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ÍNDICE .....................................................................................................................................................2
OBJETIVOS DO CURSO .........................................................................................................................3
Objetivo Geral .......................................................................................................................................3
Objetivos Específicos ...........................................................................................................................3
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS ..........................................................................................................4
Módulo III - Roteiros Temáticos de Género: Abordagem Social e Jurídica………………………4
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................5
1- Dimensão Pessoal e Familia................................................................................................................6
2- Dimensão Profissional……………………………..…………………………………………………………7
3- Conciliação entre a vida Profissional, Familiar e Pessoal.................................................................10
4- Democracia Paritária – poder político e tomada de decisão….........................................................17
5- Violência de Género…..................................................................................................................…18
6- Saúde, Direitos sexuais e reprodutivos….........................................................................................24
6.1- Definição de Saúde Reprodutiva e de Saúde Sexual............................................................……24
7- Mainstreaming de Género e ações positivas…...........................................................................….30
CONCLUSÃO.......................................................................................................................................34
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS……………………………………………………………………………..35
Objetivo Geral
Dotar as formandas e formandos de competências para a promoção, atualização e aperfeiçoamento de
técnicas no âmbito da igualdade de mulheres e homens, com vista à adequação e enriquecimento da
sua prática profissional, enquanto agentes de multiplicação de aprendizagens.
Objetivos Específicos
Identificar a abordagem social e jurídica da participação equilibrada das mulheres e dos homens na
atividade profissional, na vida familiar e nos processos de decisão.
2- Dimensão Profissional
5- Violência de Género
A partir da problemática das desigualdades sociais e da análise de classes, e tomando a Europa como
referente de observação sociológica, será desenvolvida uma abordagem teórica, problemática e empírica
do fenómeno social complexo e integrado que constitui a ação coletiva.
A igualdade de género (em termos sociais, económicos, políticos, cívicos e culturais) é um princípio de
justiça social e um alicerce da democracia. Estando este princípio reconhecido formalmente, ao nível
jurídico, verifica-se, contudo, a persistência de situações de desigualdade e de assimetrias na situação
comparada de homens e mulheres, a nível europeu, nacional e local. Refira-se a título de exemplo: a
permanência de diferenças de rendimento entre homens e mulheres; a sub-representação feminina nos
órgãos de decisão política e económica; a sobre representação das mulheres nos grupos populacionais
mais pobres; a segmentação do mercado de trabalho com profissões e setores de atividade fortemente
masculinizados ou feminizados; a menor participação dos homens na esfera familiar face às mulheres
(ao nível das tarefas domésticas e do cuidado a pessoas dependentes); as menores taxas de atividade
e de emprego femininas face às masculinas; a recente sub-representação dos homens nos níveis de
instrução superior; etc.
Todas as sociedades estão organizadas em torno de um contrato social implícito. Durante milhares de
anos a sociedade esteve organizada em torno de uma divisão rígida de papéis sociais: às mulheres cabia
ficar em casa, cuidar das crianças, dos idosos e dos doentes e fazer todo o trabalho doméstico. Aos
homens cabia garantir o sustento, ser o ganha-pão do núcleo familiar. Assim sendo, os homens
concentravam-se no trabalho fora de casa porque as mulheres encarregavam-se de todos os trabalhos
do lar.
O modelo de dominação masculina nas várias esferas da vida em sociedade: económica, cultural, etc.
levou a que durante um longo período as mulheres tivessem um valor social inferior ao dos homens.
Ao longo do séc. XX e, particularmente, nas últimas décadas, a conquista do direito de voto por parte
das mulheres, a sua crescente participação no mercado de trabalho e o acesso à contracepção que lhes
permite controlar o nº de filhos tem vindo a mudar aos poucos, este contrato social implícito: as mulheres
não querem mais ser relegadas para a esfera privada. A luta pelos direitos e a evolução da sociedade
denunciou e caducou este contrato.
Se as relações de género mudaram muito nos últimos 30 anos, os estereótipos e a clássica divisão de
tarefas ainda estão muito vivos entre os jovens casais. Uma das dificuldades encontradas hoje em dia,
é a de conciliar as suas vidas familiar e profissional devido à persistente distribuição desigual de tarefas
na sociedade e em casa. A responsabilidade pelo cuidado de filhos menores ainda constitui um obstáculo
à plena participação e progresso das mulheres no mercado de trabalho e na vida pública. Há um
desequilíbrio de género em toda a abordagem à assistência, com o pressuposto persistente de que os
cuidados são da responsabilidade da mulher. A grande maioria das famílias monoparentais é composta
por mulheres (9 em cada 10) representando cerca de 10% dos lares da Europa.
São as mulheres que em 2010 asseguram maioritariamente as faltas para assistência a filhos,
representando 91,3% dos beneficiários, sendo expressiva a diferença quando compramos com números
masculinos.
Não podemos esquecer que o Papel Conjugal consiste num “conjunto estruturado de normas de
comportamento, ligado a uma dada posição num sistema de Interacções” (In Manual de formação em
Igualdade de Oportunidades).
