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ARTIGOS

Impacto de personalidade e empresas juniores para


estimular potenciais empreendedores

Pedro Afonso Cortez I

Heila Magali da Silva Veiga II

Ana Paula Salvador III

Impacto de personalidade e empresas juniores para estimular potenciais


empreendedores

RESUMO

O empreendedorismo afirma-se como alternativa de inserção profissional em um


contexto de precarização social do trabalho. Por isso, o objetivo geral da investigação
foi identificar os fatores de personalidade e experiências acadêmicas capazes de pre-
dizer o desenvolvimento do potencial empreendedor estudantil. Foram analisados o
potencial empreendedor, a personalidade (Big Five) e as experiências acadêmicas de
323 estudantes universitários. Os fatores conscienciosidade, extroversão, abertura
para experiências e amabilidade, conjuntamente às experiências em empresas junio-
res, se apresentaram como preditores positivos do potencial empreendedor. O fator
neuroticismo apresentou relação negativa. Ressalta-se a importância dos fatores de
personalidade e das experiências de nível superior no desenvolvimento do potencial
empreendedor. Sugerem-se ainda ações para maximizar a autorregulação dos alunos
e experiências voltadas às empresas juniores, com o intuito de estimular o potencial
empreendedor estudantil.

Palavras-chave: Personalidade; Empresa Júnior; Educação Empreendedora;


Empreendedorismo; Inovação.

Impact of personality and junior enterprise to stimulate potential entrepreneurs

ABSTRACT

Entrepreneurship is relevant because it is a professional alternative in a precarious


labor market. For that, we aimed to explore the impact of psychological and contex-
tual variables to maximize entrepreneurship. We identified the personality factors
and academic experiences capable of predicting the development of student entre-
preneurial potential. We also analyzed entrepreneurial potential, personality (Big
Five) and academic experiences of 323 undergraduate students. Results showed that

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Impacto de personalidade e empresas juniores para estimular potenciais empreendedores

the factors conscientiousness, extroversion, openness to experiences and amity, with


the experiences in junior enterprise, presented positive prediction in entrepreneurial
potential. The factor neuroticism presented a negative relation. We evidenced that
personality factors and higher education experiences are important to develop entre-
preneurial potential. For that, we suggested interventions to maximize self-regulation
and academic experiences like junior enterprises to stimulate students’ entrepre-
neurial potential.

Keywords: Big five; Junior Enterprise; Entrepreneurial Education; Entrepreneurship;


Innovation.

Impacto de personalidad y empresas junior para estimular potenciales empresarios

RESUMEN

La iniciativa empresarial se afirma como alternativa de inserción profesional en un


contexto de precarización social del trabajo. Por eso, el objetivo general de la inves-
tigación fue identificar los factores de personalidad y experiencias académicas capa-
ces de predecir el desarrollo del potencial emprendedor estudiantil. Se analizaron el
potencial emprendedor, la personalidad (Big Five) y las experiencias académicas de
323 estudiantes universitarios. Los factores de concienciación, extroversión, aper-
tura para experiencias y amabilidad, conjuntamente a las experiencias en empre-
sas junior, se presentaron como predictores positivos del potencial emprendedor. El
factor neuroticismo presentó una relación negativa. Se resalta la importancia de los
factores de personalidad y de las experiencias de nivel superior en el desarrollo del
potencial emprendedor. Se sugiere además acciones para maximizar la autorregula-
ción de los alumnos y experiencias dirigidas a las empresas junior, con la intención
de estimular el potencial emprendedor estudiantil.

Palabras clave: Personalidad; Empresa Júnior; Educación Empresarial; Iniciativa


Empresarial; Innovación.

Introdução

O estudo do empreendedorismo apresenta-se como um campo de investigação abor-


dado por diversas correntes teóricas, que se mostra relevante em um contexto de
precarização social do trabalho. Em contextos precarizados, a quantidade de empregos
formais torna-se menor e os vínculos dos indivíduos com as organizações se mostram
instáveis e não duradouros, razão pela qual o empreendedorismo pode se afirmar
como alternativa ocupacional (Thebaud-Mony, 2012). Para compreender as variáveis
condicionantes do processo empreendedor – iniciar o próprio negócio e desenvolvê-
-lo –, diferentes abordagens são propostas ao tema abrangendo explicações sociais,
econômicas e psicológicas (Politis, 2005; Valentini, Teodoro, & Balbinotti, 2009). Na
abordagem psicológica, fortemente influenciada por McClelland (1965), o empreen-
dedorismo se apresenta como um campo de estudo no qual se buscam explicações
intraindividuais para o que levam os indivíduos a criar o próprio negócio. Neste campo,
o sujeito empreendedor é compreendido como portador de características pessoais
como personalidade, atitudes, competências e valores que podem favorecer a geração
de ideias, a criação e o desenvolvimento do próprio negócio.

