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Bounds
Originalmente publicado em inglês com o
título The Reality of Prayer.
Todos os direitos desta tradução em língua portuguesa
Editora Vida reservados por Editora Vida.
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Liberdade citações, com indicação da fonte.
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Editor responsável:
Marcelo Smargiasse Scripture quotations taken from Bíblia Sagrada, Nova Versão
Editor-assistente: Internacional, NVI ® Copyright © 1993, 2000 by International
Gisele Romão da Cruz Bible Society ®.
Santiago Used by permission IBS-STL U.S.
Tradução: Juliana All rights reserved worldwide.
Kummel de Oliveira Edição publicada por Editora Vida, salvo indicação em contrário.
Revisão de tradução: Todas as citações bíblicas e de terceiros foram adaptadas
Sônia Freire Lula segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado
Almeida em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.
Revisão de provas:
Josemar de Souza
Pinto
Projeto gráfico e
diagramação: Claudia
Fatel Lino
Capa: Arte Peniel
Prefácio
1. Oração — um privilégio, magnífica, sagrada
2. Oração — Enche a pobreza do homem com a riqueza de
Deus
3. Oração — A essência da adoração terrena
4. Deus tem tudo a ver com a oração
5. Jesus Cristo, o Mestre divino da oração
6. Jesus Cristo, o Mestre divino da oração (continuação)
7. Jesus Cristo, um exemplo de oração
8. Eventos de oração na vida do nosso Senhor.
9. Eventos de oração na vida do nosso Senhor (continuação)
10. O modelo de oração do nosso Senhor
11. A oração sacerdotal do nosso Senhor
12. A oração do Getsêmani
13. O Espírito Santo e a oração
14. O Espírito Santo, nosso ajudador na oração
PREFÁCIO
HOMER W. HODGE
Flushing, N.Y.
1. ORAÇÃO — UM PRIVILÉGIO,
MAGNÍFICA, SAGRADA
Sou criatura de um dia, que passa pela vida como flecha que cruza o ar. Sou um
espírito que vem de Deus e que retorna para ele; que simplesmente paira sobre o
grande abismo; em poucos instantes não serei mais visto; desapareço em imutável
eternidade! Quero saber uma coisa, o caminho para o céu; como atracar em
segurança naquela margem alegre. O próprio Deus concordou em ensinar-me o
caminho; para isso, ele veio do céu. Ele escreveu em um livro, dê-me este livro! A
qualquer custo, dê-me o Livro de Deus! Senhor, não foste tu que disseste: “Se algum
de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa
vontade; e lhe será concedida” (Tiago 1.5)? Tu disseste que, se alguém estiver
disposto a fazer tua vontade, ele saberá. Estou disposto a fazer; permite-me
conhecer a tua vontade.
— JOHN WESLEY
“Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de
que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro
reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta” (Mateus 5.23).
Por duas horas lutei, esquecido de Deus, e não encontrei nem Deus nem o homem,
tudo isso em uma tarde fria. Quando finalmente, ao parar e olhar para Schiehallion
vestido de branco da cabeça aos pés, a frase de Davi saltou em meu coração: “[…]
lava-me, e mais branco do que a neve serei” (Salmos 51.7). Em um instante eu
estava com Deus, ou melhor, Deus estava comigo. Caminhei de volta para casa com
o coração em chamas.
— C. L. CHILTON
Cada um poderia dizer: “[…] ‘[…] Uma coisa sei: eu era cego e
agora vejo!’” (João 9.25). Os resultados foram resultados
conscientes; eles sabiam que fora Cristo quem fizera a obra; a fé
era o instrumento, mas seu exercício fora diferente; o método de
Cristo agir, diferente; os vários passos que os levaram ao final de
graça por parte deles e por parte de Cristo em muitos pontos
surpreendentemente distintos.
Quais são as limitações da oração? Até onde chegam seus
benefícios e suas possibilidades? Qual parte da atuação de Deus no
homem e no mundo do homem não é afetada pela oração? As
possibilidades da oração cobrem todo o bem temporal e espiritual?
As respostas a essas perguntas são de importância transcendental.
