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NELSON FRANCA FURTADO

......

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul


E DITóRA CHAMPAGNAT Porto Alegre
PóRTO ALEGRE 19 6 9
1
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org

NELSON FRANCA FURTADO

VOCÁBULOS INDÍGENAS
NA , CiEO<iRAFIA DO
RIO CiRAHDE DO SUL

Pontiffcia Universidacle Católica dO Rio Grande do Sul


Parto Alegre
1969 3
A GUISA DE PREFÁCIO

O trabalho longo e pacient-a realizado pelo


Prof. Fran~a Furtado, ora reunido em livro e Jan·
~ado eo público com a colabora~ao da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em-
bora nao represente obra original, se constitui em
útil ·~ proveitosa contribui~ao para os estudiosos
das re nomina~óes geográficas usadas no Estado do
Río Grande do Sul.
Nao se trata apenas de urna tarefa que visa
a agu~ar a curiosidade popular; visa, especialmen-
te, facilitar a compreensao do verdadeiro se·ntido
dos nomes empregados, buscando nas raízes cons-
titutivas dos mesmos, o significado correto e exato.
Tendo manuseado e estudado numerosas pu-
blica~oas que abordam o mesmo tema ou tema cor-

- relato e conseguindo colhér d iretamente d ados ex-


plicativos complementares, o Prof. Furtado reuniu
nesta obra um repositório de informa~óes da gran-
de interesse e que se tornará fonte obrigatória de
consulta para quantos se iniciam nos estudos da
topon ím ia gaúche.
Presta, assim o Prof. Furtado um servi~o real
e positivo ~ mocidade estudiosa do Rio Grande do
Sul e do Brasil.

mar~ de 1969 lrmio Jon Otio


VOCÁBULOS INDÍGENAS NA GEOGRAFIA DO
RIO GRANDE DO SUL

Nelson Fran~a- Furtado

Nao é nevo o assunto destas anota~óes, e nem o


é o título que elas trazem, pois sobre o tama, e
.
'
sob cabe~alhos que pouco diferem do atual, já es-
creveram· eminentes pesquisador·as: Theodoro Sam-
.• . paio, "O Tupi na Geografia Nacional", Joao Borges
Fortes, "O Tupi na Geografia do Rio Grande do
Sul", Souza Docca, "Vocábulos Indígenas na Geo-
grafia Riograndense" e Alfredo de Carval,ho, "To-
ponímlas Tupis no Rio Grande do Sul ". Também
Rodolfo von lhering publicou um opúcsulo intitu-
lado "O Tupi na Geografia Nacional", mas a obra
desse naturalista se limitou a apresentar corre~óes
para termos zoológicos impropriamente utilizados
pelo primeiro dos autores citados, Theodoro Sam-
paio. l::ste, na "Revista do Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Sul", l.º trimestre de
1943, em artigo intitulado "I nterpreta~ao de alguns
nemes tupis . usados na gaografia nacional (Río
Grande do Sul) ", estuda alguns toponimos gaúchos.
O assunto é atraente, mas perigoso. Falando
de topónimos e~ que figurem nemes de animais,
diz R. von 1hering: "~ perigoso expli~ar o nom a, 1

sem conhecer bem as peculiaridades da respectiva


espécie, pois guiado apenas pelo som da sílaba, o
etimólogo, ao decompor a palavra, facilmente in-
terpretará o sentido como referente a qualificati-
-7-
vos contrários a ecología, ao aspecto ou ~ cOr da meira das palavras componentes, ao se ligar ~ se-
espécie em questao, quando o índio timbrava em gunda, perde a última letra, ou até mesmo a última
salientar, na denom ina~ao, os tra~os característicos sílaba (Pe. Lemos Barbosa, "Curso de tupi anti-
do animal designado". E o Pe. Lemes Barbosa, em goH, pg, 398-399),
seu "Pequeno Vocabulário Tupi-Portugues": "Tam- Outra causa de dificuldades reside no fato de
bém no estudo da toponímia popular de origem que a maioria dos autores, por motivos fáceis de
indígena, é indispensável ter em canta a corres- compreender, procura explicar todos os toponimos
pondente documenta~ao histórica. Decompor to- indígenas a partir do tupi e do guarani. Embora
pOnimos exclusivamente com o auxílio do dicioná- contribuindo grañdem~nte para .o nosso linguajar,
rio é ignorar o fato da evolu~ao e expor-se a gra- o tupi e o guaraní nao foram as únicas línguas in-
ves equívocos, pois acontece que amiúde as formas dígenas que influenciaram a to.p onfmia nacional.
atuais estao alteradas por for~a da analogia com E: a "doen~a" a que Armando Levy Cardoso deno-
outras palavras tupis ou portuguésas, ou por ou- ,.1 mina de "tupimania". Diz ele que "houve, entre-
tros fatores". tanto, da parte de alguns estudiosos de nossa le-
Entre esses "out ros fatores" pode ser citado xicologia, um verdadeiro sestro de querer explicar,
o seguinte: em grande parte, os topónimos de ori- com etimologías tupis, todos os vocábulos presu-
g.~m indígena sao constituídos por duas ou mlvelmente indígenas". Nesse caso -está o topOni-
mais p alavras, quase sempre um substantivo e mo Canahéa, que Theodoro Sampaio faz derivar de
um adjetivo, ou deis substantivos, colocados em 1 ~ "canindé", variedade de arara, e que, no entanto,
provém da bíblica Caná. Ou o de Lusanvira, loca-
seqüencia imediata, sem pausa. "Y-panema", rio 1
inútil, s·em peixe, e "ypa-nema", lagoa de mau chei- lidade paulista, cujo neme foi dado, segundo A.
ro, sem a pausa aqui indicada pelo hífen, tornam- Levy Cardoso, como proveniente do caingangue, e
se indistinguíveis; s6 o conhecimento do local e significando "capoeira rala". No entanto, Lusan-
de suas características poderá esclarecer o signifi- vira nada mais é que uma homenagem aes enge-
cado de lpanama. 1ticí, nome de urna sanga, aflu- nheiros Ludgero Dolabela, Sanson de David, Vito-
ente d a margem direita do rio Su~uarana, na regiao rino Ávila e Pereira Travassos, que levaram a Es-
de Vacaría, também se presta a confusóes: ." yty-cy" trada de Farro Noroeste até aquele ponto. Urna sí-
é, literalmente, "a mae, ou origem, da imundícia", laba tirada ao nome de cada um deles formou o
de "yty", lixo, imundície, e "cy", mae. Masé mui~ I nome Lusanvira. . . Ainda A. Levy Cardoso relata
to mais provável que ao pequeno arroio tenha sido que diversos autores "construíram" urna etimolo-
dado o nome d~ "y-tyssyi", isto é, "fio d'água"~ gía tupi para o topOnimo Bolpebra, que fizeram de-
Acresce, ainda, que nesse processo de forma- rivar d~ "mboi-peba", cobra chata. Aqui, porém,
~áo de pal avras compostas há casos em que a pri- a verdadeira significa~ao era quase evidente, pois
- 8 - -9-
se tratava de remota localidade, na fronteira da "El idioma Guaraní", do Pe. Gu~sch, S. J., foram
Bolívia, do Peru e do Brasil ...
Outra causa de dificuldad:s sao certos auto- , o guia para as palavras nesse dialeto; Lemos Bar-
bosa com seu "Pequeno Vocabulário Tupi-Portu-
res que timbram em apresentar "etimologiasH pró- gues ", e seu "Curso de Tupi Antigo", Anchieta,
prias, desprezando por completo trabalhos anterio- com sua "Arte da gramática"; e Plínio Ayrosa, com
res, e procurando ·sempre, com granda erudic;ao, artigos diversos, contribuíram para o tupi. Para
complicar aquilo que é simples ... Qesses, quanto o nhe3ngatu concorreram Couto de Magalhaes (O
menos se falar, melhor. Selvagem ), Stradelli, e outros. Procurando fugir
Embora correndo o risco de- incorrer em "eti- aos erres apontados acima, foram utilizadas diver-
mologias" como as citadas., organiz-ei um reposit6- sas cartas do Rio Grande do Sul, bem como vá-
rio de topónimos gaúchos de origem indígena, va- rias ·fontes de informac;ao sObre caract·erísticas de
lendo-me dos trabalhos citados no iníclo dessas ano · regioes do Estado. Para exemplificar: com o au-
tac;óes, e de várias outras obras, entre as quals xílio de vocabulários, o topónimo Caibaté, que de-
nao podem deixar de s~r citadas "Toponfmia Bra- signa diversos arroios e o local tristemente céle-
sílica" e "Amerigenismos", de Armando Levy Car- bre pela chacina de mais de um milhar de gua-
doso - fonte principal para as palavras caribes, ranís, fol decomposto em "caá", erva, mato, folha,
aruacas, quechuas e provenientes do bororo. Ain- e "ybaté", alto: mato alto. A confirmac;ao dessa
da para o bororo foi utilizado o ex_c elent·a livro "Os -etimologia é dada por José de Saldanha, engenhei-
bororos orientais", de au~oria dos padres salesia- ro-geógrafo, matemático e astrónomo que, no "Diá-
nos Antonio Colbacchini e Cesar Albisetti. Sobre rio resum ido da Demarca~ao da América Meridio-
o~ Minuanos, que, inegavelmente, devem t·ar contri- nal ", de 1787, diz: " ... se divisa de longe esse
buído com grande número de vocábulos para a capao de mato ... " As mu itas possibilidade de
toponímia riograndense, a única informac;ao obti- erro fizeram com que, por prudencia, em grande
da consistiu em artigo de Aurélio Porto, publicado número de casos, me limitasse a sugerir urna in-
na Revista do 1nstituto Histórico ~ Geográfico, ano terpretac;ao, ou, simplesmente, citasse interpreta-
XVIII, 111.º trimestre. Sóbre a língua dos Char- ~6es de vários autóras, sem dar preferencia a urna ·
ruas, nada; na Biblioteca Pública. do Es.tado existe ou outra. Mesmo assim, para aqueles que estuda-
um volume sobre a mesma, porém nao foi possf- ram o assunto, é evidente que erres haverá, tanto
vel . localizá-lo. O "~e'·anguer'irú avañe'e caraiñe'e mais que o número de topónimos colecionados vai
ha caraiñe'e - avañe'e", ou dicionário guarani-es- a quas·a um milhar; sao eles, em sua grande maio-
panhol e espanhol-guarani, de A. Jover Peralta e ria, procedentes do guarani, e devem ter sido dados
T. Osuna, "El g1,Jarani", de Saturnino Muniagurria, aes acidentes geográficos que designam pelos pró-
a "Arte" e o Vocabulário, de Montoya e Restivo, prios fndios guaranis que habitavam a regiao. As
- 10 - - 11 -
denomina~óes provenientes do ceingangue também,
em geral, foram dadas aos arroios, localidade, etc.,
pelos próprios caingangues. Já os topenimos de-
rivados de outras lfnguas indígenas - do caribe,
aruaco, e até mesm.o do tupi - normalmente fo-
ram introduzidas por via "civilizada"; quase s-am-
pre sao denomina~óes mais . ou menos rece.n tes, e
dadas por estudiosos, nao por indígenas.
A cada toponimo segue urna ligeira informa-
~ªº de carát-ar geográfico, apenas a indispensável
para a fácil localiza~ao do acidente citado, sendo
indicada a zona ou regiao do mesmo, e nao o mu-
nicípio (urna vez que ~stes estao constantemente
se ~smembrando); segue, a inda, a indica~áo da
procedencia: do caribe, do aruaco, etc.; caso esta
indica~ao falte, o topOnimo é originário do tupi ou
do guarani. Neste caso aparecem, quase sempre,
duas ou mais formas das palavras indígenas. As-
11
sim, após Caverá, encentra-se: De caá" ... e "'be-
raba", "verá", brilhante. A primeira forma, quase ABAINU - arroio, afl. do Passo Raso, na reg iáo de
11
sempre mais extensa, no caso, "beraba -a for·
' Triunfo. De .. abá", "avá", homem, índio, e
ma tupi; a segunda, menor, ' a forma guarani. "nhu", campo: campo dos índios?
- ABAJU - arroio, afl. dorio da Várzea. De "abá",
"'avá", homem, fndio, e "juba", "yu", ama-
relo: homem amarelo. Abaju e Abaúna, que
é, também, nomia de um arroio (V L sao de-
nom i na~óes dadas por Couto de M~galh'ees a
fndios brasileiros. "A primeira das duas, a
que darei o neme de #abaúna ( fndio escuro),
para servir-me de urna designa~áo tupi, me pa-
riece urna ra~a pura, porque seus caracteres
sao constantes.
"Se algum dia vier a se confirmar a opiniáo
\~ '
- 13 -
- 12
"da origem do homem pelas diversas regióes bém rio (no tupi da costa "y" é exclusrva-
"geográfico-geológicas do globo, é essa a fa· mente água; rio é "para na"): rio dos lamba·
"mília aut6ctone do Brasil. . o u. d·-~ " ara bé,, , b arata, e " y , água, rio:
ns. 11
.
"A outra família, mais poderosa e inteligente, rio das baratas. Theodoro Sampaio e J. Bor-
"a que eu chamarei abajú, me parece mesti~a; ges Fortes dao "mberi-y", rio dos gaimbés ou
"nao me refiro a um mesti~amento recente, da-- imbés, planta trepadeira comum na regiao.
"pois do descobrimento da América, e sim ao ABI - arroio, afl. do Forqueta, a L de Soledade.
"que se deu em tempos pr·a .históricos ... " De " abi", agulha.
(Gen. Cauto de Magalhaes, O Selvagem, pgs. ABOINU - arroio, afl. do Jacuí. De "abey", mi-
113-114, cole~ao "Brasiliana"). nhoca , e "nhu",'campo: campo das minhocas?
Ou da "mboia", "mb6i", cobra, e "nhu": cam-
ABARAú - arroio, afl. do Gil, na regiao de Triun- po das cobras?
fo. De "avara'y", rapaz, menino.
ABUTUf - antigo nome do río Comandar. Segun-
do Theodoro Sampaio o neme provém de
ABATICARU - arroio, afl. do Pira~uce (A Revista
. abutua", neme de várias plantas menispermá-
do 1nstituto Histórico e Geográfico do Rio
ceas, e "y", rio: rio das abutuas. O. de Faria
Grande do Sul, 11 trimestre de 1941, dá esse
Interpreta c~mo "rio dos papagaios". Parece
arroio como aflente do Tapejara). De "abatí",
"avati", milho, e "caru", comer, comilao, gu· .. mais plausível qe ti mbutu", tavao, moscarda.
e "y", água, rio: rio dos moscardas.
loso: o comedor de milho.
ACAEM - arroio, afl. do ltatuira, na regiao de En-
ABAúNA - arroio~ afl. do rio· Apuae. · Da "abá", cruzilhada. "Aca'e" é o neme indígena da gra-
" avá", homem, índio, e "una", "hu", preto, lha.
escuro: homem ·-escuro. (V. "abajú", com ci- ACAIACÁ - arroio, afl. do Apuae. De "acajacá",
ta~ao de Cauto de Magalhaes a respeito dos variedade de c·: dro.
toponlmos Abaju e Abaúna ). ACANGAf - arroio, afl. do rio Rolante. De "acan-
ga " , ca b e~a, ·e ""á
y , gua, rio:. rio' da cab e~a.
ABAXAIM - arroio, afl. do Gil, na r-agiao de Tri· ACANGAPIM - arroio, afl. do Toropi. De ,.acan-
unfo. De "aba", "ava", cabelo, e "cha'i", en- ga", e "py", grande, fundo: cabe~a fund3, ar-
rugado, crespo: cabelo crespo. roio de cabeceira profunda?
ACANGUPÁ - arro ~o, afl. do Vacacaí. De "acan-
ABERI - arroio afl. do Turvo. De "araberi", lam- gupaba", cabeceira, "acangupá", travesseiro,
bari, e "y", água e, no tupi meridional, tam- · a.l mofada. Variante: Cangupá.
14 -15-
AJURICABA - arroio, afl. do Varejao, em ljuí; vi-
ACARÁ - !ajeado, efl. do Goeporé. De .,acará" ou la na rEgiáo de ljuí. De "ajuru", "ayuru", pa-
"can§", peixe da família dos Ciclídeos. paga:o, e "guaba", Y.3rbal de "u": modo, tem-
ACAREMBó - De "acará", .,cará", peixe da família po, instrumento ,etc., de comer: o alimento dos
dos Ciclídeos, e Hyambó", arroio, arroio dos papagaios. Ou, segundo Theodoro Sampaio, "a
carás. liga para o trabalho confraterno, o tempo pró-
ACATU - arroio, afl. do rio Chimarrao - De prio para isso, o ajutório". A. Levy Cardoso
"acatúa .. , mao direito (o arroio é afl. da mar· diz provir do aruaco "Aiuricaua", nome de
gem direita). um célebre c2ciqu~. Adaucto Fernandes, em
ACEGUÁ - cerros na regiao de Bagé; vila na mes- sua "Gramática Tupí", a pág . 320, diz: "Da
ma regiao, na fronteira com o Uruguai. Theo- poes ia e epopéia primitivas nao chegaram até
doro Sampaio, em artigo publicado na Revista nós senao os nemes de seus supostos autores,
do 1nstituto Histórico e Geográfico do Rio ressaltando entre eles Moema, 1rac·3ma, Aiu-
Grande do Sul, 1 trimo:?stre de 1943, diz: "ad- . ricaba, Pery, Y-iúca-Pyrama, Paragua~u, Coca-
mite várias int•3rpreta~é5es, mas, visto 8plicar~ mo, Ryndoia e Caramuru, que figuram como
se a urna cerro ou monte, parece-me q ue é personagens vivas, fabulosas, guerreiras e sen-
corrup~ao de acéiguá que quer dizer - dores timentais ".
arredondado, 1Cncostas abaul adas. Resta que A~l.ANCUPARA - arroio, formador do rio Guassu-
os caracteres físicos o confirmem", Parece pi~ Derivado d~ "amangy", aguaceiro.
mais plausível de 'jaci", "yaci", 1u8, e e "cuá", AMANDÁ - arroio, afl. do Monjol inho. Talvez de
cint ura, meio, vale: o vale da lua. amandaba", redondo, circular; círculo.
ACRE - linha colonial -em Santo Angelo. De .,aqu-
yra", imaturo, verde, e "y", água, rio: rio ima- Atv\ANDAú - rio, afl. do Uruguai na regiao de Por-
turo. a
to Lucena; povoado margem do mesmo. De
AGUAPt - arroio, afl. do Toropi; arroio, afl. do "amandaú", granizo.
Guaicá; povoado na estrada Osório-TOrres. De AMANOÁ - arroio, afl. do Urugual na regiáo com-
"aguapé", golfao, nenúfar; provavelmente com- preendida entre Sao Borja e Porto Lucena. De
posto de "aguá", redondo, e "pebaH, Hpé", cha- "ama na", ch uva, e "y", água, rio: o rio da
to, em alusao a forma da fólha d~ssa planta. chuva? Diz J. Borges Fortes que provém de
AGUAPEí - arroio, afl. do Cambuireta; ilha no rio "mandoaba", lugar das recorda~óes (De "ma-
Uruguai, na regiao de ltaqui. De "aguapé", gol- enduara", "mandu'á", lembrar-se, r·3cordar).
fao, nenúfar, e "y", água, rio: rio dos a.guapés. .Theodoro Sampaio propóe "ama-oá", que in-
AIÁ-PIRU - arro io, afl . dorio Caá lari. De "aia", pa- . terpreta como "a ch uva cai ". Veja Manuá.,.
po, papada e "piru", magro, seco: papada séca?
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16 -
ANGABEf - arroio, afl. do Paranhana. Provavel- ANHANGÁ - arroio, formador do Brochier, na re-
mente de "anga", sombra, abrigo, alma, mais giáo da Montenegro. De "anhanga", "anhá",
sufixo que indica local, e ·"y", água, rio: rio do espirito mau, demonio~ V. Anhancuá.
lugar das sombras. APATI - arroio, afl. do Piratlni através do arroio
ANGAPIMA - arroio, afl. do Pururé ou Monjoli- Basílio. De "apati ", esbranqui~ado, descolori-
nho. Darivado do guaraní "angapyhy", desa- do, incolor.
fogo, satisfa~ao? APt - · arroio afl. do ljuí; vila na estrada Santo
ANGATURAMA - arroio, afl. do Piratini através 11
Angelo - Palmeira. De apé", casco, concha,
do arroio Basílio. De "angaturama", bom, afá- escama, superfície, pele, tez. Ou da "apé", o
vel, honrado. caminho.
ANGORI - arroio, afl. do Lambari, na regiao de APERU - arroio, afl. do Sao Louren~o . Talvez de
Sarandí. Talvez de "ángurú", guaraní, o fan- "a", fruta, grao, semente, e "piru", magro,
tasma. seco: fruta seca? Ou de "a", ·cabe~a e, por
ANGUÁ - arroio, afl. do Forqueta. De "anga", "§", extensao, cabeceira, nascente: nascente magra,
sombra, vulto, alma, e "cuara", "cuá", cova, minguada?
buraco: cova das sombras, cova dos espíritos? APIÁ - sanga, afl. do arroio Peju~ara. Provavel-
mente corruptela da "apyab~", varao, homem,
ANGUERA - arroio, afl. do Piratini. De "anga", macho.
"a", sombra, vulto, alma, e "puera sufixo 11
,
APIAf - sanga, afl. do arroio Biaribú, na regiao
que indica o passado: alma que foi, alma que de Soledade; antigo nom~ do Piaí. De "apyaba",
nao é mais. varáo, homem, macho, e "y", água, rio: o rio
ANHACUÁ - cachoeira em Santiago. De anhanga",
11
dos homens.
"anhá", espírito mau, demonio, e "cuara", APICAi Rt - arroio, afl. do M'iau, regiao de Erval.
"cuá", cova, buraco: a grota do diabo. Diz De "apycaba", "apycá", lugar da assentar; as-
11
Couto da Magalhaes, em "O Selvagem", pág. sento, banco, cadeira, e re", sufixo guarani
169: "O destino da ca~a do campo parece estar que indica o passado, o que foi: o assento
afeto ao Anhanga. A palavra Anhanga quer di- antigo, desmanchado?
zer sombra, espírito. A figura com que as tradi- APICUM. - arroio, afl. do Butiá. De "apecu", lín-
~óes o representam é de um veado branco, gua (tupi); paladar, abóbada bucal (guaraní).
com olhos da fogo. Todo aquele que persegue APITERf - arroio, afl. do rio Fao .. De "apytera",
um animal que amamenta corre o risco de ver "apyteré", centro, m·=io, cume, vértice. Ou de
o Anhanga, e a sua vista traz febre e as vezes "apÍteré", índios guaranís do S do Brasil, e
11
a loucu ra •
"y", água, rio: o rio dos indios apiteré. ·
18 - -19-

..
APUAt: - r io, nf l. do Uruguai na reg1ao de Mar- De "ara~á",
arbusto frutífero silvestre, comum
celino Ramos. De "apua", cousa erguida, ca- no Rio Grande do Su 1.
bé~o levantado, e "ee", saboroso? Ou simples
ARACAMBú - arroio, afl. do Jaguarao. De "ará "
corrupt-ala de Apuaf (V)?
por "ybyrá ", yvyrá ", árvore, madei ra, e "acam-
APUAf - río, afl. do Uruguai. De "apoa", cabo,
by", vao entre as pernas, forquilha: forquilha
ponta de terra, e "y", água, rio? ou de "apua",
monte, montao, e "y": r io do monte.
• de madeira; neme da cruzeta das jangadas na
qual se firma a verga; arma~ao feita na jan-
APL!Af-N:IRIM. - rio, afl. do Ligei rinho. gada em que se penduram os patrechos de
AQUIQUI - arroio, afl. do Jacuf, na regiao de So- pesca.
ledade. De "aquequé", variedade de formiga; ou
de "aquyma", "aky", molhado, húmido, repe- ARA<;ANGA - arroio, afl. do Telho, na regiao e"
tido (caso de reduplica~ao: "As sílabas tóni- Erval. Ara~anga é. o cacete que os jangadeiros
ca ·a pré-tonica de uma palavra, dao a idéia usam para matar o peixe.
de. . . superlativo ( se é adjetivo ou advér- ARA<;ARI - arro io, afl. do ljuf. De "ara~ari", va-
bio) ... " (P.a. Lemos Barbosa, Curso de Tu- rk~·dade de tucano.
pi Antigo, pág. 319 - Ou ainda, de "aquyquy",
ARACI - arroio, afl . do Caturete. De "ara", dia -
variedade de bugio. Mais provável, entretan-
e também sol, luz, mundo, céu, tempo, ano,
to, é que o nome do arroio provenha do ca-
época - e "sy", mae, origem, fonte: a origem
ingangue "aquiqui", espécie de aguardenta de
do dia, a alvorada, a aurora.
milho fermentado e mel de abelha, preparada
e usada pelos caingangues. ARA<;OIABA - arroio, afl. do Jbirapuiti. De "aras-
ARAB~ - arroio, afl. do Vacacaf. Da "arabé", ba- sojaba ", rodela de penachos, carapu~a de pe-
rata. nas.
ARAr;A - arro io, afl. do Guarde, na reg iao de Ca- ARAGUARI - arro io, afl. do Forqu·! tinha. Segun-
choeira; arroio, tributário da lagoa dos Patos, do A. Levy Cardoso, araguari é corruptela do
na regiao de Camaqua; arroio, afl . do r io Li- tupi "arauari", sardinha .
geiro, na regiao de Lagoa Vermelha; arroio, ARAf - arroio, af l. do Águas Claras, na regiáo de
afl. do Guaíba, na regiao de Barra do Ribeiro; Viamao. De "a ra", dia, sol, luz, mundo, céu,
arroio, afl. do rio Fao; arroio, afl. do ljuí, na tempo, ano, época, e "y", água, rio, sen do di-
regiao da Sao Luiz Gonzaga; arroio, afl. do fícil precisar-se a acep~ao de "ara". Em gua-
Co rupá, na regiao de Sobradinho; Nova Ara ~á, n1ni, "a raí" significa nuvem, nublado, mas é
vila nas proximidades de Nova Prata; Rincao pouco provável que s,a¡a essa a interpreta~ao
do Ara<;á, povoado na regiao de Santa Maria. do nome.

20 - - 21 -


ARAMBARt - arroio, afl. do. Basílio; vila próxi- blicado na Ravista do Instituto Histórico e
ma a Camaqua, a margem da lagoa dos. Patos. Geográfico do Rio Grande do Sul, dá ará-r-
N

'~)
Do ,guarani "hambaré", lugar delicioso. ica", seio ou vale dos papagaios.
ARAPARI - povoado ao N de Sa~andi, próximo 80 ARARIPE ·- povoado nas proximidades de Grama-
rio Passo Fundo (A Revista do 1nstituto His- do. Em seu "Curso de Tupi Antigo", pg. 440-
tórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 11 441, diz o Pe. Lemes Barbosa: "Pelo seu pró-
trimestre de 1941, grafa ''Ararapari). D,a "ara- prio sentido, correspondent·~ a "em", "a", "pa-
pari", nome de uma árvore comum na Ama- ra", a preposi~ao "-pe" acompanha f reqüente-
zonia. Ou do caribe "arapari", periquito. mente os topónimos. O que contribuiu para
que fosse tomada como parte deles palos co-
ARAPONGA - lajeado, afl. do Guaporé., De "guy- lonos . . Eis por que numerosos nemes geográ-
,,, , 11 11
ra , ave, passaro, e ponga , cousa que reper- ficos brasileiros a trazem incorporada: AcR.,
cut-~ ou ressoa: pássaro barulhento. i= o nome pe. . . Guararape. . . Sergipe, Sua~upe, etc.,
indígena do "ferreiro". além dos casos em que houve abrandamento
ARARAPARI - V. Arapari. do p: Beberibe. . . Pirangibe, etc.". Assim, o
ARAQUARJ - arroio, afl. do Forqueta. De ''ará" , nor.ne do povoado seria Arari, ave psitacídea,
arara~ ave psitacídea, "cuara", "cuá", cova, bu- també~ chamada canindé. Araripe significaría
raco, e "y", água, rio: "ara-cuá-r-y", rio do . "no Arari", no povoado de Arari".
ninho das araras? Ou de "atacua", ave da Por outro lado; Adaucto Fernandes, em sua
fam ilia dos Cracídeos, semelhante ao jacu, e Gramática Tupi, ·pg. 107, traduz Araripe co-
"y", água, rio: ,, aracua-r-y, r io dos aracuas? mo "colina abrupta".
ARARI - arroio, afl. do Uruguai, na ragiao missio- ARA-RUPÁ - rio, afl. do Uruguai. De "arara", ave
neira. De "arara", ave psitacídea, e "y", água, psitacídea; e "upaba", "ypá ", íagoa, lago: a
rio: o rio das araras. Ou de "arari", ave psi- lagoa dos papagaios.
tacídea t ambém chamada canindé, e "y", água, ARATACA - arroio, afl. do Maricá. De "arataca",
rio: rio dos canindés. "arata", vari·adade de armadilha para ca~a;
ARAR ICÁ -. arroio, afl. do Vacacaí-mirim; vila nas armadi lha para pássaros e pequenos anima is.
proximidades de Taquara. De "arara", ou de ARATIBA - cidade j~nto ao rio Uruguai, ao N de
. "arari", av.;s psitacídeas, e "yguaba", "yguá", Erechim. De "ará", arara, ave psitacídea, e
. ' ~'tyba'~, sufixo abundancia!: multidao de ara-
lugar, modo ou te.m po de beber água; bebe-
douro: o bebedouro dós papagaios. Ou de. ras, ou de papagaios.
"arari" e "caá", erva, mato, folha: o mato dos ARATICUM - arroio, afl. do trapuá (A -Revista do
papagaios. Theodóro Sampaio, em artigo pu- Instituto Histórico e Geográfico do Rio Gran-
- 22- - 23 -
d~ do Sul o dá como afluente do Sebastiao variedade de gaivota, e "a~u", variante de
Alves). De " aratycu", araticum, fruto; a pala- " gua~u ", grande: a gaivota gra nde.
v ra provavelmente é composta de "ará" por
"ybá ", fruto, e "tycú", líquido, fluído; derre- ATl-MIRIM - rio, afl. do Ati-a~u; povoado a mar-
tido, liquefeito: fruto mole, fruto que ressu-
m a.
ARATU - arroio, afl. do Jaculzinho. De "aratu",
v~ri·~dade de caranguejo.
.. . gem do arroio d as Pr~tas. De "aty", gaivota,
JI • • 11

AVAEM - arroio, afl.



e mrnm , pequeno: a ga1vota pequena .

do rio Passo Fundo. De


ARf - arrcio, af l. do An gabeí; povoado na regiao "abaé", cutrem?
de Noncai; arro:o, afl . do Passo Fundo, ao S
d e Nonoai. De "aré", muito tempo, grande in- AVAMBAí - arroio, afl . do Acangupá. Em guara.
tervalo de te mpo? ni "avamba'é" sign ifica "de quem?". Talvez
AR! RANHA - arroio, afl. do Uruguai. De "irara ", "avamba'é-y", rio cuja posse é disputada.
" e ira ra" (formas tupis), "eirá" (form a gua-
r c:.ni ), carnívoro, também chamado papa-me!, AVAR'C. - arro io na regiao de Getúlio Vargas, an-
e "rana ", sufixo tupi qu·a significa parecido teriormente denominado "Padre". De "abaré",
corn, falso, tosco: a falsa irara. "avaré", nome dado pelos índios aos padres;
AROEIRA - arroio, afl. do Jacuí; povoado a mar- o nome portugues do arro io foi substituído
gem desse arroio; povoado na regiao de Santa pelo seu equivalente guaran í.
Ma ria; norne indígena de diversas árvores.
1\ RI.} - arro io, afl. do Fao. De "arú", variedade
d e sapo .
ARUÁ - arroio, afl. d o Piratin i através do a rroio
Basíl io. De " aruá ", qui·~to, pacífico.
ASSUf - arroio, afl. do Chimbocu. Talvez de "as·
su ", mao esquerda, e "y", água, ria: o rio da
( mac) esquerda? Mt. s o Assuí fica li marge m
direita do Chimbocu . ..
ATACA - arroio, afl. do lraí. De "a", fruto, grao,
semente, e "taca", ramo, galho d~ fruta?
ATl -A<;U - r lo, af l. do rio da Várzea; povoado a
margem do rio da Várzea. De "aty", "atí",

24 - - 25 -
BACACAIQUÁ - arroio em Santana do Livraman·
to. De "ybá", "yvá", fruta, "cacai", variedade
de gav:ao, e 11 cuara", "cuá", buraco, cova: co-
va do gaviao das frutas. Theodoro Sampaio
propoe "ybacai-cuá", baixada dos coqueiros.
ti BACAVERÁ - coxilha em Júlio de Castilhos. J.
Borges Fortes dá como provenient3 de "vaca",
11 11
palavra portuguesa, e "ybyrá , ybyrá", árvo-
re, madeira, mato: mato das vacas. Mais plau-
11
sível parece a etimologia "ybaca , "yvaga",
. e "bera b a , vera , b n'lh ante: yb aca-va-
c8u, /1
" ,
/1 /1

rá11, céu brilhante.


