambá ou Sarigué. (Didelphis).
MUCURATA, corr. mocura-etá, as raposas, os sarues. Monte elevado
no Estado do Espirito Santo.
MUCURIPE, c. mucury-pe, nos mucurís. Ceará. V. Mucury.
MUCURY, s. c. mocur-y. r io das mucuras ou gambás. (Dydelpbis).
MURA, V . Mira.
MURIBECA, corr. merú-beca, a mosca importuna , o mosquito perti-
naz. Babia, Pern ambuco. ·
MURICITUBA, corr. moricy-tyba, o sitio dos murtcís; onde ha abun-
dancia delles. Ceará.
MUIUTIBA, corr. merú-tylta, o &ltio das moscas; o mosqueiro.
Babia. 109.
-253-

MURUANllA, corr. merú-hi.la, a mOIC& de ferrlo.


MUTA, corr. mytá, c. mby-tá, o pé suspende; o piso, degri.o, sobrado,
soleira, socalco, a ponte. Segundo Couto de Magalbáes, é o palan-
que armado pelo indio sobre as arvores, para esperar a ca~a.
(0 Selyqem). Em llnguagem vena.torla é a "espera".
MUTA-MUTA, s., a escada; degráos de subir.
MUTINGA, V. Maettnp.
• MYRA, s., a gente, a ·pe$Sáa. Alt. Mura, Mira.
MYBUNA, c. .mJT-ana, a gente negra, o povo moreno. Alt. Murana.

N
NAGi, corr. ana&'é, o gaviáo. (Mllvaro>. Babta.
NAMBIUVC, corr. nambi-uú, a orelha podre.
NAMB()', V. Jnhambú.
NAMBYQUARA, s. c. namby-quara, orelhas turadaa. Nome de uma
tribu selvagem. Matto Grosso.
NAMBYS, corr. na-mbi, as orelhas. Bahla.
NANA, corr. naná, o substantivo ná, no gráo augmentatlvo - o
cheiráo, o aroma grande, o que sempre cheira. E' o nosso ananaz.
CBromelia).
NANAtr, c. naná-ú, comer ananaz, isto é, onde ha ananaz. Parahyba.
NANDú, V. Nhandú.
NANDUBA, corr. ni-dyba, o ananazal, ou sitio dos ananazes. Ceará.
NAPOH, corr.' tnhambú-pe, a perdiz miuda. ·Babia. V. lnhambú.
,NARANDYBA, c. naran-dyba, o sitio das laranjas, o laranjal. O voca-
bulo naran é uma adapta~áo da palavra portuguesa - laranja -
ao tupí. (5'7) .
NATUBA, corr. ná-tyba, o sitio dos ananazes, ou ananazal. 118. Bahia.
NHA, s., o fruto, a castanha, a amendoa, o c6co. Alt. Yá, Ná.
NBACORA, palavra hybrida do tupi e do bespanhol; nhá-corá é o
curral de correr, o pateo de corridas. Rio Grande do Sul.
NBAEM, corr. nhae, o vaso, a bacla, o prato, a .Panella.
NHAEMPEPG, c. nhae-pepo, o vaso de ferver; a panella. 120. 1
NJIAMB()', c. nhá-mbú, a noz que arrebenta, a mamona. (Rlclnus
communis, L.). Alt. Yambú.
NHAMBY, corr. ya-mbí, a herva ou planta de comer. Os indios
comlam-na crúa, a modo de coentro e com ella temperavam os
seus manjares. Rot. Bras., c. 93.

5'1 - VeJa a nota 220.


-254-

NllANDAYA, V. Jandala.
NBANDEYARA, corr. nhande·yara, Nosso Senhor; tratamento para ·
Deus.
NHANDI, s. c. nhá-dí, a seiva, o liquido que escorre; o oleo, o latex,
o grude.
NHANDmOBA, c. nhandi·roba, o oleo amargo; a seiva amargosa.
Alt. Jandiroba.
NHANDú, c. nhá-dú, corre com estrepido, a corredora; a avestruz,

a ema (Rhéa americana). A aranha (Mygale).
NHANDUQú, c. nhandú-a~ú, a aranha grande, a carangueijeira; a
ema grande.
NHANDUllY, corr. nhandú-y, o rio das emas. Matto Grosso. 109.
NHANDUí, corr. nhádú·i, a ema pequena. Nome de um principal dos
~etiguaras, no seculo XVI, que, nos livros hollandeses da epoca
da conquista, apparece traduzido para o latim, s-ob a forma -
Jandovius.
NHANDUTY, c. nhandú-tí, a tela de aranha; a renda ou tecido de
linha.
NBANICA, corr. nhá·ica, o fruto fluente ou mole. <Eugenia Nhanica).
NHA~UPt, corr. nhi-por·e, corre em plano; a que vóa em linha, ras-
teiro ; a perdiz ou inambú. <Chypturus). Alt. Inapupe, Enapope.
NHATI, V. Jaty.
NHATIUM, corr. nbá-tí-ú, ou ya-tí·ú, aquelle oue morde com ferrao;
o que agullhóa: o mosquito pemilongo. Alt. Jatium, Inhatium.
NBAUM, corr. nhae..11, o barro de panella, o barro olar. Alt. Inhautpa.
NBEEM, s., a fala, a lingua, o idioma.
NBltEMBUCú, c. nheé-bucú, a fala comprida. o falador, Unguarudo.
..
NHEEMONGABA. corr. nhee·mongaba, a reuniáo para falar; a assem-
bléia, o conselho.
NHEF.NGAIRA, c. nheen"·aíha, a ltnP."Ua má: a fala incomprehensivel.
Nome de urna nacáo selvagem ria foz do Amazonas catechizada
pelo Padre Antonio Vieira. Pará.
NBEENGATú, c. nheen2'·catú, a ltngua boa o idióma corrente. Tam-
bem significa - o bom cantor, o canario CEmberiza brasillensis,
Mar.>. ..,
NBIOBY, corr. y-oby, o rio verde, a agua verde. Alt. Itoby.
NHITINGA,. corr. nhetinga, s., o mosquito branco, importunis.simo,
pousando nos olhos, narizes, nas f eridas e lugares impuros do
corpo humano. Enxames destes mosquitos seguiam as indias,
núas, quando sujas do seu costume. Rot. Bras., e 93.
NBU, ou nbum, o campo, o terreno limpo de seu natural; o prado
com vegeta~áo ra.stelra. Alt. Nú, Inhú, Jun.
NBU.I, c. nbU, o campo alto. Alt. lnhoi.
-255-

NBUNDIAQUABA, c. Dhand..-quara, a morada do jund1á, o buraco


do petxe deste nome. Alt. Jundiaquara. S. Paulo.
NllUGUACC, c. DhÜ-rua~ú. o campo grande. 82. Alt. IDhap~á.
-
NBUOBY, c. nhu-oby, o campo verde. Alt. IDhoby.
NIA. corr. nhá, o fruto, a castanha, o cóco. Alt. Ná, Yá.
NITBEROY, vocabulo de grt.phia duvidosa. Hans Staden, em 1548,
escrevia - Iteronne, que se aproxima de Ytero, agua reunida,
estuario. O Padre · Simio de Vasconcellos (1667) Já escrevia -
Nithero e Januario da Cunha .Barbosa, ma1s tarde (seculo x 1 x >,
escreveu - Nictheroy, como significado de - mar escondido. 132.
'
NOI'fiBó, voz onomatopaica do canto da ave nocturna, agorelra
para o selvagem. <Caprimulgus grandis, Mart.).
NUAQUREt, corr. nhú-~ú-rehe, pelo campo grande, através da
campanha. Parahyba.
NUPEBA, corr. nhÜ-peba, o campo plano, a planicie llmpa.
NUPORANGA, corr. nhÜ-poranga, o campo bello. 87. S. Paulo.
NtJPv•rmA, corr. nha-potyra, as fiores do campo .

o
OACARt, corr. uá-caré ou raá-caré, o buzio curvo, liso, de que se
serviam as mulheres para burnlrem e assentarem as costuras . .
Rot. Bras., c. 142. ·
OANANDt, V. Guanandi
OARUA, s., no tupí costelro ou lingua geral, o espelho. 123.
OATAP'O, corr. y-atá-pú, o que sóa alto, o altisonante. E' um buzio
de grande boca de que os inclios fazlas buzlna.
OATAPUQú, corr yatapú-a~ú, o buzio grande. V. Oatapú.
OAXIMA, V. Guaxlma.
OBERAVA, corr. y-beraba, alt. u-beraba, a agua clara, crystalina.
reluzente.
OBú, corr. y-bú ou ypú, a agua que surge, o manancial, o olho d'agua.
OCA, s., a casa, o coberto; o abrigo, refugio, paradelro. Alt. Og, Oka,
Roca, Toca, segundo o thema. No tupí amazonico-Uca, Ruca. 115.
OCAPEGUABA, c. oca-pe-guara, o morador da mesma casa. 112. (58).
OCARA, s., a pra~a o terreiro, o largo, 112.

58 - Veja u notu eo. 102 e 189.


-256-

OCABUCC, c. ocara-~ú, a pra~a ou terretro grande. 112. Rlo de


Janeiro. C59) .
OERAPONGA, corr. ulrá-ponga, o passaro martelante, de grito estri-
dente. V. Guiraponga.
OERAREPOTY, corr. uirá-repoty, o escremento de passaro. Planta
medicinal. CStruthantus cltriola).
OGA, V. Oca.
omA, corr. oirá ou pirá, a ave, um. passaro.
OITI, V. UltL
OITmó, v. Noltibó.
OITICICA, c. uitl-icica, o oiti resinoso, ou grudento. <Pleragina
umbrosissima, Arr.).
OLANDIM, V. Landim, Guanandí.
ONBA, corr. y-nhá, alterado para unhá, significando - a agua. corre,
a correnteza, a corredeira. Bahla.
OPARA, erronla de alguns velhos chronistas ao tratarem do Rio S.
Francisco, como se Opara f osse o nome indigena desse rlo. A ver-
dade é que os taes chronistas apenas qulzeram dlzer - o Pará -
o que vale outro tanto - o rio.
Olt.BlóNEME, V. Morpion.
OTINGA, corr. y-tinga, alterado para - utln¡a, a agua branca; 75.
Babia.
OURI~ANGA, corr. y-roi~anga, a frieza ou frescura d'agua; a agua
fria. Babia. Alt. Uri~angas.
OURICURY, corr. airi-curií, o cacho amiudado, ou repetido, o que dá
cachos de continuo . Cocos coronata, Mar., ou Attalea) . Alt. Uri-
curi, Aricurí, Licuri, Nicury, Iriricury. 108.
OURUPEMA, V. Urupema.
OUTú, corr. y-tú, o tombo d'agua, o salto, a catadupa. O vocabulo -
Outú é como ae ve escripto em velhos documentos do seculo XVII.
75. S. Paulo. V. Ytú.

PACA, s., gerundio-supino do verbo par, despertar, acordar, estar


vigilante; paca é, pois, a desperta, a acordada, a que está sempre
attenta. E' o antmal roedor <Caelogenys Paca).
PACA.EMBC, corr. paca-yembó; ou paca-yembú, o arroto das nacas.
102. s. Paulo.

58 - ldem, 181, 19'7 e 218.


~257-

PACAJAS, corr. paca-yá, o chamado paca, o que é aastm denominado


porque reune qualldades das pacas; é desperto, vigilante. Nome
de uma tribu selvagem da foz do Amazonas. Pará.
PACARA, corr. ybá-cará, o fruto aspero ou chelo de picos; é uma
especie de Anona. Alt. Baycará, Paleará.
PACATCY, corr. pa-catú, forma contracta de paba-catú, o extremo
f bom, o bom fim, a estancb.. boa.
PACATUBA, corr. paca-tyba, o sitio das pacas; onde estas se encon-
tram em abundancia. Ceará.
P ACó, V. Paeoba.
'
.PACOBA, c. pac-oba, a folha de enrolar ou que se enrola. Nome
commum das Musaceas. Alt. Paeó. Pará, Amazonas.
PACOBA. c. pacob-á, o que é tirado da bananeira, ou a banana. V.
Pacoba.
PACOBARIBA, ·corr. pacoba-yba, a arvore da banana, a bananeira,
ou as bananeiras. Pode ser corrup~áo de pacoba-ayba, a banana.
ruim. imprestavel. Nome de uma antiga loeaUdade do Rto de
Janeiro.
PACOTOBA, corr. pacó-tyba, o sitio das bananeiras, ou onde estas
abundam, o bananal, ou pacoval.
PACOTY, c. pacó-ty, o riacho das bananeiras. Ceará.
PACOVAL, V. Pacotuba.
PACOCA, corr. l>O-~oca, gerundio-supino de po~oc, esmigalhar, des-
fiar, esfarinhar. Po~oca é, po1s, o desfiado, o esm1galhado, o esfa-
rinhado. Alimento preparado com carne assada e far19nba ,
piladas conjuntamente. constituindo urna especie de conserva,
mui propri,a para as viagens do sertáo. Era o famel dos ban-
deirantes.
PACú. corr. pag-ú, o comer desperto. isto é, o que é vivido no comer
ou tomar a isca. E' o pebce fluvial Prochilodas argenteus.
PACUHY, corr. pacú-y, o rio dos pacús. V. Pacú.
PAGt, V. Malr.
PAGEBú, corr. pagé-ú, o feitlceiro come ou vive. E' o nome de uma
planta. (Triplarfs Pachaú, Mar.) Alt. Pajahú, Pachaú . 126.
Pernambuco.
PAGEMARIOB.A, corr. pagé-mari-oba, a folha do mari de pagé .
<Cassia Occidentalis). E' uma especie de fedegoso. V. MarL
PAJUSSARA, corr. peyu~ara, o soprador, o folle. Alagoas.
P Al\fPA, vocabulo
. ..
kechua que significa - campo, planicie llmpa;
corresponde a nhu, do tupi. Alt. Bamba.
PANA, corr. do vocabulo portugués - panno. 120. v. lavrar, cortar. 123.
PANAC'CJ, s., o cesto; o carro.
PANAC'(r, c. pana-89ú, o panno gros.so. 123.
- 258-

PANAllYBA, corr. pana-ayba, o,, pannos ruins, rotos; OI anclraJoe;


miseria, pobreza. 123.
PANAMA, s., a. borboleta. V. Panapaná•
PANAMBY, s., a mariposa.
PANAPANA, s., a borboleta. Alt. Paná, Panamá, Baná.
P ANAP01, c. pana-poi, o panno fino. 123.
PANATY, c. paná..ty, o riacho das borboletas.
PANEMA, ad.1., ruim, lmprestavel, lnutll; infeliz, mal succedldo;
pobre, falho, esteril. No tupi-guaraní - Pané.
..
PANERAMA. s. c. pane-rama, o que traz lnfelicidade, a.quelle que
delta olhado; o felticeiro. CMont) .
PAPARY. corr. y.i-pi-r-v, o rio saltado, ou er.cachoeirado. Papar-y,
o rio de contar, o rlo de contas.
PAOUEOU~R. corr. l)ac-kér, as pacas dorm"'"'!l, ou a dormida das
pacas. Rio de Janelro.
PAQUltl'A. corr. paca-etá. u pacas. 25. I1ha dentro da bahla de
Guanabara. \

PARA., o mesmo aue mbará, ou mará, s .. o mar. Segundo Baptista


Caetano com!lñP.-se de v-'Pá·rá. e significa - aguas todas colhe
- isto é . o collecr.iona.dor das asruas. No tuni - nará - é o rlo
volumoso. o caudal. 91. 92. O vocabulo - var' - significa tambem
- varledade. polychromia. e, como derivado de .,,arab. funcclona
como adjectivo, significando: vario, variegado, multicl>r.
PARACATtr, c. pará-catú, o rio bom, praticavel. Minas Geraes. 92.
PARACAU, s., o papagaio, no tupi-guaraní.
PARAGUA, c. nará-~"· a coróa de nlumas va.rtegadas, o cocár. Signi-
fica tambem - seto de mar, babia, golpho. Significa atnda -
papagaio. V. Paracau.
PARAGUARY, c. paraguá·r-y, o rio dos papagaios.
PARAGUASStJ. s. c. pari-nassú. o mar grande, o oceano. Com este
nome annarece na historia lendaria do Caramurú. a india for-
mosa que este tomou por sua mulher, a mesma aue se baptizara
em Franc;a com o nome de Catharina, mas aue Frei Vicente do
Salvador, autor de urna Historia do Bra~n. escrlnta em 1827, dtz
tel-a ainda conhecldo "viuva. velha multo honrada", chamando-
se Luiza. O seu nome lendario é. porem, Paraguassú, que, alem
do significado supra. pode ser interpretado com um vocabulo
eomposto de Para,uá-assú, e se traduzir - a cor6a grande -,
ou o cocar vistoso. talvez por usar ella, fllha de malora!, desse
ornato mals vartegado e rico, entre o gent1o.
PARAGUAY, c. paragaá-y, o rio dos papagaios. Pode tambem Slgnt-
-•
ficar - o rio dos cocares ou das corOa.s. V. Paraguá. Neste voca-
bulo - paraguay - ·asstgnala·se uma das differenc;as de pronun-
cia~áo entre o guaraní e o tupí do Brasll. No guarani, quando o
vocabulo composto tem aguda a ultima syllaba do thema, a tontea
da palavra fica nesta syllaba, náo asslm no tupí do Brasil. Ass1m
- 259-

por exemplo, Urupá-y, Paraguá-y, Acará-y pronunciam-se, no


guaran! - Uruguál, Paraguál, Acarál; no tupí do Brasil - Acarai
e, se náo fosse o uso, Uruguaí, Paraguai. (60) .
• P ARABIM, corr. pará"'!l, o rio pequeno; o marzinho, ou mar pequeno.
Piauhy .
PARARYBA, corr. pará-ayba, o rio ruim. impraticavel, á ifor~a de
difficuldades naturaes da corrente; rio imprestavel. 92. S. Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Geraes, Norte do Brasil .
PARAHYBUNA, corr. pará-ayba-una, ou pa,.ayb-una, o parabyba
preto, ou de a guas escuras. V. Parabyba. 92. S. Paulo. (61).
· P ARAHYTINGA, corr. paray-tinga, o parahyba branco, ou de ague.a
claras. V. Parahyba, 92, 129. S . Paulo. (61 >.
PARAMANA, s., a erva de pastagem. Pode o vocabulo proceder qe
pará-amana e significar tambem - a chuva do mar. Bahla.
PARAMINGUA, corr. pará-mengá, cousas varias estragadas; trapos,
cacaréos. Em outros tempos, dizla-se - os meus paramlnguás -
para exprimir - os meus cacaréos ou velharias. Bahia.
PARAMIRIM, c. pará-mirim, o marzinho, ou riozinho; é o mesmo
que parahim. Rlo de Janeiro, Bahia.
PARAMOPAMA, corr. pará-mo-pama, o mar feito ·b ravo; o mar
embravecido ou encapellado. Sergipe.
PARANA, corr. pará-ná, o que é semelhante ao mar; denomina~áo
dada aos grandes rios. 69. Alt. Paraná, Parná, Pernam, Femam .
93. V. Maraná. (62).
PARANAGUA, c. paraná-guá, o seio de mar; o espraiado nos grandes
rios; a bahía fluvial. Paraná, Piauby. Alt. Pamaguá.
PARANAHYBA, corr. paraná-ayba, o grande caudal ruim, ou impra...
ticavel: 93·: Goyaz, Matto Grosso. Alt. Pamahyba.
PARANAICICA, c. paraná-icica, a resina do mar; o ambar, que os
tupinambás do Maranháo tambem chamavam - paraná-potyra ,
a flór do mar. Iv.
PARANAPANEMA, c. paraná-panema, o caudal imprestavel, 1.mprati-
cavel. S. Paulo.
PARANAPIACABA, c. paraná-apiacaba, a vista do mar; o ponto
donde se pode avistar o mar; mlramar. S. Paulo.
PARANAPITINGA, c. paraná-pitfnga, o rlo ou caudal branco; é o
mesmo que paranatinga.
PARANAPOCú, c.parani.-pucú. o mar comprido; o bra<;o de mar; o
.canal maritimo .
• PARANAPOCUY, c. paraná-pucú-y, a agua do canal. V. Paranapocú.

eo - Veja aa notaa 179 e 183.