A resposta vai determinar o esforço e os resultados da nossa
oração. A resposta destacará muito o valor da oração ou diminuirá e
muito a oração. A resposta a essas questões importantes são
plenamente abrangidas pelas palavras de Paulo em oração: “Não
andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e
súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus”
(Filipenses 4.6).
4. DEUS TEM TUDO A VER
COM A ORAÇÃO
Cristo é tudo. Nele somos completos. Ele é a resposta para cada necessidade, o
Salvador perfeito. Ele não precisa de decoração para realçar sua beleza, nem de
amparo para aumentar sua estabilidade, nem de coragem para aperfeiçoar sua força.
Quem pode tornar mais vistoso o ouro refinado, branquear a neve, perfumar a rosa
ou avivar as cores do pôr do sol de verão? Quem será esteio para as montanhas ou
ajudará as profundezas? Não é Cristo ou a filosofia, nem Cristo ou o dinheiro, nem a
civilização, nem a diplomacia, nem a ciência, nem a organização. É só Cristo. Ele
trilhou a Via Dolorosa sozinho. Seu próprio braço trouxe salvação. Ele é suficiente.
Ele é o conforto, a força, a sabedoria, a justiça, a santificação de todo homem.
— C. L. CHILTON
Deus tem tudo a ver com a oração, bem como tem tudo a ver com
quem ora. Para aquele que ora e enquanto ora, o momento é
sagrado porque é o momento de Deus. A ocasião é sagrada porque
é a ocasião da alma de achegar-se a Deus e de ocupar-se de Deus.
Hora nenhuma é mais consagrada porque é a ocasião da mais
poderosa aproximação da alma a Deus e da maior revelação de
Deus. Os homens assemelham-se a Deus e são abençoados, já que
a hora da oração é a que mais tem de Deus nela. A oração gera e
mede a aproximação de Deus. Quem não sabe orar não conhece
Deus. Quem nunca repousou os olhos em Deus no quarto de
oração nunca viu Deus. É no quarto de oração que vemos Deus. O
lugar de sua habitação é no secreto. “Aquele que habita no abrigo
do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso” (Salmos
91.1).
“Mas, quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está
em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mateus 6.6).
“Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por
todos nós, como não nos dará com ele, e de graça, todas as
coisas?” (Romanos 8.32).
Deus não tem nada bom demais que não possa dar em resposta
à oração. Não há vingança tão terrível pronunciada por Deus que
não se renda à oração. Não há justiça tão inflamada que não possa
ser apagada pela oração.
“Um amigo meu em viagem chegou a mim e não tenho nada para
servir a ele!” Ele bate mais uma vez. “Amigo, pode me emprestar
três pães?” Ele espera um pouco e em seguida bate mais uma vez.
“Amigo, preciso de três pães!” “Não me incomode: a porta já está
fechada; não posso me levantar e lhe dar o que me pede!” Ele fica
parado. Ele se volta para ir para casa. Volta. Bate mais uma vez.
“Amigo!”, grita. Ele encosta o ouvido na porta. Ouve um som lá
dentro e, então, a luz de uma vela brilha pelo buraco da porta. As
trancas da porta são empurradas, e ele consegue não apenas três
pães, mas tantos quanto precisa. “‘Peçam, e será dado; busquem, e
encontrarão; batam e a porta será aberta’”.
E eles lhe disseram: “Os discípulos de João jejuam e oram frequentemente, bem
como os discípulos dos fariseus; mas os teus vivem comendo e bebendo”. Jesus
respondeu: “Podem vocês fazer os convidados do noivo jejuar enquanto o noivo está
com eles? Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão”
(Lucas 5.33-35).
“Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’ e ‘quem matar
estará sujeito a julgamento’. Mas eu digo a vocês que qualquer que se irar contra seu
irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’,
será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco!’, corre o risco de ir para o fogo
do inferno. Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se
lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e
vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta”
(Mateus 5.21-24).
Aquele que tenta orar a Deus com um espírito irado, com lábios
irreverentes, com um coração irreconciliado e com questões mal
resolvidas com o próximo, gasta seu esforço por nada, viola a lei da
oração e acrescenta pecados sobre si.
“Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto
mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!”.
