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ENTENDENDO OS INTRAEMPREENDEDORES
COMO VISIONISTAS
Louis Jacques Filion*
Resumo: Este artigo é o resultado de uma pesquisa de campo e está dividido em duas partes. A primeira
propõe um modelo de desenvolvimento da visão para dar suporte à prática do intraempreendedorismo2. O
desenvolvimento da visão oferece uma base para que os membros das organizações se tornem mais
intraempreendedores, mais inovadores.A segunda parte propõe diversas práticas administrativas a ser apli-
cadas pelas organizações com o intuito de promover o intraempreendedorismo entre seus membros.
As práticas de administração propostas para dar suporte ao intraempreendedorismo consistem, primeiro, no
estabelecimento de certos critérios de seleção a ser usados durante o recrutamento. Além disso, o artigo
sugere que as organizações estabeleçam um contrato psicológico com os empregados com tempo de casa e
com os novos, contrato no qual o comportamento intraempreendedor esperado deverá estar claramente
identificado. O autor apresenta ainda outras idéias favoráveis ao intraempreendedorismo, incluindo os clubes
de intraempreendedores, a caixa de sugestões, as práticas relativas ao spin-off 3e os períodos de recuperação
durante os quais nenhuma inovação é implementada na organização. Como este artigo destaca, a ação
empreendedora é visionária enquanto a ação intraempreendedora é visionista. A ação intraempreendedora
pode ser adotada e até mesmo incentivada por administradores visionários, o que facilita o progresso ou a
ampliação da visão central. Segundo o autor, a adoção do visionismo possibilita que as organizações
desenvolvam uma cultura em que todos estejam comprometidos e progridam, contribuindo, portanto, para que
a organização em si também progrida.
empreendedor dentro de uma organização. coisas segundo uma determinada orientação. Para
Na primeira seção deste artigo, abordamos alguns fazer algo diferente, os inovadores têm que, primeiro,
modelos de intraempreendedorismo identificados em identificar o que querem fazer, visualizar isso e, então,
um estudo realizado em trinta organizações privadas identificar a melhor forma de transformar a inovação
e públicas reconhecidas pelo comportamento intra- em realidade. Além disso, precisam ter energia e von-
empreendedor de seus membros. Na segunda seção, tade para estruturar o processo em andamento.
sugerimos várias práticas intraempreendedoras. Um dos intraempreendedores estudados em
nossas pesquisas nos dá um excelente exemplo.
2 PRÁTICAS INTRAEMPREENDEDORAS E Heikki, diplomado em filosofia, gastou muitos anos len-
MODELOS VISIONISTAS do, viajando, pensando e considerando o que poderia
fazer para estimular o desenvolvimento do seu país.
Além de nossas pesquisas sobre empreendedo- Enfim, o seu trabalho no departamento de planejamen-
rismo (FILION, 1991a, 1991b; 1993; 2000), nós to da universidade de sua cidade o conduziu a
também estudamos a prática intraempreendedora nas visualizar o papel potencial de um centro de pesquisa
organizações (FILION, 1990a, 1999) com o objetivo e de treinamento ligado à universidade. Heikki apre-
de identificar modelos que formassem uma base para sentou sua idéia à direção e se tornou o diretor do
a ação intraempreendedora e que pudessem auxiliar centro. Cinco anos de trabalho intensivo foram neces-
organizações a se tornar mais dinâmicas. Alguns sários para transformar o centro em uma das forças
desses modelos são apresentados nas páginas a se- motrizes do desenvolvimento do seu país. O centro
guir. Versões preliminares deste artigo já foram pu- tem êxito especialmente na transformação de empre-
blicadas anteriormente (FILION, 1990a, 1999b, 2002; gados em empreendedores e no apoio a países em
2004). desenvolvimento.
A evolução do intraempreendedor acima mencio-
2.1 A IMPORTÂNCIA DA VISÃO nado pode ser dividida em duas fases distintas: desen-
volvimento da visão e, em seguida, sua realização. A
Nossas pesquisas sobre empreendedores e intra- primeira fase envolveu muita leitura e reflexão, en-
empreendedores têm mostrado uma importante carac- quanto a segunda requereu bastante trabalho organi-
terística compartilhada por ambos os grupos: eles zacional. De fato, a maioria dos empreendedores de
desenvolvem uma orientação, ou visão, que indica o sucesso passa pelas mesmas duas fases. Primeiro,
que deverá ser feito. Empreendedores e intraempre- desenvolve-se um compromisso que se manifesta na
endedores parecem evoluir da concepção para a forma de pensar. A partir daí , idéias são formadas ao
realização de um projeto por meio da formulação de redor de um foco central, a visão, e, finalmente, ações
visões a ser transformadas em realidade. Este parece concretas são realizadas. Algumas organizações
ser um processo contínuo que envolve uma série de incentivam seus gestores a utilizar esse processo fa-
ações, de forma bem semelhante ao que acontece no zendo com que eles se alternem entre as funções de
trabalho de um artista que agrupa um conjunto de linha e de assessoria do organograma.
