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Antonio José
BORGES
..
~.
HERMIDA

compêndio
·de·
c HISTORIA
DO
BRASIL
PRIMEIRA E SEGUNDA SÉRIES DO CURSO MÉDIO
Compêndio de
,
HISTORIA DO BRASIL
para a

primeira e segunda séries do curso médio

,..
'r
ANTÔNIO JOSÉ BORGES HERMIDA

compêndio
de ,
HI·STOR ·IA
DO BRASIL

COMPANHIA EDITORA NACIONAL


'r
Do mesmo Autor:
Compêndio de História Geral, para os cursos
de grau médio

53.• edição

í!:stu compêndio está de acôrdo


com as indicações do
Co11selho Fedeml de Educação.
( Lei de Diretrizes e Bases).

1968

Obl'a executada nas oficinas da


São Paulo Editora S. A. - São Paulo, Brasil
lNDICE GERAL

BRASIL COLONIAL

1 - O De1cobrimento
1) As Grandes Navegações
2) Descobrimento da América
3) Descobrimento do Brasil
4) Exploração da Costa Brasileira 40
2 - Fonnação do Povo BraM~ro

5). O Elemento Branco 51


6) O Indígena Brasileiro 56
7) O Negro e a Escravidão 66
3 - A Colonização
8) As Capitanias Hereditárias 77 <J
9) O Govêrno-Geral 84
10) Povoados, Vilas e Cidades 93
11 ) A Obra dos Jesuítas 98
12) Riquezas do Brasil Colonial 104
4 - A E:tpansão Geográfica
13) As Regiões Setentrionais 117
14) Entradas e Bandeiras 122
15) Os Tratados de Limites 130
5 - A Defe.a do Território
16) Os Franceses no Brasil 141
17) ·As Invasões Holandesas 148
18) O Govêrno de N'assau e a campanha de libertação 154
6 - O Sentimento Nacional
-11
19) Manifestações Na tivistas 165
20) Os Movimentos Revolucionários 112
7 - A Independência
21) Ós Vice-Reis e o Brasil-Reino 181
22) A Regência de D. Pedro e o Grito do lpiranga 186
BRASIL INDEPENDENTE

I - O Primeiro Reinado
1) A Guerra da Independência 195
2) As Lutas Internas 200
3) Política Externa do Primeiro Reinado 206
4) A Abdicação 212

2 - As Regências
5) As Regências Trinas 221
6) A Regência de Feijó e de Araújo Lima 226

3 - A Política Interna do Segundo Reinado


7) Ação Pacificadora de Caxias 233
8) Os dois grandes p~rtidos e o Regim e Parlamentar 240

4 - A Política Externa do Segundo Reinado


9) A Questão Christie 247
10) A Guerra contra Oribe, Rosas e Aguirre 250
11) Guerra ~o Paraguai 254

5 - A Abolição
12) A Escravidão Negra e o Tráfico de Escravos 265
13) A Campanha Abolicionista e seu Triunfo 270

6 - O Progresso Nacional do lmp_ério


14) O Progresso Econômico: agricultura, indústria e comércio 277
· 15) Transportes e Comunicações 282
16) Ciências, Letra"S e Artes 286

7 - A Repríblica
17) Proclamação da República 293
18) A Constituição de 1891 298
19) Governos República nos até 1930 302
20) Política Exterior: Rio Branco 312

8 - O Bra.!il Contempordneo
21) Governos Republicanos depois de 1930 321
22) O Regime Constitucional e o Parlamentarismo 329
23) Progresso Econômico e Cultural 335
BRASIL COLONIAL

~'
I
li O DESCOBRIMENTO

As grandes navegações
Descobrirnento da América
Descobrimento do Brasil
Exploração da costa brasileira