2.Dimensão Profissional
As mulheres sempre estiveram no mercado de trabalho formal ou informal, renumerado ou não
renumerado.
“A elevada participação feminina no mercado de trabalho nacional terá sido impulsionada por factores
político-sociais mas hoje é fruto da necessidade de sustento das famílias como de uma atitude positiva
das mulheres para quem o trabalho surge como a fonte de sociabilidades, produtor de identidade social
e indespensável, não só para a melhoria das condições de vida da família, mas como forma de aumentar
o poder negocial no interior da relação conjugal” Anália Torres
Em 2010 a população activa não se afastou significativamente do nível do ano precedente, tendo
estabilizado a taxa de actividade em 52.5%, contrariando assim a tendência de aumento verificada entre
1999 e 2008. Para o crescimento desde 1998 contribuiu principalmente o aumento da população feminina
no mercado de trabalho, possivelmente o adiamento da entrada na reforma e a dinâmica dos fluxos
migratórios, ainda que tais impactos se tenham atenuado nos anos mais recentes.
A participação da mulher portuguesa no mercado de trabalho é das mais elevadas no contexto da União
Europeia. Em 2008, a taxa de atividade das mulheres residentes em Portugal era apenas superada pelas
taxas da Suécia, Dinamarca, Holanda e Finlândia.
Em 2009, 16,4% das mulheres trabalhavam em tempo parcial, uma proporção mais do que duas vezes
superior à dos homens. Comparativamente a 1998, quando a duração de trabalho a tempo parcial quase
triplicava a observada nos homens, baixou 0,7 pontos percentuais.
Em 2009, a taxa de desemprego dos jovens (15-24 anos) ascendia a 21,6% nas mulheres e a 18,7% nos
homens contra, respetivamente, 12,9% e 8,2%, em 1998. O desemprego nos jovens acompanha a
tendência geral em alta, com valores acima da média nacional registada (10,2% para as mulheres e 8,9%
para os homens em 2009), sendo a desigualdade de género mais acentuada nos jovens.
A taxa de desemprego em 2010 foi de 10.8%, a taxa mais elevada desde o início da série, em 1998. Este
aumento traduziu-se num agravamento generalizado da taxa de desemprego das categorias
consideradas. A taxa de desemprego dos homens foi de 9.8% e a das mulheres atingiu 11.9%.
Entre 1998 e 2009, o número de adolescentes (15-19 anos) que não trabalha ou estuda passou de 32,4
milhares para 16,6 milhares, no caso das mulheres e de 27,9 milhares para 22,1 milhares no caso dos
homens. Desde 2002 que o número de mulheres adolescentes que não trabalha ou estuda deixou de
exceder os homens na mesma situação. A taxa média anual de decréscimo desta população jovem
situou-se em 2,0% e 5,0%, respetivamente, para os homens e para as mulheres.
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Em 2008, 18% dos homens encontravam-se em risco de pobreza, valor que sobe para 19% nas
mulheres. Os níveis agravam-se se a taxa for calculada antes das transferências sociais. O impacto das
transferências sociais (em sentido estrito, i.e., excluindo pensões) na redução da taxa de risco de pobreza
foi de 6 pontos percentuais. A taxa diminuiu, entre 2004 e 2008, tanto para homens como para mulheres
quer seja calculada antes ou após as transferências sociais, sendo o decréscimo mais forte nas mulheres
(3 p. p.).
Em 2008, o número de beneficiárias de Rendimento Social de Inserção situava-se em 225 944 contra
193 465 beneficiários, valores que duplicaram face a 2005. No período observado o acréscimo nas
mulheres foi superior em 4 pontos percentuais.
Apesar da diminuição do risco de pobreza, tendência que se verifica em toda a população, são as
mulheres que estão mais exposta a este flagelo, sobretudo nas mulheres com 65 e mais anos, a pobreza
das mulheres idosas é de 23.5% comparativamente aos 17.9% da restante população.
A nível educacional, deparamo-nos com uma caracterização algo extrema, são as mulheres que maiores
valores apresentam, quando analisamos taxas sem qualquer escolaridade, valor para o qual contribuem
sobretudo as mulheres com 65 e mais anos, este valor é superior ao verificado para a restante população
(10.6%).
No entanto no que refere ao ensino superior completo, são as mulheres que ocupam o lugar de destaque
relativamente à restante população, verificando-se que aproximadamente um quinto das mulheres do
grupo etário 25-64 anos (19.9%), em idade activa, tinha escolaridade completa. É também na população
feminina
que se observam taxas menores de abandono escolar e maior frequência do ensino secundário e
doutoramentos.
Ou seja, apesar de assistirmos em Portugal ao discurso corrente de que as jovens do sexo feminino
estão em maior número (do que os jovens do sexo masculino) nas escolas e nas universidades,
sugerindo que o seu número e o seu sucesso indicam uma “tomada de poder” das mulheres num futuro
próximo, esta premissa não tem em conta a realidade social que mostra dados divergentes. É difícil de
compreender e aceitar a razão pela qual as mulheres estando há tantos anos a ser mais bem-sucedidas
a nível escolar, a sua presença ainda não se faz sentir claramente no emprego e nas altas esferas onde
o poder (económico/político) se exerce.
