Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
•
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org
· THEODORO SAMPAIO
•
1
O TUPI
NA GEOGRAFIA
NACIONAL
4.ª EDICAO .
Comemorativa do 1.° Cenlenário do nascimento do autor
•
lntrod..po t twas ~.~
-
f
•
Reimpressio autorizada da 4.ª edi~ao da obra de Theodoro Sarnpaio,
"Voca&ul•rio Geogr.ílico Bra•ileiro", publicada cm 1955, pelo
Instituto Geográfico e Hist6rico da Bahia (p. 165 - 304 de "O Tupi na
Geografia Nacional").
.•
•
1
COMISSAO EDITORIAL
•
3
APRESENTA<;AO •
•
t
Fui incumbido pelo Prof. l\fário Guimaraes
Ferri. Presidente da Comissao Editorial da Editora da U niver
sidade de sao Paulo• de preparar esta apresenta9ao da reim
press&o do "Vocabulário Geográfico Bras~ico", da autoria de
Theodoro Sampaio.
-
Faltava, ainda. a permissao do Instituto
Geográfico e Histórico da Bahía. Para lá escrevi e através
, A
...
A qui termina este esclarecim ento que jul
guei necessário acrescentar como uma explica9ao ao consulen
... -
te do porque assino esta apresentagao.
Náo julgamos fóra de propósito incluir num llvro, que por multo
tempo &inda será clássico, umas llgetras notu cronológicas do
indi•ntsmo, principalmente dos estudos lingüísticos em nossa litera-
tura e do ambiente em que na.sceu o Tupí na Geografia Nacional
Elas completarlo de certo modo os capítulos 1ntrodutórios do
•
llvro, explicará.o a origem de certaa tncongruincias e a ramo do
aeu titulo.
Quanto as anota~óes, pedimos vén1a para frisar que e1as visa.ro •
multo mais orientar, de inicio, os passos dos nossos estudiosos, atuall-
zar, em alguns pontos, um llvro multo consultado, do que por a nú
os seus senóes. Seria inconcebivel o querermos culpar o autor pelo
desconhecimento de material básico, que só depois da sua morte
veiu a lume. - No mais, como já dissemos, ninguém escapa a 1nflu-
6ncia do meto.
-7-
FREDERICO O. EDELWEISS.
••
•
•
•
VOCABULARIO GEOGRAPHICO BRASILEIRO
•
•
e- /J.it<,vl
- -..-·-=-----.,__ _ _ _
A
•
A, 1. a aemente, o gráo; a bola; a cabe~a, a gente, a pe816a. Sene de
preflxo ' sufflm, em multas dlccóes.
ABA, s. cabello, pello lá, pennugem, pennas No tupi do Am1mnas,
aua; na Ungua geral, aba, ava.
ABA, s. o homem, a gente, a pessoa; o macho. No tupi amazontco,
aaá. Na llngua geral altera-se. por vezes, em ari e asstm entra
na composl~io de muitos vocabulos.
ABACAXJ, s. corr. ibá-cachl, fruta cheirosa, rescendente.
ABA~. s. comp. abá-ete, homem verdadelro, o varáo; bomem forte,
1llustre; bomem de bem.
ABANREEN, s. comp. abá-nheen, a tala ou llngua de gente. B' como ..
os indios cbamavam a sua propria llngua.
ABAPORfJ, s. com. abá-porú, bomen1 que come gente, o anthropo-
phago.
ABARA, s. comp. aba-rá, o cabello ou pello variegado, manchado.
ABARf:, s. c. abá-re, amigo da gente; aftei~oado ou dedicado ao bo-
mem; abá-ré, pessoa difterente, sobrenatural. E' como os indios
chamavam o padre ou mlsslonario. Alt. Avaré S. Paulo, Bahta, etc. 1
1 - VeJa a nota te
- 166 -
. .
-181-
S- Boa nada tem que •er com o tupL Veja : Artur Neiva - E•tud.os da Lingu a
Nacional, Rlo de Jane1ro, 1940; pp. 333-348. Vem do latlm e ji toi usado
por P11nlo.
e- VeJa u notu 15 e 218.
-182-
e
CAA., s., a folha, a planta, a herva, o vegetal em geral; a arvore, o
matto, o monte; o matte ~ enes parapayensls). Alt. Cá.
CAACUP&, s. c. caá-cupe, atrás do monte; por detrás da matta.
Paraguay.
CAAET&, s. c. caá-ete, a matta verdade1ra; o matto virgem; a flores-
ta prim.1t1va.
1
CAMUTIM, V. Cambuq.
CANDEA, corr. ean-teá, limpo, bonito, slo, perfeito.
CANEO, corr. eanei, a cansetra, a fadiga, o enfado. S. Paulo.
CANGA, s., o osso, o ca~. o nucleo; adj. aecco, ~nxuto. Alt. Can, Cá.
CANGACA, corr. acanga-~aba, a travessia da cabecelra. Pernambuco.
CANGAMBA, corr. aeanp-ambá, a cabe9& vazia, o estonteado. .
<Mepbltls suffocans). ·
CANGATAR, corr. a.canga-tara, o omato ou enfeite da cabe~a. Alt.
Canitar. ,
. CANGA'O, corr. acanp-ú, o beber na8 cabecelra.s; o bebedouro das
nascentes. Pernambuco.
CANGEBANA, V. Cajarana.
CANGOABY, corr. canperi, enfraquecldo; é o amarelllo ou opila~o,
entre os indios.
CANGOtRA, corr. canga, os ossos, a ossada. 25. S. Paulo. (12).
CANGUSS'O, corr. acang-u~á, a ca~ grande. Nome de uma esper.ie
de on~a. Bahla; Río Grande do Sul.
CANHANGA, corr. caá-nhanga, a planta antmada, odorUera. (Mjns-
tica Macropblla).
CANINDt, s., a arara ·de azul retinto e amarello. E' a mesma Araúna.
(Ara ararauna, LJ. Alt. Callndé.
CANITAR, v. Canratar.
CANNARANA, s. c. canna-rana, a canna falsa, ou que simula a canna.
Palavra hybrida, us~da no Amazonas, para designar a canna brava.
CANNATUB.A, corr. canna-tyba, o cannavlal. Palavra hybrlda.
CAORY, corr. ·caá-oby, a folha azul, arroxeada; o anll. Alt. Cayoby,
Caiuby.
CAOBI.1\IPARA, corr. caá-oby-pará, o mar de anll, mar azul. Nome
que a tradi~áo dá a urna das amantes do Caramurú, entre os
Tupinambás da Babia. V. Caoby.
CAOCAIA, corr. caá-ocaia, o matto que se quelma: a quelmada. S.
Paulo. Alt. Ca.acata.
CAPANE, V. Capa.nema.
CAPANEMA, corr. caá-panema, matto imprestavel, rulm; madelra
fraca. Babia.
CAPAO, corr. caá-páu, a llha de matto; o matto crescldo e !solado
no campo. 88.
CAPARA, corr. caá-apara, o pau torto; a folha torta. Pode vir de
yg-apara, significando - r1o torto; o canal curvo. S .. Paulo. 117.
CAi-EBA, corr. caá-peba, a folha chá, ou plana.
, de generos. Mar~uhac
CASSACUtRA, s. c. cai9á-cuéra, os cercados, as tranqueiras ou curraes.
25. Significa tambero - os curraes velhos; as cercas extin !tas.
S Paulo.
CASSú, Cabu~ú.
CASSUA, corr. caá-a~oiá, a cobertura de folhas; o antepa.ro de folha-
gem; a trama ou tecido de paus ou de cipós; seirio de cipós para
cangalha.
CASSUNUNGA, V. Ca~ununp.
lD - ldem, lbidem.
-194-
CUTINDmA, V Cotindiba.
CUTINGUmA, V. Cotinplba.
CUTUBA, corr. cutu-bae, o que fere; o cortante.
CUTUNDUBA, V . Cotlndiba.
CUY, s., o ouri~o <Cercolabes Vllloms, Mart.). Dlz-se vulgarmente -
cuim.