41 - Idem, 155.
fS2 - Idem, . 153.
- 260-

PABANATINGA, c. paraná-tinga, o mar ou caudal branco. Segundo


o Diccionario Portaguez-Brasiliano, este é que era o nome prim1-
tivo do rio das Amazonas. Matto Grosso.
PARANAUBtS, corr. paraná•obí, o mar azul, ou mar verde. Com este
nome se conheciam, na Capitania do Espirito Santo, uns indios,

entre os quaes os Padres Jesuitas fundaram uma missio. O P.
Antonio Vieira traduziu-lhes o nome por - mares verdes.
<Annuas).
PARANAUCtJ, o mesmo que Paranagua~ú, o mar largo; o caudal
grande; o mar undoso. (63).
PARAOPEBA, corr. para-a-pe,b a ou pará-y-peba, o rio de agua raza.
75 e 92. Minas Geraes.
PARAPAMA, c. pará-pamba, ou pará-pama, o mar erguendo-se, o
mar revolto. ·
PARAPAU, c. pará-piu, entre nos; no tntervalbo de dous rtoa; a
mesopotsmia.
PARAPAUPINA, c. pará-páu-pina, o entre-rios llmpo, 1sto é, pelaes
entre dous rios. Ceará. V. Parapáa.
P ABAPITANGA, c. pará-pitanga, o mar vermelho ou o rio ver-
melho. 92.
P ARAPITINGA, s. c. pará-pitinga, o rio branco. E' como o gentlo
chamava o rio de S. Francisco <Mello Moraes - Chronlca Geral).
Por abrevia~áo, diziam os portugueses - o Pará -, forma esta
que erroneamente escreveram Opara, como se encontra em
varios autores.
P ARAPUITAN, c. pará-puiti, o rio pardo.
PARATECA, corr. pará-teca, o rio findo, ou bra~o sem salda; sacco.
Bahia.
PARATIGY, corr. paraty-g-y, o rio das tatnhas. Babia.
PARATY, s. c. pará-ty, a jazida do mar; o lagamar, o golpho. Con-
funde-se frequentemente com piratí (pirá-tí), o pelxe branco, a
tainha (Mugil liza, Cuv.). Rio de Janeiro.
PAR.AUNA, c. pará-una, o rio negro.
P ARt, s., o , cercado para apanhar pelxe, a cani~ada, ou curral de
pelxe. 116.
P ARIPE, c. parí-pe, no curra! de pelxe, na canl~ada. Alt. Parlme.
Bahia, 75, 116.
PARtQUltRA, c. parí-quéra ou pari-coéra, os cercados de pelxe; as
canl~adas . 25. Pode significar tambem - o cercado velho, arrui-
nado, extinto. S. Paulo. e64).
P ARNA, V. Paraná.
PARNAGUA, V. Paranaguá. 93.
PABNAllYBA, V. Paranahyba. 93.

63 - VeJa u notu 32, 153, 1M e 156.


M - ldem, t, M e 101.
- 261-

PARNAMBUf:, corr. p11.rani-mbo-é, o mar feíto á parte, para expri-


mir uma represa ou tanque a servi~o da lavoura ou da cria~áo.
Bahia. V. Paraná.
PAROBt, corr. ypá-rob-é, a lagóa de sabor amargo. Pode ser ainda
corrup~áo de ypé-rob-é que significa - a casca de sabor amargo .
Rio Gr. do Sul.
PAROBY, corr. ypa-r-oby, a lagóa verde.
PASS& ant. apassé ou yapassé, como se ve nos. velhos documentos do
seculo XVI. Ya-passé ou a-passé significa - cousa destacada -
ou separada, de allusáo a pequenino ilhéo de forma pyram1dal,
destacado ' de terra firme, existente no local. Bahia.
PATAIBA, corr. paty-yba, a madelra ou pau de paty. E' como outróra
se chamavam as ripas, tiradas do tronco da palmeira paty.
PATATIBA, corr. paty-tyba, o sitio dos patys, o pomar de patys .
Com esse nome se conhece tambem uma ave canora do Brasil
(Frlngilla plumbea, v. Neuw).
PATY, corr. upá-ty, atar o leito, ou o que serve para se prender o
leito. Nome dado ás palmeiras de cujo tronco se tlram cordas
para atar as redes. Bap. Caetano. Nome especialmente dado á
palmeira delgada e graciosa (Sya(rus botryophora, Mart.).
PATYYPE, c. paty-pe, nos patys. Pode ser corrup~ao de paty-y-pe,
que significa - no río dos patys. - Bahia.
PAUPINA, corr. ypau-pina, a lagóa limpa ou descoberta. Ceará,
Parahyba.
PAVUNA, corr. pab-una, a estancia preta, o logar escuro. Pode pro-
ceder, ainda, de ypab-una, a lagóa escura. Rio de Janelro.
PAY, s., o sacerdote, o padre, o anciáo, o pae.
PAYABUNA, corr. pay-oba-una, o padre de vestes negras, ou de
sotaina, o jesuita. 128. Dic. Br. <64a) .
PAYAPINA, c. pay-apina, o tonsurado; o padre que só tem corOa, o
coróinha, o leigo. Dice. Br.
PA'I"TUCURA, c. pay-tucura, o padre gafanhoto, ou aquelle cujas
vestes imitam a figura de um gafanhoto; o frade franciscano.
128. Dice. Br.
PEACA, cont. pe-a~aba, a travessia do caminho; onde o eaminbo
atravessa ou vem sair; o porto. 104, 114. V. Pea~aba.
PEACABA, c. pé-a~aba, a travessia do caminho, onde o cam1nho atra-
vessa ou chega; o porto. 114. Alt. Pia~aba, Pea~ava, Pea~á, Bia~á,
Mbia~á, Embia~ava.
PEACAPABA, s. c. pe-a9apaba, o cruzamento de caminho, a encruzi-
lhada. Alt. Pea9apá. (65).
PEBA, adj ., plano, chato, babeo, rasteiro, inferior. E' o nome de uma
qualldade de tatú, o Dasypus scynctus, L. Alt. Pé, Péua, Peva.

&ta - VeJa a nota 2•a.


e ~ VeJa u notae u12 e 203.
....
-262-

PECACUEM, V. Ipeeaeuanha.
PECAPARA, corr. ypeea-apara, o pato torto, ou de pernas tortas .
(Podoa surtnamensis).
PENACAMA, c. pena-cama, o quebra pettos. Nome de um principal
dos Petinguaras da Parahyba, no seculo XVI.
PENú, corr. penÜ ou pinon, a onda, a ruga ou empola. V. Yapenú.
PERAU, s. c. pé-rau, o camtnho falso; o fójo; o sumldouro; buraco
sob agua. (66).
PERAYÉ, s. c. pi-rayé, o camlnho de través; atalho, vereda.
PERCAAURI, corr. paracau-r-Í, os papagalozinhos; os periquitos.
Pernambuco. Nome antigo citado no Diario, de Pero Lopes, de 1532.
PERCICABA, V. Piracicaba.
PEREA, V. Apereá.
PEB.EBA, s., a cicatriz, a f erida com casca, a f er1da velha, a mancha
da sarna.
PEREIBA, corr. pyr-éra ou pyrera, as cascas . 25. Dlzer-se - pau-
perelra por pau-pyrera é exprimir - o pau de que se tiram cascas
para medicamentos .
PEREQU.t, V. Piraique .
PERERECA, ger-supino de perereg, saltitar, andar ás tontas. Pere-
reca é, pois, a saltitante, a estonteada, a que salta a torto e a
direito. E' o nome de uma rá que vive nas arvores .
PERIGUARY, corr. peré-guary, o encascado retorcido. E' o nome de
um buzio praieiro de 5 a 6 centimetros de comprimento, de forma
tronconica, com protuberancias na extremidade mais grossa, de
cor amarello-vermelhada. Alt. Perguary. Babia. ··
PERIGUA, corr. peré-guá, o que é encascado, o que tem casca ou
estojo. E' um buzio que vive na praia e tem urna tripa cheia de
areia; marisco de bom gasto e leve. Rot. Br. Bahía.
PERNAGUA, V. Paranaguá.
PERNAI\muco, corr. paraná-mbuca, o furo ou entrada do laga-mar;
allusáo á brecha natural do recife por onde o lagamar se com-
munica como mar. O nome paranambuca éra commum na costa
do Norte, no trecho della tomado pelos recifes, e o sentido que os
indios lhe davam era o de furo, entrada, passagem natural aberta
na muralha do recüe. No tupí do Norte, no Nheengatú, paraná-
mbuca quer dizer - jorro do mar - , allusio á embocadura por
onde elle se escapa . Muí acertadamente escreve a proposito o
autor do Castrioto Lusitano, Frei Raphael de Je~us, ao tratar
do Porto de Recite " ... uma abertura á qual os naturaes chamam
Pernambuco, que, em sua lingua, é o mesmo que pedra furada
ou buraco que fez o mar de que se forma a garganta da barra ... "
O vocabulo - paraná = pará-ná, traduz-se - semelhante ao
mar; é lagamar formado na junccáo dos rios Caplberibe e Bebe-
rlbe; é o furo, a aberta, a quebrada.

ee - Idem, 183.
- 263 -

PEROBA, V. Iperoba.
PERUHIBE, corr. lpirú-y-be, no r1o do tubario. 109. B. Paulo.
PERY, corr. ptry ou plri, o junco.
PETECA, ger.-suplno de peteg, bater, dar golpe; peteca é, pots, a
batida, tangida, a péla.
PETIBAU, corr. petYm-mbáu, o canudo de tabaco, o tubo de fumar,
o cachhnbo. ·
PETIMBABA, corr. pe~ymbaba, o charuto, ou o instrumento de fUmar.
PETINGUARA, s. c. pety-para, o mascador de tumo. V. Petym. Era
o verdadeiro nome do gentio da Parahyba, guerreiro e valente,
assim chamado por ser do seu costume trazer na boca, entre o
labio e os dentes, uma folha de .fumo, resultando dah1 sair-lhe
a baba pelo furo praticado no labio inferior. Antonio Knivet,
que esteve entre elles, assim o expllcou, e o donatario Duarte
Coelho escrevia - Petinguara e nao Potiguara que é injurioso.
Alt. Petunguara, Petiguara, Pitiguara e Pitagoar, como se ve no
Roteiro Geral do Brasil, de 1587.
PETITIBA, corr. petym-tyba, o sitio do tabaco ·ou fumo, o tabacal,
a plantaoáo de fumo.
PETUME, corr. petym, o fumo ou tabaco, a erva santa do gentlo .
(Nicotiana T .). (67).
PETYl\I, s., o tumo, ou tabaco. (Nicotiana). Alt. Petim, Petun, Betun,
Pitim.
PEúMA, s., o genro da mulher, entre os Tupís. Alt. Pluma.
PIABANHA, corr. piá-bái, o que é manchado. Bap. Caetano. Nome
de um peixe fluvial. Rio de Janeiro.
PIACA, V. Pla~ába.
P.IACABA, corr. pyá-a~aba, o traspasse de apertar, o amarrllho, a
atadura. Confunde-se, frequentemente, com pea~aba. Alt. Pia-
~aua, PiaQava. E' o nome da fibra da palmeira Atta.lea funJ-
fera. (68).
PIAQAGUERA, forma plural de plaQaba, significando - amarrllhos,
ataduras, cordas. Pode, entretanto, ser a forma flural de pea~aba
e significar - partos, embarcadouros, tra vessias de caminho. O
vocabulo alnda admitte outra 1nterpret aoáo, considerando-se com-
posto de peaQá-guéra e tomando a ultima parte como adjectlvo.
com o significado de - velho, extincto, arruinado, caso em que
peaQá-guéra se traduzirá - o porto velho. S. Paulo. (69).
PIAGA, corr. eplaga, ger.-supino de epiac, o vidente, o que ve no
futuro, o advinho. E' o feitlceiro ou pagé do gentlo. (70).

tri - VeJa a nota 10.


ea - Idem, 178 e 203.
• - Idem, 1'18 e 203.
'10 - ldem.. M3.
-264-

PIAGVBt, corr. piau-y, o rio dos plaus. S. Pauio.


PIAN, corr. py-á, a pelle alta ou cresclda; o incha.90, o tumor. E' o
nome indigena de uma molestia da pelle de mau caracter, entre
os indios.
PIAPARA, corr. pi-apara, os pés tortos. Nome de homem.
PIAROBA, corr. pyá-róba, o cora9áo amargo, pesaroso; o fél. Nome
de gente.
PIASSABUCú, corr. pea9áb-u9ú, o porto grande, o ancoradouro s.mplo.
Alagóas. 114. V. Pea9aba. Pode o vocabulo provir alnda de p~ab­
significando - o amarrllho grande, as cordas grossas para
u~ú,
atar; a palmeira grande que dá a pia~aba. V. Pia9aba.
PIATA, c. pi-atá, o pé firme ; a firmeza, a fortaleza. Pode proceder,
tambem, de pyá-átá, o cora~ao duro, 1nflex1vel; a coragem.
PIAU, corr. py-yáu, a pelle manchada. E ' o nome de um peixlnho
d'agua doce.
PIAUHY, corr. py-yaú-y, o rio dos plaus. V. Pian. 109. ('71).
PIAUNA, corr. pyá-ana, o cora9ao negro; o rancoroso. Nome de gente.
PICACú, corr. apiC&9ú, a pomba torquaz.
PICUt, corr. aplcuí, a pomba pequena, a rola.
P1NAUNA, corr. pindá-una, o anzol negro; o ouri~o do mar; a fisga.
116. Alt. Piná.
PINDA, s., o anzol, o gancho, a fisga, a garra. 116. Alt. Piná.
PINDAGUACú, c. pindá-gua9ú, o anzol grande. Nome de um principal
dos Tobayaras da Parahyba do Norte, na epoca da conquista.
PINDAHYBA, corr. ptndá-yba, a vara do anzol, a canna do anzol.
Pode provir ainda de pindá-ayba e significar - o anzol ru1m .
A dic~áo popular - estar na pindayba - é allusáo á má fort'una
de quem se vé .r,eduzido á vara do anzol para viver. Bap. C.
PINDAMIRITINGA, c. pindá-miri-tinga, o anzol pequeno prateado;
o grampo, o colchete. 116.
PINDAMONHANGABA, c. pindá-monhangaba, a: fabrica ou officina
de anzoes. 116. S. Paulo. V. Monhangaba. O nome admite ainda
outra interpreta~áo, no sentido em que o traduzlu Varnhagen -
pescaria a anzol. Neste caso, a ultima parte do vocabulo, 1sto é,
o termo monbangaba - mo-nhangaba se traduzlrá - ac9ao de
fazer correr, a corrida, e entáo o vocabulo inteiro se traduzirá -
a corrida de anzoes, ao botar de anzoes, a pescarla feita a anzol.
PINDARÉ, c. plndá-r-é, o que é proprio de anzol; o enganchado ou
fisgado; o anzol diverso ou de outro genero. Maranháo. Alt. Pinaré.
PINDOBA, corr. s., a folha de palmeira; c. plnd-oba, a folha de anzol,
aquella cujo talo serve para vara de anzol. (Attalea compacta,
Mart.). Alt. Pindó, Pindova. .,.
PINDORAMA, c. · plndó-rama, ou ptndó-ñtama, a regiio ou o pala
das palmeiras. (72) • .

'71 - VeJa a nota 115.


'12 - Veja u DOtU 1S2 e 1'73.
-285-

PIN6, · corr. pynó, o fruto do ptnhio bravo. Clatropba berbaeea


entdosculus, Marc.>.
PIOCA, ger.-sup. de pyog, o tirado do pé, o sedimento, o residuo. E'
nome de certas raizes edules. Babia. Alt. Pió.
PIPIRA, corr. py-ptra, os pés ou canellas curtas; o anáo. Pode ser
tambem o participio do veroo plplg, ferver, e entio: o fervldo,
a borbulha, a fervura.
PIPIRY, c. plpír-y, a agua ou rlo de ferver; a fl,gua borbulhenta ou
cheia de · fervuras.
PIPOCA, corr. ' py-poca, a epiderme partida ou estalada; o grio de
. milbo que arrebenta em flór por effeito da torra.
PIQUEROBY, corr. piquir-oby, o pe1xinho verde ou azulado. Nome de
um principal do gentio de Ururahy, em S. Vicente. V. Plqulra.
PIQUt, corr. py-quí, a casca aspera, esplnhenta. E' a planta Caryocar
braslllensis, St. Hil.
PIQUIA, s. c. py-quyá, a pelle ou casca suja. (Sapotaeea).
PIQUIRA, corr. py-quira, a pelle ferra; o pequeno; o miudo, o curto,
o baixote; peixirihos d'agua doce. ·
PJQUIRY, c. piquir-y, o rio dos peUcinhos. V. Plquira.
-
PIQUITIM, corr. py-qult1, a pelle riscada ou lanhada.
PIRABmi, corr. pirá-bébe ou ptrá-ueué, o peixe que vOa, o voador.
PIRABEBUY, c. plrá-bebuí, o petxe ligeiro. Paraguay.
PIRACAIA, corr. plra-quala, o cardume de pelxes. S. Paulo.
PIRACANJUBA, c. plrá-aean-yuba, o pelxe de cabe~a amarella ou
dourada. S . Paulo.
PIRACEMA, corr. ptrá-acema, a salda do petxe, o cardume por
occasláo da desova. ·
PmACICABA. corr. plrá-cycaba, a colheita ou tomada do pelxe. 21.
Designa logar, que, por accidente natural do letto do rlo. nfi.o
deixe o peixe passar e favorecer a pesca. Um salto ou quéda d'agua
é uma pirá-cycaba. S. Paulo.
PIRACUAMA, corr. pirá-guama, o comedouro ou ceva do petxe.
PJRACUARA, V. Plraguara.
PmACUCA, c. pirá-cuca, o pelxe tragante, voraz, que engole sem
morder; é como os indios chamavam a garoupa-. Rot. Br.
PIRACUt, forma contracta de plracuéra, os petxes. 25.
PIRACURUCA, c. plrá-curuca, a guelra do peixe; e alnda - o petxe
roncante, ou ruidoso. Paiuhy.
PIBACUY, c. plrá-cuí, a fa.rinha de pelxe, ou feita de pelxe aecco e
moido. 119. Amazonas, Pará.
PIBAGUABA, c. plrá-guara, o comedor de pelxe, aquelle que vive do
pelxe; o pescador. Alt. Plracuara.
-268-

PIBAGYBE, corr. pirá-¡yba, a barbatana; o bra~o de peixe. como o


traduzlu Frei Vicente do Salvador. Nome de um valoroso chefe
dos Petiguaras.
PIBABY, c. pirá-y, o ri9 do peixe. 75, 109.
PIRAIQU2, corr. pirá-lké, o peixe entra. Designa o estuario ou estelro
aonde o peixe entra para a desova ou para comer. Alt. Plraqué,
Pereque. S . Paulo.
PIRAJA, corr. pirá-yá, capaz de peixe, o vivelro de peixes. Nome pri-
mitivo do estelro vizinho de Itapaglpe, na Babia.
PIRAJú, corr. plrá-yú, forma contracta de pirá-yuba, o petxe ama-
rello. o dourado. S. Paulo.
..
PIRAMBOEIRA, corr. pirá-mboy-éra, forma plural de piramboy,
Significando - as enguias, os moc¡us. V. Piramboya. 25.
PmAMBOYA, c. pirá-mboy, o pelxe-cobra, a engia, o mo~u. S. Paulo.
PIRAMONBANGABA, c. pirá-monhangaba, a pescarla, a ac~áo de
pescar. 116.
PIRAN, forma contracta de pi.rang-a, vermelho, rubro, ruivo.
PIRANEMA, c. pirá-nema, o peixe fetido ou morrlnhento.
PIRANGA, adj., vermelho, corado, ruivo, rubro, pardo. Alt. Piran, Plrl.
PIRANBA, corr. pir-ái, o que corta a pelle; nome de um peixe voraz
<Pygocentrus) da fauna fluvial do Brasil ; a tesoura, a tenaz .
Bahia, Alagóas. Minas Geraes.
PIRAOBY, c. pirá-oby, o peixe verde ou azul.
PIRAO, corr. piró, a papa grossa, a crosta.
PIRAPAl\IA, c. pirá-pama, bate o peixe ; isto é, onde o peixe salta na
agua. Pernambuco.
PIRAPANEMA, c. pirá-panema, peixe escasso; o . que náo tem sorte
para peixe. Os guaranis chamavam o planeta Mercurio - Plra-
pane - porque a sua appari((áo no céo era signal de náo haver
peixe. Alt. Pirapané.
PIRAPó, V. Pirapora.
PIRAPOAM, c. pirá-po-am ou pirá-mbo-i, o peixe que se empina.
E' a baleia. O nome é dado ao cetaceo em allusáo ao seu nadar,
empinando-se, de vez em quando e arrojando agua para o ar .
109. Alt. Plrapui.
PmAPOAN-REPOTt, o escremento da baleia. E' como os indios cha-
mavam o ambar, encontrado nas praias. 197.
Pm.APORA, c. pirá-pora, a morada do j>eixe; o que contem peixe.
Significa tambem - o peixe salta, no tupí amazonlco. Alt. Pirapó,
Pirapura. 109. S . Paulo, Paraná, Minas Geraes. (73) .