(Mateus 7.11)
Lucas conta que Jesus estava orando em determinado lugar e quando terminou um
dos discípulos disse a ele: “Senhor, ensina-nos a orar”. Esse discípulo ouvira Jesus
pregar, mas não sentiu o desejo de pedir: “Senhor, ensina-nos a pregar”. Ele podia
aprender a pregar estudando os métodos do Mestre. Mas havia alguma coisa na
oração de Jesus que fez o discípulo sentir que ele não sabia orar; que ele nunca
orara e que não podia aprender apenas ouvindo o Mestre enquanto orava. Há algo
profundo na oração que nunca sobe à superfície. Para aprender, a pessoa deve
descer às profundezas da alma e subir às alturas de Deus.
— A. C. DIXON, D.D.
Depois de Jesus ter entrado em casa, seus discípulos lhe perguntaram em particular:
“Por que não conseguimos expulsá-lo?” Ele respondeu: “Essa espécie só sai pela
oração e pelo jejum” (Marcos 9.28,29).
Jesus respondeu: “Eu lhes asseguro que, se vocês tiverem fé e não duvidarem,
poderão fazer não somente o que foi feito à figueira, mas também dizer a este monte:
‘Levante-se e atire-se no mar’, e assim será feito. E tudo o que pedirem em oração,
se crerem, vocês receberão” (Mateus 21.21,22).
Viver nele, habitar nele, ser um com ele, receber vida dele, deixar
que toda a vida dele flua por meio de nós — estas são as atitudes
da oração e a capacidade de orar. Habitar nele não pode estar
separado de sua Palavra habitar em nós. Ela deve viver em nós
para dar à luz a oração e alimentá-la. A atitude da Pessoa de Cristo
é a condição da oração.
“Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que
permaneça, a fim de que o Pai conceda a vocês o que pedirem em meu nome” (João
15.16).
“Naquele dia, vocês não me perguntarão mais nada. Eu asseguro que meu Pai dará
a vocês tudo o que pedirem em meu nome. Até agora vocês não pediram nada em
meu nome. Peçam e receberão, para que a alegria de vocês seja completa” (João
16.23,24).
“Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em
teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu
lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o
mal!” (Mateus 7.22,23)!
“Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu
digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a
sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim;
ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras. Digo a verdade: Aquele que crê
em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do
que estas, porque eu estou indo para o Pai. E eu farei o que vocês pedirem em meu
nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome,
eu farei”. (João 14.10-14)
Cristo, quando viu que deveria morrer e que sua hora havia chegado, exauriu seu
corpo, entregando-se por completo: já não se importava com o que iria acontecer
consigo mesmo. Consumiu-se pregando o dia inteiro e orando a noite toda, pregando
no templo terríveis parábolas e fazendo orações no jardim como as do capítulo 17 de
João e “Seja feita a tua vontade!” a ponto de suar sangue.
— THOMAS GOODWIN
Quando todo o povo estava sendo batizado, também Jesus o foi. E, enquanto ele
estava orando, o céu se abriu e o Espírito santo desceu sobre ele em forma
corpórea, como pomba. Então veio do céu uma voz: “Tu és o meu Filho amado; em ti
me agrado” (Lucas 3.21,22).
Durante os seus dias de sua vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em
alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa
da sua reverente submissão (Hebreus 5.7).
Jesus Cristo era sempre um homem ocupado com sua obra, mas
nunca ocupado demais para orar. A tarefa mais divina enchia o
coração e as mãos dele, consumia seu tempo, exauria seus nervos.
Mas, para ele, nem mesmo a obra de Deus poderia diminuir a
oração a Deus. Salvar as pessoas do pecado e do sofrimento não
deve, mesmo com Cristo, substituir a oração, nem minorar o tempo
ou a intensidade desse período santo. Ele enchia os dias
trabalhando para Deus; gastava as noites em oração a Deus. O dia
de serviço fazia da noite de oração uma necessidade. A noite de
oração santificava e tornava bem-sucedido o dia de oração. A
excessiva ocupação que impede de orar mata a religião cristã. Não
tem outra saída.