CUY ABA, s., segundo Lacerda e Almeida, era o nome da tribu aelva-
gem que habita o sitio, onde é hoje a capital do Estado de Matto
Orosso. Se f ór nome de procedencia tupí-guarani, Cuyahá é o
mesmo que cul-abá, significando - o homem da fartnha, o
f arinheiro.
CUYAMBUCA, corr. cura-mbuea, a cuia furada; a cabe~a furada.
Pernambuco.
CY, ·s., máe, a genitora; a origem; o principio; a fonte, o manancial.
E
ECA, o olho, os olhos. Alt. Qá, Te~á, ~á.
s~,
EQAUNA, s. c. ~á-una, os olhos negros. Alt. Qauna. Babia.
EIRA, s., a abelha; a máe do meL Alt. Eir.
ElltATIM, óOrr. eíra-ti', a abelha branca. Alt. Iratim..
EIRUBA, s. c. elr-ub, a mie do mel a abelha mestra. Alt. Elruva.
EIRU(;(J, s. c. elr-u~ú, a abelha grande. Alt. Iru~ú. '
EIXú, s. c. el-x-Ü, a abelha negra. Alt. Exú.
EMBilS, corr. mbae, as cousas, os teres ou haveres. Bah2a.
EMBABY, s. c. emba-y, o rio ou agua de socavio, ou que surge de
conduto natural subterraneo.
El\IBAYBA, s. c. emba-yba, a arvore de óco, ou cujo tronco é chelo
de camaras ou vazios. E' a arvore da matta, vulgarmente cha-
mada imbaúba (Cecropia). Alt. Ambahiba, Embahyba, Emba-
buba, lmbahyba, Umbabuba. (29) . .
EMBAú, s. c. emba-ú, o beber da bica; a bica. S. Paulo, Minas Gera.es. t
Pode ainda proce(ier de mbá-ú, que quer dizer - o beber do
extremo, a derradeira aguada. No tupí amazonico, mbaú signi-
fica - o comido, a comida, como pode significar - a bebida.
EMBAúBA, V. Embayba.
EMBIACABA, corr. mbea~aba, a travessia do camtnho; ponto do rio
ou esteiro onde o caminho vae ter ou atravessa para a outra
margem. O porto. Alt. lmbia~ba, Bla~aba, Bia~á, Pia~á, Pea~á.
S. Paulo. V. Bia~.
-204-
G
GAIAMUM, corr. guaia-m-un, o carangueijo preto ou azulado. Bahia.
Era, antigamente, chamado pelo gentio guaiarará, crustaclo dos
mangues, mui liso. de cór apavonada, ·e casco redonc:Jo. Alt.
guaiamu.-
GAMBA, corr. guá-mbá, o ventre aberto, a barriga óca. (Didelphys).
GAMBOA, corr. caá-mbó, o fecho ou cinta de ramagens. Antigamente
camboa (de cambó.) que é como os indios chamavam o cercado,
feito de galhos e ramagens, á entrada dos esteiros para apanhar
J.>t!ixe. Bah.ia. No guaraní - caabó.
GARA~ú, corr. igara-a~ú, a canoa grande, o barco, o navio. 115 .
Pernambuco.
GARANHUNS, corr. guara-nhu, o individuo escuro; os passaros pretóa
<guirá-nbÜ). Pernambuco.
GARAPA, corr. guarapa, o gerundio-supino de guarab, o revolvtdo,
remexido; é a bebida ado~ada com mel ou assucar para refresco;
designa boje mais especialmente o caldo da canna.
GUARAPú, corr. guará-pú, o ruido dos guarás. Pernambuco.
GARGAú, guaraguá-ú, o peixe-boi pasta; o comedouro do pelxe-bol.
V. Guaraguá.. Parahyba.
GAROP.A, corr. ygara-paba., o logar das canóas, o porto. Alt. lprapl\,
lgarepá.
GAROPABA, corr. ygara-paba, o porto, o .surgidouro das canoas. S.
Catharina. Alt. Garopá.
<aATIUBA, corr. caá-t-yuba, o pau amarello. Pernambuco.
GATURillO, corr. catura.ma, o que bom será; allusáo a que a ave
,.
deste nome, se colhida em gaiola, se torna excellente no cantar.
E' o gurinhatá, do Norte do Brasil.
GENEUNA, corr. yaní-una, yandí-una, o oleo escuro, o sueco negro;
allusáo á polpa anegrada da fruta da arvore deste nome, 1nais
conhecida por Cannafistola. <Cassia brasillana, L.). Alt. Geneuva,
Janauba, Janau.ma.
1
-205-
.
GUADU, 1., -' mulher velha. Diz-se tambem gaalb1. -
GUAIMICOAB.A, corr. guaimÍ-quára, o buraco da velha; o ~o da
velha. V. Guatmi. E' tambem o nome 1nd1gena do peixe ronca- &
dor. CRot. do Brasil).
GUAIMIHY, corr. guaimi-y, o rio das velhas. Minas Geraes. Em docu-
mentos de 1600 e 1603 o grande affluente da direlta do rlo Sáo
Francisco é chamado Guaibihí.
GUAIMi-PARA, s. c. a velha Pará, tratamento familiar, carinhoso.
entre indios e portugueses, dado á velha Paraguassú, mulher de
Dlogo Alvares Caramurú, já viuva e multo honrada no seio de
sua numerosa descendencia, na Bahia. Outros escreveram erro-
neamente - Caayobim-Pará ou Cuayobim-Pará. O nome Pará,
aquí, é simples abreviac;áo de Paraguassú.
GUAJAB(J, corr. goaiá-Ü, o carangueijo escuro. Pode ainda ser cor-
rupc;ao de goaiá-ú que exprime, o carangueijo come, isto como
que a dizer - seva ou comedouro dos carangueijos. V. Guaiá.
GUAJAHY, corr. goiá-y, o rlo dos carangueijos. Rio Grande do Norte.
V. Guaiá.
GUAJA.JABAS, corr. goaiá-yara, o que é dextro na cac;a aos caran-
guetjos. Sáo indios do Maranháo.
GUA.JARA, s., é o nome de uma arvore amazonica, uma varledade
de abiu. Pará.
GUAJER'ú, corr. guá-yary, o que tem cachos, ou frutos em penca.
<Chrysobalanus). Alt. Guajirú, Guajarú, Guajurú.
GUANABARA, antigamente Guanabará, c. goaná-pará, o lagamar.
Rio de Janeiro. 95.
GUANANDI, corr. guá-nhandí, o que é grudento; allusáo ao liquido
gluttinoso e visguento, de um amarello fino, que tem a aryore
deste nome. (Calophyllum brasiliense,· S. Hill.). Alt. Gnanantim,
Oanandy, Olandy, Urandy, Landy, Lantim.
GUANHAES, corr. gua-nhá, aquelle que corre; o corredor. Nome de
urna tribu selvagem de Minas Geraes.
GUANUMBY, corr. gua-nu-oby, o individuo preto azulado. E' a ave-
zinha - beija-flor. <Trochilidae). Os indios a tinham como men-
sageiro da outra vida. Alt. Guanamby, Gainumby.
GUAPACARÉ, corr. gua-upá-caré, a lagóa torta da baL"'{ada, ou antes
- o bra~o do rio. Sao Paulo.
GUAPARAYBA, c. gua-pará-yba, a arvore das enseadas ou sacos .
(Rhysophora Mangle). O mang~e vermelho.
GUAPt, c. gua-apé, o que serve de caminho; allusáo ás folhas desta
planta que· cobrem a superficie das aguas estagnadas e dáo
caminho ás aves. Pode ser tambem corrupc;áo de guá-peba, o
que é chato ou plano. (Nimphéa). Alt. Aguapé. •
GUAPEBA, s., o mesmo que guapé, no guarani. V. Guapé. Designa
tambem uma madeira branca (Luéuma sp.). empregada · no
fabrico de caixóes e de violas ou guararapebas. E' tambem o nome
indigena da fava de s. Ignacio, ou cabec;a de frade. Alt. Guapeva.
GUAPI, V. Guapira.