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Cortez P. A., Veiga H. M. S. e Salvador A. P.

No presente estudo, enfatiza-se a compreensão psicológica do fenômeno tendo em


vista que, com as constantes alterações no mundo do trabalho por conta da globa-
lização, tem crescido o interesse nos aspectos psicológicos que estimulam os indiví-
duos empreender dada que a inserção das pessoas no trabalho tornou-se incerta e
flexível (Natividade, 2009; Fuller, Liu, Bajaba, Marler, & Pratt, 2018). Nesse contexto
de incerteza e precarização, busca-se compreender de que forma é possível impactar
positivamente nos aspectos intraindividuais para maximizar o potencial empreende-
dor dos sujeitos, como intuito de otimizar as alternativas ocupacionais (Baum, Frese,
Baron, & Katz, 2007). O potencial empreendedor é compreendido como caracterís-
ticas intraindividuais em estado latente que habilitam o indivíduo a criar o próprio
negócio de forma mais efetiva (Hornaday, & Aboud, 1971; Krueger Junior, & Brazeal,
1994; Cortez, & Veiga, 2018).

No escopo desta investigação, as características pessoais abrangeram o modelo


Empretec (Empreendedorismo e Tecnologia) da ONU (Organização das Nações Uni-
das), cujo foco é maximizar aspectos intraindividuais associados à geração e desen-
volvimento do próprio negócio (Grossman, 2005; Arángo, 2014; Costa, 2015). Na
proposta Empretec, essas características intraindividuais foram agrupadas em três
categorias de primeira ordem: 1) realização (busca de oportunidade e iniciativa,
exigência de qualidade e eficiência, correr riscos calculados, persistência e compro-
metimento); 2) planejamento (estabelecimento de metas, busca de informações,
planejamento e monitoramento sistemático) e 3) poder (persuasão e rede de conta-
tos, independência e autoconfiança). A posteriori, serviram de inspiração para San-
tos (2008) desenvolver um instrumento de mensuração do potencial empreendedor
abrangendo nove fatores (oportunidade, persistência, eficiência, informações, pla-
nejamento, metas, controle, persuasão e rede de relações). Para Santos (2008), o
potencial empreendedor abarca características intraindividuais latentes que facilitam
a geração do próprio negócio e que podem ou não serem desenvolvidas e expressa-
das na realidade em função de outros aspectos intraindividuais e contextuais.

Entre os elementos intraindividuais, evidências empíricas e metanálises demonstram o


efeito positivo de fatores de personalidade como conscienciosidade, abertura para expe-
riências, extroversão, amabilidade e o efeito negativo de neuroticismo (Zhao, & Seibert,
2006; Lounsbury, Smith, Levy, Leong, & Gibson, 2009; Shane, Nicolaou, Cherkas, &
Spector, 2010;Brandstatter, 2011; Rizzato, & Moran, 2013). No aspecto situacional, os
estudos destacam a influência de experiências acadêmicas pessoais e acadêmicas, desde
que relacionadas à geração de negócios (Franke, & Lüthje, 2004; Kristiansen, & Indarti,
2004; Ismail et al., 2009; Chen, & Lai, 2010; Martins, Crnkovic, Pizzinatto, & Maccari,
2010Giarola, Fiates, Dutra, Martins, & Leite, 2013; Arángo, 2014; Barbosa, RabeloNeto,
Moreira, & Bizarria, 2015; Costa, 2015; Leitão, & Diniz, 2015; Jain, & Chaudhary, 2017).
Em síntese, as literaturas brasileira e internacional demonstram que a conjugação de
variáveis situacionais e intraindividuais podem ser úteis na apreensão das condições de
estimulação do potencial empreendedor (Grégorie, Noel, Déry, & Béchard, 2006; Cane-
ver, Carraro, Kohls, & Teles, 2010; Goulart, & Krüger, 2016).

