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no Livro I de
O capital *
SERGIO LESSA**
* Este texto serviu de base para a comunicação sob título semelhante no VI Colóquio Marx e Engels,
Cemarx/Unicamp, 2009. Fazia parte de Trabalho e proletariado no capitalismo contemporâneo
(Lessa, 2007). Necessidades editoriais, todavia, obrigaram a redução e a retirada de várias passa-
gens do livro em questão. Uma delas é a análise das passagens do Livro I, em que comparecem
as expressões Gesamtarbeit/er/stag, que foi substituída pela curta menção, na página 172, de uma
citação de Marx, na qual o Gesamtarbeiter é identificado à classe trabalhadora (Arbeiterklasse).
Sob a forma de um artigo, essa é a oportunidade de fornecermos ao leitor interessado o conteúdo
não publicado. Nossos agradecimentos a Armando Boito pelas sugestões e correções.
** Professor do Departamento de Filosofia da Ufal e membro da editoria da revista Crítica Marxista.
1 Não é cabível substituir a realidade por um texto, mesmo que seja a obra-prima de Marx. O que
será nosso objeto neste artigo é o pensamento de Marx enquanto tal – se ele é ou não útil para a
crítica revolucionária do mundo em que vivemos, é uma outra questão. Estamos convencidos (não
no sentido da fé, mas no sentido da convicção profunda que advém do exame dos impasses que
vivemos enquanto humanidade) de que as categorias marxianas são não apenas imprescindíveis,
mas também suficientes, para pensarmos a essência do mundo contemporâneo. Todavia, esse
segundo aspecto não será tratado neste artigo. O leitor poderá encontrar essa discussão na parte
III de Trabalho e proletariado no capitalismo contemporâneo (Lessa, 2007).
2 Esse “acima” é uma referência ao parágrafo anterior, o qual, por sua vez, explicitamente remete
ao capítulo V. Neste, o trabalho é definido como o intercâmbio material com a natureza, “eterna
necessidade” da reprodução social (Marx, 1983, p.149-153).
3 Esse “acima” é uma referência ao parágrafo anterior, o qual, por sua vez, explicitamente remete
ao capítulo V. Neste, o trabalho é definido como o intercâmbio material com a natureza, “eterna
necessidade” da reprodução social (Marx 1983, p.149-153).
4 “[...] como o homem precisa de um pulmão para respirar, ele precisa de uma ‘criação da mão
humana’ para consumir produtivamente forças da natureza” (Marx, 1985, p.17). O argumento
de que na primeira tradução francesa – supervisionada por Marx –, a de Roy, a oposição “como
inimigos” entre o trabalho manual e o intelectual não é mencionada não exime os autores, que se
baseiam apenas nela, desconsiderando das outras passagens, em que Marx afirma a oposição de
classe entre o trabalho intelectual e manual, que transcrevemos mais acima (por exemplo, Marx,
1983, p.282-283).
5 Por exemplo, não comparece na tradução de Roces para a Fondo de Cultura Económica, nem na
publicada pela Avante! (Portugal). Para este artigo, utilizamos as seguintes edições de O capital:
para o alemão, Dietz Verlag (Marx, 1975); para o português, Abril Cultural (Marx, 1983 e 1985);
para o espanhol, a edição de Roces (Marx, 1946); para o francês, a tradução de Molitor (Marx,
1946), de Rubel (Marx, 1968) e a de Roy (Marx, 1977; 1978), e a única da 4a edição alemã, a de
Lefebvre (Marx, 1983a). Para a língua inglesa, a nova tradução de Fowles (Marx, 1990) e a editada
por Engels (Marx, 1979). Ao final do artigo está uma tabela com as passagens na edição alemã e
nessas traduções, em que comparecem Gesamtarbeit/er/stag.
