Resenha texto: De primus inter pares a soberano: o discurso político da
realeza portuguesa no limiar do séc. XV
No século XIV surge em Portugal uma nova dinastia monárquica, a dinastia
de Avis que tem como seu primeiro quer D. João. A nova dinastia agora precisava se firmar como legitima para permanecer com seus poderes reais e também criar uma identidade nacional para que com isso criar uma união e não perder seus territórios constantemente ameaçados pelo reino de Castela.
D. João, como rei e líder do reino português precisava agora desenvolver
formas para que se tornasse legítimo de fato e com isso começou a desenvolver uma nova espécie de literatura a partir de seus escrivães, filhos, etc.
O texto de Miriam Cabral Coser busca analisar alguns textos escritos na
época e qual eram suas principais intenções. A autora analisa principalmente as obras do príncipe D. Pedro, Virtuosa Benfeitoria e a Crônica de D. João I de Fernão Lopes.
Em primeiro passo a escrito analisa a obra de D. Pedro, filho de D. João. Na
obra o príncipe busca “elaborar um tratado político enunciado as bases e o funcionamento de uma sociedade perfeita, fundamentado em suas leituras de Sêneca”. (COSER, 2007). Basicamente as intenções do príncipe seriam criar uma ideia de uma sociedade na qual o rei se torna o objeto principal do reinado e como uma figura divina. Além disso buscava mudar a ideia de um rei guerreiro, bélico e passava a tornar a ideia do rei de alguém que uniria o povo, um homem inteligente, como diz a autora, algo quase renascentista.
Fernão Lopes, um homem de inúmeras funções nos reinos portugueses e de
extrema importância para a sociedade nobre portuguesa da época, escreveu também uma obra que busca falar do rei. Nas Crônicas de D. João Fernão busca lidar com as versões conflitantes sobre a legitimidade de D. João através da narração dos acontecimentos da Revolução de Avis dando destaque tanto para homens das cidades, ou cidadãos comuns tanto para uma nova nobreza ligada por Nuno Alvarés. Apesar de D. João ser personagem principal da obra, é Alvarés que é descrito como o herói da revolução.
Lopes em sua obra também busca criar de alguma forma um sentimento
nacional e a criação de uma identidade portuguesa, tão fundamental para que o estado se permanecesse sólido. Ou seja, os textos de Fernão Lopes tinham a função tanto de afirmar uma nova nobreza como também criar uma ideia de um estado único português guiado pelo homem máximo, o rei.
O interessante de se ler sobre essas obras e sobre o papel do discurso
político da monarquia portuguesa da época é que podemos aos poucos passar a entender as características que foram necessárias para a formação do estado português e a criação de uma monarquia absolutista portuguesa.
Como dito no texto, Portugal já possuía certas características que favoreciam
a formação de um estado nação, porém, é interessante perceber como o papel do discurso monárquico e da nobreza favoreceram para que esse processo se consolidasse.