1) AS rGRANDES NAVEGAÇOES

a) Origens e é por isso que muitas palavras


da língua portuguêsa são de ori7
de Portugal gem árabe, como açúcar, alface· e
álcool. Mas, como os invasores
Nos tempos antigos, quando o eram muçulmanos (seguidores do
poderoso povo _romàpo dominou Islamismo, religião fundada por
quase tôda a Europa, havia na M aomé), os cristãos da península
Península Ibérica, atualmente for- revoltaram-se contra a sua domi-
-mada por Portugal e Espanha, nação e conseguiram fundar vários
uma região chamada Lusitânia. reinos; dêsses reinos, um dos mais
Nessa região, à foz do rio Douro, importantes era o de Leão, que se
os romanos fundaram a povoação estendia até a região de Portucale,
de Cale, mais conhecida por Por- então chamada Condado Pórtuca-
tucale, de onde se derivou o nome lense porque era administrada por
Portugal. um conde. -
Depois dos rqmanos, outros po~ Um conde de Portucale, Afonso
vos invadiram a Península Ibérica, H enriques, depois de tomar o po-
sendo que- os árl:lb~ permanece- der de sua própria mãe, venceu
ram nessa região por vários séculos os árabes, revoltou-se contra o rei-

4O Infante D. Henrique. 15
COLONIZAÇÃO PORTUGUÊSA
no de Leão e adotou o título de Portugal e tôdas as suas colônias
rei. Com Afonso Henriques, o fun- para o domínio espanhol. Mas, em
dador do reino de Portugal, inicia- 1640, o duque de Bragança, D.
se a primeira dinastia ou família João, libertou Portugal do domí-
de soberanos portuguêses, chama- nio da Espanha e, com o título de
da de Borgonha. D. João IV, iniciou a última dinas-
A segunda dinastia de Portugal, tia portuguêsa. A essa dinastia,
.que tanto s.e distinguiu nos desco- chamada de Bragança, pertence-
brimentos marítimos, foi a de Avis, ram os imperadores do Brasil, D.
fundada pelo rei D. João I. Ou- Pedro I e D. Pedro li.
tros soberanos notáveis dessa di-
nastia foram D. João II, apelidado
o Príncipe Perfeito, e D. Manuel, b) Causas
o Venturoso. das navegações
No reinado do Príncipe Perfeito Antes das longas viag-ens marí-
Bartolomeu Dias avistou o Cabo timas, iniciadas pelos portuguêses
das Tormentas (1488),.depois cha- no século XV ~europeus comer-
mado da Boa Esperança, e no de ciavam comfo( Oriente pelo Me-
D. Manuel chegou Vasco da Ga- diterrâneo. As mercadorias orien-
ma às lndias (1498) e PedroAlva- tais mais procuradas eram as dro-
res Cabral .ao Brasil ( 1500). gas e as especiarias da lndia (pi-
O último soberano da dinastia menta, cravo e canela), os teci-
de Avis foi o cardeal D. Henrique, dos da Pérsia e os objetos de por-
que morreu em 1580, passando celana fabricados na China.

O Mar Tenebroso
Os marinheiros daquele tempo
"acreditavam que, em suas águas,
·viviam · monstros que afundavam
navios e devoravam tripulantes".

18
VIAGENS DE VASCO DA GAMA E DE CABRAL
+ Pedro Álvares Cabral
• Vasco da Gama

Mercado dos aborígines na América.

19
Tcdos eSS.3S artigos eram levados ção do navio em qualquer parte
até Constantinopla, onde aguarda- do mundo e, finalmente, surgiu
vam os navios dos genoveses e ve- nôvo tipo de barco, a caravela,
nezianos, que os transportavam leve e rápida, própria para longas
para os vários países da Europa. viagens. Ainda nessa ocasião in-
Era, portanto, Constantinopla, im- ventou-se a vela triangular ou
portante centro para a distribuição latina, com a qual se podia na-
das mercadorias orientais e sem vegar com o vento em qualquer
ela não poderia haver comércio direção.
entre o Oriente e a Europa atra- Também como causa importan-
vés do Mediterrâneo. íl:sse comér- te das navegações cita-se o senti-
cio foi afinal proibido pelos tur- rnento religioso: os soberanos dos
cos que, em 1453, tomaram Cons- países da Europa queriam conver-
tantinopla: é que os conquistado- ter os povos do Oriente e ordena-
res eram muçulmanos e, por isso. vam aos sacerdotes que seguissem
inimigos dos cristãos, isto é, dos nas expedições.. f: por isso que a
europeus. esquadra de Cábral conduzia vá-
Com o avanço dos turcos torna- rios frades franciscanos; um dêles,
va-se indispensável descobrir ou- frei Henrique Soares, de Coimbra,
tro caminho por onde pudessem · rezou no Brasil as duas primeiras
ser transportados os artigos do missas.
Oriente. Foi o que os portuguêses
consegu iram percorrendo a costa
da África até ao sul dêsse conti-
nente, onde encontraram o ocea-
c) As viagens
uo Índico que leva às índias. Des- dos p01tu'gueses
se modo a tomada de C onstanti-
nopla pelos turcos foi uma das Foi um príncipe, o Infante D.
causas import::~ntes elas grandes Henrique, apelidado o Navega-
navegações. dor, quem iniciou as grandes na-
Outra causa foi o desenvolvi- vegações de Portugal. Era filho
mento da arte da navegação veri- de D. João I, o fundador da di-
ficado nessa época, que é a . do nastia de Avis que reinou até 1580.
início da Idade Moderna: torna- Depois de uma expedição ao
ra-se conhecida na Europa a bús- norte da África, onde obteve im-
sola, inventada pelos chineses e portantes informações sôbre a cos-
que serve para a orientação; foi ta desse continente, o Infante D.
inventado o astrolábio, destinado Henrique resolveu transformar a
a indicar a latitude, dando a posi- sua residência numa escola para