elementos na tela para formar uma pintura inteira. Quanto mais olhamos para os componentes que
Outra analogia, talvez mais precisa, é a da teia de constituem o empreendedorismo e o intraempreen-
aranha: um processo de construção complicado e dedorismo, mais difícil fica identificar os diferentes
que nunca tem fim. A estrutura resultante continua conceitos sem considerar certos elementos transcen-
sendo desenvolvida, podendo alcançar proporções dentes ou princípios-guia que conduzem à ação. Em
gigantescas ou continuar evoluindo indefinidamente geral, não são as ações individuais em si que são
em uma certa direção. inovadoras, mas sim o princípio-guia que as insere
O desenvolvimento e a implementação de visões em um todo coeso e forma a base para o processo no
são duas das principais características das ações qual a visão se torna o fator unificador. Normalmente,
empreendedora e intraempreendedora. É difícil é aí que se encontra o aspecto novo ou original de
imaginar uma ação inovadora que não tenha sido um projeto.
precedida por uma reflexão ou interiorização que Embora as ações em si possam parecer banais
leva o autor da ação a imaginar e a visualizar as ou repetir algo que já foi feito, inovações podem ser
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ENTENDENDO OS INTRAEMPREENDEDORES
COMO VISIONISTAS
visionistas que desenvolveram habilidades em um ou burocracias onde não existe visão central (caso
campo particular e os integra em seu negócio para 3).
realizarem uma ou mais visões complementares no Vamos a outro exemplo: em uma grande compa-
campo de seu interesse (caso 2). O processo é nhia de gás, Peter foi contador durante quase dez
mostrado na figura 2. anos antes de passar a trabalhar no setor de vendas.
Depois de dois anos em sua nova função, propôs a
VISIONÁRIO
(PROPRIETÁRIO-
criação de um centro de distribuição de eletrodomés-
DIRIGENTE) ticos movidos a gás. O projeto foi aceito pelo executivo
principal e pelo conselho de administração, tornando-
se a principal diversificação da companhia. O centro
VISÃO CENTRAL de distribuição de eletro-domésticos dirigido por Peter
emprega mais de 30 pessoas e, ainda hoje, constitui
a principal atividade da companhia em um setor não
regulamentado.Essa visão complementar específica
VISÕES COMPLEMENTARES VISIONISTAS se enquadrou perfeitamente na tendência geral de
diversificação resultante da visão central do executivo
principal na época. Poderia ter influenciado a visão
central e ter provocado outras diversificações, mas
VISIONISTAS VISÕES COMPLEMENTARES isso não aconteceu. Por quê? Há várias razões pos-
síveis, inclusive a rotatividade de dirigentes sêniores,
Figura 2 – Visionários e Visionistas a cultura burocrática da companhia e assim por diante.
Se a organização for dirigida por um visionário,
Fica claro que a lógica do desenvolvimento visio- as visões complementares ou emergentes prova-
nário envolve a seleção de visionistas apropriados velmente serão levadas em consideração. Nesse
para realizar as visões complementares necessárias caso, a visão central evoluirá mais rapidamente ou
para promover a visão central. ampliará seu escopo devido aos ajustes feitos pelo
visionário principal ou dirigente sênior para integrar
2.4 VISIONISTAS E VISIONÁRIOS esses elementos inesperados mas atrativos (caso 4).
Esse processo é mostrado na figura 3.
O que mais nos interessa agora é o contrário do
processo descrito acima. Um visionista que desenvolve
uma ou mais visões emergentes ou complementares VISIONISTAS
carreira trabalhando nas ruas com adolescentes se assemelha ao liberalismo presente na sociedade
problemáticos. Tornou-se o coordenador do serviço como um todo. Levando essa idéia a seus extremos,
externo de reabilitação em um abrigo. Durante os esse tipo de organização pode ser comparado a um
quatorze anos seguintes a sua posse, a descrição de grupo de empresas subcontratadas trabalhando em
seu cargo mudou seis vezes. Ele mesmo propôs vá- torno de uma empresa-cliente, o núcleo central desse
rias inovações, algumas das quais foram as primeiras conjunto produtivo. Aí, a visão, a missão e os objetivos
do gênero em seu país. Por exemplo, propôs a inter- vislumbrados por cada visionista devem ser conti-
venção organizada diretamente na realidade dos nuamente negociados e renegociados, como seria o
adolescentes problemáticos, como também a rea- caso em um processo de administração por objetivos.