'73 - VeJa a nota lle


-267-

PIRAQUABA, c. plrá-quara, o _buraco do pelxe, a toca. Confunde-se.


áa vezes. com Plraguara. V. Piraruara.
PIBAQUIROA, s. c. plrá-qui-r-oá, o peixe er19ado de esplnhos. (Dlodon
histrb).
PIRABA, s., a abertura, a passagem. E' o gerundio-supino de pirar,
abrir. Amazonas.
PJRARUC(J, c. pirá-rucú, o pelxe vermelha~o <SudU gigas, cuv.) da.
fauna do Amsronas. 119.
PIRASSUNUNGA, corr. pirá-cynynga, o peixe rumorento, ou o ronca-
peixe. 109. S . Paulo. Alt. Piraclninga, Plra.c inunp. (74).
. ..
PIRATt, c. pirá-t1: o peixe branco ou prateado. Pode ser tambem
pira-ti, a agua ou caldo de peixe. Confunde-se de ordinario com
piraty.
PIRATIUA, c. piratl-ua, o natural ou procedente de Paraty. 110.
PIRATININGA, c. plrá-tininra, o pelxe a seccar; o secca-peixe.
Designa rio que, por effeito dos transbordamentos, deixa peixe
fóra e o deixa em secco, exposto ao sol. E' a. expllca9io de Anchte-
ta. Alt. Piratinlm, Piratlny. S. Paulo, Rio Gr. do Sul.
PIRATIOCA, ~· piratí-oca, a casa ou refugio das tainhas. Alt. Bertioga.
V. Pirati. 129.
PIRATY, forma contracta de piratyba (pirá-tyba), o sitio do peixe;
a f eitoria ou arma9io para peixe.
PIRt, s., o junco, planta aquatlca de que se fazem estelras.
PmINA, forma contracta de piringá, a amedrontada, a timida. Nome
de mulher entre os indios.
PIRIPA, corr. pirí-ypá, a l~goa do junco, ou dos plrls. Babia.
PIRIQUARA, s. c. piri-quara, o ~o dos plrís ou do junco. Ceará,
Babia. .
PIRIRICA, ger.-sup. de piriric, agitado, volteante, llgelro; s.. a corren-
teza, o rapido. 104. S.. Paulo.
PIRIPIRI, s., piri-plri, o junco continuado; o juncal. Com o plri-piri
faziam os dios do babeo S. Francisco as suas balsas ou Juncadas.
Rot. Br., c. 19.
PIRIPmIPAU, c. plri-piri-pa6, entre os juncos, no meio dos plrís.
Minas Oeraes.
PIRtPUEIRA, corr. piri-poéra, forma plural de ptri, os Juncos, os
p~ís. 25.
PIRITUBA, corr. piri-tyba, o sitio do junco; o juncal ou Junqueira.
Alt. Plritiba, Pirituva. S. Paulo. 129.
PIRó, corr. pyr-ó, forma contracta de pyr-oba, a roupa de couro, ou
o casaco de couro. Appellido do portugués entre os indios, do
costume de andar este encourado nas suas entradas pelos sertOes.
Os bandelI'antes, no assalto ás aldelas, traziam grande gibáo
de couro a modo de dalmatica.

74 - VeJa a nota 186.



·- 268 -

PIRUA, corr. pyr-oa, a epiderme que se levanta; a bolha, a empola:


o umbigo.
PIRUNA., ~orr . pyr-una. a pelle negra; a epiderme escura; a mor~nc. .
· Vale pelo nome ~tauro ou Maura, 1\laurina. Non1e de mulher.
PITA. ccrr. py-ti, o pe firme. Como adjectivo, vale por - permanente.
constante, perenne. Pode ser tambem corrup~áo de pitá ou pitan-
ga e signiljcar - vermelho.
PITAGUARY, cor.a. petynguar-y, o rio dos petinguaras ou dos masca-
dores de fumo. V. Petinguara.
PITANGA, adj., vermelho, corado; fino, delicado, macio; a cutis
fina; sub. a crian~a. o menino. Vale o mesmo que plranga. E' o
nome da fruta acida de pelle delicada e corada da Eugenia
unülora.
PITANGUY, s. c. pitang-y, o rio das pitangas; admitte outro signifi-
cado ainda, visto que o vocabulo pitanga ou mitanga significa
t~mbem - crian9a - e entáo pitang-y ou mitang-y, se traduz -
rlo das crianc;as. l\1inas Geraes.
PITl?\-18'0, corr. petym-b-ú, beber fumo ou tabaco; aspirar o fumo.
fumar; o cachimbo.
PITINGA, s. c. pi-tinga, a pelle branca; uma molestia da pelle
affectando o pigmento, frequente no Amazonas. Adj ., grosse1ro,
rude, tosco. <Nheengatú do Rio Negro). Se procedente de uma
altera~áo de petinga (J>é-tinga), significa - de casca branra,
pintado ou salpicado de branco.
PJTITINGA, corr. pytitinga, o que s~ saboreia sorvendo. Pode ser
tambem py-ti-tinga, a pelle multo alva ou prateada. E' uma
.
especie de sardlnha de sabor delicado. Bahia.
PITú, corr. py-t-u, a pelle ou casca escura. E' o camarao - cascudo
d'agua doce. Antigamente dizia-se - poty e potyassú.
PITUBA, s., o bafo, o sópro, a exala~áo. Bahia.
PIUM, corr. pi-Ü o que pica ou morde derreado. agachado E' o
mosquito miúdo de mordedura mul acre.
PIUMA, c. py-uma, a epiderme ou casca anegrada, escura. E' uma
myrtacea de fruto preto, redondo. V. Piuna. Espirito Santo.
PIUJ\IHY~ c. plum-y, o rio dos piuns ou mosquitos. Minas Geraes.
PIUNA, corr. py-una, a casca preta. E' o nome de uma myrtacea de
fruto preto redondo.
POA~(J, s. c. pó-a~ú, as máos grandes e tambem o bra~o grande .
Significa tambem a máo esquerda, ou o que fica do lado esquerdo.
Bahía. E' um canal ou brac;o que, da esquerda do J1quit1nhonha,
vae ao río Pardo.
POATA, c. po-ati, as maos fortes, duras. Nome de homem.
POAYA, c. pó-aya, a raiz saudavel. <C~phaelis ipecacuanha).
POCABA. s., o tiro. o estampido, o estrondo: o fuzll, ou arma de fogo.
Alt. Pocava, Bocava, Mocaba.
POCACú, corr. Pysasú, novo, recente.
POCEMA, c. pó-cema, o batimento de mios, o bate-palmas.
POCBt, adj., pochií, feio, mau, ruim. Alt. Poxtm.
-269-

P()OOCABA, corr. po-c1caba, o descJ1nso da mio; o baatio, o e&Jado.


s . Paulo.
POitBA, V. Coéra ou quéra.
POEBABA, s. v. de poi, metter a máo, manipular. Poeraba é acc;io
de manipular, a manipulac;áo, o preparo de remedios; o remedio,
o medicamento.
POITA, corr. pó-itá, a mio rija, ou firme; a mio afincada, a ancora.
A pédra amarrada ·a um cabo a servir de ancora.
POJUCA, corr. yapó-yuca, o pantano corrupto, ~podrecido; o estagna-
. do, podre., Alt. Ipojuca, Pojú, Boyú, Mojú•
. -POJUCA. corr. e forma contracta de pora-jucá, . o mata-gente. Nome
emphatico de guerrelro selvagem.
1

POJUGt, corr. po-yíyí, a fibra rijidlqlma. E' o nome das tontnhas


<Scomber) entre os indios. Bot. Br.
POMBEVA, corr. po-mbeba, a mio chata, a fibra, a verga ou cipó
chato.
POMONGA, s., o visgo, o grude; pegajoso, visguentO. Sergipe.
PONGA, gerundio-supino de pong. o baque, a quéda com ruido; o
que se lanc;a abatxo.
PONGABA, s. v. de pong, a acc;áo de lanc;ar-se abailto com ruido; o
desabamento; o ruido, o estrepldo. Alt. Pongá, Pungá.
POPOCA, V. Plpoca.
PORAClt, corr. pora-ac~ o ajuntamento de povo; reuniáo para fol-
guedos entre os indios. (75).
PORANGABA, s., a belleza, a formosura. Ceará.
PORAQUÉ, corr. pora-ké, a gente adormece ou entorpece. E' o pelxe
electrico. ( Gymnotus electricus). Alt. Piraké. ·
·POBEMA, corr. pora-eyma, sem gente, sem povo; despovoado, deserto,
sertáo. Alt. Boreyma, Borema.
..
PORt, c. por-1, a gente pequena, o povo miúdo; o individuo de esta-
tura babta. E' o nome de uma das nac;óes tapuyas do Rio de Ja-
nelro e de Minas Oeraes.
POROROCA, gerundio-supino de pororog, o que arrebenta com estron-
do, o estouro. E' o Macaréo. Maranháo, Pará.
PORCS, corr. por-ú, a gente que devora, o povo canibal, o anthro-
pophago. Amazonas, E' urna nac;áo selvagem, habitante do rio
Porús, que lhe tomou o nome.
POTt, s., o residuo, o excremento, as f ezes, a borra. Diz-se tambem
tepotí, repotí, segundo a composic;áo. Confunde-se frequente-
mente com poty ou potim, o camaráo. (75a).

'15 - VeJa u notaa lOf::¡ 229 e 232.


'75a 9 BIU. ensanado o autor; pott - camar4o nlo • contunde, no tupl, com
tepotf - ucremento.
- 270 -

..
POTIGUARA, s . c. poti-guara, o comedor de excrementos. V. Poty. To-
mado, porem, como corrup~áo de potln-guara ou pot1-guara signi-
fica - o comedor de camaróes. V. Potim. Nome attribuido a um
gentlo da Parahyba, fan1oso nas guerras da conquista, no seculo
XVI . O nome Potiguara, da primeira versáo, se usado naquelles
tempos, explica-se por ser costume, entre os gentíos, chamarem os
seus contrarios por nomes injuriosos. Alt. Potiguar. (76) .
POTil\i, s. c. po-ti, as maos ponteagudas: o camario, o crustaceo .
CPcnaeus setiferus). Alt. Potí.
POTINGY, c. potin!-g-y, o rio dos camaróes. Río Grande do Norte.
V. Potim ou Poti.
POTIPEMA, s., camaráo de bocas curtas, barbas longas, e casca branda .
POTtQUEQUIA, s., o lagostim.
POTRIBú, corr. potyra-ybú ou portyr-ibú a fonte das fiores. 103 .
S : Paulo .
POTUACIPE, s. c. potú-acl-pe, no córte ou talho feito á mio, poden-
do alludir a um roc;ado, a uma picada, a um rego ou sulco telto
á máo .
POTUMUJú, corr. potumú-yú, o sustentaculo ou estelo amarello;
allusáo á madeira de construcQao civil, considerada das melhores
do Brasil, de cór amarella com urnas velas vermelhas CLecythl-
dea). Babia.
POTYRAGUA, s. c. potyra-guá, a flór variegada, de córes diversas.
PREA, V. Apereá.
PRIAOCA, corr. apereá-oca, o refugio ou casa das preás .
PROMOMBó, corr. pora-má-mbó, o que é feito em conjunto, ou todos
de uma vez . Modo de pescar dos indios, em canoa, nos rlos; caso
em que, levantando-se e sentando-se, a um tempo, todos os tri-
pulantes, a agua abalada faz que o peixe comece a saltar e ca.ir
dentro da embarca~áo. E' o que se chama - pescar de promom-
bó . S. Paulo .
PROPRIA, corr. popiá, o punhal, o ferrao, o dente de cobra . Alagoas.
PU(;A, V. Py~á.
PUCBIRO, corr. pycbyró ou pycyró o socorro, o auxllio, a ajuda. Alt.
Puchirum, Muchiró, Muchiráo .
PURUBETA, ant. Curubetá, c. curuba-etá, seixos, éalbaus. Locall-
dade no Rio de Janeiro .
PUXIl\1, V. Pochi.
PUYRA, ger.-supino de puyr, o arrependido, o que se emenda .
PYCÁ, s., a rede de pescar . Alt. Pu9á. 116.
PYPo, s. c. py-por, o rasto, o vestigio dos pés . Pypoéra é a forma
plural, significando - os rastos, as pegádas . Sumé pypoéra, as
pegadas de Sumé ou, como queiram, de S . Thomé, deixadas
fundas nos rochedos da costa . Essas marcas de pés, ou pypoeras,
a.ssignalavam-se nas vízinhan~ de Itapoá e de S. Thomé de
Paripe, na Bahia. 125. C76a).

76 - Veja u notu 10 e 21.


'1ta - Jdem, M.
- 271 -

Q
QUA, s., a atadura, cinta; a trama do tecido; o golpe, a pancada;
o tiro, o estampido; adj ., temo, delicado. Como forma contracta
de quara, significa tambem - p~o. cisterna, buraco, furo. V.
Quara. Como modifica~áo de cuá, significa - o meio, entre dous
extremos.
QUA, s., o dedo da mao . Contunde-se ás vezes com quá e cuá.
QUAA, s., o agulheiro . Como verbo significa - conhecer, saber,
comprehender .
QUAi, s., eolio, pesc~o. gargalo .
QUAM, s., o dedo da máo; ponta, proeminencia . Alt. Quá, Qua.
QUARA, s., o furo, a cova, o buraco; o esconderijo, o refugio . Alt. Quá.
QUARAHIM, corr. quara-i, o pocinho, o buraquinho, o furo pequeno,
a covinha . Rio Grande do Sul .
QUATI, c. qua-ti, o que é riscado, ou lanhado; o que traz riscas
pelo corpo . E' o Nasua dos naturalistas . Alt. Coatí.
QUATIARA, ger.- supino de quatiá, a escrlpta, a letra, a pintura, a
inscrip~áo , o letreiro .
QUAY, o preceito, o mandado, a ordem .
QUERYI\1A, corr. ker-eyma, sem soro.no; a vigilante. Nome de mulher.
QUIABA, s., teia, tecido, ninho .
QUIAPIA, voz onomatopaica da ave chamada vulgarmente Corupiáo.
QUI~ABA, corr. ke~aba, o ninho, o logar de dormir. Alt. Qulxaba,
Quixá .
QUICt, ou kicé, a faca, a lamina cortante, o instrumento de córte.
QUICEAPARA, c. kicé-apara, a lamina curva, a fouce . 123 .
QUIEPE, corr. quié-pe, na entrada . E' o nome indígena de um llhéo
ao entrar da bahia de Camamú . Bahia.
QUINDú, c. qui-ndú, a ponta rumorosa; a sallencta da costa onde
batem as vagas com fragor . Bahia .
..
• QUINHA, corr. kiya, a pimenta . V. Quiya .
QUINIMURAS, nome que alguns escriptores tomam como a.ppellldo
de urna na~áo do gentio da Bahia, no seculo XVI . Em verdade,
nada mais é do que a erronia do nome Caramurú, que alguns
franceses da quelle tempo escreviam Quirimure . Veja-se A. Thevet
- Sinrularitez. (77) .

'77 - Depola d.a publ1ea~ao do Vocabuldrio M Lfngua BrasfHca doa Jeauttaa. tee~­
munhando 1erem kit'Jlmure (ktf'Jlmur~) e ParagQa~ u duu denomina~Oee
que oa tup1namb'8 davam ' Bahta tü Todo$ os Santo1, eua conJetW'a deva
eer d~nn1tt•amente abandonada.
272 -

QUININi, o mesmo que quiririm ; s.,· o silencio, o socego, o repouso ;


adj., silencioso, calado. taciturno.
QUIFA, c. qui-pá, ou qui-pab, a estancia de espinhos, o todo de es-
pinhos . E' o cardo rasteiro dos sertóes do Norte do Brasil .
QUIPAPÁ, e qui-pá-pá, augmentativo de quipá, V. Quipá .
QUIRtl~A, c. qui-r-éra, forma plural de qui, significando - restos.
cascas, residuos, o !arelo . (78) .
QUIRICARÉ, V. Cricaré .
QUlROA, c. quí-r-oá, as pontas erguidas, os espinhos eri~ados . E'
o nome indigena do ouri~o-cacheiro do Brasil .
QUYIA, corr. ldya, a pimenta, o fruto picante . Alt. ltlnba, Quiynha .

R
REPOTY, o mesmo que potí, no genitivo de possessáo. V. Potí.
BERITIGBA, erro de copia da Cborograpbia Brasilica de Ayres do
Casal, em vez de Rerltyba, ou Reritygba, como escreveu o Padre
Anchieta . V. Rirityba . 109 .
RIRt, s.. a ostra . Alt. Reri, Leri, lrirí.
RIRITYBA, c. riri-tyba, o sitio das ostras; ostras em abundancia,
a ostrelra . 109. Espirito Santo . Alt. Lerityba, Rirituba, Irirityba .
ROCA, o mesmo que oca, no genitivo de possessáo; s. a casa, o abrigo,
o refugio .
ROCAI, o mesmo que toc.ál, s., o cercado, o curral, a manga .
RUCA, modalidade de roca, no tupí amazonico . V. Roca .
RUCtJ, V. Lucu, Urucú.
RUPIARA, o mesmo que upiara, no genitivo de possessi.o; o ovo,
o germen; a procedencia, descendencia, a raoa. Alt. Rupiá.

s
SABABO, corr. sambá-ó ou tambá-ó, a concha espessa, grossa .
SABARA, ant. Tabará., de que se fez Tabarabo~ú, como se vé em
velhos documentos . Tabará é a forma contracta de Jtabaraba
Itaberaba que é ltá·beraba, a pedra reluzente, o crystal.
SABARABUC(J, ant. Tabará-1>o9ú, corrup~io de Itaberaba·u~ú, que
slgnlflca pedra reluzente grande, ou o crystal grande, que tambero

'71 - VeJa a nov. m .


- 273 -

se entende como serra resplandecente, logar lendarlo entre os


colonos do primelro seculo da conquista. E1s o que, a respelto,
nos diz o historiador Gandavo: "'A esta Capltania de Porto Se-
guro chegaram certos indios do sertáo a dar novas de umas
pedras verdes~ que havla nurna serra muitas leguas pela terra
dentro e trazíam algumas dellas por amostras, as quaes eram
esmeraldas, mas náo de muito pre~o; e os mesmos indios disiam
que daquellas havia multas e que esta serra era mul formosa e
resplandecente ... ,, Esta serra resplandecente que o gentlo em
sua llngua chamava Ita~erabu~ú, transformada por corru~áo
em Taberabu~ú e mais geralmente em Sabarabu~ú, vae ser, por
todo o seculo seguinte, o alvo das mais arrrojadas expedl~óes
sertanejas.
SABAUNA, cqrr. tambá-una, o concha preta; uma especie de mo-
lusco de agua doce. s. Paulo .
SABIA, corr. ~oó-biá, o animal aprazlvel, mavioso, E' o Turdus sablá.
Alt. Sobiá. (79) .
SABIGEJUBA, nome tupí do vinhatico <Chrysophyllum Vlnha-
tico, Cas.) .
SABOGY, corr. ~apó-r-y, o rio dos clpós . Rio Gr. do Norte.