Havia um grande cabo no sul da África e tantas tempestades e vidas perdidas que
ele acabou sendo designado cabo da Morte. Certo dia, em 1789, um navegador
corajoso direcionou a proa de sua embarcação para a tempestade, movendo-a com
um grande estrondo, até encontrar mar calmo. Então chamou o lugar de cabo da Boa
Esperança. Assim também há um cabo que se projeta da terra para o mar da
eternidade chamado morte. Todos tinham medo dele. Todos os navegadores, mais
cedo ou mais tarde, devem enfrentar essas águas sombrias. Mas muito tempo atrás,
há quase dois mil anos, um bravo navegador do céu desceu e dirigiu a proa de sua
frágil humanidade para as águas sombrias desse cabo e ficou sob seu terrível poder
por três dias. Ao emergir, encontrou a porta da alegria calma e infinita, e agora a
chamamos Boa Esperança.
— JOHN W. BAKER
O pecado é tão indescritivelmente terrível em seu mal que ele nocauteou, como a
morte e o inferno, o próprio Filho de Deus. Ele já fora surpreendido o suficiente pelo
pecado anteriormente. Ele vira o pecado transformando anjos do céu em demônios
do inferno. A morte e todos os seus horrores não moveram nem desconcertaram
nosso Senhor. Não. Não era a morte: era o pecado. Era o fogo do inferno em sua
alma. Eram as brasas, o óleo, o breu, o junípero, a terebintina do fogo que não se
extinguia.
Alguns traziam crianças a Jesus para que ele tocasse nelas, mas os discípulos os
repreendiam. Quando Jesus viu isso, ficou indignado e lhes disse: “Deixem vir a mim
as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são
semelhantes a elas.
Certa vez Jesus estava orando em particular, e com ele estavam os seus discípulos;
então lhes perguntou: “Quem as multidões dizem que eu sou?”
Feliz era Pedro por ter alguém como o Filho de Deus para orar
por ele! Pobre, porém, era ele, por estar assim na rede de Satanás a
ponto de exigir tanto da preocupação de Cristo! Quão intensas são
as exigências por nossas orações para alguns casos específicos! A
oração deve ser pessoal para que o benefício seja de máximo
alcance. Pedro dependeu mais das orações de Cristo do que
qualquer outro discípulo, por causa de sua exposição a maiores
perigos. Ore por quem é mais impulsivo, pelos que correm maior
perigo por seu nome. Nosso amor e o perigo que correm concedem
frequência, inspiração, intensidade e personalidade à oração.
Aproximadamente oito dias depois de dizer essas coisas, Jesus tomou a Pedro, João
e Tiago e subiu a um monte para orar. Enquanto orava, a aparência de seu rosto se
transformou, e suas roupas ficaram alvas e resplandecentes como o brilho de um
relâmpago. Surgiram dois homens que começaram a conversar com Jesus. Eram
Moisés e Elias. Apareceram em glorioso esplendor e falavam sobre a partida de
Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém (Lucas 9.28-31).
“Agora meu coração está perturbado, e o que direi? Pai, salva-me desta hora? Não;
eu vim exatamente para isto, para esta hora. Pai, glorifica o teu nome!” Então veio
uma voz dos céus: “Eu já o glorifiquei e o glorificarei novamente”. A multidão que ali
estava e a ouviu, disse que tinha trovejado; outros disseram que um anjo lhe tinha
falado. Jesus disse: “Esta voz veio por causa de vocês e não por minha causa” (João
12.27-30).
Que satisfação deve ser aprender do próprio Deus com que palavras e de que
maneira ele gostaria que orássemos a ele a fim de não orarmos em vão! Não
consideramos o suficiente o valor dessa oração; o respeito e a atenção que exige; a
preferência que deve receber; sua plenitude e perfeição; o uso frequente que
deveríamos fazer dela; e o espírito que deveríamos trazer com ela. “Senhor, ensina-
nos a orar.”
— ADAM CLARK
Cristo põe palavras nos nossos lábios, palavras que devem ser
pronunciadas por lábios santos. As palavras pertencem à vida de
oração. Orações sem palavras são como o espírito humano; pode
ser puro e elevado, mas etéreo e impalpável demais para os
conflitos, as necessidades e os usos terrenos. Nosso espírito
precisa estar revestido de carne e sangue, e nossas orações
igualmente devem estar revestidas com palavras para que tenham
alvo e poder, uma habitação local e um nome.