BACOPARI - sanga, afl. do arrolo Sao Sepé. "Ba-
cupari" é nome tupi de diversas árvores fru-
tíferas do Brasil.
BAEB~ - arroio, afl. do rio da 1lha, regiao de Ta-
11
quara. Talvez de 11 mba'·zpé , causa chata; ou
BABARAQUÁ - serra entre Sao Gabr:el e Lavras. de "mba'evé", nada.
/1

Topónimo de etimología muito discutida. Theo- BAERUPÁ - trroio, afl. do Basílio. Mba'é" tem
doro Sampaio propoe "mbaebora-cuá", cava diversos significados: causa, objeto, bens, par-
ou poc;o rico, caverna que contém riqu·azas, e te do corpo, animal, fantasma, espirito mau.
ainda "mbaeberá-cuá", cova de cousas bri- "Rupá 11 , guarani, é cama, ninho: ninho do
lhentes. J. Borges Fortes dá, entre outras pos- fantasma?
sibilidades, "tapera-cuá", gruta da casa aban- BAG~ - município da regiao S do Estado; cidade,
donada. Souza Docca sugere "mbae-bará-cuá ", sede do município; arroio na mesma r3giao.
buraco das causas brilhantes. Outros, ainda, Artur Ndva, em "Estudos da Língua Nacio-
dao "mimbá-berá-cuá", gruta do bicho bri- nal ", pg. 287, colec;ao "Brasiliana", afirma
lhante. Parece, entretanto, que esse é um dos qu•3 Bagé, no Rio Grande do Sul, e Magé, no
casos de "tupimania" a que se refere A. L-=vy Estado do Rio, sao corruptelas de "pagé", mé·
Cardoso, pois é possível que "babaraquá" ve- dico e feiticeiro entre os antigos tupis e gua·
nha de "barbaquá", do aruaco, e nao do tu- ranis. No en tanto a "Enciclopédia dos Muni-
pi; "barbaquá" é o girau para sapecar a erva- cípios11 informa que Bagé provém do neme
mate; corresponde ao caingangue "carij6" . do índio lbagé, que fazia parte das tropas de
• Sepé Tiarajú.
-26- - 27 -
BAGUAL - Cerro do, na reg1ao de Encruzilhada; o nome de duas árvores (Eugenia duríssima,
BAGUAIS - serra dos, a margem do rio das E. uruguayensis); da "yba", "yva", pé (de
Antas; arroio dos, na mesma regiao. Há quem planta), haste, caule, tronco, e "tinga", bran-
afirm·a que se trata de vocábulo indígena; os co: tronco branco.
vocabulários consultados nada dizem a respei- BATOVI - cerros em Sao Gabriel, em Livramento,
to. Talvez de "cahual ", corruptela araucana do e as margens do lbicuí. Diz Theodoro Sam-
espanhol "caballo". paio: "pode ssr altera<;ao da ubatub-y, rio do
BAITACA - arroio, afl. do rio da Várzea; povoado canavial; pode proceder de yba-toby, a cana
na regiao de Cruz Alta. De "mbaitá", ave, va- verde ou árvcre verde; também pode derivarw
riedade de papagaio. se da mbae-toby, cousa verde ou azul, e ainda
pode vi r de mbae-tobé, que quer dizer cousa
BANANAL - povoado na ragiao de Montenegro. pontuda ou simplesmente, o agu<;ado, o agu-
De "banana", do galibi, idioma caribe. do, o elevado, o saliente, o culminante". Pro-
BARi= - arroio, afl. do José Velho, na reg iao de vav ~ lmente se trata de "mbaé", "mba'é", cou-
Taquara. De "baré", etnonimo, tribo do grupo sa, e "tovi", montao: montao de causas; tra-
aruaco que, com os M,anau, habitou a regi§o tando-se de cerros, o nome parece mais ade-
onde hoje está situada a capital do Estado do q uado que os propcstos por Theodoro Sam-
Amazonas. .
p210.
BARIBÚ - arroio, afl. do ltatirí. Talvez de "bia- BATU - arroio, afl. do lvaí; povoado na via fér-
ryby", "mbiaryby", assado feito em cova no rea Santa M.aria-Marcelino Ramos. Segundo
chao. i= provável, entretanto, que a termina- Aurélio Porto, é o nome da um dos caciques
<;ao "ibú" provenha de "ybura", "yvú", água dos índios minuanos; a significa<;ao do nome
que brota para cima manancial, fonte: Ter· ......
é desconhEcida .
s·~- ia "yba", fruta, e "ybura", a fcnte das fru- BATUERA - arroio, afl. do Arambaré. De "batue-
tas. Talvez seja corruptela de Biaribu (V). ra", sabugo de milho sem os graos; de "aba-
BATE~VIRA - nome dado pela Revista do Institu- tí", milho, e "puera", o que foi e já nao é, se-
to Histórico e Geógráfico do Rio Grande do aundo A. J. de Macado Soares.
~

Sul, 11 trimestre de 1941, ao arroio Batuvira BATUVIRA - arroio eni Lajeado. De "mbatuvira",
(V). anta cinzenta. o nome, as vezes, aparece cor-
BATINGA - arroio, afl. do Bom Jardim, na ragiao romp ido para "Bate-vira". (V.).
de Montenegro; arroio, formador do Passo BEIJú - arroio, afl. do ltacuí-mirim, na regiao de
Fundo; povoado, na .regiao de M.o ntenegro; po- Encruzilhada. De "beju", "mbeyú", pao, bolo,
voado, na regiao de Santo Angelo. Batinga é -aspécie de torta.

- 28 - - 29 -
BERIVA - arroio, afl. do Carrciro; arroio, afl. do BIRIBA - cerro em Guaporé; arroio em Santa Ma-
rio Pardo. De "mbyryba", "pyryb", pouco, di- r ia . A esses acidentes é, as vezes, dado o nome
minuto, pequeno. V. Biriba. de Beriva (V). De "mbyryba", "pyryb", pou-
BIARAJU - arroio, afl. do ljuí. t possível que se co, d iminuto, paqueno.
trate de adultera<;ao de "Tiaraju". Mais pro- BOBUIÁ - sanga, afl. do arroio do Espeto, na re-
vavelmente, de "·~mbiara", a presa, a ca<;a apa- giao de Vacaría. De "bebuia", "vevyi", boiar,
nhada, o prisiontiro, e "juba", "yú", zmarelo, ser leve, flutuar. O vocábulo tupi forneceu ao
louro. portugués do Brasil o substantivo bubuia, li-
BIARETA - arroio na reg¡§o de Sarandí. De nha sem chumbada para a pesca a superfície
"mbyá ", gente, agrupa mento indígena guaraní, da água ou a meia água; cousa lave; forneceu,
e "r3tama", "reta", terra, pátria, regiáo de: ainda, o verbo bubuiar, flutuar sobre a corren-
luqar do agrupamento indígena. teza, boiar.
BIARIBú - a rroio, afl. do Fao, na rcgiao de Sole. BOCAIUVA - localidade na regiao de Guaporé. De
dade. De "mbyá", gente, agrupamento indíge- "mboc", fenda, rachadura, e "juba", "yu":
na guar<: ni , e "ybura", "yvú", água que brota fenda amarela? Theodoro Sampa io julga que
para cima, manancial, fonte: a font3 do toldo, bocaiuva provém da "macaúba" "macafba '',
a fonte do acampamento. árvore da macaba.
BIBOCA - local idade na via férrea entre Bagé e
BOCó -· arroio, afl. do ria' dos Sinos. De "mocó",
Pe 1otas. De ,, y b y , yvy , t erra, e "boc , f en·
11 11
,, ,,

roedor da famflia dos Caviídeos, segundo J.


der-se, rachar, fanda: terra fendida, rachada.
Borgcs Gortes. A. J. de Macedo Soares diz s igni-
Ou de "yby", "yvy", e "oca", "oga", casa, mo-
f icar alfarje, e provir de "mbocog", segurar,
rada: casa de terra. prendJr, guardar.
BIGUÁ - Porto Biguá, localidade sobre o rio Uru-
guai na regiao de Tuparendi; Biguás, arroio, BOc;OROCA - vila na vía férrea Santiago-Sao
afl. do Uruguai na regiao de Porto Lucena . De Lu iz. De "yby", "yvy", terra, e soroca", "sor6",
"mbiguá", ava aquática (Phalacrocorax oliva- romper-se, rasgar-se, estalar, rebentar: terra
ceus, Humb.); segundo alguns autores, biguá fendida, rasgada; fenda da terra produzioa pe-
é composto de "mby", pé, e "aguá", redondo: las ·anxurradas; escavac;ao profunda em terra
pé redondo, palmfpede. arenosa.
BIRAJACA - arroio, afl. do Santa Maria, onde de· BOIÁ - sangu, afl . do arroio do Frade, na regiao
semboca ap6s ter mudado de neme para Ja . de Vacaria. Talvez de "mboyá", vassalo.
guari. t corruptala de Pirajaca , de "pirá", pei- BOICI - arroio, afl. do Camaquá. De "mboicy",
xe, e "yaca", arroio: arroio dos peixes. nome dado ao louva-deus; literalmente, "mbo-

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ia", mboi",. cobra, e "cy", mae: a mae da co- como aguapé. A existencia de extensos banha-
bra.
BOIN,IRITÁ - arroio, afl. do Guac;uL Da "mboia",
, dos na regiao justificaría esse nom·a.
BOTUCARAí - coxilha e vila nas proximidades de
"mboi", cobra, "miri", pequeno,e sufixo "itá", Candelária; arroio, afl. do Jacuí. De "ybyty",
"etá", que indica grande quantidade: grande "yvyty", cerro, montanha, colina, e "caraíba",
quantidade de cobras pequenas. "caraí", sagrado, santo, ben to: cerro bendito,
BOITIBA - arrcio, afl. do Primeiro de Margo, na cerro sagrado. Theodoro Sampaio dá "talvez,
regiáo Missioneira. Da "mboia", "mboi", co- Butuquara-y, cor. ybytu-coara.y, rio do bura.
bra, e "tyba ", sufixo abundancia!: lugar em co do vento, rio da garganta ou da bocaína".
que há muita cobra. BUJURU - variante de Bojuru '(V).
B-OJURU - .rio do, afl. do Vacacaí; vila no Albar- BURATI - arroio, afl. do rio das Antas; arroio,
dao; l2goa junto a essa vila; arroio, afl. do afl. do Ca<;ador: povoado junto ao segundo ci-
· ria Concei<;ao, na regiao de Cruz Alta; povoa- tado. Corruptela de "buriti"? Theodoro Sam·
do- a margem do arroio de mesmo nome. De pai.o dá como corruptela de "ybyra-atf", .pau
11 b, 11
y~m o , arroio, e
. • b" 11 •
J uru , yuru , oca: a
11 11 11

agu<;ado, a ponta.
boca do arroio. Ou de "ybura",, "yvu", água
BURJCÁ - arroio, afl. do Canhambora; rio, afl. do
que brota para cima, manancial, fonte, e "ju-
Uruguai. "Mburicá" é a corruptela indígena de
ru", "yuru": "yvu-yuru", a boca da fonte. Va-
bur'ro; é empregada atualmente para dasignar
riante: Bujuru.
BORÉ - sanga do, afl. do rio da Telha, na regiáo a mula, o burro, o asno. J. Borges Fortes pro-
de Vaca ria. De "boré", trómbeta. Segundo A. póe "burri·caá", mata dos burros, ou "buri-
J. de Macedo Soares, prcvém da "mbiré", pre- caá", mata dos buris (palmeiras), mas parece
térito de "mbig", quu significa soprar. que o topónimo em questao é, apenas, a cor-
ruptela já citada.
BORIEM.B·ó - arroio, afl. do Jacuí. De "mboia",
"mbói ", ·tobra ·e "yembó", arróio: o arroio BURICACI - arroio, afl. do Jaguari Granda, na re-
das cobras? giao de Sao Francisco de Assis. De "buricá"
BOROR1: ·- arroio ,afl. do Butuí; povoado, a mar- (V.), e "cy", mae, origem.
. gem do arroio de mesmo neme. De "mboto-
roré", arrulhar, ninar? Ou de "ybyrá", "vyvy-
ra , arvore, e rem , rema , ma 1e he1. roso: ar-
'' , 11 11 11' 11

v~re de mau cheira? Parace mais plausível que


bororé provenha de ºmururé", palavra caribe
que designa a planta aquática mais conhecida
. - 32 -
- 33 -
O alvorecer daquele dia fara o mais belo da
nova e tépida esta~ao das flores e dos frutos. Qua n
do o sol espargiu pela mata seus primeiros rever-
beros, a orquestra da passarada, que saudava a au-
rora, foi abafada pelo brado imenso da tribo de
guerreiros que se punha em marcha. Ao mando do
nOvo cacique, partia ela, em busca de novas para-
gans, impulsionada pelo instinto errante da ra~a.
Todos os membros da tribo, homens e mulheres,
sentiam-se eufóricos, na expectativa de renovadas
aventuras.
Na taba abandonada, só um rancho continuou
habitado: o do antigo cacique. Quebrado pela ve-
lhice, nao mais pudera ele seguir a tribo que che-
fiara a vida inteira. Som·ante a filha mais jovern,
a formosa Yarí, rejeitando a corte de muitos guer-
reiros, resolvera ficar. Boa filha, quis ficar ao lado
do anciao, para ampará-lo na amarga decrepitu-
de dos últimos anos de vida.
CAÁ IARI - rio, afl. do Uruguai na regiao de Pal- Sentado junto do rancho,. o velho s·aguia, com
meira. Do guarani "ca'ary", suco ou sumo da a vista cansada, a tribo distanciar-se, mais, e mais,
erva mate; chimarrao. J. Palma da Silva, em na lonjura das coxilhas. Veio-lhe a lembran~a as
artigo publicado no "Correio do Povo", dá a inum•aras marchas que chefiara, a frente de
conhecer a bala lenda da erva mate: ... seu povo. Recordou como todos adm iravam
A planta da erva-mate guarda na seiva os ele- ent5o a sua habilidade no manejo do arco, a bra-
mentos vitais que outrora animaram o corpo de vura com que enf rentava os combates, e a nobreza
Yarí, urna formosa, terna e delicada virgem guara- com que s~mpre tratara os prisioneiros e hóspedes.
ni. Por isso, quem toma chimarrao, absorve, com De repente o velho guerreiro reclinou a cabe~a
o sabor da erva, a própria alma encantada de Yarí. nas maos, e as lágrimas quentes da saudada, lá-
Segundo a lenda, foi muitíssimos s6is antes de grimas fundamente sentidas, inundaram-lhe a face
o homem branco aparecer nas Américas, que teve sulcada como as ravinas do chao nativo. Quando,
origem o miraculoso v,agetal que hoje enriquece al- enfim, ergueu o rosto, com o peito mais . desopri-
guns municfpios e d~licia o paladar de tanta gente. mido, viu diante de si um jov·am de aspecto estra-

• - 34 - - 35-

.. •
nho. Nao era de nenhuma das terras que ele conhe- - Yarí, doravante serás a deusa dos ervais, a
cia. Tinha a pele alva e os olhos da cor dos céus Caá-Yarí. E t-eu belo corpo, e esse sorriso que é
longínquos. E que lindo era o manto que el-e ves- meis doce do que o mel das mirins, nunca mais
tia ! seráo vistos pelos mortais, exceto por teu velho
Tratando de cumprir os deveres da hospitali- pai e por algum ervateiro digno do teu amor.
dade, chamou Yarí e fez o viajante entrar no ran-
cho, oferecendo-lhe. a rede para o repouso. Em se- CAÁMINI - arroio, afl. 'do rio das Antas, na re-
guida a mo~a serviu ao recém-chegado o melhor giao de Santo Gon~alves. De "caá", erva, ma-
mel e os frutos mais saborosos que ela acabara to, folha, e "mini", guarani, um pouco, pe-
de colher. 1 queno: mato pequeno.

O sol subiu, declinou no arco da tarde, e Já


estava a tres bra~as do horizonte, quando o hós-
l CAÁTf - arroio, afl. do rio Tainhas,. na regiáo de
· Sao Francisco ·de Paula. Do guaraní ." ca'ati",
pede anunciou a partida. Instado a que pernoi- urna erva, literalmente erva branca, ou folha
tasse, mesmo porque seria urna temeridade iniciar branca, de "caá ", -arva, mato, folha, e "tin-
viagam ~ bóca da noite, o visitante revelou sua ga ", "ti", branco (croton spp. albifoliae)).
condi~ao de enviado de Tupa, o Deus do Bem, e
proferiu estas palavras:
l CABAPOAMA - arroio, afl. do Gravataí, na regiao
de San to Antonio. Do tupi "cabapua ", va rie-
- Sou portador de uma gra~a para ti e para dade de vespa.
todos os da tua ra~a, velho chefe guarani. Princi- CABOCLO - arroio, afl. do lrapurú, na regiao de
palmente para aquel·es que, como tu, chegam ~ ida- Taquara. De "caá", erva, mato, fólha, e "boc",
de da solidáo e da saudade. Vou transformar tua fender-se, rachar; f.anda: fenda no mato, cla-
linda e jovem filha numa árvore .:_ árvore que se
multiplicará, cobrindo de matas a tua terra·. Quem - reira nó mato: nome dado aos sertanejos, pro-
vavelmente devido aos mesmos, via de regra,
bebar das folhas do novo vegetal, sentirá o cora- abrirem urna clar·eira no mato, para ali le-
~ao rejuvenescer e palpitar com as mesmas virtu·
vantarem sua casa.
des que animam a alma pura e delicada de Yarí.
CABRIÜVA - cerro em Taquari. De "cabureyba",
É os dois guaranís, pai. e filha, viram surgir,
"cavu rey", cabriúva, árvore da familia das Le-
de um misterioso .esplendor de luz, a primeira plan· guminosas ( Myrocarpus frondosus, Fr. Ali.)
ta de erva-mate. A palavra é composta de "caburé", variedade
Já se af astava o enviado de Tup5, quando vol- de coruja, e "yba", árvore: árvor·a dos ca-
tou-se e disse: bures.
- 36 - - 37 -


CABUCU - arroio, afl. do Piral, na regiao de Ba- CAIABU - de "caá", erva, mato, folha, e "ybura",
gé. De "caba", vespa, e "u~u", grande: vespa "ybu", "yvu", fonte, manancial: o olho de água
grande. i: o neme indígena de urna variedada da mata.
de vespa.
CAIBAT!: - arroio, afl. do lbirapuita; arroio, afl.
CABURI: - arroio, afl. do Passo Fundo; arroio,
afl. do Caracol. "Caburé", "cavuré", é o ncr do Vacacaí; arroio, afl. do Quaraí: vila na re-
me indígena de urna variedade de coruja. giao compreendida entre Santo Angelo e Sao
Luiz Gonzaga. A Revista do Instituto Histó-
rico e Geográfico qo Rio Grande do Sul grafa
CAc;APAVA - río, afl. do lbicuí; cidade na regiáo 1
'Caiboaté". O neme, tristemente célebre por-
central do Estado; serra. na mesma regiao. que lembra a chacina de mais de milhar e
De "caá", erva, mato, fOlha, e "assapaba", lu- meio de indígenas, vem de "caá", erva, mato,
gar da passar, passagem; clareira no mato. folha, e "ybaté", "yvaté", alto: capao alto, ma-
to alto. Do "Diário resumido da demarca~ao
CACEQUI - rio e cidade na regiao centro.oeste da América Meridional", publicado em 1787
do Estado. Do aruaco "cacique", chef.a, e do por José de Saldanha, engenheiro geógrafo,
tupi meridional "y", água, rio: o rio do chefe. matemático e astrónomo: ''Caibaté", pronun-
ciado pelos fndios tapes guturalmente, como
CACHOIM - arroio, formador do Arroio Grande; se fosse •ascrito entre nós - "Caiai-guaté".
rincao em General Vargas. De "caá", erva, ma- quer dizer Bosque Alto. i: um dos (nemes)
to, folha, e "chuí", nome indígena do pintas- mais bem apropriados. . . s·~ divisa de longe
silgo e d~ diversos outros pássaros: o mato este capao de mato ... (Apud M. Bernardi,
H

dos pintassilgos.
- "O primeiro caudilho rio-grandense, pg. 134-
135).
'
CACIQUE DOBLE - vila ao N de Sananduva. To-
pónimo híbrido do aruaco "cacique", chefe, e CAlc;ARA - localidade próxima a Frederico West-
do espanhol, "doble". phalen. De "caá-yssá", cerca de ramos, forti-
fica~ao, estacada que, nas tabas dos indígenas,
CAÍ - um dos grandes ríos que desaguam no circudava a povoa~ao; cercado de madeira, a
Guaíba; cidade, ex-Sao Sebastiao do Caí; po- margem de rio ou igarapé navegável, para em-
voado a margem do rio Caí. Da "caá", erva, barque de gado; recesso onde se -embosca o
mato, fólha, e "y", água, rio: o rio do mato. ca~ador.

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CAIGUARA - arroío, afl. do Catupi, na regiao de Souza Docca julga tratar-se de "caá-y-úpaba",
Triunfo. De "caguara ", bebedor de cauím. "caá-y-upá ", lagoa da mata.
CAIGUATÁ - lajeado, afl. do arroio Jaguarizinho. CAfVA - sanga, afl. do Jacuizinho. De "caá", erva,
De "ca'í", pequano macase (Cebus fatuellus, mato, folha e "afba", "aíva", ruím, estragado,
C. libidinosus, C. valerosus, Kallithrix sciurea), impraticável: o mato impraticável.
e "guatá", lugar para passeio, trilha de ani- CAJU - arroio, afl. do río dos Sinos. De "acaju",
ma is: a trilha dos macacos. •' "acayu", árvore frutífera, caju. Há quem de-
CAINGANGUES - arroio, afl. do rio Uruguai, na componha o vocábulo ·am "aca-yu", fruta ama-
regiao de Sarandi. A Revista do Instituto His· rela.
tórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, por CAJURU - arroio, afl. do 1julzinho; vil a na regiao
evidenta engano, grafa "caigangues". Entn6- de Farroupilha. De "caá", erva, mato, folha, e
nimo; indígenas atualmente localizados entre "juru", "yuru", boca: a boca do mato.
o Estado de Sao Paulo e a regiao norte do CAMAPEVA - arroio, afl. do arroio Cerro Chato,
Estado do Rio Grande do Sul, também cha- na regiao de Erval. De "cama", peito, seio, e
mados "corcados" devido a maneira pela qual "peba", "pava", chato, plano: o seio chato.
usam o cabaro. CAM.APUA - De "cama, peito, seio, e "apua", re-
CAIR~ - arroio, afl. do lpiranga na regiao de Sao dondo: o seio redondo.
S€bastiao do Caí. De "caá", erva, mato, folha, CAMAQUA - rio, tributário da lagoa dos Patos;
e "ré", sufixo guarani equivalente ao "pueraH cidade nas proxididades do rio de mesmo ne-
tupi: o que foi, o passado: o mato que foi, o me. o rio é, as vezes, confundido .com o lca-
lugar onde existiu ~ato. Ou, que é mais pro- mtqua, afluenta do Uruguai na regiao de Sao
vával, a lua cheia, urna das divindades infe- Borja. CAMAQUA-CHICO - arroio, afl. do Ca-
riores da mitologia tupi (V. "Rudá"). maqua na regiao de Bagé; arroio, afl. do Ca-
CAIUVÁ - lagoa ao S d~ Rio Grande, entre a lagoa maquá na regiao de Lavras; CAMAQUA DE
Mirim e o litoral. J. Borges Fortes interpreta ' LAVRAS - CAMAQUA DO HILÁRIO - CA-
como lagoa ou mata das canoas. A segunda MAQUA DO JAQUES - arroios, afl. do Cama-
acep~áo - "caá-yga ra ", "caá-ygá" - parece qua na regiao de Lavras; CAMAQUÁ DO TA-
mais plausível. Talvaz se trate de "caá", erva, BULEIRO - CAMAQUAZINHO - arroios na
mato, folha, e "ybá", "yvá", fru'ta, 'senda este regiao de D. Pedrito. Diz Theodoro Sampaio
último vocábulo complemento de referencia: que o Camaqua era chamado antigamsnte Jca-
mato que t·am fruta (Casos mais comuns de baquá. O nom·3 atual se presta a numerosas
justaposi~áo, incorpora~ao e composi~ao, in interpreta~oes: poderia ser corruptela de Ca-
"Curso de tupi antigo", Pe. L·amos Barbosa. mapua (V), o que seria justificado pela pre-
- 40 - • - 41 -
sen~a, na reg1ao, de el·eva~ao ou coxilha em CAH'BAlZINHO - arroio, afl. do Vacacaí. De "cam-
forma de seio. Poderia provir de "cambaaca", ba", negro (referente a pessoa), e "y"; água,
de "camba", negro (referente a pessoa), e río: o rio dos negros.
"acanga", "acá", cabe~a: cabe~a de negro, no- CAMBAQUA - De "camba", negro (referente a
me de urna planta medicinal ( Guazuma ulmi- pessoa), e "cuara", "cuá", cova, buraco, ca-
folia). Ou de "cambaacuá", lugar habitado por
nagros. O Dicionário Etimológico Prosódico de
• V€rna, ou esconderijo, de negros .
Silveira Bueno dá "cama", seio, "quá", bura- CAMBARÁ - arroio do, afl. do rio Pelotas, arroio,
co, e interpreta como "olho d'água". "Cuá", afl. do lrapuá; arroio, afl. do ljulzinho; arroio,
por outro lado, significa cintura, baixada, en- afl. do Jaguari; localidada a margem da Sanga
entre duas eleva~oes; "cama-cuá" seria o es- da Areia, na regiao de Rosário; localidade na
pa~o entr·a os seios, ou o vale do rio. Ao nome
regiáo de Sao Francisco de Paula; CAMBARÁ
antigo, lcabaquá, dá Theodoro Sampaio a sig- SEGUNDO - arroio, afl. do lrapuá; CAMBA-
nifica~ao de "rio do buraco ( ou do ferrao)
RAZINHO - arroio, afl. do Potiribú. "Camba-
da abelha". rá" é o nome indígena de várias plantas me-
dicinais.
CAMARUPÁ - arroio, afl. do rio Rolante, que de- CAN,BICA - sanga, afl. do Vacacaí. De "cambyca",
ságua no dos Sinos. De "cambará", "camará", espremer, torear, prensar: o arroio torcido, es-
plantas da família das Solanáceas e das Verbe- premido entre as margens.
náceas, e "upaba", "ypá", lagoa: a lagoa dos CAMBORETÁ - arroio, afl. do Jaguari. Provavel-
cambarás. mente corruptela de "cambulreta" (V). ~ pos-
CAMBAi= - localidada próxima a ltaqui. Talvez se- sível que sa trate de corrupt€la de TAMOIRE-
ja corruptela de "cambaí" (V), ou provenha TÁ, terra dos antepessados.
de "caá", erva. mato, folha, e "mbaé", coisa:
coisas do mato?
- CAMBUf - arroio, afl. do rio dos índios; arroio,
afl. do Jaguari. De "cambuy", murta.
C/,M.BAQUÁ - De "camba", niagro (referente a CAMBUIRETÁ - arroio, afl. do Camaqua. De "cam-
pessoa), e "cuara", "cuá", cova, buraco, ca- buy", murta, e "reta", país, terra, regiao: a
verna: ·asconderi jo de negros. regiao das murtas.
CAN~BAí - arroio, afl. do des Pedras, na regiáo CAMOATIM - arroio, afl. do Quaraí. De "camoa-
de Cangu~u; arroio, afl. da sanga do Salso, na ti", "camuatí", variedade da vespa. Saturnino
regiao de ltaqui; arroio, afl. do Garupá, na re- Muniagurria, em "El guarani", diz: "Su nom-
giao de Quaraí; arroio, afl. do Piraju, na regiao bre viene de ca, caba; mo-á, parecer, y tí, es-
• • • 11
de Sao Luiz Gonzaga. Cambalzinho, arroio ... p ina: avispa como espina .
- 42- - 43 -
CAMOBI - localidade próxima a Santa Maria. De fugitivo, perdido; perdar-se, desaparecer, su-
"cama", peito, seio, ·a "oby", azul, verde: seio mir: arroio que se sorne, talvez devido ao mes-
cu morro verde. mo ter subterranea parte de seu curso.
CAMOVERÁ - arroio, afl. do lrapuá. De "cama", CANOA - arroio, tributário da lagoa Mirim; pon-
peito, seio, "oby", azul, verde, e "beraba", ta da, na lagoa Mirim, próxima a foz do arroic
"verá", brilhante: o morro verde brilhant-a. • de m·:smo neme; porto, na mesma regiao;
CAMURf - arroio, afl. do rio Maquiné. De "camu- porto na lagca lpipe, na regiao de Osório;
ry", roba lo. morro na regiáo de Taquara; CANOAS - ar-
CANGATA - arroio, afl. do Arambaré, na regiao ro io, afl. do Passo Fundo; ponta das no rio
de Erva 1. De " acanga , aca , ca bec;a, e " a t-"
/1
" """ a , Guaíba; cidade; povoado na regiao de Mon-
forte, rijo, duro: a cabec;a dura. A Revista do tenegro. Do aruaco "canauá", t ipo de embar-
1nstituto Histórico e Geográfico do Rio Gran- cac;ao; o vocábulo passou para o vocabulário
da do Su! grafa "Acangatá"; é possível, entao, internacional, dando em al·amao e em ingles
que se trate de corruptela de "acangatara", o respectivamente "kanoe" e "canee", em fran-
cocar. ces "canot", em italiano "canotto", etc.
CANGOERf - sanga, formadora do arro io Quilom-
CAPANi= - arroio, afl. do Jacuí; vila ao S de Ca-
bo, na regiao de Osório. De "cangüera", "can-
choeira; CAPANi=ZINHO - arroio, afl. do Ca-
gué", ossada, osso, caroc;o, e "y", água, rio:
pané. De "caá ", ·arva, mato, folha, e "pane-
o rio da ossada.
ma", "pané", inútil, imprestável, estéril: ma-
CANGUCU - serra na regiao de Sao Lourenc;o do 1.
to inúti 1, i. é mato sem c2c;a. ·
Su( cidada a NO de Pelotas. De "acanga", CAPÁO - essa palavra aparece como parte de nu-
"aca", cabec;a, e "uc;u", grande: cabec;a gran- merosos topónimos rio-grandenses: Capao da
de, nome dado a urna variedade de onc;a. Canoa, Capao Alto, Muitos Capóes, etc. Da
CANGUPÁ - arroio, afl. do Vacacaf. i: corruptela ' "caé", erva, mato, folha, e "paO", intervalo,
de "acangupá" (V). meio, espac;o diferente do meio que o circun-
CANHEMBORA - arroio, afl. do Jacuí, na regiáo da: intervalo de mato, ilha de mato ne:> m·a io
de Júlio de astilhos. De "canhambora", fugi- do campo.
tivo. A Revista do Instituto Histórico e Geo- CAPEATI - arrcio, afl. do Butuf Mirim, na regiao
gráfico do Rio Grande do Sul grafa "Canhem- de Sao Borja. Do guaraní "capi'ihati", plantas
borá". ( Cenchrus echinatus, C. tribuloides).
CANHIMA ( ex-Sumidouro) - arroio, afl. do Con- CAPIGUI - rio, formador do Guaporé. De "capií",
11
ceic;ao, o qual deságua no ljuf. De "canhema , erva, capim, "guy", de baixo, e "y", água, rio:
- 44 - •i - 45 -
I

rio de baixo do capim, rio que corre ·ascen- CAPIVARITA - localidade na estrada Pantano
dido pelo capim. Grande - Encruzilhada do Sul. Corruptela de
"Capivari" (V).
CAPIM - arroio, afl. do Santa Rosa, na regiáo de CAPOEI RA - arroio, afl. do Pedras, na regiáo de
Santa Rosa; arroio afl. do Feitoria, na regiáo Encruzilhada; antigo neme do arroio Ogarai-
de Sao L€opoldo; CAPINZAL - localidade pró- • ti; arroio das Capoeiras, afl. do Grande, na
xima a Passo Fundo. De "capií", "capi'í", ca- giao de Sao Francisco de Paula; arroio, afl. do
pim, erva, palha. ljuí; Capoairinha, povoado a margem de um
tributário do rio Carreiro. De "caá", erva, ma-
CAPIVARA - arroio, também chamado Coipú, na to, folha, e sufixo tupi "puera", que indica o
regiao de Guafba; arroio, a SE da Porto Ale- passado, o que foi. "Caá-puera", mato que foi,
gre, afl. do Guaíba; arroio, afl. do Arenal, na mato recado.
regiao de Santa Maria; arroio, afl. do rio San·
ta Rosa; arroio, afl. do rio Taquari; arroio da CAPOERt: - localidade próxima a Erechin1. Do ca-
Capivara, afl. do rio Santa Maria; Capivaras, ingangue "caapu", pulga, e "here", campo: o
arroio, afl. do Santa Maria, na regiáo de D. campo das pulgas.
Pedrito; sanga das, afl. do lbicuí; saco das, CAPOROROCA - arroio, tributário da lagoa Mi-
na lagoa Mirim, reg iao de Santa Vitória do rim; sanga, afl. do Camaquá; arroio, afl. do
Palmar; arroio, afl. do rio Piratini; arroio, Tupanci; arroio, afl. do Piratinizinho; rincao
afl. do Jacuf; lugarejo no litoral, em frente a em Sao Gabri·al. Neme de urna árvore muito
ilha dos Ovos, ragiáo de Sao José do Norte; comum no Rio Grande do Sul, família das
arroio das, afl. do rio Sarandí; arroio que de- Mirsináceas. De "caá", erva, fato, folha, e "po-
semboca no Saco de Tapes. De "capiiguara ", roroca", estrondear, estrondo, macaréu: a ár-
"capi'ivá", capivara. "Capii-guara" é, literal- vor~ que arrebenta, que estrondaia.
m€nte, o comedor de capim. CARÁ - arroio, afl. do Passo Fundo; arroio, afl.
CAPIVARI - arroio, afl. do lbirapuitá; lagoa, pro- do rio dos Tauros, na regiáo de Bom Jesus;
longamento da do Casamento; rio~ tributário arroio, afl. do Caí; arroio, afl. do Cipó, na re-
da lagoa Capivari; arroio, afl. do Jacuí; arroio, gia de Sao Francisco de Paula; arroio ,afl. do
afl. do Capivari dos Matos, arroio, afl. do Ca- río Santa Cruz, na regiao de Sao Francisco de
pivari afl. do Jacuí. (Quaraí); povoado a NO Paula; arroio, afl. do Espeto, na r·agiao de Va-
d~ Alegrete; vila na regiáo de Rio Pardo. De caría. De "acará", "cará", neme de diversos
"capivara" (V), e "y", água, r io: o rio das peixas da familia dos Ciclídeos. Também, de
capivaras. urna planta tuberosa.