6 Sobre as dificuldades da tradução de Gesamt, Lessa, 2007, p.149 nota 8.
Ou, então,
Descendo agora aos pormenores, é desde logo claro que um trabalhador, o qual
executa a sua vida inteira uma única operação simples, transforma todo o seu corpo
em órgão automático unilateral dessa operação e portanto necessita para ela menos
tempo que o artífice, que executa alternadamente toda uma série de operações. O
trabalhador coletivo combinado (kombinierte Gesamtarbeiter), que constitui o
mecanismo vivo da manufatura, compõe-se, porém, apenas de tais trabalhadores
parciais unilaterais (Marx, 1983, p.269).
Como quer que seja, é claro que a jornada total de trabalho de um número rela-
tivamente grande de trabalhadores simultaneamente empregados, dividido pelo
número de trabalhadores, é em si e para si uma jornada de trabalho social média
(Gesamtarbeitstag). Suponhamos que a jornada de um trabalhador individual seja
de 12 horas. Assim, uma jornada de trabalho de 12 trabalhadores simultaneamente
ocupados constitui então uma jornada global (Gesamtarbeitstag) de 144 horas, e
embora o trabalho de cada um dessa dúzia se desvie mais ou menos do trabalho
social médio, o indivíduo podendo por isso precisar de mais ou menos tempo para
a mesma operação, a jornada de trabalho de cada indivíduo, como 1/12 da jornada
global (Gesamtarbeitstag) de 144 horas, possui a qualidade social média. Mas para
o capitalista que emprega uma dúzia, existe a jornada de trabalho como jornada
de trabalho global (Gesamtarbeitstag) da dúzia. A jornada de trabalho de cada
indivíduo existe como parte alíquota da jornada de trabalho global (Gesamtar-
beitstag), independentemente do fato dos 12 colaborarem entre si ou que toda a
conexão entre seus trabalhos consista apenas em trabalharem para o mesmo capi-
talista. Se, ao contrário, dos 12 trabalhadores forem empregados dois de cada vez
por um pequeno mestre, será uma casualidade que cada mestre produza a mesma
massa de valor e, portanto, realize a taxa geral de mais-valia (Marx, 1983, p.258).
7 István Mészáros, em Para além do capital, realizou a primeira investigação de fôlego acerca da
totalidade da crise do sistema do capital após 1970 (totalidade composta pelos países capitalistas
e pelas sociedades pós-revolucionárias, das quais a soviética é a paradigmática). Nessa análise
argumenta as diferenças históricas – ontológicas – entre as crises anteriores e a atual crise estrutural
em que estamos imersos. Não podemos, aqui, nos deter sobre tais argumentos, mas é imprescindível
que lavremos nossa dívida para com esse pensador.
10 A atuação do PC francês em 1936, quando ajuda a controlar a enorme onda grevista, já é sinal do
predomínio dessa política. A análise histórica dessa evolução política é exposta em detalhes por
Claudin, em seu importantíssimo A crise do movimento comunista (Claudin, 1970). Ver também
Broué (2007) e Miliband (1969, p.102-106). As ilusões nessa convivência e o peso que tiveram
naquela quadra histórica podem também ser avaliados pela adesão entusiasta a essa proposta por
pensadores como Lukács e Deustscher (1960). Por muito do movimento comunista alinhado com
a URSS, as loas públicas da superação da luta de classes e sua substituição pela força do exemplo
na transição do capitalismo ao socialismo são patéticas.
11 Ver a descrição das condições de vida dos metalúrgicos alemães no pós-guerra em Kuczynski (1969).
12 Outras obras de Marx e Engels, editadas pela Avante Editorial, que temos tido a oportunidade
de examinar (A questão judaica, a parte I de A ideologia alemã e os Manuscritos de 1844 ), são de
excelente qualidade e fidelidade ao texto original. É uma pena que o mesmo não tenha se dado
com O capital.
13 A melhor avaliação que conhecemos das diversas traduções do Livro I – com críticas severas à tra-
dução de Roces – é a “Advertencia del traductor” da edição da Siglo XXI, a cargo de Pedro Scaron.
