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IBC – 20-01-2019

Tema: Cristo e nada a mais!

Texto: Colossenses 2.6-23

INTRODUÇÃO
Na mensagem sobre o capítulo anterior, vimos que para viver uma vida digna do Senhor é necessário o pleno
conhecimento da vontade de Deus. Somente conhecendo a Deus poderemos viver de modo a agradá-lo e honrá-lo.
Vimos também que essa dignidade ou essa vida digna do Senhor só é possível porque o próprio Deus nos tornou
dignos/capazes de participar de sua herança por meio do sacrifício e ressurreição de Jesus Cristo.
Também vimos que o principal tema da carta aos Colossenses é a supremacia de Cristo (1.15-20). O apóstolo
Paulo enfatiza a supremacia de Jesus para combater heresias (falsos ensinos) que estavam surgindo na igreja de
Colossos. Esses falsos ensinamentos consistiam em ensinar que era necessário seguir regras rígidas de abstenção do
corpo, bem como ensinava que existiam conhecimentos ocultos e misteriosos, além de enfatizar rituais antigos do
judaísmo. Se os cristãos colossenses dessem ouvidos a estas coisas deixariam de lado a supremacia devida a Cristo
sobre todas as coisas que existem, inclusive sobre sua fé e salvação.
Mas, será que era necessário dizer a cristãos que Cristo é supremo? Que é necessário que em tudo Ele tenha
a supremacia? Paulo entendia que sim, pois decidiu enfatizar isso de maneira incisiva não só na primeira parte da
carta como no trecho em que trataremos agora.
Nos versos de 9 a 12 Paulo fala de como Cristo é suficiente para nossa salvação e redenção, reafirmando que
em Jesus Cristo está a plenitude da divindade, ou seja, não é necessário que se procure outros seres espirituais para
mediarem nossa relação com Deus.

Já nos versos de 13-15 ele fala de como Cristo foi quem realizou essa obra redentora, cancelando nossa
dívida de pecados para com Deus. A expressão “cancelou a escrita de dívida” faz alusão ao reuso de pergaminhos
naquela época, que eram lavados para reuso. Ou seja, nossa lista de dívidas (pecados) para com Deus (baseada na
Lei) foi apagada por Cristo e pregada na cruz. Além disso, Ele venceu os poderes e autoridades quando triunfou sobre
a morte! (v.15).

Paulo levanta esses assuntos para lembrar os Colossenses da supremacia de Cristo e exortá-los a
permanecerem firmes na fé que haviam recebido. No versículo 6 Paulo se utiliza de termos da natureza e da
engenharia para ilustrar como devemos tratar a fé na supremacia de Cristo: devemos estar enraizados em Cristo
como árvores na terra e edificados nEle como construções bem feitas, evitando que ensinamentos falsos se
misturem à nossa fé, diminuindo a importância de Cristo em nossas vidas.

Para enfatizar sua afirmação de que Cristo tem a supremacia sobre tudo, Paulo mostra algumas coisas das
quais nós NÃO precisamos quando já temos a Cristo:

1. NÃO PRECISAMOS DE OUTRAS FILOSOFIAS OU CONHECIMENTOS MISTERIOSOS/OCULTOS – (v.8-10 e 2-4)


Uma das ideias da heresia que estava surgindo entre os colossenses era a de que existiam
conhecimentos ocultos, de difícil acesso para pessoas comuns, que precisavam ser descobertos. Esses
ensinamentos deveriam ser buscados em conjunto com os ensinamentos do Evangelho. Isso significava que a
revelação de Jesus Cristo não era suficiente para o cristão, negando a supremacia e a suficiência de Cristo.
Contudo, ao lermos as palavras de Paulo, fica claro que:

a) O (único) mistério de Deus é Jesus Cristo (v.2) – Hebreus 1.2-4


b) Tudo o que precisamos saber e conhecer está em Cristo (v.3, 9-10)
c) Apesar de parecerem convincentes, alguns ensinamentos devem ser ignorados (v.4)
d) Devemos ficar atentos para que nenhum ensinamento humano nos escravize (v.8)
IBC – 20-01-2019