Navio de Guerm do Século XVI . •


20
marinheiros: é essa a origem da Contudo, era indispensável atin-
famosa Escola de Sagres, onde os gir o cabo que fica ao sul do con-
portuguêses aprendiam a arte de tinente africano para poder passar
navegar e de entender os portu- para o outro lado e viajar pelo
lanos, cartas pelas quais se guia- oceano que conduz às índias
vam os pilotos daquele tempo. (oceano Indico). Quem desco-
Sabia D. Henrique ser possível briu êsse cabo foi Bartolomeu Dias
chegar às índias viajando pelo lito- que o chamou de Cabo das Tor-
ral africano, onde o oceano Atlân- mentas ( 1488). O rei D. João li
tico tinha o nome de Mar Tene- mudou êsse nome para o da Boa
broso ou Mar das Trevas: é que Esperança, pois sabia que, com o
os marinheiros acreditavam vive- seu descobrimento, se tornava fácil
rem, em suas águas, monstr~s que alcançar as índias.
afundavam os navios e devoravam Já reinava em Portugal D . Ma-
seus tripulantes. nuel, apelidado o Venturoso, quan-
D. Henrique ordenou se fizes- do Vasco da Gama, em 1498, des-
sem expedições para descobrir a cobriu o caminho para as 1ndias.
costa ocidental africana. Também Em sua expedição, de quatro na-
em seu tempo os portuguêses che- vios, ia o comandante Nicolau
garam às ilhas da Madeira e Açô- Coelho que, dois anos depois,
res. Quando êle morreu, em 1460, acompanhou Pedro Alvares Cabral
já haviam alcançado a Serra Leoa, na viagem em que o Brasil foi
no litoral da África. descoberto.

RESUMO

a) Origens de Portugal
As grandes navegações
I
I

O nome Portugal: derivado de Portucale, povoação fundada pelos romanos


na Lusitânia.
A luta contra os árabes: fundação de reinos cristãos.
Fundação do reino de Portugal: ação de Afonso Henriques.
As dinastias portugu~sas: Borgonha, Avis e Bragança.
Os fundadores das àlnastias portuguêsas: Afonso Henriques ( Borgonha),
D. João I (Avis) e D. João de Bragança (Bragança).
Os soberanos dos descobrimentos: D. João I, D. João II e D. Manuel o .i
I
Venturoso.
I

22
l
b) Causas das navegações:

As mercadorias orientais: drogas e especiarias da índia, tecidos da Pérsia e


porcelanas da China.
O comér~io no Mediterrâneo : feito por genoveses e venezianos, por intermédio
de Constantmopla.
As principais ca'-!:.sas: tomada de Constantinopla pelos turcos, desenvolvimento
da arte da navegaçao e o sentimento religioso.
A ~rte da navegação:· iJWenção da bússola, do astrolábio, da caravela e da
vela tnangular ou 1atina.

c) As viagens dos portuguêses

Ação do Infante D. Henrique: fundou a Escola de Sagres.


O plano de D. Henrique: chegar às índias pelo litoral africano.
Viagem de Bartolomeu Dias: descobrimento do Cabo das Tormentas ( 1488).
Viagem de Vasco da Gama: descobrimento do caminho para as índias (1498).