Esta é também, tanto quanto sabemos, a única edição que, seguindo a 4a edição alemã, faz uma
comparação com as três edições anteriores. Infelizmente tivemos acesso a essa tradução depois
que a pesquisa já estava concluída.
14 Por exemplo, Gurvitch (s/d).
16 O que não quer dizer que o proletariado possa ser vitorioso em sua revolução sem que conquiste
para ela setores muito significativos dos assalariados não proletários, mas não temos espaço aqui
para discorrer sobre esse aspecto do problema.
17 Cf. “Prefácio” em Lessa (2007).
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to the sum assim, na p.606/ (Tome I:56) global (82) como uma relação s’ affirment
total of nota 1 (p.1639): social existente les caractères
their own le rapport social fora deles, entre sociaux de
labour (72) de producteurs au objetos (I:71) leurs travaux,
travaille collectif acquièrent la
comme un rapport forme d’un
social qi existe em rapport social
dehors d’eux des produits du
travail (I:84-5)
#2 Der Komplex dieser The sum The L’ensemble de L’ensemble Travail social O complexo L’ensemble Trabajador
privatarbeiten bildet total of aggregate ces travaux privés de ces travaux global/ travail desses trabalhos de ces travaux coletivo de
die gesellschaftliche the labour labour of forme le travail privés forme le social global privados forma o privés [...] la sociedad
Gesamtarbeit /.../ of all the society social (606) / travail social (83) trabalho social forme le travail (38)
gesellschaftlichen private (165) – ver divisions du travail (Tome I:57)/ total. [...] Em social. /.../ – ver
Gesamtarbeit (87) individuals segundo social (607) de l’ensemble outras palavras, os travail social segundo
forms the du travail social trabalhos privados (I:85)
aggregate (Tome I:57) só atuam, de fato,
labour of como membros
society /.../ do trabalho social
as part of total por meio
the labour das relações que
of society a troca estabelece
(73) entre os produtos
do trabalho e, por
meio dos mesmos,
entre os produtores
(I:71)
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#3 Glieder der As part An element Comme parties Comme chaînes Comme Trabalho total/ Travail general/ Dentro
Gesamtarbeit/ and parcel of the total intégrantes du travail branches du caráter comum a leur caractère del trabajo
gemeinsamen of the labour (166) du travail général/ total/ caractère travail global/ (I:72) commum collectivo de
Charakter (87-8) colective a leur caractère commum (Tome caractère (I:85-6) la sociedade
labour of commum (607) I:58) commum (39)
all / their (84)
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common
denomina-
tor (73)
#4 Gesellschaftliche Collective The L’ensemble du Travail social Travail social equivalente geral, Trabajo
Gesamtarbeit (90) labour of collective travail social (610) total (Tome I:62) global (87) a relação dos seus social
the society labour of trabalhos privados coletivo (41)
(76) the society com o trabalho
(168) social total (I:73)
Continua
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Marx, 1975 Marx, 1979 Marx, 1990 Marx, 1968 Marx, 1946 Marx, 1983a Marx, 1983, 1985 Marx, 1977-8 Marx, 1946a
#7 Gesamtarbeitstag Total Total La journée entière La journée total La journée A jornada de Le journée La jornada
(331) working working day (849) (Tome II: 168) globale de trabalho total entière (II:7) de trabajo
day (312) (429) travail (352) (I:249) total (250)
# 8 Gesamtarbeitstag Total Total La journée entière Journée totale Du temps A grandeza do Le journée La jornada
(332-3) working working day (850) (Tome II:197) de travail mais-trabalho entière (II:8) total (251)
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day (313) (430) globale (353) obtém-se, porém,
subtraindo da
jornada de
trabalho total o
tempo de trabalho
necessário (I:250)
#9 Gesamtarbeitstag(s) Collective Collective journée de travail Journée totale/ Journée Jornada total de Une journée Jornada total
– 5 vezes no mesmo working working social/ journée journée de de travail trabalho/jornada de travail de trabajo/
