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DIREITO INTERNO

PROFESSOR GUILHERME BYSTRONSKI

AULA 09- ETAPAS INTERNACIONAIS DA GÊNESE DE UM TRATADO. A INCORPORAÇÃO


DE TRATADOS AO DIREITO INTERNO BRASILEIRO.

Pontos do edital: 1.1 e 2.1.

1. ETAPAS INTERNACIONAIS DA GÊNESE DE UM TRATADO

 Tanto no procedimento breve quanto no procedimento longo, as etapas são: negociar, adotar, e autenticar.
 Entretanto, no procedimento longo ou difásico, a etapa que se dá imediatamente após a
autenticação é a da assinatura, a qual possui somente efeito pronunciativo, ou seja, anuncia a
vontade de posteriormente o Estado manifestar sua vontade definitiva. A etapa seguinte à assinatura
é a da ratificação, porém, no Brasil, após a etapa da assinatura há a necessidade de passar para a
aprovação parlamentar; em seguida, a próxima etapa é a da ratificação, que é um ato que manifesta
a vontade definitiva. Após a ratificação é que se tem a entrada em vigor em matéria de direito
internacional.
 Já no procedimento breve ou unifásico, após as etapas de negociação, adoção e autenticação, a
etapa seguinte é a da assinatura, porém, no Brasil, há a necessidade de passagem pelo congresso
para só depois entrar na etapa da assinatura. Aqui, pelo artigo 12 da CVDT/69, tem-se a assinatura
definitiva do Tratado, ou seja, é aqui o ato no qual o Estado manifesta sua vontade definitiva em se
obrigar com o Tratado em questão. Após essa etapa, tem-se a entrada em vigor do Tratado.

 Vale observar que o artigo 11 da CVDT/69 apresenta os atos que os Estados podem desempenhar para
manifestar sua vontade definitiva em se obrigar a um Tratado. Assim, o artigo 11 aponta como tais atos: a
assinatura; a troca de instrumentos constitutivos (ratificação, aceitação, aprovação e adesão).

 Entre a assinatura e a ratificação, encontramos no artigo 18, “a”, CVDT/69 uma obrigação negativa (não-
fazer). O Estado não pode praticar atos que contrariem o objeto ou a finalidade do tratado.

 A aceitação e a aprovação (sinônimos de ratificação), encontrados no artigo 14, §2°, CVDT/69, se dá através
da troca dos instrumentos constitutivos (artigo. 13).

 A adesão (art.15, CVDT/69) produz os mesmos efeitos de uma assinatura definitiva ou de uma ratificação,
para um Estado que deseja entrar no tratado após a sua conclusão (Estado retardatário). No artigo 15, “a”e
“b”, estão apresentados os tratados que são abertos à adesão. Quanto aos tratados fechados à adesão
(artigos 15, “c”), só com a concordância dos Estados participantes a adesão poderá ser efetuada (ex:
Tratados que criam OIs).

 Quanto aos atos internacionais no contexto da gênese de um tratado são, via de regra, de competência do
poder executivo dos Estados. No Brasil, por exemplo, essa orientação se encontra no artigo 84, VII e VIII da
CF/88, e assim, é o poder legislativo que possui competência primária da criação das normas jurídicas, a fim
de não permitir que a ação do executivo usurpe o papel do legislativo. Desse modo, a nossa constituição
divide o chamado treaty-making power (art.84, VIII, CF/88), em que compete ao presidente da República
ratificar tratados, após referendo do congresso nacional (artigo 49, I, CF/88). Isso porque a CF/88 confere
uma divisão de poder de celebrar Tratados entre o poder executivo e o poder legislativo.

 Nesse sentido, o artigo 49, I, CF/88, confere ao congresso nacional o poder de resolver “definitivamente”
sobre tratados que acarretam encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Assim, o
congresso autoriza ou não a ratificação, mas não obriga o executivo a ratificar o tratado. Nesse sentido, se o
tratado criar novas obrigações internacionais, ele deve passar pelo crivo do congresso nacional. Entretanto,
se o tratado (acordo executivos) não criar obrigação internacional nova para o Brasil, mas apenas uma
obrigação já existente, então esses tratados não demandam a passagem pelo congresso nacional. Ex:
acordos de interpretação e de complementação; acordos de modus vivendi (acordos que mantêm tudo como
já estava).
 Uma vez o tratado no congresso nacional, é necessário maioria simples dos votos na câmara e no
senado Federal para a aprovação. Nesse contexto, é promulgado um decreto legislativo do
presidente do senado Federal que autoriza o poder executivo a manifestar a vontade definitiva do
Brasil em se obrigar. Assim, no Brasil, a entrada em um tratado vai depender da aprovação dos
dois poderes: o legislativo e o executivo.
 No congresso, no momento da votação parlamentar, o congresso pode: rejeitar; pode aprovar
todo o tratado ou pode aprovar o tratado com ressalvas (que na prática seria recusar algumas
obrigações). Se o congresso aprovou com ressalvas, o executivo, então, precisa converter essas
ressalvas em reservas ao tratado.

2. INCORPORAÇÃO DE TRATADOS AO DIREITO INTERNO BRASILEIRO

 Encontra-se na jurisprudência do STF (em relação ao costume internacional). Com base nas decisões mais
importantes, que foram: ADI 1480 E CR 8279. Nelas, o STF decreta que para que um tratado possa ter
executoriedade no território nacional, sua vigência interna demanda a promulgação de decreto executivo
pelo presidente da República. Assim, a necessidade do decreto tem por fundamento a exigência de
publicidade dos atos jurídicos. Desse modo, há entrada em vigor internacional, observada no artigo 24, §1
da CVDT/69. A regra se encontra no artigo 24, §1, a qual determina que os tratados entram em vigor na
data e na forma por ele estipulados. Entretanto, se é no Brasil, para o acordo executivo, basta publicar no
diário oficial da união.

 Assim, nós identificamos hoje um item procedimental complexo, pois tem que haver a aprovação
parlamentar, e ainda manifestação definitiva da vontade internacional, e também a promulgação de
decreto executivo.
 *obs: é nesse sentido que o Brasil é dualista moderado em relação a tratados.

 Já no que diz respeito à hierarquia dos tratados incorporados ao nosso direito interno, a regra
(jurisprudência do STJ, “leading case”, RE 80004/77) é que os tratados estão em paridade normativa com a
legislação ordinária federal.

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