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Tema: Palavra do Diretor

Antes de começar nossos estudos, quero agradecer por ter se matriculado no


nosso Seminário Maior de Estudos Teológicos, quero dar-te as boas vindas e te desejar
bons estudos. Quero que saiba que estarei aqui pra te auxiliar no que for necessário,
contudo, quero que se esforce com toda dedicação pra obter um bom estudo.

Fazer um estudo teológico não é algo difícil, mas também não é tão fácil,
contudo, quando buscamos a direção do Espírito Santo, com toda dedicação e devoção,
somos levados a ter toda revelação que necessitamos.

Tenho total confiança em você, querido aluno, confiança essa que me leva a
saber que no futuro próximo, será um grande defensor da fé, e quem sabe um grande
obreiro capaz de pregar o evangelho com toda excelência e amor.

Quero aqui fazer uma aliança com você, uma aliança a qual primeiramente será
feita com o Senhor JESUS CRISTO, filho de Deus. A aliança é que irá estudar com desejo
de aprender mais de Deus, com intenção de ser edificado, com amor e alegria, e quando
possível, poder falar e compartilhar tudo quanto tem aprendido a outros para a glória de
Deus.

Busquem estudar a Bíblia todos os dias com a intenção de conhecer


intimamente seu autor, o Espírito Santo, que a Palavra de Deus seja seu alimento
constante, isso fará que venhas a ter um conhecimento e crescimento espiritual.

Não estude e não leia a Bíblia somente com um objeto de estudo, mas estude
com os olhos espirituais pedindo sempre a revelação de Deus e aplicando tudo que
aprender e ler em sua vida, tudo que ler, veja como um espelho pra você e não como
algo que somente serve pra outras pessoas, e o mais importante, leia crendo sem
duvidar. (Hebreus 11.1)

Diretor: Pr.Clesilvio de Castro Sousa


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SUMÁRIO.

1 – A ORIGEM DA BÍBLIA

2 – A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA DAS ESCRI-


TURAS

3 – ÚNICA E NÃO COMUM.

4 – A ESTRUTURA DA BÍBLIA

5 – MODOS DE INSPIRAÇÃO

6 – A INERRÂNCIA BÍBLICA

7 – A DEFINIÇÃO DE INERRÂNCIA

8 – O ESPIRITO SANTO E A PALAVRA

INTRODUÇÃO

Começaremos portanto este curso, estudando a Doutrina sobre a Palavra de Deus, a origem,
inspiração, estrutura e autoridade.É possível que haja uma religião divina sem umaliteratura
inspirada. O professor Francis L. Patton observa: Se osimples testemunho histórico prova que
Jesus operou milagres,pronunciou profecias e proclamou a sua divindade — se pode
serdemonstrado que ele foi crucificado para redimir os pecadores, eque foi ressuscitado dentre
os mortos e que fez com que o destinodos homens dependesse de aceitá-lo como o seu
Salvadorentão, sejam inspirados ou não os registros, aí daquele quedescuidar de tão grande
salvação.

“O SENHOR DEU A PALAVRA”,SI 68.11.

A Bíblia é uma dádiva de Deus. Ele que anti-gamente falou “muitas vezes e de muitas
maneiras aos pais”, Hb 1.1, queria que a sua palavra não so- mente ficasse guardada pelos
homens por meio da sua própria experiência com Deus e pela tradição falada, isto é, os pais
contando para os seus filhos, etc.

Deus queria que as verdades reveladas fossem conservadas em um autêntico documento. Por
isto ele mesmo tomou as providências para que as suas palavras, revelações e os
acontecimentos em que ele havia operado maravilhas no meio do seu povo, fossem escritos.

Deus ordenou a Moisés: “escreva isto para memória num livro.” Ex 17.14. Esta mesma
ordem foi depois repetida durante 1.600 anos a cerca de 45 homens de Deus e assim surgiu
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“O Livro deDeus”, Is 34.16, a “Palavra de Deus”, Ef 6.17; Mc 7.13, “as Santas Escrituras”,
Rm 1.2, que nós chamamos a Bíblia.

A palavra Bíblia vem do grego “biblion” - que significa “folha de papiro”. As escrituras
originais foram escritas em rolos de papiroe assim apareceu“biblions” como uma coleção de
livros pequenos. A Bíblia contém 66 livros, sendo 39 do Velho e 27 do Novo Testamento.

Os que escreveram os 66 diferentes livros da Bíblia receberam a mensagem de diferentes


maneiras. Ás vezes Deus disse: “Escreve num livro todas as palavras que te tenho dito.” Jr
30.2; 36.2; Hc 2.1,2, etc.