SABOó, corr. ~apó-ó, a raiz muito grossa, como as da figueira brava
ou gamelleira. S. Paulo. Alt. Sabohó.
SABOUNA, corr. ~apó-una, a raiz negra ; o tuberculo escuro . Alt.
Sabauna.
SACY, s. c. ~a-cy o olho doente . Nome de genio malefico da mytho-
logia selvagem, que se suppóe representado por um negrinho,
trazendo á cabe~a um barrete vermelho, o que já denuncia in.flu-
encia africana . O sacy, por ser dotado de vivacidade extraordi-
naria, é chamado Sacy-perere . No valle do Parahyba, a crendi-
ce popular t em o Sacy como um negrinho irrequieto e malefico,
tendo um dos olhos doente <~a-~y) e outro muito vivo e boli~oso
~a-pereré) ; dahi a denomina~áo ~ Sacy-sapereré ~ com que é
conhecido na regiáo. E' voz onomatopaica d~ ave do mesmo nome.
SAGUIM, corr. ~a-cai, os olhos inquietos, vivos . Pronunciam outros
souim, que é corrup~áo de ~oi-i.m, o bichinlio, o animalejo.
SAHIRY, corr. ~ai-r-y, o rio dos sahís. Ceará .
SAHY, s. c. ~á-y, a agua dos olhos, a lagrima . Diz-se tambem ~á-r-y.
Pode o vocabulo proceder de ~á-t, os olhos esbogalhados, para
exprimir o olhador ou mirador. Nome dado commummente ás
• ~ves do genero Tanagra . <Bapt. C .)
SAICAN, corr. i~á-1-cang, o galho secco . Rio Gr. do Sul.
SAIOBY, corr. ~ai-oby, os sahis azues, o azuláo. V. Sahy.
SAIR2, corr. ~á-yeré, a corda em glro; especie de dan~a de rapazes
V. Samba.
SAMAMBAIA, corr. ~ama-mbai, o trancado de cordas; cordas entre-
la9adas formando parapeito; cordas emaranhadas; allusio á

70 - VeJa u notu 129 e 180.

-
-274-

trama confusa dessas plantas sociaes, invasoras <Fellx hubacea).


No Norte do Brasil a samambala é uma TilandsJa, vulgarmente
conhecida por barba de velbo, composta de filamentos ema-
ranhados .
SAMAU1\1A, corr. 9ama-yba, a arvore de corda, ou que tem fibras
que dio corda . (Eriodendrum Samauma, Mart.). Alt. Samayba
Samauba, Samauva, Sumawna, Subauma.
SAl\IBA, corr. ~ama ou ~amba, a corda ou cordio; ca.dela 1eita de
mios dadas por pessóas em folguedo ; a da.nea em roda . Babia,
Norte do Brasil . Bap. Caetano .
SAMBA, V. Tambá .
SAMBAIBA, corr. ~1ma-yba, a arvore de corda . <Curatella 8am·
baíba, S. Hll.>.
SAMBAQUI, corr. tambá-quí ou melhor tambá-lú, a jazida de ostras,
deposito de ostras. E ' o amontoado de cascas de ostras devido
ás tribus selvagens que viveram á beiramar, restos de cozinha,
o mais das vezes. V. Tambá .
SAMBAQUIXABA, corr. tambá-qu.J.xaba, a jazida ou banco de conchas.
Nome de uma localidade na ilha de Fernando de NorQnha . V .
Tambá .
SAMBARERt, V. Tambareré.
SAMBAYBA, corr. ~amba-yba ou ~a-yba, a arvore de corda ou
que dá fibras para corda, como a palneira. <Curatella Sambalb&,
St. Hil.) . Alt. Sambauba, Sambauva, Samauva, Sumauba, Su-
mauma, Subauma . Pode ser tambem corruPCi.o de Tamba7ba.
V. Tambayba.
SAlUBt, corr. ~imbé, o alcantil, o cume . Rio de Janelro.
SA~lBORA, corr. ~á-mbora-á, o que se colhe dentro do olho, o que
se retira do centro ou interior . E' o pallen das flores; a melsa
amarella do ninho das abelhas . Pode ser corr. de tebori, o que
vae ser mel . Bap. Caetano.
SAl\UM, s. c. ~-mi, os olhos bull~osos, ou que p1scam .
SAMONGO, corr. ~a-monga, os olhos viscosos, remellentos; o ato-
leimado .
SANGA, corr. ~anp, o espraiado, derramado, o alagado, a solta .
Río Gr. do Sul.
SANGAY, c. ~anp-y, a agua do espraiado ou alagado. Rio Gr do Sul
SA.NllACO, forma aportuguesa do tupi - sahy·a~ú, o sahy grande .
Sta. Catharina. V. Sahi .
SANllARó, corr. ~oó-nbaró o bicho branca; antmal agitado . E' o
nome de uma abelha preta mordaz. <Trlgona Amalthea, Ollv.).
Alt. Sanbaráo, Sonharáo.
8.Aó, corr. ~á-ó, olhos tapados .
SAP!, corr. ~á-pé, ver camtnbo, a.iluminar. E' a gramlnea conhe-
clda de que se f ar.ein tachos, e tectos de babita~o <Saccbarum
sapé).
SAPECAR, v. braslleirlsmo de procedencia tupi, derivado de fapec,
tostar, chamuscar, crestar ao togo.
- 275-

SAPIRANGA, corr. e~á ou ~á-piranga, os olhos vermelhos, inflamados.


SAPIROCA, corr. ~á-piroca, o olho esfolado; palpebras que descamam
ou perdem a pelle .
SAPITICA, corr. ~á-pí-tica, o olho de palpebra quebrada; em outros
t ermos - olhos quebrados, olhos de namorado . Appllca-se o
termo sapltica vulgarmente para dizer que é pessóa dada a na-
moro . Babia . Alt. Sahitica.
SAPOCA, c. sá-poca, os olhos abertos . Designando locall~ade da
costa, vale como - abrolhos . Babia.
SAPOPEMA, corr. ~apó-pema, a raiz esquinada, ou faceada, a que
se cilspóe em forma de parede, como nas flgueiras bravas ou
gamelleiras . (Ficuum rel.) Rio de Janeiro . Alt. Sapapemba.
SAPUCAHY, corr. ~apucal-y o · rio das sapucalu . Minas Geraes.
V. Sapucala.
SAPUCAIA, corr. ~apucaia, s., o grito, o clamor; o gallo, a gantnha .
Como corrupc;áo de ya~apucaí é o fruto conhecido por sapucaia
(Lecythls) •
SAPUPARA, corr. ~apó-apara, o cipó ou raiz torta, retorcida. Ceará .
SAQUAREl\mó, corr. socó-r-embó, o arr-0io dos socós. V. Socó.
SAQUAREMA, ant. Socorema, c. socó-rema, a catinga ou fétido dos
socós . Rio de Janeiro . V. Socó .
SARACURA, se fór tupí, pode provir de tara-cura, engole mtlho.
E ' o nome da ave pernalta (Aramides), chamada gallinha d'agua,
cujo cantar parece dizer - tres potes, tambem conhecida no
Norte do Brasil por Sericoia .
SARACURUNA, c. saracur-una, a saracura preta. Rio de Janeiro.
SARAMBÉ, corr. ~arii-bé, o que permanece esquecido; o que fica
alheio ou absorto .
SARAN, corr . ~á-rá, a corda solta, desatada; hastll. E' o nome de
um arbusto, crescido sobre pedras, á margem da corrente . Sul
do Brasil.
SARANDY, corr. ~arandyba, o desllsadeiro, as longarinas por sobre
que deslisam as madeiras . Pode ser tambero corrup~áo de ~aran­
d-y, o rio dos sarans . Rio Gr. do Sul. V. Saran.
SARAPó, corr. ~a.rá-pó, o que escapa ou escorrega da máo . E' o
nome de um peixe de agua doce, em forma de enguia. Sul do
Brasil.
SARAPUHY, corr. ~arapó-y, o río dos sarapós. S. Paulo. V. Sarapó .
SARARA, corr. y~á-rará, formigas saltas; especie de formiga que
enxameia depois das primeiras chuvas, de cór arruivada, fulva.
Chama-se vulgarmente - sarará - ao ind1V1duo de ~abellos
fulvos, de um amarello tostado . Como mesmo nome se conhecem
• uma especie de mariposa e um passaro .
SARARABY, corr. ~arará-y, o río das mariposas . Babia.
SARIEMA, corr. ~ariama, c. 9arí-ama, a crista levantada, alta . (01-
cholophus cristatus, m.>. Alt. Seriema.
SAJf,Ut, corr. ~oó-r-lghe, o animal de sacco. <Dtdelphis). Irhi·lke
é a entrada, furo, seto, sacco . 109. Alt. Sarirue, Sarigueya, Sori¡he.
- 2'16 -

SASStJ, corr. ~acy, especie de beija-flor, collbri <Coraelna). Alt.


Sassy, S~ú.
SASSOBl'., corr. ~cy-y, o ·rlo .dos beija-flores. Mtnas Geraes. V.
Sassú.
SASSURANA, V. Tatarana. V. 78.
SAUBARA, corr. i9á-uara, o comedor de fon:niga.s, das que, no Brasil,
se comiam, em outr'ora. Pode tambem proceder de i9aub-uara,
o comedor de formlgas-mestras, ou tanajuras. Babia.
SAUNA, corr. 9a-una, os olhos pretos. Nome de um pelxinho do mar
de olhos multo pretos. Babia .
SA'OVA, corr. y9áub, ou y9á-ub, o pae das tormigas, a formlga mestr-..
Pode ser corru~o de y9á-ayba e significa - a formiga má.,
a que destróe as plantas. Alt. I9auba, ~auba, ou Saúba, Sauv~.
SENTUCÉ, antigamente - santucé, como se le em manuscriptos de
1759 . Nio é vocabulo do. tupí. Babia.
SEPETIBA, corr. ~pé-tyba, o sitio dos aapés, o sapezal Alt. Sapetyha,,
Sepetiba, Sipitlba. Rio de Janeiro .
SEREHYBA, corr. ciri-yba, a arvore dos sirís, porque das folha.s
amarellas, caldas dessa planta se nutrem os siJ.·is e carangueijQS.
Alt. Sárahyba, Sarayva, E' o nome de uma especie de mang\,J• .
SEREBYTINGA, corr. ciriyba-tinca, contracto em clry-tinra, o
mangue branco . V. Serehyba . Alt. · Siritinca . (Avicena Dlti4a
tomentosa) .
SEB.EIBUNA, corr. ciriyb-una, o mangue preto. V. Serebyba .
SERGIPE, ant. Cirigype, c. ciri-a-pe, no rio dos siris. Alt. Sirigype.
Sirgipe, Sergtpe.
SERINBAEM, corr. cirí-nhae, a panella de siris; a bacia onde ~ij,a
se refugiam; o viveiro dos siris. Pode proceder de eiri-nhee~ o~
siris rumorejam . 109. Pernambuco .
SERNAMBITYBA, corr. 9urunamby-tyba, o sitio dos sernamb1s; onde
esses mariscos abundam; o deposito de mariscos . No Norte do
Brasil equivale ao Sambaqui do Sul. V. Sambaquí, Samamttl.
Babia, 109.
SERNAMBY, corr. cér-namby, proprio de orelha. E' a concha branca
e bella de que os indios f aziam ornatos, brincos .
-
smIPIRA, corr. c1bepyra, a alisada, a esfregada; allusio á madetra
pesada, rija, que ná.o fende e recebe bom pollmento. Bot. Jlr.,
c. 66. (Bowdichia virgilioides» . Babia. Alt. Seplplra, Sipipit,a,
- -
Sapoplra, Sucupira, Secupira, Sebipira .
.-
SINIMBV, s. c. cy-m-bú ou cyn1-bú, scintilla~óes emitte, o que mostra
cambiantes, o lustroso. O termo cy é - brilho, lustro, sctntU-
l~o; cYni é uma forma plural, traduzindo - scintllla~óea.
brllbos cambiantes; bú é o verbo - sair por .si mesmo, emittir.
E' o camaleáo (lpana. tuberculata) .
SIPITIBA, corr. apé-tyba ou ~petyba, o sitio do sapé, o sape.,.¡.
Rio de Janelro.
SIPó, V. Cipó.
SIPOTUBA. corr. elpó-tyba, o sitio dos cipó.s, ou clpoal.
- 2'77 -

SIRf. corr. cirí, o que corre, ou desllsa. E' o crustacio conheeldo .


Alt. Seri.
SIRl-BOYA, s. c. ciri-boy, o sirí-cobra: é um pequeno crustacio de
• cór terrosa, com manchas sobre o casco, como as da cobra.
Amea~ado, náo corre; lmmoblliza-se, como que tomado de es-
tupor. encolhe-se e espera, confiado no mimetismo que o protege.
SIRmtJ, corr. ciri-ú, os sirís comem; onde ha siris. Sta Cathar1na.
SIRIOBt, corr. cirí-oby, o sirt azulado ou verde. V. Sirí .
SIRIRY, corr. clri-r·y, o rio ou agua dos sirts. Sergipe .
SmITINGA, V. Serebytinga.
SIUPt, corr. .;oó-pé, o trllho do an1mal da cac;a . Ceará .
1

SOCA, s., a lagarta, a larva, da borboleta, B.ot. Bras., c. 118.


SOCATINGA, corr. soca-tinga, a lagarta branca . Ceará .
SOCAUNA, c. soca-una, a lagarta preta . Rot. Bras., c. 116.
SOCó, corr. ~oó-có, o bicho que se arrima, ave que tem por habito
arrimar-se num pé só; é nome commum ás pemaltas <Ardea
brasiliensls) .
SOCó-BOI, corr. ~oo-có-boy, o socó-cobra . Nome de uma ardea que
esconde o corpo debaixo d'agua, m~strando só a cab~a e parte
do ~~u ext r::i.nrcitná rio p ~s coco . com o .oue simula urna cobra, sur-
ITTndo á superficie d'agu.a. <Ardea scapn1aris. ID). V. Socó.
·SOCOPENUPA. c. socó-pe-nut>á. pancada nos socós. Nome primitivo
da lagóa de Rodrigo de Freitas. Rio de Janeiro.
SOLT!'tlOES, corr. ~orfman. alt. sorimio. sollmio, donde Sollmóes;
nome rle um?. t rih11 selvacrem do Alto Ama7.onas aue deu o seu
appellido á parte do grande rio, acirna do Rio Negro . Cas .
SOó, s., o animal, o quadrupede ou quadrumano, náo se comprehen-
dendo nesta denominac;áo nem os peixes, nem as aves; a ca~a..
a carne; o bicho .
SORIGUt, V. Sarué .
SOROCABA, s. v. ~orocaba, a ruptura, o rasgáo, em allusio ás ras-
gaduras nat uraes do solo, em torno da cidade. S . Paulo. V.
Bossoroca.
SOROROCA, s. v., lacerado, lanhado, rasgado. E' o nome de um peixe
abundante nas costas do Norte do Brasil, chegando de arriba~áo
a Bahía, em tempo de vera.o. Rot. Bras. .
SUACUCANGA, corr. ~oó-a~ú-canga, osso de veado; é o nome de
• u'a made.ira branca, imitando o marfim, propria para marche-
taria. Rot. Bras., c. 69.
SUA.l\f, corr. ~oó-á, o espinhac;o do animal, a esptnha dorsal. Alt. 'Soá,
Sui. S. Paulo, Minas. 109.
SUAPE, s. c. suá-pe, na face, na frente; no rosto. Nome de extensa e
bella praia de banhos na ilha de Madre dé Deus. Babia.
SUASSú, corr. coó-a~ú, o animal grande, a ca~a de mats vulto, o
veado ou cervo. 109. Alt. Sua~ú; Gua~ú, Sussú, Assú. (80).

80 - VeJa aa notu 124 e 180.



-278-

SUASSUBJBA, corr. ~oo~ú..berá, o veado lustroso, ou pello 1121Jd10.


109. Pode ser tambem corru~áo de ~ú-plri, o veado \'el'ID.elho
ou pardo. Alt. blrá, virá.
SUASSUCANGA, s. c. sooa~-canga, osso de veado. E' o nome indigena
do pau marfim. Rot. G.
SUASSUGAIA, corr. ~ooa~ú-cala, a quelmada dos veados. Parabyba.
SUASSUHY, corr. ~~ú-y, o rio dos veados. 109. Minas Gera.es.
SUASSUMÉ, corr. ~oo~ú-mé, é como o gentio chamou a cabra, 1ntro-
duzida pelo europeu. 124. (80).
SUASSUPE, corr. ~oóa~ú-pe, nos veados. Parahyba.
SUASSUPITA, corr. ~oo~ú-piti, o veado vermelho. 109. V. Suassublrá.
SUBAÉ, corr. ~bay-é, o que se liga ou adhere em frente; allusio á
confluencia do rio defronte. Nome de um dos rios que formam
o de Sergipe do Conde. ao fundo da Babia de Todos os Santos.
SUBAUMA, V. Samauma.
SUCURt, corr. ~uú-curi, morde rapido, atira o bóte. E' a serpente
aquatica Eunectes murinus. Alt. Socori. Designa tambem urna
especie de ca~a ou tubaráo.
SUCURitJ, corr. ~uucmi-yú, forma contracta de 911acurl-yaba. a
sucuri amarella. Alt. Sucuriuva. V. Sucuri.
SUCURICANGA, corr. ~uucari-canga, a ossada do sucur1. Alt. Sucri-
canga. Babia.
SUCURIUBA, corr. ~uucuri-yuba, a serpente amarella, ou de escamas
amarelladas. V. Sucuriú.
SUCURIBY, corr. ~uacuri-y, o rio do sucuri. V. Sucuri.
SUCUPIRA, V. Sibiptra.
SUCUAYA, corr. ~u~ú-aya, o remedio de tremer; allusio ao treinor
que produz o uso desta planta, que é o fumo bravo ou eanudo.
Rlo Grande do Sul, S. Paulo, Minas Geraes. Pode ser corru~io
de cooa~ú-aya, o veado manso, a cabra.
SUIRIRt, s., nome 1ndigena do nosso - bem-te-vi, perseguidor de
gavi6es. (Pitangus Sulfuratus).
SUMAR'-:, corr. ~amá-ré, tende a ligar, o llguento; o grude, a cólla.
E' a orchidea Lytopodium glutiniferum, Baddi, que dá um sueco
como cólla, multo usado no fabrico de instrumentos de corda.
SUMt, nome de uma personagem mysteriosa, appareclda. entre o
gentlo a ensinar-lhe o cultivo da terra e o bem entre ~ homens.
Alt. Zomé, Tomé, Zumá. 125.
SURUBtM, corr. ~oó-r-oby, o animal azulado, com lalvos azues. E' o
petxe do genero Platystoma, dos maiores da fauna fluvial; cha-
mado Jahú, no Sul do Brasil. 109. Alt. Sorubl, Suruvi.
SURUBfú, corr. ~ooroby-ú, come o surubj?n, ou onde ha surubim .
Pode ser tambem corrup~áo de ~ooroby-Ü, o surublm escuro.
SURUCUCCJ, corr. ~uú-ú-ú, morde muitissimo; é a cobra venenosa
e horrida do Norte do Brasil. <LachaesJs mutus, Daud.). Pode
ser tambem corru~áo de ~06-ú-ú, animal que morde multo. 27.
-279-

SURUPmA, corr. surú-plbo, pelos pés desllsa ; o que é ligeiro de pés;


o pé leve. Nome de um maioral dos petiguaras. Parahyba.
SURURú, corr. ~oó-rurú, o bicho humido ou encharcado. O sururú é
mexilao que vive apinhado e mettldo na lama do mangue, onde
denuncia a sua presen~a pela agua que verte. (Mytllus pema).
O vocabulo pode proceder tambem de ~1ll'Ul'1Í, que significa. -
atolado. Babia~
SURURUY, corr. ~oorurú-y, o rio dos sururús, ou mexllhóes. Pode ser
tambem corrupc;ao de ~ururui; s. a casa de cupim de forma
conica, a termiteira. Alt. Suruhy. Rio de Janeiro.
SUSSUAPARA, . corr. ~ooa~ú-apara, o veado galheiro. 109. V. Suassú.
SUSSUARANA, corr. ~ooa~ú-arana, o que se assemelha ao veado; o
que tem a cor do veado. E' o nome de um fellno de pelle parda.
<Fells concolor).
SUSSUBY, corr. ~ooa~ú-y, o rio dos veados. V. Suassuhy.
SYRA, s., a enxada, a cunha de pedra para cavar a terra e fazer a
sementeira.