bilitação do tipo “fora-da-clínica”. Quando nós o Podemos fazer o processo visionário avançar
conhecemos, Gerry falou de sua crença no que fazia de baixo para cima ou de cima para baixo na hierar-
e de sua motivação para ir sempre além e mais fundo quia. O processo pode avançar na estrutura organi-
em seu trabalho. Em outras palavras, nos falou do zacional de forma descendente ou ascendente. Isso
seu próprio comprometimento para gerar progresso. significa que linhas de comunicação devem ser esta-
Para fazer o que fez, Gerry precisou visualizar. Ele belecidas entre os diferentes níveis hierárquicos da
tinha sido identificado como um intraempreendedor e organização de forma a favorecer comunicações cujo
um visionista pelas pessoas que dirigiam a organi- tema é a visão e seu progresso. Essas comunicações
zação e foi nomeado para trabalhos que permitiram à permitem o monitoramento contínuo do desenvolvi-
direção desenvolver e ampliar o escopo de sua visão mento tangível das visões e a avaliação da comple-
acerca do papel da instituição. mentaridade entre elas (figura 4).
Em suma, intraempreendedores identificam e,
então, visualizam as idéias que gostariam de realizar. Visões emergentes
Essas idéias, normalmente, podem ser classificadas
como sendo diferentes da visão central, desde que VISÃO CENTRAL
na área de serviço social. Alguns anos depois, quando mais de cem. A visão original se ampliou a tal ponto
diretor geral de um centro de serviço social, inverteu que a oficina gerou várias subsidiárias, dentre as
a situação da organização que a maioria das pessoas quais o Centro de Avaliação de Recursos Múltiplos
consideraria uma causa perdida. Sob sua liderança, (Multi-Resources Assessment Center) que é o pri-
as pessoas envolvidas assumiram a organização e a meiro do gênero no país a estar envolvido na avalia-
fizeram progredir de forma dinâmica na mesma direção ção dos desempenhos humano, técnico e financeiro
indicada pela visão que os executivos sêniores tinham em empresas. Pierre criou uma cultura em que o pro-
desenvolvido em comum acordo. Maurice assumiu a cesso visionário é ativo, todos se sentem comprome-
administração do centro em um período em que todos tidos e as novas idéias são incentivadas.
estavam desmotivados e nada estava acontecendo. A visão central se expandiu horizontalmente de
Primeiro, conseguiu envolver as pessoas do seu siste- modo a englobar vários produtos ou serviços ao invés
ma de relações com uma visão e, então, as guiou na de se desenvolver em torno de um único produto
mesma direção indicada por essa visão. (bem ou serviço). Isso pode ser explicado, em parte,
Ao assumir a administração geral, Maurice passou pelo fato de que a equipe de Pierre provê ambos os
da condição de visionista para a condição de visio- tipos de visão: emergentes e complementares. Os
nário. Sua ação se assemelha àquela representada principais dirigentes da organização não querem que
na figura 2, caso 2: a ação de um visionário que a mesma cresça muito em seu setor de atividades, o
envolve visionistas no processo. Os visionistas que que faz com que a organização não seja um compe-
trabalham com Maurice se assemelham àqueles da tidor agressivo no mercado. A estratégia escolhida
figura 3, caso 3, mas principalmente caso 4, consi- está relacionada ao processo visionário ampliador,
derando-se que o líder é um visionista que se tornou no qual se enfatizam as visões emergentes que se
um visionário e que está interessado em apoiar e fixam ao redor da visão central. A visão central é
envolver as pessoas que estão desenvolvendo um ampliada pelo desenvolvimento de atividades dife-
processo visionário. Maurice guia o processo em uma rentes que, freqüentemente, não estão relacionadas
dada direção e aumenta sua rapidez. Uma vez que umas com as outras nem com as atividades correntes
certo nível de desempenho é alcançado, recomeça a da organização – isto não ocorre pelo desenvol-
mesma coisa em outro lugar porque, como ele mesmo vimento da visão central com foco em um único campo
diz, gosta de estar onde há ação. de atividades que não geraria sua ampliação. Con-
O processo visionário é ampliador quando en- tudo, todas as atividades estão ligadas por uma única
volve visões emergentes que não estão diretamente linha que, nesse caso, é o emprego de pessoas
ligadas à visão central, mas que podem ser nela en- inválidas. Como Maurice, Pierre mudou de visionista
xertadas de modo a ampliar seu escopo e a permitir para visionário. Ele reconhece pessoas que ajudam
à organização realizar mais atividades em torno da a desenvolver a visão e sabe o quão importantes
visão central (figura 6). elas são para a organização. Muito se poderia dizer
sobre a contribuição feita pelos visionistas na equipe
Visões emergentes
de Pierre.