QUESTIONÁRIO

1) Quais os países que formam a Península Ibérica ?


2) Que são os muçulmanos ?
3) Que fêz Afonso Henriques ?
4) Que são dina~tias ?
5) Quais as três dinastias portuguêsas ?
6) Quais os fundadores das três dinastias portuguêsas ?

I
I
7)
8)
9)
Quais as principais mercadorias do Oriente procuradas pelos europeus ?
Por que era importante Constantinopla para o comércio pelo Mediterrâneo ?
Que fêz D. Henrique para animar os descobrimentos portuguêses ?
10) Que era o Mar Tenebroso ?
ll) Que eram portulanos ?
12) Quais as ilhas do Atlântico avistadas no tempo do Infante D. Henrique ?
13) Que sabe sôbre a viagem de Bartolomeu Dias ?
14) Que houve em 1498? •
15) Quais os soberanos portuguêses que se distinguiram nos descobrimentos ?

.i
I
I

23

I
2) DESCOBRIMENTO DA AMÉRICA

a) As idéias lombo, então, passou-se para a Es-


panha e lá esperou algum tempo
de Colombo até ser atendido porque os "reis
católicos", Fernando e Isabel, es-
Na época dos descobrimentos, tavam ocupados com a guerra con-
isto é, no século XV, já se sabia tra os árabes, ainda senhores do
na Europa que a Terra tinha for- pequeno reino de Granada.
ma arredondada e, por isso, quem Expulsos os árabes em 1492, pô-
· navegasse sempre para ocidente de Colombo, ainda nesse ano, par-
chegaria às índias que ficam a tir do pôrto de Paios com três ca-
oriente. ravelas: Santa Maria, Pinta e Nina.
Um sábio nascido na cidade ita- Um de. seus companheiros era Vi-
liana de Florença, chamado Paulo cente Pinzón, que estêve no Brasil,
Toscanelli, traçou um mapa em numa outra viagem, em janeiro de
que figuravam a China, o Japão 1500, antes, portanto, da expedi-
e a índia. Mas, como Toscanelli ção de Pedro Alvares Cabral. N es-
julgasse que as dimensões da Ter- sa viagem Pinzón percorreu a cos-
ra fôssem menores, aquêles países ta do Norte, descobriu a foz do
do Oriente eram localizados em re- rio Amazonas, que chamou Mar
giões próximas das ilhas dos Açô-- Dulce, e o rio Oiapoque, que du-
res e das Canárias. Acredita-se rante muito tempo. teve o nome de
que Colombo obteve cópia dêsse Vicente Pinz6n.
mapa e, desde então, ficou conven-
) cido de que era possível atingir as
índias pelo ocidente. b) As viagens
. Antes de oferecer seus serviços de Colombo
aos reis de Espanha, Fernando e
Isabel, Colombo estêve em Portu- Em sua primeira viagem Colom-
gal, onde expôs seus planos· a D. bo partiu de Paios, a 3 de agôsto
João II. Mas o soberano portu- de 1492. Em meio do caminho os
guês já estava interessado no des- marinheiros ameaçaram revoltar-
cobrimento de outro caminho, o se e, conta-se, chegaram até a pen-
que contorna a Africa, depois per- sar em jogar Colombo ao mar. O
corrido por Vasco da Gama. Co- grande navegador, porém, não de-

24
sanimava e, a 12 de outubro, da da partiu à procura de Cipango,
caravela Pinta, foi dado um tiro nome que naquele tempo se dava
de canhão. sinal de terra à vista: ao Japão, e pensou haver chega--
era a ilha de Guanaani, nome dado do a êsse país quando descobriu
pelos índios e que passou a cha- a ilha de Cuba; logo depois avis-
mar-se São Salvador. tava a ilha de Haiti.
Colombo, entretanto, julgou ha- Na segunda viagem que fez ao
ver chegado às índias e é por isso Nôvo Mundo, com uma esquadra
que os selvagens da América tive- de dezessete navios, Colombo des-
ram o nome de índios. Em segui- ~obriu as ilhas de Pôrto Rico e