• Segregação profissional;
• Poder de negociação;
Interessa também destacar a dificuldade feminina de conciliar a vida profissional, familiar e pessoal,
destacando-se ainda um Portugal marcado por uma cultura limitativa relativa ao papel social e familiar
da mulher. O acompanhamento parental, quer nos primeiros meses de vida das crianças, quer em
situações de adopção e assistência, é ainda maioritariamente assegurado pelas mulheres. São as
mulheres quem mais recorre a licenças de parentalidade, adopção, assistência a menores e a filhos com
deficiência ou doença crónica. São as mulheres que em 2010 asseguram maioritariamente as faltas para
assistência a filhos, representando 91.3% dos beneficiários. No entanto, a percentagem de cuidados
prestados por homens quase duplicou face a 1999 (6,0% em 2008 contra 3,1% em 1999).
Em 2008, os homens beneficiaram de 229 637 dias de licença de paternidade de cinco dias (Código de
Trabalho, Lei nº. 99/2003, Artº. 36, nº. 1), o que representa um crescimento de 50,4% face a 2004.
Interessa também destacar a dificuldade feminina de conciliar a vida profissional, familiar e pessoal, uma
vez que as mulheres dedicam mais 3 horas por dia do que os homens ao trabalho doméstico e cuidados
à família, embora o tempo que dedicam em média a uma actividade profissional seja inferior aos homens.
Somando a duração média do trabalho pago com o trabalho doméstico (cerca de 12 horas e 49 minutos
para as mulheres e 10 horas e 56 minutos para os homens), concluímos que as mulheres trabalham em
média mais 2 horas do que os homens.
As práticas familiares desiguais conduzem ainda a limitações e conflitos do foro pessoal da mulher e à
responsabilização das mesmas por disfunções sociais. Por outro lado leva a práticas laborais
discriminatórias.
Devido à sobrecarga das tarefas domésticas, a generalidade das mulheres tem falta de tempo para
actividades de lazer e formação, ou seja de desenvolvimento pessoal, sendo marcada a sua ausência
da vida cívica e política.
A conciliação trabalho-família é algo que deve ser pensado pelas empresas no sentido de repensar as
formas de organização do trabalho, no sentido de proporcionar a conciliação entre responsabilidades
familiares e responsabilidades profissionais dos trabalhadores de ambos os sexos. Este é um tema pleno
de actualidade, que tem sido amplamente discutido, e consagrado pela Constituição da República
Portuguesa e faz parte das estratégias que visam a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens
no trabalho, incluídas nos Planos Nacionais de Emprego desde 1998.
Uma política de empresa que promova a conciliação entre atividade profissional e vida familiar está
associada a um conjunto de vantagens:
1.incentiva a criatividade e a motivação dos trabalhadores, gera melhor comunicação entre chefias e
operacionais, e promove um maior completo conhecimento dos objetivos e da cultura da organização;
4.Reduz os custos com processos de formação na medida em que contribui para a fixação de recursos
humanos qualificados;
5.Aumenta a produtividade, na medida em que faz um planeamento dos tempos de trabalho mais
ajustados às necessidades dos trabalhadores, o que evita absentismos imprevistos;
6.Alarga e diversifica o leque dos potenciais colaboradores interessados em trabalhar numa empresa
que lhes oferece boas condições de exercício de uma atividade profissional em harmonia com as suas
responsabilidades familiares;
Assumem-se como boas práticas de conciliação entre vida profissional e vida familiar:
É comum ouvir-se dizer que a concentração e a produtividade aumentam quando os trabalhadores estão
descontraídos e tranquilos, por deixarem os filhos em locais seguros e com qualidade durante o período
de trabalho. É a pensar nas necessidades e preocupações dos pais trabalhadores que algumas
empresas promovem medidas que visam a prestação de serviços de acolhimento de crianças,
contribuindo exemplarmente para a conciliação entre vida profissional e vida familiar.
Cientes das preocupações dos seus trabalhadores a este respeito, optam pela criação de equipamentos
e serviços próprios, algumas dividindo as despesas de infra-estruturas com empresas do mesmo sector
ou de sectores diferentes, mas fisicamente próximas.
Para estes casos parece ser crucial a criação de serviços especializados na prestação de cuidados, mas
também a possibilidade de os trabalhadores, homens ou mulheres, beneficiarem de regimes de trabalho
facilitadores da prestação de apoio aos seus familiares idosos.
A evolução em direção à criação de redes de serviços no domicílio bem como a existência de serviços
de proximidade dirigidos às necessidades dos idosos, com quem as entidades empregadoras
estabeleçam acordos preferenciais, para oferecer este tipo de apoios aos seus trabalhadores, constitui
uma medida a ser encorajada nas empresas.
A implementação de uma política de conciliação entre atividade profissional e vida familiar deve garantir
aos pais trabalhadores licenças para apoio à família.
