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FILOSOFIA E METODOLOGIA DO DIREITO II

ANA PAULA PINTO LOURENÇO


Ano 2019/2020
GUIA DE ESTUDO n.º ......
RETÓRICA
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SUMÁRIO

BIOGRAFIA DOS AUTORES

BILBIOGRAFIA PARA ESTUDO

TEXTOS E TAREFAS

O raciocínio jurídico (ABT, p. 147 ss)

A interpretação envolve raciocínios dedutivos que


 Exprimem-se através de argumentos
 Não são operações meramente lógico-formais
 Implicam aspectos valorativos «em virtude da dimensão prático-axiológica da normatividade
jurídica»

O raciocínio jurídico não visa apenas o conhecimento do Direito, mas a sua aplicação através de uma
decisão (concretização da norma geral no caso concreto

Funções da retórica:
 Persuasão
 Heurística/hermenêutica

Natureza do raciocínio jurídico para Aristóteles


O estagirita distingue no raciocínio jurídico
Raciocínio analíticos ou demonstrativos – próprios da ciência
Raciocínio dialéctico –

Raciocínio dedutivo – exprimem-se através de argumentos; não são meras operações lógico-formais,
porque implicam também aspectos valorativos (dimensão prático-axiológica da normatividade jurídica)
Aristóteles – o raciocínio dedutivo é «um discurso do qual, dadas certas premissas, alguma conclusão
decorre necessariamente dela, diferente dessas premissas, mas nelas fundamentada».
A diferente natureza das premissas é o que marca a diferença entre o
RACIOCÍNIO ANALÍTICO/DEMONSTRATIVO e o RACIOCÍNIO DIALÉTICO

«Raciocínio parte de premissas ou proposições Raciocínio eu parte de premissas ou


necessária ou indiscutivelmente verdadeiras proposições não evidentes, não necessárias
Ou mas
De princípios cognitivos derivados de Prováveis ou geralmente aceites
proposições necessárias ou verdadeiras»
Aristóteles:
Aristóteles: São prováveis as proposições fundadas na
são verdadeiras e primeiras as proposições cuja opinião comum ou acolhida pela maioria dos
certeza ou credibilidade decorre delas mesmas sábios mais reputados
ou nelas mesmas residem e não derivam de
outras

Raciocínios próprios das ciências Raciocínios visam:


 Servir de base a deliberações ou
Raciocínios visam: controvérsias
 Realizar demostrações científicas  Constituir meio de persuadir e convencer
 Chegar a conclusões verdadeiras e. através do discurso
necessárias como as premissas  Criticar teses dos adversários
 Defender e justificar os pontos de vista
Função dos raciocínios demonstrativos/analíticos próprios
 Eminentemente teorética
Função dos raciocínios
 Função prática porque visam alcançar uma
decisão mais do que um conhecimento
verdadeiro

O raciocínio jurídico é desta natureza:


 Dialéctico
 Prático
Visa fundamentar o raciocínio do jurista para a
prática= decisão do caso, eliminação da controvérsia

Este raciocínio recorre à argumentação


Implica poder de decisão
Liberdade de escolha entre os diversos sentidos da
norma (mas não é ilimitada nem arbitrária)
Dentro de determinado contexto (nomeadamente o
prazo)
Trata-se de uma “racionalidade argumentativa”
Raciocínio jurídico e argumentação
Domínios em que se manifesta a argumentação jurídica:
1. Produção legislativa
2. Aplicação administrativa
3. Ciência jurídica/dogmática jurídica

Tópica jurídica / retórica jurídica / tópico-retórica jurídica  teorias relativas ao modo de argumentar dos
juristas e ao tipo de argumentos que

Meios a que recorre o discurso retórico para persuadir:


 De natureza racional – logos (argumentos)
o tanto os que constituem o elemento material do raciocínio dialéctico que se exprimem
por silogismos (cujas premissas são verosímeis ou prováveis)
o como os que se baseiam no exemplo
 De natureza afectiva – ethos e pathos
o Centram-se no carácter do orador e visam captar a confiança da audiência (ethos)
o Como os que se sustentam em emoções, desejos, tendências ou gostos do auditório –
provocando-os, satisfazendo-os, antecipando-os (pathos)