Muitas vezes os autores escreveram: “Veio a mim a palavra de Deus.” Jr 1.4; Mc 1.1; Is 1.2
etc. A Bíblia diz a respeito de Moisés: “recebeu as palavras da vida para no-las dar”, At
7.38. Isaías menciona 120 vezes que o Senhor lhe falou, Jere- mias 430 vezes e Ezequiel 329
vezes.

Outros registraram acontecimentos, assim como se escreve História. Ex 17.14 etc.

Outros exa- minaram minuciosamente aquilo sobre o qual receberam a direção para
escrever. Lc 1.3.

Outros receberam a mensagem por revelação, At 22.14-17; G11.11,12,15,16; Ef 3.1-8;


Dn 10.1 etc.

E alguns receberam sonhos e visões, Dn 7.1; Ez 1.1; 2 Co 12.1-3.Mas todos escreveram


o que receberam pela inspiração do Espírito Santo e podiam dizer: “O que recebi do Senhor
também vos entreguei.” 1 Co 11.23; 15.3.

A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA DAS ESCRITURAS

Deus deu a Palavra e providenciou o modo degarantir a autenticidade da sua palavra, que os
homens de Deus haveriam de escrever.

a) Deus não escreveu nenhuma parte da Bíblia.

Uma só vez ele escreveu com o seu dedo osdez mandamentos em duas tábuas de pedra,
emambas as bandas, Ex 32.15,16, porém, Moisés,quando viu o bezerro de ouro que os
israelitas haviam feito, arremessou as tábuas, quebrando-as aopé do monte, Ex 32.19. Jesus
escreveu uma só vezna terra, mas os pés que andaram por cima daquelelugar apagaram
aquela escrita, Jo 8.8.

b) Quando Deus quis dar aos homens o Livro


Divino.

Escolheu e preparou para isto servos seus, aos quais deu umaplena inspiração pelo Espírito
Santo. 1 Pe 1.10-12; 2 Pe 1.21; 1 Tm 3.16; Jó 32.18-20, etc.

Cada autor escreveu conscientemente con-forme o seu próprio estilo e vocabulário e a sua
maneira individual de se expressar, mas todos sob a influência da inspiração do Espírito Santo.
Assimas palavras, com que registraram o que receberam de Deus, foram-lhes ensinadas pelo
Espírito Santo, 1 Co 2.13. Davi, que era rei e profeta, disse: O Espírito do Senhor falou por mim
e a sua palavra esteve na minha boca, 2 Sm 23.2.
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Desta maneira ficou toda a Bíblia inspirada pelo Espírito Santo. E realmente um milagre! O
mesmo Espírito que inspirou Moisés a escrever os primeiros cinco livros da Bíblia, Ex 24.1-4,
Nm 33.2, cerca de 1.550 anos antes de Cristo, inspirou também o apóstolo João a escrever o
seu Evangelho, as suas três Epístolas e o Apocalipse, no ano 90 DC.

C. Esta inspiração plenária atinge até as palavras usadas

Inclusive a sua forma gramatical.Temos vários exemplos na Bíblia que mostram como a forma
gramatical adequada, que os autores aplicaram, serviu para explicar grandes e importantes
doutrinas. Veja por ex. Mt 22.32, onde Jesus empregou o verbo“ser” na forma de presente (Eu
sou o Deus de Abraão, etc.) para provar a real existência de vida após a morte.

Em G1 3.16 vemos como a forma singular do substantivo “posterida­ de” foi usada para
dar um importante ensino como a promessa, dada a Abraão, se cumpriu na pessoa de Jesus.
O mesmo podemos ver também em Hb 12.27; Jo 8.57 e em muitos outros exemplos.

d) A teologia modernista não aceita a doutrina sobre a inspiração plenária da Bíblia.

Eles concordam em aceitar que as idéias ou pensamentos da Bíblia podem ser inspirados
mas que as palavras usadas, no texto, são um produto dos autores, os quais estão sujeitos a
erros.

Outros concordam em reconhecer a Bíblia como autoridade em assuntos meramente


espirituais, porém, em tudo que se relaciona com ciência, biologia, geologia, história etc. a
Bíblia não pode ser considerada uma autoridade.
Eles dizem abertamente: “Errar é humano.” Para dar uma aparência de piedade e respeito
às coisas de Deus eles dizem: “A Bíblia contém a palavra de Deus mas ela não o é.”
Infelizmente esta crítica materialista contra a veracidade da Bíblia tem se espalhado muito, e
onde ela chega, faz como a geada nas plantas... mata-as. A falsamente chamada “ciência”
faz que aqueles que a professam sedesviem da fé. 1 Tm 6.20,21.