A despeito da clareza proposta na literatura sobre a influência de personalidade e


experiências pessoais e acadêmicas, nota-se a necessidade de explorar com maior
detalhamento a relação entre personalidade, experiências acadêmicas e potencial
empreendedor (Brandstatter, 2011; Zhao & Seibert, 2006), tendo em vista que há
uma lacuna sobre a forma que essas variáveis se relacionam quando consideradas
conjuntamente (Palma, Cunha, & Lopes, 2007; Chen, & Lai, 2010; Brandstatter,
2011). Em uma dimensão prática, analisar o impacto realizado pela personalidade
e experiências acadêmicas no potencial empreendedor é importante para o desen-
volvimento de políticas de nível superior com o intuito de fomentar o empreende-
dorismo, o qual, por sua vez, pode maximizar as condições ocupacionais e socio-
econômicas, por meio da geração de renda pelo próprio negócio (Silva, & Patrus,
2017). Com vistas a prestar contribuições ao tema, o presente estudo objetivou

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Impacto de personalidade e empresas juniores para estimular potenciais empreendedores

analisar o impacto da personalidade e experiências acadêmicas de nível superior no


potencial empreendedor.

Método

Participantes
Participaram 323 estudantes de instituições públicas de nível superior de Minas
Gerais, sendo a maior parte dos gêneros feminino (54,8%) e masculino (44,9%) e
a menor parte de outros gêneros (0,3%). Os estudantes tinham em média 21 anos
(DP = 1,37), cursavam até o terceiro ano da graduação (64,8%), abrangendo as
seguintes áreas do conhecimento: Ciências Humanas (Psicologia n = 67; Pedagogia
n = 42), Engenharias (Mecatrônica n = 43; Mecânica n = 53; Biomédica n = 14),
Ciências Sociais Aplicadas (Direito n = 30; Economia n = 39 e Relações Internacio-
nais n = 35). Em relação às experiências no nível superior, os estudantes relataram:
participação em programas de iniciação científica (52,6%), monitoria na gradua-
ção (50,3%), estágio obrigatório (48,1%), projetos de extensão (42,5%), estágio
extracurricular (41,3%), empresas júniores (20,5%), programas de intercâmbio
educacionais entre países (17,3%) e programas de educação tutorial (8,5%).

Instrumentos
Escala de Potencial Empreendedor (Santos, 2008): instrumento de autorrelato
com escala de resposta do tipo Likert de dez pontos. Mensura o potencial empreende-
dor pelo modelo Empretec. A estrutura interna e consistência interna demonstraram
níveis satisfatórios de evidências de validação empírica para a medida nos fatores:
oportunidade (λ = 0,64~0,51; α = 0,72; ω = 0,73; por exemplo: “Vivo em estado de
alerta para alguma oportunidade que possa surgir”); persistência (λ = 0,66~0,43; α =
0,82; ω = 0,84; por exemplo: “Quando levo um tombo levanto e continuo”); eficiência
(λ = 0,75~0,52; α = 0,71; ω = 0,75; por exemplo: “Gosto de realizar meus trabalhos
de forma correta e dentro dos prazos”); informações (λ = 0,66~0,32; α = 0,72; ω
= 0,73; por exemplo: “O mundo é dinâmico e preciso acompanhá-lo buscando sem-
pre novos conhecimentos”); planejamento (λ = 0,70~0,58; α = 0,81; ω = 0,82; por
exemplo: “Só sei que estou acertando se tiver um planejamento das minhas ativida-
des”); metas (λ = 0,85~0,59; α = 0,87; ω = 0,88; por exemplo: “Sei onde pretendo
chegar e o quanto pretendo alcançar”); controle (λ = 0,64~0,51; α = 0,85; ω = 0,86;
por exemplo: “Consulto meus registros antes de tomar decisões”); persuasão (λ =
0,78~0,42; α = 0,87; ω = 0,88; por exemplo: “Posso convencer pessoas a superar
conflitos e atuar em equipe objetivando alcançar determinado resultado”) e rede de
relações (λ = 0,71~0,52; α = 0,88; ω = 0,89; por exemplo: “Procuro estabelecer uma
boa rede de relacionamentos com conhecidos, amigos e pessoas que possam me ser
úteis”). A confiabilidade para o fator geral (Potencial Empreendedor), incluindo todos
os itens, também se mostrou satisfatória (α = 0,92; ω = 0,93).