T
TA, s.,contrac~ao de taba ou taua, a aldeia, a povoa~ao do gentio.
Como aff1xo significa: haste, tronco, espiga, o pé da planta; o
pello, a pluma, a lá. Quando entra na composlc;áo de nomes de
plantas equivale a caá; quando no de nomes de abelhas, vespas,
etc., corresponde a caba. No geral, pode-se traduzir ta, quando
em composic;áo, por - individuo, causa, entidade, aquelle que é.
TABA, s., a aldeia, a povoac;áo, o arraial; no tupí-guaraní, taba; no
tupí amazonico, táua. Alt. Tab, Táuba, Tá, Tap. 112.
TABAGY, corr. taba-g-y, o rio da aldeia.
TABAGYPE, c. taba-gy-pe, no rio da aldeia. 75. Alt. Taparype.
TABAINHA, corr. taba ..~ a aldeiola, a aldeia pequenlna. Ceará.
TABAJARA, corr. taba-yara, os aldeióes, os moradores ou donos das
aldeias. 112. Nome de uma na~ao do gentío da Parahyba.
TABARABU~ú, corr. itaberab-u9ú, a pedra reluzente grande; encosta
grande de pedra reluzente; o crystal grande. E' o nome de que
se fez, por corrup~ao, o de Sabarabu~ú. V . Sabarabu9ú, Itaberaba .
• Monsenhor Pizarro, nas suas l\lemorias Historicas, escreveu
Tabarabo~ú.
TABARt, c. taba-ré, dado ou propenso á aldeia. V. Taba. o vocabulo
tabaréo, usado na Bahia para designar um componio, ou homem
' do matto, talvez proceda deste nome tabaré. 112.
TABATINGA, corr. tauá-tlnga, o barro branco, o barreiro de argilla
branca. 107. Amazonas. (81) .

&l ,.. Veja a nota le7.


-280-

TABATINGUERA, c. tabating-uéra, forma plural de tabatinp;


significa - os barreiros de tabatinga. S. PaUlo. 112.
TABIA, cor.r. tapiá, os testiculos. Nome de um principal dos Tobaya-
ras da Parahyba, no seculo XVI, procedente, d~ certo, ·je algum
defeito physico do homem que o trazia, orlgem de quase todos
es appellido~ em povos barbaras.
TABIBUIA, corr. ta-bebúi, baste ou .tronco que flutua. E' o nome de
uma madeira leve, branca, servindo para o fabrico de tamancos
e instrumentos musicos. (Triplaris). V. Ta.
TABIMAN, s. c. taba-imá, a aldeia velha.
TABIRA, corr. ta-bira, o tronco empinado, a haste em pé, o madeiro
erguidb. 10.9. Nome de uma ·p rincipal dos Tobayaras, que se con-
verteu ao christianismo; tao valente e astucioso era na guerra
que, no seu tempo, ,e ra tido como - o tallsman das Victorias. ·
Pode ser tambero corrupc;áo de itá-'bira, a pedra empinada ou
erguida.
'
TABOCA, c. ta-bóca, a baste furada, o tron~o oco. E' a graminea
conhecida (Bambusa). V. Ta. Alt. Tapoca, Tauoca, Tabó, Taó.
TABOó, corr. tabó-ó a taboca grossa ou encorpada. Pode ser tambero
corrupqao de sabó-ó, a raiz grossa. V. Saboó.
TABORAHY, V. Itaboraby.
TABURUGY, corr. tapurú-g-y, o rio dos vermes ou dos bichos. Rio.
TACANBUNA, corr. tacóe-una, membrum nigram. E' o nome de uma
tribu selvagem do Pará.
TACAR.t, c. ta-caré, a haste encurvada ou torta. Nome de uma varie-
dade de mandioca.
TACOARA, V. Taquara.
TACOATIVA, corr. taquá-tyba, o taquaral ou sitio das taquaras. 'V.
Taquara.
TACONBA, corr. ta-coe, a haste gemea, membrum virile. Alt. Tacóé.
TOCONRA-OBA, corr. tacóe-oba, s. folium quo membrum involvunt.
Era um tecido, ou entrecasa de que se serviam oc indios para
guardar as partes pudendas. V. Taconha.
TACO-TACO, corr. tag-tag, o estalido repetido. E' o nome de uma
especie de formiga que faz ruido ao cortar as plantas.
TACUMBORt, s. c. ta-cumbori, o pé de pimenta; a pimentelra. Nome
de um jornal da epoca da independencia e da redac~áo do D.
Ferreira da Nobrega, patriota exaltado. Babia.
TACUNAS, corr. taco-una, o quadrll negro. Nome de urna tribu selva·
gem do Amazonas.
TACUP.t, c. ta-cupé, atrás da aldeia ou villa. V. Ta.
TACURUBA, corr. itá:-curuba, peda~os de perira, cascalbo, se!xos.
TACY, corr. tací, a formi.g a. Alt. Tahy. ·
TACYBA, s., a formiga em geral. Alt. Tacy, Tachí, T~uba, Ta9ú.
TAGIPURú, c. tay-purj, a vela ruidosa, canal por onde corre a agua
com mais for~a. E' um bra~o do Amazonas ao sul da llha_de
Marajó. Significa propriamente: - bra90 de rio agitado. Pará.
- 281-

TAGUA, contr. taguaba, pedra ou argllla de comer; barreiro. Alt.


Taguaba, Taguá, Tauá. V. Itaguaba. Pode proceder alnda de
ltaguá, ou itá-guá, significando - pedra ou argilla variegada,
de cores diversas. (82).
TAGUAHY, V. Itaguay.
TAGY, o mesmo que tay, bra~o ou galho de rio; furo, canal.
TAIB(J, corr. tii-bú, o focinho preto ou queixada preta. E' nome te.in-
b ~m de um marsupio ainda chamado - gambá. Alt. Timbú.
TAIPOCA, corr. ta-y-poca, a · haste ou tronco que estala.
TAJAIIY, corr. tayá-y, o rio· dos tayás (Aroideas). E' a taioba CCala-
dium esculentum). Alt. Itajaby. S. Catharina.
'l'AJUBA, corr. ta-yuba, o tronco amarello, o pau amarello. E' a mesma
Tatajuba. V. Tatajuba.
TAI\·IAND~"tQ, s. c. tamanda-ré, depois da volta ou em seguida ao
rodeio. Pernambuco. E' tambem o nome do Noé da lenda do
deluvio entre o gentío brasilelro. 125. Segundo Baptista Caetano,
Tamandaré pode proceder de Tamoindaré (tab-moi-incta-ré): -
aquelle que fundou povo, isto é, o repovoador da terra. (83).
TA.1,IA.r-;DUÁ, corr. ta-monduá, o ca~ador de formigas. O componente
- ta - é como urna forma contracta de tacy, a formlga. E' o
nome tupí dos 1\lyrmecophagas.
TAl\IANDUATEY, corr. tamondoá-teí, tamanduás em grande numero.
<Mont.).
TAI\IARACA, V. Itamaracá. 107.
TAl\IBA, s., a ostra, o mexilháo, o conteúdo da concha; o n1onte de
Venus. Alt. Sambá, Samá, Tamá.
TAl,IBAHú, c. tambá-ú, o marisco come ou vive; onde ha mariscos.
V. Tambá.. Pode ser tambem corrupc;áo de tambá-Ü que se traduz
- a concha ou marisco preto. Alt. Sambau, Sambauna, Sabauna..
TAJ\illAIBA, corr. tambá-yba, o pau ou arvore dos mariscos; allusáo
ás conchas que adherem, em grandes pinhas, aos troncos e raizes
das arvores de mangue. Alt. Sambayba.
TAI\IBAQUA, V. Tambaquara.
TAl\iBAQUARA, c. tambá-quara, o buraco das ostras ou mariscos; o
orificio vulvar, a vagina. Alt. Tambaquá, Sambaquara..
TAJ\IBAQUARÉ, c. tambaquá-ré, o alm!scar da vagina; o felti~o
amoroso, ama vio, philtro, os meios amorosos de seduc;ao. Alt.
Tamaquaré, Sambaquaré. Designa tambem urna arvore da matta
virgem que dá . um oleo medicinal muito aromatice. Pará.
TAl\IBAQUt, c. tambá-quí, o residuo de ostras, o casqueiro. Tambá-
quí, a ponta do monte de Venus, o clitoris. Alt. Sambaquí.
TA.l\fBARERt, c. tambá-rere, o conducto do monte de Venus, a vagina.
Alt. Sambarere. V. Tambá.

82 -VeJa a nota 167.


83 - ldem, 242 .

-282-

TAMBOEmA, corr. teomboéra, os restos; o cadaver, os residuos inutels.


TAMBORY, s. c. ta-mbo-ry, tronco que faz manar; tronco escorrente,
ou que deita humor. Alt. Tamburll.
TAMETARY, corr. ltametar-y, o rio dos ornatos de pedra ou das
pedras de bei~o.
120. V. ltametara.
'fAMOYOS, V. Tamúya.
TAMUATA, corr. tambú-ata, caminha ou anda de tropel, faz rumor ao
andar. E' o peixe d'agua doce que anda no matto aos estreme~óes
com ruido. <Cataphractus Callicythys). Alt. Tamoatá, Camboatá.
TAMUYA, s., o avo. Alt. Tamóe, Tamoyo, Tamoye. Salvador Corréa
de Sá escreveu - Tamóes - de refereneta ao gentio do Rio de
Janeiro.
TANAJURA, c. ti-ayura, a formtga vinda, a que se ala e sae do for-
migueiro; a f ormiga grande cheia de ovos.
TANGARA, corr. atá-cará, andar aos saltos, o pulador, em allusáo
ao costume da ave deste nome (Tanagra) brincar aos saltos,
dous a dous. Bap. Caetano.
TANGUA, c. tá-guá, a baixa das formigas; pode ser tambem - o
papa-formigas - Rio de Janeiro. •·
TANDA~('], c. tanha-a~ú, o dente grande; nome tupí para o porco
do matto. 109, 124. Alt. Táya~ú.
'!'AOCARA, V. ltaocara.
TAPACURA, s., os cueiros, as ligas.
TAPAGYPE, V. ltapagipe.
TAPAJóS, ant. tapayó, corr. tabayó, o que procede das D.ldeia.s; nome
de uma nac;áo selvagem de que procede o do affluente ,do
Amazonas.
TAPANHUNA, corr. tapuy-una, o barbaro preto ; o negro africano.
Alt. Tapuyun, TapanhÜ. (84).
TAPANBUNACANGA, corr. tapuyuna-acanga, a cabe~a do negro. 107.
Minas Gerraes. V. Tapanhuna.
TAPARA, c. tá-pará, rio preso ou eolhido. E' como se chama, no
Amazonas, a agua da enchente que permanece estagnada, dentro
da matta, logo que se declara a vazante, e onde o petxe se accu-
mula de modo prodigioso á medida que, com a secca, o estagnado
se reduz. (Rangel) . Amazonas.
TAPAYUNAQUARA, corr. tapuyuna-quara, o covil ou refugio de
negros, o quilombo. V. Tapanbuna.
TAPEBARA, corr. tapé-uara, o vivente ou morador das taperas.
TAPECACtJ, c. ta-pe~~ú, por taba-~~ú, a aldeia nova. 128.
TAPECUR(J, V. ltapecurú.
-
TAPECBAY, corr. ta-plcba1, o individuo crespo; o encaraptnbado.

84 - VeJa a nota 188.


-283-

TAPEMIBDI, c. tapé-mlrlm, a tapera ou ruina pequena, a tapera-


zinba. Pode ser corrup~io de ltapé-mlrim, a lage-pequena, a
lagez1nha, o 111geadinho; pode ser ainda - tapé-mirim, por apé-
mirim, e significar - o caminhoztnho, a trllha. 107.
TAPENDl, c. tapé-ndí, o companheiro das ruinas, o animal que móra
em ruinas, como as corujas, morcegos e andorinhas.
,.. TAPtQU&, s. c. tapé-ke, as ruinas adormecidas, solitárias; pcde signi-
ficar tambero - o caminho tranquillo, socegado, ou quP, se interna.
Com o mesmo nome se conhece urna arvore grande, de folhas
persistentes, ainda durante a secca; o nome Tapequé vem-lhe
do facto de crescer em taperas ou ruinas, como a '.faperá ou
Taperoá.
TAPEPITANGA, corr. ltapé-pltan:a, as lages vermelhas. Bahia.
TAP.&RA, corr. tab-éra, a aldeia extincta, a ruina, logar onde exlstiu
uma povoa~io. Alt..Taruéra. V. Taba. (85).
TAPERA, c. taper-á, tomado ou saldo das ruinas. E' o nome da ando-
rinha (Hirundo). V. Taperoá. (86).
TAPEREBA. corr. tapereuá ou taperaá, o que vive em ruinas ou mora
nellas; arvore que cresce em ruinas. V. Taperoá.
TAPEREIRA, corr. tapér-eíra, a abelha das taperas ou ruinas. E' abe-
lha preta, grande, que produz um mel bom e abundante. S. •
Paulo. V. Eíra.
TAPEROA. corr. tapér-uá, forma contracta de tapér-uara, o vivente
ou morador das ruinas, o habitante das taperas. E' o nome da
andorinha (Hirundo). Alt. Taperuá, Taperebá, Taperapá. 112.
Bahia. (86) .
TAPEROB'CT, corr. tapér-oby, a ruina verdeJante, ou invadida do
matto. Pode ser tambem corru1>9áo de tapér-yby, a terra das
ruinas ou taperas. Parahyba do Norte.
. ,
TAPES, corr. tápe,. na aldeta. E' como se chamavam os Indios da
aldela grande de S. Thomé, no Rto Grande do Sul. <Conquista -
Bap. C.>.
TAPETt, s., o coelho silvestre. 109. B. Paulo. Confunde-se frequente-
mente com Tlpltí. V. Typitl. .
TAPIA. c. tapí-á, os grios de entrepernas, os testiculos. Arvore frutl-
fera da matta virgem. <Gallesla Scorododendron, Cas.).
TAPICURú, c. ta-pi-curú, tronco de casca grossa, ou cheia de protu-
berancias. E' o nom9 cte urna bóa madeira de constrnc~ao. Pode-
se alnda traduzlr ta-pí-curú como - Individuo de !>elle c~.ro~uda,
norr.e dado a urna especie de pato bravo. Com·:> composto de tapl-
cuTú. traduz-se - entrepernas encaro~adas. Conf tu1cte-Ee l)rruna-
riamente com Jtapecurú.
TAPIMJRIM, \ ·. Tapemlrim.
TAPJNBOAM, corr. tá-pl-ui, o que é para tumores; a planta pa!'a
tumores ou excrescencias. O termo pi-uá slgnUtca - a pelle

IS - VeJa u notu 1'1 e 108.


• - ldem, 189.
- 284-

levantada ou inchada. Nome da laurinea (Sylvla na"VaUmn,


Fre1re AllJ. Rio de Jane1ro. Alt. Tapinhá.
TAPIOCA, V. Typioca, Tipi.óca. (87). fJ
TAPIPtBA, s., membrum femeninum. .Alt. Tapipi.
TAPtRA, corr. tapiira, a anta. <Ta.pinas americanas). No guaraní -
tapií. Alt. Tapir. (88).
TAPIRA(;OBAYGUARA, corr. taplíra-~bayruara, a anta estrange.1ra.
o bol, introduzido pelos europeus.
TAPIRAHY, eorr. tapiíra-y, o rio das antas. 109.
T AP.tRAMUTA, corr. tapyíra-mutá, a espera d'anta.
TAPIRANGA, c. tá-piranga, individuo vermelho; a plumagem verme-
lha. E' o nome da ave tambem chamada Tie-sanpe (Tina.era
brasllia), ou Sangue de bol. Babia.
TA.PIRAPf:. c. taplir-apé, o trilho ou · camfnho da anta. 109.
Goyaz. e89 >.
TAPIRAPOAN, corr. tapiir-apui., a anta redonda, gorda. Matto Grosso.
TAPmEMA, corr. taplir-ema, a anta fétida ou morrinhenta. PP.r-
nambuco.
'TAPmUVA, corr. Taplir-yba, a arvore ou pau d'anta. Alt. Tapiruba• .
·S. Catharina.
TAPISSUA, a. a abelha Trigona Tubiba, no Rlo Grande do Sul.
TAPITANGA, o mesmo que tapiranga, as plumas vermelhas. Pode
ser de ltá-pttanp., a pedra vermelha. V. raptranga. 10'1.
corru~
TA.PITOCAIA, eorr. tapyira-tocaia, a espera d'anta. Alt. Taplra·
tocaia, Tapiroeala.
TAPITOCAY, V. ltapetocái.
TAPITf, corr. tapy-ty, o membro duro, forte; o coelbo ou lebre.
TAPiú, s., especie de formiga arborea, n-o Amazonas.
TAPIUYA, s .• nome indlgena do maribondo ou vespa que faz o ntnho
de cor cinzenta na beirada dos telhados.
TAPIXINGUt, corr. ta-pi-chin-guí, o que é de casca Usa; o pau de
casca lisa. Alt. Tapitinpí. S. Paulo.
TAPOCOCA, corr. tabo9oca, c. tabó-\'oca, o bicho de taquara, a larva
aninhada no gomo da taboca.
TAPOOó, s. c. ta-pó-oó, o tronco de raUe.s multo grossas. Alt. Saboó.
TAPOB(J, c. ta-por-ú, o que dentro come; o que corróe1 o ·. bicho, o
verme, a lagarta. Alt. Tapurú, Taburú.
TAPORUBEYA, corr. taporú-reya, a collec~io de vermes, a blcbeira.
TAPUC(J, corr. Gatapú-~ú, o buzio grande de palmo e meto de com-
primento de que os indios fazem as suas bozinas. (Rot. Br., e lü) .
TAPltBECA, s. c. tapyr~á, o ()].bo de 'anta, e tambetn o olho de bol.

8'1 - Veja- a Jlota ZM.


•-Jdem. e
• -
140•
ldem, • • 181.

...
- 285-

TAPUYA, ant. tapyia, s. c. ta-epy-ía que H. ·stradelll ldentlflca com


taua-epy-ia, traduzlndo - fruto origem das tabas ou aldetas,
lsto é originarlo das aldelas e nio intmigo, de referencia aos pri-
mitivos habitantes que, pela invasáo dos tupis, se refugtaram
no sertáo.
TAPUYRAMA, o mesmo que Tapuyretama, c. tapuy-retama, a regtáo
dos tapuyas ou indios bravos. 86, 110. <90>.
TAPUYTAPERA, c. tapuy-tapéra, as ruinas do gentlo. Maranhio.
TAPUYú, c. tapuy-ú, o gentio come; onde vive o indio bravo. Ceará.
TAPUYUBATLr_BA, corr. tapuy-ubá-tyba, cannabrava dos Tapuyas ou
Caboclos. Nome do local onde f alleceu, no sertáo, Gabriel Soares.
TAPY, c. ta-apy, o que está fundo; as entre pernas; as partes
pudendas.
TAPYA, c. tapy-á, os gráos de entre pernas, os testículos. Designa
tambem - o pau d'alho -, conhecido ainda por Guararema ou
Iblrarema.
TAQUA, s., forma contracta de taquara, c. ta-quara, o tronco ou
baste furada. Alt. Tacuara, Tacuá.
TANQUAPORú, . c. taquá-porú, o bicho -da taquara, verme de que o •
gentio t azia pasto.
TAQUAQIDCÉ, c. taquá-kicé, á taquara cortante, a que dá laminas
como faca. Especie de taquara ou bambú · que se emprega no
tecido das peneiras e cestas finas; a canna silvestre. (Bambusa).
Alt. Taoquícé. S . Paulo.
TAQUAQIDCETUBA, corr. taquakicé-tyba, o sitio das taquaqulcés,
ou taquaral da especie de taquaquicé. V. Taquaquicé. S. Paulo.
Alt. Itaquaquícetúba.
TAQUARA, c. t_a -quara, a haste furada, ou oca. Alt. Taquá.
TAQUARACmM, corr. taquara-achim, a taquara crespa. Rlo Grande
do Sul.
TAQUARAPABA, c. taquara-paba, o fim ou extremo das taquaras; a
estancia das taquaras:
TAQUARAPAIA, corr. taquara-mbaia, o tran9ado de taquaras. Matto
Grosso.
TAQUARATINGA, corr. taquá-ratin, a canna macissa.
TAQUARt, c. taquar-l, a canna pequena, ou fina, o taquarll.
TAQUAREMBó, c. taquar-embó, a verga ou vara de taquara; a taqua-
• ra fina. Pode ser tambem - taquar-iembó, o riacho das taquaras .
102. Rio Grande do Sul.