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CARÁ - arroio, afl. do Camaqua. 1: palavra indí- CARAJÁ - arroio, afl. do Camaqua; arroio, em Sao
gena onomatopaica do grito da ave desse no- Francisco de Paula; arroio, afl. do Seival, na
me. regiáo de Ca~c. pava; arroio cm Passo Fundo;
CARAÁ - arroio, afl. do rio dos Sinos; arroio, tri- localidade na estrada Ca~apava-Lavras do Sul.
butário da lagoa Mirim; localidade próxima a Carajá Mirim, arro:o, cfl. do Carajá de Ca~a­
Osório, anteriorment·; denominada Rio dos Si- • pava; Carajazinho, povoado na regiao de San-
nos; Caraá Mirim, arroio, formador do Caraá to Ang3lo . De "carajá", "carayá", variedade de
11
afluente do rio dos Sinos. De caraá", conca- macaco ( Alouata nigra); neme dado, por des-
vidade. prezo, pelos fndios, aos que nao sao de sua
tribo.
CARACARÁ - ou Guará - arroio, afl. do Ara~á, CARAPANÁ - arroio, afl. do Morundú, na regiao
o qual deságua no Guaíba, próximo a Barra do de Ca~apava. Do caribe "carapana", grande
11 11
Ribei ro. De caracará variedade de gaviao.
,
mosquito da familia dos Culicídeos. Na Ama-
CARAGUATÁ - arroio, afl. do Tuparendi. ''Cara- zónia o vocábulo tem, pouco mais ou menos,
guatá" é o nome indígena do gravatá, brom·: - a mesma significa~ao genérica que, entre n6s,
liácea comum em nossos campos. "mosquito".
CARAGUATí - arroio, afl. do lbicuí; arroio em CARAPI - sanga, afl. do rio Guaporé. De "cara-
Santo Angelo. De "caraguatá", gravatá, e "y", pí",· adj., coisa cortada, pequen a.
água, rio: o rio dos gravatás. ' 11
CARAPICÚ - sanga, afl. dorio Caí. De carapucu",
CARAí - arroio, afl. do Vigário, na regiao de Via- variedade de cogumelo; nome de urna planta
mao. De "caraíba", "caraí", que tem diversos da familia das Malvéceas. Talvez composto d;
significados: sagrado, santo, bento; branca, 11
"cará", planta tuberosa, e "pucu comprido,
,

cristao; ·auropeu, estrangeiro; batizar, batismo. alto.


Tratando-se de um afluente do "Vigário", a
maioria dos significados lhe pode s•ar aplicada ... CARAUNA - sanga, afl. do Vacacaí, na regiáo de
11
Sao Scpé. De "acará "cará", nome de vários
,

CARAí PASSO - arroio, afl. do lnhacundá. Expres- peixes da família dos Ciclídeos, e de urna plan-
sáo híbrida de portugues ( passo), e guarani, ta tub;rosa, e "una", preto, escuro, negro: o
"caraí": o passo bendito, o passo sagrado. acará preto. O vocábulo pode, ainda, ser cor-
CARAl.PE: - arroio, afl. do Forqueta. De "ca raí", ruptela de "guyrá·una", graúna, e como tal fi-
na acep~ao de branca, cristao, dono, s·anhor, gura no "Pequeno Dicionário Brasileiro da Lín.
e "pé", o caminho: o caminho do branca, do gua Portuguesa". Arroio do Caraúno, na re-
senhor? rigao de Bom Jesus: corruptela de "caraúnaH.
- 48 - ., - 49 -


CARAZINHO - arroio, afl. do Barra Grande, na seria preciso forc;ar a significac;ao de "óg", que
ragiao de Lagoa Vermelha; arroio, tembém é transitiva, tornando este verbo neutro".
chamado Arac;azinho, na nsgiao de Soledade; CAROVI - arroio, afl. do lnhacapetum; arroio,
cidade na regiao Serrana. De "cará", planta de afl. do lcamaqua; localidade próxima a San-
raíz comestível, da família das Dioscoriáceas. tiago do Boqueirao. De "caroba", "carova",
Ou de "cará", casca, cresta. árvore medicinal (jaca randa brasiliensis), e
CARí - arroio, afl. do Carumá, na regiao de Ca-
••
"y", água, rio: rio das carabas. Caraba, por
xias do Sul. Da "guacari", ou "acari", peixe sua vez, é formada por "caá", erva, mato, fO-
também chamedo cascudo. lha, e "roba", amargo: planta amarga, de ges-
CARIJINHO - arroio, afl. do Jaculzinho, na regiao to ruím. I: possív·al, ainda, que carovi prove-
de Sobradinho. Do caingangue "carijo", "ji- nha de "caá-r-oby", 1iteralmente folha verd~
ráu ou grade de varas sobre forquilhas em ci- ou azul, pois "oby", significa tanto verde como
ma do qual se estende a erva, acendendo-se azul.
por baixo o fogo para sapacá-la" (Macedo Soa- CARUABA - arroio, afl. do Carijinho. "Caruaba",
res, "Dicionário Brasil€iro"). E: o dispositivo tupi, é o lugar, o tempo, ou o modo de co-
também chamado barbaquá. mer; mais tarde teve, também, a significac;ao
CARIJóS - arroio, afl. do rio da Várzea. Carijó de m·.3sa.
é etnonimo; nome pelo qua! eram conhecidos CARUAPE - arroio, afl. do rio da Prata, na reg1ao
os guaranis que ha.b itavam a regiáo compreen- de Lagoa Vermelha. Do guarani" caruhape" du-
dida entre a lagoa dos Patos e Cananéia. rante a refeic;ao.
CARIOCA - arroio, afl. do rio dos Sinos. Da "ca- CARUARA - localidade próxima a Farroupilha. De
raí", posslvelmente aqui com o sentido de "ho- "caru", comer, comilao, guloso, e "uara", "sa-
mem branco", e "oca", casa: a casa do ho- ra", que, o que: o qu·a come, o comilao; nome
mem branco. Plínio Ayrosa, em nota sobre o dado a urna variedade de formiga das árvores.
diálogo de Jean de Lery, escreve "Tem-se da- CARUCA - arroio, afl. do Tinguité, na regiao de
do diversas interpretac;óes ao nome Carioca. Taquari. "Caruca", tupi, significa tarde
Urna das que mais naturalmente ocorrem é a (subst.), o entardecer. "lané caruca", boa tar-
de "kari-og", casa do branco ou do guerreiro, de (literalmente, nossa tarde) é saudac;ao usa- _
gentis ~lbae vel gentis in bello egregiae do- da pelos ccboclos da Amazonia, segundo Faris
rr.us. Considerando, porém, o que Lery diz A. S. Michaele, "Manual de Conversac;ao da
que era neme de um rio donde proveio o da Línqua Tupi".
taba, seria possível interpretar-se: "Kaá -ry- CARUN,BE: - arroio, afl. do rio Touro Passo; loca-
69", corrente saída do mato, mas para isso lidade na via férrea entre Alegrete .a Uruguaia-
- 50 - - 51 -
na. "Carumbé" é tartaruga entre os povos de da a significac;ao de "sarro de cachimbo", in·
língua guaraní; na Amazonia, "ca rumbé" se terpretando assim "catimbáo" como cachim-
aplica apenas ao jaboti macho, sendo dado ~ bo.
femea o nome da "j abo ta". CATITI - arroio, afl. do Biaraju. "Catiti" é o no.
CARURU - arroio em Caxias do Su!. De "caáruru", me tupi da lua nova, elevada a divindade in-
planta medieval da família das Amarantáceas. ferior. Couto da Magalháes, em "O selvagem ",
Talvez de "caá", €rva, mato, fólha, e "ruru", diz " ... Catiti, ou Iua nova, cuja missao é
inchado, empapado. Entretanto, a erva em despertar saudades no amante ausente". E
aprec;o, comum nos campos r-acém lavrados, mais adiante: "A invocac;ao a lua nova é a
nao parece justificar essa etimologia. seguinte:
Catiti, Catiti
CATANDUVA - arroio, afl. do lbicuf. Tanto Theo- 1mára notiá
doro Sampaio· como J. Borges Fortes e Souza Notiá imára
Docca dao "caata-dyba", local do mato ralo. Epejú (fulano}
De fato, é possível que se trate de corruptela Emu manuára
da "ñ2nandy", pastic;al, macegal. Ce recé (fulana)
CATI - arroio, afl. do Quaraí; localidade próxima
Cuc;ukui xa ik6
a Quaraí. De "caá", erva, mato, folha, e "tin- lxé anhú i piá p6ra.
ga", "ti", branco; mato branco, nome dado
"Nao ent€ndo o t·arceiro e o quarto verso; o
ªº mato novo, que ostenta cor mais clara que 1.0 e os últimos d izem o seguinte: Lua nova,
a do mato antigo. Ou de "ca'ati", urna erva,
6 lua nova! assoprai em fulano lembran~as
literalm€nte erva branca ( Croton spp. albifo.
de mim; eis-me aqui, estou em vossa presen-
liae). V. Caáti.
c;a; faz.3i
,.. ,,
com que eu tao semente ocupe seu
CATIGUÁ - arroio, afl. do Jacutinga, na r-agiao de corac;ao .
Santa Rosa. "Catiguá" é urna árvore que for- CAn!CAVA - Do nheengatu "catuc;aua", bondade.
nece matéria corante. CATUCÁ - arro io, afl . do Duro, na regiao de Ca-
CATIMBAU - arroio, afl. do Aires, na regiáo de maqua . De "cutuca", "cutu", ferir, picar, fu-
Cangu~u; cerro em Alegrete. De "caá", erva, rar, arpoar. Ou do guarani "cutuchá", o que
mato, folha, "tinga", "ti", branco, e ''pau", fere , o que espeta.
tr·3cho de terreno diferente do terreno circun- CAnJCUXÁ - arroio na regiao d} Caxias . Talvez hi-
dante: capao de m ato branco, de mato nóvo. bridismo de tupi, "catu", bom , bem, muito, e
Theodoro Sampaio dá "caá-tymbá", o pau mui- quechua "cochá", lapoa, alagadi~o. Ou minuano
to alvo. Gon~alves Dias, a "catimbáo repoty" "kuchá", frie: muito alagadi~o, ou muito frio.
-52- - 53 -
..
CATUIPE - arroio, afl. do ljuí; Vila na regiao de lha, e "berc. ba", "verá", brilhante: erva bri-
Santo Ángelo. Talvez de "caá", erva, mato, fo· lhante, nom·~ de urna planta medicinal tam-
lha, " tuí", tu'i", urna ave, variedade da peri- • • bém chamada sete-sangrias.
qu ito, e "-pe", sufixo que significa "em", "no": CAXAMBU - rio, afl. do ljuí. t possível que pro·
no mato que tem periqu itos. venha de "caá", erva, mato, folha, "tinga",
CATUPt - arroio, afl. do Piapora, na regiao de " ti", branco, e "ambú", ronco, bufido : o ru-
Sao Sepé. De "caá", Erva, mato, folha, e "tu- mor do mato branco, do mato novo?
pé", guaraní, baixo: mato baixo. CHÁCARA - sanga da, na regiao de Santa Maria;
CATUPI - rio, afl. do Taquari; povoado nas nas- chácara é palavra que aparece como parte dz
centes do rio de mesmo neme. A interpreta· diversos topónimos: Chácara das Pedras, bair-
c;ao parece ser a mesma de "catupé"; há en- ro em Porto Alegre; Chácara Barreto, etc. i:
tretanto, a possibilidade de se tomar "tupi" pal svra quechua, tendo conservado a signifi-
como "moreno", escuro: o mato escuro. Ca- cac;ao primitiva.
tupi Mirim, arroio, afl. do Catupi. CHACHIM - V. "Xaxim".
CATURETI'.: - rio, afl. do da Yárzea; povoado na CHAi\\BÁ - arroio, afl. do Guaíba, na regiao da
regiao de Sarandi; Catur·ate Mirim, arroio, afl . ltapua . Talvez de "che-amba'y", literalmente
do Ca tu rete. Tal vez de "catu-r-ete", de "ca tu", minha figueira", de "che", eu, me, meu, e
bo m , bonito, "ete", verdadeiro, legítimo: ver- "amba'y", planta medicinal, figue ira-do-infer-
dadeiramente bo m , muito bom. Ou do guara- no. Velhas figueiras na regiao parecem justi-
n r catu·ate , a dv., sem f a 1ta, segu ramen t e; o
• /1 , ,,
ficar essa interpretac;ao.
mesmo, o próprio.
CAúNA - arro io, fo rmador do das Oliveiras, na .. CHANGU[ - sanga, afl. do arroio Joao Teixeira,
na regiao de Tapes. "Changuí", no Rio Gran-
regiáo de Canguc;u; arroio, afl. do Capim , na
de do Sul, é "usado na ·axpressao nao dar
regiáo de Santa Rosa; arroio, afl. do rio Bur-
ricá. De "caá", erva, mato, folha,· e "una", ' changuí: nao dar quartel ªº inimigo; nao dar
vantagem no jogo" ( Peq. Dic. Sras. da Língua
"hu", preto, escuro: mato escuro.
Port.) . A palavra foi adotada pelo guarani mo-
CAVAJURETA - arroio, afl. do arroio da Divisa.
derno ( "Vantaja falsa que se da en juego o
"Cavajureta" é híbrido do espanhol "caballo",
e do guarani "r·ata", terra, pátria, regiao: re- carrera" - Jovar Peralta, Dic. Guarani-Espa-
ñol), porém é provenient·a do quechua.
giáo dos cavalos.
CAVERÁ - arroio, afl. do lbirapuita; serra, junto CHARRUA - vila ao N de Ttpejara. Etnonimo: ín-
ao arroio de mesmo neme; Caverazinho, ar- dios que habitavam parte do território do Rio
roio, afl. do Caverá. De "caá", erva, mato, fo· Grande do Sul.

- 54 -
•> - 55 ~


CHASQUEIRO - arroio, tributário da lagoa Mi- ro ;o d~ mesmo nome. "Chu'í" significa pe-
rim; Chasqueirinho, arroio, afl. do Chasquei- queno, com referencia a anim ais. ~' também,
ro. " Chcsqueiro - d iz-se do trote largo e in- • • com pequena modifica~ao ("chuí"), o nome
co modo dos cavalos" (Peq. Dic. Bras. da Lín- de urna ave (Sicalis pelzelmi). "Chuí-y", o rio
dos chuís. Souza Docca da "chue-y", d~ "chué",
gua Po rt. ). Poss)v·.:lmente derivado do quechua
"chasque'', mensagueiro; chasque é vocábulo .. . tartaruga, e "y", água, rio: o rio das tartaru-
gas.
corrent·a no Rio Grtnde do Sul.
CHERAND~ arro io, afl . do Morundú, na regiao de CHUNI - arroio, afl. do Piratini; Chunizlnho, tam-
Ca~ 2 pava. Também chamado Scgredo. Talvez bém arroio, afl. do Piratini. Talvez corruptela
corruptela de "che reindi", minha irma. t pos- de " chuí".
sív-al, também, que se trate de "kirandy", no- CHURf - arroio. afl. do Jacuí. "Churi" é um dos
nom·~s indígenas da ema.
me de urna árvore medicinal. ) CIANGÁ - arroio, afl. do Grande, na regiao de
CHIN\BOCU - arroio, afl. do Piratini. De "ti", pon-
ta, nariz, focinho, e "pucu", comprido: nariz Erval. Do guarani "syangá", madrasta, madri-
comprido, narigao. nha.
CHINA - arroio, liga a lagoa dos Patos a Peque- CIPÓ - arroio, afl . do Cotia, na regiao de Santa
n a, na regiao de Pelotas. Do quechua "china", Rosa ; arroio, afl. do ria Tainhas, na regiao de
fe mea , mu lher. . Sao Francisco de Paula; arroio do, afl. do Gra-
CHINIMÁ - céreo nas nasc-.:ntes da sanga ltamai- vataí. De "yssypó", cipó, liana. Theodoro Sam-
nó, na regiao de Sao Pedro. Corruptela de paio dá "i~á-pó", galho-mao, galho que segura.
" syindá", "suindá", guarani, variedade de co- COMANDAf - rio, afl. do Uruguai, na reglao de
ruja? Ou der ivado do quechua "china", mu- Santo Angclo; localidade próxima a nascente
lher, fémea? do rio de mesmo neme; Comandalzinho, ar·
CHINIQUÁ - núcleo colonial em Santa Maria. Ex- ro:o, afl. do rio Comandaí. De "cumandá", fa-
pressao híbrida do qu.achua, "china", femea, va, e "y", água, río: o rio das favas.
e guarani, cuá": o vale da china.
CONGONHA - arroio, afl. do rio dos Touros.
CH IPIÚ - arroio, afl.I do Toropi Mirim. "chipiú" é
"Congonha" é o nome caingangue da ·~rva ma-
o nome indígena do tico-tico.
te.
CHOCÁ - J. Borges Fortes dá como corruptela do
quechua "cochá" . lagoa, alagadi~o, pantanal. CORUMIM - riacho, afl. do ria lblrubi, na regiao
Variante: "chucá ". de Carazinho. De "curumi", "cunumí", meni-
CHUí - arroio no extremo S do Brasil, fronteira no. No linguajar brasileiro, principalmente na
com o Uruguai; localidade ~ marg~m do ar- Amazóna, onde é vocábulo de uso corrente, é

- 56- - 57-


mais empregada a grafia "curumimff, mais d~ CUCHA - arroio, afl. do lbicuí. Do quechua "co-
acorde, al iás, com a pronúncia indígena. V. chá", a lagoa, o alagadi~o, o pantanal, Aurélio
"Curumim ". Porto, em artigo publicado na Revista do Ins-
CORUPÁ - arroio, afl. do Jacuí; Corupá Mirim, tituto Histórico e Geográfico, dá "kuchá" co-
arroio, afl. do Corupá. "Curupá" era um nar- mo significando "frio" na língua dos minua-
cótico vegetal, empregado pelos índios para nos.
entrar em transe, ou para entorpacer peixes,
a fim de mais facilmente capturá-los. CUIAS - arroio, afl. do Jacaré, na regiao de En-
cantado. "Cuia" é palavra tupi, e tinha o sig-
COTIA - V. "Cutia".
nificado que ainda hoje lhe é dado: um "po-
COTEGIPE - Vila, a margem do Río Grande. Pro- rongo" (quechua) adaptado para s·a rvir co-
vavelmente de "coty-g-y-pa, literalmente "no mo caneca, vasilha, ou para o preparo do chi-
lado do rio". marrao.
COTIPORA - arroio, afl. do rio das Antas; vila
(Ex-Monte Veneto) na regiao de Alfredo Cha- CUNDAí - arroio, afl. do Tanimbú, na regiao de
ves. De "coty", lado, canto, aposento, e "po- Caxias. De "cundaba", retorcido, enroscado, e
ranga ", " pora", bonito: lado bonito, regiao bo- "y", água, río: "cundá-y", rio retorcido, río
nita, moradia bonita. que faz muitas voltas.
COTUBA - arroio, afl. do Forqueta. Talv·az nao se-
j a palavra tupi; urna etimologia possível seria CUNHA - arroio, afl. do Vigário, na erg1ao de
"có", ro~a , e "tyba", sufixo abundancia!, qu an- Viamao. De " cunha", "cuñá", mulher, india,
tidade, multidao: muitas ro~as, lugar onde há femea .
grande número de ro~as.
.CUNHATAÍ - arroio, afl. do Santa Maria; cerro
CRAGOATÁ - a rroio, afl. do Bugre, na regiao de a margem do rio Santa Maria. D~ "cunhatai'',
Passo Fundo; arroio, afl. do Tapejara, também "cuñataí", menina, mo~a, donzela, senhorita.
na regiao d~ Passo Fundo. Provavelmente cor- Um amigo, que exerceu a medicina em regiao
ruptela de "caraguatá", gravatá, bromeliácea de língua guarani, afirma que o neme só é
comum em nossos campos ( Bromelia serra). dado, pelos indios, a mulher realmente me~a,
CRlúVA - vila nas proximidades de Flores da e que além de bonita, seja virgem.
Cunha . De "kirikiri", ave de rapina, chimango
Fa lco rufi gul ares, Daud), •a "yba", "yva", ár- CURí - arroio, afl. do rio Maquiné, na regiao de
vore: a árvore dos chimangos. Osório . "Curí", significa "hoje"; é provável,
- 58 - - 59 -
porém, qu·3 seu significado, no caso em apre. CURURU - arroio, formador do ltacurubf, na re·
~o, seja "palmeira" .. giao de Sao Borja. Cururu é o nome indí-
11 11

A
gena do sapo.
CURIA - arroio, afl. do rio Vacacaí. Posslvelmen- CURUMIM - povoado na faixa litoranea, entre Ca-
te de "curí", nome de palmeiras, e "a", fruto,
pao da Canoa e Torres. De "curumi", "cunu-
grao: o fruto da palmeira. mí", menino. Variante: Corumim.
CUTIA - arroio, afl. do Patos, na regiao de Santa
CURIAU - arroio, afl. do Jacuí Mirlm, na regiao
Rosa; morro em Porto Ah~gre. De acuti ", co-
/1

de Carazinho. Talv·az de "curucáu", guarani, 11


tia, roedor da fam íl ia dos Caviídeos. Acuti
11
,
urna ave · (Molybdophanes caerulescens, The-
11 segundo Theodoro Sampaio, decompoóe-se em
risticus cauda tus). Na língua tupi curuca" 11 11
a-coti indivíduo que se posta ou se assenta;
,
significa "resmungar". A ave em apre~o seria
alusao ao hábito do animal, de se ass·antar pa ·
"resmungona". A expressao da gíria "velha co-
~a comer. Para os índios, esse animal simbo-
roca" pcsslvalmente terá origem no mesmo
liza a imprevidencia pregui~osa.
verbo tupi.

CURICU~ - arroio, afl. do Biareta. De "curíH, ne-


me de p almeiras, e "cué", sufixo guarani que
indica o passado; corresponde ao "puera" do
tup i. "Curi-cué", palmeira que foi, palmeira
que morr·~u.

CURUÁ - arroio, afl. do Camaqua. De "curuá",


trepadeira da família das Cucurbitáceas.

CURUCU - rio, afl. do das Antas; arroio, afl. do


ri~ ltu; arroio, afl. do Jaguar)zinho; arroio,
afl. do Butiá, na regiao de Soledade; povoado
na linha férrea Santa Maria-Sao Borja; povoa-
do a margem do arroio Curu~u, na regiao de
Soledade. "Curu~u", "curuzu", "curu~áH, sao
corrupt·~las indígenas da palavra cruz.

- 60- - 61 -
A letra "E", como inicial, é pouco freqüente
no tupi e no guarani. Os vocábulos aqui relaciona-
dos ou sao corruptelas de tupi ( embaé por mbaé,
por •.;xemplo), ou pertencem a out ras línguas in-
dígenas.

EMBA~ - ( ou ltu} arroio, afl. do Santa Maria. De


"mbaé", cousa, objetos, bens.
EMB JARA - sanga, afl. do arroio Tupanci, na re-
giao de Sao Sepé. De "mbiara ", a presa, a
ca~a ( já apanhada), o prisioneiro.
EMBOABA - . (ex-Nova Milao), vil a · na regiao de
Farroupilha. Etimologia muito discutida. Saint-
Hilaire, Cassal e Pizarro dao-na como provin·
- 63-


11 11
da de mboab pássaro da pernas empluma-
,
11 11
das; o apodo emboaba seria assim urna alu-
sao as ca l~as usadas p~los estrangeiros. Satis· •
ta Caeta no dá " i-amboa-baé", la~adores de
gente. A. J. de Macedo Soares pencb para
11
aba-ambóae.abá ", homem de cabe los diferen-
tes. Theodoro Sampaio d iz que, como verbal
d.} " mbo-ab", exprime a a~ao de f c;zer que fl-
ra, a agressao. Afonso A. de Freitas, no "Vo-
cabulário Nheengatu", julga nao ser palavra
proveniente de língua indígena americana, mas
do cabinda "emboá", que significa cao. O vo-
cábulo foi incluído no nhe-~ngatu, com a sig-
n i fica~ ao de "estrangeiro".

ENAPUPt - arroio, afl. do rio dos Sinos. Talvez


de "nhana ", "ña ", correr, e "pupé", dentro
de, em meio de, entre.

EREBANGO - vil a ao S d~ Erechlm. Do caingan-


gue "here", campo, e "bang", grande: o cam-
po grande.

ERECHIM - rio, afl. do Passo Fundo; cidade, na


regiao de Marcelino Ramos. Do caingangue
"here", campo, e "chim", pequeno: o campo
pequ-ano.

ERUNDf - arroto, afluente do Amandaú, na re·


giao de Santa Rosa . De "irundyc, "irundy", qua-
tro, quatro v~zes. As 1ínguas indígenas nao empregavam o som
corresponden te a esta letra.
- 64-


.

GARAMANA - ( Guaramana) arroio, afl. do Ca-


maqua. De "guará", garc;a, e "amana", nu-
vem: nuvem de garc;as?
GARAPó - arroio, afl. do Lobato, na regiao de
• Santa Maria. Talvez de "guarapo", resíduo ou
sumo de mel ou de fumo. No Rio Grande do
Sul é usada a palavra "guarapa" com o signi-
ficado de "caldo 03 cana".
GARUPÁ - arroio, afl. do rio Quaraí. De "ygara",
"ygá", barcc, canoa, e "upaba", "ypá", lago,
lagoa: a lagoa das canoas. Ou de "ygara", •
"ygá", e "upaba", "tupá", "rupá", leito, cama~
"ygá-rupá, o leito, ou local, das canoas.
GAURAMA - cidade na regiao N do Estado, pró-
xima a Erech im, rio, afl. do Passo Fundo. De
"ygau", planta parasita, comumente denomi-
- 67 ~

• •
nada "barba-de-valho", e "retama", "reta", GOIOFÁ - arro 1o, cfl. do Passo Fundo, na reg1ao
" rama", terra, pátria, regiao: a regiao da bar- de Sarandi. i= palavra caingangue; "goió" sig-
ba-de-velho. A "Enciclopéia dos Municipípios" • nifica água, rio - é o correspondente cain-
diz que talvez signifique "barro", mas tal in- gangue do "y" do tupi meridional - ; "fá",
terpreta~ao nao parece plausível. provavelm·:nte um adjetivo, tem significa~ao
GERIVÁ - arroio, afl. do ltapeva, na r·agiao de • ignorada.
Candelária; cerro, a margem do arroio Cane- GRAVATÁ - arroio, afl. do Turvo, na regiao de
leiras, na regiao de Pelotas; arroio, afl. do Palmeira; povcado cm Sao José do Norte. De
Grande da Guarda, na regiao de Taquara. . "caraguatá", bromeliácea (bromelia serra).
"Gerivá" é o neme indígena de urna vari·3dade GRAVATAf - rio, tributário do Guaíba; cidade e
de palmeira. Há quem afirme que a pal avra município, a L de Porto Alegr-a. De "caragua-
se decompoe em "yari-ybá", fruto que cai a tá ", gravatá, e "y", água,. río: o rio dos gra-
toa. vatás.
GIRIVÁ - arroio, afl. do Potiribú, na regiao da GRAXAIM - lagoa, ligada a dos Patos, na regiao
ljuí. Variante de "gerivá". de Camaqua. De "aguaracha'i ", vari·3dade de
GIRUÁ - rio, afl. do Comanda(; cidade na regiao raposa, (Can is brasiliensis). Variantes: guara-
missioneira. Corruptela de "gerivá". Giruazi- chai m, gua raxaim.
nho, arroio, afl. do Giruá. GRUMATA - arroio, afl. do r io das Antas. De
GOIABA - arroio, afl. do Jacuí; GOIABAL - ar- "cu r imatá", "curimbatá", peixe da família dos
roio, afl. do rio Vieira, na regiao de Vacaría; Caracídeos.
Goiabeira, arroio, afl. do río das Antas; san- GUAB IJÚ - arroio do, afl. do rio Pelotas; vila
ga, afl. do rio Vieira; Goiabaira, arro io, afl. • • próxima a Nova Prata. De "yvaviyú", "gua-
do rio Cerquinha; arroio das, afl. do rio Pe- viyú", árvore frutífera (Eugenia pungens).
lotas; arroio das, afl. do Upamoroti. Do arua- Talvez d~ "guaba", verbal de "u", modo, tem-
co "guayaba". O vocábulo é de emprego cor- ' po, instrumento, etc., de comer', e "juba",
ren te Em todo o Brasil, sendo curioso notar "yú", amarelo: o comestível amarelo. ·
q ue a pronúncia "guaiaba", geralmente consi- GUABIROBA - arroio, afl. do arroio do Jacaré, na
derada incorreta, é a qu•a menos se afastou re~ iao de Encantado; arroio, afl. do Sao Do-
da original. mingos, na regiao de Gu2poré; arroio, afl. do
GOIO-EN - povoado junto ao rio Uruguai, na re- rio Ligeiro, na r·:giáo de Lagoa Vermelha; ar-
giao da foz do rio Passo Fundo. Do caingangue roio, afl. do rio Pratos, na regiao de Santa
"goió", água, rio, e HenH, fundo: rio fundo, Rosa. De "guaba" (V. Guabijú), e "roba",
água profunda. "ro", amargo: o comestível amargo.
- 68 - •
- G9 -
GUABIROVA - córrego, afl. do rio Erechim. Va- caminho, e "y", água, rio: o rio do caminho
riante de "guabiroba". do veado. 1

GUACATUNGA - arroio, afl. do rio Jaguarí. 1: o GUAí - arroio, afl. do lbiratobá. Das diversas eti-
~orne de urna planta medicinal. Theodoro mologias possív·.:is, a mais plausível parece ser
Sampaio diz d=r ivar de "guá-ec;á-tunga ", o que "rio dos papagaios", de "gua'á", variedade de
atravessa névoas nos olhos, o que turva a vis- papagaio (Anorhynchus glaucus, Vieill ), e "y",
ta. água, rio.
GUACAXI - arroio, afl. do rio Guaporé. Talvez GUAIÁ - arroio, afl. do Manuará. De "guajá", va-
corruptela de "guacarí", um peixe, cascudo. riedade de caranguejo.
GUACHO - arroio do, afl. do rio das Antas, na GUAfBA - rio que banha Porto Alegre; cidade a
regiao de Vacaria. Do quechua "huajacha", ou marg3m direita do mesmo. De "guá-y-be", na
"huagcha", pobre, órfao. Diz-se do animal - enseada, na baía, segundo Theodoro Sampaio. •
e também da crianc;a - que foi ou está s·ando Souza Docca diz tratar-se de "baía de todas as
criado sem o leite materno. águas". Paulo Xavier, em artigo, dá o topóni-
'

GUACU - arroio, afl. do lbicuí; arroio, afl. do


.> mo como derivado de ygaí, nome dado ao Ja-
Caí. "Guac;u" poderá ser interpretado como cuí em antigos mapas; essa parec·a ser a in-
"grande"; entretanto, muito provavelm·ante, terp,retac;ao mais acertada.
aqui se trata de vocábulo que, no tupi meri-
dional e no guaraní, indicava o veado. Corres- GL!AICÁ - arroio, afl. do Aguapé, na regiáo de
ponde ao "suac;u" do tupi de Sao Vicente. Tupancireta. Talvez de "guayacá", árvore, pau-
GUACU-BOI - arro io, afl. do lbirocaí; localidad; santo ( Bulnesia sarmienti).
.>

na via férrea Alegrete-Uruguaiana. De "guac;u", GUAIMÍ - arroio, afl. do lnhachue, na regiao de


forma guaraní e tupi do sul de "suac;u", vea- Soledade. De "guaibi", forma tupi, "guaimí",
do, e "mboia", "mboi", cobra: cobra de vea- "íuaivi", formas guaranís: velha, ancia.
do, cobra da família dos Boídeos ( Epicrates GÚAIÚ - arroio, afl. do Piratini. Talvez de "gua-
cenchria, L). hú ", ladrido.
GUA<;Uí - arroio, afl. do ljulzinho. De "guac;u", GUAIUPIÁ - arroio, afl. do rio Turvo, na regiao
Y.3ado, e "y", água, rio: o rio dos veados . de Palmeira. De "Guajupiá", neme de um es-
GUA<;UPI - rio, afl. do Toropi; arroio, também pírito dos pajés bons; "guayupiá" é, também,
afl. do Toropi; cerro a margem do río de mes- empr3gado como sentido de "feiticeiro".
mo nme; povoado na mesma regiao; Guac;u-
pizinho, arroio, afl. do rio Guac;upi. Segundo GUAPf - sanga, afl. do rio N,aquiné. De "guapy",
J. Borges Fortes, de "guac;u", veado, "pé", o tranqüilo, plácido, sossegado.