VIAGENS DE COLOMBO

25
Jamaica. Na terceira, chegou a .
terra firme, na América do Sul,
onde avistou a foz do rio Orenoco
que êle chamou Bôca do Dragão
porque aí um temporal quase
afundou seus navios.
Nessa ocasião ocorreram "desor-
dens na povoação de São Domin-
gos, na ilha de Haiti: os índios
ameaçavam revoltar-se e os espa-

Em cima: Chegada dos espanhóis nhóis estavam descontentes por-


à América (gravação do século XVI). que não haviam encontrado ouro.
Ao lado: Cristóvão Colombo. Os reis de Espanha, informados
dessas ocorrências, enviaram à
Ámérica Francisco Bobadilha que
levou presos para a Europa Cris-
tóvão e seu irmão Bartolomeu Co-
lombo. O rei Fernando, porém,
ordenou que os soltassem e o des-
cobridor empreendeu a quarta
viagem, que foi a última.

26
Na quarta viagem Colombo che- c) Conseqiichtcias
gou outra vez a terra firme, na
América Central, onde obteve in- do descobrimento
formações sôbre um oceano do da América
()utro lado do continente: era o
oceano Pacífico que o espanhol A primeira conseqüência do des-
Balboa descobriu e denominou cobrimento da América foi a assi-
mar do Sul. Também soube da natura, em 1494, do Tratado de
existência de um rico império in- Tordesilhas, que separou as ter-
dígena, o dos astecas, situado no ras portuguêsas das espanholas.
México.
Cristóvão Colombo, quando vol-
Quandc Colombo voltava para tava para a Europa, depois da pri-
a Espanha, morreu Isabel ( 1504), meira viagem à América, estêve
a rainha que havia sido sempre em Portugal. Disse, -então, ao rei .
sua protetora. Dois anos depois, D. João li que havia atingido as
em 1506, morria êle também, po- índias, mas esse soberano, descon-
bre e esquecido, na cidade de fiando que as terras descobertas
V alladolid. por Colombo já fôssem conheci-
Colombo não conseguiu realizar das pelos portugueses, resolveu
seu objetivo, o de chegar às índias preparar uma expedição . para per-
navegando pani ocidente. Verifi- corre-las. Essa expedição não che-
cada · a existência do continente gou a partir porque as duas na-
americano, navegadores espanhóis ções, Espanha e P01tugal, concor-
e portugueses procuraram por sua daram em assinar o Tratado de
costa uma passagem que ligasse TordeS'ilhas (junho de 1494) .
o Atlântico ao Pacífico para, por
meio dêste oceano, chegar às ín- Ficou estabelecido, pelo Trata-
dias. Essa passagem foi afinal en- do de Tordesilhas, que os domí-
contrada por Fernão de Maga- nios portuguêses seriam separ~d.os
lhães, português a serviço da Es- dos de Espanha por um mendia-
panha, que havia partido do pôrt~ no, situado a 370 léguas a oeste
de Sevilha em 1519; sua expedi- do arquipélago de Ca~o Verd~.
ção continuou sempre para oci- Tôdas as terras a leste desse men-
dente e chegou novamente a Sevi- diano seriam portuguêsas e as que
lha, depois de três anos de via- ficassem a oeste, espanholas.
gem, dando uma volta à Terra. O meridiano, chamado de Tor-
Com essa expedição realizou-se o desilhas, passa pelo Brasil e corta
plano de Colombo: chegar às In- seu litoral, ao norte, no l~gar onde
dias pelo ocidente. depois foi fundada a cidade de

27
Belém e, ao sul, a de Laguna, no tenso tráfico entre o Nôvo Mundo
atual Estado de Santa Catarina. c a Europa.
Desse modo o Brasil, descoberto Finalmente, cita-se como conse-
seis anos depois, possuía um ter- qüencia importante o descobri-
ritório menor que o atual, pois a mento de riquezas minerais no
maior parte de suas terras, como continente americano. No Brasil
as do Rio Grande do Sul, ficava essas riquezas só foram encontra-
a oeste do meridiano e pertencia, das mais tarde pelos bandeirantes;
portanto, à Espanha. mas nos outros países, como o
Peru e o México, já as minas eram
Outra conseqüencia foi a pro- ativamente exploradas pelos ín-
pagação da civilização européia dios, quando os espanhóis os des-
pelas terras do Nôvo Mundo. Nes- cobriram. O ouro e a prata, leva-
sa obra distinguiram-se as ordens dos da América em grande quan-
religiosas, principalmente a dos tidade, tornaram ricas e podero-
jesuítas, padres que muito traba- sas as pessoas que não eram nO-
lharam pela catequese dos índios. bres mas que se dedicaram ao co-
Também com o descobrimento mércio e às conquistas. Também
da América o Atlântico passou a contribuíram para a construção de
ser o oceano de maior atividade grandes obras, como o famoso con-
comercial e até hoje mantém in- vento de M afra, em Portugal.