-
TAQUARITINGA, c. taquari-tln¡a, o taquari branco. Pemambuco.
TAQUARITUBA, corr. taquan-tyba, o sitio dos taquaris, abundancia
de taquarls. Parahyba.
TAQUARU(((J, c. taquar-u~ú, a canna grande, a taquara grossa,
bambú.

80 - Veja u notu 148, 152 • lft.


- 286-

TAQUARY, c. taquar-y, o rio das taquaras. Rio Grande do Sul.


TARACU, corr. tara-kú, o que devora espigas. E' o nome de uma
especie de formiga.
TARACUA, corr. tara-guá, o comedor de espigas. E' o nome de uma

especie de formiga. V. Taracú.
TAF..ACUTINGA, s. c. taracú-tinga, a formiga branca, de ferroada
do! oro~issima, corno a da Tucandyra, do Amazonas. Alt. Sara-
cu t.inga.
TAUAlIIRA, corr. tara-guira ou tar-a-guira, o que bambaleia, ou se
contorce. E' o nome do peixe d'agua doce que vive mergulhado
na vasa. CErythrinus Tareíra). Alt. Trahíra, Tareíra, Taraíra.
TArtAIRY, corr. taraguir-y, o rio das trahíras. Rto Grande do Norte.
V. Tarahyra, Tarahíra. ·
TARAJUBA, s. c. ta-r-ajuba, o pau amarello, o que dá preciosa tinta
am.arella extrahlda da raíz do incorruptivel tronco. <Rocha Pitta>.
Alt. Tatajuba.
TARARt, corr. itá-raré, a pedra sucavada, o sumldouro, . conduto
• subterraneo. S. Paulo.
T ARARUCú, s., nome indígena do fedegoso. <Cassia occidentalls) .
Bahia, Goyaz.
TARATA,.- corr. itá-rati, a pedra dura. Bahla.
TARIQBA, s. c. tar-í-oba, a concha ou casca em forma de folha. E'
o nome de urna concha bivalva, frequente nos estuarios. Babia.
TASSú, c.orr. itá-assú, a pedra grande, o penedo no mar.
TASSUAPINA, corr. itá-assú-apina, a pedra grande llmpa. de vege-
ta~óes ; o cabe~o calvo. Bahia.
TATA, .s., o fogo, o lume, a luz. 87.
TATACETUARA, corr. tatá-acetu-ara, o tomador do chelro do fogo.
o que pressente o cheiro do fogo á distancia, o farejador, o espiáo
de guerra do gentio.
TATAGIBA, corr. tatá-gyba, o bra~o de fogo, a labareda. Ceará.
TATAHYBA, corr. tatá-yba, a arvore de fogo, o pau de fogo, o pau
amarello. <Machura). Alt. Tataúba, Tatajuba, Tataíba, Tatajlba.
TATAIRA, corr. tata-eíra, a abelha de fogo; é a abelha tambem
conhecida por - mel de f ogo - ou caga-fogo. (Trlgona Tatalra).
TATAJUBA, V. Tatabyba.
TATAKICÉ, s. c. tatá -kicé, a faca de fogo; é como o gentlo chamava
a pedra de f uzll, petrosilex.
TATAl\llRll\l, c. tatá-mirim, o fogutnho. Nome de um chefe tupinam-
bá, citado por Hans Staden.
TATAPIRICA, s. tatá-pirica, a faisca, a scentelha. Nome de um
mamaluco que tomou parte na conquista do Ceará, em 1603.
Cbamava-se Joio Vaz Taparica.
TATAPIRICA, c. tatá-pirica, o estalldo do fogo, a faisca ou fagulba.
Nome de um principal dos Tobayaras no seculo XVI.
TATARANA, c. tatá-rana, semelbante a fogo; é o nome da lagarta
de togo. Alt. Tatorana. 78.
-287-

TATAUBY, corr. tatá-uy, a flexa de fogo, aquella que, inflamada, se


arremessava contra os tectos de palha das aldeias selvagens. 78.
Babia.
TATINGA, c. ta-tinga, o tronco ou baste branca; o individuo branco.
Pode ser corrup~io de itá-tinca, a pedra branca, a prata.
Maranháo.
TATú, c. ta-tú, o casco encorpado, ou grosso, coura~a. Bap. Caet .
(Dasypus).
TATUAMUNBA, corr. tatú-amói, o tatú avó, o tatú rulm de correr.
TATUAPARA, tatú-apara, o tatú arcado, ou que se dobra; é o animal
a que vulgarm ente se chama - tatú-bola. (Dasypus trlcinctus).
TATUAPÉ, c. tatú-apé, o caminho ou trllho do tatú. S. Paulo. 109.
TATUHY, c. tatú-y, o rio do tatú. S. Paulo. 109.
TATUóCA, c. tatú-oca, a casa do tatú, o covll ou buraco do tatú. Pará.
TATURANA, s. c. tatú-rana, parecido ou semelhante a tatú. Nome
de uma especie de maribondo preto, que faz casa de barro e dá
um mel pardacento.
TATúYB1, c. tatú-yby, aterra dos tatús; era o antlgo nome da cidade
de Limeira. S . Paulo. 109.
TAC, s., a fantasia, a adivinha~áo, a visio; captar a vontade de
alguem.
TAUA, V. Taguá.
TAUAPE, c. tauá-pe, no barreiro, n o tauá. Ceará. V. T~guá.
TAUBATI:, corr. taba-ete, a aldeia grande, consideravel. S. Paulo.
115. Alt. Tauaeté, Tabaté.
TAUBUSS(J, ·s. c. taú-b-o~ú, a visao grande ; o phantasma.
TAUNA, c. tá-una, o individuo preto; o tronco escuro. Pode proceder
de itá-una e, entáo, significa - a pedra preta, o ferro. Rio de
Janeiro.
TAYA, c. tay-yá, igual á pimenta. como a pimenta. (Caladium).
TAYABU~ú, c. taya-b-u~ú, o taya grande ou inhame. (Colocasia
antiquarum).
TAYAC(J, corr. tái-a~ú, o dente grande. V. Tanha~ú. 109. (91 ) .
TAYACUAIA, corr. tiia~ú-a ia, o porco manso, o porco de papada. V.
Taya~ú, Tanha~ú.
TAYACUPEBA, corr. táia~ú-peba, ·O porco montes menor, o porquinho
do matto. (Dlcotyles). Alt. Taya~upeva. S. Paulo. Era o nome de
•• um principal do gentio do rio S. Francisco, no seculo XVI. Na
sua Historia do Brasil, Frei Vicente do Salvador chama-o -
Porquinho. V. Taya~ú.
TAYARANA, c. tayá-rana, o tayá falso, o que imita o tayá. Nome
f de um principal dos Carijós da Laguna. Sta. Catharina.
TAYOBA, c. tayá-oba, a folha de tayá. (Caladium). Alt. Tayaó. V.
Tayá.

111 ...L VeJa u notu 181 e 230.


- 288 -

TAYRA, s., o fllho, pelo lado paterno; opposto a membyra que é o


f llho pelo lado materno.
TAYUVA, c. ta-yuba, o tronco ou pau amarello. <Chlorofa tlnctorlal).
j
Alt. Tajuba.
TAYUYA, corr. tiyá-ó-yá ou ta yá -yá, igual á tayoba. E' a chamada
abobrinha do matto. (Trianosperma ficüolla). Rio de Janeiro.
s. Paulo, Minas, Rio Grande do Sul. Desta planta ha multas varie-
dades, cujas raizes tuberosas tem valor medicinal como emetico
e como drastico. V. Tayoba.
TEBf, s. o assento, o traseiro, as nadegas. Confunde-se, de ord1nárlo,
com tibí.
TEBIQUARA, tebí-quara, o orificio do traseiro, o anus. Alt. Teblquá.
TEB1BO, s., o sodomita, o homem que faz papel de mulher.
TECA, s., o olho, a vista. Alt. Re~á, Ce~á, E~á.
TECA'J'UNGA. c. te~á-tunga, olhos anuveados, escurecidos. V. A~a­
tunga.
TECAYNDABA, s. c. te~ái-ndaba, acto de expandir-se; expansáo,
alegria. S . Paulo.
TECUNAS, corr. teco-una, o carpo preto, o vulto negro. Nome de
urna tribu selvagem no Velho Maranháo. Perú.
TEJUBINA, corr. teyú-obí, o lagarto verde.
TEJUPA, corr. teyí-u-paba, a estancia ou pouso onde vive o povo, a
rancharia, pois que teyl é a communidade, a gente em conjunto.
Teyiupá ou Teyupá, forma contracta no guaraní, é a rancharla.
Alt. Tejupar, tijupá.
TEI\-IBt, s., v labio inferior, o bei~o; borda, margem, beira. Tembé
é a forma absoluta_: Rembé, Sembé, Guembé, sao as relativas.
TEl\IBETA, corr. tembé-ítá, a pedra de beic;o, o bodoque de pedra. (92).
TEl\IBtú, s., a comida, o alimento, a nutric;ao, o mantimento. Alt.
Temiú, Remiú. 119.
TEMIMINó, s., o neto da parte do vario. Nome de uma na~áo do
gentio do Espirito Santo e do Rio de Janeiro.
TENDIGURA, corr. tendy-pra, a saliva engollda. S. Paulo.
TENDY, s., a saliva, a baba, o cuspo. Significa tambem - o resplen-
dor, a claridade. Alt. Bendy, Rendy. ·
TENDY1BA, corr. tendy-yba, a arvore de saliva ou baba. (Spllanthes).
TEQUARA, corr. teco-quara, o buraco do corpo, o anus.
TERERt, s., o fragor, o estrondo do que se quebra, o baque, a asse-
bentac;áo. S. Paulo, Babia.
TETA.l\IA, s., a regiáo, a patria, o pais. Tetama, é a forma absoluta;
Retama é a relativa. Rama é forma contracta á guisa de
suffixo. (93).
TEYC, corr. ty-ú, o que come escondido; o lagarto. Alt. Teyú, Tlju.

D2 - Veja u DOtu 230 • 231.


93 - Idem, 1'8 • 112.
- 289-

TI, s., corr. ty, a agua, o liquido, o caudal, o curso a·agua. Tem alnda
muito.s significados: branco, brancura, atadura; liga, tecldo;
ponta, proa; fumo, vapor; sumo, caldo; urina. Como adjectivo:
rijo, torte; companheiro; levantado, erguido, alto. Picada, cocel-
ra. Nega~áo: de nenhuma maneira, nunca.
TIAPIRA, s., a vanguarda, o pasto avan~o~
TIAYA, corr. ty-aya, a lympha saudavel, a agua bóa. Nome de uma
localldade, serrote, e riacho, no Ceará.
TIBAGY, c. tyba-g-y, o rio do pouso. Paraná.
TJBAJA, corr. tyb-aia, sitio ou pouso saudavel. Pode ser corrupP.o
de ty-b-aia, ·o rio ou caudal sadio, beneficio. S. Paulo.
TIBAU, corr. ty-paÜ, entre aguas, ou entre nos. Alt. Tfb&L
TmERE('A, corr. t-yby-re~á, contrac~áo de tyby·re~aba, a v1g1lanc1a
da terra; o vigia da terra; o maioral ou principal. Nio ae deve
escrever Tebir~á, que tem mau sentido. Nome do maioral do
gentio catechizado em s. Paulo de Pirattntnga pelos Jesuitas, no
seculo XVI.
TIBIRY, corr. tibí-r-y, o rio da sepultura. Parahyba.
TmYCOARA, c. tlby-quara, o buraco do cháo, a cova, a sepultura. 128.
TmYCOABY, c.· tyby-guar-y, o rio das <:ovas ou sepulturas. 128.
TICOERAUNA, s., buzio pequenino, mancha.do por fóra, usado para
ten tos.
Tlt, s., voz onomatopaica da ave Tánagra. Ha o Tleplranp ou Tapl-
ranga, de um vermelho de sangue, em alguns logares chamado
Tie-sangue e em outros - sangue-de-bol, e ha ainda o Tie-Juba,
passaro de corpo amarello, asas verdes e bico preto.
TIET:t, c. tie-ete, o verdadeiro tie. v. Tle. Pode o mesmo vocabulo
proceder de ty-ete que significa - rio bastante fundo, rio verda-
deiro, consideravel. S. Paulo. 105, V. Ti.
TUUACú, corr.' tefÚ-a~ú, o lagarto grande. <Telas Monitor, Merr.).
!l'UU.At, corr. tuyabaé, o velho, o anciáo. Tambem se d1z tuJ&, no
guaraní. Alt. Tuyauaé, Tuyaaé.
TIJUAPit, corr. teyu-apé, o trllho ou camtnho dos lagartos.
TUUCA, V. Tuyuca. 99. . '
TIJUCO, corr. ty-yuc, agua corrupta, pódre; lama, breJo. No tupl-
guarani Tuyú. 99. Minas Geraes.
TIJUCOPAPO, corr. tyqc-paba, a estancia dos breJos; o Jam~al, o
at~leiro; o extremo do lamelro. Pernambuco.
• TIJUI, corr. tiyal, a escuma ou espuma.
TIM, corr. tl, ponta, nariz, saliencia, proa. Pode ser uma forma con-
tracta de tlnra, branco, alvo. V. TL ·
TIMBAUBA, corr. tlmbó-yba, a arvore de espuma. O fruto desta
' planta, quando tratado com agua, dá espuma. Alt. Tlmboiba,
Tlmboúba.
TIMBó, s., o bafo, a fumarada, o vapor. Planta cuJo sueco mata o
pe1xe. (Paulinia Pfnnata, L.). 116.
TYMBOBY, corr. timbó-y, o rlo do timbó, ou da exbaJaoio, daa
.névoaa.
-290-

TIMBORA, corr. ty-mbóra, o que se contem n'agua; o vapor, a


exhalacio, o bafo, a névoa. Alt. Timbó. Babia.
TIMBORI, s., o perfume, o incenso.
TIMBYRA, corr. timbyra, o amarrado, o escravizado, o escravo.
Maranháo. Antigamente Timbirá.
TIMONHA, corr. ty-móe, a agua posta ou levada. C.e ará. V. TI.
TDIUSú, corr. ti-u~ú, ou tim-u~ú, o bico grande; designa o petxe -
Agulha - (Bellone timu~ú, Cuv.).
TIN, V. Ti, Tinga.
TINGA, adj ., branco, alvo, claro. Alt. Ti, Tin.
TINGARA, corr. tinga-rá, tirando a branco. E' o nome da ave DU)'-
cephala cinerea, Gray.
TINGUA, corr. ti-qua, ou tin-qui., o bico ou nariz ponteagudo, o pico.
Rio de Janeiro.
TINGUACIBA, corr. tinquá-cyb, o pico liso, llmpo. Rio de Janelro.
TINGUI, corr. ty-gui ou tyghi, o liquido que vem, o sumo, a espuma;
o enjóo, o enfado. O sumo extraido de cipós patidos para matar
o peixe nos rios e lagóas. (Jacquinia tinguí).
TINHARÉ, corr. ty-nhi-ré, o que tende a entrar n'agua; o que se
adeanta n'agua. E' o nome de uma ponta ou cabo na Babia.
TINHORAO, corr. taynharo, c. tayá-nharo, o tayá-alegre, ou de bonita
apparencia. <Caladium bicolor). .E' a planta aroidea, chamada
Pé-de bezerro. V. Tayá.
TIPA, co.r r. ty-pá, contrac~áo de ty-paba, o flm ou extremo d'agua,

- a baixamar. Alt. Tipáo.


TIP.t, corr. typy, a fundura, o que está fundo. Designa a planta vulgo
Jarrinha. (Aristolochia).
TIPIOCA, c. typy-oca, tirado ou colhido do fundo; o sedimento, o
coagulo, o residuo do sueco da mandioca. 119. Alt. Tapioca. U~4).
TIPUEIRA, corr. ty-puera, aguas, banhados. Rio de Janeiro.
TIPUHY, corr. ty-poí, a agua fina, o filete d'agua, o esguicho.
TIQUARA, corr. ty-quara, o buraco d'agua, o po~o. Designa tambem
uma bebida, mixto de agua, farinha e assucar, vulgo - jacuba.
TIQUARU~ú, c. tyquar-u~ú, o po90 grande. Chefe dos Petiguaras que
se rebelou contra os Portugueses, quando da primeira 1nva-
sáo hollandesa. Vencido na Berra da Copaoba, foi executado
a cutiladas.
TIQUmA, corr. ty-kira, a agua vertendo, a vertente. Matto Grosso.
TIRmA, s., voz onomatopaica de um pequeno papagaio (Psittacus,
Conurus, cruentatus, Neuw.).
TmmOBó, corr. tyry-popó, o que deflue fervendo ou borbnlbando;
o que corre em borbotOes. E' o nome de um rio no Rio de Janelro.

M - VeJa a nota 12'.


-291-

TIBIBIC.&, pn1ndlo-sup1no de Uriri, vibrante, cortante. B' o nome


de · uma Cneracea, lacerante (Cyperus brasllien••s.). O povo dlz:
• - "tlr1rica é faca de cortar • .. "
TIUBA, corr. tw-yba, a arvore dos tulns. Pode ser conii~ de
~-711ba, a abelha amarella. BabJa.
TOBA, a., o rosto, a cara, a tace.
• TOBAC.&, corr. tob-baca, o rosto voltado, o que volve a ~; allu-
sáo ao habito da ave deste nome de acompanhar ou voltar o
bico na direc~io do projecW que Dio a attinge. E' o passaro
Tolo (Grallaria marginata, Gray, ou MJioturdus, Neuw.). Blo
de Janeiro., S. Paulo, Mtnas. Alt. Tovaca.
TOBAt, exp. adv., em trente, defronte, em tace. V. T.obá. Alt. Sob&L
TOBAQUÉ, exp. adv., em presen~a. em trente, adeante. Babia. Alt.
Tovaqué.
TOBAYARA, c. tobal-yara, o individuo fronteiro, aquelle que está
em frente, o vizinho em tace . Tambem significa - o competidor,
o rival, o emulo; o cunhado da parte do homem. Nome de uma
na~áo do gentío da Parahyba, que algu.ns autores escrevem Ta-
bayara. V. Tobai.
TOCA. s., forma absoluta de oca, a casa, o refugio, o esconderijo,
o abrigo. 112. V. Oca. Alt. Boca, Soca.
TOCA!, s., o curral, a manga, no guarani.
TOCAIA. s. a espera da ca~, Junto da toca, ou fOJo.
TOCARl, s., o castanheiro silvestre, vulgo - CastaDha da tena.
TOCANDIRA, corr. tuca-ndy, o que fere em demasia. E o nome de
uma f ormiga preta de picada dolorosissima, armada de um ferrio
no abdomen, e venenosa. Tem-na o gentío como aphrodla1aca;
os indios Maués della se serviam, em outr'ora, para prova da
coragem é fortaleza de animo dos mancebos submettidos u
picadas deue insecto.
TOCARIJú, corr. tocari-yá o esp1nho da castanha. V. Toeari.
TOQUE-TOQUE, corr. toe-toe, o que tapa ou impede de ver. Designa
ponta ou sallencla da costa, vedando a vista em certa direc-
4;áo. Bahla.
TOM, s., a flauta, teita de taquara, servindo para as dan~as. Ama-
zonas. Alt. Torem, Boré.
• TORó, corr. toc·r-ó, a coberta espessa, a casca grossa. Designa
uma especie de tatú, o maior (Dasypus Glp.s), vulgo tatú-Ca-
nastra, de cuja cauda faziam os indios o tori ou boré. Blo
O. do Sul.
TOROPY, c. toró-py, o casco do ta.tú do toró. V. Toró.
TORORA, s. c. toró-ram, o que se torna ruidoso ou roncante.
TORORó, s., o jorro, enxurro, a enxurrada. E' voz anomatopalca.
Alt. Chororó, Choró.
TOROTAMA, c. toró-tama, a regláo dos tatúa. V. Toró. Rlo Grande
do Sul.
TOKYB.&, a., a alegria, a fellcidade, a gra~ . Alt. TorJT&.
-292-