- 70- • -· 71 ~
GUAPI RA - arroio, afl. do arroio Galinha, na r&- GUARAMANA - erroio, afl. do Camaqua. De "gua-
giao de Santo AntOnio. Corruptela de '' guapi H
ra~# , gar~a, e amana , e huva, nuvem: nuvem
11 "

(V). • de gar~as?
GUAPITANGUf - arroio, afl. do Quaraí; sanga, afl. GUARAN! - cidade na regiao missioneira, nas pro-
do arroio Lajeado; na regiao de Santiago. Se- ximidades de Santo Ángelo. Nome da principal
gundo Souza Docca, é palavra composta: "guá· » • ra~a indígena do Paraguai, de parte da Argen-
pitang-y, rio das pitangas. tina e parte do Brasil. No vocabulário guaraní
GUAPORI: - rio, formado pelos rio Capigui e Ma- a unica palavra semelhante a "guaraní" é
rau, e afl. do Taquari; cidade da ragiao cen· "guarini", que significa guerreiro. Provav·al-
tro-nordeste do Estado, na Estrada Bento Gon· mente guarant é a pronúncia incorreta, por
~alves-Passo Fundo. J. Borges Fortes dá "ybá-
porei ", "yvapore'y", árvore frutífera (Eugenia
. .,, . .
parte dos conquistadores espanh6is, de "gua-
r1n1 ; os prime1ros encontros entre uns e ou-
specialis). O mesmo nom·e, "yvapore'y", é da- l, tros nao foram exatamente amistosos, o que
do, também, a pitangueira comum. Souza Doc- justificaria o nome dado pelos invasores aes
ca sugere "cuá-pora-eyma", de "cuá", cova, que se opunham a invasao de seus domínios.
. caverna, b ure:co, va 1e, " pora " , o que est á con- Por outro lado, Batista Ceatano, com sua in-
tido em, habitante, e "eyma", sufixo d~ nega- contestável autoridade, dá a palavra como pro-
~ao: vale que nao te~ habitantes. A primeira ced~nte do aimara "vecarani", isto é, "os qu·a
interpreta~ao parece mais plausível.
usam tanga".
GUARÁ - sanga, afl . do arroio Faxinal, na regiáo GUARAPERi:: - arroio, afL do Grande, na regiao de
d~ Cangu~u; cerro na regiao de Guaíba; ar- Erval. De "guará", gar~a, e "pereba", "peré",
ro io, afl. do arroio Barracao, na regiao de Pi- chaga, ferida, cicatriz, sinal, vestigio: o rastro
ratini; localidade na via férrea, junto a cida- das gar~as. ·
de de Rosário do Su!; arroio, também chama- GUARAPUITÁ - arroio, afl. do Uruguai na regiao
do Caracará, na regiao . de Tapes; arroio, sfl. 03 Uruguaiana. De "guará", gar~a, e "puita",
do arroio da Anta, na regiao de Vacaría "Gua- "pita", ·vermelho: gar~a vermelha.
rá" é o nome indígena da gar~a; em alguns GUARA RAPES - vila (ex-Nova Roma) na regiao de
casos é possível qva se trate de corruptela de Caxias do Su!; povoado próximo a vila de
"aguará", cachorro-do-mato. Arambaré, na margem O da lagoa dos Patos.
GUARACAPÁ - arroio, afl. do Piratini. De "gua- De "guarará", tambpr; fazer ruido sem alhan-
1

racapá ", escudo. te ao que produz a chuva que cai; ruido co.
GUARACHAINf - arroio, afl. do Candiota. De "gua- mo de enxame em vOo. O sufixo "-pe'', con-
racha'i-y", rio dos graxains. forme foi di to com rela~ao ao vocábulo "Ara-

- 72- - 73 -
ripe", significa "em, na ". Guararapa: nos tam- GUAVIROVA - arroio, afl. do rio ltu; arroio, afl.
bores, na localidade dos tambores. do rio Tainhas. Variante de "guabiroba" (V).
GUARATINGAí - arroio, afl. do Jacuí. De "guará", GUI RAPAG!: - arroio, afl. do Ca tu rete. Do guara-
gar~a, "tinga", "ti", branco, e "y", água, rio: ní "güyrapayé", um pássaro, literalmente pás-
o rio das gar~as brancas. saro feiticeiro, de "güyrá", ave, pássaro, e
GUARAXAIM - arroio em Camaqua; arroio em "payé", feiticeiro, (Piaya cayana guarania).
Sao Luiz Gonzaga. "Guaraxaim" é apenas ou- GUIRAPEPó- arroio, afl. dorio Rolante. Da "güy-
tra grafía de "graxaim", "guarachaim" (V.). rá", ave, pássaro, e "pepó", asa, barbatana:
GUARI - arroio, afl. do rio dos Sinos. Segundo asa de pássaro.
J. Borges Fortes, "guari" significa rio dos ma. GUIRAPUCA - arroio, afl. do rio das Antas. "Gui-
cacos, mas "guarí", no · tupi antigo, significa rapuca" é a armadilha para pássaros.
retorcido, tortuoso, iespiralado, e essa é, pro- GUIRAPURU - arroio, afl. do da Várzea. De "güy-
vavelmente, a significa~ao do ·toponimo: rio rapuru", uirapuru, "passarinho de canto mag-
tortuoso, rio que dá muitas voltas. nífico, que, segundo a lenda, traz sorte a quem
GUARUJÁ - bairro em Porto Alegre, as margens o possui, empalhado ou seco" (Peq. Dic. Bras.
do Guaíba. Theodoro Sampaio dá como pro- da Língua Port.).
veniente de "guaru-yá", viveiro dos guaru - GUI RARú - arroio, afl. do Butiá, na r·agiao de So-
ou aru - , nom·a de um batráquio. ledade. Ta lvez de "güyrau", um pássaro (Mo-
GUATAPARÁ - rio, afl. do Vieira, na regiao de lothrus bonariensis, M. badius).
Vacaría. O toponimo é, quase certamente, um GUIRATIPICA - arroio, afl. do r io Jaguarao. Pro-
derivado do verbo "guatá", caminhar, passear, vavelmente corruptela de "güyratirica", pássa-
andar. Provavelmente "guatahá-pará", de "gua- ro também chamado cardeal.
tahá", lugar para passeio, trilha da animais, GUIRUNDf - arroio, afl. do Grande, na regiáo de
e "pará", colorido, matizado: o caminho mul- Erval. "Güyraundy", "güyrundy" é o nome in-
ticor, o caminho matizado. díg=na de um pássaro da família dos Tana-
GUATEMI - arroio em Cangu~u. Corruptela de grídeos, também chamado azulao.
"iguatemf", de "ygara", "ygá", canoa, "ti",
ponta, nariz, proa, e "mí" ("michi"', "miri"),
pequeno: proa pequena, pon ta (de canoa) pe-
qu€na.
GUAVIJO - arroio, afl. do rio lbirocaf. Variante
de "guabijú" (V).
74 - •• ., - 75 -


.. ..

HUMAITÁ - E: urna das raras toponímias de inl·


cial H, pois essa letra, como inicial, é pouco
freqüen te no tup i e no guarani. J. Borges For·
tes dá o vocábulo como proveniente de "mbai-
tá ", mar itaca, ave, ~queno papaguaio. Jover
Peralta diz que "tal vez derive el vocablo de
ymá, a ntiguedad, e itá, piedra, roca: piedras
antigas". Parece pref·=rível a primeira inter-
p reta~ao .
HUMATA - rio, afl. do Prata, na regiáo de Lagoa
Vermelha. Talvez de "hyvata", farto, saciado,
repl€to.
HUPATf - arroio, afl. do Torrinhas, na regiáo de
Pinheiro Machado. D= "upatyba", lugar em que
é costume deitar.
- 77-
.. •

IACAIOBY - de "yaca", bra~o de rio, e "oby",


verde, azul: ribeiro de água verde, ou azul.
I
IAIMBó - arroio, afl. do Taquari Mirim. Talvez
simples corruptela d= "yembó", ar.ro.io.
!APOCA - arroio, afl. do Butiazinho, na regiáo de
Soledade. De "y-nha", literalmente água que
corre, e "poca", estourar, rebantar, estalar;
estala: "y-nhá-po-ca", água que corre, que faz
barulho.
IATUARA - arroio, afl. do Piratini. Theodoro Sam ·
paio dá como procedente de "yatyara", o fa-
zedor de cuias.
IBACARU -A R·=vista do Instituto Histórico e Geo-
gráfico do Rio Grande do Sul grafa "lbacuru".
- 79 -
Ta lvez de Hybá.,, .. yvá - , fruta, e ., caru.,, co- IBAROCAf - arroio, afl. do Lobo, na reg1ao de
m ilao, guloso: o comedor de frutas. Sarandi. "Yvaró" é urna planta medicinal ( Sa-
IBACATU - arroio, ~fl. do Camaquá. De "ybaca .. , pindus divauricatus, S. saponaria Prunus };
HyvagaH, céu, e "(t)una, "hu", preto; escuro, .. ocaia", cercado, cho~a, curra) de esteios, po·
negro: céu escuro . . ,, .. treíro, e "y", água, rio: o rio do potreiro -de
"yvaró".
IBAG~ - povoado na orla marítima, 80 N de Tra- IBATOBI - Da "yba", pé de planta, ou de "ybá-,
mandaí. (V) HBagé". fruta, e "(t)oby", "tovyH, azul, verde: pé de
IBAIM - arroio, afl. do Tacangava, na regiao de planta, ou fruta, verde.
Guaporé. Da "ybá", "yvá", fruta, e "y", água, JBAú - arroio, afl. do Atia~u, na regiao de Saran-
rio: o rio das frutas. di. De "yba", p~ de planta, ou de "ybá", fruta,
e "y"; água, ria: o rio das árvores, ou o rio
1BAQUf! - arroio, tributário da lagoa dos Quadros,
das frutas.
na regiao de Osório. De "ybá", "yvá", fruta,
JBIÁ - arroio, ~fl. do río da llha, na regíao da
e " cué", sufixo guaraní que indica o passado
Taquara. Do tupi "ybyama", o barranco.
- correspondente ao tupi "puera" - fruta
IBIA~Á - vila na regiáo NE do Estado. De "yby",
que foí, talvez fruta s~ca.
Hyvy", terra, e "assaba", "hasá", passagem,
1BAQUERA - arroío, afl. do rio Caí; povoado jun- passo: a pessagem na terra.
to ao arroio do mesmo neme. De "ybá", "yvá", IBIACEI - arroio, efl. do Passo Fundo, na r·3giáo
fruta, e "pu~ra", sufixo que indica o passado: de Sarandi. Posslvelmenet composto de "ybyu,
fruta que foi. "yvy", terra, e "acei", guarani, ~s costas. En-
IBARAMA - De "ybá", "yvá", fruta, e "rama", pá- tretanto, o sentido náo parece claro.
tria, terra, regiáo: regiao das frutas. IBICUÁ - arroio, afl. do ljuí. De "yby", "yvy•,
terra, e cuara , cu á" , cova, b uraco, gro t a:
11 ,, ,,

IBARt - arroio em Lavras; vila na via férrea Sao terra que tem buraco. lbicuá é a forma gua..
Gabriel-Bagé. De "yba", pé de planta, e sufi- rani de lbicuara, tupi.
xo guaraní "ré", corespondent·a ao sufixo tupi IBICUARA - arroio, afl. do ltacu( Mirim, na re·
"puera", o que foi, o passado. lbaré: pé de giao de Encruzilhada. V. lbicuá.
planta, ou. tronco, cortado. lbirapuera tem IBICUí - rio, afl. do Uruguai; povoado na via fér..
etimología semelhante: "ybyrá", árvore, "pue- rea Uruguaiana-1 taqui; lbicuí da Armada, afl.
ra", o qu~ foi: árvore cortada. Theodoro Sam· do Santa Maria; lblcuí da Cruz, afl. do lbicur
paio interpreta como "fruto mal-cheiroso da Armada; lbicuí da Faxina, formador do
( ybá-rema). > lbicuí da Cruz; lbicuí Mirim, formador do
- 80- • - 81 -
Ib:cuí; lbiculzinho, afl. do lbicuf da Faxina; mayor, sino la vara chica·". E ainda, citando
afl. do lbicuí. 03 "ybycuí", "yvycu'í", areia
( d e y b y '' , yvy '' , t·arra, e '' cu1, , cu 1 , f are-
/1 11

lo, pó), e "y", águ.a, rio: o rio da areia.


11 '111 "' . o Pe. Gay: "Mas al sur (del lguayu) habita-
ban los lbirayaras, llamados así por unos ga-
vrctes que usan en la guerra com gran das-
treza ".
IBIJACA - arroio, afl. do Jaguarao Chico. De • IBIRAIEPERó - antigo nome do rio lvaí. J. Bor-
"yby", "yvy", terra, e "yaca", brac;o de rio, ges Fortes sugere "ybyra-y-piru" ou "ybyra-y-
arroio: brac;o de rio da terra, ou terra que tem perau", dando o primeiro como "madeira ver-
brac;o d.; rio, terra de arroios. de", ~ o segundo como "sumidero de árvo-
res ". Parece preferível "yvyraperé ", de "yby-
IBIPUITA - arroio, afl. do ltu, na regiao de San- rá ", "yvyra", árvore, madeira, e "per€ba",
tiago. De "yby", "yvy", terra, e "puita", "pi- "peré", chaga, f·arida, cicatriz, mancha, sinal,
ta", vermelho: terra vermelha. vestígio; árvore com cicatrizes, nome dado a
apuleia. Theodoro Sampaio dá "ybyrá-ypiró",
IBIQUÁ - V. lbicuá. " , ,.,
pau seco, arvore seca.
IBIRAPÁ - arroio, afl. do Catupi, na regiao de Ta-
IBIRAIARAS - vila próxima a Lagoa Vermelha. De quari. De "ybyn:. para", "yvyrapá", arco (para
"ybyrá", árvcre, madeira, pau, ·a "jara", "ya- atirar setas, de "ybyrá", árvore, madeira, .;;
ra", dono, senhor: o senhor da flo.resta. Ne "apara", torto). No guarani moderno é, tam-
romance de Alencar - Ubirajara - o y ini- bém, arco pequeno para aventar algodao.
cial foi convertido em u (". . . acentuava-se
IBIRAPUCA - arroio, afl. do rio Passo Fundo. De
lentamente a ·avoluc;ao de y para u ou i, que • "yvyrapucú", literalmente "árvore comprida",
devia provir já do tupi pré-colonial". Lemes
salso chorao (Salix babylonica, S. vimi-
Barbosa, Curso de Tupi Antigo, pg. 387), trans-
nalis).
formac;ao essa muito comum na época, e a sig·
nificac;ao dada foi a de "senhor da lanc;a", que, IBIRAPUITA - r io, afl. do lbicuí; arroio, afl. do
dada a variedade de interpr·atac;oes que podem Uruguai na regiao de Uruguaiana; vila na regiao
ser atribuídas a "ybyrá", é perfeitamente acei- Soledade-Passo Fundo; lbirapuita Chico, rio,
tável. Em seu artigo "guaranismos", in "Re- afl. dó lbirapuita. De "ybyrá", "yvyra", árvo-
vista Histórica", Museu Histórico Nacional, re, madeira, pau, e "puita", "pita", vermelho:
Tomo XXV, 1956, o Dr. Rafael Schiaffino es- árvores vermelhas. O nome lbirapuita foi apli-
creve: "lbirayara - Alguacil fiscal del pue- cado a diversas árvores, inclusiV·3 ao pau-bra-
blo de las Misiones, pero no llevaba la vara si l.

- 82 - -- 83 -

• ••
IBIRATOBÁ - arroio, afl. do Grande, na regiao do reduplica~ao: "As sílabas tOnicas e - pré-tOni-
Erval. Literalmente, rosto de árvore, ou árvo- cas de urna palavra, repetidas, dao a idéi a de
re que tem rosto. Provavelmente w trata do • plural (se a palavra é substantivo ou prono-
nome de urna variedade de árvore; os voca- me) (Pe. Lemos Barbosa, Curso de Tupi An-
H

bu lários consultados nada dizem a respeito. tigo, pg. 319). "Ybytybytyra" é, assim, a ser-
IBIROCAf - arroio, afl. do lbicu í; .arroio, afl. do .., ranía, a cadeia de montanhas.
Jaguari; po~oado na via férrea Alegret·a-Uru- 1BORÁ - rio em Júlio de Castilhos. Talvez corrup-
guaiana; lbirocalzinho, arroio, afl. do lbirocaí tela de "y-pora", de "y", água, rio, e "poran-
que o é do lbicuí. De "ybyrá", "yvyra", árvo- ga", "porá", bonito: o rio bonito. Theodoro
re, madeira, pau, e "ocaia", cercado, cho~a, Sampaio diz ser "rio temporário".
curral de esteios, potreiro. Souza Docca suge- IBú - arroio, afl. do Tipiaia, na regiáo de Tupan-
re "ybyrá", "oca", casa, e "y", água, río: o ciretá. Da "ybura", "yvu", água que brota pa-
rio das casas de madeira. Th~odoro Sampaio ra cima, manancial, fonte.
interpreta como "ybyrocái-y", río dos currais, IBUACO - V. lbuacú.
de acorde, portante, com a primeira interpre- 1BUACú - banhado que deságua no Jaguarao a tra-
ta~ao citada. Em outro artigo, entretanto, o vés do Candiota. De ''ybura", "yvú", água que
mesmo autor dá "ibirá-ocáy", pau queimado, brota para cima, fonte, manancial, e "acuba",
e a inda " ibirá-ocái-y", rio do pau queimado. "tacú", quente: o manancial de água quente.
IBIRUBÁ - r io, afl. do Jacuí; cidade nas proximi- IBURAPUCÁ - arroio, afl. do Passo Fundo. De
dadas de Cruz Alta. De "ybyráu, "yvyraH, ár- "ybura", "yvú", água que brota para cima,
vo re, madeira, pau, e "ubá", canoa: canoa font-a, manancial, e "pucá", riso: o riso da
canoa (fe ita) de árvore? Ou mais prov~vel. fonte? Ou de "ybura", "yvú" e "pu'acá", for-
mente, de "ybyrá", "yvyra", e "ybá", "yvá", te, poderoso: fonte poderosa, volumosa?
fruta: árvore que tem fruta: lbirubá é nome !<;ABA - arroio, afl. do Chico Miarinho, na regiao
dado a pitangu·~ira do mato. de Lajeado. De "y~á", varledade de formtga,
JBIRUBf - neme que a Revista do Instituto His· e sufixo que indica local: o local das formi-
tórico e Geográfico, provavelmente por lapso gas.
de revisao, dá ao rio lbirubá. · l<;A~ - sanga, afl. do arroio Sao Nicolau, na re-
IBITIBITIRA - V. lbitira. giao de Sao Borja. De "y~á", variedade de for-
IBITI RA - río, afl. do Pelotas, na regi&o de Va· miga, e "pé'', o caminho: caminho, ou car-
caria. A Revista do Instituto Histórico e Geo- reiro de formigas.
gráfico frafa "lbitiblra". "Ybytyra" é o mon- tCAMAQUÁ - rio, afl. do Uruguai, na regiao mis-
te, a montanha; "ybytybytyra" é um caso de sioneira. Theodoro Sampalo dá "y-cabaqu8",

- ª" - - 85-
rio ligeiro, curso d'água impetuoso. V., tam- ria~á" dá Souza Docca duas interpretc:<;6es:
bém, "Camaquá". "y-guari-yssá", río dos tronces tortos, ou rio
ICó - sanga, afl. do río da Várzea. É o nom·~ de que tem troncos tortcs, e ;'ygara-y-a<;u", rio
urna árvore do N do Brasil; também, do fruto grande da canoa. Th:odoro Sampaio, que gra-
dessa árvore. fa "lgoyria<;á ", decompóe o toponimo - tal
IGÁ - arra lo, afl. do Vc:cacaí, na regiáo de Sao como Souza Docca - em "y-guari-ac;á", mas
Gabriel. De "ygara ", "ygá ", canoa, embarca- dá !nterpretac;áo diferente: o que é torto e
<;ao. atravessado, ou º ·que é retorcido e seco. lgc-
IGA<;ABA - arroio, afl. do Acangupá, na regiáo riac;á pod; ser d€composto em "yguyr5", cio,
de Cac;;apava. De "ygassaba ", tal ha de fazer e "assaóa'', lugar: lugar do cío, lugar onde so
cauim. Alfredo da M:a ta, in "Vocabulário Ama- manifesta o cio.
zon~nse", dá "lgac;;aba - urna de barro para IGUATEMI - localidade a O da lagoa dos Patos,
dr.positc:r o morto. Também aplicada a qual- ao N de anguc;u. V. ''Guatemi".
~uer depósito de barro para água, ou cor.ser- IGUIRA - arroio, na regiao de Sao Borja. V. "lqui-
var fermentadas certas bebidas ... " ra " .
IGAf - nome primitivo do rio Jacuí. De "ygara" IGURE: - arroio, · afl. do Facao, na regiao de Ge-
"ygá", canoa, embarc2<;ao, e "y", água, rio( túlio Vargas. Do guaraní '~icuaré", eco, bura-
e rio das canoas. Paulo Xavier traduz como co '( d3ixado por estaca, prego, etc.)?
" r10
. amargo " . V . Gua1'b a. IJIQUIQUÁ - arroio, afl. do arroio lbirocaí. De
IGARAPÉ - arroio, afl. do lnhanduí, na reg.iao de "yssyca", "yssy", resina, "yquy", debulhar, co-
Quaraí. "Ygarapé" significa rio, r·agato; lite- lher, e "cuara", "cuá", caverna, gruta, bura-
ralmente, "o caminho da canoa", de "ygara", co: "yssy-yquy-cuá", caverna onde se colhe re-
canoa, embarcac;ao, e "pé", o caminho. sina?
-rGARETA - arrcio, afl. do Toropi, na regiáo de Tu- IJUCAPIRAMA - localidade próxima a Jaguari. t
paricireta. "lgaretá", é "a regiáo das canoas" o título de um po;ma de Gon~alves Dias; ex-
de ygara , yga , canoa, embarcac;ao, e "re-
11 11 11 , '' ,
pressao composto de "i", ele, "jucá", matar,
ta", terra, pátria, r.3giao. e "pyrama", sufixo que indica o futuro passi-
vo: ele, que vai ser morto, o que vai morrer.
IGORIACA - V. "lguariá<;a".
IJUf - río, afl. do Uruguai na regia o m issioneira;
IGUARAPA - arroio, afl. do rio Carreiro." cidade na mesma r•3giao; 1julzinho, rio, afl. do
IGUARIA<;Á - arroio, afl. do lcamaquá; serra na ljuí; ljuí M,irim, arroio, afl. do ljulzinho. De
regiáo de 1taqui. O topónimo aparece em al- "y", água, rio, e "juí", "yu'í", ra: rio que
gumas cartas grafado : lgor-ia<;á". Para "lgua- . tem ras, río das ras.

- 86 - ·- 87


IMBAÁ - erroio, afl. do Uruguei, na regiao de gre de água doce ("acanga-ti", f·errao na ca·
Uruguaiana; povoado na mesma regiao. J . Bor- be~a) . lncangatim ("y-canga-ti"): rio que tem
ges Fo rtes julga que se trata de corrupt·ela de
.. bagres, o rio dos bagres.
"imbé". Theodoro Sampaio dá Hembá-áH, ti- INGAf - rio, afl. do Jacuf, na regiao de Cruz Alta;
rado do Oco, entretanto, parece mais plaust- Santa Clara do lngaf, localidade na mesma re-
vel "imba-á", de "imbá", árvore frutffer1 giáo. De "ingá", ingazeiro, árvor·e frutífera
(Phil od~ ndron) e "a", fruto, grao, semente: (Acacia formosa, A. grandiflora), e "y", água,
a fruta de imbá. rio: o rio dos ingazeiros.
IMBE: - arroio, afl. do Camaqua; sanga, afl. do INHACA - !ajeado, afl. do Benedito, na regiao de
lbitibira, na regiao de Vacaria; esta~áo bal- Santa Cruz. lnhaca: mau cheiro, bodum, ca-
neária, junto a Tramandaí. De Nguaimbá", tinga; talvez nao seja vocábulo indígena.
"aimbé" ou º imbé", árvore frutífera ( Philo-- INHACAPETUM - rio, afl. do Piratini, na regiao
dendron). Ou, o que ~stá mais de acOrdo com missioneira; lnhacapetuzinho, arroio, afl. do
a topografia do local, de "yembé", praia. lnhacapetum. De "yaca", bra~o de rio, arroio,
1MBIA<:;A - arroio, afl. do Santa Maria. Tal- riacho, e "puitá", "pita", vermelho: o arroio
vez de "yvyata", taipa. Pode, também, ser cor- vermelho.
ruptela de " ibia~á (V.).
IMBOI - banhado em Sao Gabriel. De "mboia", INHACHUl: - arroio, afl. do Jaculzinho. Em gran-
cobra, e "y", água, rio: o banhado das cobras. de número de topónimos aparece a expr·a ssao
IMBRAJATUAVA - neme antigo do Cambar, afl. "y-nha", literalmente "água que corre", de
do Vacara(. J. Borges Fortes d iz provir d8 "y", água, e "nha", correr. "Chué" é o nome
""ybyrá-ya", árvore frutífera, e "tyaia", verten- • d~ urna tarta ruga ( Hidromedusa tectifera).
te. Mais provável: de "ybyrataia", "yvyrataia", 1nhachué é água que corre, que tem tarta ru-
árvore medicinal ( Pilocarpus pennatifolius). ga, ou, mais livremente, córrego das tartaru-
INAGt - arroio, afl. do Tiapira, na regieo de Jú- gas.
lio . de Castilhos. "lnajé" é o neme tupi de INHJACOCRt - arroio, afl. do rio Carreiro. "Y·
urna variedade de gaviáo. nha" como vocábulo anterior ( 1nhachué):
INCANGATIM - arroio, afl. do Uruguai através do água que corre, córrego. "Caeré", ou melhor,
rio Bernardo José, na r·egiao entre Vacaria e "cocueré", é composto d~ "cocué", guarani,
Marcelino Ramos. Provavelmente de "y", água, chácara, terra para plantio, sementeira, e "réu,
rio, "acanga", cabe~a, e "ti", nariz, focinho, partícula que indica o passado, o que foi. "Co-
bico. "Canga ti", segundo o Pequeno Dicioná· cueré", chácara velha, abandonada; lnhaco-
rio Brasileiro da Lfngua Portugu!sa, é o b&- cré, a chácara velha do córrego.

- 88 - • - 89-

• •
INHACORÁ - rio, afl. do Burricá, na reg1ao mis- INHACURUTUM - arroio, afl. do ljuí; arroio, afl.
sioneira; Rincao do 1nhacorá ou Sao José do do lbicuí. Do guaraní "ñacurutu", variedade
lnhacorá, povoado na regiao missioneira. Ain- ~ 1 • de coruja.
da aqui. "y-nha" é água que corre (V. lnha- INHAINÁ - arroio, afl. do Pururé, na regiao de Sa-
chué); "corá" é a corruptela indígena do es- randí. Do guarani "ñayñá", quebradi~o, frágil.
panhol "corral": o curra! ·do córrego. INHAMANDA - arroio, afl. do lbicuí Mirim. Tal-
V·~z de "jatimana", tupi, rodar, girar, fazer
INHACUM - arroio, afl. do rio da Várzea. Talvez curvas ou ziquezagues.
corruptela de "nhacuma", ou "jacuma", esta- INHAN-.E - arro io que deságua na lagoa dos Pa-
ca (para canoa); "espécie de pá qu·a, nas ca- tos. As vezes considerada palavra indígena;
noas, serve de leme; governo de urna canoa entretanto, nao o é, pois já figura na "Carta"
com um remo de mao numa das extremidades de Pero Vaz de Caminha, onde aparece pal~
do barco. Bras. de P.arnambuco. Espécie de menos por tres vezes, e sem maiores explica-
andaime construfdo com tres paus conjugados ~6es, como se El-rei D. Manoal a €mpregasse
a dois ter~os de altura, usado na constru~ao correntemente . . . Em seu "Dicionário Etimo-
dos currais-de-peixe" ( Encicl. Bras . Mérito). lógico Prosód ico", Silveira Bueno diz que o
i= pcssível, também, que provenha de "y-nha", vocábulo provém de "niambi", nome de plan-
água que corre, córrego, e "acuba", tacu", ta numa língua do Congo.
quent·~: córrego de água quente. INHANCABú - arroio, afl. do rio da Várzea. Tai-
y.~z de "y-nha", água que corre, córrego, e
INHACUNDÁ - arroio, afl. do lbicur. De "y-nha",
água que corre, e "cundaba ", "cundá ", retor- "cavú", variedade de abelha: córrego que tem
cido, enroscado: o . córrego sinuoso. Ou de abelhas.
"ñacundá", neme de urna ave (Podacar n. na- INHANCEVÁ - serra €m Sao Francisco de Assis.
cunda). Ou ainda, de "jacundá", peixe da fa- J. Borges Fortes diz tratar-se de "nasc·ente de
mília dos Ciclíd3os. ' muitas águas". Parece mais plausível "y-nha-
sivá", de "y-nha", água qu~ _ corre (V. lnha-
INHAC_URE: - arroio, afl. do Cacequi. Mais urna chué e s€guintes), e "sivá", frent·a, testa: a
vez "y-nha", com a significa~ao de "água que fronte · da água que corre.
corre" (V. lnhachué ·a seguintes). e ".curé", ne- INHADAVA - rio, afl. do Uruguai na regiao de
me de urna· planta medicinal . ( Psorarea glan- M.arcelino Ramos. De "y-nha", água que cor-
dulosa): o .córrego que tem •essa planta. re, e "taba", "tava", aldaia, povoado: a 1ldeia
"Curé" significa, também, parco; . nesse caso, da água corrente, a aldeia da beira do rlo, ou
a interpreta~ao seria "córrego dos porcos ". rio em cuja margem há aldeia.
- 90- - 91 -
INHANDEJU - grafado também lnhandiju - ar- INHANVERÁ - arroio em Palmeira das Missó;s.
roio, afl. do Jaguari; arroio, afl. do Piratini. De "y-nha", água que corre, e "beraba", "ve-
De "y-nha", água que corre, e "tujuca", "tu- rá", brilhante: água corrente brilhante, córre-
yú", atoleiro, tejuco, lodo: a água que corr·a go brilhante. Em algumas cartas esse arroio
no lodo. Ou, segundo Souza Docca, de "y-nha" figura com o nom·a de "Nhoverá".
e "teju", "teyú", lagarto: córrego que tem la- ,.. .. INHUNDú - arroio, afl. do Caraá, na regiao de
garto, o córrego dos lagartos. Theodoro Sam- Santo Antonio. Provav€1mente um composto
paio dá "y-nhandi-yu", o azeite ou óleo ama.. de n hu , nu , o campo, e, t a 1vez, n du ,
ll ll ll - ll ll I ll

r·alo, interpretac;ao pouco plausível. ruído: o ru fdo do campo?