Ilustração da carta em que Colombo


descreve sua chegada à América.

28
RESUMO

Descobrimento da América

a) As idéias de Colombo

O plano de chegar tls !ndias pelo ocidente: mapa de Paulo T<:Jscanelli com
a posição da China, Japão e lndia.
Colombo em Portugal: recusa de D. Joij.o li interessado em descobrir o
caminho pelo litoral africano.
As dificuldades na Espanha: luta dos "reis católicos" contra os árabes.

b) As viagens de Colombo

Primeira viagem: descoberta de Guanaani ( 12 de outubro de 1492), Cuba


c Haiti.
Segunda viagem: descoberta de Jamaica e Pôrto Rico.
Terceira viagem: Colombo avista a foz do Orenoco ( Bôca do Dragão).
Qu-arta viagem: Colombo chega à America Central.
Realização do plarw de Colombo: a expedição de Magalhães chega às índias
pelo ocidente. •

c) Conseqüências do descobrimento da América


O Tratado de Tordesilhas (junho de 1494): as terras portuguesas separadas
das espanholas por um meridiano a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.
Propagação da civilização européia na América: obra das ordens religiosas.
Outra conseqüência: importância comercial do Atlântico.
Descobrimento de riquezas minerais: enriquecimento das pessoas que não eram
nobres.

QUESTIONARIO

1) Quem foi Paulo Toscanelli?


2) Por que D. João II não aceitou os planos de Colombo ?
3) Por que Colombo demorou a ser atendido na Espanha ?
4) Que era o Mar Dulce?
5) Quando partiu Colombo para a primeira viagem ?
6) Como foi a primeira viagem de Colombo?

29
3) DESCOBRIME NTO DO BRASIL

a) A expedição A esquadra partiu de Portugal


de Cabral a 9 de março de 1500, mas não
seguiu exatamente o caminho que
Vasco da Gama havia percorrido:
Depois que Vasco da r.ama des-
afastando-se muito da costa da
cobriu o caminho marítimo para África, os navios aproximaram-se
as índias, o rei de Portugal,
de terra a 21 de abril. Nesse dia
D. Manuel, resolveu mandar ao
foram avistados ervas que os ma-
Oriente uma esquadra poderosa
rinheiros chamam botelhos e rabos-
para estabelecer relações comer-
de-asno; no dia seguinte, que era
ciais com as índias e fundar um
uma quarta-feira, apareceram ou-
império colonial. Para comandar
tros sinais: bandos de aves conhe-
~ssa esquadra era necessário um
cidas pelo nome de fura-buchos
homem habituado cbm a vida da
e, à tarde, encontrou-se afinal ter-
corte e que soubesse lidar com os
ra, sendo visto primeiramente um
príncipes orientais. Por isso o so-
monte alto e redondo, que foi cha-
berano escolh~u para tãc alto pôs-
mado Pascoal.
to um fidalgo, Pedro Álvares
Cabral. No dia seguinte, 23 de abril,
Além de uma tripulação de 1200 exploraram a costa próxima e en-
homens, a esquadra, formada de 13 contraram um bom pôrto para
navios, levava vários frades fran- abrigar a esquadra e que atual-
ciscanos, chefiados por frei H en- mente se chama baía Cabrá-
ríque Soares, da cidade de Coim- lia. Estabeleceram- se também, por
bra, e degredados, isto é, conde- meio de sinais, as primeiras rela-
nados que o rei enviava para as ções com os índios que aos pou-
terras distantes. Também partici- cos se aproximavam do litoral:
pavam da expedição grandes ma- eram índio~ da nação ou grupo
rinheiros, que já se haviam distin- dos tupis e pertenciam à tribo dos
guido em viagens anteriores: Ni- tupiniquins.
colau Coelho, companheiro de No domingo, dia 26 de abril,
Vasco da Gama na expedição que frei Henrique Soares rezou a pri-
descobriu o caminho para as ín- meira missa, num ilhéu, o da Co-
dias, Bartolomeu Dias, o desco- roa Vermelha. Em seguida, resol-
bridor do Cabo da Boa Esperan- veram enviar a Portugal um navio,
ça, e seu irmão Diogo Dias . o que era comandado por Gaspar