O que Paulo está combatendo aqui são doutrinas que possam se levantar entre os cristãos e que
visem diminuir a grandeza e suficiência de Cristo. Podemos ver isso acontecendo em algumas seitas, onde os
fiéis devem seguir algum outro livro além da Bíblia para viverem corretamente ou até para serem salvos. O
apóstolo não está proibindo os crentes de Colossos de estudarem assuntos diversos, antes, está apenas
alertando contra ensinamentos que se propõem a substituir ou que se colocam no mesmo patamar que o
próprio Cristo. Ele combate isso, pois sabe que nós temos a tendência a querermos buscar coisas misteriosas,
ocultas e fantásticas. Temos esse fascínio pelo que é considerado mistério. Contudo, como dito
anteriormente, o mistério de Deus foi revelado: Jesus Cristo, morto e ressuscitado pelos nossos pecados!
(1.27)

Portanto, não existe nenhuma filosofia, mistérios ou teorias que possam ser colocadas lado a lado
com Cristo no que tange a nossa fé e nossa salvação. Cristo tem a supremacia em tudo! (1.18)

2. NÃO PRECISAMOS DE FALSA HUMILDADE OU DE ARTIFÍCIOS ESPIRITUAIS - (v.18-19)

Em nossa caminhada de fé muitas vezes somos confrontados por pessoas que demonstram ser super
espirituais ou mais crentes que os outros. Pessoas que, por alguma experiência que tiveram com Deus (ou
não), querem nos impor algumas coisas. Normalmente esse tipo de “super crente” arrota santidade e conta
testemunhos mirabolantes de suas visões, experiências espirituais ou coisas do tipo. Ou até mesmo de sua
ótima conduta moral. E com isso, se colocam como superiores aos demais irmãos em Cristo que não passam
pelas mesmas experiências.
Paulo está ensinando aos colossenses que não permitam que esse tipo de gente e de ensinamento
os impeçam de alcançar o prêmio, ou seja, essas ideias poderiam afastá-los da verdadeira doutrina de Cristo
porque eram ensinos inventados por homens. Além disso, aqueles que se vangloriam de visões e
experiências místicas podem fazer com que alguns cristãos desanimem por não viverem as mesmas coisas.
Paulo fala contra essas ideias porque elas procuram diminuir a supremacia de Cristo.

a) Pessoas que se orgulham de experiências espirituais e oprimem seus irmãos não estão ligadas a
Cristo (v.19)
Elas não estão ligadas a Cristo exatamente pelo fato de que estão colocando experiências
pessoais no mesmo patamar que Jesus, negando sua suficiência e supremacia.
V.19 – NTLH: “Não deixem que ninguém os humilhe, afirmando que é melhor do que vocês porque diz
ter visões e insiste numa falsa humildade e na adoração de anjos. Essas pessoas não
têm nenhum motivo para estarem cheias de si, pois estão pensando como qualquer
outra criatura humana pensa”

b) É Cristo que efetua o crescimento dado por Deus e não os nossos artifícios “espirituais” (v.19)
Muitas vezes caímos nestes movimentos de super espiritualidade porque não confiamos na
supremacia de Cristo e acabamos por buscar satisfação ou crescimento espiritual nesses artifícios
“gospel”. Buscamos nos satisfazer em cultos de profecias, em visões e sonhos, em dons espirituais
específicos (como o dom de línguas estranhas) ou até mesmo em atitudes caridosas. Nada que se
apresente como modo de “ajudar” (entre aspas) Jesus Cristo a fazer seu trabalho deve ser aceito! Ele
é a Cabeça do corpo (igreja) e é Ele quem efetua em nós o crescimento!

- Fp 2.13: “...pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a
boa vontade dele”.
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Em suma, quanto ao que tange a falsa humildade por causa de questões espirituais, devemos evitar
(1) as pessoas que são assim e querem nos oprimir e se mostrarem superiores aos outros; e (2) devemos
evitar sermos esse tipo de pessoa! Visões e experiências não são regras que devem ser impostas aos outros
irmãos e muito menos motivo para se vangloriar sobre os outros.