Marcadores Reduzidos de Personalidade – Big Five (Hauck Filho, Machado,


Teixeira, & Bandeira, 2012): instrumento de autorrelato com escala de resposta do
tipo Likert de cinco pontos. Mensura a personalidade pelo modelo Big Five. A estru-
tura interna e consistência interna demonstraram níveis satisfatórios de evidências
de validação empírica para o instrumento nos fatores: extroversão (λ = 0,81~0,31;
α = 0,76; ω = 0,77; por exemplo: “Comunicativa”); amabilidade (λ = 0,72~0,46;
α = 0,78; ω = 0,78; por exemplo: “Amável”); conscienciosidade (λ = 0,74~0,60;
α = 0,78; ω = 0,80; por exemplo: “Dedicada”); neuroticismo (λ = 0,72~0,41;
α = 0,77; ω = 0,77; por exemplo: “Aborrecida”) e abertura para experiências
(λ = 0,64~0,53; α = 0,53; ω = 0,55; por exemplo: “Filosófico”). A confiabilidade
para o fator geral (Personalidade), incluindo todos os itens, também se mostrou
satisfatória (α = 0,75; ω = 0,61).

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Cortez P. A., Veiga H. M. S. e Salvador A. P.

Questionário Sociodemográfico: instrumento para caracterizar a amostra em fun-


ção de gênero (questão objetiva – feminino, masculino e outros), idade (questão
aberta), curso de graduação (questão aberta), semestre (questão objetiva – variando
de 1º a 16º) e experiências acadêmicas (questão aberta). No caso das experiências
acadêmicas, as instruções solicitavam que o aluno declarasse quais atividades de
pesquisa, ensino, extensão e desenvolvimento profissional foram realizadas ao longo
da graduação.

Procedimentos
O protocolo da investigação foi aprovado por Comitê de Ética Institucional (CAAE:
50447015.5.0000.5152). As aplicações foram realizadas presencialmente de forma
coletiva em sala de aula nos intervalos das atividades escolares com duração média
de 30 a 45 minutos pelos pesquisadores responsáveis.

Análise de dados
A inspeção do banco de dados foi realizada por meio do software estatístico SPSS
Statistics versão 18. Foram verificadas previamente as estatísticas descritivas, a fim
de identificar e corrigir erros de digitação e caracterizar a amostra (Hair, Black, Babin,
Anderson, & Tatham, 2009). Em seguida, foram testados os pressupostos de norma-
lidade e linearidade dos dados, o que implicou na exclusão de outliers univariados
(z ≥ 3,29) e multivariados (distância de Mahalanobis, p < 0,01), a fim de adequar o
banco de dados para a execução das análises (Pasquali, 2015).

Ainda no SPSS, as variáveis experiências acadêmicas e curso de graduação foram


recodificadas em novas variáveis dummies (0 = ausência; 1 = presença), com o
intuito de aplicá-las nas etapas seguintes. Entre as experiências acadêmicas foi sele-
cionada para modelagem apenas a variável empresa júnior, pois foi a única que apre-
sentou efeito significativo na compreensão do potencial empreendedor (t(8) = 2,28;
p < 0,05; Cohen d = 1,61). No caso dos cursos de graduação, todas as variáveis
foram inseridas, com o intuito de controlar o efeito no potencial empreendedor oca-
sionado por variações entre os cursos.

Os índices de consistência interna (alfa de Cronbach e ômega de McDonalds) e as


correlações foram estimadas no software JASP versão 0,92. Na exploração do modelo
empregou-se path analysis com estimador PLS Consistente, os níveis de significân-
cia estatística das estimativas foram gerados como uso de bootstraping para 500
reamostragens, por meio do software SmartPLS versão 3,21 (Dijkstra, & Henseler,
2015). As conversões das estimativas dos modelos para efeitos diretos, indiretos e
totais foram realizadas por meio da plataforma Free Statistics Calculator versão 4,0
(Soper, 2018).

Resultados

Em média, os estudantes demonstraram níveis moderados de extroversão


(M = 3,32; DP = 0,89) e abertura para experiências (M = 3,30; DP = 0,72) e níveis
elevados de conscienciosidade (M = 4,24; DP = 0,67) e amabilidade (M = 4,14;
DP = 0,67). Entre os fatores de personalidade, neuroticismo apresentou a menor
média (M = 2,82; DP = 0,90). Nos fatores que integram o potencial empreende-
dor, os fatores planejamento (M = 6,35; DP = 2,07), metas (M = 6,82; DP = 1,79)
e controle (M = 6,52; DP = 2,19) apresentaram as menores médias. Os fatores
oportunidade (M = 7,19; DP = 1,44), persuasão (M = 7,32; DP = 1,64) e rede de
relações (M = 7,78; DP = 1,77) apresentaram valores moderados. Por sua vez,
persistência (M = 8,20; DP = 1,36), eficiência (M = 8,27; DP = 1,65) e informações
(M = 8,37; DP = 1,10) foram os fatores de potencial empreendedor mais expressi-
vos na amostra, tal como visualizado na Tabela 1.