E. Para os crentes convictos da sua salvação.

Que vivem em comunhão com Deus e sentem a operação do Espírito Santo em suas vidas,
esta crítica não gera problemas. Eles simplesmente rejeitam terminantemente qualquer
afirmativa contrária à Bíblia. Eles o fazem com convicção. A base destarejeição é segura.
Vejamos:

1. Em primeiro lugar rejeitamos toda a crítica contra a palavra de Deus, porque Jesus
considerou as Escrituras como “a Palavra de Deus”, Mt 7.13. E o apoio dele vale mais que as
idéias e afirmativas de quem quer que se- ja.

2. Rejeitamos a crítica modernista, contra a veracidade da Bíblia, porque seria uma ofensa
contra Deus que é perfeito, Mt 5.48, afirmar que a sua Palavra contém erros e mentiras. A
Bíblia

Afirma: “A Lei do Senhor é perfeita”, SI 19.7. “E provada”, SI 18.30, e “fiéis são todos os
seus mandamentos”, SI 111.7.

Única e não comum.


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Alguns confundem a inspiração com o esclarecimento. Refere-se à influência do Espírito Santo,


comum a todos os cristãos, influência que os ajuda a compreender as coisas de Deus. (1 Cor.
2:4; Mat. 16:17.) Eles mantêm a opinião de que esseesclarecimento espiritual seja a explicação
adequada sobre aorigem da Bíblia. Existe uma faculdade nos homens, assimensinam eles,
pela qual se pode conhecer a Deus — uma espéciede olho da sua alma. Quando os homens
piedosos da antiguidademeditavam em Deus, o Espírito Divino vivificava essa
faculdade,dando-lhes esclarecimentos dos mistérios divinos.

Tal esclarecimento é prometido aos crentes e tem sido experimentado por eles. Mas este
esclarecimento não é o mesmoque inspiração. Sabemos, segundo está escrito em 1Ped. 1:10-
12, que às vezes os profetas recebiam verdades por inspiração e lhes era negado
esclarecimento necessário à sua compreensão dessas mesmas verdades.

O Espírito Santo inspirou-lhes as palavras mas não achou por bem conceder-lhes a
compreensão do seu significado. Descreve-se Caifás como sendo o veículo duma mensagem
inspirada (se bem que o foi inconscientemente), apesar de não estar ele pensando em Deus.
Nesse momento ele foi inspirado mas não esclarecido. (João 11:49-52.).

1) Quanto à duração, o esclarecimento é, ou pode ser, permanente. "Porém a vereda


dos justos é como a luz da aurora,que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito"
(Prov. 4:18). Aunção que o crente recebeu do Espírito Santo permanece nele, diz o apóstolo
João (1 João 2:20-27). Por outro lado, a inspiraçãotambém era intermitente; o profeta não
podia profetizar à vontade,porém estava sujeito à vontade do Espírito.

"Porque a profecia não foi antigamente produzida por vontade de homem algum",
declara Pedro, "mas os homens santos de Deus falaram, inspirados pelo Espírito Santo"
(2 Pedro 1:21). Que a inspiração proféticaviesse repentinamente está implícita na expressão
comum: "A palavra do Senhor veio" a este ou àquele profeta. Uma distinçãoclara se faz entre
os verdadeiros profetas, que profetizamunicamente quando lhes vem a palavra do Senhor, e os
profetasfalsos que proferem uma mensagem de sua própria invenção. (Jer.14:14; 23:11, 16;
Ezeq. 13:2, 3.).

2) O esclarecimento admite a graduação, enquanto a inspiração não admite graduação


alguma. Varia de pessoa parapessoa o grau de esclarecimento, mas no caso da inspiração,
nosentido bíblico, a pessoa ou recebeu ou não recebeu a inspiração.

"Deus nada fez a não ser pelo homem; o homem nada fez, a não ser por Deus. é Deus
quem fala no homem, é Deus quem fala pelo homem, é Deus quem fala como homem, é
Deus quem fala afavor do homem."

A ESTRUTURA DA BÍBLIA

A Bíblia é, como já observamos, um conjunto de66 livros escritos por cerca de 45 autores sob a
inspiração do Espírito Santo, dentro de um período de1.600 anos.

a) A Bíblia se divide em duas partes distintas. O Antigo Testamento que contém 39


livros e o Novo Testamento que contém 27 livros.O Antigo Testamento que contém 39 livros
e o Novo Testamento que contém 27 livros.
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A palavra “testamento” tem duas significações. Em primeiro lugar a palavra testamento


significa uma Aliança, um Pacto, um Concerto. NoVelho Testamento achamos como tema
central opacto que Deus fez com Israel no Sinai, cujo pactofoi selado com sangue. Ex 24.3-8;
Hb 9.19-20. NoVelho Testamento achamos também a profecia deuma melhor aliança que havia
de ser feita peloMessias, o Prometido, o Esperado. Jr 31.31,33; Hb8.10-13.