VISÃO CENTRAL
2.6 O PROCESSO VISIONÁRIO NA PRÁTICA
Ampliação da visão
Uma das características dos intraempreende-
Figura 6 – Ampliação da visão
dores é a sua habilidade para se diferenciar. Qual-
O caso de Pierre é outro exemplo. Ele assumiu a quer um que deseja empregar um intraempreendedor
administração geral de um centro de reabilitação. deveria estar ciente disso. Quase todos os intraem-
Originalmente contratado para um período de apenas preendedores tiveram experiências em algum mo-
dois anos para montar uma oficina (workshop) de mento de sua vida que os fizeram ser diferentes da-
abrigados utilizando a mão-de-obra de pessoas in- quilo que vemos de mais comum.
válidas, continuou, desde então, desenvolvendo no- Mary, uma enfermeira de um centro comunitário,
vos serviços. A oficina, que contava com menos de deixou a América do Norte e, quando tinha 20 anos,
vinte empregados quando ele chegou, agora tem foi morar em Londres durante um ano com um amigo.
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COMO VISIONISTAS
Nos anos cinqüenta, o fato causou certo escândalo mesmo criou. Uma vez mais, os intraempreendedores
entre os moradores da pequena cidade onde ela vi- são semelhantes a empreendedores sob o seguinte
via. Mary continuou a mostrar a mesma originalidade aspecto: podem definir, estruturar e explorar com su-
ao longo de sua vida profissional. Por exemplo, quan- cesso uma área de atividade desestruturada em uma
do deu um curso de anatomia física para os enfer- organização, enquanto os empreendedores fazem o
meiros de um hospital de Montreal, optou por uma mesmo com seus próprios negócios no ambiente
abordagem calcada na experiência: com ajuda de externo. Em ambos os casos, o mesmo processo de
um especialista do hospital que lhe forneceu corações, formação de visão parece ocorrer. Porém, o nível de
ossos, pulmões, etc., pôde dar um curso extremamente risco enfrentado, certamente, não é o mesmo nas
realista. duas situações.
No hospital onde trabalha atualmente, Mary aplica O presidente de uma importante multinacional bri-
métodos igualmente inovadores e dinâmicos em seus tânica pediu a Graham, um gerente sênior bem co-
cursos de pré-natal usando a mídia eletrônica. Ministra nhecido por suas atividades intraempreendedoras,
cursos para seu público em uma rádio ao meio-dia para criar SCOTBIC (Scottish Business in the
porque a instituição não lhe permitiu fazê-lo durante Community – Negócio Escocês na Comunidade).
suas horas de trabalho (de 8 horas até meio-dia e de SCOTBIC refere-se a uma série de centros espa-
13 horas e 30 minutos até 17 horas), alegando que lhados pela Escócia com a missão de promover
ela era paga para dar os cursos na sala de aula do atividades empreendedoras. Esses centros deveriam
hospital. Seus programas na rádio se tornaram extre- ser fundados por grandes empresas, pelo governo
mamente populares. Ah, se seus ouvintes soubessem central e pelo governo local. O projeto de criação
que ela faz isso na hora do almoço porque seu em- desses centros deveria ser a última missão de
pregador não lhe permitiu estar ausente durante os Graham, já que ele estava chegando aos 60 anos e
horários de trabalho! Isso não é tudo. Mary também pretendia se aposentar assim que a organização
desenvolveu métodos pedagógicos para seus cursos estivesse bem estabelecida. Em três anos, ele criou
que são considerados completamente fora da norma 31 centros.
no ambiente hospitalar conservador no qual trabalha. Uma característica desse intraempreendedor
Uma das características dos intraempreendedo- específico é seu espírito inovador e seu desejo
res é que eles se vêem como pessoas que atendem constante de fazer coisas novas. Foi isso que fez que
a clientes ao invés de se sentir apenas como parte do Graham desempenhasse um papel de liderança ao
aparato organizacional. Atribuem a si mesmos o papel longo de toda a sua carreira. Por que Graham era
de definidores daquilo que acreditam que deveria um líder tão bom? Há várias explicações possíveis,
ser a missão do setor em que trabalham, dependendo mas um elemento importante parece estar na base de
de como percebem as necessidades de seus clientes. tudo: Graham é comprometido e capaz de visualizar
Os intraempreendedores se parecem com os em- o que quer alcançar. Durante os anos em que estava
preendedores, visto que confiam em sua intuição e criando o SCOTBIC, teve que incentivar um grande
fazem o que pensam ser necessário para oferecer número de pessoas a se comprometer com a reali-
um serviço de qualidade ou fazer o trabalho para o zação de uma visão empreendedora em suas res-
qual foram contratados. Fazem isso freqüentemente pectivas comunidades. Graham também passou de
superando a natureza inflexível das regras em gran- visionista a visionário e sua liderança permitiu que
des organizações. identificasse e empregasse pelo menos 31 visionistas
Essa inclinação para eles mesmos definirem o que concordaram em administrar os novos centros.