-209-
H
BERú, corr. eirú, a abelha anegrada..
mCATn, corr. y-catú, a agua bóa; rio bom. Ma.ranháo.
BOTINGA, corr. y-tinga, agua branca. Alt. Utinga, Otlnga. Babia.
HUl\lA, suf. totalmente negro.
BUMATA, corr. Ü-Dlatá, meio negro, anegrado.
BUMAITA, corr. mbaitá, o papagaio pequeno, tambem conhecldo por
mattaca (Pstttacu1 cyano¡astra). Nome da famosa fortaleza
-214-
1
JACAYOBY, corr. yacá-1-eby, o rlbeiro de agua verde. Rlo Grande
do Sul.
IAPARYABA, c. 7-apar-JU&, o que é dextro no a.reo; o arqueiro.
IAl'EYO, corr. J'&pó-J'li, o pantanaJ, o estagnado. E' forma guarani
correspondente a J'&POyuc& do tupi costelro. Alt. lpojaca, PoJuca.
JAPDl)', corr. 1-apinú, as empalas d'agua; as ondas.
JAPENtJPAt corr. yapená-pá, o tombo ou pancada das ondás; a
arreben~áo; a resáca.
JAPUCANDl, corr. ya-puea-m, , -
aquelle que está a rir-se; o 11sonho,
o esc.aminbo. E' o nome de um gaviio cujo grito simula o rilo.
<Splzcetu.s Tyran.nus). Entre os Cayuás - Nhapucanta.
JATITA, s., o caracol. No tupi, 7ap1111Diti, o car~ de terra.
IATUABA, corr. Jatya.r&, o tazedor de culas. Rlo Grande do Sul.
- 215 -
..
- 216 -
•
-217-
IGUARAC'O, v. Icara~ú.
IGUREY, corr. icu.r é-y ou igure-y, o rio das antas. V. Iguré. Ma.lto
Grosso.
IM.Bt, corr. y-mbé, a planta rasteira trepadeira. (Philodendron>. Em
guaraní - pembé. Alt. Guatmbé.
IMBIA~A, corr. mbé-a~á., ou pé-a9á, forma guaraní de mbé-a~ba,
a travessla do caminho; aonde o caminho vem ter ao rio ou ao
estelro; o porto. V. Pea9a. ·
IMBIRA, corr. y-mbira, a pelle 'da arvore; a casca de arvore; a fibra
da entrecasca. Alt. Embi~. · '
IMBI&ITi, corr . ymbyra-ti, a fibra branca. entrecasca de arvore de
que os indios faziam cordas e os negros aventaes; dava morróes
de espingarda que náo se apa.gavam. <R. do Brasil, cap. 68).
11\fBIRUSSú, corr. ymbyr-u~ú, ·a embira grande, a entrecasca grossa.
Alt. EmJdru~ú.
11\IBú, corr. y-mb-ú, a arvore que dá de beber; allusáo aos tuber-
culos grandes desta planta (Spondias uberosa), que. nas raizes,
seggregam agua e matam a sede aos viajantes do serta.o em
tempo de secca. Alt. Umbú, Ombú, Ambú. Norte do Brasil.
11\IBUA, corr. amboá, c. a-mbo-á, pellos erguidos ou levantados.
Designa a lagarta felpuda entre os indios. Outros dio este no me
á Centopéa.
11\IBUHY, corr. ymbú-y, o rio do imbú. Pode ser tambem mboy-y,
que quer dizer - río das cobras, ou agua da cobra. Rio de Ja-
neiro, Bahía.
IMBURANA, corr. ymbú--rana, o imbú falso; semelhante ao imbú.
(Bursera leptophlecos).. Norte do Brasil.
INAl\IB(J, corr. y-nbá-bú, a que corre a pn1mo, ou se levanta a
prumo, a perdiz. Pode proceder o vocabulo de y-am-bu, signifi-
cando - a que se levanta com estrepido, estrondando. (Cryptu-
rus). Alt. Nambú, Inambú.
INAYt, corr. ina-ye, o que está sepa ra do, o solitario; o gaviao. Alt.
Nagé.
INDAYA, corr. andá-yá, amendoas ou cocos caídos, ou que - se des-
pencam. E' a palmeira Attalea compta). Alt. Andayá, Endayá.
· INDAYATUBA, corr. indayá-tyba, abundancia de indaiás, o sitio das
palmeiras indaiás. s. Paulo. 108. ·
INDUA, corr. indoá, o piláo. No guaraní - angoá. (36).
INGÁ, corr. y-igá, o que é embebido, ou humldo; allusao á polpa da .'
fruta. Alt. Engá, Angá..
INGARYVA, corr. ingá-yba, a arvore de ingá, a ingazeira. Entre
caipiras, o tempo ingahiva se applica ao individuo irritadic;o e
desconfiado; mas, neste caso, o vocabulo verdadeiro deve ser -
angayba <anga-ayba) que se traduz - a lma ruim, genio mau.
(0 Gunga-muquixa, de Waldomiro Silveira ).
INEMA, s. c. y-nema, a agua apodrecida, fétida. Bahía.
-
- 220 -
-
tira substancia que faz vomitar a saliva .
- o campo verde. Parahyba do Norte.
lNOBY, corr, nhu-obi,
INTANIIA, corr. yi-ti, a rá forte; allusáo ·ao coaxar do animal que
imita o som do martello na bigoma. E' a ra de chl!re (Cerato-
phrys dorsatus, Neuw.) . Alt. ltanba. Itania.
..- -..
peixe, ou ruim pa ra a pesca. s. Paulo. Alt. Ipane.
IPAU, corr. y-pa u, a 1lha de rlo. E' forma guaraní .
.
IPAUC(J, corr. y-pau-u9ú, a llha grande. Nome de um chefe e feiti-
ceiro famoso dos Petinguaras, no seculo XVI.
~' corr. y-pé ou yb-pé, a arvore cascuda. (Tecoina lpé).
' IPECA, corr. y-pega, · o caminhante n'agua, o nadador, o pato, o
palmipede. E' abrevia~ao usual do nome da planta vomitiva -
Cephaelis ipecacnanha.
.
Alt. Upeca. .
..
IPECACUANHA, antigamente ipicacnem, que se decompóe em - ypy-
caá-guee, e se traduz - a raiz vomica, pois que ypy-caá é a raiz,
o pé da planta, e gueé é vomitar. Outros, porem, escrevem ipe-
eaconha (ypeca-conha) que vale dizer - o penis do pato, pois
ha semelhanc;a da raíz da planta vomitiva CCephaelis ipeca-
euanba) com a forma do menibro desta ave.
IPECATIAPOA, corr. ypeca-tl apoá, o pato de crista levantada. CAnas
carnnculata, Illig.). V. Ipeca.
IPEC1', corr. ypec-Ü o pato preto. <Aanas \'iduata. Anser.). Com o
mesmo nome se designa o pica-pau, como se ve em Marcgraf.
V. Uaplcú.
....
IPECUTW, corr. ypeca-n-tiri, o pato preto arisco. E' o mesmo
paturi. (Anas braslliensis, Briss.). V. lpeca.
IPEROBA, corr. ypé-roba, a casca amargosa. Alt. Peroba. (Aspidos-
perma). Alt. Iperó.
-¡p-E-R-OIG, corr. ypirú-yg, o rio ou agua do tubario. 109. S. Paulo .
Pode proceder tambem de fperó-yg que se traduz - rio das pero-
. bas. V. Iperoba. (39).
I
40 - VeJa a nota 27.
41 - ldem, lbldem ..
-223-
... .
-227-
~ .- Idem 171.
- 230-
J
JABA, corr. yabá, v., fugir, esconder-se; s. o fujáo. No tupí costeiro -
ja.báu.
JABAQUARA, corr. yabá-quara, o refugio ou esconderijo de fujóes,
vulgo - quilombo. 120. S . Paulo.
JABEBIRA, corr. ya-pé-byra, o que tem a pelle aspera, ou pelle de
ruca. E' o nome tupi das raías e peixes _chatos. Alt. Jabebura.
JABOATAO, V. Inhabatan.