No Novo Testamento se fala da Nova Aliança pelo sangue de Jesus, pela qual podemos
chegarperto de Deus. Mt 26.28; Ef 2.13. Glória a Jesus.

Testamento significa também a última vontade de alguém, quanto a seus bens, entrando em
vigor com a morte do testador. Tanto o Velho Testamento - e ainda mais o Novo Testamento,
falam das riquíssimas bênçãos prometidas e vinculadas à morte do Messias, cujo testamento
entrou em vigorcom a morte de Jesus no Calvário, G1 3.15-17; Hb 9.17; Rm 8.17 etc.

B. O Antigo Testamento contém 39 livros, os quais se podem subdividir em 4 grupos:

1. Livros da lei: Os cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Exodo, Levítico, Número e
Deuteronômio.

2. Os livros históricos: De Josué até o livro de Ester, isto é, 12 livros.

3. Os livros poéticos: São 5: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão.

4. Os livros proféticos: São 17: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel (chamados
os profetas maiores) e os restantes 12 livros de Oséias até Malaquias (chamados os profetas
menores.

C. O Novo Testamento, contém 27 livros, os quais podem subdividir-se em 4 grupos:

1. Os livros biográficos de Jesus: os 4 evangelhos.

2. O livro histórico: Atos dos Apóstolos, quecontém a história inicial da igreja primitiva.

3. Os livros de ensino apostólico: 21 epístolas, da epístola aos Romanos até a epístola de


Judas.

4. O livro profético: Apocalipse.

A AUTORIDADE DA BÍBLIA SAGRADA

a) Um livro que é inteiramente inspirado pelo Espírito Santo, e que milhares de


vezes repe- te: assim diz o Senhor, impõe autoridade divina e exige respeito e reverência e
deve ser obedecido. SI 119.4. Se for tirada a inspiração divina da Bíblia ela também perde a
sua autoridade, e fica como uma arma de fogo, sem munição. Mas a Bíblia é a Palavra de
Deus.

b) A Bíblia fica para os crentes que crerem nela, como a autoridade máxima, e eles
não aceitam nenhuma imposição contrária à Bíblia, seja de que fonte for. Eles dizem como
disse o apóstolo Pedro: Importa obedecer mais a Deus do que aos homens. At 5.29.
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c) Jesus deu, quando aqui vivia como homem, um grande exemplo de respeito à
autoridade das Escrituras, Para ele as Escrituras eram “A palavra de Deus”, Mt 15.3,6, e,
disse ele, con- forme a palavra profética: “Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito de
mim, deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu, sim, a tua lei está dentro do meu
coração”. SI 40.7,8. Esta profecia cumpriu-se, quando Jesus disse: A minha comida é fazer a
vontade daquele que me enviou e realizar a sua o bra, Jo 4.34. Sempre citava as Escrituras
nas suaspregações e palestras, Mt 12.3; Lc 10.26; Jo 10.34;Mt 21.16,42 etc. Dos 1800
versículos usados para re-gistrar as pregações de Jesus, 180 versículos contêmcitações das
Escrituras.

MODOS DE INSPIRAÇÃO

Uma vez aceito o testemunho que as Escrituras dão acerca de si mesmas, fica mais que clara
a sua divina inspiração. A medida que os autores humanos da Bíblia a compunham, o próprio
Deus dava mostras inequívocas de achar-se envolvido neste processo de comunicação. E
posto que na maioria dos casos a Bíblia não revela a forma de sua inspiração, várias teorias
têm surgido a respeito. Cinco opiniões básicas são consideradas resumidamente nesta seção.

Intuição natural. A inspiração é meramente uma perspicácia natural nos assuntos


espirituais, exercida por pessoas bem dotadas. Assim como alguns têm aptidão para a mate-
mática ou para a ciência, os escritores bíblicos teriam aptidão para as ideias religiosas. Não se
vê nisso qualquer envolvimento especial de Deus. A pessoa poderia ter a mesma inspiração
natural para escrever uma poesia ou para compor um hino.