TRA~ANGA, corr. tara-~anga, a f.o rmlga assanhada, ou embrave-


cida, esparramada.
TRABIRA, corr. taraguira, o que está de rojo, ou que se bamboleia.
V. Tarahíra .
TRAIPú, corr. ityra-ypú, o olho d'agua do monte, a tonte do morro .
Alagóas .
TRAl\IANDAHY, corr. tara-manda-y, o rio dos feixes de mllho. Pode
ser corrup~ao de tamanday, que significa - rlo dos meandros
ou río sinuoso . Rio Grande do Sul .
TRAPIA, corr. tapiá ou tapyá <tapy-á), a glande, o gráo o testlcuío.
Nome de um fruto silvestre da arvore Gallesia scorododen-
dron, Cas.).
TRAPOERABA, corr. tara-poeraba, a manipula~ao da mulher, isto
é, o remedio f eito pela mulher, a mezinha caseira. E' o nome da
planta da familia das Comelianas - Tradescancia diuretlca .
Alt. Trapoerava, Trepoeraba, Trepoerava . V. Poeraba.
TRARIPE, corr. tarayr-y-pe, no río das trahlras. Antígamente se
escrevia Tararypc. Bahía.
TRDIEMBt, co.rr. tiri-membé, o que escoa mollemente, o embre-
jado, encharcado, o alagadi~o. Nome de um gentio do Ceará,
cujo apellido lhe vinha da regiáo alagadi~a que occupava. Ceará,
S. Paulo. 100 .
TRIBUCú, corr. turú-b-u~ú, o verme grande, o bicharóco. E' nome
injurioso entre os que falavam o tupi. Bahía .
TRIPUt, corr. ityra-poí, o morro delgado ou esguio . Minas Geraes .
TU, s., o tombo, a queda, a pancada; adj., batido, tocado; molhado;
queimado. encarvoado, enegrecido; v. estar, vir; sub. o pae, a
abelha mestra; bicho, verme .
TUB, s., o pae, a abelha mestra; a coxa.
TUBA, s, o pae; empregado pelos catechlstas para indicar a pri-
meira pessóa da S. S. Trindade. V. Tub.
-T.....
U....Bt, corr. tub-i, a abelhazinha, a abelha miuda. v. Tublba Alt.
Tubím.
TUBmA, o mesmo que Tubí, nome da abelha miuda Trigona TublbL
Rio de Janeiro . V. Tubí.
TUBICHAUA, corr. tyby-e~aba ou tyby-echaba, vigilancia ou gover-
no da terra; o vigilante, inspector, o maioral. V. Tibire~á.
TUBUNA, c. tub-una, a abelha preta . Tub é nome genérico para
certa qualldade de abelhas <Trigona bipunctata, Lep.). Alt. Tu-
vuna. Rio Grande do Sul, S. Paulo.
TUCAl\mIRA, corr. tucá-mbyra, a pelle do tucano.
TUCANDYRA, formiga preta, comprida e grossa, armada de ·um
ferráo como o das vespas, cuja picada dolorosissima chega a
produzir febre. (Cryptocerus atratus). Entre os Mundurucús do
Amazonas, a tucandyra., serve á prova pa mocidade destlmida.
c'orr. tucá-ndyra, a picada latejante.
TUCANGUIRA, corr. tucanguir, c. tucá-nguir, o que fere por batJco,
tsto é, coma parte inferior do corpo; allusáo ao ferráo do 1nsec·
to E' a formiga venenosa de picada dolorosisstma. V. Tocanclira.
Amazonas.
-293-

TtJéANO, corr. tu-quá, o bico que. sobrepuja, o b1co exagerado. Pode


ser corrup~áo de t~-can, e• blco osseo . Bap. · Caetano. E' nome
de ave conhectda (Rbamphastns) .
• TUCA.NTIM, c. tucan· tim, nariz de tucano. Nome de um gentio que
deu o seu appellido ao rio. Pará, Goyaz. Alt. Tocantlm.
TUCHAUA, corr. tu-chaba, forma contracta de Tub-echaba ou tab-
~aba, visto que o ~. no tupi, é levemente chiado e náo aibllado;
exprime - a vigilancia ·do pae, o govemo paterno ou patrtar-
chal . Designa o individuo que exerce a funcQio do governo da
tribu, o principal, o chefe, o maioral. Alt. Tuchava. (94a).
TUCUM, c. tu-cü, o espinho alongado, a púa. E' o nome da palmetra
Astrocarium tucuma, cuja basteé guarnecida de longos espinhos,
e de que se tira uma fibra das mais resistentes para l1nha de
-
anzoes e para o fabrico de cordas e redes .
TUCUNDUVA, corr.-tucu-dyba, a palmelra dotucum. V. Tucum. Pode
ser corru~áo de tueÜ-tyba, o sitio do tucum, o palmar de tucuns.
TUCUPt, corr. tycú-pl, a decoada picante; o molho dos indios, fetto
com o sumo da mandioca. Amazonas .
TUCURA, corr. tu-cura, bicho voraz, o gafanhoto <Locusta) .
TUCURAllY, corr. tucura-y, o rio ou agua dos gafanhotos. 109.
TUCURU vi, corr. tucur-obí, o gatanhoto verde. S. Paulo;
TUGUt, c. tu-guí (pronuncia-se tughí), o que sae do golpe, o sangue.
Alt. Suguí, Ruguí. (94b).
TUIM, s., uma especie de periquito. Nome de um chefe 'do gentio,
no seculo XVI.
TUIM-MIRII\f, o tulm pequeno. Nome de um llngua ou trucbement
trances, que vivla entre os Petinguaras da Parahyba, no se-
culo XVI.
TUJUCUl't, corr. tuyuc-cué, forma plural, no guaraní, de tuyuca,
slgniflcando-os brejos, atoleiros . Paraguay .
TUM, adj., negro, escuro. V. Um.
TUMAN, corr. tymá, as pernas. Nóme de um chefe do gentio, vtztnho
de Cachoeira de Paulo Afonso, no seculo xvn.
TUMBYRA, c. tum-byra, o que tem os pés chelos de bichos. o bl-
chento. V. Tunea.
TUNGA, s., a nigua, o bixo de pé . Alt. Tum, Tun.
TUNGUQ(J, c. tung-u.~ú, a pulga grande .
TUPA, corr. tu-pá, contrac~áo de tu-paba, a estancia ou logar doa
estrondos, dos tombos, ou dos trov6es. Aqui, neate caso, tu.pá é
• o céo, o espa~o .
TUPA, s., nome adoptado pelos catechlstas cathollcos para exprimlr
· - Deus - entre os Tupís. Do ponto de vista llngutstico, o vo-
cabulo tupá, no guaraní, ou tupana, no tupi, é o composto -
tu-pá - ou tu-pana, significando - golpe ou baque estrondante
- de referencia ao trováo. Assim entend!do - . Deus é aqul o
ionante . Mas o vocábulo alnda admltte outra 1nterpreta~io, se
o tomarmos como composto de Tub-i, o Pae alto,. o Altissimo.

Ma - VeJa u n.otu 13 e 162.


Nb - A pron\bicl& certa ' "'9fl11.
-294-

TUPABQ.ABA, c. tupá-beraba, o céo reluzlndo, o clario do céo, o


relampago. 125.
TUPABOYA, c. tupá-boya, o servo de Deus, o santo. Alt. Tupamboya.
TOPABOYOA, corr. tupá-boy-éra, forma plural de Tupiboya, os
santos, os servos de Deus. Rio de Janeiro .
TOPACINUNGA, corr. tupá-eJD:vnca, o céo roncando, o trovio. 12S.
'!
TVPANAROCA, c. tupana-roca, a casa de Deus, a igreJa, a capella,
o santuario. 112. <95).
TUPANCERATAN, corr. tupi-cy~reti, a terra da mie de Deus, ·o
patrimonio de Nossa Senhora. Rio Grande do Sul.
-ir""u-PJ, c. tu-upi, o pae supremo, o pr1m1tlvo, o progenitor. Esta 1nter-
pret~áo corresponde á graphia francesa tououpi, que se encontra
como radical do nome tououptnambaoult, segundo Joáo de Lery
que Ferdinand Denís reconhece ser de uma exactidio admtravel
Varnhagen interpretou tupí ou typí eomo exprimtndo - os da
primeira gera~áo. Simáo de Vasconcellos interpretou tupi como
synonimo de tupá, pois que tupí quer dizer - o pae supremo, e
traduziu tuplnambá, como - povo de Deus - Cumpre, entretanto,
notar que algun.s viajantes e escriptores do seculo XVI escre-
veram tambem - tupplm ou tupln, que quer dizer - tio ~
o irmio do pae.
TUP~AES, corr. tupl-ná, parentes ou consanguineos dos tupis. Al-
terada a prosodia para tuplná, o plural, na lingua dos colonos.
deu tuplnaes, ou tuplnás. Pode ser corru~áo de tupin-d, o
anugo dos tupis ou seus affei90ados; pode ainda proceder de
topin-aen e significar os tios suppostos ou falsos. V. TapL
TUPINAl\mA, c. tupí-ná-mbá, descendente dos tupis, po1s que ni-
mbá, o mesmo que anambá, significa - derivado do parente, ou
descendente. V. Tupí. E' o nome de uma na.;áo selvagem das
mais numerosas no Brasil, habitando o Maranhio, a Bahla e o
Rio óe Janelro.
TOPINA.'l\IBABANA, c. tuplnambá-rana, os falsos tuptnambás, oa que
falsamente descendem dos tupis. Amazonas.
TUPININQUIM, ant. tupinilri, como escreveu Anchieta, c. tuplni-ld,
o galho do parente dos tupis, os collateraes dos tupis. 109.
TUPIRAMA, c. tupi-rama, contracQio de tupí-retama, a patria dos
tupis. 110.
T-~u-ai, corr. torJ, o facho, a fogueira, o pbarol. Tul é tambem o
nome de uma arvore, conhecida 1guahnente por Turla...a <Ueanla
turiuva). . ·
TUBIA~, corr. torJ-qú, o facho grande, a fogueira ou Incendio.
Alt. Tariauú. Maranhio.
TDBIUVA, corr. turi-J'ba, a arvore de tarl. (Ueuda tarlan.) .
TuRC, a., nome dado geralmente a antmaes aquaticos e a •ermea.
Alt. Suní.
TuBUNA.
. corr. tJ'r-•na, o cano preto, membrum nlgrum:

•-v• • _. •·
-295-

TURYASSO, V. Tarla~ú.
TUTOYA, corr. totoí, interJ. equivalente a - oh! Uncia!, que belleza!;
que encanto! Mont.>.
TUXAVA, V. Tuchaua.
TUYA, s., a velhlce, a idade, avan~ada .
TUY(J, s., no tupi-guaranl, o brejo. a lama. o charco; corresponde
a tuyuca ou ty-yuca, no tui)i costeiro.
TUYUBA, corr. tu-yuba, a abelha amarella ou ruiva. (Metlpona rufl-
ventris, Lep.) . Alt. Tuyuva, em S. Paulo; Tfuba ou Theuba, na
Babia; Tububa, Tuhuva, Tuyú.
TUYUCA, corr.• ty-yuca, o brejo. a lama. o charco, a paúl. 99. Alt.
Tfjuca, Tijuco, Tujuco, Tuyu .
TUYO-MIRIM, a abelha tuyuba pequena <Trlgona dorsalls, Sm.).
Pode ser tambem - o charco pequeno; laminha .
TUYUTY, corr. tuyú-tl o lameiro branco. 70. Paraguay. (96).
TUl'Uf(J, c. tuyú-yú, a lama amarella; o barro amarello . Pode aer
contrac~io de tuyuyúba, no tupí costeiro. E' o nome dado ás ce-
gonhas pela raza.o, segundo Azara, de habitarem os brejos. Se-
gundo Baptista Caetano, tuyuyu - se compóe de tu ou ti, blco
e yu-yu, muito amarello, isto é, ave .de bico multo amarello (Mlc-
teria americana).
TY, V. Ti. 195.
TYAIA, s., o suor, o humor; vertente, o que pinga ou mtna.
TYA.PYRA, c. ty-apyra, o favo de mel, no tupi falado pelos Cayuás.
S. Paulo, Paraná .
TYJIOCA, corr. tlyui-oga, o que tira a espuma, a escumadelra. Pode
ser eorrup~io de tfyui-oca, a casa ou paradeiro das espumas.
Pará Alt. Tijloca, Tijoca.
Ti PITY, s., a prensa o expremedor; o cesto tubular e elastico, tecl-
do de folhás de palma, servindo para exprem~r a massa da man-
dioca ralada. 119. Alt. Tlpltl, Tapltí.
TYRA, s., o cano, o tubo, a canula. Alt. Tir, Tur. Slgnlftca tambem
- monte, accumulo, acervo, montáo .

u
• U, corr. 7, s. a agua, o liquido, o rio. A pronuncia ditfiell da vogal
guttural - y - deu origem ás formas u, hu, ¡u, que apparecem
com .
. afflxos ou suffixos na composl~áo dos 'vocabulos. Como
adJectivo - u - equivale a u ou un, significando - negro, preto.
I Como verbo, - u - e multas vezes, hu, gu, cu, significa - comer,
morder, beber, aspirar, tragar.
VA, corr. ui, s., o talo, a haste, o caule, o grelo, a columna vertebral,
o dorso.

N 7 VeJa a nota 138.


- 296 -

UAPICú, corr. uá-pucú, forma contracta de uara-pucú, o individuo


bicudo; é a ave vulgarmente chamada pica-pau, da ordem dos
trepadores. <Picus, Dryocopus lincatus).
VARA, part. do fut. do vb. u, o que ha-de comer, o comedor, o devo-
rador; em sentido translato - o vivente, o ser vivo, o individuo.
Alt. Guara. V. Guara.
i:JAUA, corr. uá-uá, o pyrilampo,' o vagalume. Bahía.
UBA, corr. uyba, a flexa para o arco. No guaraní, huí.
UBA, corr. ybá, contrac~áo de yba-á, o que se colhe da arvore, o fruto.
Tambem significa canoa, mas das fabricadas com casca de arvore.
~finas Geraes.

UBAl.A, corr. ybá-aia, o fruto azedo, acido. <Eugenia campestrls.


Vell.). Alt. Uvaia. Rio de Janeiro, S. Paulo.
UBAJARA, corr. yba-yara, o frexeiro, o dextro no a tirar a flexa .
Pode ser procedente de ybá-yara e significa entáo o - canoeiro
~ o dextro no m anejar a canoa. Nome de um principal do gentío
da Ibiapaba, no seculo XVII. E' tambem e nome de urna vastissi-
ma caverna na Serra da Ibiapaba, termo da Granja. Ceará.
UBARANA. corr. yba-rana, imitando pau . como pau. E' nome do
peh:e Bagrus reticulatus, Kner. B~ hia .
UOATA, corr. yba-atá, o pau duro; a madeira rija . E' o conhecido -
Gon~alo Alves - <Astronium fraxinifolium, Schott). Bahia.
UI>ATil\I, corr. ybá-ti, o fruto de ponta, o gráo ponteagudo. E' o inllho
dos indios (Zea l\lais, L.), tambem denominado abaty ou abatí.
c. ába-ti, os cabellos brancos, allusáo aos filamentos ruivos ou
.. brancas que envolvem a espiga, por baixo da palha. V. Abaty•
UBATUBA, corr. ybá-tyba, o sitio das frutas, o frutal. Pode ser cor-
rup~áo de uyba-tyba, o sitio das flexas, ou flexal, cannavtal
bravo; pode ainda proceder de ybá-tyba, significando o sitio das
canoas. s. Paulo. Alt. Ubatiba. V. Uba, Ubá.
UBAY, corr. ybá-y, o río das frutas. Pode ser corrup~ao de uyba-y,
o rio das flexas ou cannabravas. Paraná. Alt. ¡,·ay.
UBAYARA, corr. ybá-yara, o horteláo ou fruteiro; V. Ubajara.
UBAYÉRA, corr. ybaéra, forma plural de ybá. 25.
UBAYXI, corr. ybá-ichi, o fruto miudinho. E' o arroz (Orysa). Diz-se
tambem - abaxi-í, abati-apé, abati-mirim, o milhozinho.
UBERABA, corr. y-beraba, a agua brilhante, clara, •transparente,
crystalina. ?.1in as Geraes.
UBffiACICA, corr. ybirá-icica, a resina de pau; a almecegueira, plan-
ta que dá o elemi occidental, tambem chamada icicariba, aliás
lcica-r-yba, arvore de resina. Alt. Buracica, Biracica.
UBIRACOA, corr. ybirá-qua, o pau ponteagudo. E' um~ especie de
cobra.
UBIRAE!,I, V . Buranbem.
UBIRAGARA, corr. ybyrá-ygara, o pau de ·canóa.
UBIRAIPú, corr. ybirá-ybú, o que brota da arvore. Nome de urna
especie de f ormiga que se cria nos pés de arvores.
UBtRAITA, corr. ybirá-itá, pau-ferro.
-297-

UBIRAPABA!BA, corr. 7b1rá-apara-1ba, a arvore do pau d'arco.


UBIRAPARATmA, corr. ybirá-apara-tyba, o sitio do pau d'arco.
UBffiAREMA, V. lbirarema, Guararema .
• UB'O, corr. yby, a terra, o cbáo, o solo. Entra mu! frequentemente na
composl~io de vocabulos tupis. V. Jby. '16.
UBUCU'OBA, V. lbicuiba.
UCA, s., o carangueljo <Cancer).
UCAUBA, corr. y~á-tuba, a form1ga rulva ou amarellada. Alt. l9&11ba.
VERANA, corr. uí-rana, a fiexa falsa, a cannabrava.
UitRA, adJ .•. velho, extlncto, passado, o que Já fol. E' tambem um
suffixo para exprimir - o plural. Alt. Oéra. Cuéra, Coera. No
guarani - cué, uér.
UERERt, corr. 1-erere, a agua em gtro ou redemolnho.
UJRANDY, corr. uirá-andí, o grude de passaro. E' a arvore tambem
chamada - Landi. V. GuanandL
Ul1'1, c. ui-tl, a massa apertada ou comprimida; allusio é. polpa
dessa fruta que é uma massa. granulosa humtda e multo rija.
<Brosimum). Alt. Oyty, Guti, Gu.itl, Utim.
Ul\1, adj. negro, preto. Alt. Ü, Una, V. Una.
UMA, uma das modalidades da palavra Jba, &.Iterada, slgnlflcando -
a arvore, a planta, o pau, a madelra. Alt. Yma, Yva, Uma, Ma.
Ul\IA, corr. ybá, o fruto. V. Ubá.
UMARY, eorr. y-mory, por uba-mo-rt-y, a arvore que verte agua;
allusáo ao phenomeno de, no inverno, dar tanta agua dos olhoa
que chega a molhar o solo. <Geoffroya splnosa, L.). Alt. MarJ,
Mariseiro.
UMBA, c. u-mbá, preto em extremo, negro de todo, preto retinto.
Umbará, c. u-mbará, o preto varlegado, ou salpicado. Umbati ou
umati, semi-negro, escuro. Undaí, multo negro. Undl, ou uni.
negrinho, negracento, pintado de negro.
UMBO, V. Imbú.
UMBURANA, V. lmburana.
- .
Ul\llRI, corr. ymlrl, c. y-mln, forma contracta de yba-mln, ~ arvore- ..
ztnha, o arbusto. (Aumirium). Alt. Bumlrl, Omlrt.
UMIRIM, corr. 1-mlrtm, a agua pequena, o rtozinho, o arroto. '15.

• UNA, adj., negro, preto, escuro. Alt. Un, U, Duna, Mia, Plxuna•
UNA, s., a baga, o gráo.
UNAl!\f, corr. uná-i, o bagozinho, o grio. Pode ser tambem corru~o
,, de una-1, significando - pretlnho, a, moreninho, a.
UNAPITINGA, s. c. uná-pitinga, a baga saborosa, no nheengatú do
Amazonas. Pode tambem proceder de uná-pi-ttnca e traduztr-
se - baga de pelle branca.
UNAUNA, c. uná-una, o gráo preto; é o nome do btaouro ou coleopte-
ro. <Scarabeus, Geotrupes, Coprls). Pode ser tambem una-una,
preto em demasia, retlncto.
-298-

IJJl•IO, oorr. 1-n'í, a agua eorrente, a torrente. Alt. tJDhi. Babia.