INHANDUí - arroio, afl. do lbirapuita; localidade
a margem do arroio de mesmo neme. De INHUPACÁ - arroio, afl. do rio Passo Fundo. Tal-
"nhandu", ema, avestruz, e "y", água, rio: o vez de "nhuH, "ñu", campo, e "pahá", fim,
rio das avestruzes. "l\!andu" é, também, ara- término, fronteira, limite: o fim do campo,
nha; 1nhanduí poderá ser o rio das aranhas. a divisa.
INHAPIM - arroio, formador do Urupuzinho, na INHUPUA - arroio, afl. do arroio Sepultura, na
regiao missioneira. "f'Japi", guaraní, significa regiao da Sarandi. De "nhu", "ñu ", campo, e,
cortar, palar, podar, roer. Apesar d a seme- talvez, "apoa", ponta (de terra de galho de ár-
lhanc;a desse verbo com o topónimo, é mais vore), ou "apua ", redondo, esféri co, e tam-
provável que ·este provenha do tupi "yapira", bém monte, montao: a ponta de campo? o
cabeceira ou nascente do rio. campo redondo? Em qualquer dos casos, en-
INHAPIT~ - arroio afl. do rio Sarandi. "l\!apyti" tratanto, deveria ter-se conservado o "a" ini-
significa atar, ligar, amarrar. cial do segundo elemento.
INHAPORA - arroio, afl. do rio Pirac;uce. De "y- INHUQUIRA - arroio, afl. do S2pata , na regiáo de
nha", água que corre, o córrego, e "poranga 11
,
Canguc;u . De "nhu", "ñu", campo, e "quyra",
"pora", bonito: o córr·a go bonito. ' novo, verde, imaturo: o campo novo, o cam-
INHARUf - arroio, afl. do rio Taquari Mirim. De po recém fo rmado .
11
"nharó", "ñaró", estar ou ficar bravo, inves- INIMBó - arroio, afl. do Taquari Mirim. lnim-
tir; bravo, furioso; e "y", água, rio: rio bra~ bó" é o fio, a linha, a corda; posslvelmente o
vo, rio furioso. arroio lnimbó nao passa de um simpk~s fio
INHATIUM - banhado que se liga ao río Cacequi; d'água.
a Revista do 1nstituto Histórico e Geográfico INÚBIA - arroio, afl. do Pai Passo, o qual d€sá-
o dá como form ador do Cacequi. De "nhati- gua no lbirapuita . 1núbia é "denominac;ao
um ", "ñatiu", mosquito, pernilongo. atribuída pelos poetas a trombeta de guerra
- 92- - 93 -

• $)
dos índios tupi-guaraní; chamada por eles abundancia de patos; literalmente, a cova dos
membi, mibu ou mubu" (Encicl. Bras. Méri-
to). Cumpre notar que ao instrumento que os .. . patos, de "ypé", pato, e "cuá", cova, grota,
buraco. Ou de "ypyguá", a enseada.
poetas batisaram da inúbia os índios nao da- IPEUNA - arroio, afl. do Modesto, na regiáo de
vam o nome de membi, mibu, mubu, e sim Soledada. Do tupi "ypé", nome de diversas ár-
de "jombyá", "jumiá", "iumiá"; membi ern vores, e "una", preto, escuro: o ipe escuro.
instrumento inteiramente diverso, urna espécie Ou do guarani "ypé", pato, e "una": o pato
d.= flauta. Assim, inúbia é adultera~ao de" jom- pre to.
byá ".
IPIPE - lagoa na regiao de Osório. Lemes Barbo-
IPAN~ - povoado na regiao de Uruguaianél. De sa traduz "ipype" por "junto de, perto de, ao
"y", água, rio, e "panema", "pané", inúnl, im- pé"; Couto da Magalhaes interpreta "ypype"
prestável: rio inútil, rio sem peixa. lpané é como "no fundo". i: possível, também, que
a forma guaraní, lpanema, a forma tupi se trate de "ypy", princípio, origem, come~o,
IPANEMA - bairro em Porto Alegre, as margens e "-pe", sufixo como significado de "em, no":
A •
do Guaíba. O mesmo que lpané (V.). no come~o, na origem.
IPt - arroio, afl. do Santo Cristo, em Santa Rosa; IPIRANGA - arro io, afl. do Gua~u, na regiáo de
arroio, afl. do Piratini, na reglao de Sao Luiz Taquara; arroio em Sao Sebastiao do Caí; po-
Gonzaga; arroio, afl. do rio das Antas, na re· voado na regiao de Bento Gon~alves; vila na
giao de Vacaria; sanga, afl. do arroio da La- regiao de Garibaldi; povoado na regiao de
ranjeira, na regiao de Santa Maria; cerro na Santa Rosa. De "y", água, rio, e "piranga", ver-
regiao de Santo Antonio; morro na regiáo de melho: o rio veremelho.
Montenegro; povoado na regiao de Cruz Alta; IPOPó - arroio, afl. do Acangupá, na regi~o Ca-
vila na regiao de Vacaria. Do tupi "ypé", "y- cheira-Ca~apava. De "y", água, rio, e "popa-
pé", árvore cascuda, ipé ou ipe, nome comum ra", "popó", saltar, saltitar, brincar, corco-
a divarsas árvores da famflia das Legumino- vaar: água que salta, que pula.
sas; ou, talvez, do guarani "ypé", pato. Ainda !POR.A. - arroio, afl. do Sao Domingos, na regiao
é possível a interpreta~áo "y-pé", o caminho
de água. ' de Guaporé-Passo Fundo. De "y", água, rio, e
"poranga", "pora", belo, bonito: o rio bonito.
IPECA - arroio, afl. do Saraquá; na regiao de La-
jeado. Do tupi "ypeca", variedade de pato.
'
1 IPORU -· arroio que deságua na lagoa dos Patos,
ao N de Sao Louren~o. De "yporu", o dilúvio.
IPEGUÁ - arroio, afl. do Gravataí. Corruptela do IPUCHI - arroio, afl. do Amanoá, na regiao de
guarani "ypecuá", lugar ou sítio em qu3 há t
Sao Borja. A Revista do Instituto Histórico ti.
- 94 - - 95-
..
Geográfico grafa lpunchi, com um "ene" inter- ! RAPURÚ - arroio, afl. do Angabeí, na regiao de
calado, e o dá como afl. do M1anuá. J. Borges Taquara. "lrapuru" é corruptala de "u irapu-
Fortes e Souza Docca grafam lpuichim, que ru", ou melhor, "guyrapuru", nome de diver-
interpretam como "filete de água brilhante". sas aves - mais especialmente do ( Hylophi-
lus ochraceiceps rubrifrons, Sclater e Salvin),
IPURA - sanga, afl. do arroio Sobradinho, na ·r&- considerado como pássaro da serte, e em tor-
giao de Encruzilhada. Talvaz corruptela de no do qual existem várias lendas.
"ypuva ", sonoro, ressonante.
IRATI - arroio, afl. do Chuni. De "eíra", mel, e
IQUI RA - sanga, afl. do lguaria~á, na regiao de
"tinga", "tí'", branco, claro, c inzento: "eíra-
Sao Borja. De "y", água, rio, e "quyra", nOvo,
tí'", o mel claro.
imaturo: rio em forma~ao. J RERf: - arroio, afl. do Forquetinha. Do tupi "irá-
IRÁ - sanga, afl. do arroio Velhaco, na regiao de re", pato de bando, pato que anda -cm ban-
Tapes. De "eíra", mel; ou mais provavalmen- dos. Ou, talvez simples onomatopéia do gritC"I
te, de "eirá", gato montes. do animal.
IRAf - rio, afl. do Uruguai; cidade junto ao' mes- 1RIGUATI - arroio, afl. do Urubucaru, na regiao
mo. De "efra", mel, e "y", água, rio: o rio do de Santo Ángelo. É o neme indígena de urna
mel. A esta~ao balneária ali localizada é co- varicdade de abelha.
nhecida também por "Águas do mel ". '
1RU<;;U - arroio, afl. do Francisco Alves, o qual de-
·~ . !'-
1RAIÁ - sanga, afl. do Erval, na regiao de Erv!!I. 1
ságua no rio Pardo. 1ru~u é o neme de urna
J raiá, ou irajá, é a regiao do mel; lugar onde t
abelha meliponídea ( Melipona sentel laris); o
há abundancia de mel. * !~ '41 nome indígena é "eiru~u".
1RAITf - arroio, afl. do Piratini a través do Chuni. J RUí - arroio, afl. do Jacuí, na regiao de Encru-
"Eiraity" é a cera d3 abelha. zilheda; povoado na regiao de Cachoeira do
IRAPUÁ - arroio, afl. do Jacuí; localidade a L d~ ' Sul. t possível que provenha de "irO", compa-
Ca~apava do Sul; lrapuazinho, arroio, afl. de nheiro, camarada, amante, e "y", água, rlo: o
1rapuá, na regiao de Ca~apava; arroio, afl. do rio dos companheiros. Ou, o que parece mais
lrapuá, na regiao de Cachoeira. De "efra", mel, plausível, de "y", água, rio, e "roy", frie:
e "apua", redondo: mel -redondo, al u sao ~ bo· água fria, rio d; água fria. (Aquí, como em
qualquer outro vocábulo tupi ou guarani, o •
la de dimensóes bastante grandes - meio me-
tro de diametro, ou mesmo mais - que ser- "erre", mesmo inicial, deve ser pronunciado
ve de colmeia a abelha irapuá (Melipona ru- brandamente,· como se antes dela existisse VO·
fricus ). gal).
.. ..
- ~6 - 97-
1
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai !!

www.etnolinguistica.org
'

ITÁ - arroio, afl. do Basílio, na reg1ao da Erval.


ITACARUARt - ilha no rio Uruguai, ao N da foz do
"I tá" significava orginalmente pedra, rocha; r·io ljuí. De "itá", pedra, "cuara", "cuá", bu-
mais tarde o vocábulo passou a designar tam-
raco, cova, f urna, e '' rema '' , ,, rem , com mau
/1

bém o metal. cheiro, com cheiro de umidade, hediondo: a


ITA - arroio, afl. do Grande da Guarda, na regiao furna (buraco na pedra) hedionda, com mau
Gravataí-Taquara. "Ita" significa concha. •• chairo? Souza Docca sugere "itacuru-aré", pe-
ITAARA - vila ao N de Santa Maria. De "itá", pe- dra caída, ou "ita-quararé", pico da pedra es-
dra, e "ara" por "ybyra", "yvyra", árvore, ma- cavada. Por outro lado, "itacaru" significa
deira, pau: árvor·a de pedra, madeira petrifi- ima: o toponimo é um dos muitos cuja inter-
cada? Cumpre notar que, nas proximidades preta~ao carreta dependerá do conhecimento
de Santa M~aria, nao sao raros os espécimes da n~giao.
de madeira petrificada. ITACIRA - arroio, afl. do lbacuru, na regiao de
ITABI - arroio em Sao Borja. De "itá", pedra, e · Guaíba. Do tupi "itassyra", o enxadao de m·~­
"byra ", ergu-er-se: a pedra erguida, a pedra tal.
levantada. ITACOLUMI - serra e morro em Gravataí; serro
ITABU - arroio, afl. do rio Piaí, na regiao de Ca- em Montenegro; cerro em Rio Pardo; cerro
xias. Provavelmente corruptela de "ita pu", o e:m Sao Gcbriel. De "itá", p~dra, e "cunum'i",
sino; ou de "itahO", a pedra preta; ou, ainda, cu rumí'", menino: o menino de pedra.
de "ytacu ", água quente. Só o conhacimento ITACOVI - arroio afl. do Piratini. Talvez de "itá",
da topografia da regiao permitirá esclarecer pedra, e "hovy", verde, azul: pedras esvardea-
o assunto. das, posslvelmente devido ao limo. Ou de "itá"
ITACAf - arroio, afl. do lbicuf da Armada. De e "hoví", estar amontoado: pedras amontoa-
"itá", pedra, e "caí", queimado, escaldado, ou das, montao de p~dras.
"ca'í", varied2de da macaco (Cebus fatuellus, ITACORÁ - arroio -em Sao Borja. De "itá", pedra,
C. libidinosus, C. vallerosus, Kallithrix sciu- e "corá ", corruptela indígena da palavra es-
rea), ou a inda, "ca'í", raquítico, arruinado: a pé:nhola "corral": o curra! de pedra.
pedra queimada, macaco de pedra, ou pedra ITACUf-M.IRlM - arroio na r€giao de Encruzilha-
arruinada, estragada? da. De "itá", pedra, "cuí", farelo, pó, e "mi-
• !TACAR~ - povoado na regiao de Bom Jesus. De . " , pequeno.
rim
"itá", pedra, -a "caré", coxo, rengo, arqueado, ITACURUBI - arroio afl. do !cama.q ua; povoado
curvo, torcido, dobrado: a pedra torcida, a junto ao mesmo; povoado na estrada de fer-
pedra dobrada. ro Santiago-Sao Borja. De "itacurubi", "ita-

- 98 -
- 99 -
curuví", pedregulho, cascalho. A palavra é De "y", água, rio, e "taya~u", porco: o rio que
composta de "itá", pedra, e "curubi", "curu- tem parcos, o rio dos porcos.
ví", migalha, rasto, pó. ITAJOÁ - afl. do Uruguai. Segundo J. Borges For-
ITAETÁ - arroio, afl. do Piratini. De "itá", pedra, tes, de "itajuá", "barreiro salitroso qu·a os ani-
e sufixo abundancia! "etá", "hetá": muitas pe- mais comem".
... ITAJUNI - arroio, afl. do lnhandava, ao N de Sa-
dras.
nanduva. De "itá", pedra, e "hO", negro: pedra
ITAf - localidade próxima a ljuí. De "itá", pedra, negra, basalto?
e "y", água, sumo, caldo, e, como já se viu, ITAMORENDENGUE - Segundo J. Borges Fortes,
no tupi meridional também rio: água da pe- de "ltá-mora-d-enga", pedras sóltas esparsas.
dra, água que sai da padra, ou rio das pedras. ITANHATIM - sanga que deságua no arroio Ga-
ITAIÁ - arroio, afl. do Coipú, na regiao de rupá, afl. do Qua raí. Talvez de "itanhae", pra-
Guaíba. Talvez de "y", água, rio, e "tayá", no- to, bacia, e "ti", nariz, focinho, bico, proa:
me de duas plan tas medicinais: "y-tayá", o o bico, ou a ponta do reservatório. Ou de "ita 111
rio que tem tayá. concha, e "hati", que significa "é ponteagu-
ITAIMBÁ - arroio, afl. do Cedro. De "itá", pedra, do, tem ponta": a concha que tem ponta, que
"í", sufixo d iminutivo, e "mba", sufixo qua é ponteaguda.
significa "inteiramente, completamente": in-
teiramente de pedrinhas?
. ., ITAPEVA - arroio, afl. do Botucaraí; localidade,
lagoa e morro nas proximidades de Tórres. De
ITAIMBt - sanga, daságua no arroio Puita; ITA- "itá", pedra, e "peva", "pé", plano, chato: pe-
INBi=ztNHO - vila na estrada Vacaria-Bom dra plana, pedra achatada.
Jesus; arroio, afl. do rio das Antas; arroio, ITAPEVI - arroio, afl. do lbicuí; rio afl. do lvaí;
afl. do rio Govern ado r; despenhadeiro próxi- localidad.a a margem do mesmo rio; local ida-
mo as nascentes do rio Mampituba, na divisa de na via férrea Cacequi-Uruguaiana; cerro em
com o Estado de Santa Catarina. De "itá", pe- Rosário do Sul; arroio afl. do Piraju. De "ita-
dra, e "haimbé", fio, corte: pedra afiada, cor- peva", pedra chata, e "y", água, rio: rio das
tante. pedras chatas.
ITAIPAVA- Da "itaí", pedrinha ("itá", pedra, "í", ITAPINIM¡A - arroio, afl. do Forquetinha. De "itá",
sufixo diminutivo), e "pahá", fim, término, p·~dra, e "pinima", pintado, malhado: pedras
fronteira: o fim das pedrinhas; nome dado pintadas, malhadas.
pelos indígenas as pequenas cachoeiras. ITAPITANGUI - arroio afl. do Quaraf. De "itá",
ITAJA(:U - arroio, afl. do Touro Passo; povoado pedra, "pitanga", "pita", avermelhado, pardo,
na linha férrea entre Alegrete e Uruguaiana. e "y", água, rio: rio das pedras avermelhadas.
- 100 - - 101 -
ITAPUCA - vila, também denominada 1lópolis. De
ITAPITOCAf - arroio afl. do Uruguai na regiao de 11 11
"itá pedra, e puca", fender-se, rachar: a pe-
,
Urugua iana; localidade na mesma regiao. J. dra rachada, a pedra arrebentada.
/1
Borges Fortes ·a Souza Docca dao curral de
11
,
11
pedra de "itá", pedra, e ºtocái forma gua- ,
ITAPUf - antigo nome do rio dos Sinos. J. Borges
rani arcaica de curra l. Parece tratar-se de cur-
/1 Fortes dá "itá-po'í", padra delgada, em folhe-
ra! dos mouroes de pedra", de "itá padra,
11
,
tos, chistos, de "itá", pedra, e "po'í", delga-
11 11
"py", pé, base, origem, e tocái curra!'. ,
do, estreito, esmirrado, fino, etc. Souza Dotca
11
interpreta como rio de som do sino de" "itá",
11 11
ITAPORA - De "itapora", sinal de pedrada. J. Bor- pedra, metal, "pu", barulho, ruido, ·a y 1

ges Fortes traduz por "o que tem pedra "; no água, rio. Entretanto, ém guarani "itapu" é
·en tanto a palavra, só com a acepc;ao de "sina.1 sino, e "y", água, rio: ltapuí seria, simples-
de pedrada, figura no "pequeno Vocabulário mente a versao guarani do nome atual, isto é,
Tupi-Portugues", de Lemos Barbosa. rio do sino, ou dos sinos. t:: interessante no-
tar que, na Amazonia, ·axiste o vocábulo "ita-
ITAPORORó - arroio afl. do lbicuí. De "itá", pe- puí", nao pr·o veniente do tupi, e sim do ca-
dra, e "pororoca", "pororó", estrondear: pe- ribe, e com a significac;ao de toldo, palhoc;a,
dra estrondante, pedra qu·a faz barulho. cho~a.
ITAPUÁ - ponta na entrada da Lagoa dos Patos; ITAPUNé3Á - arroio que deságua na lagoa ltape-
vila na mesma regiao. O topónimo se presta va; arroio afl. do Forqueta. De "itá", pedra, e
a numerosas interpretac;oes. Certo autor diz "pungá", ·e ntumescido, cheio, indigestado:
tratar-se de "p:dra levantada, penha do assal- cheio de pedras.
to do rebate"; a primeira das interpretac;óes ITAQUATIÁ - serro em Livramento; arroio e ba-
/1 /1
é plaus ível (de itá ", pedra, e pu'a ", levan- nhado afl. do lbicuf da Armada. De "itá", pe-
tar-se, alc;ar-se, por-s·a de pé, crescer, sobre- dra, e "cuatiara", "cuatiá", pintar, escrever:
sair, etc.). Parece preferível , entretanto, "pe· pedra gravada, pintada, escrita.
dra redonda", ou "pedras redondas", de "itá", ITAQUETÁ - arroio afl. do rio Pardinho. Pos-
p3dra - ou pedras - e "apua", redondo, es- s)velmente de "itaquy", a m6, a pedra de
férico; o aspeto da ponta onde abundam enor- afiar, e sufixo "etá", "hetá", indicativo de
m€s pedras arredondadas, parece justificar a plural ou da abundancia.
interpreta~ao. Ccnvém notar que a "Revista
JTAQUI - éidade da regiao O do Rio Grande do
do 1nstituto Histórico e Geográfico"· dá o ne- Sul, junto ao rio Urug.u ai. De "itaquy", a
me d3 ltapua a localidade, e o de ltapoa a pon- m6, a pedra de afiar.
ta.
- 103 -
-102 -
ITAQUl-MIRIN~ - arroio afl. do ltaticuf. De ITICI - sanga que deságua no Suc;uarana. De
"itaquy", e "mirim", "miri", pequeno, di- "y", água, rio, e "tyssyi", fil·a ira, fila, linha:
minuto. .. .. o fio de água.
ITARANA - arroio afl. do Caraá. De "itá", pe· ITU - rio, afl. do lbicuí; arroio, afl. do Santa
dra, e sufixo tupi "rana", par·3cido com, mal Maria; este último é, também, chamado Em-
feito, tosco: par·.;cido com pedras. baé. De "ytu", salto de água, cachoeira.
ITAROQUEM - povo2do na reg iao de Sao Luiz
Gonzaga. J. Borges Fortes dá "ytoro-quem ",
água que jorra ruidosamente; mais plausível ITUANA - arroio afl . do ltuina. Talvez corru-
é "itá", pedra, "oqu€n", porta, abertura: pleta de "yturana", de "ytú", salto de água,
"itá-r-oquen ", a porta d3 pedra. cachoeira, e "rana", sufixo com o significa-
ITATI - serro em S. Luiz Gonzaga; vila na regiao do de "paracido com, mal feíto, tosco": pa-
de Aratiba, De "itaty", pedreira; de "itá", pe- recido com cachoeira, semelhante a cachoei-
dra, e "tyba", "ty", sufixo abundancia!. Tam- ra.
bém se emprega " ltatiba". Souza Docca inter-
preta "ti" como "branco": pedra branca. ITUIM - rio, afl. do Humaitá; ltuizinho - ar-
ITATICUf - arroio em Encruzilhada . De "itaty"
(v. ltatí), e "cuí", pó, fragmentos; poeira
de pedreira, ou melhor, poeira cb pedra
branca. (v. "itati).
. ;
roio, formador do rio ltu. De "ytu", salto de
água, cachoeira, e "i", "í", sufixo diminu-
tivo: a cachoeirinh a, o pEqueno salto de
água. Ou d3 "ytu", e "y", água, rio: o rio
dos saltos de água.
ITATIRI - arroio, af l. do Catucuxá. De "itaty",
• f
pedrei ra, e "y", água, rio: "itáty-r-y", o rio
da pedreira. ITUINA - arroio, afl. do Piratini. De "ytu", sal-
ITAUM - passo no rio lbicuí; povoado a mar- to de água, cachoeira, e :nha", correr?
gem direita do mesmo rio. De "itá", p3dra, e
" una", "hu", preto, escuro, negro: pedras ITUZAINGó - De "ytu", salto de água, cachoei-
escuras. ra, e "saingó", pendurado, suspenso, pen-
ITAUBA - vila sóbre o rio Jacuf, na regiao de dente: salto d.:!scontínuo, salto a pique.
So~radinho. Talvez de "itá", pedra, ·a "yba",
.palavra que tem diversos significados, entre IVAGACI - vila na regiao missioneira, próxima
os quais "haste, arrimo": o arrimo de pe· a Criciumal. De "ybaca", "yvaga", céu, e
dra? "cy", mac: a ma·J do céu, ~ Virgem Maria.
- 104 - .- 105 -

• •
JVAf - arroio afl. do Piratini; rio, afl. do Ja-
cuí; localidada na via férrea entre Tupanci-
re!,ª ,~ ~ruz A~ta. De. ''ybá", "yvá", fruta,
e y , agua, no: o no das frutas.

IVARó - arroio, afl. do Jacuí; arroio, afl. do


Santa Maria. De "yvaró", planta medicinal
( Sapindus divauricatus, S. saponaria Pru-
nus).

!VERÁ - arroio afl. do Amanoá. De "y", água,


rio, e "beraba", "verá", brilhante: água bri-
lhante.

IVORÁ - arroio em Júlio de Castilhos; locali··


dade junto ao m•asmo. Souza Docca e J.
Borges dao como corruptela de "y", água, rio,
e "~oranga", "pora", bonito: "y-pora", rio
bonito. .' JABOTICABA - arroio, afl. do rio das Antas; ar-
IVOTI - vila na regrao de Est§ncia Velha. De roio, afl. do rio da Várzea; JABOTICABAL -
"ybotyra", "yvoty", a flor. arroio, afl. do Atiassu. De "jaboticaba", "yabo- ·
tiguaba", de "jaboti", cágado, e "guaba", ali-
mento: o alimento de cágados.
JACAQUÁ - arroio, afl. do lbicuí; localidade na
via férrea entre Cacequi e Alegrete. De "yaca",
brai;o d-3 rio, arroio, riacho, e "cuara", "cuá",
cova, gruta, buraco: a gruta de arroio. Au-
rélio Porto, em artigo publicado na Revista
do 1nstituto Histórico e Geográfico, dá "gia-
cacuá ", a batalha, na língua dos minuanos.
JACARACI - arroio ·am Alegrete. De "yaca", bra<;o
d3 rio, arroio, riacho, e "rasy", "tasy", doente,
- 106 - - 107 -

• •
....

difícil: arroio difícil, pouco praticável? J. Bor- JACU - arroio, afl. do Tainhas. De "jacu ", "yacu ",
ges Fortes traduz por "vertente, ou manancial, galináceo silvestre. Batista Ca·3tano decompóe
curto". • a palavra em "y-a-cu", literalmente, ele graos
comer, isto é, "o que come graos".
JACARAf - arroio, afl. do lbirapuita. Talvez de JACUCACA - arroio afl. do Campinas. Do tupi "ja-
"yacarati'y", planta frutífera silvestre (Yacara- cucaca", ave da família dos Cracídeos.
tia dodecaphylla, A. D. C.). Ou simples cor-
ruptela de "jacar·3í" (V). JACUf - um dos maiores rlos do Estado, forma-
dor do Guaíba; povoado entr·a o rio Jacuí e
JACARi= - arroio, formador do Brejo; arroio, afl. seu afluente Vacacaf; cidade, atualmente de-
do Taquari; arroio, afl. do arroio dos Carros; nominada Sobradi nho. De "j acu ", "yac u", jacu,
arroio, afl. do Uruguai, na regiao de Santa Ro- galináceo, e "y'~, água, rio: o rio dos jacus.
sa; banhado que deságua no rio Santa Maria; Segundo J. Borges Fortes seu nom•a primitivo
Sanga, afl. do Toropi; arroio, afl. do lbicuí; foi Ygaí, que esse autor decompóe em "ygáu",
arro io, afl. do Catupi; lagoa na regiao de Rio planta parasita conhecida como "barba-de-.ve-
Grande; lagoa na regiao de Torres; ilha no lho", e "y", água, rio: rio da barba-de-velho.
rio Uruguai, junto a foz do Santa Rosa; rincao
.
E possív.31, também, que se trate de "ygara",
na regiao de Santa Maria; JACAR~S - lagoa "ygá ", canoa, e "y", água, rio: rio das canoas.
dos, lagoa próxima a Mirim; JACARi:ZINHO - ' "Yc.cu'í" é, também, um galináceo silvestre
arroio, afl. do Jacaré qu-a deságua no Taquari; ( Ortalis canicollis), também chamado "jaca-
povoado a margem do mesmo Jacaré. De "ja- mim ". JACUf-MIRIMl - arroio afl. do Jaculzi-
, 11 11 , 11 • ,
care , yacare , 1acare, saurio.
, •
nho; rio, afl. do Jacuí. De "jacuí", e "mirim,
"m iri", pequeno: o pequeno Jacuí. JACUlZl-
JAc;ARUABA - arroio, afl. do Uruguai, na regiao NHO - arroio, afl. do lbicuí; rio, afl. do Ja-
de Porto Lucena; povoado na mesma regiao. cuf; vila nas proximidades do rio Jaculzinho.
De "yassurú", barral, tremenda!, e sufixo A respeito do neme antigo, Ygaí, vide, in vo-
"aba", indicativo de local: regiao do treme-. cábulo "Guaíba", a int·arpreta~ao dada por
dal? Paulo Xavier.
JACAIUOBI - De "yaca", bra~o de rio, arroio, ria- JACUTINGA - arroio, afl. do rio do Peixe; arroio,
cho, e "oby", "tovy", verde, azul: riacho ver- afl. do lvorá; rio, afl. do Uruguai; arroio, afl.
de, ou azul. do rio Santa Rosa; arroio, afl. do Uruguai na
JACI RENDI - arroio, afl. do Potiribu. Do guaraní regiao de Santa Rosa; arroio, afl. do Caturete;
"yacyrendy", luz da lua. arroio, afl. do Caboclo; localidade na regiao de
- 10.8 - - 109 -


Erechim. De "jacutinga", ave da família dos Jaguari; JAGUARIZINHO - rio, afl. do Jagua-
Cracídeos. A palavra pode ser d~composta em ri; povoado a margem do mesmo. De "jagua-
"jacu", jacu, galiná·ceo, e "tinga", branco: ra ", "yaguá", on~a, cachorro, e "y", água, rio:
jacu branco. rio das on~as.
JAGUAR - arroio, afl. do Forromeco. De "jagua-
ra ", "yaguá", originalmente "on~a", depois JAGUARITA - povoado entre Erechim e Aratiba.
também "cachorro", passando a on~a a ser Talvaz corruptela de "jaguari".
denominada "jaguarete", "yaguar·~teu, is to é,
jaguar verdad€iro, legítimo. É mais urna pala- JAGUARUNA - arroio, afl. do rio Concei~ao. De
vra tupi que passou para o vocabulário inter· "jaguara", "yaguara", ".yaguá", on~a, cachor-
nacional. ro, e "una", "hO", preto, escuro, negro: on~a
JAGUAR.A.O - rio, afl. da lagoa Mirim, fronteira preta, animal fabuloso.
entre o Brasil e o Uruguai; arroio afl. do rio
Piratini; cidade, as margens do rio Jaguarao. JAGUATI RICA - arroio, afl. do Tipiaia; arroio, afl.
De ''jaguara", "yaguá", e "nharó", bravo: on- do Piratini. De "jaguara", "yaguá", on~a, ca-
~a; ou cachorro, bravio. É possív·~I, também, chorro, e "tyryca", "tyry'ry", ir de rastro, afas-
que se trate de palavra híbrida, de "jaguara", ,tar-se, desviar-se: on~a que anda de rastro, f·a-
e sufixo portugues "ao". JAGUAR.A.O CHICO lino ( Felis pardal is chibigouazou, Griffith ).
- arroio, afl. do Jaguarao na regi_a o de Bagé; JANDI RA - arroio, afl. do rio Rolante. Talvez de
arroio, afl. do Jaguarao na regiao de Erval. "nhandy", óleo, e "eíra", mel: o óleo que t·am
Expressao ' híbrida de "jaguarao" e espanhol mel.
"chico", pequ·~no. JAó - arroio, afl. do Tupé; arroio, afl. do Fao.
JAGUAREMIÚ - arroio, afl. do Guaporé. De "ya- De "jaó", nome de urna ave da família dos Ti-
guaré", "j aguaré", p€queno cao, muito bravío, namfdeos; emite um som que dau origem, por
de pele listrada, também chamado zorrilho" onomatopéia, a seu neme. Talvez nao seja vo-
(Enciclop. Bras. Mérito), e "mbi'ú", comida, cábulo de origem indígena.
ou "mhi'ú", apócope de "tembi'ú", urna plan- JAPÁ - arroio, afl. do Basílio. De "yapá", "apá",
ta: comida dos jaguanés, ou erva dos jagua- ca.í bra.
nés? JAPEJU - arroio, afl. do lnhanduí; coxilha na re-
JAGUARI - arroio, afl. do Santa Maria, onde de- giao de Quaraí; sanga, afl. do arroio Garupá;
ságua após haver mudado d3 nome para Bira- serro, junto a sanga do m•asmo nome; coxilha
jaca; rio, afl. do lbicuí; serra na regiao de na regiao de Uruguaiana; ilha no rio Uruguai,
Lavras - Sao Gabriel; cidade a margem do rio perto da foz do lbicuí. De "y", água, rio:
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..
"apé", superfície, e "juba", "yu", amarelo: ar· Fortes decompóe o vocábulo em "ya-ra·raca",
roio ou rio de superfície amarela (A. Jover o qu·a agarra envenenando.
Peralta)? Ou d·~ "y(ga)apó", alagadi~o, e "ju- JARI - arroio, afl. do Toropi Mirim; povoado na
ba", "yu", amarelo: o pantanal amarelo? regiao de Júlio de Castilhos. De "iara", "yara",
JAPENÚ - ilha no rio Uruguai, na regiao de Uru- dono, senhor, e "y", água, rio: o rio do senhor.
guaiana. De "ygapenunga", "yapenú", onda, JATIUCA - sanga, afl. do arroio Pequiri. "Jatiuca"
onda pequena. é um carrapato redondo; de "yati·uca", o que
JAPEPó - arroio, afl. do lvaí, arroio afl. do rio finca a tromba, segundo Silveira Bueno, Dic.
ltapevi. De "yapepó", panela de barro, •aspécie Et. Prosódico.
de cantare grande. JATOACÁ - arroio, afl. do Piratini. De "y-eteicaá",
JAPI - povoado na regiao de Bento Gon~alves. De planta medicinal, macela ( Achyrodine alata, A.
"japl", ave da família dos lcterídeos. saturoides, OC).
JAPIACAf - arroio, afl. do rio Uruguai, na r·agiao JEQUI - nome antigo do rio Pardo; arroio, afi. do
de Palmeira das Missóes. De "japl" (V), "aca" Forqueta; arroio, afl. do ltapungá. De "jequeí",
cabe~a, galho, ramo, e "y", água, rio: rio do covo para apanhar peixe.
galho dos japis? JEQUIQUÁ - arroio, afl. do lbirocaí. De "jequeí",
JAPIOCÁI - arroio, afl. do Buricá. De "japl", ave cov9 d.= apanhar peixe, e "cuara", "cuá", cova,
da família dos lct·arídeos, e "ocaia", o curral: buraco: buraco, ou perau, apropriado para o
o c.u rral dos japis. cavo.
JAQUACINIM - arroio, afl. do ltapinima. ·De "ya· JERERt: - arroio, afl. do Acangupá. Talvez de
ca", bra~o de rio, e "sininga", "chiní", r..-~tinir, "yerere", ao redor da; ou de "jereba", "ye-
produzir ruído estridente: riacho ruidoso. ré", virar, voltar-se, girar, dar voltas: ar-
JAQUIRANA - arroio, afl. do Jaculzinho; vila ao S roio sinuoso?
de Bom Jesus. De "jaquyrana", cigarra. JOÁ - povoado na regiao de Sao Francisco de
JARAO - serro na regiao de Quaraí. Talvez de Paula. De "juá", "yuá", joá, solanácea sil-
. "y'iara", a senhora das águas, de "y", água, vestre, armada de espinhos. O nome é com-
"iara", "yara", dono, dona, propri·.?tário, se· posto de "ju", "yu", •aspinho, e "á", fruta,
nhor: mulher fantástica, sereia de rios ou_ la· grao, semente: fruta de espinho.
gos na mitologia indígena; e "y", água ,rio: JOAí - arroio afl. do Piratini. "De "juá", "yuá"
r;o das y'ic:ras. (V. joá), e "y", água, rio: rio dos joás.
JARARACA - arroio, afl. do lbirapuita. De "jara· JUBARANA - arroio, afl. do Erval. De "juba",
raca", "yarará", jararaca, serpente. J. Borges "yu", amarelo, e "rana", sufixo tupi que si~