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Impacto de personalidade e empresas juniores para estimular potenciais empreendedores

Tabela 1. Estatísticas descritivas das variáveis mensuradas.


Variável Média Desvio-padrão n
Personalidade 3,64 0,42 323
Extroversão 3,32 0,89 323
Amabilidade 4,14 0,67 323
Conscienciosidade 4,24 0,67 323
Neuroticismo 2,82 0,90 323
Abertura para experiências 3,30 0,72 323
Potencial empreendedor 7,42 1,04 323
Oportunidade 7,19 1,44 323
Persistência 8,20 1,36 323
Eficiência 8,27 1,64 323
Informações 8,37 1,10 323
Planejamento 6,35 2,07 323
Metas 6,82 1,79 323
Controle 6,52 2,19 323
Persuasão 7,32 1,64 323
Rede de relações 7,78 1,77 323

As correlações entre o fator geral de personalidade mostraram-se significativas com


os fatores extroversão (r = 0,66; p < 0,01), amabilidade (r = 0,50; p < 0,01), cons-
cienciosidade (r = 0,37; p < 0,01), neuroticismo (r = -0,69; p < 0,05) e abertura
para experiências (r = 0,44; p < 0,01). Em relação ao fator geral de potencial empre-
endedor, as correlações com os fatores oportunidade (r = 0,63; p < 0,01), persis-
tência (r = 0,62; p < 0,01), eficiência (r = 0,56; p < 0,01), informações (r = 0,58;
p < 0,01), planejamento (r = 0,56; p < 0,01), metas (r = 0,74; p < 0,01), controle
(r = 0,70; p < 0,01), persuasão (r = 0,58; p < 0,01) e rede de relações (r = 0,58;
p < 0,01) também se mostraram significativos. Entre os fatores gerais, a perso-
nalidade e potencial empreendedor também apresentaram correlação significativa
(r = 0,47; p < 0,01). Destaca-se ainda que as correlações entre fatores de um
mesmo atributo, de forma geral, foram superiores àquelas apresentadas entres fato-
res de construtos diferentes, conforme disposto na Tabela 2.

Tabela 2. Correlações entre as variáveis mensuradas.


Descrição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
1 Personalidade 1 0,66** 0,50** 0,37** -0,69* 0,44** 0,47** 0,34** 0,48** 0,18** 0,20** 0,08 0,36** 0,13* 0,49** 0,47**
2 Extroversão 1 0,08 -0,09 -0,40** 0,22** 0,20** 0,21** 0,23** -0,03 0,03 -0,10 0,13* -0,11* 0,42** 0,41**
3 Amabilidade 1 0,28 **
-0,16 **
0,01 0,30 **
0,20 **
0,28 **
0,16 **
0,12 *
0,14 *
0,14** 0,13* 0,20** 0,31**
4 Conscienciosidade 1 -0,07 -0,07 0,47 **
0,18 **
0,34 **
0,44 **
0,21 **
0,42 **
0,36** 0,45** 0,02 0,09
5 Neuroticismo 1 -0,08 -0,25 **
-0,15 **
-0,39 **
-0,10 -0,09 0,07 -0,26** -0,19 -0,29** -0,30**
6 Abertura para
1 0,10 0,19** 0,05 -0,12* 0,05 -0,06 0,08 -0,03 0,33** 0,13*
experiências
7 Potencial
1 0,63** 0,62** 0,56** 0,58** 0,56** 0,74** 0,70** 0,58** 0,58**
empreendedor
8 Oportunidade 1 0,44** 0,27** 0,37** 0,12* 0,39** 0,33** 0,43** 0,38**
9 Persistência 1 0,37** 0,40** 0,13* 0,45** 0,23** 0,36** 0,36**
10 Eficiência 1 0,22** 0,27** 0,29** 0,42** 0,13* 0,14*
11 Informações 1 0,26** 0,41** 0,25** 0,30** 0,32**
12 Planejamento 1 0,43** 0,53** 0,03 0,05
13 Metas 1 0,47** 0,36** 0,29**
14 Controle 1 0,21** 0,20**
15 Persuasão 1 0,59**
16 Rede de relações 1
*
Correlação significativa no nível 0,05; **
Correlação significativa no nível 0,01.