Importa então frisar que uma distribuição equilibrada, entre mulheres e homens, de licenças para apoio
à família, permite mais facilmente às mulheres assumirem responsabilidades no plano profissional e
progredirem na respetiva carreira. Pode atenuar também a cultura da “disponibilidade total” por parte dos
homens, que se verifica nalguns locais de trabalho, quase os impedindo muitas das vezes do “direito à
vida privada”. Por outro lado, não marginaliza o papel do pai na educação dos filhos nem limita às
crianças o direito de receberem cuidados e de estabelecerem vínculos com o pai.
Com vista à aplicação de medidas que visam o equilíbrio entre a atividade profissional e a vida familiar,
algumas empresas ultrapassam o estabelecido por lei implementando, por iniciativa própria ou através
de acordos coletivos de trabalho, licenças para apoio à família com duração superior às previstas na
legislação.
Além do prolongamento das licenças para assistência à família estabelecidas por lei, há outros exemplos
de medidas que melhoram as existentes, nomeadamente: mantendo o salário dos/as trabalhadores/as
sem quaisquer reduções; mantendo o direito a promoções e ao mesmo posto de trabalho; permitindo o
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direito a redução de horário para aleitação e prestação de outros cuidados à criança, nos primeiros
tempos após o nascimento; permitindo a utilização de horários em regime flexível para apoio à criança.
Em Portugal, à semelhança de outros países, os homens trabalhadores ocupam funções a tempo inteiro
e ainda fazem pouca utilização das licenças de apoio à família, embora estudos recentes revelem que
nas novas gerações os homens tendem a participar mais ativamente na educação dos filhos.
Cabe às empresas que visam a aplicação de políticas de conciliação entre o emprego e a vida familiar
dos seus trabalhadores proporcionar uma cultura organizacional que reconheça a importância do papel
do pai na socialização da criança e recomende o uso das licenças específicas criadas para pais
trabalhadores, garantindo-lhes para isso a continuidade do seu posto de trabalho e a manutenção do
sistema de promoções e prémios. Empresas onde estas experiências são praticadas declaram que os
trabalhadores do sexo masculino que utilizam as licenças para pais ocupando-se do cuidado dos filhos
quando estes são pequenos melhoram a sua performance profissional. Tornam-se mais ativos e mais
colaborantes e o clima de trabalho fica mais amigável. Entre as boas práticas no incentivo à participação
do pai na vida familiar, contam-se as adoptadas por alguns países que criaram escolas específicas de
aprendizagem de cuidados a crianças, dirigidas a homens. São iniciativas que deverão ser precedidas
de ações de sensibilização, de modo a eliminar preconceitos e a mudar atitudes e práticas.
Uma empresa que adota medidas de conciliação entre vida profissional e vida familiar procura adequar
as formas de trabalho às necessidades dos seus colaboradores. Daí decorre um maior grau de satisfação
dos trabalhadores e a otimização dos recursos humanos das empresas contribuindo, desta forma, para
a melhoria da qualidade do trabalho realizado e, consequentemente da qualidade da empresa.
a) Redução efetiva das horas de trabalho de modo a que a relação entre vida profissional e vida
familiar seja mais equilibrada;
É uma distinção de prestígio que tem como objetivo estratégico combater a discriminação e promover a
igualdade entre mulheres e homens no trabalho, no emprego e na formação profissional, bem como a
conciliação da vida profissional, familiar e pessoal.
b). Reduzir as desigualdades nos ganhos médios mensais entre as mulheres e os homens;
c). Reduzir o diferencial entre as taxas de desemprego das mulheres e dos homens;
i). Introduzir na cultura das organizações, designadamente das empresas, a ideia de que a conciliação
da vida profissional, familiar e pessoal é um direito e um dever dos trabalhadores e das trabalhadoras;
a). Distinguir as empresas e entidades que realizam ou promovem ações positivas na área da igualdade
entre mulheres e homens e da qualidade no trabalho, no emprego e na formação profissional;
b). Divulgar casos e medidas exemplares de diferente tipo que tenham sido desenvolvidas neste âmbito
pelas empresas e entidades, informando e sensibilizando gestores/as e público em geral para a natureza
dessas medidas e para a importância destes domínios;
c). Promover nas empresas e entidades a adoção de medidas concretas que visem a melhoria da
qualidade e a igualdade entre mulheres e homens no trabalho, no emprego e na formação profissional e
a melhoria da qualidade do emprego, nomeadamente no que se refere à conciliação entre atividade
profissional, vida familiar e pessoal, dando cada vez mais visibilidade a estes fatores e às empresas e
entidades que integram esses objetivos na sua gestão global;
d). Criar exigência junto do público consumidor no sentido da preferência por bens e serviços produzidos
com qualidade total, o que implica o cumprimento da legislação aplicável, nomeadamente em matéria de
igualdade entre mulheres e homens.