112 - • - 113 -
11
nifica parecido com, mal feito, tosco":
amarelado.
JUCARIPf - arroio ~m Santo Angelo. J. Borges
11
Fortes traduz como rio ou caminho do sa-
leiro ("juquyra", sal). Talvez se trate de
11 11
juqueri", yuquerí", sensitiva, dormideira, ••
mimosa (Mimosa serie asparatae) e "y",
água, rio: rio das sensitivas.
JUNDIÁ - povoado em Sao José do Norte. De
11
"jundiá variedade de bagre.
,

JUQUERI - ilha no rio Uruguai; afl. do Uru-


11
guai na regiao de Sao Borja. De "juqueri ,

"yuquerí", urna planta, sensitiva, dormidei-


ra, mimosa. JURUf - arroio, afl. do José Velho. De "juru
11
, \

JUQUIÁ - arroio, afl. do Camaqua. De "juquy- bóca, abertura, trago, bocado, e "y", água,
ra", "yuky", sal. O sufixo "a" pode ter di- rio: rio da abertura.
versas significa~óes; no caso parece ·tratar- JURUMBEBA - arroio, afl. do Jacuí. 03 "juru",
se de sufixo de nemes em fun~ao nao predi- yurú", boca, abertura, trago, bocado, e "pe-
dicativa nam vocativa, sem tradu~ao. ba", "pé", chato, plano. Jurubeba é urna erva
JURú - arroio, afl. do Quilombo; arroio, afl. medicinal, comum em nosso campos.
do Mangueira. De 'juru", "yurú", boca, tra- JURUPIL~ - arroio, aff. do Cara~a. De "juru",
go, becado, bico, abertura. yurú", boca, abertura, trago, bocado, e "pi-
JURUÁ - arroio, afl. do Botucaraí. De "yuru'á", re", pele, escama, casca, bainha?
variedade de porongo. JURUPORA - sanga, afl. do arroio dos fndios,
JURUCA - arroio, afl. do Francisquinho, na regiao de lraí. De "juru", "yurú", bóca,
regiao de Sao Jerónimo. De "yuri\Jcá", so- abertura, trago, bocado, e ,, poranga " , po-
frear? rao", bonito: boca, ou foz, bonita.
JURUCUTU - arroio, afl. do Taquari. Talvez de JURURU - arroio, afl. do lbicuara. De "juru",
"y-yuru-cutú", litieiralmente; ele a boca fin- "yurú", boca, ab.?rtura, trago, bocado, e
car, picar. O neme é aplicável a algo ads- "rO", negro: boca, ou foz, negra, escura.
tringente: ou a água do arroio ou, mais pro- Ou de "ju", "yu", espinho, e "ruru", in-
vavelmente, alguma planta que nele ocorra. chado, empapado.
114 - 115 -

,. . &

"' .
LAMBARI - arroio, afl. do Monjolinho; arroio,
afl. do lvaí. A letra "L" inexiste no tupi e
no guarani, bem como na maioria das lín-
guas indígenas sul-americanas. Lambari pa-
rece ser a corruptela "civilizada" de "arabe·
ri", que significa peixinho.
LIXIGUANA - arroio, afl. do Camaqua; arroio,
afl. do Faxinal. E: palavra quechua; é o no-
me indígena de urna variedade d3 abelha.
• • - 117 -


M.ACACO - arroio, afl. do Caf; arroio, afl. do
Santa Clara, na regiao de Montenegro; mor-
• ro, na mesma regiao, e junto ao arroio do
mesmo neme; arroio, afl. do Abajú; arroio,
de5'~mbocando próximo a boca da lagoa dos
' Patos, em Rio Grande; serro na regiao de
Rosário do Sul; arroio, afl. do Machado, na
regiao de Santa Rosa; arroio, afl. do rio da
Várzea. De "macaca", neme genérico das di-
versas famílias dos quadrumanos do Bra-
sil ( Afonso A. de Freitas, Vocabulário Nhean-
gatú). Con ta esse autor: ". . . no tempo em
que os animals falavam, inexperto macaqui-
nho, descobrindo certa vez urna combuca de
- 119 -

J
supucaia, introduziu-lhe a maosinha, pret·an- MACANÁ - arroio, afl. do Erval, na reg1ao de
dendo retirá-la cheia dos frutos que lá se acha- Erval. Do vocábulo aruaco "macana" ( pa-
vam.
... roxítono), espécie de ma~a fe ita de madei-
Como seria de prev·ar a urna inteligencia ra dura e pesada, usada palos indígenas co-
mais aguda que a do bisonho animalsinho, mo arma.
a mao f icou presa na combuca e o maca- MACUCO - arroio na regiao de Lajeado. De
qu inho, assustado, nervoso, '. que os maca- "macucáua", macuco, ave. J. Borges Fortes
cos também tem. nervos, disparou aos pu- diz tratar-se de "ma-cucu", cousa muito boa
los pela floresta arrastando a sapucaia e de comer.
gritando desesperadam·ante: "Ail Ail Ail MAENDUAPA - arroio, afl. do Turu~u, o qual
Cuimbisca hú pscá se pú! Ail Ail Ail Cuim- deságua no Sao Louren~o. A R·::vista do Ins-
bisca hu pscá se pu 1 Ai ! Ai 1 Ai l Combuca tituto Histórico e Geográfico, ano XXI, 11
trimestre, denomina-o "Maenduava". De
pegou minha mao.
"maenduara", l·ambran~a, recorda~ao.
A macacada, alvorotada, rodeia o macaqui- MANDASSAIA - arroio, afl. do ljuí; Rincao da
nho, Benjamim da tribo, estabélece conselho Mandassaia, povoado entre o arroio Capiva-
e acaba por chamar o macaco velho, o pai ra e o Capao Grande, regiab de Santa Maria.
d.3 todos. Nome indígena de urna abelha da família
Vem o macaco velho, examina o caso, toma dos Meliponídeos ( Mplipona anthiioides,
de urna pedra e em repetidos golpes arre- Lap. ) J. Borges Fortes interpreta como
benta a combuca libertando a mao do mico "mana-~aia", ninho es tendido. Parece, en-
... 1 •
travesso. tretanto, tratar-se de "mana", feixe, ninho,
tste, vando-se livre, recomposto do susto, e e "~a'í", p3queno, miúdo: ninho pequeno.
já de nervos aplacados, volta-se para o maca- MAMPITUBA - rio, divisa entre os Estados .do
cao e pergunta: "Macaca tamuia taá inti ana Rio Grand:: do Sul e de Santa Catarina; de-
cuimbisca hú pscá i pú? (Vovo, combu- semboca no Atlantico, na regiao de Torres.
ca já pegou sua mao?). Provavelmenté corruptela d3 "mandi'í-tyba",
"Macaca tuiué inti hu mundéo i pú cuimbis- de "mandií", "mandi'í", variedade de bagre;
ca o pé (Macaco velho nao mete mao em mandim, (Pimelodus clarias, Bloch ), e tyba",
combuca ), respond~ o macacao. "ty", sufixo abundancia!, multidáo: grande
Entretanto, A. Neiva, em "Estudos da Lín- quantidade de mandins. Ou do tupi "mombu-
gua Nacional", pág. 178-179, afirma que o tue", ak;!ntar; ou ainda, do guaraní "mom-
vocábu lo "macaco" é africano. bytu'ú", fazer descansar, aliviar. Th. Sam-
-120- - 121 -

..
paio sugere "mboi-upá-tyba", lagoa das co- rapá ", morcego, do macuxi, d ialeto caribe.
bras em abundancia. "Maraba" passou ao vocabulário brasileiro
MANDU - arroio afl . do Caxambu. MANDU- com a significac;ao de "mestic;o da branco
Zl NHO - arroio, afl. do Caxambu. De com india. Há a respeito um poema de Gon-
"mandií", "mandi'í", variedade de bagre. c;alves Días, "Marabá" .
MANDUAVA - arroio, afl . dorio Pardo. De "man- MARACAN). - localidada junto ao arroio Mira-
di 'í", vari·3dade de bagre, e " aba", "ava", in- guia, na regiao de Gravataí. De "maracana",
dicativo de local: o local dos mandins. Ou "o ave psitacídea {Ara maracana, Vieill ).
lugar da recordac;ao" {V. Manuá). MARATÁ - arroio, afl. do Caí; vila na regiao de
MANTIQUIRA - local idade na regiao de Carazi- Sao Sebastiao do Caí . Corruptela de "maracá",
nho. De "amandyquyra", a goteira da chu- chocalho f·3ito de porongo com sementes ou
va. pedrinhas no interior? Th. Sampaio dá "tal-
MANUÁ - outro nome de arroio Amanoá, afl . vez, " mara-ta", ruido forte, revoluc;ao inten-
do Uruguai na regiao de S. Borja. D= :maen- sa.
duara ", tupi, lembranc;a, recordac;aó; ou da MARAU - arroio, afl.. do Guaporé; vil a junto ao
" mandu'á ", guarani, lembrar-se, recordar. arroio de mesmo nome; MARAUZINHO - ar-
Aurélio Porto, em artigo publicado na Revis- roio, afl. do Marau; Segundo a "Enciclopé-
ta do 1nstituto Histórico e Geográfico, 111. 0 dia dos Municípios", Marau era o neme de
trimestre de 1938, dá "manuá" como o ne- um cacique que praticou atos da banditismo
me primitivo dos índ ios minuanos. na reg iao, até ser morto por tropa em 1857.

MANUARÁ - arroio, afl . do rio da Várzea; po- Do caingangue, significac;ao ignorada.
voado junto ao arroio do mesmo neme. Pos- MARICA - arroio, afl. do Camaqua; arroio em
sível corruptela de "m andií", "mandi'í", va- Cac;a pava. J. Borges Fortes diz se tratar de
riedade de bagr·=, mandin, e "araá", agitado, " mari ( cássia) pungente".
lampeiro: o bagre irrequieto? MARUPIARA ---: arroio, afl. do Jacuí; antigo ne-
MAQUIN~ - rio, afl. da lagoa dos Quadros, na me da Vila Paraíso, a NO d3 Cachoeira do
regiao de Capao da Canoa; localidade na Sul, Segundo o "Pequeno Dicionário Brasilei-
mesma regiao . Neme de urna gramínea, tam- ro da Língua Portuguesa", na Amazonia "ma-
bém chamada capim-maxindo; ·= mbora pala- rupiara" é "pessoa feliz na cac;a ou na pes-
vra provavelmente indígena, nao é tupi. ca; pessoa feliz nos neg6cios e nos amores.
MARABÁ - arroio, afl. do Aman~upara, re- {Antónimo: panema) ". Laudelino Freire diz
giao de Júlio de Castilhos. Talvez de "ma- ser "feliz; corcado de bom exito".
- 122 - - 123 -


MATAPI - sanga, afl. do Uruguai na reg1ao de ca em que a "Maria-Mol·3" ostenta suas flo-
Uruguaiana. Do cariba "matapí", "grande ces- res ama relas, sabe o quanto é apropriado es-
to cónico, de talas de palmeira jacitara, cuja se neme ao minusculo inseto; o nosso mi-
abertura do fundo, voltada para dentro em cuim, ou "bijo colorado" dos uruguaios.
forma de funil, oferece entrada ao peixe, que MIMBAÚ - arroio, afl. do Saraiva, na regiao de
fica impedido de sair pelas arestas das talas. Cangussu. De "mimbaba", "mymbá", ave ou
Mergulham o matapí com um peso ·a as iscas" animal doméstico, gado, e "y", água, rio: o
(Amando Mendes, Pescarias Amazonicas). río do gado, o arroio onde beba o gado.
Corresponde mais ou menos ao "parí" dos MINUANO - arro io, afl. do Jaguarao-Chico; ser-
tupis; este último vocábulo entrou para o vo- ro do, na regiao de Rosário do Su!. Etnoni-
cabulário brasileiro, sendo empregado co- mo; índios outrora localizados as margens da
mumente palos pescadores de rio. l2aoa dos Patos.
~

MATUPÁ - arroio, afl. do Seival. Do caribe "ma- MIQUI RA - arroio, afl. do Pequirí, na regiao de
tupá", barranco, perianta, capim em grandes Cachoeira do Su!. Talvez corruptela de "my-
tou~as, desenraizado das margens que, flu- cura", raposa, gambá. Embora "mycura" se-
tuante, desliza com a corrente ... " (Char- ja vocábulo corrent·a no nheengatu da Ama-
mont", Glossário Paraens·a"). zonia, A. Levy Cardoso afirma que ela nao
MAUÁ - localidade a margem do arroio Grande, provem do tupi, e sim do caribe "mocore".
na regiao de Jaguarao; vila a margem do ar- M:IRACANHANA - arroio ,afl. do Manuará. De
ro io Barra Funda, na regiao de Guaporé; po- "mirá", gente, vulgo, e "canhána", ajuntar: o
voado a margem do rio Uruguai, na r·:g1ao • agrupamento de pessoas.
missioneira. Do galibi, dialeto caribe, "mauá", MIRACATU - arroio, afl. do lbicuí. De "mirá",
sapo. gent,.3, vulgo, e "catu", bom, sao: gente boa.
MEUÁ - arroio, afl. do Jaguarao-Chico. "Meua" ' Miracatu-Mirim - arroio, afl. do Miracatu .
é palavra que figura em dicionários como ter- De "miracatu" e "mirim", pequeno.
mo amazonico significando "careta". Pro- MI RAGUAIA - arroio, afl. do Gravataí; povoado
vavelmente do guaraní "meguá", disforme, a margem do arroio; vila na regiao de Santo
torcido, defeituoso, dasproporcionado, cor- Antonio da Patrulha. De "mir9caia", varieda-
rompido. de de peixe.
MICUIM - arroio, afl. do Patos, na regiao mis- MIRAPEVA - arroio, afl. do Jaquirana. De "pirá",
sioneira. De "moceo", roer, e "i", pequeno, peixe, e "peba", "pé", chato, plano: peixe
diminuto. Quem anda pelos campos na épo- chato, semelhante ao linguado.
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MIRAPICICA - sanga, afl. do arroio Soturno, na MONDURú - arroio, afl. do Reserva. Do tupi
regiao de Júlio de Castilhos. De "pirá", pei- "mondyryca ", fazer deslizar ou correr; cor-
xe, e "yasyca", "yssy", resina, goma: cola de rer. Ou do guara ni "mondiry", rachar, ras-
peixe? gar, romper.
MIRAPUITA - arroio, afl. do Baitaca. De "pira- MONHANGABA - arroio, afl. do Piratini. De
pita", de "pirá", peixe, e "pitanga", "pita", • "monhangaba", lugar, tempo ou modo de fa-
avermelhado: paixe avermelhado. zer algo.
MIRIM - grande lagoa na faixa lltoranea, no ex- MOPONGA - arroio, afl. do Uruguai na regiao
tremo Sul do país; localidade na regiao de missioneira. Modo de pascar, batendo a água
Santa Vitória do Palmar. De "mirim", "mi- com os bra~os, para que o peixe remonte o
ri", pequeno, adjetivo que foi incorporada ao rio até o lugar da rede. Embora nao conste
linguajar brasileiro. A lagoa foi inicialm·en- dos vocabulários consultados, é, quase cer-
te, denominada Saquarembó, vocábulo que tamente, pa lavra tupi.
J. Borges Fortes interpreta como "lugar onde MOQUEM -arroio, afl. do Tacangava. Do tupi
. bebem os socós". O adjetivo "mirim", apl i- "mocae" tostar, secar; grelha da varas pa-
cado a urna lagoa de grande •axtensao, é jus- ra assar ou secar a carne ou o peixe. Diz
tificado porque a lagoa dos Patos, maior, era A. Neiva em "Estudos da Língua Nacional":
dado antigamente o neme de lagoa Grande. "Nas Cartas do Brasil, de Manoel da N6-
t: interessante notar que no taurepa, dialeto brega, vem registrados vários brasileiris-
cariba, "mirí" significa caranguejo. mos. Em epístola da Bahia, datada de 1549,
MOCUí - arroio, afl. do Tuparoca. De "mocuí", a palavra "moqueados" já apar·ace e prova-
esfarelar. • velmente é o primeiro brasileirismo.
NiOMBUCA - nom•3 de dois arroios, ambos afl. MOROTIM - arroio, afl. do Caxambu. De "m0-
do Potiribú. Mombuquinha - arroio, afl. do rotinga", "moroti", branca, a cor branca.
Mombuca na regiáo de Cruz Alta; arroio, MORUNDU - arroio, afl. do lrapuá. Provavel-
afl. do rio Rolante. De "mombuca", furar, mente do guarani "morangú" ou "morandú",
rebentar, rachar. Ou de "mumbuca", varie- fábula. conto, história, relato - como a do
dade de abelha. "b icho-tutu", da cantiga de ninar. ·~ poss(..
MONDUABA - arroio, afl. do rio Pardo. De vel , também, que nao se ja vocábulo indígena,
"mondu ia ", f az·ar com que transborde, e su- ·= sim africano, significando montículo.
fixo "aba", "saba", o •am que, o com que: MORUNGAVA - morro em Gravataí; vila na
arroio que transborda? . mesma regiao. Toponimo de difícil in ter-
- 126 - - 127 -
preta~ao; talvez provenha de "muruangaba",
ou "angaba", com a significa~ao de "bom".
MOTI RAO - arroio, formador do Espeto, na re-
giao de Vacaria. Motirao, mutirao, muxiráo,
putiráo, putirom, putirum, e ainda outras
formas, figuram em nossos dicionários com
a significa~áo de "auxílio gratuito que s·a
prestam os lavradores, reunindo-se todos os
da redondeza e realizando o trabalho em
proveito de um só, que é o gratificado, mas
que n2sse dia faz os gastos de urna festa ou
fun~áo" (P€queno Dicionário Brasileiro da
da Língua Portuguesa). De "pytyb5 11 , 11 py-
tyv611, ajudar, secundar, favorecer, cooperar,
proteger.
MUCUNÁ - salto no rio Uruguai, na reg iao de Pal-
11 11
me ira. D3 mucuna , nome de diversas legu-
minosas.
MUN.B·OCA - arroio, afl. do Japicaí. Talvez va-
. -~

/1
riante de "mombuca" (V). NAMBIJU - arroio, afl. do rio Rolante. D.3 nam-
MUNDÁ - arroio, afl. do Ladróes. De "mondá", bi", "orelha, e "juba", "yu", amarelo:
furtar, roubar; ladrao. orelha amarela. Laudelino Freire consigna
MUNDi=u - arroio, afl. do Tuparendi. Do tupi "nambiju" como adjetivo, ..~ informa: "diz-se
11 do boi que tEm pelo ba io e orelhas fulvas ou
mundé , al~apao, armadilha.
11

11
amarelas •
MUQUEM - arroio, afl. do Botucaraí; serro na
11 NANATIBA - arroio, afl. do rio dos Sinos. De
regiao de Taquara. Variante de "moqu·3m "n2ná", ananás, e "tyba", "ty", sufixo abun-
(V).
dancia!; multidao: grande quantidade de ana-
MUSSUM - povoado entre Guaporé e Taquari; vila nas·;s.
na regiao de Guaporé. De "mussu", mussum, NAPEVA - arroio, afl. do Piverá, regiao de
enguia. /1
Sol·.;dade. Embora napeva" nao figure em
/1
MUTUCA - morro na regiao de Taquari. De mu- vocabulários, é, quase certamente, vocábu-
tuca11, 11 mbutu", moscardo. lo guarani, e passou para o linguajar bra-
- 128 - - 129 -


sileiro do sul, com a significa~ao de "Curto
de pernas. Diz-se em g3ral de galináceos ou
de caes". ( Pequeno Dicionário Brasileiro da
Língua Portuguesa).

NHANDUVAf - sanga do, afl. do arroio Quaraí •


Mirim. De "nanduvay", nome de urna árvo-
re (Acacia cavenia).

NHUPORÁ - povoado na regiao da Sao Borja.


De "nhO ", "ñu", campo, prado, e "poranga ",
"pera", bonito: campo bonito.

NITERól - bairro em Porto Alegre. De "niterói",


água escondida, mar morto, segundo Gas-
tao Cruls em "Aparencias do Río de Janeiro".
Montoya dá int·arpreta~ao semelhante: "nhe"
ou "anhe", abrigar, proteger; "tero", cousa
torta, encurvada, fazendo seio; "y", água, rio,
isto é, seio da água abrigada, ou baía segura.
Plínio Ayrosa sugere "y-teró", água torta, ria
I"
torcido. Hans Stadeon Meu cativeiro entre
os s·alvagens do Brasil) refere-se várias ve- OCARÁ - arroio, formador do Povinho, na re-
zes a "Yteron, ou Rio de Janeiro". giao de Soledade. Provavelmente de "aca-
ra", terreiro, pra~a, campanha, campo; o que
NONOAI - arroio, afl. do Passo Fundo; cidade ·astá fora da casa ("oca")
a NO de Erechim. Provavelmente caingan-
gue. Segundo a "Enciclopédia dos Municí- · OGARAITI - arroio, afl. do Amandaú, anterior-
pios", neme de um cacique qu.; construiu seu mente chamado Capoeira. De "ogaraity", ne-
'
rancho na barra do 1raí, ou Arroio do Me!. me guaraní do Joao-de-barro ( Furnarius ru-
fus paraguariensis). "Ogaraity" é, literal-
mente, ninho de casa, ou ninho em forma de
casa.
- 130- - 131 -


OGARATINí - rio, afl. do Guarita; também cha-
mado Ogaratim. D.3 "ocara", terreiro, pra~a,
campanha, campo; o que está fora da casa, e
"tiningata", "tiní", seco, duro, endurecido: o
campo ressequido. Por outro lado, Jean de
Léry, no "colóqu io de entrada ou chegada ao
Brasil, entre a gent·.3 do país chamada tupi-
nambá e tupiniquim, em linguagem brasílica
e francesa", de sua "Viagem a terra do Bra-
sil", cita, entre as aldeias indígenas as mar-
gens da baía de Guanabara, a de "Okarantín ".
Plínio Ayrosa, em "Notas" para o colóquio, na
edic;ao da Biblioteca do Exército, afirma "Oka-
rantí ( Ocorenti) pode ser interpretado de mo-
dos diversos, mas o sentido que ocorre mais
naturalment·e é "ygárantin", proa de navío ou
mesmo "okár-antí" ponta da pra~a, do terrei-
ro".

OPACAÁ - arroio, afl. do rio da Várzea. De 11


ypa-
ca'á ", galinhola.

PACA - arroio da, afl. do Guaporé; arroio, afl. do
Com andaí; povoado, a margem do último cita-
do; PACAS - rio das, tributário da lagoa do .
Forno, regiao de Torres; povoado na regiao de
Carazinho. De "paca", "páy", mamífero roe-
dor ( Cuniculus paca); o nom•a talvez se ja pro-
veniente de "pag", "páy", despertar: animal
vivo, desperto.
PACU - arrcio em Uruguaiana; ilha no rio Uru-
guai, regiao de Uruguaiana. De "pacu", peixe
(Piractus brachypomus, Cuv.) .
.- 132 - - 133 -
PAGE - arroio, afl. do Taquari. De "pagé", "payé", PARA - arroio, afl. do Uruguai na regiao de Te-
pajé, nom·~ do sacerdote que era, ao mesmo nente Portela. De "pará", o mar, em guarani
tempo, mago e médico - entre os antigos e tupi arcaicos.
guaran is e tupis .
PAl-PASSO - arroio, afl. do lbirapuitá; coxilha na PARAGUAI - ponta do, na lagoa Mirim, regiáo da
regiao de Quaraí. De "paí", "pa'í", pai, sa- Santa Vitórla do Palmar; PARAGUAIA - :'."''".:-
cerdote, pastor, cura, padre, e "passo", pala- voado a margem do c rroio Lavapé, na rF-;.oo
vra portuguesa: o passo do padre. "Pa'í" pro- de Santa Maria. De " paraguá ", variedade de
vavelment·3 é corruptela de "mba'í" que, em papagaio; em guarani arcaico, coroa, grinalda,
guarani a rcaico, significava o espanhol, o es- nome de urna planta, de urna ave. "Paraguá.
trangeiro. y", río dos papagaios. Os pa raguaios estabe-
PAIQUERE - arroio, afl. do rio Pelotas. Talvez de l·~cem distin<;ao entre Paraguái, com i, neme
"pa' í-cué-r-y", de "pa'í", pai, sacerdote, pas- que dao ao seu país, e Paraguay, com y, ne-
tor, cura, padre; "cué", sufixo que indica o me da capita l, Asunción.
passado ( em guarani; correspond3 ao "puera"
do tupi); "y", água, r io: rio do sacerdote que PARAGUA<;U - vila a margem do arroio Velhaco,
nao o é mais, r io do ex-sacerdote. junto a foz deste, na lagoa dos Patos. Do no-
PAIRÉ - sanga do, afl. do Toropi. lnterpreta<;ao me da índia tupinambá que desposou Diogo
semelhante a do topón imo anterior, Paiquere. Álvares Correia, o Caramuru. "Diz-se que Pa-
"Ré" é outro sufixo qu-3, em guaran i, indica ragu2 <;u contribui de modo d3cis ivo para a
o passndo,.o que foi: a sanga do ex-sacerdote. subm issao dos tupinambás a~s portugueses;
PAMPA - arroio, afl. do rio dos Sinos. É palavra todavia, sobrevindo a guerra entre os colonos
quechua : campo, regiao plana. e os índ ios, devido as arbitrar iedades d; Perei-
ra Coutinho, e caindo Diogo Álvares prisionei-
. PANAMBI - cidade na regiáo missioneira. De "pa-
ro d J seus compatrioté:s, Paragua<;u comandou
nambi", borboleta.
as for<;as que de:puseram e mataram o dona-
PANAPANÁ - arro io, afl. do arroio dos Cachóes, tário " (Enciclc pédia Brasileira Mérito). Para-
na regiao de Soledad=. De "panapana", varie- gua~u pode ser decomposto em "pará", o mar,
dade de peixe. Sao possíveis, entretanto, ou- e "gua<; u", grande.
tras interpreta<;óes, pois o vocábulo passou
para o portugues do Brasil com diversos s ig- PARAf - vila próxima a Casca. De "para'í", ma-
nificados: urna variedad= peixe, bando de bor- tizado formado por manchas claras e escuras;
boletas, neme de diversas plantas. ou de "para'y", nom•J de urna árvore.
-134- - 135 -

•)
PARANHANA - rio, afl. do rio dos Sinos. Embora 1agoa, ro b a , ro , amargo, e e , gosto, sa-
/1 /1 /1 11 11 ' /1 A

semelhante a "Parauaiana", nome de um rio bor: "ypá-rob-é", lagoa de sabor amargo.


do Am azonas, do caribe "paraua", mar, e "ia- PARovi: - lagoa na regiáo de Alegrete. Variante
na", tribo, família, é um pouco provável que de "pa robé" ( V ) .
seja essa a significa~ao de "Paranhana". Nao
é impossível, entr·atanto, que o nome tenha si-
. PATOS - grande lagoa na faíxa litoranea. J . Bor-
ges Fortes afirma que o nome provém d.a na-
do dado ao río por algum estudioso, conhe- <;ao indígena, nao do animal; R. von lhering,
cedor do curso de água amazon ico. em artigo· publicado no "Anuárío do Rio Gran-
de do Sul, para 191 O, é de opiniao contrária,
PARAPó - arroio que deságua na lagoa Mirim. e apresenta argumentos que parec·am justifi-
Talvez de "pará", o mar, e "pora", o que es- cá-la plenamente.
tá contido em, conteúdo, habitant·.a de, conse- PAVERAMA - vila na regiao de Estrela e Lajeado.
qüencia, resultado, efeito, sinal. Talvez de "pabe", "pave", da todos, e "reta-
ma", "reta", "rama", terra, pátria: a terra de
PARARI - arroio, afl. do río Pardo. Provavelmen- todos.
te de "paryrí", pássaro, "alma-de-gato". Para- PECA - arroio, afl. do Putinga. De "ypeca", va-
ri passou para o vocabulário brasileíro desíg- riedade de pato.
ncndo urna variedade de pomba ( pomba-de- PECABA - arroio, afl. do Pira~uce. De "ypeca ",
bando), e urna erva tintór·aa do Amazonas . "ypé", variedade da pato, e sufixo "aba": o lo-
cal dos patos.
PARECI - povoado próximo a Sao Sebastiao do PEJU<;ARA - arroio, afl. do ltu im. A Revista do
Caí; Pared Novo, vila a margem do río Caí; < •
Instituto Histórico e Geográfico do Río Gran-
Pared Velho, povoado, também a margem do de do Su 1, 11 trimestre de 1941, escreve "peiu-
rio Caí. Parecí é corruptela do aruaco "ariti", cará ", mas é provável que s-a trate de erro
neme qu·a a si mesmos dao os índios parecí. de revisao. De "peju", "peyu", soprar, e "sa-
PARI - arroio, afl. do rio Uruguai na regíao de ra", que, o que: o que sopra, o soprador. Gon-
Palmeira; corredeira do río Uruguai, próxima ~alves Dias traduz "peju~ara'' por "sopro".
a foz do arroio Pará. De ''pari", barragem de PEPERl-GUA<;U - ilha no rio Uruguai. Parece tra-
madeíra, cerca cu armadilha para apanhar tar-s-a de um caso de reduplica<;ao: "As síla-
peixe. bas tónicas e pré-tonicas de urna palavra, repe-
PAROS!: - povoado a margem do arroio 1nhaco- tidas, dao a idéia de plural - se a palavra
cré; localidade próxima a Sao José do Norte; é substantivo ou pronome ... " (Pe. Lemes
vila na r·agiao de Taquara. De "upaba", "ypá", Barbosa, Curso de Tupi Antigo, pg. 319). Pe-