JABORANDY, corr. ya-mbo-r-endí, aquelle que faz salivar. E' a
planta medicinal - Pilocarpus senatifolius. Alt. Jaborandiba,
Jebarandí, Jaburandy e até Joáo Brandí.
- 231-
- 238 -
• JUQUIRATfBA, V. Juqultíba•
JURARA, s., a tartaruga (Testudo), tambem chamada Jurucuá.
IURtA, antigamente yuré, corr. eur-é. (pronunciado chur-é), a sall-
encia distinta, a ponta nota:vel. E' o nome de um promontorio
na vizinhan~a da Ribeira de Iguape. S. Paulo.
JUREMA,, corr. yu-r-ema, o espinheiro succulento; arvore esplnhen-
t a do sertáo, da qual o gentío extrahia um sueco capaz de dar
somno e extasis a quemo ingeria. (Acacia J urema, Mar., ou Spina
dulcis) . Ait. Gerema, Jerema.
JUR(r, corr. yurú, o pesco~o. a garganta, a boca, a barra, a foz.
JURUA, corr. yurú-á, a boca aberta, ou ampla; a embocadura larga.
Pará, Amazonas.
JURUBIM, corr. yurú-bi, a boca cerrada ou fechada. Alt. Surublm..
JURUCt, corr. yurú-ce, a boca doce; a affavel. Nome de mulher.
JURUCUA, corr. yurÜ-quá, o pesco~o que se afunda ou se recolhe; a
tartaruga. Alt. Jericoá, Jerequá.
JURUJUBA, corr. yurú-yuba, o pesco~o amarello ou ruivo; a boca
ruiva; a barba ruiva ou loura.. 199. Río de Janeiro.
JURUMIRIM, corr. yurú-mirim, a boca pequena, a barrinha.
~ ~
L
LAI\IBARt, corr. arambaré, a bruma, a nevoa, a mancha azulada,
indistinta e distante. Dava-se este nome ao vulto brumoso das
montanhas longinquas. Alt. Aramaré.
~
-
- 241-
M
•·, )1A, forma contracta de mbaé, a cousa, o objec.to. quando entra na
composi~áo de outros vocabulos. Pode ser tambem a forma con-
t.r acta de uma, ou yma, yba, a madeira, a arvore. V. Mbaé, Uma.
MACABA, corr. má-caba, a cousa gorda; o que é carnudo ou polposo.
E' o fruto da palmeira Acrocomia scleroearpa, Mar. Alt. Macá,
Baccaba, Bacá.
l\IACABOQUEIRA, corr. macaba-coéra, as macabas. Fol o nome pri-
mitivo da atual cldade de Granja, Ceará.
MACABú, corr. maeab-Ü, a macaba preta ou
arroxeada. V. Macaba.
MACACH!:RA, corr. maealera. O aipim, que se comia assado, chama-
va-se atni-macaiera, que, por corru~áo. se passou a alpl-maea-
chelra. V. Macala.
MACACO, vocabulo tomado dos Gallbis da Guyana. O simio, na llngua
desses indios, é macaca.
MACACO, V. Macacú.
MACAGUA. corr. mocáguá, c. moy-cá-a-úá, que se traduz - comedor
de cabe~a de cobra. E' o gaviáo Fal<'o cachinans, que devora as
cobras e por isso tido, entre os indios, como ave protectora .
Chamavam-na os Tupís do Brasil - Acaai, vocabulo que pode
ser onomatopaico, mas que. em verdade, se compóe de acá-uá,
provindo de acá-uára, o comedor de cabe~as.
l\fACAHt, corr. macá-é, a macaba doce.· Rio de Janelro. V. Macaba.
l\IACAlllBA, corr. macá-yba. a arvore da macaba. E' a palmeira
Acrocomia sclerocarpa, Mart., que se chama Cico de eatharro.
Alt. Macabyba, Macahuba, Macayuba, Bocayuva. V. Macaba.
MACABUBA, V: Macahlba.
~ACAIA. corr. ma-~ála, por mbae-cáta. a cousa abrasada, ou que se
nuetma ; a queimada; a ardentia; a luz phosphorecente, o fogo
fatuo.
MACAIOtA, forma plural de macala. 25. Significa: fogos que ardem
por si, espontaneos ; o fogo fatuo ou labaredas phosphorecentes,
oue os indios ttnham como maus espirttos que os perseguiam
nos car.ninhos. Alt. Macachera. V. Macala.
l'tlACAl\mmA. corr. má-cambira, o manojo ou mólho pungente, chelo
ñe _espinhos. E' urna bromeUacea, de que, no sertáo, se extraem
!1bras para cordas.
MACAPÁ. corr. macá-pá, contrac~ao de macá-paba, a estancia das
n1acabas, o pomar de macabas. Pará. V. Macaba.
>••o t:tm fD f · · - -· ··-~·1- • o u•fi º o fn10oj o )lome rJe nmo
MACA..'l\fBABA, corr. m~ambaba., a un ao, a Junc;ao. Nome de uma
restinga. ent re urna lagóa e o mar, fazendo a communic~io entre
dous promontorios . Alt. Ma~ambá. Rio de Janeiro.
:!\lA~Al\IBARA, corr. mo~ambá-rá, a restinga rota. V. ~ambaba .
Río de Janelro. ·
l\IA(;ARANDUBA, corr. ma-~aran-d-yba, a árvore do escorrego; lon-
garina utilizada, na matta, para, sobre ella, rolar a madeira tirada.
-242-
- . - -
MIBtM, adj., pequeno, breve, pouco, miúdo; adv. um pouco. Alt.
mlrt, IDI, min1, lm, l.
MIBINA, corr. · mirlDaba, a pequenez, a miudeza.
MIBOBó, corr. mlrolró, o desprezado ou repudiado.
MIBYBA, corr. myra-ayba, a gente má ou ruim, barbara. Alt. Blliba.
MITIM, s., a sementelra, a planta~áo, ~a.
MOACYB, corr. mo-acyr, faz doer; o que molesta; o doloroso.
MOCABA, V. Bocaba. Alt. Mocá.
MOCABUQú, c. mocab-u~ú, t» canhio, a pe~a de artllharla. Alt.
Moca~u, ~c~ú. 123.
MOCACUf, c. mocá-cuí ou mocaba-cm, o pó de fuzil, a polvora. 123.
.. ,
MOCANGUt, corr. mocae-gue, os moquens; varaes em tendal sobre
braselro para assar a carne ou o pe1xe. E' a forma plural de
mocaé. V. Moquem. Rlo de Janelro. 25.
MOCAYBA, V. Macahiba.
MOCICA, corr. mo-cyca, tazer chegar; puxar para si, o puxio. Dar a
mocyca é derrubar a rez, na carreira, por melo de um puxáo pela
cauda, dado pelo cavallelro ou vaqueiro que com ella se empa-
relha. Ceará, Nordeste do Brasil.
MOCó, corr. mo-coó, bicho que róe, animal roedor. <Cavia rapestris).
MOCóCA, corr. m6-coga, fazer ~a; o ~ado; a plantacáo. S. Paulo.
.
v. Có.
..
MOCOIM, corr. mocoó-1, o que punge ou .róe miudlnho. Insecto ml-
nusculo e vermelho que mortie acremente, uma especie de
Tromhldlum. Alt. Muculm, Mlqalm.
MOOCA, c. mi-oca, faz casa; a -rancharta, o pouao. 8. Paulo. 112.
MOCORIPB, corr. mocó-r-7-pe, no rlo doe mocóa. Se procedente de
uma ·alter&Qlo de Mucar-y-pe, llgnlfica - nagua ou no .rto das
.- 1DUCUl'U ou gambáa. Ceará.
.
~
-250-
N
NAGi, corr. ana&'é, o gaviáo. (Mllvaro>. Babta.
NAMBIUVC, corr. nambi-uú, a orelha podre.
NAMB()', V. Jnhambú.
NAMBYQUARA, s. c. namby-quara, orelhas turadaa. Nome de uma
tribu selvagem. Matto Grosso.
NAMBYS, corr. na-mbi, as orelhas. Bahla.