1. Setor privado:
a. Empresas;
2. Setor público:
Paridade; poderá definir-se como a introdução da identidade sexual na definição de pessoa legal
Lei da Paridade
Entende-se por paridade, para efeitos de aplicação da presente lei, a representação mínima de 33% de
cada um dos sexos das listas
A paridade deve ser uma aspiração de homens e mulheres, feita de semelhanças e diferenças onde cada
um tenha oportunidade de evidenciar as suas capacidades e o seu potencial, beneficiando assim o outro.
Passa pela participação das mulheres em todos os níveis de decisão e em todos os sectores; passa pelo
repensar as metodologias de intervenção, as normas e condições económicas, culturais e políticas.
A participação equilibrada das mulheres e dos homens na tomada de decisão politica e pública
representa um elemento de justiça social, é uma condição necessária para o melhor funcionamento da
sociedade, para uma democracia mais saudável
A mulher está sub-representada nas estruturas de poder e nos processos de tomada de decisão, ao nível
dos parlamentos, dos governos, dos órgãos de decisão regionais e locais, dos partidos, das organizações
da sociedade civil, das chefias das empresas, etc. Esta sub-representação coloca em causa o pleno
exercício dos direitos de cidadania de mais de metade da população, conduzindo a tomadas de decisão
e ao desenvolvimento de políticas que tendencialmente ignoram os problemas e as necessidades
específicas de metade da população.
Interessa destacar a situação das mulheres na participação no processo de decisão, sendo este um dos
domínios mais críticos da situação portuguesa: as mulheres continuam a estar sub-representadas no
poder executivo e legislativo, o que implica que em matéria de tomada de decisão continuam minoritárias
(em todos os cargos de poder, desde a Presidência da República, passando pelo Governo, Assembleia
da República, Tribunal Constitucional, Poder Local, partidos políticos, etc.). A título de exemplo: em vinte
anos, as mulheres portuguesas com assento no Parlamento Europeu reforçaram a sua participação no
total de deputados portugueses, representando, em 2009, 36,4% dos deputados eleitos (8 mulheres e
14 homens), contra 12,5% em 1989.
A participação das mulheres no Governo aumentou em 2009 com a indigitação de 10 mulheres (44
homens), a que corresponde uma proporção de 18,5% do total dos membros do Governo Central, valor
que se distancia dos 9,8% de 1991.
A proporção de juízas no total de homens e mulheres juízes diminuiu de 60,8% em 2000 para 48,1% em
2008, fixando-se 824 (menos 10 do que em 2000). Quanto aos homens, no mesmo período, ascenderam
de 536 a 888 juízes.
A Democracia paritária enquanto organização social onde está presente o poder de partilha permitirá a
cada homem e a cada mulher uma vida mais enriquecedora, já que cada um tem o seu tempo de trabalho
profissional, de trabalho doméstico, de cuidar da família, de actividade cívica e de laser.
As mulheres constituem mais de metade da população. Como pode haver desenvolvimento sustentável
se a metade da população sobre quem recaem as decisões vê o seu potencial desvalorizado, não
participa e não decide!
5.Violência de Género
Violência- “uso intencional de força, coação ou intimidação contra terceiro, ou toda a forma de ação
intencional que, de algum modo, lese os direitos e necessidades dessas pessoas”.
Considera-se violência doméstica “qualquer acto, conduta ou omissão que sirva para infligir,
reiteradamente e com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou económicos, de modo directo
ou indirecto (por meio de ameaças, enganos, coacção ou qualquer outro meio) a qualquer pessoa que
habite no mesmo agregado doméstico privado (pessoas – crianças, jovens, mulheres adultas, homens
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adultos ou idosos – a viver em alojamento comum) ou que, não habitando no mesmo agregado doméstico
privado que o agente da violência, seja cônjuge ou companheiro marital ou ex-cônjuge ou ex-
companheiro marital” (Machado e Gonçalves, 2003).
Hoje é já claro que a violência doméstica constitui um flagelo social já de longa data, que atravessa os
tempos e tem características similares em países cultural e geograficamente distintos e, com diferentes
graus de desenvolvimento. A violência doméstica constitui um fenómeno bastante complexo e composto
por diversos factores, sejam eles, “sociais, culturais, psicológicos, ideológicos, económicos, ….” (Costa,
2003). Concluindo, é um fenómeno antigo, mas só recentemente se tornou um problema social, pela
maior sensibilidade e intolerância social face à violência. Muito têm contribuído para a sua visibilidade e
redução de ocorrência a APAV e a CIG, entidades que não têm poupado esforços e dinâmicas munindo-
se de diferentes estratégias de intervenção.
Das 23 mil pessoas apoiadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) no ano passado,
82% foram vítimas de violência doméstica. São na sua maioria mulheres, entre os 26 e 45 anos, que
sofrem maus tratos físicos e psicológicos continuados.
As estatísticas mais recentes da APAV mostram que o número de crimes de violência doméstica
aumentou em relação a 2009. Por exemplo, o crime de ofensa sexual aumentou 41,4% e o crime de
homicídio aumentou 42,8%.
As vítimas de violência doméstica representam mais de 13 mil dos quase 17 mil factos criminosos
registados pela APAV em 2010.