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Cortez P. A., Veiga H. M. S. e Salvador A. P.

O modelo submetido a teste empírico foi delineado para analisar o impacto de per-
sonalidade e empresa júnior no potencial empreendedor obtendo 35,60% de vari-
ância explicada. Na análise das trajetórias preditivas propostas, o caminho entre
personalidade e potencial empreendedor teve efeito positivo e significativo (β =
0,55; p < 0,01), assim como a trajetória direta de empresa júnior para potencial
empreendedor também foi positiva e significativa (β = 0,12; p < 0,01). No caminho
que apresenta efeito indireto de personalidade para empresa júnior, com o intuito
de prever o potencial empreendedor, a relação mostrou-se baixa e não significativa
(β = 0,001; p > 0,05). Salienta-se ainda que os fatores específicos representativos
da personalidade e do potencial empreendedor demonstraram trajetórias significa-
tivas e superiores a 0,30 para os fatores gerais por meio do teste empírico reali-
zado. Os diferentes cursos não impactaram diferenças no potencial empreendedor,
sendo mantidos no modelo apenas para controle de variação residual, tal como
apresentado na Figura.

Oportunidades Persistência Eficiência Informações Planejamento Metas Controle Persuasão Rede de


Relações

0.687 (0.000) 0.567 (0.000) 0.454 (0.000) 0.633 (0.000) 0.632 (0.000)
Psicologia
0.736 (0.000) 0.618 (0.000) 0.754 (0.000) 0.643 (0.000)

Neuroticismo
-0.076 (0.987)

-0.749 (0.030) 0.122 (0.009) -0.090 (0.983) Eng Mecatrônica


Empresa Junior
Amabilidade 0.001 (0.984)
0.050 (0.990)
0.589 (0.000)

0.551 (0.000)
Potencial 0.038 (0.991) Pedagogia
0.434 (0.002)
Empreendedor
Conscienciosidade
0.427 (0.000)
Personalidade 0.034 (0.992) 0.064 (0.986) -0.021 (0.996) 0.046 (0.987)

0.672 (0.000) Direito

Abertura

Relações Economia Eng Mecânica Eng Biomédica


Internacionais
Extroversão

Figura. Diagramação do modelo submetido ao teste empírico.

Verificou-se ainda, ao se abarcar as trajetórias indiretas de mediação dos efeitos


da personalidade por meio da variável empresa júnior, magnitude de efeito baixa
(β = 0,0012; p > 0,05), sendo a maior parte do efeito total indireto (β = 0,5522;
p > 0,05) obtido por meio da trajetória direta de personalidade para potencial
empreendedor (β = 0,5510; p < 0,01). Na análise das trajetórias diretas, notou-se
que o efeito direto de personalidade para potencial empreendedor (β = 0,5510;
p < 0,01) foi superior ao efeito direto de empresa júnior para potencial empreende-
dor (β = 0,1220; p < 0,01), sendo a personalidade responsável pela maior parte do
efeito total direto (β = 0,6730; p < 0,01). Em síntese, as trajetórias sem mediação
apresentaram maior efeito de forma significativa, o que sugere a existência de efeito
direto da personalidade e de empresa júnior na predição do potencial empreendedor
(Tabela 3).

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Impacto de personalidade e empresas juniores para estimular potenciais empreendedores

Tabela 3. Efeitos diretos e indiretos para o modelo empírico.


Descrição Magnitude do efeito Nível de significância
Trajetórias com mediação
Efeito direto (P -> PE) 0,5510 p < 0,01
Efeito indireto (P -> EJ -> PE) 0,0012 p > 0,05
Efeito total 0,5522 p > 0,05
Trajetórias sem mediação
Efeito direto (EJ -> PE) 0,5510 p < 0,01
Efeito direto (P -> PE) 0,1220 p < 0,01
P: Personalidade; PE: Potencial empreendedor; EJ: Empresa júnior.

Discussão

O estudo verificou que tanto a personalidade quanto as experiências educacionais de


nível superior são significativas e impactam na predição do potencial empreendedor.
No que tange às experiências educacionais, destacam-se como significativas para o
desenvolvimento do potencial empreendedor aquelas estritamente relacionadas ao
ambiente de negócios, como empresas juniores. Também foi possível verificar que
personalidade e experiências acadêmicas em empresas juniores impactam direta-
mente no potencial empreendedor, uma vez que as trajetórias diretas – sem media-
ção – apresentam maior efeito preditivo.