NANA, corr. naná, o substantivo ná, no gráo augmentatlvo - o
cheiráo, o aroma grande, o que sempre cheira. E' o nosso ananaz.
CBromelia).
NANAtr, c. naná-ú, comer ananaz, isto é, onde ha ananaz. Parahyba.
NANDú, V. Nhandú.
NANDUBA, corr. ni-dyba, o ananazal, ou sitio dos ananazes. Ceará.
NAPOH, corr.' tnhambú-pe, a perdiz miuda. ·Babia. V. lnhambú.
,NARANDYBA, c. naran-dyba, o sitio das laranjas, o laranjal. O voca-
bulo naran é uma adapta~áo da palavra portuguesa - laranja -
ao tupí. (5'7) .
NATUBA, corr. ná-tyba, o sitio dos ananazes, ou ananazal. 118. Bahia.
NHA, s., o fruto, a castanha, a amendoa, o c6co. Alt. Yá, Ná.
NBACORA, palavra hybrida do tupi e do bespanhol; nhá-corá é o
curral de correr, o pateo de corridas. Rio Grande do Sul.
NBAEM, corr. nhae, o vaso, a bacla, o prato, a .Panella.
NHAEMPEPG, c. nhae-pepo, o vaso de ferver; a panella. 120. 1
NJIAMB()', c. nhá-mbú, a noz que arrebenta, a mamona. (Rlclnus
communis, L.). Alt. Yambú.
NHAMBY, corr. ya-mbí, a herva ou planta de comer. Os indios
comlam-na crúa, a modo de coentro e com ella temperavam os
seus manjares. Rot. Bras., c. 93.
NllANDAYA, V. Jandala.
NBANDEYARA, corr. nhande·yara, Nosso Senhor; tratamento para ·
Deus.
NHANDI, s. c. nhá-dí, a seiva, o liquido que escorre; o oleo, o latex,
o grude.
NHANDmOBA, c. nhandi·roba, o oleo amargo; a seiva amargosa.
Alt. Jandiroba.
NHANDú, c. nhá-dú, corre com estrepido, a corredora; a avestruz,
•
a ema (Rhéa americana). A aranha (Mygale).
NHANDUQú, c. nhandú-a~ú, a aranha grande, a carangueijeira; a
ema grande.
NHANDUllY, corr. nhandú-y, o rio das emas. Matto Grosso. 109.
NHANDUí, corr. nhádú·i, a ema pequena. Nome de um principal dos
~etiguaras, no seculo XVI, que, nos livros hollandeses da epoca
da conquista, apparece traduzido para o latim, s-ob a forma -
Jandovius.
NHANDUTY, c. nhandú-tí, a tela de aranha; a renda ou tecido de
linha.
NBANICA, corr. nhá·ica, o fruto fluente ou mole. <Eugenia Nhanica).
NHA~UPt, corr. nhi-por·e, corre em plano; a que vóa em linha, ras-
teiro ; a perdiz ou inambú. <Chypturus). Alt. Inapupe, Enapope.
NHATI, V. Jaty.
NHATIUM, corr. nbá-tí-ú, ou ya-tí·ú, aquelle oue morde com ferrao;
o que agullhóa: o mosquito pemilongo. Alt. Jatium, Inhatium.
NBAUM, corr. nhae..11, o barro de panella, o barro olar. Alt. Inhautpa.
NBEEM, s., a fala, a lingua, o idioma.
NBltEMBUCú, c. nheé-bucú, a fala comprida. o falador, Unguarudo.
..
NHEEMONGABA. corr. nhee·mongaba, a reuniáo para falar; a assem-
bléia, o conselho.
NHEF.NGAIRA, c. nheen"·aíha, a ltnP."Ua má: a fala incomprehensivel.
Nome de urna nacáo selvagem ria foz do Amazonas catechizada
pelo Padre Antonio Vieira. Pará.
NBEENGATú, c. nheen2'·catú, a ltngua boa o idióma corrente. Tam-
bem significa - o bom cantor, o canario CEmberiza brasillensis,
Mar.>. ..,
NBIOBY, corr. y-oby, o rio verde, a agua verde. Alt. Itoby.
NHITINGA,. corr. nhetinga, s., o mosquito branco, importunis.simo,
pousando nos olhos, narizes, nas f eridas e lugares impuros do
corpo humano. Enxames destes mosquitos seguiam as indias,
núas, quando sujas do seu costume. Rot. Bras., e 93.
NBU, ou nbum, o campo, o terreno limpo de seu natural; o prado
com vegeta~áo ra.stelra. Alt. Nú, Inhú, Jun.
NBU.I, c. nbU, o campo alto. Alt. lnhoi.
-255-
o
OACARt, corr. uá-caré ou raá-caré, o buzio curvo, liso, de que se
serviam as mulheres para burnlrem e assentarem as costuras . .
Rot. Bras., c. 142. ·
OANANDt, V. Guanandi
OARUA, s., no tupí costelro ou lingua geral, o espelho. 123.
OATAP'O, corr. y-atá-pú, o que sóa alto, o altisonante. E' um buzio
de grande boca de que os inclios fazlas buzlna.
OATAPUQú, corr yatapú-a~ú, o buzio grande. V. Oatapú.
OAXIMA, V. Guaxlma.
OBERAVA, corr. y-beraba, alt. u-beraba, a agua clara, crystalina.
reluzente.
OBú, corr. y-bú ou ypú, a agua que surge, o manancial, o olho d'agua.
OCA, s., a casa, o coberto; o abrigo, refugio, paradelro. Alt. Og, Oka,
Roca, Toca, segundo o thema. No tupí amazonico-Uca, Ruca. 115.
OCAPEGUABA, c. oca-pe-guara, o morador da mesma casa. 112. (58).
OCARA, s., a pra~a o terreiro, o largo, 112.
PECACUEM, V. Ipeeaeuanha.
PECAPARA, corr. ypeea-apara, o pato torto, ou de pernas tortas .
(Podoa surtnamensis).
PENACAMA, c. pena-cama, o quebra pettos. Nome de um principal
dos Petinguaras da Parahyba, no seculo XVI.
PENú, corr. penÜ ou pinon, a onda, a ruga ou empola. V. Yapenú.
PERAU, s. c. pé-rau, o camtnho falso; o fójo; o sumldouro; buraco
sob agua. (66).
PERAYÉ, s. c. pi-rayé, o camlnho de través; atalho, vereda.
PERCAAURI, corr. paracau-r-Í, os papagalozinhos; os periquitos.
Pernambuco. Nome antigo citado no Diario, de Pero Lopes, de 1532.
PERCICABA, V. Piracicaba.
PEREA, V. Apereá.
PEB.EBA, s., a cicatriz, a f erida com casca, a f er1da velha, a mancha
da sarna.
PEREIBA, corr. pyr-éra ou pyrera, as cascas . 25. Dlzer-se - pau-
perelra por pau-pyrera é exprimir - o pau de que se tiram cascas
para medicamentos .
PEREQU.t, V. Piraique .
PERERECA, ger-supino de perereg, saltitar, andar ás tontas. Pere-
reca é, pois, a saltitante, a estonteada, a que salta a torto e a
direito. E' o nome de uma rá que vive nas arvores .
PERIGUARY, corr. peré-guary, o encascado retorcido. E' o nome de
um buzio praieiro de 5 a 6 centimetros de comprimento, de forma
tronconica, com protuberancias na extremidade mais grossa, de
cor amarello-vermelhada. Alt. Perguary. Babia. ··
PERIGUA, corr. peré-guá, o que é encascado, o que tem casca ou
estojo. E' um buzio que vive na praia e tem urna tripa cheia de
areia; marisco de bom gasto e leve. Rot. Br. Bahía.
PERNAGUA, V. Paranaguá.