Iluminação especial. A inspiração seria uma intensificação, ou exaltação, divina das


percepções religiosas que todos os cristãos têm em comum. Os dons naturais dos escritores
bíblicos teriam sido aguçados de alguma maneira pelo Espírito Santo, mas sem nenhuma
orientação especial, ou comunicação da verdade divina.

Orientação dinâmica. A inspiração é a orientação especial pelo Espírito Santo, dada aos
escritores bíblicos, para garantir toda mensagem divina que trata de matérias concernentes à fé
religiosa e ao viver piedoso. A ênfase recai nos pensamentos ou conceitos que Deus, querendo
fossem comunicados, fornecia aos escritores humanos, aos quais dava plena liberdade quanto
à expressão natural. Os elementos da fé e da prática religiosas eram assim orientados, mas as
chamadas matérias não-essenciais dependiam totalmente (segundo essa opinião) dos
conhecimentos, experiências, e escolhas dos próprios autores humanos.

Plenária verbal. Ainspiração é a combinação entre a expressão natural dos escritores e a


iniciação e orientação especiais dos seus escritos concedidas pelo Espírito Santo. Mas o
Espírito Santo não somente dirigia os pensamentos, ou conceitos dos escritores, como também
supervisionava a seleção das palavras para a totalidade do texto (e não somente para as
questões de fé e prática). O Espírito Santo garantia a exatidão e a suficiência de tudo quanto
era escrito como a revelação da parte de Deus.

Ditado divino. A inspiração é a superintendência infalível da reprodução mecânica das


palavras divinas à medida que o Espírito Santo as ditava aos autores bíblicos. Estes, como
obedientes estenógrafos, tudo registravam segundo as ordens especiais do Espírito Santo
quanto ao conteúdo, vocabulário e estilo.

Ao examinarmos os dados fornecidos nas Escrituras, vários elementos envolvidos no ato de


inspirar são apresentados com clareza.
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1.Toda a Escritura é respirada por Deus; , procede da boca de Deus (2 Tm 3.16).

2.Os autores da Escritura falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe 1.21).

3.Os escritores sagrados não falavam segundo a própria vontade, mas de acordo com a
vontade divina.

4.Todavia, eles tomavam parte ativa e dinâmica na produção das Escrituras. Não eram meros robôs (Lc 20.42;
Jo 12.39; At 3.22).

Semelhantemente, a Escritura fornece soluções quanto ao ato de inspirar.

1.Toda a Escritura é respirada por Deus e, portanto, toda a Escritura é a Palavra de Deus (1 Co
14.37; 2 Tm 3.16).

2.Toda a Escritura é proveitosa; é uma regra completa e suficiente para a fé e prática (2 Tm


3.16,17).

3. Nenhuma linha da Escritura pode ser deixada de lado, anulada ou destruída; a totalidade da
Escritura tem de ser aceita em sua integridade e plenitude (Jo 10.35).

4. A Escritura é mais fidedigna que qualquer observação meramente humana, seja empírica,
seja científica, seja filosófica (2 Pe 1.12-19).

5.Nenhuma parte da Escritura é condicionada, quanto à sua veracidade, por nenhuma


limitação de seu autor humano (2 Pe 1.20). O condicionamento histórico normal, bem como a
pecaminosidade e finitude humanas, são contrabalançados pela supervisão do Espírito Santo.

No tocante à orientação do escritor pelo Espírito, tem-se sugerido que a influência do Espírito
estendeu-se somente ao impulso original para se escrever, ou somente à seleção dos tópicos,
ou apenas aos pensamentos ou ideias do autor, conformeeste achasse melhor. Na inspiração
plenária e verbal, todavia, a orientação do Espírito estendia-se até às próprias palavras que o
escritor selecionava para expressar os seus pensamentos. O Espírito Santo não ditava as
palavras, mas guiava o escritor para que este, livremente, escolhesse as palavras que
realmente expressavam a mensagem de Deus. (Por exemplo, o escritor poderia ter escolhido
"casa" ou "construção", segundo a sua preferência, mas não poderia ter escolhido "campo",
pois isso teria mudado o conteúdo da mensagem.

A inspiração plenária e verbal contém uma definição essencial no próprio nome. E a crença de
que a Bíblia é inspirada nas próprias palavras (verbal) escolhidas pelos escritores. É inspiração
plenária (plena, total, inteira) porque todas as palavras-, em todos os escritos originais
(autógrafos), são inspiradas. Uma definição mais técnica da inspiração segundo a perspectiva
plenária e verbal poderia ser esta: A inspiração é o ato especial do Espírito Santo mediante o
qual motivou os escritores bíblicos a escrever, orientando-os até mesmo no emprego das
palavras, preservando-os de igual modo de todos os erros ou omissões.