- 136 - - 137 -



peri seria a reduplica~ao de "pirf", junco, don- PIA[ - rio, afl. do Caí; Santa Lúcia do Piaí, po-
d3 "pipirí", juncal. Peperigua~u, o juncal gran- voado próximo a Caxias do Sul. Corruptela
de. de " apiahy"; o "a" inicial foi, aos poucos,
PEQUERI - arroio, afl. do Jacuí; cerro, junto ao desaparecendo. De " apyaba", varao, homem,
arroio; arroio, afl. do Jaguari. De "piky", pei-
xe pequeno, peixinho, e "y", água, rio: "piky- ,. . .. macho, índ io, g€ntio, e "y", água, rio: o ria
dos homens, ou o rio dos índios.
r-y", o rio dos peixinhos.
PIAPORA - arroio, afl. do Vacacaí. Talvez cJ.3
PERAU - arroio, afl. do Uruguai na regiao de Pal- "pyá", entranhas, cora<;ao, qualquer órgao in-
meira; Perau Grande, arroio, afl. do Manaa- terno, e "pora", conteúdo, habitante: o habi-
dor. J. Borges Fortes dá "pé-rau", caminho
. tante do cora~ao?
falso, sumidouro.
PERERECA - arrio, afl. do rio dos Sinos. De "pe- PIARUí - arroio, afl. do rio Sao Sepé. De "pyá",
moitas e sobe as árvor~s, andando aos saltos. entr.a nhas, e "roy", frio: o arroio frio.
O verbo tupi passou ao portugues do Brasil PIAU[ - arroio, afl. do lcamaqua; arroio, afl. do
como substantivo: vari·adade de ra que vive nas Cambuireta. De "pie.u", variedad.? de peixe, e
moitas e sobe as árvores, andando aos saltos. "y", água, rio: o rio dos piaus.
Passou, também, como verbo: pererecar, dar PINDAf - arroio, afl. do Uruguai, na regiao mis-
sal tos ou pu los. s:oneira; arroio, afl. do Capivara; povoado na
11
PERI - arroio, afl. do Pampa. De pirí", junco. regiao de Uruguaiana. De "pindá", anzol , e
PERIPERI - sanga, afl. do arroio Lagoao, na re- também ouri~o, e "y", água, rio: o rio dos
giao de Cachoeira . O juncal (V Peperi-gu a~ u). anzóis, ou o rio dos ouri~os. PINDAÍ MIRIM
PETECA - arroio, afl. do rio dos Sinos. De "pe. - arroio, afl. do rio Tauro Passo.
teca", bater com a palma da mao; "peté", gol- PINDAfBA - arroio, afl. do lrapuá. De "pindayba",
pear, dar golpes com a mao. Verbo tupi,, trans- "pindayva ", a vara de pescar, o cani~o (de
formado em substantivo, passou para o nosso ' "pindá", anzol, e "yba", haste, caule, bastao,
Jinguajar, denominando o brinquedo que se vara: a vara de anzol). Seria interessante ave-
joga "batendo com a palma da mao". riguar como esse vocábulo passou para a gí-
PETIM - arroio, afl. do Guaíba; cerro na regiao ria com a significa~ao de "falta de dinheiro".
de Guaíba. D~ "petyma", "pety", fumo, taba- P1NDORAMA - vil a, na regiao de Cruz Alta (ex-
co. Neu Wurtanberg). De "pindoba", "pindó", pal-
PETINGUÁ - arroio, afl. do Jacuí. De "petyma", ma, palmeira, e "retama", "reta", "rama",
"pety", fumo, tabaco, e "cuara", "cuá", bu- tcrra, regiao de: terra das palmeiras, regiao
raco, cova: a cova do fumo? das palmeiras. Dizem os dicionários que Pin-
- 138 - -139 -
dorama é "designa~áo dada ao Brasil palas PIRANGA - arroio em ljuí. De "piranga", verme-
gentes ando-per~anas e pampianas". lho.
PIQUIRf - variante de Pequiri (V). PI RAPÓ - serra entre o arroio Cambaf e o 1ju f;
salto no rio ljuií; povoado na regiao missio-
PIRÁ - sanga, afl. do Ogaratim. De "pirá", peixe.
neira. De "pirá", peixe, e "pora", estar cheio,
PIRACAí - rio, afl. do Uruguai; também chama- abundar, cu saltar, pular: abundancia de pei-
do Pardo. De "piraaca", piraaca, peixe do Bra- · xe, ou lugar em qva o peixe salta. Essa úl ti-
sil, cangulo ou peix·a-porco, e "y", água, rio: ma acep~áo seria especialmente adequada ao
o rio das piraacas. salto no rio ljuí.
PIRA<;UCt= - (Pirassuce). Rio, afl. do Apuaé. Tal- PIRAPORA - arroio, afl. do Vacacaf. V. Pirapó.
vez de "pirá", peixe, "a~u", grande, e "e", que PIRATABA - vita na regiao de Torres. De "pirá",
tem gesto: o peixe grande gostoso. peixe, ·a "taba", "tava", aldeia povoado: a al-
PIRACUPIÁ - rio, afl. do Taquari através do Hu- deia do peixe.
maitá e do rio da Prata. De "pirá", paixe, PIRATINf - rio, afl. do Uruguai; PIRATINf-MIRIM
"una", "hO", escuro, preto, e "pyá", entra- - arroio, afl. do Pirat iní. Também chamado
nhas, cora~áo: as entranhas do peixe escuro? m
Almas, na regiáo issioneira; rio, afl. do Sao
a
PIRAf - arroio, afl. do rio Negro; povoado mar- Gon~alo; PI RATINf MENOR - arroio, afl. do
gem do arroio de mesmo nome. PI RÁIZINHO Piratiní; cidade, sede da República Riogran-
- arroio, afl. do Piraí. Da "pirá", peixe, e "y", dense de 1835; nome do palácio do Governo
água, rio: rio do peixe. . do Estado. Da "pirá", peixe, e "tinJnga", tiní",
PIRAJÁ - arroio, afl. do Caí. Theodoro Sampaio seco, endurecido: o peixe seco. Piratiní é a
dá como "o pega-peixe, o viveiro cu pesquei- • forma guarani de Piratininga, a qual, segundo
ro". o Pe. José de Anchieta, provinha do fato de
PIRAJACÁ - arroio, afl. do Santa Maria. Algumas o rio transbordar e deixar o peixe em seco.
vezes grafado como Birajaca. De "pirá", pei- PIRATINIZINHO - arroio, afl. do Piratiní.
xe, e "yaca", arroio: arroio dos peix·as. PIRICA - sanga, afl. do arroio ltacurubi. Da "py-
PIRAJú - arroio, afl. do lbicuí; arroio, afl. do Pi- ryryma", "pyryryi", rodopiar, girar.
ratini. De "pirajuba", "pirayú", .peixe, doura- PIRINGÁ - arroio, afl. do Sao Salvador, na regiao
do. De "pirá", peixe, e "juba", "yú", amarelo. de Monten;gro. Do tupi "piringa", estreme-
PIRAMIRITÁ - arroio, afl. do rio da Várzea, na cer, arrepiar-se, arrepio? Ou, ainda do tupi,
regiao de Sarandi. De "pirá", p=ixe, "miri", "piriguaia", variedade de bugio? Ou do gua-
p€queno, e "itá", sufixo que indica o plural: rani, "piriguá", planta medicinal, (Anchieta
muitos peixinhos. salutaris)?
- 140 - - 141
PIRIRf - banhado em Sao Borja. "Pirirí", em gua- POACÁ - arroio, afl. do Jaguarao através do .Can-
rani, é ruído como de fogo que estala, 111as diota. De "poacá", poder, ou de "pu'acá", for-
provavelmente o nome do banhado vem de te, poderoso, capaz, pr€potente.
'' • • •
p1np1n , iunco.• 11 • POA<;U - arroio, afl. do ljuí. · De "poac;u", mao
PIRITIBA - arroio, afl. do rio Cacequi. De "pirí", esquerda; o arroio é afluente da margem es-
· junco, e "tyba"; sufixo abundancial: muito
.. . querda do ljuí.
junco, o juncal. POATA - rio, afl. do Uruguai na regiao de tl..ar-
PIRUÁ - arroio, afl. do rio Passo Fundo. 03 "pi- celino Ramos. De "poatá", reto, direito: rio
ruá", bolha; empelado. que nao é sinuoso.
PITANGA - localidade na regiao· missioneira; ar- POITt - sanga, afl. do Taperoá, na regiao da En-
roio das Pi"tangas, arroio, afl. do Passa Sete. . cruzilhada.
PITANGUEIRA ·- arroio, afl. do Grande, na POMONGA - arroio, afl. do Turui;u. "Pomonga":
regiao de Arroio Grande; arroio, afl. do Can- viscoso.
diotinha, na r€giao de Pinheiro Machado; san- PORA - rio, afl. do Ati-ai;u. De "poranga", "pe-
ga da, afl. da sanga do Ben to, na regiao d3 ra", belo, formoso, bonito.
Santa Maria; localidade entre Palme.iras e Osó- PORACÁ - arroio, afl. do lrapuá. De "poracara",
rio. De "pitanga", "pita", avermelhado, pardo, "poracá ", pescar ou cac;ar; ou "poracahá ", ar-
vermelho. O nome foi dado a urna fruta sil- madi lha de cac;a.
vestre qu-3, quando madura, tem as cCires ci- • • PORACI:: - arroio, afl. do Taquarí. De "~orace",
tadas; é também empregado para designar cór dansar, bailar.
de pelagem do bovinos.
PORANDUBA - arroio, afl. do Turuc;u . (A Re-
PITANGUÁ - arroio, afl. do rio da Várzea. De "pi-
vista do 1nstituto Histórico e Geográfico do
tanguá", bentevi.
Rio Grande do Sul, 11 trimestr-a de 1941, gra-
PITIUM - sanga, afl. do Jaguarao-chicó. De "py-
' fa Poronduba, mas trata~s·a evidentemente de
tiO", "pyti'ú", cheira a causa suja ou a p·aixe,
um equívoco) . De "poranduba ", "porandu-
cheira forte de pessoa ou animal.
va ", informac;ao, navidades, rela~ao, história,
PIUM - arroio, afl. do' ltuzinho. De "piO", borra-
contc, anedota.
chudo, mosquito.
PIVERÁ - arroio, afl. do Fao. De "py", com di- PORORÓ - arroio, afl. do Tigre, na regiao de
versas significac;óes - pé, planta, base origem, Cruz Alta; arroio, afl. do Ligeiro na r·~giáo de
larqura, profundidade - , e "beraba", "verá", Getúlio Vargas. De "pororoca", pororó", es-
brilhant·a. Talvez origem brilhante, nascente troncio, m2caréu, estalido: arroio ruidoso, ar-
brilhante. roio barulh€nto.

- 142 - 143 -

...
POTARA - arroio, afl. do Rio Pardo. De "pota· PUTINGA - arroio, afl. do Jacaré, na regiao de
ra", "potá", desejar, querer. Encantado; vila nas proximidades de Guapo-
POTJ - sanga, afl. do arroio das Capivaras, na ré. Talvez de "pu", barulho, estrondo, ruído,
reg iao de Tapes. De "poti", camarao. e "tinga", enjoativo, fastidioso: ruído fasti-
POTIRETÁ - arroio, afl. do Caturete. A grafia dioso das águas do arroio?
deve sar Potireta, de "poti", camarao, ou "po- • •
ty", flor, e "retama", "reta", "rama", terra, PUXf - arroio, afl. do Puxireta. De "poxy", tor-
pátria, regiao de: regiao dos camaroes, ou pe, feio, venenoso, mau, furioso. Pouco pro-
regiáo das flores. vável, pois há em geral a preocupa~ao de
real~ar a bel·aza, a pureza do ar, a transparen-
POTIRIBÚ - rio, afl. do ljuí. De "poti", cama-
cia da água, ou outra qualquer característica
rao, ou de "potyra", "poty", flor,~ "ybura",
vantajosa do acidente geográfico dasignado
"yvu", água que brota para cima, fonte, ma-
- NhO Pera, Campo Bel o, Vista Alegre, etc.
nancial: a fonte dos cama roes, ou a fon te das
Talvez trate de corruptela de lpuichim que,
flores.
como já se viu, J. Borges Fort·as e Souza Doc-
PUITA - rio, afl. do Jacuí; arroio, afl. do ltu, ca interpretam como "filete da água brilhan-
PUITAZINHO - arroio, afl. do Puita; arroio, /
te". Há, a inda, a possibilidade de se tratar
afl. do Uruguai, na regiao de Uruguaiana. De da abreviatura de puxi-caraím, ave da família
"pita", vermelho. dos Fringilideos, também chamada guarani-
PUITA JAPEJú - Da "pita", vermelho, e "japejú", cininga.
arroio ou rio de superfície amarela (de "y",
água, r io, "apé", superfície, e "juba", "yú", PUXIRETÁ - arroio, afl. do lbirubá, na regiao
amarelo: "y-apé-yú"), ou o pantanal amare- de Cruz Alta. A Revista do Instituto Histó-
lo, de "y(g) apó", alagadi~o, e "juba", "yú". rico e Geográfico do Rio Grande do Sul, 11
Rio, ou arroio, vermelho-amarelado? trimestre de 1941, grafa Puxirete. De ''puxí",
PURAR~ -arroio, afl. do Catur·=te. A Revista do com significa~ao incerta (V. Puxí.), e "reta-
1nstituto Histórico e Geográfico do Rio Gran- ma", "r•ata", ''rama", terra de, pátria, regiao
de do Sul, 11 trimestre de 1941, grafa Puru- de: a regiao dos filetes de água brilhantes?
ré, o que talvez seja a grafia cerreta. Pura- Ou a regiao das aves chamadas puxi-caraim?
ré pode provir do guaraní "purahéi", can-
to, can~ao. Pururé foi o neme que os índios
tupis deram a enxó, trazida palos colonizado-
res.
- 144 - ·. - 145 -

• •

j
• •

QUARAf - rio, na regiao de Sant'Ana do Livra-


mento; rio, afl. do Uruguai na regiao de Uru-
guaiana; arroio, também chamado Quatipí;
arroio, afl. do Entrada; arroio, afl. do San-
ta Rosa; cidade, a margem do río do m·asmo
neme, afl. do Uruguai. Theodoro Sampaio
dá duas interpreta~oes: "ou é Guará-hy, rio
dos guarás, ou Quara-y, rio das covas ou dos
buracos". Parece mais provável, entretanto,
que o topónimo derive da "cuaracy", forma
tupi, "cuarahy", forma guarani: o sol.
- 147 -
11
QUARAí CHICO - arroio, afl. do Uruguai De comprida? Ou de quycé" e "pecói", duplo:
"quaraí", e "chico", espanhol, pequeno. faca dupla?
QUIMBAí - arroio, afl. do Nonoai. Do guaraní
QUARAí MIRIM - arroio, afl. do Quaraf, que o "tymbá", planta~ao, animal, gado, bens, e
11
é do Uruguai. De "quaraí" e mirim" pe-
queno.
,. y água, rio: rio da planta~ao.
11 11
,

QUIPÁ - arroio, afl. do Jacuí, na regiao de Sole-


QUARAlZINHO arroio, afl. do Quaraf, na re- dade. Da "quyhá", rede de dormir.
giao de Santo Angalo. QUIRÍ - sanga, afl. do arroio do Bote, na regiao
11
de Jaguarao. Segundo A. Levy Cardoso, qui-
QUAREPOTI - vila na regiao de Sao Luiz Gonza.. rf" é vocábulo caribe, com a significa~ao de
ga. Do guarani "cuarepoti", metal, ferro.
''h omem, varao,
- mac ho . 11

QUIRIMAU - arroio, afl. do ljuf. Talvez compos-


QUATI - arroio do afl . do rio Toropi; arroio to de " quirí (V. ) e de "ima" que "significa
dos Quatis, afl. do rio Santana; ponta dos urnas vez.as o pai, o formador, o maior de to-
Quatis, ponta a NE na ilha Francisco Manoel, dos, e, outras vezes, funciona como coletivo,
no rio Guaíba. De "cuati", coati (Nasua nasua, exprimindo
, reuniao, colec;ao" (A. L. Cardo-
L. ) . so). Assim, "quirimau" seria vocábulo cari-
be, correspondendo aproximadam·ante ao tu-
QUATIPi= - arroio na reg1ao de Quaraf. De pi "avaí", i. é, rio dos homens". Se verdadei-
"Coatí", coati, e "pé", caminho, ou "pé", ras as interpretac;óes deste toponimo e do an-
casca, pele: o caminho, ou a pele, do coati? terior, ambos davem ter sido dados aos aci-
dentes que designam por estudiosos, urna
QUATIPí - arroio, afl. do Lajeado Sao Domin- vez que se acham em zona muito afastada da
gos, o qual deságua no rio Carreiro. Possl- de influencia caribe .
velmente corruptela de "quatipé". lgual- QUIRl~QUIRÍ - arroio, afl . do Caracará, na regiao
11 11
m·ante possível: cuara", "cuá", cova, buraco, Gua íba - Tapes. Do guaraní quirí-quirf",
e "typi" fundo, profundo ( em rela~ao ~ água). ave, gaviao, chimango (Falco rufigularis,
o buraco, o perau. Daud) .
QUIRIRIM - arroio, afl . afl. do lbacarú, na r-e-
QUICEPECUM - arroio, afl. do rio Passo Fundo. giao de Sao Jerónimo . De "quiriri", calado,
De "quicé", faca, e "pucu", comprido: faca quieto, silencioso, tranquilo.
- 148 - - 149 -


RUDÁ - sanga, afl. do Vacacar, na regiSo de SSo


Sepé. "Rudá" - pronuncie-se com ".arre"
• suave, como se houevsse, antes dele, uma
vogal qualquer, pois os indigenas desconhe-
cem o "•; rre" forte, - é o deus do amor da
' rnitologia tupi. Diz Couto de Magalhaes em
As tradi~óes figuram-n'o co-
11 11
"O selvagem :

mo um guerreiro que reside nas nuvens. Sua


missao é criar o amor no cora~ao dos ho-
mens, despertar-lhes saudades e feze-los
voltar para a tribo, de suas longas e repetidas
peregrina~óes. Como os out ros deuses, pa-
11

rece que tinham deus·;s inferiores, a saber:


Cairé, ou "lua cheia; Catiti, ou lua nova, cuja
- 151 -


missao é despertar saudades no amante au-
sente. Parece que os índios consideravam ca-
da forma da lua como um •ante distinto ...
A jovem índia que se sentia oprimida de
saudades pela ausencia do amante. . . devia
dirigir-se a Rudá ao morrer do sol ou ao nas· '« •
cer da lua, e estendando o bra~o direito na
dire~ao em que supunha que o amante de-
via estar, cantava:

Rudá, Rudá,
luaca pinaié,
Amana re~ai~ú ...
luaca pinaié
Aiuté Cunha
Puxiuera oikó
Ne mumanuara c·a recé
Quahá caaruca pupé.

( ó Rudá, Rudá, tu que estás nos ceus, e que amas


as chuvas, tu que estás nos ceus, faze com SABIÁ - morro, a margem do rio Guaíba, e.tn
que ele, por mais mulheres qu·a tenha, as ache
• Porto Alegre. Sabiá é o nome tupi do conhe-
todas feias; faze com que ele se lembre de cido pássaro.
mim esta tarde quando o sol se ausentar no
ocidente". ' SACI - !ajeado, afl. do Sinimbú, na régiao de
Santa Cruz. Outra entidad-a da mitologia tu-
pi. Diz Cauto de Magalhaes, obr. cit.: "O
Saci Cerere é úm dos que figuram con-
tinuamente nas tradi~óes do povo do · sul do
lmpério. Contudo, eu as tenho encontrado
tao confundidas com as supersti~oes cristas
qu·~ nao posso compreender bem qual é a sua
missao entre os vegeta is. As tradi~oes repre-

- 152 - I~ 1 '4f) - 153 ..:.....


senta-n'o com a figura de um pequeno tapuio, SAPUCAIA - arroio na regiao de Gravataí; ar-
manco de um pé, com um barrete verme- roio, afl . do rio dos Sinos morro na regiao
lho e com urna ferida em cada joelho". de Sao Leopoldo, vila na mesma reg iao. De
SAICA - arroio, afl. do Santa Maria; localidade "sapucaia", "sapucái", clamar, gritar, cantar,
a margem desse arroio; vila na regiao de Ro- grito, bramido. Por extensao : galo, galinha
"ave que grita". Também é nome de urna
sário do Sul, Saicazinho, arroio, afl. do Saica.
Poss1velment·a de '' saí", "sa'í", nome comum planta ( Lecythis olla ria).
a várias aves das famílias dos Cerebídeos e SAPUPEMA - localidade próxima a Veranópolis.
Tanagrídeos, e "ca", ossada: a ossada do saí. Da "sapó", raiz, e "perna" esquinado, angulo-
Theodoro Sampaio propoe "~aí-cang ", olhos so: sapopema, raiz que cresce com o tronco,
d'água secos. formando em volta dele divisoes achatadas;
eleva-se as vezes a dois metros acima do solo.
SAIQUI - arroio, afl. do rio Santa Cruz; arroio,
SAQUAREIRA - arroio, afl. do José Velho, na re-
afl. dorio Caí. De "saí", "sa'í", nome co-
giao de Taquara. Talvez de "szgua", cordel,
mum a várias aves das famílias dos C·arebí-
en1bira, e sufixo portugues: a árvor-a que for-
deos e Tanagrídeos, e "quyra", "quy", imatu-
nece a embira.
ro, verde, novo: o filhote de saí, o sai novo.
SAQUAREMBó - antigo nome da lagoa Mirim;
SANANDUVA - arroio, afl. do r io Ligeiro; cida- como já se viu, ao tratar dessa lagoa, J. Bor-
de próxima a Lagoa Vermelha. ges Fortes interpreta o neme como "lugar on-
Segundo a "Enciclopédia dos Municípios Bra-
sileiros ", "sananduva" é o nom·a indígena de .. . de bebam os socós". Th. Sampaio dá "socó-
r-·~mbó ", fi lei ra de socós ou "socó-d-yembó ",
urna árvore da regiao, nao sendo conhecida a arroio dos socós . Porém nao parece provável
significa~ao desse nome. que o índio desse o nome de" arrolo" a urna ex-
SAPi= - De "sapé", nome indígena da planta em- ' tensao de água tao considerável como a Lagoa
Mirim.
pregada na cobertura de ranchos.
SARACURA - arroio em Júlio da Castilhos. Nome
SAPI RANGA - arroio, afl. do rio dos Sinos; ci- tupi de urna ave 2quática brasileira.
dade nas proximidadas de Novo Hamburgo. SARAND I - arroio. tributário da lagoa Mirim; ar-
De "essá", "sá", ólho, e "piranga", vermelho: roio, afl. do lbirapuita: arroio, afl. do Catí,
os olhos vermelhos. Ou de "y.ssá", va rieda- na r·3giao de Santana do Livramento; arroio,
de de formiga, e "piranga"; formigas verme- tributário da 1agoa dos Patos; rio, afl. do lca-
lhas. maqua; rio, afl. do Passo Fundo; ilha no rio
. - 154 - - 155 -


Uruguai; localidade próxima a Santa Maria; SU<;UARANA - rio, afl. do Pelotas. Do tupi
localidade próxima a Aratiba; cidade próxima "suac;úrana", ou "suac;uavana", variedade. de
a Carazinho. De "sarandí", nome comum a puma, on~a vermelha (Puma concolor con-
vários arbustos, que crescem em geral, as mar- cclor) .
gens de rios e arroios ( Salix humboldtiana,
Phyllantus sel., etc. ) . SUGúl - sanga, afl. do arroio lnhatium. De
SARAPó - arroio, afl. do Capivara, r·agiao de "c;uguy", azul, segundo Gonc;alves Dias, "Di-
Taquari. De "sarapó", variedade de enguia. cionário da Língua Tupi".
SARAQUÁ - arroio, afl. do Taquari. De "sara", SUNd: - arroio, afl. do Porongos, na regiao de
nome comum a várias árvores e arbustos da Soledade. De "Sumé", nome da um deus da
família das leguminosas, e "cuara", cuá", co- mitologia tupi.
va, buraco, grota: a grata dos saras.
SEPi= - SAO - rio, afl. do Vacacaí; arroio, afl. SURUGUÁ - arroio, afl. do Butiá, na regiao de
do rio Sao Sepé; cidade situada a SE de San- Soledade. De "surucu'á", uma ave (Trogon
ta Maria. Sapé é corruptela indígena de José surucura).
- ou, talvez de Cipriano - ; nome do cau-
dilho indígena Sepé Tiaraju, heroi da guerra
guaranítica. O "sao, santo" foi-lhe dado pa-
la admira~~º do povo, que o canonizou.
"Sepé" também significa "sábio", na língua •)

dos charruas.
SINIMBU - arroio, na regiao de Santa Cruz; vila
na mesma r-agiao. Sinimbuzinho arroio, afl. do
rio Pardinho. De "cenemby", camaleao.
SUA<;UAPARA - arroio, afl. do Jaculzinho. De
"suac;uapara", do tupi 11 suassu", veado - a
forma guarani· é "guac;u" - e "apara", tórto;
nome dado ªº veado galheiro.
suc;UAIA - De "sussuá", inchac;o, inflamac;ao;
planta da família das Compostas ( Elephanto-
pus saber).
156 - - 157 -
•,

•1 •

... . TABAf - localidade próxima a Montenegro. De


"taba", "tava", aldaia, povoado, e "y", água
rio: o rio da aldeia, ou aldeia que tem río .

Ou de "taba", "tava" e "í", sufixo diminuti-
vo: a aldeiazinha .
TABATINGAf - arroio, afl. do Jacuí. De "taba- \

tinga", barro branca, e "y", água, rio.


TASARÁ - arroio, afl. do Piratini através do ar-
roio Basílio. ~ corruptela de "taberá" (V),
que, por sua vez, o é de "itaberá".
TABERÁ - arroio algumas ve~as denominado "Ta-
bará". De "itá", pedra e "beraba", "ver~,
brilhante: pedras brilhantes. No guaraní mo-
derno "·itaverá" designa o cristal, o vidro, o
espelho.
- 159 -
TABIRA - arroio, afl. do rio das Antas. De "itá", TAIASSU - arroio, afl. do rio Caá 1ari, na regiao
pedra, e "byra", ·arguerse: a pedra erguida, le- de Palmeira. "Tassaju" é urna variedade de
vantada. mandioca; designa, também, o porco do ma-
TACA - arroio, afl. do rio Belo, na regiao de Ca- to e o porco dorr.éstico.
xias do Sul. De "taca", galho, ramagem, copa
de árvore. Ou de "tacua", cheiroso, perfu-
., . T,A lCUM - ilha, formada palas lagoas Lessa, San-
gn:douro, Pinguela, Palmita! e outras, na re·
mado. giao de Osório. Talvez do guaraní "tayhú",
TACAMBIRA - arroio, afl. do Guaramana. De amor, bem-querer .
"tacamby", perna, forquilha. TAIM - vila na estrada Santa Vitória do Pal-
TACANGAVA - arroio, afl. do río Guaporé. De mar - Pelotas. Joao Borges Fortes diz pro-
"ita", padra, "acanga", "ac;a", cabe<;a, e /1
ceder da ta va-y·", rio da aldeia, o que nao
"aba", sufixo que indica local: o local da ca- parece provável.
bec;a de pedra. O m€smo autor sugere, a inda, "tagy" ou
TACARI - arroio, afl. do Piaf, na regiao de Ca- "tay", brac;o ou galho de rio, o furo, o canal.
xias do Sul. De " ita",. pedra, e "acari", cas- i: possível, porém, quase se trate de "tajy", ipe,
cudo ( peixe): pedras que tem cascudo. ou d.; "t2hyi ", variedade de formiga.
TAC IBA - arroio, afl. do arroio dos Ratos. De TAl!v\Bi: - povoado, na regiao de Novo Hambur-
"tassyba", variedada de formiga. go. TAIMBf:ZINHO - grande bo~oroca nos
Aparad~s da Serra. Corruptela de "itaimbé"
TACURU - banhado em Sao Gabriel. De "tacuru",
(V), de "itá", pedra, e "haimbé", fio, corte:
formigueiro, termiteiro em forma de montí-
pedra af:ada, cortante.
culo. • • TAIPUCA - arroio, afl. do rio Puita. Talvez de
TAGUA - arroio, afl. do Engenho Velho, na re- "tajy", ipe, -a "puca", fender-se, rachar: o
giao de Soledade, sanga em Sao Gabrk~ I. De ipe racha, o local do ipe fendido.
"taguá", argila colorida pelo óxido de fer- TAMANDAR!: - lagoa €m Jaguarao; lagoa em Cruz
ro variedade de barro amarelo. Termo cor- Alta; Almirante Tamandaré, localidade na re-
ren te no Estado de Sao Paulo, onde o taguá giao de Carazinho; localidade na vida férrea
é utilizado para a fabricac;ao da tijoletas ce- entre Carlos Barbosa e Bento Gonc;alves. De
ramicas para pisos. Tabatinga, vocábulo mais "tab-moinda-ré", aquele que fundou a aldeia,
generalizado, e o barro branca. segundo Batista Caetano.
TAIÁ - arroio, afl. do rio Pardo, na regiao d& TAMANDUÁ - arroio, afl. do Jaquiran'1, na re-
Soledade. De "tajá", raiz da "tajaoba", ou giao de Sobradinho; arroio, afl. do rio Pra-
tn ;oba. tos, na regiao de Santa Rosa; arroio, afl. do
- 160 -161-
11 • 11 11 ''

Basílio, na reg1ao de Piratini; arroio, afl. do "tapé", caminho, conduto, e 1ara , yara ,
Touros, na regiao de Bom Jesus; morro na dono, senhor: o dono dos caminhos, o co~he­
regiao de Torres; povoado na regiao da La- cedor dos caminhos, o vaqueano. É poss1vel,
jeado. "Tamanduá" é o nome indígena do entretanto, que provenha de "tapijara", ha-
conhecido comedor de formigas.
TAM.BACUARÉ - arroio, afl. do Vac2caí. De "ta- .. bitante, morador no lugar. A primeira in-
terpr·atac;ao parece preferível.
maquaré", nome indígena de urna variedada TAPERA - arroio, afl. do Pirassuce, na regiao de
de lagarto considerado pelas índias do Pará Passo Fundo; arroio, afl. da Sanga da Vár-
como ingrediente eficaz na composic;ao de zea, na regiao de Santa Maria; vila na regiao
filtros de amor. de Carazinho; arroio da. afl. do río dos Tou-
TAMARUPARÁ - (Ex-Pessegu·airo). arroio, afl. ros, na regiao de Bom Jesus; lagoa da..' na
do Comanda(, na riagiao de Santa Rosa. De regiao de Osório. Lagoa na regiao de Sao Jo-
"tambarú", "tamarú", crustáceo, "lagosta- sé no Norte; sanga, afl. do rio Vacacai; ar-
gafanhoto" (Squila prasinolienata), e "pará", roio na regiao de Gramado; Tapera do Mar-
o mar: o mar dos crustáceos, neme um tan- condes arroio na regiao de Sao Leopoldo. De
to pretensioso para um pequeno arroio ... "'taper~", aldeia extinta, casa ou aldeia_ aban-
TAMBORETA - arroio, afl. do Sampaio, na re- donada, ruína. De "taba", "tava" alde1a, po-
giao d3 Tupancireta. "Tamboreta" é palavra voado, e "puera", sufixo passado tupi,. ha-
híbrida do quechua" tambo", originalmente vendo queda da sílaba final do substantivo.
hospedaría, pousada, mas que, entre nós pas-
TAPEREÁ - arroio, all. do Jacuí. Talvez corrup-
sou ·a designar estábulo para orden ha de ga-
do leiteiro, e do guaraní "reta", t•arra, pá- tela de "apereá", pr·~á, roedor da família dos
Caviídeos; ou de "taperá ", andorinha-grande.
tria, regiao: a regiao dos tambos. 1: possfvel,
também, que se trate de corruptela de "ta- TAPES - cidade na margem ocidental da lagoa
moireta", terra dos ant·apassados, de "tamu- dos Patos. De "tape", etnonimo.
ya "' avo (tupi), "tamói, antepassado (gua- TAPIACU - arroio, afl. do Quaraí. Da "tapyi",
ra ni), e "reta". cabana, choc;a, e "ac;u", grande: a cabana
TANIMBú - arroio, afl. do Piaí, na regiao de grande.
Caxias do Sul. De "tanimbuca", "tanimbú",
cinza: o arroio das cinzas. TAPI RAPÉ - arroio, afl. do Forquetinha, na re-
TAPEJARA - arroio, formador do rio de mesmo giao de Lajeado. Da "tapira" inic_i,aln;~,nte ta-
neme, o qual é afl. do Pirassuce, na regiao de pir, anta, mais tarde boi, vaca, e ape , o ca-
Passo Fundo, e ida de na m·asma regiao. De minho: o caminho das antas, ou do gado.