Especificamente sobre os aspectos de personalidade, a relação positiva dos fato-


res conscienciosidade, extroversão, amabilidade e abertura para experiências parece
indicar que o potencial empreendedor se associa com uma tipologia individual voltada
para a capacidade do indivíduo se relacionar com outras pessoas (Nunes, & Hutz,
2006), apresentar ideias criativas e fora do comum (Vasconcellos, & Hutz, 2008),
controlar os próprios impulsos e direcionar os próprios comportamentos para objeti-
vos (George, & Zhou, 2001), bem como expressar confiança, cooperação e altruísmo
aos próximos (Costa Junior, & McCrae, 1995). Por outro lado, a relação negativa
expressa pelo neuroticismo denota que características associadas à dificuldade no
controle dos impulsos dificultam o desenvolvimento do potencial empreendedor, o
que torna emergente a propagação de ações psicoeducacionais com foco na autor-
regulação, com o intuito de minimizar o neuroticismo e favorecer o desenvolvimento
do potencial empreendedor (Ito, Gobitta, & Guzzo, 2007).

Ademais, observando-se o fato dos cinco fatores do modelo Big Five terem sido
significativos na estrutura investigada, confirma-se a maior parte dos apontamen-
tos da literatura acerca da relação entre empreendedorismo e personalidade, sendo
os fatores abertura para experiências, conscienciosidade, amabilidade e extroversão
preditores positivos e neuroticismo antecedente negativo do potencial empreende-
dor (Ismail et al., 2009; Valentini et al., 2009; Martins et al., 2010; Shane et al.,
2010; Brandstatter, 2011; Rizzato, & Moran, 2013). Analisando-se o modelo resul-
tante do presente estudo verifica-se maior importância dos fatores de personalidade,
em detrimento às experiências pessoais em empresas juniores. Assim, ainda que
evidências encontradas por Ismail et al. (2009), Lounsbury et al. (2009), Chen e Lai
(2010) e Martins et al. (2010) apresentem maior poder de predição às experiências
acadêmicas do que aos fatores de personalidade, essa relação não foi confirmada na
presente investigação.

Contudo, cabe destacar que para dimensionar adequadamente a predominância


desses fatores é preciso considerar a natureza da situação educacional vivenciada
pelo discente (Robinson, Stimpson, Huefner, & Hunt, 1991;Ismail, 2015; Singh,

186
Cortez P. A., Veiga H. M. S. e Salvador A. P.

Verma, & Rao, 2017). Nos modelos testados pelos estudos supracitados, as expe-
riências educacionais tinham relação direta com o empreendedorismo, ao passo
em que no modelo da presente investigação enfatizaram-se diversas experiên-
cias educacionais de nível superior, as quais não apresentam relação com a pro-
moção do potencial empreendedor, excetuando-se as empresas juniores. Dessa
forma, é possível hipotetizar que o efeito das experiências educacionais é maior
quando estritamente relacionadas à promoção de ideias, negócios e práticas de
gestão, cuja transposição ao campo do empreendedorismo se mostra facilitada
(Kolshorn, & Tomecko, 1995; Hisrich, 2000). Salienta-se ainda que, pela influên-
cia das empresas juniores se manter positiva e significativa, controlando-se os
efeitos indiretos de personalidade e a variação entre cursos no potencial empre-
endedor, estudantes de diferentes áreas do conhecimento e com características
de personalidades distintas podem maximizar o potencial empreendedor ao parti-
cipar desse tipo de experiência acadêmica.

Considerações finais

As contribuições geradas pelas evidências empíricas do presente estudo destacam


que para favorecer o desenvolvimento do potencial empreendedor entre estudan-
tes deve-se investir em experiências diretamente relacionadas com a proposição
do próprio negócio e tarefas de gestão, tal como acontece por meio de empresas
juniores. Ademais, considerando que a personalidade pode favorecer o desenvolvi-
mento do potencial empreendedor estudantil quando aumentados os traços voltados
à abertura para experiências, amabilidade extroversão e conscienciosidade e dimi-
nuídos os traços neuróticos, sugere-se a proposição de ações psicoeducacionais e
assistenciais enfatizando a autorregulação dos estudantes. Assim, desenvolver maior
estabilidade emocional por meio de psicoeducação e experiências educativas direcio-
nadas ao empreendedorismo se propõem como uma possível agenda voltada para a
otimização das condições de desenvolvimento do potencial empreendedor estudantil
no nível superior.