Apesar de cada palavra da Bíblia ser inspirada por Deus, a sua veracidade depende do
contexto, isto é: ela pode registrar autoritativamente o conteúdo inspirado e verídico de uma
mentira. Quando, por exemplo, a serpente disse a Eva que esta não morreria se comesse do
fruto proibido, estava, sem dúvida alguma, mentindo - pois Eva morreria! (Gn 3.4,5). No
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entanto, posto que a totalidade da Bíblia seja inspirada, as palavras do tentador, embora falsas,
foram registradas com exatidão.

A inspiração verbal e plenária era a opinião da Igreja Primitiva. Durante os oito primeiros
séculos da Igreja, nenhum líder eclesiástico, de vulto, ousou sustentar outra opinião.
Procedimento similar foi adotado pelas igrejas cristãs ortodoxas até ao século XVIII. A
inspiração plenária e verbal continua sendo o conceito sustentado pelo evangelicalismo.

A inspiração verbal e plenária eleva o conceito da inspiração até à plena infalibilidade, posto
que todas as palavras são, em última análise, palavras de Deus. A Escritura é infalível porque é
a Palavra de Deus, e Deus é infalível.

A INERRÂNCIA BÍBLICA

Uma mudança notável da terminologia que resultou dos debates na área da inspiração das
Escrituras foi a preferência pelo termo "inerrância" ao invés de "infalibilidade". Isso tem a ver
com a insistência de alguns no sentido de que podemos ter uma mensagem infalível com um
texto bíblico errante.

"Infalibilidade" e "inerrância" são termos empregados para se aludir à veracidade das


Escrituras. A Bíblia não falha; não erra; é a verdade em tudo quanto afirma (Mt 5.17,18; Jo
10.35). Embora tais termos nem sempre hajam sido empregados, os teólogos católicos, os
reformadores protestantes, os evangélicos da atualidade (e, portanto, os pentecostais "clás-
sicos"), têm afirmado ser a Bíblia inteiramente a verdade; nenhuma falsidade ou mentira lhe
pode ser atribuída.

Agostinho:"Creio com toda a firmeza que os autores sagrados estavam totalmente isentos
de erros".

Martinho Lutero: "As Escrituras nunca erram".onde as Sagradas Escrituras estabelecem


algo que deve ser crido, ali não devemos desviar-nos de suas palavras".

João Calvino: "O registro seguro e infalível". "A regra certa e inerrante". "A Palavra
infalível de Deus". "Isenta de toda mancha ou defeito

A doutrina da inerrância é derivada mais da própria natureza da Bíblia do que de um mero


exame dos seus fenômenos. "Se alguém crê que a Escritura é a Palavra de Deus, não pode
deixar de crer que seja ela inerrante".

Deus "soprou" as palavras que foram escritas, e Deus não pode mentir. A Escritura não falha
porque Deus não pode mentir. Consequentemente, a inerrância é a qualidade que se espera
da Escritura inspirada. O crítico que insiste em haver erros na Bíblia (em algumas passagens
difíceis) parece ter outorgado para si mesmo a infalibilidade que negou às Escrituras. Um
padrão passível de erros não oferece nenhuma medida segura da verdade e do erro.

O resultado de negar a inerrância é a perda de uma Bíblia fidedigna. Se for admitida a


existência de algum erro nas Sagradas Escrituras, estaremos alijando a veracidade divina,
fazendo a certeza desaparecer.

A DEFINIÇÃO DE INERRÂNCIA
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Embora os termos "infalibilidade" e "inerrância" tenha sido, historicamente, quase que


sinônimos do ponto de vista da doutrina cristã, muitos evangélicos têm preferido ora um termo,
ora outro. Alguns preferem "inerrância" para se distinguirem dos que sustentam poder a
"infalibilidade"referirse à veracidade da mensagem da Bíblia, sem necessariamente indicar
que a Bíblia não contém erros. Outros preferem "infalibilidade" a fim de evitar possíveis mal-
entendimentos em virtude de uma definição demasiadamente limitada da "inerrância".
Atualmente, o termo "inerrância" parece estar mais em voga que "infalibilidade".

A série de declarações que se segue, portanto, é uma tentativa de se delimitar a


definição de inerrância verbal que teria ampla aceitação na comunidade evangélica.