parágrafo (341-2) day/ day/ collectif/journée travail social globale/ global/jornada social/não tem jornada total/
collective collective collectif/ (861) moyen/journée journée global/jornada a segunda/ jornada total
working working total/journée de travail de trabalho journée de trabajo/
day/ day/ totale/ journée globale/ global/jornada de collective/ jornada
collective collective totale/ (211) journée trabalho global journée total de los
working working de travail (I:258) collective 12 obreros
day/the day/the globale/ (II:16-17) empleados/
working working day journée jornada total
day is is that of de travail (260)
that of the whole globale/
the whole dozen/ journée
dozen/ collective de travail
collective working day globale (365)
working (440-1)
day / (323)
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# 10 Gesamtarbeiters/ Collective Collective Travail colletif/ Travail total/ Travail Trabalhador Force Trabajo
der kombinierte labour/24 labour/24 travailleur ouvrier total/ global/ global/ trabalhador commune / colectivo/
Arbeiter oder hands of hands of the collectif/ ouvrier colletif travailleur coletivo/ travail collectif una jornada
Gesamtarbeiter/ the row row of men/ travailleur ou l’ouvrier total global/ trabalhador / não tem combinada
gemeinsamer Arbeit of men/ collective collectif/ (865) (tomo II:26-7) journée combinado/ trabalhador de trabajo de
(346) collective working day de travail trabalhador combinado, 144 horas/
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working (444-5) combinée/ coletivo/ apenas o el obrero
day / travailleur trabalhador travailleur combinado
labour in combinée ou coletivo (I:260-1) collectif o el trajador
common travailleur (II:19-20) collectivo
(327) global (368) (263)
#11 Kombinierte Collective Collective Travailleur l’ouvrier Travailleur Trabalhador Le mécanisme El obrero
Gesamtarbeiter labourer worker collectif (879) collectif global coletivo vivant de la total (274)
Continua
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# 14 Vielen teilarbeiten The col- The Travailleur l’ouvrier Le travailleur Trabalhador Travailleur El mismo
kombinierte lective collectiver collectif, formé collectif lui- globale coletivo, collectif/ obrero
Gesamtarbeiter/ labourer, worker, par la combinasion -même, composé lui-même, combinação ouvriers colectivo
Gesamtarbeiter/ formed by formed d’un grand de beaucoup constitué de muitos parcellaires producto
Gesamtarbeiters the combi- out of the nombre d’ouvriers d’ouvriers par la trabalhadores / Travailleur de la
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(369-70) nation of combination parcelaires/ parcellaires/ combinasion parciais / collectif / combinación
a number of a travailleru ouvrier collectif d’un grand trabalhador Travailleur de muchos
of detail number of collectif/ (Tome II: 247) nombre de coletivo/ collectif obreros
labourers/ individual travailleur collectif travailleurs trabalhador (II: 39) parciales/
collective specialized (890) partiels/ coletivo (I:275-6) obrero
labourer/ workers/ travailleur colectivo/
collective collectivee global/ obrero
labourer workers/ travailleur colectivo
(348-9) collective global/ (392) (283)
worker
(468-9)
# 15 Gesamtarbeiters Collective Collective Travailleur L’ouvrier travailleur Trabalhador Travailleur Obrero
(370) labourer worker collectif (890-1) collectif global/(393) coletivo (276) collectif (II:40) coletivo
(349) (469) (Tome II:248) (284)
# 16 Gesamtarbeiters Collective Collective Travailleur L’ouvrier Travailleur Trabalhador Travailleur Obrero
(383) labourer worker collectif (905) collectif global (407) coletivo (I:284) collectif (II:50) colectivo
(361) (483) (Tomo II:265) (294)
# 17 Gesamtarbeit der Total Total labour Travail total (947) Travail total Travail O trabalho Travail total de Trabajo total
zwei Arbeiter (429- labour of (531) (Tomo III:60) global des global de dois deux ouvriers (335)
30) two men deux ouvriers trabalhadores (II:90)
(407) (457) (II:31-2)
Continua
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Marx, 1975 Marx, 1979 Marx, 1990 Marx, 1968 Marx, 1946 Marx, 1983a Marx, 1983, 1985 Marx, 1977-8 Marx, 1946a