As vítimas identificadas são maioritariamente femininas (87%), com estado civil casado (39.6%) e com
filhos (50.2%). O grau de ensino das vítimas distribui-se de forma “bastante equitativa”, apresentando o
nível de ensino superior, valores ligeiramente acima dos restantes, com cerca de 6.6% do total de casos
registados (APAV).
A violência doméstica ocorre maioritariamente (48.5%) no âmbito das relações de intimidade amorosas,
nomeadamente com o cônjuge/companheiro. Destacam-se os crimes de “maus tratos psíquicos”
(36.8%), “maus tratos físicos” (30%), “ameaça/coacção” (20.4%).
Em contraponto com a caracterização das vítimas, 81% dos autores dos crimes são do sexo masculino
entre os 26 e os 45 anos de idade. 54,7% dos agressores são casados ou a viver em união de facto.
Fatores de Visibilidade:
Fatores de Invisibilidade:
Formas de Violência:
• Físicos
• Sexuais
• Psicológicos
• Emocionais
• Económicos
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• Sociais
A violência doméstica funciona como um sistema circular – o chamado Ciclo da Violência Doméstica –
que apresenta, regra geral, três fases:
Este ciclo caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição sucessiva ao longo
de meses ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez
mais intensa a fase do ataque violento. Usualmente este padrão de interacção termina onde antes
começou. Em situações limite, o culminar destes episódios poderá ser o homicídio.
Parafraseando a APAV, a Violência Doméstica configura uma grave violação dos direitos humanos, tal
como é definida na Declaração e Plataforma de Acção de Pequim, da Organização das Nações Unidas
(ONU), em 1995, onde se considera que a violência contra as mulheres é um obstáculo à concretização
dos objectivos de igualdade, desenvolvimento e paz, e viola, dificulta ou anula o gozo dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais. O combate à violência doméstica tem vindo a assumir-se como
um dos objectivos nucleares para que se alcance uma sociedade mais justa e igualitária.
Portugal tem vindo a construir um percurso integrado e sistemático no combate à violência doméstica,
consubstanciado através da adopção e implementação de Planos Nacionais Contra a Violência
Doméstica. Destacamos o percurso efectuado até ao momento que, apesar de apresentar ganhos
visíveis, desnuda uma realidade que necessita ainda de investimento politico/social/económico.
• 1982-1995
• 1995-1998
o Artº.152º (entre cônjuges e uniões de facto - maus tratos físicos e psíquicos: pena 1 a 5 anos – crime
semi-público)
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• 1998-2000
• 2000
• 2007
• Novembro de 2008
Proposta de Lei que regula o regime jurídico aplicável à prevenção da violência doméstica e à protecção
e assistência das vítimas.
1º Quem, de modo reiterado ou não, infligir maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais,
privações da liberdade ofensas sexuais:
• Ao cônjuge ou ex-cônjuge;
• A pessoa de outro ou do mesmo sexo com quem o agente mantenha ou tenha mantido uma
relação análoga à dos cônjuges, ainda que sem coabitação;
• A progenitora de descendente comum em 1º grau;
• A pessoa particularmente indefesa, em razão da idade, deficiência, gravidez ou dependência
económica, que com ele coabite;
• Ocorre em Pena de prisão de 1 a 5 anos, se pena mais grave não couber por força de outra
disposição legal.
2º No caso previsto no nº anterior, se o agente praticar o facto contra menor, na presença de menor, no
domicílio comum ou da vítima, é punida com pena de prisão de 2 a 5 anos.
• Ofensa à integridade física grave, o agente é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos;
• A morte, o agente é punido com pena de prisão de 3 a 10 anos.
5º A pena acessória de proibição de contacto com a vítima pode incluir o afastamento da residência ou
do local de trabalho desta e o seu incumprimento pode ser fiscalizado por meios técnicos à distância.
6º Quem for condenado por crime previsto neste artigo pode, atenta a concreta gravidade de facto e a
sua conexão com a função exercida pelo agente, ser inibido do exercida pelo agente, ser inibido do
exercício do poder paternal, da tutela ou da curatela por um período de 1 a 10 anos.
Entre 1998 e 2008, registou-se uma variação superior no número de mulheres lesadas/ofendidas nos
crimes contra o património (81,2%) face ao dos homens (36,9%). Os crimes contra as pessoas
evidenciam tendências opostas nas mulheres (45,1%) e nos homens (-10,2%). Mais de metade dos
lesados/ ofendidos identificados em crimes contra as pessoas são mulheres (57,8% em 2008, contra
45,9% em 1998).
Em 2008, em crimes contra as pessoas por cada 3 homens identificados como arguidos / suspeitos foi
identificada uma mulher na mesma situação (em 1998 a relação de masculinidade era de 4). Nos crimes
contra o património a relação elevava-se para 6 homens em cada mulher, em 2009, contra 8 em 1998.
As mulheres identificadas como arguidas/suspeitas em Crimes contra as Pessoas representavam, em
2008, 22,3% do total de arguidos valor que desce para 14,4% no caso dos Crimes contra o Património.