1. A verdade de Deus é expressada com exatidão, e sem quaisquer erros, nas próprias palavras da Escritura
ao serem usadas na construção de frases inteligíveis.
2. A verdade de Deus é expressada com exatidão através de todas as palavras da totalidade da Escritura, e
não meramente através das palavras de conteúdo religioso ou teológico.
3. A verdade de Deus é expressada de modo inerrante somente nos autógrafos (escritos originais), e de modo
indireto, nos apógrafos (cópias dos escritos originais).
4. A inerrância dá lugar à "linguagem de aparência", aproximações e várias descrições não-contraditórias,
feitas a partir de perspectivas diferentes. (Por exemplo, dizer que o sol se levanta não é um erro, mas uma
descrição perceptiva e reconhecida).
5. A inerrância reconhece o uso de linguagem simbólica e figurada, e uma variedade de formas literárias para
se transmitir a verdade.
6. A inerrância entende que as citações no Novo Testamento de declarações do Antigo Testamento podem ser
paráfrases, sem a intenção de serem traduções literais.

7. A inerrância considera válidos os métodos culturais e históricos de se relatar coisas tais como genealogias,
medidas e estatísticas ao invés de exigir os métodos de precisão da moderna tecnologia.

O ESPIRITO SANTO E A PALAVRA

A INSPIRAÇÃO

As Escrituras eram sopradas por Deus a medida que o Espírito Santo inspirava seus autores a
escrever em prol de Deus. Por causa de sua iniciação e superintendência, as palavras dos
escritores eram verdadeiramente a Palavra de Deus. Pelo menos em alguns casos, os
escritores bíblicos tinham consciência de que a sua mensagem não era meramente sabedoria
humana, mas "as palavras que o Espírito Santo ensina" (1 Co 2.13).

Os próprios autores sagrados tinham consciência da qualidade inspirada dos escritos que
compunham a Palavra de Deus, conforme o demonstram expressões tais como: "O próprio
Davi disse pelo Espírito Santo" (Mc 12.36); "O Espírito do SENHOR falou por mim" (2 Sm
23.2); "Varões irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo
predisse pela boca de Davi" (At 1.16); "Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo
profeta Isaías" (At 28.25); "Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua
voz" (Hb 3.7); "E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque, depois de haver dito:
Este é o concerto que farei" (Hb 10.15,16). Sendo assim, sejam quais forem os escritores -
Moisés, Davi, Lucas, Paulo, ou desconhecidos (a nós) - escreveram eles "inspirados pelo
Espírito Santo" (2 Pe 1.21 ou "movidos pelo Espírito Santo").

Calvino acreditava, portanto, que Deus preparava os escritores bíblicos através das várias
experiências da vida, e que o Espírito Santo falava segundo o estilo do escritor conforme o
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requeriam as várias circunstâncias. Quer para alcançar as pessoas cultas ou as incultas, "o
Espírito Santo tempera de tal maneira o seu estilo que a sublimidade das verdades que Ele
ensina não pode ficar oculta".

O Espírito Santo, fazendo uso das respectivas personalidades dos vários autores, e de suas
experiências, capacidades e estilos, supervisionava-lhes os escritos a fim de garantir que a
mensagem de Deus fosse comunicada integralmente e com toda a exatidão. Conforme Jesus
prometera aos seus discípulos, o Espírito os guiaria à verdade, trazendo-lhes à lembrança as
suas palavras, e ensinar-lhes-ia tudo quanto era necessário à revelação divina (Jo 14-16).

A REGENERAÇÃO

A obra do Espírito Santo complementa a obra de Cristo na regeneração. Cristo morreu na Cruz
a fim de possibilitar ao pecador ser revivificado para Deus. Mediante o novo nascimento
espiritual, entramos no Reino de Deus (Jo 3.3). 0 Espírito Santo aplica a obra salvífica de Cristo
ao coração do homem. E opera no coração deste a fim de o convencer do pecado, e para induzi-
lo à fé no sacrifício expiador que Cristo oferece. Ê essa fé que leva à regeneração mediante a
união com Cristo.

A fé regeneradora produzida pelo Espírito Santo não deve, entretanto, ser considerada de
modo abstrato. Ela não existe no vazio, mas surge do relacionamento com a Palavra de Deus.
A fé provém de ouvir a Palavra de Deus (Rm 10.17).

Não somente foi o Espírito Santo responsável por registrar a mensagem da salvação que se
acha nas Escrituras, mas também dá testemunho da veracidade destas. Posto que Deus haja
falado na Bíblia ao gênero humano, agora o Espírito Santo tem de convencer as pessoas
quanto a isso. O Espírito convence não apenas a respeito da veracidade geral das Escrituras,
mas quanto a uma aplicação poderosamente pessoal dessa verdade (Jo 16.8-11). Cristo, como
Salvador pessoal, é o objeto da fé produzida no coração pelo Espírito. Essa fé está
inseparavelmente ligada às promessas da graça divina que se acham em todas as partes da
Bíblia. Precisamos do Espírito e da Palavra.