Efeitos da retórica
 Docere – função: ensinar, instruir, explicar, transmitir conhecimento
 Delectare – intenção de agradar, de atrair a atenção, a adesão do ouvinte
 Movere – intuito de comover o auditório, para o prdispor a aceitar as posições do orador

Géneros retóricos
Oratória deliberativa ou política / baseado no ethos e no movere/ apoiado em argumentação de carácter
mais emotivo, centrada no exemplo
 dirigem-se aos membros de uma assembleia que se procura persuadir, ou dissuadir, através da
utilização de argumentos e exemplos relativamente a situações futuras.
 Visa utilidade e solucionar situações.
Oratória demonstrativa ou exortiva (epidíctica) recorre à amplificação ou atenuação emotivas /
pathos / desvalorização da racionalidade /procura delectere
 dirigido à assembleia com o intuito de louvar ou censurar.
 Visa o presente (mas pode evocar o passado ou conjeturar o futuro)
 Objecto: virtude e o vício /beleza ou fealdade
 Recorre à ampliação ou atenuação
Oratória judicial ou forense / o mais racional / silogismo dialético e entimema / prevalece o docere
 Dirige-se a um juiz, ao tribunal ou jurados
 Envolve confronto/controvérsia / ideias contrapostas acerca de factos ou situações verificadas no
passado
 Fim: justo e injusto
 Apoiado em entimemas
O processo retórico
1. Inventio (invenção) – o orador procura os argumentos e outros meios persuasivos adequados ao
tema que pretende abordar /descoberta/ criação;
2. Dispositivo (disposição) – o orador ordena as ideias e argumentos (organiza internamente o
discurso)
3. Elocutio (elocução) – construção do texto ou das ideias a expor pelo orador;
4. Actio (acção) – apresentação do discurso – leitura, declamação em que os recursos oratórios
como a entoação, os gestos, as alterações fisionómicas do orador ganham especial relevância.

Partes do discurso retórico


 Exórdio ou proémio;
 Narração ou exposição;
 Argumentação;
 Peroração, conclusão ou epílogo;

Inferências modais
 Juízos apodíticos – tem de ... é absolutamente /necessariamente
 Juízos assertórios – cinge-se à realidade – é um arguido
 Juízos problemáticos – é possível que ...

Cânones da retórica (wikibooks)

«Níveis de estilo – a retórica clássica classifica o estilo em três níveis:


 Alto estilo (supa/Magniloquens): nível mais adequado à comoção e exortação.
 Médio estilo (aequiabile/medíocre) : nível mais adequado ao entretenimento;
 Baixo estilo (Infinum / Humile): nível mais adequado à educação e instrução;

Virtudes do estilo – são as práticas que o autor ou orador deve adoptar e cultivar a fim de aprimorar a
qualidade dos seus discursos
 Correcção – o domínio da língua na qual o discurso é elaborado; em evitar vícios de linguagem,
erros gramaticais e erros de ortografia ou pronúncia;
 Clareza – A capacidade de ser compreendido pela audiência;
 Evidência - A capacidade de mostrar factos e indícios que provem ou corroboram a sua posição;
 Propriedade – O discernimento de escolher o nível de estilo adequado a cada situação. O estilo
apropriado para uma aula, por exemplo, não será o mesmo estilo adequado num tribunal o num
funeral;
 Ornamentação – A capacidade de formular um discurso bonito e elegante, digno de ser lembrado
e reproduzido».
Virtudes do discurso
Clareza – «pressupõe a compreensibilidade intelectual do discurso»
Vernaculidade - «correcção do idioma utilizado, evitando-se plebeísmos, estrangeirismos, neologismos,
arcaísmos ou incorrecções (barbarismos) que sejam contrários ao que o auditório reconhece como norma
linguística corrente».
«Por outro lado, para reforçar a complexidade de todas as coisas simples, a realidade do outro lado do
espelho, a Retórica sobrevaloriza dois valores: a necessidade (aptum) e o ornato (ornatos). A
necessidade será o esforço para adequar a utilidade da causa à opinião do auditório. O ornato é o efeito
do belo, através da linguagem, como elemento de persuasão».
Maria Luísa Malato e Paulo Ferreira da Cunha – Manual de Retórica & Direito, p. 141 a 143

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