3. NÃO PRECISAMOS DE LEGALISMOS OU MORALISMOS – (v.16-17,20-23)


Como comentamos na semana passada, temos uma tendência a querermos levantar regras de “faça”
e “não faça”. Normalmente fazemos isso para facilitar a caminhada de fé ou para oprimir os crentes mais
fracos, com falsa humildade. Além disso, as vezes nos deparamos com igrejas que querem retomar a
observação de rituais do Antigo Testamento, como por exemplo guardar um dia da semana. O problema
disso tudo, mais uma vez, é que essas coisas acabam por tomar a supremacia que Cristo deve ter sobre todas
as coisas.

a) As observâncias e as “regrinhas” se apresentam como requisitos para ser cristão


A verdadeira religião cristã consiste na fé em Cristo e uma fé que acredita que Jesus Cristo é
suficiente não só para a salvação, mas também para o crescimento espiritual. Quando nos atentamos
para rituais antigos (judeus) ou novos, estamos nos apegando a coisas que são só sombras do que é a
verdadeira religião, a saber, CRISTO (v.17).

Rituais judaicos, como o sacrifício de animais, a guarda do sábado ou regras cerimoniais eram
apenas uma sombra do que viria. Não há mais sentido em sacrifícios ou rituais quando sabemos que
Cristo pagou o preço por nós e que “Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

b) O cumprimento de regras nos leva ao orgulho e, assim como os artifícios espirituais, também nos
fazem esquecer de quem realiza a obra em nós!

- 1 Co 1.30-31: “É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou
sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, para que, como
está escrito: "Quem se gloriar, glorie-se no Senhor".”

c) Regras têm aparência de sabedoria e santidade (v.23)


Viver cumprindo regras religiosas pode parecer algo correto e até louvável. Mas, o apóstolo
Paulo está dizendo aos Colossenses que isso é enganoso, pois só tem aparência de sabedoria e é uma
pretensa religiosidade. O rigor com o corpo não tem valor para refrear os nossos impulsos.

As palavras de Jesus em Mateus 5, quando ele fala sobre homicídio e adultério, demonstram
isso. Ele diz que não é somente o ato em si que é pecado, mas também os pensamentos e atitudes
do coração. Ou seja, ainda que sigamos regras estabelecidas, nosso coração pode continuar cheio de
pecado. Isso acontece quando esquecemos que é o Espírito Santo quem transforma nosso interior e
buscar essa transformação em nossa própria capacidade é só uma pretensa religiosidade e não vale
de nada na luta contra o pecado!

- Rm 8.13: “Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem
morrer os atos do corpo, viverão”

- 2 Ts 2.13: “...Deus os escolheu para serem salvos mediante a obra santificadora do Espírito e a fé
na verdade”.
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d) As boas obras são consequência da nossa salvação e não o requisito para ela

- Efésios 2.8-10 (ler)

 Ilustração: A vida do reformador Martinho Lutero, que lutava contra seus pecados e só encontrou paz
quando leu Romanos 1.17: “O justo viverá pela fé”. O livro de Romanos nos mostra que essa fé é somente
em Jesus Cristo!

CONCLUSÃO
Poderíamos resumir as palavras de Paulo da seguinte forma:

“Jesus Cristo é o único Senhor das nossas vidas. Ele tem toda supremacia. Não deixem que
nenhum ensinamento que não tenha Cristo como base os escravize ou os afaste da sã doutrina, da
verdadeira fé em Cristo Jesus.”

No verso 8 o apóstolo está afirmando exatamente sobre o perigo de ideias e doutrinas que
não venham de Cristo. Em sua carta aos Gálatas, Paulo afirma: “Mas ainda que nós ou um anjo do céu
pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora
repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado! ”
(Gl 1.8 -9).

Doutrinas que enfatizam sacrifícios financeiros, jejuns mirabolantes, frequência em cultos


específicos para barganhar com Deus algum tipo de recompensa, seja material ou espiritual, são
ensinos que procuram diminuir a obra redentora e santificadora de Cristo. Jesus Cristo é tudo de
que precisamos e Ele fez tudo o que precisamos para seguir uma caminhada cristã de intimidade
com Deus, dando o Espírito Santo para nos ajudar no processo de santificação! (É importante dizer,
contudo, que Paulo não está afirmando que nada é pecado ou que todas as coisas são lícitas. Paulo
está apenas afirmando que listas de regras e rituais são ineficazes e tomam o lugar de Cristo em
nossos corações).
Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6) e nada e nem ninguém mais. Só precisamos
de CRISTO E NADA A MAIS!

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