O Espírito lança mão da Palavra e a aplica ao coração a fim de produzir o arrependimento e a


fé e, por esse meio, a vida".118 Por essa razão, a Bíblia fala na regeneração em termos de
"nascer do Espírito" e de "sendo de novo gerados... pela palavra de Deus, viva e que
permanece para sempre" (1 Pe 1.23; ver também Jo 3.5).

ILUMINAÇÃO

A doutrina da iluminação do Espírito envolve a obra do Espírito Santo na pessoa, levando-a a


aceitar, entender e apropriar-se da Palavra de Deus. Anteriormente, já havíamos considerado
várias evidências internas e externas que confirmam ser a Bíblia a Palavra de Deus. No
entanto, mais poderosa e mais convincente que todas elas é o testemunho interior do Espírito
Santo. Embora as evidências sejam importantes, e o Espírito Santo possa fazer uso delas, em
última análise é a voz autorizada do Espírito, no coração humano, que produz a convicção de
que a Escritura é, de fato, a Palavra de Deus.

Sem o Espírito Santo, a humanidade nem aceita, nem entende as verdades oriundas de Deus.
A rejeição da verdade divina pelos incrédulos acha-se vinculada à sua falta de entendimento
espiritual. As coisas de Deus são por eles consideradas loucuras (1 Co 1.22,23;2.14).
13

Jesus descreveu os incrédulos como aqueles que ouvem mas não compreendem (Mt 13.13-
15). Por causa do pecado "se tornaram nulos em seus próprios raciocínios,
obscurecendo-se-lhes o coração insensato" (Rm 1.21 ). "O Deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho" (2 Co
4.4). Sua única esperança para receberem o entendimento espiritual, ou para perceberem a
verdade da parte de Deus, é a iluminação do Espírito (Ef 1.18; 1 Jo 5.20). Essa percepção
espiritual inicial resulta na regeneração, mas também abre a porta para uma nova vida de
crescimento no conhecimento divino.

É importante manter juntas a Palavra escrita de Deus e a iluminação do Espírito Santo: O que o
Espírito ilumina é a verdade da Palavra de Deus, e não algum conteúdo místico oculto nessa
revelação. A mente humana não é deixada de lado, mas vivificada à medida que o Espírito
Santo elucida a verdade. "A revelação é derivada da Bíblia, e não da experiência, nem do
Espírito Santo como uma segunda fonte de informação paralela à Escritura e independente
desta".Nem sequer os dons de expressão vocal, dados pelo Espírito Santo, têm a mínima
igualdade com as Escrituras, pois eles também devem ser julgados pelas Escrituras (1 Co
12.10; 14.29; 1 Jo 4.1).

O Espírito Santo nem altera nem aumenta a verdade da revelação divina dada nas Escrituras.
Estas servem como padrão objetivo necessário e exclusivo através das quais a voz do Espírito
Santo continua a ser ouvida.

A iluminação do Espírito Santo não visa ser um atalho para se chegar ao conhecimento bíblico,
nem um substituto do estudo sincero da Palavra de Deus. Pelo contrário: é à medida que
estudamos as Escrituras que o Espírito Santo vai nos outorgando entendimento espiritual, que
inclui tanto a crença quanto a persuasão.

O Espírito, fazendo como que a Palavra seja ouvida pelo coração, e não apenas pela cabeça,
produz uma convicção a respeito da verdade que resulta numa apropriação zelosa desta
mesma Palavra (Rm 10.17; Ef 3.19; 1 Ts 1.5; 2.13).

Os evangélicos, contudo, consideram a Escritura como a B Palavra escrita e objetiva de Deus,


inspirada pelo Espírito na ocasião em que foi escrita. A comunicação verdadeira a respeito de
Deus está presente na forma proposicional, quer a reconheçamos, quer a rejeitemos. A
autoridade da Escritura é intrínseca devido à inspiração, e não depende da iluminação. E
independente do testemunho do Espírito Santo, e antecede a este. O Espírito Santo ilumina o
que Ele já tem inspirado, e a sua iluminação encontra-se vinculada exclusivamente com a
Palavra escrita.
14

BÍBLIOGRAFIA

TEOLOGIA SISTEMATICA – 1, EURICO BERGSTEN.

CONHECENDO AS DOUTRINAS DA BÍBLIA – MYER PEARLMAN

STANLEY HORTON – TEOLOGIA SISTEMATICA.

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