A definição de Saúde Reprodutiva adoptada por instituições de referência como a International Planned
Parenthood Federation (IPPF) ou a Organização Mundial de Saúde, é a que resultou da Conferência
Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) realizada no Cairo em 1994.
“Um estado de completo bem-estar físico, mental e social em todas as questões relacionadas com o
sistema reprodutivo, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. A saúde reprodutiva implica,
assim, que as pessoas são capazes de ter uma vida sexual segura e satisfatória e que possuem a
capacidade de se reproduzir e a liberdade para decidir se, quando e com que frequência devem fazê-lo."
Implícito nesta última condição está o direito de homens e mulheres à informação e ao acesso aos
métodos de contracepção e planeamento familiar eficazes, seguros e financeiramente compatíveis com
a sua condição, assim como a outros métodos de regulação da fertilidade que estejam dentro do quadro
legal.
A saúde reprodutiva implica ainda "ter o direito a aceder a serviços e cuidados de saúde adequados que
garantam à mulher condições de segurança durante a gravidez e o parto, proporcionando aos pais
maiores possibilidades de terem filhos saudáveis."
Sobre Saúde Sexual, a IPPF - Federação Internacional para o Planeamento Familiar - partilha da
definição da ONU ao reforçar que a saúde sexual pressupõe uma "abordagem positiva à sexualidade
humana", não se restringindo apenas à prevenção das infecções sexualmente transmissíveis.
Quando se fala em Saúde Sexual e Reprodutiva estão implícitos vários temas mais específicos, que vão
desde o bem-estar físico e a ausência de doenças, à possibilidade de decidir livremente se se quer ter,
ou não, uma família. Mas a saúde sexual e reprodutiva também diz respeito ao bem-estar emocional
através de uma vivência sexual prazerosa e segura.
Os Direitos Sexuais e Reprodutivos baseiam-se nos Direitos Humanos, como o direito à vida, o direito à
educação, o direito à liberdade ou o direito à saúde sexual e reprodutiva. Maior qualidade da saúde
significa mais desenvolvimento humano. Investir nos Direitos Sexuais e Reprodutivos deve ser uma
prioridade:
Porque...
Um direito tão fundamental como exercer controlo sobre o seu próprio corpo só pode ser conseguido
através de um esforço em assegurar que a saúde sexual, a gravidez ou maternidade sejam vividas sem
riscos.
Porque…
A atenção dada à Saúde Sexual e Reprodutiva é um pré-requisito para a luta pela erradicação da pobreza
Porque...
Porque...
1- Direito à vida
a) Nenhuma mulher, em virtude da gravidez, deve ter a sua vida ameaçada ou em risco;
b) Nenhuma criança deve ter a sua vida ameaçada ou em perigo, em razões de sexo;
c) Nenhuma pessoa deve ver a sua vida ameaçada ou em risco por falta de acesso aos serviços
de saúde e/ou à informação, conselhos ou serviços de SSR.
2- Direito à liberdade e segurança
a) Toda a pessoa é livre de poder desfrutar e de controlar a sua vida sexual e reprodutiva, no direito
pelo respeito dos outros;
b) Toda a pessoa tem o direito de não ser submetida a intervenção médica relativa à sua SSR, sem
o seu pleno consentimento e informação;
c) Toda a pessoa tem direito de não estar sujeita ao assédio sexual, ao medo, vergonha, culpa ou
outros factores psicológicos que prejudiquem o seu relacionamento sexual ou resposta sexual.
3- Direito à igualdade/e de ser livre de todas as formas de discriminação
a) Ninguém deve ser discriminado em relação à sua vida sexual e reprodutiva e no acesso aos
cuidados de saúde;
b) Todas as pessoas têm o direito à igualdade de acesso à educação/informação, incluindo ao
aconselhamento e serviços SSR;
c) Nenhuma pessoa deve ser discriminada, ou vítima de violência, nomeadamente no quadro da
vida sexual e reprodutiva.
4- Direito ao respeito pela vida privada
a) Todos os serviços de SSR, incluindo a informação e o aconselhamento, devem ser prestados
com privacidade e garantia de confidencialidade das informações pessoais dos utentes;
b) Todas as mulheres têm direito de efectuar a escolha autónoma em matéria de reprodução,
incluindo as opções relacionadas com o aborto seguro;
Tratá-los como dois campos separados é uma questão crucial no sentido de assegurar a autonomia
dessas duas esferas da vida, o que permite relacioná-los entre si e com várias outras dimensões da vida
social. É também um reconhecimento das razões históricas que levaram o feminismo a defender a
liberdade sexual das mulheres como directamente relacionada à sua autonomia de decisão na vida
reprodutiva.
A luta no campo ideológico para romper com a moral conservadora, que prescrevia para as mulheres a
submissão da sexualidade à reprodução, teve um significado muito forte na história da prática política e
do pensamento feministas.