que pensam que devem fazer se manifesta mais As características descritas acima estavam presen-
claramente quando trabalham em ambientes onde os tes em todos os empreendedores e intraempreen-
papéis e as missões não são claramente definidos. dedores de sucesso estudados na pesquisa. Outros
Embora tal situação possa servir de desculpa para elementos também apareceram em alguns casos. Por
algumas pessoas trabalharem menos, oferece uma exemplo, alguns autores têm indicado que a inveja é
oportunidade maravilhosa para o intraempreendedor um fator motivador. Isso parece ser verdade para al-
liberar sua energia e expressar sua criatividade de guns empreendedores estudados, sendo, porém, muito
modo a beneficiar a realização dos projetos que ele menos visível entre os intraempreendedores.
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O sistema de relações é um dos elementos-chave dos indivíduos para questionar e avaliar o que fazem
que explica os processos empreendedor e intraem- à luz das expectativas e necessidades dos clientes. A
preendedor. Para os empreendedores, o sistema de figura 7 apresenta os principais elementos de uma
relações se encontra dentro e fora da empresa, en- estrutura de desenvolvimento do processo visionário.
quanto que, para os intraempreendedores, se situa
Relações
dentro da empresa principalmente. De fato, a dinâmica Comprometimento de suporte
das relações interpessoais está intimamente relacio-
nada com o desenvolvimento e a realização de visões Clientes
preparação e a implementação das visões não acon- pessoas reflitam e se isolem por certo tempo durante
tecerem no vazio. Se, na empresa, o líder for um em- o período de incubação das visões e das iniciativas a
preendedor visionário, provavelmente haverá vários ser tomadas, em geral, parece difícil que pessoas
intraempreendedores que desenvolvem um processo sós, desprovidas de relações de suporte, obtenham
visionário de apoio na organização. Será exigido sucesso.
deles que se superem desenvolvendo e realizando
visões complementares freqüentemente e muito 2.9 NÍVEIS DE INTRAEMPREENDEDORISMO
depressa.
Nesse tipo de contexto, os visionistas geralmente A prática intraempreendedora pode ser dividida
encontram pouca resistência e podem desenvolver em vários níveis. Aqui, propomos cinco níveis: vege-
visões complementares com grande afinidade com a tativo, bondoso, comprometido, inovador e visionário.
visão central. Se, contudo, na empresa, o líder não No nível vegetativo, estão os empregados e gerentes
for um empreendedor visionário ou se a organização cujo compromisso é mínimo. Para ser intraempreen-
for governada segundo regras burocráticas por causa dedoras, as pessoas têm que ter um alto nível de
de seu tamanho, então é importante que os intraem- compromisso com o que fazem e devem ser capazes,
preendedores introduzam suas visões na empresa e pelo menos, de sustentar a continuidade da execução
desenvolvam um sistema de relações que possa con- da ação que iniciam. O efeito disso é a redução da re-
tribuir para o processo visionário. sistência à mudança. Enquanto dirigentes e empre-
Os elementos de resistência que se manifestam gados bondosos pensam em coisas para fazê-las
ao longo do processo visionário constituem um modo melhor, indivíduos comprometidos as interiorizam para
de assegurar que a mudança seja gradualmente realizá-las com perfeição. Assim se obtém um alto ní-
introduzida na organização e aceita. Se, em uma vel de qualidade.
organização, vários processos visionários forem Os indivíduos inovadores podem criar novos mé-
levados adiante, o risco de rejeição ou resistência todos de trabalho, enquanto os intraempreende-dores
para a mudança será reduzido. A ação apoiada no visionários envolvem os outros quatro tipos de intra-
processo visionário eventualmente incentivará a ação empreendedor nas suas próprias ações para criar
visionária e vice-versa. Além do fato de que as em- uma cultura organizacional na qual todos são parte
presas dirigidas por visionários precisam de visionistas de um processo e se sentem comprometidos, desejan-
para realizar visões complementares, também é ver- do se superar para ajudar a realizar a visão. Em sua
dade que a presença de vários visionistas pode esti- passagem de um nível para outro mais elevado de
mular a criação de uma cultura mais empreendedora intraempreendedorismo, os indivíduos aumentam seu
e visionária na administração de empresas. comprometimento intelectual com o que fazem. E hoje,
Em resumo, a formulação de uma estrutura de em uma era em que a qualidade é tão importante, são
apoio para a ação que inclue todos os elementos necessários conceitos para reforçar a prática da quali-
seguintes é importante para os visionistas: dade e incorporá-la na cultura da organização. Con-
desenvolvimento de uma visão; ceitos como “visão”, “visionista” e “visionário” ofere-
apoio a pessoas que têm visões; cem considerável apoio nesse sentido.