PERNAI\muco, corr. paraná-mbuca, o furo ou entrada do laga-mar;
allusáo á brecha natural do recife por onde o lagamar se com-
munica como mar. O nome paranambuca éra commum na costa
do Norte, no trecho della tomado pelos recifes, e o sentido que os
indios lhe davam era o de furo, entrada, passagem natural aberta
na muralha do recüe. No tupí do Norte, no Nheengatú, paraná-
mbuca quer dizer - jorro do mar - , allusio á embocadura por
onde elle se escapa . Muí acertadamente escreve a proposito o
autor do Castrioto Lusitano, Frei Raphael de Je~us, ao tratar
do Porto de Recite " ... uma abertura á qual os naturaes chamam
Pernambuco, que, em sua lingua, é o mesmo que pedra furada
ou buraco que fez o mar de que se forma a garganta da barra ... "
O vocabulo - paraná = pará-ná, traduz-se - semelhante ao
mar; é lagamar formado na junccáo dos rios Caplberibe e Bebe-
rlbe; é o furo, a aberta, a quebrada.
ee - Idem, 183.
- 263 -
PEROBA, V. Iperoba.
PERUHIBE, corr. lpirú-y-be, no r1o do tubario. 109. B. Paulo.
PERY, corr. ptry ou plri, o junco.
PETECA, ger.-suplno de peteg, bater, dar golpe; peteca é, pots, a
batida, tangida, a péla.
PETIBAU, corr. petYm-mbáu, o canudo de tabaco, o tubo de fumar,
o cachhnbo. ·
PETIMBABA, corr. pe~ymbaba, o charuto, ou o instrumento de fUmar.
PETINGUARA, s. c. pety-para, o mascador de tumo. V. Petym. Era
o verdadeiro nome do gentio da Parahyba, guerreiro e valente,
assim chamado por ser do seu costume trazer na boca, entre o
labio e os dentes, uma folha de .fumo, resultando dah1 sair-lhe
a baba pelo furo praticado no labio inferior. Antonio Knivet,
que esteve entre elles, assim o expllcou, e o donatario Duarte
Coelho escrevia - Petinguara e nao Potiguara que é injurioso.
Alt. Petunguara, Petiguara, Pitiguara e Pitagoar, como se ve no
Roteiro Geral do Brasil, de 1587.
PETITIBA, corr. petym-tyba, o sitio do tabaco ·ou fumo, o tabacal,
a plantaoáo de fumo.
PETUME, corr. petym, o fumo ou tabaco, a erva santa do gentlo .
(Nicotiana T .). (67).
PETYl\I, s., o tumo, ou tabaco. (Nicotiana). Alt. Petim, Petun, Betun,
Pitim.
PEúMA, s., o genro da mulher, entre os Tupís. Alt. Pluma.
PIABANHA, corr. piá-bái, o que é manchado. Bap. Caetano. Nome
de um peixe fluvial. Rio de Janeiro.
PIACA, V. Pla~ába.
P.IACABA, corr. pyá-a~aba, o traspasse de apertar, o amarrllho, a
atadura. Confunde-se, frequentemente, com pea~aba. Alt. Pia-
~aua, PiaQava. E' o nome da fibra da palmeira Atta.lea funJ-
fera. (68).
PIAQAGUERA, forma plural de plaQaba, significando - amarrllhos,
ataduras, cordas. Pode, entretanto, ser a forma flural de pea~aba
e significar - partos, embarcadouros, tra vessias de caminho. O
vocabulo alnda admitte outra 1nterpret aoáo, considerando-se com-
posto de peaQá-guéra e tomando a ultima parte como adjectlvo.
com o significado de - velho, extincto, arruinado, caso em que
peaQá-guéra se traduzirá - o porto velho. S. Paulo. (69).
PIAGA, corr. eplaga, ger.-supino de epiac, o vidente, o que ve no
futuro, o advinho. E' o feitlceiro ou pagé do gentlo. (70).
•
·- 268 -
..
POTIGUARA, s . c. poti-guara, o comedor de excrementos. V. Poty. To-
mado, porem, como corrup~áo de potln-guara ou pot1-guara signi-
fica - o comedor de camaróes. V. Potim. Nome attribuido a um
gentlo da Parahyba, fan1oso nas guerras da conquista, no seculo
XVI . O nome Potiguara, da primeira versáo, se usado naquelles
tempos, explica-se por ser costume, entre os gentíos, chamarem os
seus contrarios por nomes injuriosos. Alt. Potiguar. (76) .
POTil\i, s. c. po-ti, as maos ponteagudas: o camario, o crustaceo .
CPcnaeus setiferus). Alt. Potí.
POTINGY, c. potin!-g-y, o rio dos camaróes. Río Grande do Norte.
V. Potim ou Poti.
POTIPEMA, s., camaráo de bocas curtas, barbas longas, e casca branda .
POTtQUEQUIA, s., o lagostim.
POTRIBú, corr. potyra-ybú ou portyr-ibú a fonte das fiores. 103 .
S : Paulo .
POTUACIPE, s. c. potú-acl-pe, no córte ou talho feito á mio, poden-
do alludir a um roc;ado, a uma picada, a um rego ou sulco telto
á máo .
POTUMUJú, corr. potumú-yú, o sustentaculo ou estelo amarello;
allusáo á madeira de construcQao civil, considerada das melhores
do Brasil, de cór amarella com urnas velas vermelhas CLecythl-
dea). Babia.
POTYRAGUA, s. c. potyra-guá, a flór variegada, de córes diversas.
PREA, V. Apereá.
PRIAOCA, corr. apereá-oca, o refugio ou casa das preás .
PROMOMBó, corr. pora-má-mbó, o que é feito em conjunto, ou todos
de uma vez . Modo de pescar dos indios, em canoa, nos rlos; caso
em que, levantando-se e sentando-se, a um tempo, todos os tri-
pulantes, a agua abalada faz que o peixe comece a saltar e ca.ir
dentro da embarca~áo. E' o que se chama - pescar de promom-
bó . S. Paulo .
PROPRIA, corr. popiá, o punhal, o ferrao, o dente de cobra . Alagoas.
PU(;A, V. Py~á.
PUCBIRO, corr. pycbyró ou pycyró o socorro, o auxllio, a ajuda. Alt.
Puchirum, Muchiró, Muchiráo .
PURUBETA, ant. Curubetá, c. curuba-etá, seixos, éalbaus. Locall-
dade no Rio de Janeiro .
PUXIl\1, V. Pochi.
PUYRA, ger.-supino de puyr, o arrependido, o que se emenda .
PYCÁ, s., a rede de pescar . Alt. Pu9á. 116.
PYPo, s. c. py-por, o rasto, o vestigio dos pés . Pypoéra é a forma
plural, significando - os rastos, as pegádas . Sumé pypoéra, as
pegadas de Sumé ou, como queiram, de S . Thomé, deixadas
fundas nos rochedos da costa . Essas marcas de pés, ou pypoeras,
a.ssignalavam-se nas vízinhan~ de Itapoá e de S. Thomé de
Paripe, na Bahia. 125. C76a).
Q
QUA, s., a atadura, cinta; a trama do tecido; o golpe, a pancada;
o tiro, o estampido; adj ., temo, delicado. Como forma contracta
de quara, significa tambem - p~o. cisterna, buraco, furo. V.
Quara. Como modifica~áo de cuá, significa - o meio, entre dous
extremos.
QUA, s., o dedo da mao . Contunde-se ás vezes com quá e cuá.
QUAA, s., o agulheiro . Como verbo significa - conhecer, saber,
comprehender .
QUAi, s., eolio, pesc~o. gargalo .
QUAM, s., o dedo da máo; ponta, proeminencia . Alt. Quá, Qua.
QUARA, s., o furo, a cova, o buraco; o esconderijo, o refugio . Alt. Quá.
QUARAHIM, corr. quara-i, o pocinho, o buraquinho, o furo pequeno,
a covinha . Rio Grande do Sul .
QUATI, c. qua-ti, o que é riscado, ou lanhado; o que traz riscas
pelo corpo . E' o Nasua dos naturalistas . Alt. Coatí.
QUATIARA, ger.- supino de quatiá, a escrlpta, a letra, a pintura, a
inscrip~áo , o letreiro .
QUAY, o preceito, o mandado, a ordem .
QUERYI\1A, corr. ker-eyma, sem soro.no; a vigilante. Nome de mulher.
QUIABA, s., teia, tecido, ninho .