#18 die in the The La composition de La composition La composi- a composição La composition Compo-
Zusammensetzung composi- composition travailleur collectif de l’ouvrier tion de per- do trabalhador de travailleur sicion del
des Gesemtarbeiters tion of the of the ou du personnel collective ou sonel, qu’elle coletivo ou do collectif ou dês obrero total
oder der collective collective de travail combiné dyu personnel repose sur le pessoal de trabalho personnel de o del perso-
kombinierten labourer, a labourer (981) ouvirer combiné travailleur combinado (II:71) travail combiné nal obrero
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Arbeitspersonals change of or, in other (Tomo III:137) global ou sur (II:141) combinado
(485) the persons words, the la combi- (385)
working in combined naission du
combina- working travail (518)
tion (461) personnel
(590)
#19 Kombinierte The The Travailleur L’ouvrier Le Trabalhador le travailleur El obrero
Gesamtarbeiter oder collective combined collectif ou le collectif ou le travaielluer coletivo collectif ou Le total
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abordagem de Nicos Poulantzas a respeito desse tema, de acordo com os quais todas as
subcategorias básicas das classes médias pertencem à mesma classe pequeno-burguesa, e
submetemos esses argumentos à crítica, defendendo a posição de que seria mais adequado
ver as subcoletividades das classes médias não como partes da mesma classe, mas como
classes sociais distintas: a média burguesia, a pequena burguesia tradicional e a nova
pequena burguesia. Neste contexto, questionamos a maneira como Poulantzas utiliza a
noção de “efeitos pertinentes”, para interpretar a situação de classe e a posição ideológica
e política de classe das classes médias.
Palavras-chave: modos de produção, classes sociais, aparelho estatal, posições político-
-ideológicas das classes médias.
Summary: Through a critical re-reading of Marxist class theory, a reexamination of the
border line between working class and the middle classes is undertaken, focusing on the
class identity of middle classes with respect to the question of structural class position
and class stance. In this context we summarise the arguments in Nicos Poulantzas’ ap-
proaches to the subject, according to which all basic sub-categories of the middle classes
are affiliated to the self-same petty-bourgeoisie class, and we submit these arguments to
criticism, supporting the position that it would be more accurate to view middle-class sub-
collectivities not as parts of the same class but as distinct classes: The middle bourgeoisie,
the traditional petty bourgeoisie and the new petty bourgeoisie. In this context we question
the way Poulantzas utilizes the notion of “pertinent effects”, to interpret the class position
and the ideological and political class stance of the middle classes.
Keywords: modes of production, social classes, state apparatus, political-ideological
stances of the middle classes
Marxismo e movimentos
sociais
ANDRÉIA GALVÃO
Resumo: Este artigo discute a contribuição da teoria marxista para a análise dos movimen-
tos sociais. Para isso, discute a relação entre classes e movimentos sociais e as diferentes
formas de contestação social no capitalismo contemporâneo. Sustenta que, embora os
conflitos sociais não se restrinjam às relações de trabalho, o trabalho ainda desempenha
um papel central na constituição dos conflitos.
Palavras-chave: marxismo, movimentos sociais, classes sociais, trabalho
Abstract: This paper deals with the contribution of Marxist theory to the analysis of social
movements. For this, it discusses the relationship between classes and social movements
and the different forms of social contestation in contemporary capitalism. It is assumed
that although social conflicts are not restricted to the labor relations, labor still plays a
central role in its constitution.
Keywords: Marxism, social movements, social classes, labor
O pensamento social de
Ruy Mauro Marini e sua
atualidade: reflexões para o
século XXI
CARLOS EDUARDO MARTINS