relações de apoio favoráveis ao processo
de organização; 2.10 REFLEXÃO-SÍNTESE
cultivo de um clima visionista;
iniciativas para assegurar o progresso das
visões; O processo visionário parece oferecer uma es-
avaliação do que vai sendo alcançado. trutura que ajuda os indivíduos a se tornar mais in-
traempreendedores e inovadores. Uma estrutura que
De fato, uma cultura visionista é necessária para ajuda as pessoas a desenvolver e realizar visões as
que a ação apoiada no processo visionário aconteça motiva a revisar seu trabalho, pensar no que fazem,
e tenha a continuidade de sua realização sustentada questionar o significado do que fazem e preparar
com o passar do tempo. Uma das condições para suas ações de modo mais completo. Aplicando a abor-
que isso seja alcançado é a criação de um sistema dagem visionária, alguns darão mais vida e um novo
de relações. Embora possamos pedir que certas significado ao que fazem. A estrutura do processo
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critério de seleção do que o necessário para o posto. lizadas logo revelarão os objetivos do candidato.
É melhor, para a organização, contar com recur- Embora o processo de seleção possa desempe-
sos humanos com um nível mais alto de intraempre- nhar um papel importante no estabelecimento de uma
endedorismo ao invés de um mais baixo. Uma vez cultura intraempreendedora, o contrato psicológico
que isso for obtido, as pessoas precisarão de desafios estabelecido entre o novo empregado e a organização
maiores do que aqueles geralmente oferecidos por é igualmente importante para determinar o que acon-
seus cargos e pelo tipo de organização para a qual tecerá no futuro.
trabalham. É por isso que a organização terá um bom
desempenho. Em uma empresa menor, porém, deve- 3.2 CONTRATO PSICOLÓGICO
mos tomar cuidado para evitar o recrutamento de
pessoas excessivamente intraempreendedoras que Quando os empreendedores empregam pes-
podem, subseqüentemente, lançar seu próprio ne- soas, estabelecem um contrato psicológico para reger
gócio competitivo vindo ameaçar a sobrevivência da o que cada parte espera da outra. O contrato forma a
empresa no longo prazo. Quanto mais cresce uma base sobre a qual a relação entre o empregador e o
empresa, maior é a necessidade de contratação de novo empregado será construída. Ele estabelece o
pessoas intraempreendedoras para manter a cultura espaço de si para cada parte e define o nível de erro
empreendedora do fundador. Em empresas maiores, aceitável para ambos os lados.
mais ênfase deveria ser dada, no processo de contra- Às vezes, os empreendedores usam mais critérios
tação, a critérios de intraempreendedorismo, especial- de seleção ligados ao intraempreendedorismo e um
mente no nível administrativo. contrato psicológico mais intraempreendedor para
Por outro lado, é inevitável que alguns intraem- determinadas áreas da organização. Também podem
preendedores se tornem extraempreendedores e buscar complementaridade recrutando algumas pes-
abram seu próprio negócio. Isso estimula a cultura soas que são mais empreendedoras que outras. O
empreendedora das organizações maiores e permite espaço de si estabelecido pelo contrato psicológico
a elas recrutarem outras pessoas com capacidade inicial normalmente se expandirá à medida que as
intraempreendedora igualmente elevada. Um certo ações do novo empregado aumentarem a confiança
grau de rotatividade do pessoal da direção não é que pode ser nele depositada.
uma coisa má em si, pois permite uma certa renovação Se a seleção inicial estiver baseada em pelo
com os elementos novos gerados. É melhor contar menos um critério de intraempreendedorismo e se o
com recursos humanos intraempreendedores mesmo contrato psicológico também tiver algumas diretrizes
sob o risco de perder algumas pessoas que se tornam de intraempreendedorismo, a organização terá,
extraempreendedores do que ter uma organização obviamente, maior possibilidade de gerar o compor-
com mais baixo nível de motivação. tamento intraempreendedor entre seus empregados.
Há meios para se distinguir os critérios de intra- Se o contrário ocorrer, e um novo líder quiser transfor-
empreendedorismo dos critérios de empreendedo- mar uma organização inanimada, um novo contrato
rismo. Pesquisas no campo do empreendedorismo psicológico será necessário. O líder precisará ofere-
mostraram que pessoas tidas como modelo têm um cer um treinamento de intraempreendedorismo para
importante impacto sobre a cultura e a autoconsciência provocar mais atitudes e comportamentos intraempre-
dos empreendedores. Quanto mais modelos empre- endedores e uma cultura organizacional mais intra-
endedores uma pessoa tem, em sua família ou em um empreendedora. Entre os melhores métodos para
círculo de relações mais amplo, maior é a possibilidade fazer isso, encontram-se o estudo de casos verídicos,
de que ela se torne um empreendedor. Também já as simulações e a interpretação de papéis.