Todas essas coisas ele entregou nessa lei da oração, mas muitas
lições simples de comentário, expansão e expressão ele acrescenta
ao estatuto de sua lei.
Jesus termina sua vida com calma, confiança e sublimidade inimitáveis. “‘Eu te
glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer’” (João 17.4). Os
anais da terra não contêm nada comparável a isso em real segurança e sublimidade.
Que possamos alcançar nosso fim assim, em suprema lealdade a Cristo.
— EDWARD BOUNDS
“Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a
quem enviaste” (João 17.3).
“Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus; tu os deste a
mim, e eles têm obedecido à tua palavra. Agora eles sabem que tudo o que me deste
vem de ti.
Ele também ora para que esses discípulos sejam mantidos. Eles
não deveriam ser apenas escolhidos, eleitos e possuídos, mas
deveriam ser mantidos pelo olhar atento do Pai e por sua mão
onipotente. “‘Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no
mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o
nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um’”
(v. 11).
Jesus ora para que eles sejam guardados pelo Santo Pai em toda
a santidade pelo poder de seu nome. Ele pede que seu povo seja
guardado do pecado, de todo o pecado, de pecados concretos e
pecados abstratos, do pecado em todas as formas de mal, de todo o
pecado neste mundo. Ele ora para que possam não apenas estar
preparados e prontos para o céu, mas prontos e preparados para a
terra, para seus privilégios mais doces, seus deveres mais severos
e suas ricas alegrias; prontos para todos os seus desafios,
consolações e triunfos. “‘Não rogo que os tires do mundo, mas que
os protejas do Maligno’” (v. 15).
Ele ora para que eles sejam guardados do maior mal do mundo,
que é o pecado. Ele deseja que sejam protegidos da culpa, do
poder, da corrupção e da punição do pecado. A Nova Versão
Internacional traduz por: “que os protejas do Maligno” (v. 15). Proteja
do Diabo para que este não possa tocá-los, nem encontrá-los, nem
tenha lugar neles; que sejam completamente possuídos, cheios e
guardados por Deus. “[…] protegidos pelo poder de Deus até chegar
a salvação prestes a ser revelada no último tempo” (1Pedro 1.5). Ele
nos coloca nos braços do Pai, no colo do Pai, no coração do Pai.
Ele chama Deus ao ataque, dispondo-o na frente e posicionando-o
sob a retaguarda do Pai, à sombra do Eterno e sob a cobertura das
asas do Pai. A vara e o cajado do Pai são para nossa segurança,
conforto, refúgio, força e orientação.
" ‘Eles não são do mundo, como eu também não sou’” (João
17.16). Eles não precisavam ser guardados apenas do pecado e de
Satanás, mas também da sujeira, das manchas do mundo, assim
como Cristo era livre disso. A relação deles com Cristo não servia
apenas para livrá-los das manchas maculadoras do mundo, de seu
amor profano e suas amizades criminosas, mas do ódio do mundo
que seguiria inevitavelmente a semelhança deles com Cristo.
Nenhum resultado segue sua causa tão necessária e
universalmente como este: “‘[…] e o mundo os odiou, pois eles não
são do mundo, como eu também não sou’” (v. 14).
“Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
Vemos como Jesus ansiava nos ter com ele no céu: “‘Pai, quero
que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a
minha glória, a glória que me deste […]’” (João 17.24). Que resposta
nosso coração negligente dá a tamanho anseio fervoroso e amoroso
de Cristo? Esperamos com tanta expectativa pelo céu como ele
espera nos ter lá? Quão calmo, majestoso e cheio de autoridade é
seu “quero”!
O cálice! O cálice! O cálice! Nosso Senhor não usou muitas palavras: mas usou suas
poucas palavras muitas vezes até chegar a esse cálice e à vontade de Deus! — A
vontade dele seja feita, e este cálice — era toda a oração. “O cálice! O cálice! O
cálice!”, clamou Cristo: primeiro em pé; depois ajoelhado; depois com o rosto
prostrado […] “Senhor, ensina-nos a orar!”
Como de costume, Jesus foi para o monte das Oliveiras, e os seus discípulos o
seguiram.
Chegando ao lugar, ele lhes disse: “Orem para que vocês não
caiam em tentação”.