- 162 - - 163 -
TAPIR f - arroio, afl. do rio Pardo. Do caribe TAQUAREMBÓ - arroio, afl. do Santa Maria; rio,
afl. do ' Gua~upi; arroio, afl. do lcamaqua;
11 11
tapirí
11
pEqu·a no palheiro próprio para ser-
,

vir de pouso em urna noitada ou para s~rvir povoado na via férrea Santa Maria - Mar-
11
de ligeiro abrigo, feito na mata e na borda dos celino Ramos. De tacuarembó" variedade
igarapés, como defesa contar o sol e contra a de cana ( Chusquea ramosissima); víme.
e h uva ... '' TAQUARI - rio, formado pela jun~ao do Carrei-
(A. Levy Cardoso, "Amerigenismos"). No- ro e do das Antas; rio, na regiao d~ Encan-
te-se a semelhan~a de tapirí" com o vocábulo 11
tado; cidade. TAQUARIANO - arroio, afl.
11 11
guaraní tapyi que tem mais ou menos o , do Jacuí, TAQUARI MIRIM - rio, afl. do Ta-
mesmo significado. quari; TAQUARIZINHO - arroio afl. do Ja-
TAPIXAVA - arroio, afl. do Po~o das Antas, na 11
guari. De "tacuara taquara, bambu, e "y",
,

regiao de i\t\ontenegro. De guaraní "tapichá", água, rio, o rio das taquaras. E: possível, tam-
companh3iro, e sufíxo indicativo de "lugar": bém - mas pouco provável - que se trate
o lugar dos companheiros. de "tacuaree", cana de assucar, e "y", água,
TAPUIRf - arroio, afl. do Jaguari. Do guarani rio: o rio des canaviais. Ou de "tacuari-y",
tapyi cabana, cho~a, e "y", água rio; o rio
11 11
, d~ "tacuarí", variedade de umbu (Gymnopo-
11 11
da cabana, tapyi-r-y • gon, spicatus, Kunt).
TAQUARA - arroio, afl. do Gravataí; arroio, afl. TAQUARICHIM - grafía incorreta, porém fre-
do Carreiro; arroio, afl. do Cadena, na regiao quente, de "Taquaranchim" {V).
de Santa Maria; arroio, afl. do Tuparendi, na
rEgiao de Santa Rosa. arroio, afl. do Pirati- TAQUARU<;U - arroio, afl. do Caranguejo, na re-
ni, na regiao de Miss6es; arroío, afl. do lbi~ " giao de Candelária: arroio, afl. do Pratos, na
cuí-Mirim; arroio, afl. do Paranhana; arroio, regiao de Santa Rosa; arroio, afl. do Tupa-
na regiao de Viamao; ilha no rio Uruguai; ci· rendi, na regiao de Santa Rosa; arroio, afl. do
da de a NE de Porto Alegre. TAQUARAL - Amandaú, ainda na regiao d~ Santa Rosa; ar-
arroio, afl. do Marupiara, na regiao de Pas- roio, afl. do rio da Várzea; vila na regiao de
so Fundo; povoado próximo a Sao Louren~o Frederico Westphalen. De "tacuaru~u", va-
11
do Sul. De tacuara", taquara, bambu. riedade de bambu.
TAQUARANCHIM - arroio, afl. do Guaracapá, na TARARÁ - arroio, afl. do Taquari. De "tarará",
regiao de Sao Luis Gonzaga; nome de dois ar- tremer, tiritar.
roios, ambos afluentes do río Toropi; vila na TARIBA - arroio, afl. do Piratini-m•.:nor. Tal-
regiao ch Jaguari. Do guaraní "tacuarati", va~ vez corruptela de "tassyba ", variedade de for-
riedade de bambu. m iga; mais provável, de "ita, pedra, e "yba",

- 164 - - 165 -
pé (de planta); "itá-r-yba", a planta da pe- TAÚ - arroio, afl. do Caruxá, na regiao de Osó-
dra, a árvore petrificada. rio, arroio, afl. do Ogaraití, na regiáo de Santa
TAROBÁ - arroio, afl. do Sutil, na regiáo de ... Rosa. De "taúba", "tau", duende, fantasma .
Encruzilhada. Do guarani "tarová", demen- TAÚA - arroio, afl. do Jacuf Mlirim. i= possível qu·a
te, louco. Saturnino Muniagurria, in "El seja "tauá", mal grafado; "tauá", ou 11 taguá"

guarani", grafa "tarobá", com a mesma sig- (V), é o barro amarelo.
nif ica~ao, e acrescenta "Por analogia se apli- TEAPUf - arroio, afl. do Grande, na regiao de
ca este nombre al caballo mal adiestrado, que Arroio Grande. Do guarani "tyapu", ruido
no atiende las indicaciones de quien lo 'mon- forte., estrépito, estrondo, e "y", água, rio:
11
ta • o rio do estroncio, o rio barulhanto.
TARUM.A. - arroio, afl. do lbicuí da Armada; san- TE<;ABA - arroio, afl. do Santa Maria. De Htes-
ga, afl. de arroio Laranjeira, na regiao de saba11, ólho vazado; torto.
Santa M,a ria; arroio, afl. do Tigre, na re- TEJU - arroio, afl. do Jaguari. De "teju#, "teyú•,
giao de Santa Rosa; arroio afl. do Santo lagarto.
Cristo, na regiao de Santa Rosa; arroio, afl. TEMBETÁ -- arroio, afl. do Jacuízinho. Do gua-
do Piquirí, na regiao de Santiago. De "ta- ra ni "tembetá", disco de metal, pedra ou os-
rumá", árvore (Vitex cymosa). so que os índios usam no lábio. Gon~alves
TATAPUINHA - arroio, afl. do Cambará, na r·a- Dias, in "Dicionário tupi", grafa "temetára",
11
giao de Cachoeira. "Tatapuinha é vocábulo qu·e diz ser "pedra que os Botocudos traziao
nhengatu, significando carvao de lenha. enfiada no bei~o".
TATINGA - arroio na r€giáo de Tupancireta. TEMBlú - arroio, afl. do Piratini. "TembiúN,
Talvez corruptela de "itá-tinga", de 11 itá", "tembi'ú", é a comida, o alimento.
11
pedra, e "tinga , branca: padras brancas. TIAPI RA - arroio, formador do Gua~upi. Gon-
Ou de "tatati", guaraní, o fogo branca, i. é, ~alves Dias dá "tyapyra" como se:ndo favo de
a fuma~a. mel; o Pe. Lemos Barbosa, in "Pequeno Vo-
TATU - arroio, afl. do Ja~aruaba, na regiao de cabulário Tupi-Portugues", traz "tiapyra
Santa Rosa. ~ o nome indígena do animal guia; o que vai a frenta; vanguarda". Jover
de nossos campos. Peralta, em seu "Ne'enguerirú avañe'é-carai-
~ TATUIM - arroio, afl. do Po~o das Antas, na ñe'é", gr.afa "tyapy", nascente de rio, o que, no
regiao de Montenegro. E: provável que se caso, parece S·&r a interpreta~ao adequada.
trate de "tatu-y", o rio dos tatus; Gon~alves TIARAJU - vila ao N de Sao Gabriel. Nome do
Di as, in "Dicionário de tupi", dá "tatuí - heroi indígana Sepé Tiara.ju. "Ali estava o
ralo ( inseto) ". morubixaba Sepé Tiaraju, o chefe dos suble-
- 166 - - 167 -
vados, chamando a si a aten~ao pela arrogan- ga do, afl. do rio Socorro. De "tujuca", "tu-
cia do porte e dos gestos" (Pe. Tcschauer, yú", o atoleiro; pantanoso, lodoso.
S. J.). Manoelito de Ornellas, em "Tiaraju", TIJUPÁ - arroio, afl. do Jacuí. De "tejupara",
int·3rpreta o nome da seguinte maneira "Os "teyupá ", cabana, cho~a, toldo.
padres, adivinhando as suas qualidades, ao
batizarem-no de José, deram-lhe o sobreno- TIMBAúVA - arroio, afl. do Amandaú; cerro na
me Tiaraju, mais expressivo, e mais erudito: reg lao d3 Santo Angelo; localidade prpxima a
Tiu, tiu, tinga - branco, alvo, claro; ara, a N~ontenegro; localidade na regiao de Santa
luz, o sol; jú - amarelo, áureo. Tiaraju: - Maria; Rincao do Timbaúva, localidade na
claridade de sol dourado". t possível, ·a ntre- regiao de Santo Angel o. "Timbaúva" é o ne-
tanto, que "Tiaraju" seja corruptela de "Ya- me indígena de urna árvor-a, Enterolobium
\ ra-yu", a lan~a do Senhor,de "iara" "yara", timbaúva. Provavelmente de "timbora",
~ f""-\. 1 don?~ ;enhor, e "ju", "yu", espinho, agulha, "timbó", fumegar, deitar fuma~a ou va-
~ ' ' -..\\ . . ag ~ ilnao. _ por, e "yba", pé de planta, árvore: a árvore
~~ TICUPf - arroie,-afl:-do da fuma~a, a árvor·a que produz fuma~a,
... Santa Cruz. Talvez de "ty" que, entre outras quando que imada.
("} 71~ sig~ifica~o~s, t~m ~ de r io, a_rroio, e (a~ TIMBORf - grafado também Timburí - arroio,
l ' ¡17 ) me10, semi: me10 no, quase no. afl. do rio das Antas. De "timbó", planta da
"'-.../ TIBIRf - arroio, afl. do Botucaraí. De "tubyra", famíl ia das Sapindáceas, e "y", água, rio:
"tybyra", pó, poeira, ·a "y", água, rio: o rio "timbó -r-y", o rio dos timbós. Ou de "timu~u",
da poeira? Jover Peralta dá "tyvyra" como • "tymbú", coleóptero, gorgulho, e "y": "tym-
tumba, túmulo; "tyvyr-y" seria o rio da bu-r-y", o r io dos gorgulhos. Timbu é, tam-
tumba, da sepultura. bém , o neme dado ao gambá no nordeste; é
\
TICUPí - arroio, afl. do Basilio, na regiao , possível que t" imbu-r-y" se ja o rio dos gam-
Erval. De "tycupy", tucupi, suco de man_,__ bás.
ca. TINGATú arrolo, afl. do rio Capigui, na re-
Tlt - arroio, afl. do Catucuxá, na regiao de Ca- giao de Passo Fundo. De "tinga", "tí", bran-
xias. "Tyé", tupi, significa caná,rio. Em gua- col, claro, cinzento, e "catu", que, pospostc
ra ni moderno a significa~ao é inteiramenta a um adjetivo, serve para formar o super-·
diversa: barriga, ventre, tripas. lativo. ·Sendo a sílada preced3nte nasal, "ca-
TIJUCO - povoado junto ao rio Pirassuce, na re- tu" também se nasaliza, "ngatu".: "ting-
giao de Passo Fundo. TIJUCO PRETO - san- ngatu", branquíssimo,, claríssimo.
- 168 - · e-- • •
- 169 -

I
TINGUACU - arroio, afl. do Caturete. "Tingua- TIPO! - arroio, afl. do Torrinhas, na regiao de
~u": além de ser o nome de urna estrela, é o /1
Pinheiro Machado. "Tipoia é africanismo,
/1
nome dado pelos tupis e guaranis a alma- • com a significa~ao de rede de dormir; pas-
de-gato", pássaro de nossos campos. sou ao guarani - "typói ", designando po-
TINGUí - arroio, afl. do Piratini através do ar- rém "camisa o túnica de mujer; túnica des-
roio Basílio. "Tinguy" é venano vegetal com ceñida de lienzo o a lgodón, s in mangas Y
que os índios entorpecem os peixes, para mais sin cuello" ( Jov3r Peralta).
facilmente apanhá-los. ~ um arbusto do nor- TIQUÁ - arroio, afl. do Jacuí. Do guarani "ty-
te do Brasil (Jaquinia tingui). cuá" deitar cu transvasar água ou qualquer
TINGUITi= - arroio, afl. do Taquarí. De "tinguy", outr~ líquido em um recipient-3; é, també~,
veneno vegetal para ·antorpecer peixes, e "eté", nome de urna bebida preparada com fari-
legítimo, ver'.dadeiro, genuíno: o verdadeiro nha de mandioca, mel e água. Tratando-se
tinguí. da um afluente de rio, a primeira significa~ao
TIPIAIA - arroio, afl. do rio lvaf. Provavelmen- parece ser adequada.
t•a derivado de "typy", fundo, profundo (em TJQUÍ - sanga, formadora do arroio Telho, na. re-
rela~ao a água) . giao de Erval. De "tyquyra", "tyquy", gote1ar,
destilar; gota, goteira.
TI Pió - arroio, afl. do rio dos Sinos. De "ty-
TI RICA - arroio, afl. do rio dos Sinos; sanga, afl.
pyoca ",fécula da mandioca. do arroio Sao Sepé; arroio, afl. do Carccol, na
11 11
TIPIQUA - sanga, afl. do Jaguar( Grande. De regiao de Taquara. De "tyryryca", ty:yry ,

"typy", profundidade, e "cuara", cua "co- 11 11


, • arrastar-se, ir de rastro, afastar-se, desv1ar-s-e.
va, buraco. TOBAPINA - arro lo, afl. do Delardino, na regiao
/1

TIPITÍ - sanga, afl. do arroio Sao Sepé, na re- de Caxias. Provavelmente do guarani tovapi-
11
giáo de Sao Sepé. De typyti", /1
o tipiti dos ní11, rosto tatuado, com manchas.
tupis, isto é, o cesto de palha tran~ada, on- TORÍ - arroio, afl. do Butiá ,na regiáo de Soleda-
/1 /1
de se espreme a mandioca (A. L•avy Car- de. De toryba ", forma tupi,
/1
tory", forma
pe~a cilíndrica de
11
doso, "Amerigenismos ), guarani. alegre, feliz; alegria, felicidade.
talas de palmeira, em que se meN~ a man- 11
TORIBA - arroio, zfl. do Piratiní. V. t:>rí:' . .
dioca ou outra substancia de que se quer TOROPI - r io que, juntamente ccm o lb 1cu1 M1-
extrair caldo; por analogia, aperto, entala- rim, forma o lbicuí; vila na regiao de Tupan-
~ao, embara~o, negócio difícil, do qual nao ciretá; TOROPI MIRIM - rio, afl. do Toro-
se poda sair com vantagem. pi. Th3odoro Sampa lo, in "I nterpreta~ao de
- 170 - •> - 171 -

'
alguns nemes tupis usados na geografía na- rira"; é o conhecido paixe comum em lagoas
cional (Rio Grande do Sul"), diz ser corrup- e águas pouco profundas.
tela de "tororoipy", de "tororó-y-py", rio TRAMANDAf - lagoa na regiao de Osório; barra,
d'água sussurrante. J. Borges Fortes dá como que liga essa lagoa ao Oceano Atlantico; rio
"toro-pé-y", do espanhol "toro", e tupi "pé", que liga a lagoa das Pombas com a de Tra-
o caminho, e "y" água, rio: o rio do cami- mandaf; cidade junto a barra do mesmo ne-
nho do touro. Entretanto, pareca tratar-se me. J. Borges Fortes d iz provir de "tará-
de um hibridismo: "toro", espanhol e "pi- manda-y", rio dos f.3ixes de milho, ou de "ta-
ra", "pi", pele, couro, o couro de vaca. manda-y11, rio dos meandros, rio sinuoso.
TOROQUÁ - vila na regiao de Sao Francisco de Theodoro Sampaio opta por "taramandaú",
Assis, chamada anteriormente Vila Farroupi- "tará-manda-y", que interpreta como rio do
lha. Torcquá é palavra híbrida do espanhol, rodeador, ou Jugar onde se cerca para colher
"toro", touro, e "caá", erva mato, folha: a ou prender.
erva dos touros, nome de urna planta medici- TUBANGÁ - arroio, afl. do Grande, na regiao de
11
nal {Pteurocaulon polystachyum, DC. ), as- Erval. "Tubangá , "tuvangá" é a dasigna-
sim chamada por ser muito apetecida .pelo ~ao guarani do padastro, do padrinho, ou do
gado vacum. pa i adot ivo.
TUBANTUBA - localidade na via férrea Santia-
TOROTAMA - ilha na lagoa dos Patos, próxima a go do Boqueirao - Sao Luiz. Talvez de "tu'á",
Rio Grande; povoado na ilha. De "toro", es- copa de árvore, e "tyba 11 , sufixo abundancial,
panhol, touro e "retama", terra, pátria, re-
giao: a regiao dos touros. Theodoro Sampaio
.. quantidade, multidao; multidao de copas de
árvores, arvoredo.
propóa também "turetama", terra das que- TUCANOS - arroio, afl. do rio dos Sinos, na re-
das {de "itu", queda d'água, e retama). giao de Taquara. Tuca no é corruptela "civi-
Trata-se, entretanto, de urna ilha que pouco /1 11
lizada" de tuca na "tuca", nemes indígenas
,
se eleva sobre o nível das águas, nao sendo do pássaro de grande bico, da família dos
sequ·3r possível a existencia de quedas d'água. Ranfastídeos.
Parece, também, que na ilha há, ou havia, TUCUM - llha do, na lagoa da Pinguela, no lito-
matadouro de gado, o que justificaria plenC!· ral, junto a Osório. De 11 tucO", variedade de
mente a primeira interpreta~ao. palmeira, de fruto comestível.
TRAfRAS - arroio, das, afl. do Jacuf, na ilha das TUCUNDUVA - arroio, afl. do Santa Rosa, na
Flores; arroio das, afl. do rio Carreiro. Traira regiao missioneira; vila na mesma regiao. De
é corruptela da palavra tupi "taraira", "tara- 11 tuc0 11 , variedade de palm·eira, de fruto co-

- 172 - -173 -

... /
~
mestível, e "tyba", sufixo abundancia!, quan· localidade na reg1ao de Cruz Alta; idem, na
tidade, multidao: grande quantidade d3 pal- reg iao de Santo Ángelo; Tunas, arroio das,
meiras. na regiao de Sol·:;dade; povoado na niesma
regiao; Tuninhas, arroio, afl. do Santa Rosa.
TUCURA - sanga, afl. do arroio. Cambará, na re- Tuna é nome comum a várias cactáceas. Em-
\ giao de St ntiago do Boqueirao. • bora o vocábulo figure no Dicionário guara-
"Tucura", entre os índios tupis, é o gafanhoto; ni-espanhol de Jover Peralta, há possibilida-
11
"abaré tu cura padre-gafanhoto, era o nome
,
de da palavra ser de origem africana.
que "os indíg::nas davao aos frades de Santo TUPÁ - rio, afl. do Segredo, na r·agíao de Vaca-
Antonio por terem o capuz a similhan<;a de ria. Na teogonia tupi e guaraní, Tupa é o
11
um gafanhoto (Gon<;alves Dias, "Dicionário deus do trovao e do raio. A no~ao de Tupa
de tupi"). como ser supremo, deus único, é devida aos
TUIUQUÁ - arroio, afl l. do río Piracupiá. De "tu- m issionários; para o índio, Tupa era um deus
juca", "tuyú ' ', b arro, e '' cuara '' , '' cua, , b ura- 11 menor, nem sequ•3r citado por Couto de Ma-
co, cova, caverna: a cova do barro. A palavra galhaes, quando escreve "O sistema geral de
passou ao portugues do Brasil, modificada pa- teogonia tupi parece ser este: Exist·am tres
ra tijuco, ou tijuca, e c.o m a significa<;ao de deuses superiores: o Sol, que é o criador de
lameiro, atoleiro. todos os viventes; a Lua, que é a criadora de
" ' ;J .
todos os vagetais; e Perudá ou Rudá, o deus
TUIUTI - localidade ao N de B·:;nto Gon<;alves. De do amor, encarregado de promover a repro-
11 11 11 11 11
"tu¡ u ca tuyú barro, e tinga "ti", bran-
, , ,
du<;ao dos seres criados ... Cada um deles é
ca: o barro branco. servido por tantos outros deuses, quantos
TUJÁ - arroio, afl. do ltacurubi, na regiao de eram os generas admitidos pelos índios; es-
Sao Borja. Do tupi "tujabae", guarani "tuyá", tas por sua vez eram servidos por outros tan-
velho (substantivo; designa apenas o varao). tos seres quantas eram as espécies que eles
.
recen hec1am ...
/1

TUM.Uc;AVA - !ajeado, afl. do rio Carreiro. Do TUPAMBAÍ - arroio, afl. do Acangupá. De tu- /1

11
guarani tyma<;a", correia curta e forte de cau- 11
pa baé esmola, socorro, ajuda; literalmente,
,

ro cru qu·3 usa o domador de cava los. causa de D::us. V "tupa".


TUNA - sanga da, afl. do arroio Garupá; sanga TUPANCI - arroio, afl. do Vacacaí Da "tupa",
da, afl. do· Mata ólho, na regiao de Quaraí; Deus, e "cy", mae, origem: a mae de Deus.
cerro da, na regiao de Rosário; Tunas, locali- Sobre a significa~ao primitiva de "tupa", ve-
dade próxima a Rosário; Rincao das tunas, ja essa palavra. (.

- 174 - • - 175 -

.
, •
Cincoentenário, ou Belo Centro. De "tupa",
TUPANCI RETA - sanga, afl. do arroio Caran- Deus, e "tendyra", tupi, "teindí", ou "rendí",
guejo, na regiao de Santa Maria; cidade e mu-
guaraní, irma ou prima (para o homem; a
nicípio, ao S de Cruz Alta. De "tupa", Deus,
mulhar chama a irmá de "tyquera", "tyqué"),
"cy", mae, origem, e r-.:tama", "reta", terra,
a irmá de Deus. V. "tupa" .
pátria, regiao: a terra da mae de· Deus. Má-
rio Calvet Fagundes, in "Vida e Obra de Sou-
• TUPAROCA - (ex-Boa Vista) - arroio, afl. do
za Docca", atribui ao s·.=u biografado as se- Camaqua. De "tupa", Deus, e "oca", "oga",
guintes palavras: "Menos aceitável é a lenda casa; "tupa-r-oca", a casa de Deus, igreja.
que 2tribui a origem do nome em apre~o, a V . "t upa_,, . -

esta frase, pronunciada por um companheiro TUP!: - arroio, afl. do Castelhano, na regiao de
do frances Beauvalet, ao s·a despedir deste, Lageado. De "tupé", baixo de ·astatura.
quando ali ficou, naquela lccalidade, que es- TUPI - arroio, afl. do Taquari; Tupi Silveira, lo-
colhera para sua residencia: "tu y passeras le calidade ao S de Bagé. De "tupi", etnonimo.
tcmps", e que teria sido recolhida por um "Grande na~ao de índios da América do Sul;
p 3ao que os acompanhava, e que, por igno- urna das quatro principais famílias lingüísti-
ranc ia da língua francesa, tomou a frase, co- cas do Brasi 1... /. . . Língua-geral falacia até
mo sendo o nome do lugar, e a r·.:petia fone· ao século XIX no litoral do Brasil e ainda ho-
ticamente: tupanciretan, como se lhe afigura- je no Am azonas, com o nome de nhaengatu"
va fora pronunciada. t urna simples invencio- (Ene. Bras. Mérito).
nice isto". V. "tupa".
TUPINAMBÁ - lccalidade entre Veranópolis e La-
TUPANDI - vila na regiao d.: Sao · Sebastiao do goa Vermelha. Etnonimo.
Caí. Provavelmente de "tupa", Deus, e "ndy",
TURU<;U - arroio, afl. do Sao Gon~alo. De "tu-
chama, luz: a luz de Deus. V. "Tupa".
russu ", grosso e roli~o; grande.
TUPARAí - locplidade entre ltaqui e Sao Borja.
TURUMA - sanga, afl. do Vacacaí, na regi§o de
De "tupa", Deus, ·a "ta'y", "ra'y" .filho; o fi.
Sao Sapé. "Turuma" é "certa árvore silves-
lho de Deus. t possível, também, interpre-
tre (Ene. Bras. Mérito). O vocábulo nao
tar como "o' dente de Deus", de "tupa-rai";
figura nos vocabulários consultados; talvez
mas tal interpreta~ao exigiria a existencia de
seja apenas corruptela de "taruma" (V.).
pico alcantilado na regiao. V. "tupa".
TUTINGA - arroio, formador do lnhacapetum,
TUPARENDI - rio, afl. do Santo Cristo, denomi- na regiao de Santiago. Provavelmente cor-
nado anteriormente Laje Grande; cidade ao ruptela de "ytu-tinga", a cachoeira branca.
N de Santa Rosa, denominada anteriorment-a
- 177 -
-176-
TUUNA - arroio, afl. do Sao Gonc;alo. ~ possí-
val que se trate de "ty" que, entre outras sig-
nificac;oes, tem a de rio, arroio, e "una", pre--
to, escuro, negro: arroio escuro. Ou de "tu-
juco", "tuyú", barro, atoleiro, e "una", bar-
ro, ou atoleiro, preto. Ou, a inda, de "ytu-
una ", o salto negro (V. Tutinga).
"''
TUXAVA - arroio,· afl. do Dorn~lles, na regiao
de Viamao. De "tuxava", "tuxaua" morubi-
chaba, chefe; é também o nome de urna plan-
ta da família das Flacurtiáceas ( Laetia pro-
cera, Poepp).

UQUABOI - arroio, afl. do lbicuí. De "ycuara",


"ycuá", poc;o, manancial, fonte, e "mboia",
"mboi", cobra: "ycuá-boi", cobra de poc;o ou,
mais provávelm·a nte, poc;o que tem cobras.
UBIRETAMA - vila na regiáo de Cerro Largo, so-
br·a o rio Comandaí. De "yby", "yvy" terra, e
"retama", "reta", pátria, lugar, regiao: o lu-
gar da terra.
UMBú - arroio, afl. do rio da Várzea; córrego,
áfl. do rio CarreirÓ; arroio, formador do ar-
roio · dal Rei, na regiao de Santa Vitória do
Palmar; arroio, tributário da lagoa Mirim, na
regiao de Santa Vitória do Palmar; arroio do
afl. do lbicuí; vila na regiao de Cacequi; Fa-
- 178 - - 179 -
zenda Umbú, localidade ao S de Rosário. De URUCUTAf - ( Urucataí, segundo a Revista do
"umbu ", "ombú" nome indígena de duas ár- 1nstituto Histórico ·a Geográfico do Rio Gran-
vores. No sul, o umbú é a Phytolaca dioica, de do Sul). arroio, afl. do rio Uruguai, ao N
L. O. umbu do norte é a Spondias tuberosa, de Sao Borja. De "urucu", nome de um ar-
Arr. Camara. busto da família das Bixácaes ( Bixa or·allana,
UMBUf - arroio, afl. do Acangupá. Da "umbú", L), que fornece matéria corante com a qual
(V. e "y", água, rio: o rio do umbu. os índios pintam o corpo, com finalidade nao
UPACARAf - arroio, formador do rio lbicuf. lo- só decorativa como, também, para se prote-
calidade entre Livramento e D. Pedrito. De gerem do sol - a bixina, matéria corante do
"upaba", "ypá", lago, lagoa, e "caraíba", "ca- urucu, atua contra os raios ultravioleta - e
raí", sagrado, bento: lago bendito, lago sa- para afugentar·.=m es mosquitos; e "ta'yí", se-
grado. mente, germem: a semente do urucu. Ou dé
"urucu e tayí canal, bra~o da rio: o ar-
/1 /1 11
UPAMAROTI - arroio, afl. do lbicuf da Armada; ,

localidade próxima a anterior, também entre roio dos urucus.


Livram·anto e D. Pedrito. De "upaba", "ypá", URUDEBA - localidade a SE de Cruz Alta, próxi-
11
lago, lagoa, e "moroti de "cor" branca: o
,
ma ao rio Jacuí. Talvez corruptella de "uru-
lago branco. /1
tyba ", de u ru ", ave (V), e tyba ", sufixo /1

UPAREÁ - lagoa na regiao de Osório. De "upa-


11 abundancia!, quantidade, multidao de urus.
ba", ypá", lago, lagoa, e "aruá", guarani,
quieto, pacífico: lagoa tranquila. URUGUAI - rio, forma a divisa ·antre os Estados
URú - arroio, afl. do rio Santa Rosa. Uru" é 11
de ' Santa · Catarina e do Rio Grande do Sul, e
urna ave, galinha silvestre (Odontophorus ca- a fronteira entre este Estado e a república Ar-
pueira capueira, Spix). gentina: arroio, afl. do arroio Carazinho, na
URUBU - arroio em Palmeira. De "urubú", ave regiáo de Vacaria; serra nas vert·antes do
da família dos Catartídeos. arroio do Toldo, na regiao de Getúlio Var-
URUBUCARú - arroio, afl. do ljuf; serra a mar- gas. De "uruguá", caracol, e y água, rio: 11 11
,

gem do arroio de mesmo nome; Urubucaruzi- o rio dos caracóis. Jover Peralta, prefer·a:
11 11 11 11
nho, arroio, afl. do Urubucarú. De urubu", 11
"uru-guá-y", de uru ave (V), guá pro- , 1

ave da familia dos Catartídeos, e caru co- 11 1


', cedencia, lugar, e y água, rio: rio da re-
11 11
,
11
mida, alimento: o alimento dos urubus. giao dos u rus. Batista Caetano dá Yruguai",
URUCÁ - arroio, afl. do Cara~a, na regiao de En- rio do canal.
11 11
cruzilhada. De uru ave (V), e "caáH, erva,
, URUGUAIANA - cidade sobre o rio Uruguai. De-
11 11
mato, folha: o mato dos u rus. rivado de uruguai (V).

- 180 - - 181 ·-
URUPi= - sanga, afl . do arroio Maricá, na reg1ao
De Ca~apava. "Urupé é urna variedade de
cogumelo.
URUPU - arroio, afl. do 1juizinho; povoado na
regiao de Cruz Alta, a margem da via férrea;
Urupu Mirim, arroio, afl. do Urupu; Urupuzi-
nho, arroio, afl. do Urupu Mirim. Talvez de
"uru", ave (V) . e "pu", barulho, estroncio,
som: o ruído dos uri.Js. J. Borges Fortes da
"uru-hu", que int•arpreta como "onde co-
mem os urus " .
URUQUÁ - arroio, afl. do ljuí. De "uru", ave,
e" cuara", "cuá", cova, buraco, greta: a cova
dos u rus.
URUPÁ - arroio em Cruz Alta. De "uru-poaba",
o menor dos u rus, segundo J. B. Fortes.
URUS - ilha dos, no rio Uruguai. De "uru", ave.
URUTAú - arroio na regiao de Taquara. l: o ne-
me de um pássaro da familia dos Capri mul-
g,daos ( Nyctibius griseus cornutus, Vieill).
VACACAf - rio, afl. do Jacuí; arroio, afl. do
lbirocaí, na regiao de Alegrete; vila na regiao
de Sao Gabriel; Vacacaí Mirim, rio, afl. do
Jacu í na reg iao de Santa Maria . Geralmente
considerado topónimo híbrido do espanhol
"ve.ca", ·a do tupi (e guarani) "caá", erva, ma-
to, f6lha, e "y", água, rio: río do mato das
vacas. J. Borges Fortes dá "ybá-cacá i-y", de
"ybá", "yvá", fruta, "cacái", variedade de
gaviao, e "y", água, rio: rio do gaviao das fru-
tas. Ainda menos provável, porém mais ...
curiosa, é a interpreta~ao do Pe. Gay: rio do
excrem:anto das vacas.
to • - 183 ~
- 182 -
Urna carta espanhola, desenhada em 1758, e VAf - arroio, afl. do Piratiní, na regiao de Sao
ex istente no Arquivo Histórico do Estado, e na
Lu iz Go nzaga. De "vaí", guarani feio, mau,
qual o r io figura com o nome de "Guacacay",
tendo como afluentes o "Guacacay-mirim" e o inútil, prejudicial?
"Guacacay-cairaguá", leva o dr. Paulo Xavier
VIAM:AO - cidade e municipio próximo a Por-
a discordar do suposto hibridismo·; segundo
11 to Alegre. Consta haver Aurélio Porto, des-
ele o topónimo seria decomposto em guá-
prezando a etimologia "vi-a-mao", dado este
caá-ca'i-y", de "guá", seio, vale, "caá", erva,
topónimo como corruptela de "yby-a-monte",
mato, folha, "ca'i", variedade da macaco, e
hibridismo com a significac;ao de "para além
"y", água, rio: o rio do mato do vale que
do monte".
tem macacos.
Outras interpretac;óes sao, entretanto, possí- VI RARIPÁ - arroio, afl. do Ogaratim. Provavel-
veis: "guacá-caá-y", de "guacá", gaivota para mente corruptela de "viravirá", planta m a-1

os tupis, urna variedade de papagaio para os dicinal ( Gnaphalium).


guara n is; "caá", •arva, mato, folha, e "y", água,
rio: o rio do mato dos papagaios. Ou, a inda, VOTOURO - aldeiamento indígena na regiao de
"guá-caca'i-y", rio do mato dos gavióes. Passo Fundo. J. Borges Fortes diz provir de
VACACAIQUÁ - arro io, afl. do arroio Upacaraí. "ybytyra", "yvyty", monte O vocábulo, entre-
De "vaca", espanhol ou portugues, "y", água, tanto, nao é tupi, ·a sim caingangue. Herbert
rio, e "cuara", "cuá", cova, buraco, gruta: o Baldus, em "Ensa ios de Etnologia Brasileira",
buraco de água (ac;ude?) das vacas. ao se referir aos caingangue de Palmas, diz: "A
VACAQUÁ - arroio, afl. do lbicuí da Armada; Tribo divide.se em duas "metades" exógamas
localidade próxima a fronteira com o Uru- e patrilinaais, das quais cada urna está, por
gua i, a SO de D. Pedrito. De "vaca", portu- sua vez, dividida em deis grupos, de caracte-
gues, e "c2á ", erva, mato, folha: o mato das rizac;ao social diferente. As designac;óes Kad-
vacas, ou o pasto das vacas. Ou, ma is pro- nyerú, Kamé ·a Votoro, usadas, as vezes na li-
, 1m•ante, de vaca e cuara , cua , CO·
vave 11 11 11 11 11 11

teratura, como nemes de tribos, sao as deno-


va, buraco, gruta: a caverna das vacas. minac;óes de tres desses quatro grupos;, o
VACARAf - arroio, afl. do Velhaco, na regiao de quarto grupo é chamado Aniky". E mais a-
Tapes. Híbrido de "vaca", portugues, e "tay. diante: "Os grupos duma das "metades" cha-
ra", "ta'y", "ra'y", filho: filho da vaca, ternei· mam-se Votoro e Kadnyerú, os da outra Ani-
ro, be:zerro que se encontra no vantre da va· ky e Kamé ... A significac;ao dos quatro no-
ca e. batida para consumo; nonato. m·as é desconhecida".
- 184 - -185-
XARÁ - arroio. afl. do lpip6, na regiao de Ca-
~apava; arroio, afl. do dos Ferreiros, na re-
giao de Gravataí. A. Levy Cardoso, in ''Ame-
rigenismos", escreve: "O vocábulo (tocaio),
que é, realment·;, um amerigenismo, sendo
' sinónimo dos tupinismos chera, na Amazonia
e chará, no sul do país ... " Os vocabulários
consultados nao consignam "Chará", ou
"chera", com a significa~ao apontada. t pro-
vável que chará, ou xará, seja corruptela de
"cher•ara" ( cherera, meu neme). Por out ro
lado, em guarani "chará" significa desgre-
nhado; no Rio Grande do Sul dá-se esse no-
me, xará, EO cava lo de pelo crespo.
- 187 -


XAXIM - arroio, afl. do Taruma, na regiao de
Santa Rcsa; arroio, afl. do Tres Passos, na - BIBLIOGRAFIA -
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J
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1nstituto Histórico e Geográfico para o nome do Rio Grande do Sul"
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grafía riograndens 3JI
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Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai


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