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A moral conservadora defende também a heterossexualidade como expressão “natural” de
relacionamento sexual e como a única que deveria ser aceita socialmente - a heterossexualidade como
norma enquadra-se num modelo de sexualidade baseado em sexo-procriação. A heterossexualidade
como forma “natural” de relação foi garantida por meio da repressão sexual às outras formas de
expressão sexual. O movimento gay e lésbico combate esta visão moral tendo dado uma contribuição
estratégica para a emergência dos direitos sexuais. Para os movimentos de gays e de lésbicas, essa é
uma questão central na configuração de novos sentidos para a cidadania. De uma certa forma, há uma
recuperação das reflexões e lutas originais do feminismo contemporâneo, superando-se (em sentido
dialéctico) a centralidade da heterossexual que pautava, na origem, as manifestações por liberdade
sexual e reprodutiva.
O processo de construção dos direitos reprodutivos e direitos sexuais está integrado num processo mais
amplo do movimento dialéctico de construção da democracia. Para as mulheres, a condição de sujeito
construtores de direitos, e nesse caso construtoras de direitos reprodutivos e direitos sexuais, implica o
romper com a heteronomia a que sempre estiveram submetidas, em relação à utilização dos seus
próprios corpos, uma vez que todas as regras e tabus que controlaram e reprimiram as vivências
corporais na sexualidade e na reprodução foram historicamente determinadas pelos homens. Essa
repressão e esse controle do corpo e da sexualidade são elementos centrais da dominação patriarcal e
da sua reprodução.
É importante ressaltar que a persistente desigualdade entre homens e mulheres é um impedimento para
a liberdade reprodutiva e sexual das mulheres. A violência na vida quotidiana tem sido um forte
mecanismo de manutenção da dominação sobre a vida sexual das mulheres. No terreno político, há uma
forte reacção por parte dos sectores conservadores contra as propostas feministas de transformação
social e cultural nestes campos. Um exemplo claro é a resistência que domina o processo de legalização
do aborto.
A relação dos homens face à sexualidade e à reprodução está inscrita em um padrão de relações sociais
baseado na desigualdade de género, e a alteração desse padrão é uma ruptura com essa ordem do
poder patriarcal por eles próprios instituída. Este modelo hegemónico distancia os homens dos cuidados
paternais, desresponsabiliza-os da prevenção da gravidez indesejada e também das doenças
sexualmente transmissíveis. Alterar esse modelo significa procurar uma sociabilidade onde o sentido da
paternidade e da maternidade sejam completamente transformados, levando a uma divisão sexual
igualitária do trabalho no âmbito doméstico e em particular nas tarefas de cuidar das crianças na vida
cotidiana. Assumir a responsabilidade e a divisão de tarefas na contracepção, prevenção de doenças
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sexualmente transmissíveis e certamente em todas as outras dimensões da vida reprodutiva. Não se
trata, portanto, de garantir a inclusão dos homens nos direitos reprodutivos, mas os direitos reprodutivos
significam uma transformação de uma forma de inserção dos homens na esfera reprodutiva. A
transformação cultural é uma dimensão estratégica para produção de uma nova forma de relação entre
os homens e as mulheres com base nos direitos reprodutivos.
O Mainstreaming da igualdade de género referencia que esta pode ser efectuada em quatro etapas:
• Vontade política;
• Investigação;
• Definição de metas e estratégias quantificáveis;
• Formação/sensibilização de um número alargado de actores;
• Envolvimento dos destinatários na definição das políticas que lhes dizem respeito;
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• Avaliação prospectiva do impacto sobre o género;
• Acompanhamento, avaliação e redefinição da estratégia adoptada.
Actores do Mainstreaming:
• As políticas tradicionais
✓ Reflectem sobre a Igualdade de Género e propõem políticas e medidas específicas;
✓ Partem dos problemas específicos decorrentes das desigualdades de facto existentes e tentam
corrigi- las;
✓ São sectoriais e temáticas;
✓ Analisam a realidade em função de duas categorias - Mulheres e Homens;
✓ Concentram os conhecimentos sobre a Igualdade nas/os especialistas que trabalham nessa
área;
✓ Envolvem os especialistas em Igualdade;
✓ Envolvem os mecanismos para a Igualdade;
• O mainstreaming
✓ Complementa as políticas tradicionais aproveitando as experiências e ensinamentos que delas
decorrem;
As novas realidades de participação das mulheres em todas as esferas da vida das sociedades
contemporâneas têm suscitado transformações sociais significativas, transformações essas que
originaram “um verdadeiro terramoto cultural no contrato social” mas que ainda não desfizeram o
“contrato sexual implícito” (Pintasilgo, 1998: 19-20).
A análise das desigualdades entre homens e mulheres continua, então, a encontrar terreno fértil (também
no presente trabalho) e não se torna descabida num contexto em que se tem vindo a proceder à
reivindicação de um espaço para as mulheres nos campos do conhecimento, ao questionamento dos
aspectos metodológicos da produção do mesmo, à desmontagem da construção social do género e à
sua devida interligação com as problemáticas da etnia, raça, cultura, classe social, orientações sexuais,
nacionalidade e outras.
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