UPA, córr. 7-pá, forma contracta de J'·Jnlll&, · a estancia ou parada
da aaua; onde a agua fica; a lada, o lago, o emJ)09&do.
11PAC1 P 1 BY, corr. na-caray, a lag6a santa; o laso sagrado.
lJP.&llOllOTY, corr. 1;á•m"Ot7, a 1&'6a clara, ou de asua multo
transparente. R1o Gr. do Sul.
1JPAJIBllA, corr. 1;•-aeme, a lq6a ruim, iato é que Dio dá pelxe.
Pode ser tambem conu~o de 7-rr11ema, rlo illlp!eStavel, agua
ndln .
Ul'AllOBA, corr. ;¡;cuba, a lagóa amarp. Pode ser ta.mbem eor1'UP9io
de yba-roba, a ar •ore ou pau amargoaO. Alt. lpanha, ......_;
Poroba, Perolla, Pe10Ya. V. Jperoba, Peroba.
VP*, corr. ypé, ccmtl'aC9io de 7b-pé, a caaca de arvore. V. lpé. ·
UPEOVA, ·corr. ,,,.,...., a arvme do tpé, o tronco do tpé. A arvore
de casca. V. 1)9rin.
tJPIABA, s., o ovo, os ows: a deecendenda, a 1"&9&. Alt. U»fá, B1lplá.
VPITANGA., corr. 7-........ o rio vermelho, a agua Yetmelba ou
parda.
UPú, corr. ypú, a tonte, a nascente, o olho d'agua. V. lpú.
UPUPIARA, corr. Jpaplara, o residente ou morador na fonte. E' o
chamado - hemem marlnbo - que no seculo XVI, no Brasil,
os colonos ma.ts credulos affirmavam ter observado no mar, nm
rios e fontea. Bot. Bras. c. 12'1. V. lpuplara.
URA, s., forma contracta de y.mJrá, 71tlrá, a madeira, o pau, a anore.
Designa tambeui o beme.
-UBA, corr. uirá ou plrá, -a ave, o pauaro.
URAENBANGATA, corr. plrá-Dheenr-ati, o passaro que canta :firme.
Alt. G11rinhatá..
URABY, corr. 11tn-y, o rio dos pa!§ros.
tJBAMA()A, corr. ~c. uara-mo~, o indtviduo de ol!lo torio.
E' o nome de um peixe da felc;io dos ltnguados, Yi'tendo deba!xo
da vasa, chato e deitado de uma banda só, o que lhe defol'?)la a
ca~ e entorta os olhos. Alt. Urama~ ~ ·
UltAPIAGUARA, corr. ldrá-apiá-¡uara, o comedor de OVOI de pe••-
ros. E' o nome de uma cobra, que anda pelas anorea, alteando
o nlnbo das aves. a.t. Bras. c. 113.
1JaAPINDIA, V. Marapinlma
11BAQt71TA, corr. ¡mh-á-klti, o nó ou botAo de pau; o botoque de
madetra que certo .gentio :asan. truer mettldo no Jaldo Jnfertor.
Alt. M1ra,.UI, MuJ&liklti.
tJll•PmA, V. Qsm,...a.
tmATAG, carr. ..._atl•i, o~ qae come _,,,Mio; a coru1-.
. o m6d>o. ( ____ ........._,,
UR&TAllMI, con. ......,.,., o no daa consju.
- 299-

URATEONTEON, corr. uirá-teon-teon, o passaro que succumbe de


quando em quando; allusao ao descanso amiudado que elle faz
sobre as aguas do mar, sobre a qual vóa rente. Rot. Bras. c. 84.
• URATINGA, corr. uirá-tinga, o passaro branco, a garf;a. V: Guiratinga.
URBióNE1'1E, V. Morpion.
URPION, V. Morpion.
URú, s., nome commum das gallinaceas no tupi. E' a ave conhecida
(Odonthophorus dentatus, Tom.). Designa tambero um certo teci-
do de f olhas de palma. 124.
URUABO, c. urú-oabo, os gallinaceos apparecem; onde acódem per-
dizes, codornizes, etc. E' o nome de um campo arenoso, vislnho
de Acupe, onde se encontram perdizes. Balúa.
URUNDY, corr. uirá-undí, a madeira negracenta, ou tirando o negro.
Alt. Ulandy, Olandy, Landy. Balúa.
URUBú, corr. urú-bÚ, a gallinha preta, a ave negra. <Cathartes).
Alt. Urumú.
URUBUPUNGA, corr. urubú-pungá, contracc;áo de urubú-pungaba, o
grasnar dos urubús. E ' o nome do salto no rio Paraná, pouco aci-
ma da foz do rio Tieté. S. Paulo, Matto-Grosso. V. Pongaba.
URVBUQUARA, c. urubú-quara, o buraco, ou refugio dos urubús.
URUBUQUE~ABA, corr. urubú-ke~aba, a dormida ou ninho dos
urubús. S. Paulo.
UltUBURETAi'lA, c. urubú-retama, a regiáo ou paíz dos urubús. 110.
Ceará.
URUBURUBICHA, s. c. urubú~rubichá, o urubú- rei <Cathartes Papa).
URUCAIA, c. urú-caia, a queimada do.s urús. Pode-se tambem tradú-
zir - a gallinha saborosa.
URUCAPY, e, urucá-py, o pé de urucá, a dan~a do gentio ao som
do urucá.
URUCú, s., o vermelhao, a planta que o produz - (Bixa-Orellana).
URUCURY, corr. yaricurí, c. y-ari-curí, o que dá cachos miudos. Com
esse nome se designam as palmeiras dos generos ~Attalea excelsa
e Cocos coronata. Alt. Uricury, Ouricury, Aricury, Guaicury.
URU~ANGA, corr. y-roi~anga, a agua fria. Alt. Ouri~anga.
URU~ú, c. urú-u~ú, a gallinha, o gallo. Pode ser corrup~io de yrú-
u~ú, o cesto ou cófo grande; pode ser ainda corrup~áo de eir-u~ú,
a abelha grande de cór a vermelhada e que náo morde. (Trigona
subterranea, Triese.).
URUCUt, c. uru~ú-i, a abelha menor do que a uru~ú, menor do que
uma mosca e amarella. Rio de Janeiro.
URUCUl\IIRll\'l, c. uru~ú-mirim, o mesmo de Uru~uí.
URUCUHY, corr. uru~ú-y, o rio das abelhas uru~ús. V. Uru~ú.
URUCURANA, c. urucú-rana, o r·a1so urucú, o que se assemelha ao
urucú; é urna euphorbiacea, que dá tinta roxa e resina eom que
o caboclo cura frieiras.
URUGUA,

c. urú-guá, o caracol, o buzio.
- 300 -

URUGUAY, antigamente Uruay, como se le na carta de Dlogo G.u -


cia, de 1526; asslm, Uruay se compóe de Uruá-y ou Uruguá-y,
exprimlndo - o rio dos buzios ou dos caracóes. O Padre Montoya,
no seu Thesouro explica - y-ruguay - como sendo - o canal
por onde vae a madre do rio.
t:'RUHü, corr. uru-ú, o urú come, ou logar onde vivem urús. Tau1bem
.se pode interpretar urú-ú, como - a ave voraz, - wna das
modalidades do nome urubú.
ta~ r:~.í~J~llA, corr. ymh·i-mbeba, alterado para ur-mbeba, a ma.deira
chata, ou em forma de espatula; o cardo de folhas grossas, cha-
tas, onde se cria a cochonilha. <C<Ereus).
t;RUOCA. c. a urú-oca, a casa ou esconderijo dos urús.
URUPUA, corr. urú-poá, forma contracta de urú-poaba, o rumor dos
urús. Rlo Gr. do SuL
\JRt.:Pt., c. uru-pé, forma contracta de urú-peba, o cesto chato ou
ra zo; nome dado ao fungo conhecido por - orelha de pau -.
cuja forma imita a de um cesto razo. S. Paulo
l"RUPE!\IA, c. urú-pema, o cesto esquinado ou enquadrado, 1sto é,
de forma rectangular, a servir de peneira. Alt. Urupemba, Guru-
p cma.
URUPt-NAMBI. s.; o cogumello-orelha: o fungo chamado - orelha
cie p au.
URUPUCA. c. urú-puca, o cesto que desaba, armadilha para passa-
ros. Alt. Arapuca.
URUSSANGA, corr. y-roi9anga, a agua fria. Alt. Ori~anga. Ouri~anga..
URUTO, corr. u-u-tú. por euphonla u-ru-tú, que exprime literalmen-
te - morde, morde de arremesso, isto é, que muito morde e.o:;
bótes. E' o nome de uma especie de bagres de pelle amarella, que
mordem a linha todo o anno. <Rot. Bras. c. 132.); é tambem o
nome de um ophidio dos mais horridos do paiz (Lachesis). S .
Paulo, Minas Geraes.
URUTUEIRA, corr. urutú-oéra, forma plural de urutú, para exprimir
- as que mordem de arremesso, ou de bóte. E' nome de mna
especie de abelhas. V. Urutú. 25.
UTú, corr. y-tú, o tombo ou queda d'agua, a catadupa, o salto. Alt.
Outú, Itú.
UTINGA, corr. y-tinga, a agua ou rto branca. Alt. Otlnga. Itlnga,
75. Bahia.
UTUPANEMA, corr. ytú-panema, o salto ou cascata que náo presta,
nao dá peixe.

UTUPEVA, corr. ytú-peba, o salto razo, a cachoeira balxa. V. Itupeva.
UV AlA, V. Ubaia.
UV1', corr. u-ú, o que come de continuo. a comichao, o prurido forte.
Nambí-uvú, é a comicháo de orelhas, molestia dos cáes. Tambem
o vocabulo uvú pode proceder de huú que quer dlzer - fó!o,
mole, tumido, podre.
UY, a., a fartnba, o pó.
-301-

Ul"ARA, corr. 1-yara, a senhora d'agua, aquella que é dona da agua


ou mora nella; a dama do lago, do rio; a serela. 125. Alt. Uyá,
Oyara..
UYARUPIABA, c. yara-ruplara, a ra~a ou gera~áo du serelaa. Alt.
Uyaruplá. 125.
Ul"PUBA, c. uy-puba, a farinha teita de mandioca amollecida na
agua. 119.
UYTAN, c. uy-ti, a tarinha dura ou bem torrada. 119.
UYTINGA, c. uy-ttn¡a, a tartnha branca, a meio cozida ou tor-
rada. 119 .

VACACAHY, corr. ybá-cacaí, o gaviao de trutas, uma ave de rap1na


nos campos do Rio Grande do Sul. O padre Gay traduzlu - o
río da bosta de vacca. Pode ser um hybridismo - Vacca-caá-y
que se traduz - rio da matta da Vacca.
VACAQUÁ, hybridismo - vacca-quá., a térneira, a novllha. Pode ser
corrup~ao de vaca-quara sob a forma contracta, que se traduz -
o po~o da Vacca. Pode ser ainda corrup~áo de lbaca-quá, o estron-
do do céo, o trováo. Rio Gr. do Sul.
VACARAPI, hybridismo, vacca-rapí, a vacca esfolada. Eram communs
esses hybridismos nas antigas colonias espanholas do Rio da
Prata. Vaccapi, ou vacca-pí, o couro de vacca. Rio Gr. do Sul.
VACARY, corr. uacaray, c. ua-caray, o individuo velhaco, o manhoso,
esperto. E' uma especie de macaco, <Pithecia rubicundus, Oeof.
St. Hil.).
\'ACCAHY, hybridismo - vacca-y - o rio da vacca. Pode ser cor-
rup~áo de Ibaca-y, que significa - agua do céo. Rlo Gr. do Sul.
VAHY, corr. ybay, c. ybá-y, o rio das frutas. Rio Gr. do Sul. V. IrahY.
VAl'llCANGA, corr. guaimi-canga, o osso de velha. Alt. Guamicanp.,
Lac. e Al -
VAYCURITUBA, corr. guatcuri•tyba, o sitio dos gualcurís; o cocal
de guaicurí. Lac. e Al.
VIATA, corr. ubi-atá, a flecha rija, esfor~ada; a flecha valente. Nome
de uma tribu selvagem do Norte do Brasil, que, segundo Fernam
Cardim, se con!undia com os Petinguaras.
\'IBA, V. Uba.
VIRA, corr. birá ou pirá, formas contractas de piranga, vermelho,
rubro, pardo. E' nome abreviado de urna casta de veados suassu-
birá ou mais correctamente ~oó-assú-birá, o veado vermelho.
Pode ser corrup<;ao de berá, brilhante, luzidio. lustroso e tambem
corrup~áo de uirá, passaro. 109.
vm.AJUBA, corr. de uirá-yuba, o passaro amarello; é uma especie
de papagaio. <Psitacus cgrysopterus).
VIRtlA, corr. biroi ou pyroá, o umbigo.
- 302 -

VIRU~'O, corr. uírá-u9ú, a ave grande (Lipaugus, Muscicapa Vlrussú,


Natt).
VIRURY, corr. birury ou biryry, a corredeira, a cachoeira. Alt. Bariry.
VIVIA, voz onomatopaica - uí-uía da lontra brasileira. <Rot. Br., c.
101). E' a ariranha dos nossos rios.
VORA, corr. borá, c. bor-á, tirado do conteúdo, o extraído. E' a massa
amarella, amarga, feíta do pollen das flores, que se encontra
dentro do corti~o das abelhas ; é o mesmo Samborá ou Tamborá.
Designa varias especies de abelhas. S. Paulo, Paraná, Rio Gr.
do Sul.
VOSSOROCA, corr. yby-~oroca, a terra rasgada, tendida. Alt. Ubu-
~oroca, Bu~oroca, Vossoroca. S . Paulo. 129. V. Bossoroca.

VOTU, corr. botú, corr yby-tú, o vento, o sopro do ar. Alt. Ubutúra,
Butura, Botura, Votura. 77.
VOTURA, corr. ybytyra, o monte, a serra ; o morro, a encosta, a
ladeira. Alt. Ubutura, Butura, Botúra, Votura. 77.
VOTURANTIM, corr. ybytyrantin, a encosta ou ladeira branca; allu-
sáo á massa branca de espumas que cae de encosta abaixo no
salto deste neme, rio Sorocaba. S. Paulo. V. Votura. 77, 81.
VOTUROCA, corr. ybytú-r-oca, a casa do vento, a garganta donde
sopra o vento, bocaina. Alt. Ubuturoca, Buturoca, Boturoca1
Voturoca. V. Votú. 77
\"OTURUNA, V. Buturuna.
Vt'AREI\1A, corr. guarema, c. guá-r-ema, o individuo fétido, ou de
mau cheiro. E' uma Sterculiacea (Helicteres). Alt. Guarama.
Vl"P ABUSS!J, corr. ypab-u~ú, a lagóa grande, dos antlgos rotelros
do sertáo. Alt. Upabu~ú, Vupabu~ú. 98. Minas Geraes.
Vt;TURUA, corr. ybytyr-uá, o dorso do monte, o cume da montanha;
a cum.iada. Alt. Ubuturuá, Buturuá, Vuturuá. S. Paulo. V. Votura.

X
XANCHil\I, corr. chan-chim, ou ~am-c1 (pronunciados os e e chiados
como da índole da llngua), a corda lisa, a fibra macia. (Cyathea
MartJ . S. Paulo. (97).
~ c hancbim,
XAND t:. corr. yandú, a aranha. Alt. Jandú.
XARA . ou chará, corr. cbe-rera-á, o que é tirado do meu nome, ou
literalmente - meu nome tira. E' o homonymo. No Pará dlz-se
- X era, f arma contracta de che-réra, o meu nome.
XERD!B..\.BO, corr. che-remimbaba, a minha cria~áo, animal de
mi::ha estima. Alt. Xerimbabo.
XIQUE·XIQUE: náo é voz tupí.
xmm1cA, corr. y-chiririca, agua llgeira, veloz; a corredelra, o
rapido. S. Paulo. 104.

97 - VeJa u notu 13 e 162.


- 303

XOBó, corr. choró, verter, Jorrar. V. Tororó.


XORORó, V. Tororó.
XURt, corr. cburi, a ema, o avestruz, tambem chamada nhandú .
Matto Grosso, Goyaz.

Y, s., a agua, o liquido; o rio, a corrente. E' uma vogal guttural no


tupí. Segundo o thema, com que se combina, toma as formas:
by, gy, yg, e conforme as corruptellas: hu, u, cu. 75, 76.
YA, V. Yara.
YBA, c. yb-á, o que se colhe da arvore, o fruto. Alt. Jbá, Ubá. Ivá. Uvá.
YBY, s., a terra, o solo, o cháo, o mundo. Alt. Ubu, Bu, Bo, Ibl, Bl,
Vi, Vu, Vo. 76.
YBYRA, c. yby-rá, o que nasce do cháo, tirado da terra, o que brota
do solo, a .arvore, a madeira, o pau. Alt. Ibyrá, Imyrá, Ibirá,
Umirá, Ubirá, ~luirá, Iburá, Burá, Bará, Bra.
YBYTYRA, c. yby-tyra,, a altura ou elevac;áo de terra, o monte, o
morro, a serra. Alt. Ubutúra, Butura, Rotura, Batura, 80, 81. No
tupí amazonico, como no Cayuá, Uitera.
YACARACICA, corr. yacaré-acica, a posta do jacaré; yacaré-iclca,
a baba do jacaré. Sergipe.
YACOCA, c. ya-coca, abrir ro~a. rocar; a ro~ada. Parahyba.
YACUECANGA, corr yacú-acanga, as cabeceiras do jacú. Rio de
Jane1ro.
YAPIRA, c. y-apira, o principio do rio, a nascente, cabeceira. Alt.
Yapl; lgapira, Guapira.
YAPó, c. y-apó, a agua transbordada, a inundac;ao; a cheia do rio;
os alagados á margem dos grandes ríos. Alt. lgapó. 99.
YAPOYú, corr. yapó-yuca, o brejo. ou est agnado podre. V. Pojuca.
YARA, c. y-ara, aquelle que supera, que fica aciina ou se sobrepóe;
o senhor, o dono, o dominador. Como suffixo, vale pelos adjectl-
vos: dextro, habil, capaz. Alt. Yá.
YEl\-IBó, c. Y·embó, o fio d'agua, o lacrimal, o arro1o. Alt. lembú.
YER.t, c. y-ere, a agua em giro, o redomoinho. 104 .
YG, V. Y.
YGA~ABA, c. yg-a~aba, a retenc;ao da agua, o recipiente, o vaso,
cantaro, póte. Alt. Y~aba, Yac;á.
YGARA, V. Ygara.
YNBA, c. y-nhá, a agua corrente, o Jorro, a eIÍXUl'l'ada: Alt. Unhi.
YNHANGABA, c. y-nhagaba, a carretra d'agua, o curso d'agua, .o

rtbeiro.
- 304-

YPA, c. 1-pá, contrae~ de y-paba, a estancia, ou pouso d'agua, a


lagoa. v. lpá.
YPABA, c. y-paba, a estancia ou parada d'agua; a agua confinada,
llm.1tada; a lagóa. Alt. Ipaba, Upaba, Upá, Upava, Pav.
TPAÜ, c. y-pau, entre aguas, o melo entre ellas; a Uha. Alt. UpaÜ,
Upaon, Ipaon, Upeon, Upion.
YPENú, c. y-penú, a agua empolada, enrugada, a onda, a vaga.
Alt. Upenú.
YP1', c. y-pú ou y-bú, a agua surge; o minadouro, a fonte. o olho
d'agua. V. Ipá.

z
ZABEL:t, voz espuria ou onomatopa1ca. E' o :aome da ave Crypturus
noctivagus, especie de nambú. Bahia. Sergipe.
ZABUCAIA, V. Sapucaia.
ZA&ABATANA, que outros escrevem - esgaravatana - parece provir
de yapara-tá, que quer dizer - o arco direlto ou rectificado,
allusao a ser o instrumento deste nome urna cannula direita que
arroja settas, estas, porem, multo pequenas, com bollnhas de
algodáo numa das extremidades para serem expelidas por sópro
forte através da cannula. ·
ZERER~. V. Tereré.
ZOO, corr. ~oó, a ca~a. a carne; o animal, o bicho, a veac;ao em geral.
ZOPIA, corr. ~uplá, rupiá, o ovo, os ovos, a rac;a.
ZUINARA, corr. ~oóeyndara, c. coó-eym-dara, aquelle que náo se
alimenta. E' o nome generlco de urnas a ves nocturnas que os
1ncilos suppunham abstinentes. CStrix Carimulgus). Alt. Sulndara,
Sulndá, Sulnara. Suiná.

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai


www.etnolinguistica.org

.
1,

.'

...

R. U·. S. P.

Servic;o Documentac;ao
CIDADE UNIYERS ITÁIUA • Sio Poulo • Br.Mt

Você também pode gostar