QUIAPIA, voz onomatopaica da ave chamada vulgarmente Corupiáo.
QUI~ABA, corr. ke~aba, o ninho, o logar de dormir. Alt. Qulxaba,
Quixá .
QUICt, ou kicé, a faca, a lamina cortante, o instrumento de córte.
QUICEAPARA, c. kicé-apara, a lamina curva, a fouce . 123 .
QUIEPE, corr. quié-pe, na entrada . E' o nome indígena de um llhéo
ao entrar da bahia de Camamú . Bahia.
QUINDú, c. qui-ndú, a ponta rumorosa; a sallencta da costa onde
batem as vagas com fragor . Bahia .
..
• QUINHA, corr. kiya, a pimenta . V. Quiya .
QUINIMURAS, nome que alguns escriptores tomam como a.ppellldo
de urna na~áo do gentio da Bahia, no seculo XVI . Em verdade,
nada mais é do que a erronia do nome Caramurú, que alguns
franceses da quelle tempo escreviam Quirimure . Veja-se A. Thevet
- Sinrularitez. (77) .
'77 - Depola d.a publ1ea~ao do Vocabuldrio M Lfngua BrasfHca doa Jeauttaa. tee~
munhando 1erem kit'Jlmure (ktf'Jlmur~) e ParagQa~ u duu denomina~Oee
que oa tup1namb'8 davam ' Bahta tü Todo$ os Santo1, eua conJetW'a deva
eer d~nn1tt•amente abandonada.
272 -
R
REPOTY, o mesmo que potí, no genitivo de possessáo. V. Potí.
BERITIGBA, erro de copia da Cborograpbia Brasilica de Ayres do
Casal, em vez de Rerltyba, ou Reritygba, como escreveu o Padre
Anchieta . V. Rirityba . 109 .
RIRt, s.. a ostra . Alt. Reri, Leri, lrirí.
RIRITYBA, c. riri-tyba, o sitio das ostras; ostras em abundancia,
a ostrelra . 109. Espirito Santo . Alt. Lerityba, Rirituba, Irirityba .
ROCA, o mesmo que oca, no genitivo de possessáo; s. a casa, o abrigo,
o refugio .
ROCAI, o mesmo que toc.ál, s., o cercado, o curral, a manga .
RUCA, modalidade de roca, no tupí amazonico . V. Roca .
RUCtJ, V. Lucu, Urucú.
RUPIARA, o mesmo que upiara, no genitivo de possessi.o; o ovo,
o germen; a procedencia, descendencia, a raoa. Alt. Rupiá.
s
SABABO, corr. sambá-ó ou tambá-ó, a concha espessa, grossa .
SABARA, ant. Tabará., de que se fez Tabarabo~ú, como se vé em
velhos documentos . Tabará é a forma contracta de Jtabaraba
Itaberaba que é ltá·beraba, a pedra reluzente, o crystal.
SABARABUC(J, ant. Tabará-1>o9ú, corrup~io de Itaberaba·u~ú, que
slgnlflca pedra reluzente grande, ou o crystal grande, que tambero
-
-274-
T
TA, s.,contrac~ao de taba ou taua, a aldeia, a povoa~ao do gentio.
Como aff1xo significa: haste, tronco, espiga, o pé da planta; o
pello, a pluma, a lá. Quando entra na composlc;áo de nomes de
plantas equivale a caá; quando no de nomes de abelhas, vespas,
etc., corresponde a caba. No geral, pode-se traduzir ta, quando
em composic;áo, por - individuo, causa, entidade, aquelle que é.
TABA, s., a aldeia, a povoac;áo, o arraial; no tupí-guaraní, taba; no
tupí amazonico, táua. Alt. Tab, Táuba, Tá, Tap. 112.
TABAGY, corr. taba-g-y, o rio da aldeia.
TABAGYPE, c. taba-gy-pe, no rio da aldeia. 75. Alt. Taparype.
TABAINHA, corr. taba ..~ a aldeiola, a aldeia pequenlna. Ceará.
TABAJARA, corr. taba-yara, os aldeióes, os moradores ou donos das
aldeias. 112. Nome de uma na~ao do gentío da Parahyba.
TABARABU~ú, corr. itaberab-u9ú, a pedra reluzente grande; encosta
grande de pedra reluzente; o crystal grande. E' o nome de que
se fez, por corrup~ao, o de Sabarabu~ú. V . Sabarabu9ú, Itaberaba .
• Monsenhor Pizarro, nas suas l\lemorias Historicas, escreveu
Tabarabo~ú.
TABARt, c. taba-ré, dado ou propenso á aldeia. V. Taba. o vocabulo
tabaréo, usado na Bahia para designar um componio, ou homem
' do matto, talvez proceda deste nome tabaré. 112.
TABATINGA, corr. tauá-tlnga, o barro branco, o barreiro de argilla
branca. 107. Amazonas. (81) .
...
- 285-
-
TAQUARITINGA, c. taquari-tln¡a, o taquari branco. Pemambuco.
TAQUARITUBA, corr. taquan-tyba, o sitio dos taquaris, abundancia
de taquarls. Parahyba.
TAQUARU(((J, c. taquar-u~ú, a canna grande, a taquara grossa,
bambú.
TI, s., corr. ty, a agua, o liquido, o caudal, o curso a·agua. Tem alnda
muito.s significados: branco, brancura, atadura; liga, tecldo;
ponta, proa; fumo, vapor; sumo, caldo; urina. Como adjectivo:
rijo, torte; companheiro; levantado, erguido, alto. Picada, cocel-
ra. Nega~áo: de nenhuma maneira, nunca.
TIAPIRA, s., a vanguarda, o pasto avan~o~
TIAYA, corr. ty-aya, a lympha saudavel, a agua bóa. Nome de uma
localldade, serrote, e riacho, no Ceará.
TIBAGY, c. tyba-g-y, o rio do pouso. Paraná.
TJBAJA, corr. tyb-aia, sitio ou pouso saudavel. Pode ser corrupP.o
de ty-b-aia, ·o rio ou caudal sadio, beneficio. S. Paulo.
TIBAU, corr. ty-paÜ, entre aguas, ou entre nos. Alt. Tfb&L
TmERE('A, corr. t-yby-re~á, contrac~áo de tyby·re~aba, a v1g1lanc1a
da terra; o vigia da terra; o maioral ou principal. Nio ae deve
escrever Tebir~á, que tem mau sentido. Nome do maioral do
gentio catechizado em s. Paulo de Pirattntnga pelos Jesuitas, no
seculo XVI.
TIBIRY, corr. tibí-r-y, o rio da sepultura. Parahyba.
TmYCOARA, c. tlby-quara, o buraco do cháo, a cova, a sepultura. 128.
TmYCOABY, c.· tyby-guar-y, o rio das <:ovas ou sepulturas. 128.
TICOERAUNA, s., buzio pequenino, mancha.do por fóra, usado para
ten tos.
Tlt, s., voz onomatopaica da ave Tánagra. Ha o Tleplranp ou Tapl-
ranga, de um vermelho de sangue, em alguns logares chamado
Tie-sangue e em outros - sangue-de-bol, e ha ainda o Tie-Juba,
passaro de corpo amarello, asas verdes e bico preto.
TIET:t, c. tie-ete, o verdadeiro tie. v. Tle. Pode o mesmo vocabulo
proceder de ty-ete que significa - rio bastante fundo, rio verda-
deiro, consideravel. S. Paulo. 105, V. Ti.
TUUACú, corr.' tefÚ-a~ú, o lagarto grande. <Telas Monitor, Merr.).
!l'UU.At, corr. tuyabaé, o velho, o anciáo. Tambem se d1z tuJ&, no
guaraní. Alt. Tuyauaé, Tuyaaé.
TIJUAPit, corr. teyu-apé, o trllho ou camtnho dos lagartos.
TUUCA, V. Tuyuca. 99. . '
TIJUCO, corr. ty-yuc, agua corrupta, pódre; lama, breJo. No tupl-
guarani Tuyú. 99. Minas Geraes.