Em macrocontextos, abrangendo indicações para a formulação de políticas públicas


sobre o tema, também é fundamental considerar que nem todos os estudantes têm
condições de vivenciar essas experiências por limitações estruturais das universida-
des – que não ofertam empresas juniores – e por razões socioeconômicas, que invia-
bilizam a permanência do aluno em longos períodos dentro do espaço acadêmico.
Neste sentido, investir em maior financiamento estrutural ao nível superior e em
condições para permanência do estudante na universidade se mostram fundamentais
na difusão de uma agenda voltada ao fomento empreendedorismo. Abarcando-se
microcontextos, também se faz preciso aprofundar em compreensões sobre interes-
ses profissionais e alternativas ocupacionais, de forma que os alunos sejam direcio-
nados às experiências acadêmicas por meio de orientação educacional e profissional
capaz de maximizar o desenvolvimento pessoal e profissional. Afinal, nem todos os
estudantes se interessarão pelo empreendedorismo, devendo, então, ser direciona-
dos para experiências acadêmicas compatíveis com suas aspirações, ao passo que as
vivências associadas à criação e geração de negócios sejam destinadas àqueles com
maior interesse no tema.

Entre as limitações da corrente investigação destaca-se a natureza exploratória do


modelo que não se aprofundou em variáveis associadas aos interesses profissionais
e sociodemográficas da amostra que podem interferir na disponibilidade do estu-
dante para participar das experiências acadêmicas. Reitera-se, portanto, a impor-
tância de abranger variáveis como trabalhar em período integral, ter filhos, ser
responsável financeiramente pela família, interesses profissionais, intenção empre-
endedora entre outras que podem ser úteis para a compreensão do fenômeno de

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Impacto de personalidade e empresas juniores para estimular potenciais empreendedores

forma mais específica. Essa segmentação poderá favorecer modelos futuros sobre
o tema, por meio da aplicação de profile latent class (LCA) e análises de cluster, as
quais permitirão averiguar as relações com maior ênfase nas particularidades de
cada perfil sociodemográfico.

Além dessas variáveis, investigações abrangendo interfaces entre empreendedo-


rismo e condições econômicas (renda, estratificação social, forma de financiamento
do próprio negócio) também se fazem necessárias para compreender de que maneira
a conjuntura estrutural econômica impacta, conjuntamente aos aspectos intraindi-
viduais, no potencial empreendedor e nas possibilidades de os sujeitos empreende-
rem. Algumas variáveis como condição econômica sazonal, facilidade para obtenção
de empréstimos, políticas de incentivo ao empreendedorismo e educação empreen-
dedora são apreendidas como capazes de influenciar positivamente na geração de
novos negócios e, por isso, se propõem como uma agenda interdisciplinar de inves-
tigação sobre o tema que articule à Psicologia saberes de outras áreas capazes de
abranger essas questões de forma mais apropriada.

Por fim, almeja-se que o presente estudo tenha contribuído para esclarecer o impacto
da personalidade e das experiências educacionais de nível superior no desenvolvi-
mento do potencial empreendedor em estudantes universitários. No entanto, além
dos avanços proporcionados pelo estudo em questão, outros devem ser trazidos à
literatura, uma vez que somente com maior compreensão acerca das características
pessoais dos empreendedores será possível impactar substancialmente no potencial
empreendedor e, consequentemente, despertá-lo como tônica nas políticas educa-
cionais e ações a serem implementadas no nível superior brasileiro. Para tanto, faz-se
mister novos estudos multimetodológicos e longitudinais sobre o tema.

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Impacto de personalidade e empresas juniores para estimular potenciais empreendedores

Submetido em: 27/07/2018


Revisto em: 12/12/2018
Aceito em: 31/12/2018

Endereços para correspondência:

Pedro Afonso Cortez


cor.afonso@gmail.com

Heila Magali da Silva Veiga


heila.veiga@gmail.com

Ana Paula Salvador


salvador.anapaula@outlook.com

I. Doutorando em Psicologia. Programa de Pós-graduação em Psicologia. Universidade


São Francisco (USF). São Paulo. Estado de São Paulo. Brasil.

II. Docente. Instituto de Psicologia. Universidade Federal de Uberlândia (UFU).


Uberlândia. Estado de Minas Gerais. Brasil.

III. Mestranda em Psicologia. Programa de Pós-graduação em Psicologia. Universidade


São Francisco (USF). São Paulo. Estado de São Paulo. Brasil.

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