sabemos que certos grupos étnicos, famílias e regiões
tendem a gerar mais empreendedores do que outros. 3.3 FERRAMENTAS DE
Imigrantes têm uma tendência maior para se tornar INTRAEMPREENDEDORISMO
empreendedores do que os cidadãos nativos do país
que os acolheu. No recrutamento e no processo de A introdução e a manutenção de práticas de intra-
seleção, algumas perguntas de projeção bem uti- empreendedorismo nas organizações podem ser es-
N.T.: Espaço de si - tradução de self-space ou, como usado em Francês por L. J. Filion em outros textos, espace de soi.
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timuladas por um conjunto de ferramentas de apoio à ilustrar sua contribuição para a organização. Ao mes-
mudança. Se os líderes da empresa quiserem desen- mo tempo, um boletim de imprensa é enviado aos ca-
volver uma cultura intraempreendedora e práticas nais de comunicação e uma edição especial do jornal
intraempreendedoras, têm que agir adequadamente. da empresa é produzida com fotos dos empregados
Nos parágrafos seguintes, sugerimos algumas fer- de sucesso e uma breve descrição de suas inovações.
ramentas que podem ser úteis para isso. Algumas Cada intraempreendedor permanece como mem-
são tradicionais enquanto outras são mais vanguar- bro do clube por um ou dois anos, embora perma-
distas. neçam toda a vida nessa condição no caso de algumas
A primeira ferramenta, e certamente a mais tra- organizações. Os membros do clube são convidados
dicional, bem conhecida e mais prática, é a caixa de uma vez por mês, ou mais freqüentemente em alguns
sugestões. Embora não seja unanimemente aceita, casos, para apresentar, em reuniões dos diferentes
merece algumas considerações. Há muitas variações departamentos da organização, suas inovações e
desse tipo de ferramenta. Uma caixa de sugestões descrever como continuaram a propô-las e a obter
bem administrada produzirá bons resultados. As aceitação para as elas. Em algumas organizações,
regras para seu uso devem ser claramente definidas membros do clube ou mesmo membros mais antigos
e divulgadas, além de ser aplicadas de modo justo a são convidados para agir como mentores para outros
todos segundo o trabalho de um comitê formado por empregados que desejam propor inovações. Todas
pelo menos três pessoas. Sugerimos que os em- essas atividades não só ajudam a gerar a aceitação
pregados cujas sugestões sejam aceitas recebam uma de inovações e mudanças, mas também criam uma
recompensa considerável, que poderia ser de 50% dinâmica que as estimula. Novamente, é importante
das economias geradas durante os dois primeiros que as regras sejam conhecidas por todos e aplicadas
anos de implementação da sugestão. Sugerimos que rigorosamente e com justiça. Esse tipo de clube existe
10% do valor total que venha a ser recebido pelo na Bell Canadá, por exemplo, e seus efeitos dinâmicos
empregado sejam pagos a ele assim que a sugestão sobre a organização têm sido consideráveis.
for aceita. O resto poderá ser pago em duas pres- A terceira ferramenta que propomos está baseada
tações, ao término de cada um dos primeiros dois no sistema bem conhecido da 3M. Nessa empresa,
anos de implementação. qualquer empregado pode sugerir um novo produto.
Em quase todos os casos, as sugestões de su- Estudos de viabilidade podem ser realizados e, se a
cesso mudarão as previsões financeiras da orga- empresa decidir lançar o produto, a pessoa que o
nização, positiva ou negativamente, dependendo do propôs é recompensada. Algumas companhias foram
conjunto de fatores não antecipados quando o estudo até mesmo além dessas práticas da 3M e adotaram
da sugestão for realizado. O adiamento do pagamento sistemas de rede de empresas para incentivar seus
com a possibilidade de ajustá-lo se os resultados não empregados a criar seus próprios negócios. Os exem-
forem iguais àqueles previstos manterá a motivação plos incluem a Thomson da França e a Alcan do
do proponente para assegurar que a implementação Canadá.
seja um sucesso. Em muitos casos, a sugestão original Por que ir tão longe? O que essas empresas es-
terá que ser modificada para se ajustar aos impre- peram ganhar com isso?