TIJUCOPAPO, corr. tyqc-paba, a estancia dos breJos; o Jam~al, o
at~leiro; o extremo do lamelro. Pernambuco.
• TIJUI, corr. tiyal, a escuma ou espuma.
TIM, corr. tl, ponta, nariz, saliencia, proa. Pode ser uma forma con-
tracta de tlnra, branco, alvo. V. TL ·
TIMBAUBA, corr. tlmbó-yba, a arvore de espuma. O fruto desta
' planta, quando tratado com agua, dá espuma. Alt. Tlmboiba,
Tlmboúba.
TIMBó, s., o bafo, a fumarada, o vapor. Planta cuJo sueco mata o
pe1xe. (Paulinia Pfnnata, L.). 116.
TYMBOBY, corr. timbó-y, o rlo do timbó, ou da exbaJaoio, daa
.névoaa.
-290-
•-v• • _. •·
-295-
TURYASSO, V. Tarla~ú.
TUTOYA, corr. totoí, interJ. equivalente a - oh! Uncia!, que belleza!;
que encanto! Mont.>.
TUXAVA, V. Tuchaua.
TUYA, s., a velhlce, a idade, avan~ada .
TUY(J, s., no tupi-guaranl, o brejo. a lama. o charco; corresponde
a tuyuca ou ty-yuca, no tui)i costeiro.
TUYUBA, corr. tu-yuba, a abelha amarella ou ruiva. (Metlpona rufl-
ventris, Lep.) . Alt. Tuyuva, em S. Paulo; Tfuba ou Theuba, na
Babia; Tububa, Tuhuva, Tuyú.
TUYUCA, corr.• ty-yuca, o brejo. a lama. o charco, a paúl. 99. Alt.
Tfjuca, Tijuco, Tujuco, Tuyu .
TUYO-MIRIM, a abelha tuyuba pequena <Trlgona dorsalls, Sm.).
Pode ser tambem - o charco pequeno; laminha .
TUYUTY, corr. tuyú-tl o lameiro branco. 70. Paraguay. (96).
TUl'Uf(J, c. tuyú-yú, a lama amarella; o barro amarello . Pode aer
contrac~io de tuyuyúba, no tupí costeiro. E' o nome dado ás ce-
gonhas pela raza.o, segundo Azara, de habitarem os brejos. Se-
gundo Baptista Caetano, tuyuyu - se compóe de tu ou ti, blco
e yu-yu, muito amarello, isto é, ave .de bico multo amarello (Mlc-
teria americana).
TY, V. Ti. 195.
TYAIA, s., o suor, o humor; vertente, o que pinga ou mtna.
TYA.PYRA, c. ty-apyra, o favo de mel, no tupi falado pelos Cayuás.
S. Paulo, Paraná .
TYJIOCA, corr. tlyui-oga, o que tira a espuma, a escumadelra. Pode
ser eorrup~io de tfyui-oca, a casa ou paradeiro das espumas.
Pará Alt. Tijloca, Tijoca.
Ti PITY, s., a prensa o expremedor; o cesto tubular e elastico, tecl-
do de folhás de palma, servindo para exprem~r a massa da man-
dioca ralada. 119. Alt. Tlpltl, Tapltí.
TYRA, s., o cano, o tubo, a canula. Alt. Tir, Tur. Slgnlftca tambem
- monte, accumulo, acervo, montáo .
u
• U, corr. 7, s. a agua, o liquido, o rio. A pronuncia ditfiell da vogal
guttural - y - deu origem ás formas u, hu, ¡u, que apparecem
com .
. afflxos ou suffixos na composl~áo dos 'vocabulos. Como
adJectivo - u - equivale a u ou un, significando - negro, preto.
I Como verbo, - u - e multas vezes, hu, gu, cu, significa - comer,
morder, beber, aspirar, tragar.
VA, corr. ui, s., o talo, a haste, o caule, o grelo, a columna vertebral,
o dorso.
• UNA, adj., negro, preto, escuro. Alt. Un, U, Duna, Mia, Plxuna•
UNA, s., a baga, o gráo.
UNAl!\f, corr. uná-i, o bagozinho, o grio. Pode ser tambem corru~o
,, de una-1, significando - pretlnho, a, moreninho, a.
UNAPITINGA, s. c. uná-pitinga, a baga saborosa, no nheengatú do
Amazonas. Pode tambem proceder de uná-pi-ttnca e traduztr-
se - baga de pelle branca.
UNAUNA, c. uná-una, o gráo preto; é o nome do btaouro ou coleopte-
ro. <Scarabeus, Geotrupes, Coprls). Pode ser tambem una-una,
preto em demasia, retlncto.
-298-
VOTU, corr. botú, corr yby-tú, o vento, o sopro do ar. Alt. Ubutúra,
Butura, Botura, Votura. 77.
VOTURA, corr. ybytyra, o monte, a serra ; o morro, a encosta, a
ladeira. Alt. Ubutura, Butura, Botúra, Votura. 77.
VOTURANTIM, corr. ybytyrantin, a encosta ou ladeira branca; allu-
sáo á massa branca de espumas que cae de encosta abaixo no
salto deste neme, rio Sorocaba. S. Paulo. V. Votura. 77, 81.
VOTUROCA, corr. ybytú-r-oca, a casa do vento, a garganta donde
sopra o vento, bocaina. Alt. Ubuturoca, Buturoca, Boturoca1
Voturoca. V. Votú. 77
\"OTURUNA, V. Buturuna.
Vt'AREI\1A, corr. guarema, c. guá-r-ema, o individuo fétido, ou de
mau cheiro. E' uma Sterculiacea (Helicteres). Alt. Guarama.
Vl"P ABUSS!J, corr. ypab-u~ú, a lagóa grande, dos antlgos rotelros
do sertáo. Alt. Upabu~ú, Vupabu~ú. 98. Minas Geraes.
Vt;TURUA, corr. ybytyr-uá, o dorso do monte, o cume da montanha;
a cum.iada. Alt. Ubuturuá, Buturuá, Vuturuá. S. Paulo. V. Votura.
X
XANCHil\I, corr. chan-chim, ou ~am-c1 (pronunciados os e e chiados
como da índole da llngua), a corda lisa, a fibra macia. (Cyathea
MartJ . S. Paulo. (97).
~ c hancbim,
XAND t:. corr. yandú, a aranha. Alt. Jandú.
XARA . ou chará, corr. cbe-rera-á, o que é tirado do meu nome, ou
literalmente - meu nome tira. E' o homonymo. No Pará dlz-se
- X era, f arma contracta de che-réra, o meu nome.
XERD!B..\.BO, corr. che-remimbaba, a minha cria~áo, animal de
mi::ha estima. Alt. Xerimbabo.
XIQUE·XIQUE: náo é voz tupí.
xmm1cA, corr. y-chiririca, agua llgeira, veloz; a corredelra, o
rapido. S. Paulo. 104.
z
ZABEL:t, voz espuria ou onomatopa1ca. E' o :aome da ave Crypturus
noctivagus, especie de nambú. Bahia. Sergipe.
ZABUCAIA, V. Sapucaia.
ZA&ABATANA, que outros escrevem - esgaravatana - parece provir
de yapara-tá, que quer dizer - o arco direlto ou rectificado,
allusao a ser o instrumento deste nome urna cannula direita que
arroja settas, estas, porem, multo pequenas, com bollnhas de
algodáo numa das extremidades para serem expelidas por sópro
forte através da cannula. ·
ZERER~. V. Tereré.
ZOO, corr. ~oó, a ca~a. a carne; o animal, o bicho, a veac;ao em geral.
ZOPIA, corr. ~uplá, rupiá, o ovo, os ovos, a rac;a.
ZUINARA, corr. ~oóeyndara, c. coó-eym-dara, aquelle que náo se
alimenta. E' o nome generlco de urnas a ves nocturnas que os
1ncilos suppunham abstinentes. CStrix Carimulgus). Alt. Sulndara,
Sulndá, Sulnara. Suiná.
.
1,
.'
...
R. U·. S. P.
Servic;o Documentac;ao
CIDADE UNIYERS ITÁIUA • Sio Poulo • Br.Mt