“‘Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita
a minha vontade, mas a tua’” (Lucas 22.42). Essas palavras diferem
em tom e direção de suas demais orações e atitudes. Como é
diferente da Oração Sacerdotal! “Pai, eu quero” é a lei e a vida
daquela oração. Em suas últimas instruções sobre a oração, ele faz
da nossa vontade a medida e condição da oração. “‘Se vocês
permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em
vocês, pedirão o que quiserem, e será concedido’” (João 15.7); ele
disse à mulher cananeia: “[…] ‘Mulher, grande é a sua fé! Seja
conforme você deseja!’ […]” (Mateus 15.28).
Satanás terá para cada um de nós sua hora e poder das trevas e
para cada um de nós o cálice amargo e o temeroso espírito da
escuridão.
Podemos orar contra a vontade de Deus, como fez Moisés, para
entrar na terra prometida; como fez Paulo sobre o espinho na carne;
como fez Davi em relação à criança condenada; como fez Ezequias
para viver. Devemos orar contra a vontade de Deus três vezes
quando o golpe é mais forte, a dor mais aguda e a tristeza mais
profunda. Podemos ficar prostrados a noite inteira, como fez Davi,
ao longo das horas de escuridão. Podemos orar durante horas,
como fez Jesus, e na escuridão de muitas noites, sem contar as
horas pelo relógio, nem as noites pelo calendário. Contudo, tudo
isso deve ser a oração de submissão. Quando a dor, a noite e a
escuridão do Getsêmani caem em pesadas trevas sobre nós,
devemos nos submeter pacientemente e com temor, se for
necessário, mas doce e resignadamente, sem tremor nem dúvida,
ao cálice que a mão do Pai põe em nossos lábios. “‘[…] não seja
feita a minha vontade, mas a tua’” (Lucas 22.42), nosso coração
partido diria. Da forma de Deus, misteriosa para nós, esse cálice
tem os mais amargos sedimentos, assim como teve para o Filho de
Deus, a joia e o ouro da perfeição. Devemos ser colocados no crisol
para ser refinados. Cristo foi aperfeiçoado no Getsêmani, não pela
oração, mas pelo sofrimento. “[…] tornasse perfeito, mediante o
sofrimento, o autor da salvação deles” (Hebreus 2.10). O cálice não
poderia ser passado porque o sofrimento deveria prosseguir e dar
seu fruto de perfeição. Por meio de muitas horas de trevas e do
poder do inferno, por meio de muitos conflitos dolorosos com o
príncipe deste mundo, bebendo muitos cálices amargos, é que
somos aperfeiçoados. Clamar contra as terríveis e penetrantes
chamas do crisol no doloroso processo do Pai é natural e não é
pecado, se houver perfeita aquiescência na resposta à nossa
oração, perfeita submissão à vontade de Deus e perfeita devoção à
sua glória.
“Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à
minha disposição mais de doze legiões de anjos? Como então se cumpririam as
Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?” (Mateus
26.53,54)!
13. O ESPÍRITO SANTO E A ORAÇÃO
— G. H. MORGAN
O evangelho não pode ser posto em ação, a não ser pelo Espírito
Santo. Apenas ele possui a autoridade soberana para realizar uma
obra digna de rei. O intelecto não pode executá-la, tampouco o
estudo, nem a eloquência, nem a verdade, nem mesmo a verdade
revelada pode tornar atuante o evangelho. Os fatos maravilhosos
sobre a vida de Cristo contados por corações não ungidos pelo
Espírito Santo serão secos e estéreis ou “como uma história
contada por um louco, repleta de ruídos e agitação, sem significar
nada”. Nem mesmo o sangue precioso pode pôr o evangelho em
ação. Nenhum desses, nem todos eles, embora expressados com
sabedoria e eloquência angelical, podem tornar efetivo o evangelho
com poder salvador. Somente línguas avivadas com o fogo do
Espírito Santo podem testemunhar o poder salvador de Cristo com
poder para salvar outros.
— ARCEBISPO TRENCH
“Naquela hora, Jesus, exultando no Espírito Santo, disse: ‘Eu te louvo, Pai, Senhor
do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste
aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado” (Lucas 10.21).
Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como
orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele
que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede
pelos santos de acordo com a vontade de Deus (Romanos 8.26,27).