vistos. Todos os casos que estudamos foram de com-
A segunda ferramenta que propomos é o clube panhias muito grandes que precisaram de uma com-
de empreendedores ou clube de intraempreen- binação de muitos elementos diferentes para manter
dedores, como a idéia é conhecida em algumas or- ou gerar uma cultura intraempreendedora e práticas
ganizações. Esse é um modo de reconhecer publi- intraempreendedoras. Algumas dessas companhias
camente as pessoas que desempenham papel intra- adotaram competições anuais para a criação de novos
empreendedor introduzindo uma mudança, uma ino- negócios em que os vencedores recebem uma gra-
vação ou um novo elemento nas organizações. Os tificação que varia entre 10.000,00 e 25.000,00 dó-
novos membros recebem um cheque de 1.000,00 lares. Além disso, os salários dos vencedores con-
dólares ou mais em um jantar de gala anual, quando tinuam sendo pagos durante os primeiros seis meses
sua entrada para o clube se torna oficial. Um vídeo ou um ano depois que os mesmos deixam a compa-
curto de cinco ou dez minutos é mostrado de forma a nhia para permitir que atravessem o período inicial
76 Revista de Negócios, Blumenau, v. 9, n. 2, p. 65-80, abril/junho 2004
ENTENDENDO OS INTRAEMPREENDEDORES
COMO VISIONISTAS
somente ser reconhecidos, mas também valorizados. vision to progress or become broader. The author
Isso é vital para que continuem ativos na organização. suggests that the introduction of visionism allows the
organization to develop a culture where everyone is
4 CONCLUSÃO committed and progresses, hence permitting the
organization itself to progress. A visioning framework
Para ser intraempreendedoras, as organizações is proposed. In short, visioning provides a framework
têm que estabelecer estruturas formais que reflitam for becoming more intrapreneurial, more innovative.
suas estruturas informais. Em organizações intraem- The management practices proposed to support
preendedoras, a comunicação deve ser aberta e fácil. intrapreneurship consist first in establishing certain
Elas se tornam lugares onde idéias são geradas. Por intrapreneurial selection criteria for use during
outro lado, certo nível de fricção também será gerado. recruitment. It is suggested that organizations should
É difícil gerar novas idéias sem despertar alguma establish a psychological contract with their old and
resistência à mudança e, conseqüentemente, um pou- new employees, where expected intrapreneurial
co de fricção. A resistência à mudança aumenta com a behaviour is clearly expressed. Some tools are
idade, sendo ainda mais profundamente enraizada proposed, including the suggestion box,
em pessoas que ficam nos mesmos cargos por mais intrapreneurs’ clubs, spin-off practices and recovery
de cinco ou dez anos. periods during which no changes are implemented.
Organizações intraempreendedoras são aquelas It is also suggested that employee appraisals should
que recompensam o sucesso e minimizam o erro. include intrapreneurial criteria.
Organizações que enfatizam muito os enganos matam
o desejo de agir. É melhor recompensar o sucesso Key-words: intrapreneurship; entrepreneurship
do que castigar o erro. Organizações que enfatizam
vision.
demais os erros são freqüentemente percebidas como
organizações que oferecem muito pouco potencial
para o crescimento e, assim, poucas chances de pro- REFERÊNCIAS
moção. E elas acabam nessa situação por causa da
BRUYAT, C., JULIEN, P.A. Defining the field of
cultura que desenvolvem.
research in entrepreneurship. Journal of
Neste artigo, apresentamos uma perspectiva sis-
Business Venturing. v. 16, p. 165-180, 2000.
têmica e visionária da ação intraempreendedora. Al-
guns dias de treinamento por ano para todos os mem- FILION, L.J. L’intrapreneur: un visionnant. Revue
bros da organização em afinidade com essa perspec- internationale des petites et moyennes
tiva podem realmente transformar uma organização. organisations. v. 5, n. 1, p. 22-33, 1990a.
O treinamento sobre a gestão do risco também pode
ser útil para complementar a estrutura básica do FILION, L.J. The intrapreneur as a visioner. 7th
processo visionário. Não esqueçamos que o pensa- Annual Conference, International Council for Small
mento vem antes de ação. Business - Canada (ICSB-Canada), October 5-6,
Regina, Saskatchewan. Published in: Wu, Terry
INTRAPRENEURS AS VISIONERS and Mason, Jim (Eds.) (1990). Proceedings of
the VIIth Annual Conference of the
Abstract: This applied paper is the result of field International Council for Small Business.
research. It is divided into two parts. The first Canada, v, n. 6,p. 101-120, Oct. 1990b.
suggests a visioning thinking framework to support
intrapreneurial practice in organizations, and the ______. Planejamento do seu sistema de
second proposes a number of management practices aprendizagem empresarial: identifique uma visão e
to be applied by organizations wishing to promote avalie o seu sistema de relações. Revista de
intrapreneurship among their ranks. Entrepreneurial Administração de Empresas - RAE. São Paulo,
v. 31, n. 3, p. 63-72, jul./set. 1991a.
action is visionary, while intrapreneurial action is
visioning. It may be taken up and even encouraged
by the visionary manager. This allows the central
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ENTENDENDO OS INTRAEMPREENDEDORES
COMO VISIONISTAS