.\fonte Pascoal.
33
de Lemos, para levar ao rei a ·car- Alvares Cabral teria recebido or-
ta de Pero Vaz de Caminha. dens secretas para chegar à costa
A 1.0 de maio foi rezada, ainda brasileira. Nesse caso, os portu-
por frei Henrique Soares, a segun- guêses já tinham conhecimen to ou
da missa, desta vez em terra·firme desconfiavam da existência do. Bra-
e diante de uma grande cruz de sil, mas só depois ·de garantir a
madeira, construída por dois car- sua posse pelo Tratado de Torde-
pinteiros da esquadra . . silhas ( 1494), é que resolveram
No dia seguinte a esquadra par- fazer seu descobrimento oficial.
tiu para as índias, deixando no Outra questão relativa ao desco-
Brasil dois degredados. Quando brimento é a de saber-se quem
se aproximava do Cabo da Boa estêve no Brasil antes de Cabral.
Esperança enfrentou violento tem- É o que se chama questão da
poral: · quatro navios afundaram, prioridade. Está provado que em
morrendo Bartolomeu Dias, co- janeiro de 1500 o espanhol Vicen-
mandante de um dêles. te Pinzón percorreu a costa norte
do Brasil, descobriu a foz do Ama-
. zonas, que chamou Mar Dulce, e
b) Questões sôbre chegou à do Oiapoque, rio que
o descobrimento do Brasil durante muito tempo teve o nome
de Vicente Pinzón. Pouco depois,
Há historiadores que afirmam outro espanhol, Diogo de Lepe,
ter sido por casualidade que a es- percorreu o mesmo caminho de
quadra de Cabral tocou na costa Pinzón.
brasileira: houve um g.rande des- Também se afirma que portu-
vio da rota para evitar as calma- guêses estiveram no Brasil antes
rias (falta de vento) ou porque de Cabral. Um dêles seria Duarte
os navios fôssem arrastados por Pacheco Pereira cuja viagem foi
corrente marítima. Os que não feita em 1498. Muitos pensam, po-
aceitam essa explicação afirmam rém, que Pacheco Pereira estêve
que o desvio não devia ser tão apenas no litoral da América do
·grande a ponto de a esquadra atra- Norte.
vessar o oceano Atlântico e, se os Outra questão refere-se aos no-
navios fôssem levados pela corren- mes dados ao Brasil. O primeiro
te, teriam chegado a um trecho do foi o de Ilha da Vera Cruz que
litoral muito mais ao norte. está escrito na carta de P.ero Vaz
Atualmente a opinião mais acei- de Caminha. Pouco depois o rei
ta é a da intencionalidade: antes era informado de que as terras
de partir para as índias, Pedro brasileiras ficavam num continen-

.14
/

Y/siC0

DOMfNIOS IBÉRICOS NO SÉCULO XVI.


- Colônias pcwtuguêslUI
- Vomanios espanhói3

te: daí o nome de Terra de Santa guesa o sufixo eira designa profis-
Cruz que substituiu -o de Ilha da são ou ofício como nas palavras
Vera Cruz. Também em alguns pedreiro, carpinteiro. Somente
mapas o nosso país aparece com mais tarde é que o termo brasi-
0 nome de Terra dos Papagaios. leiro passou a denominar os que
Mas logo se tornou definitivo o • nasciam no Brasil.
de Brasil, em virtude da madeira, Finalmepte há a questão da data
encontrada em grande trecho da certa do descobrimento. Pensou-
costa, chamada pau-brasil, cuja se, durante muito tempo, que o
tinta avermelhada servia para tin- Brasil tivesse sido descoberto no
gir panos. dia 3 de maio por ser dia de
Quanto ao nome brasileiro con- Santa Cruz, um dos nomes dados
vém saber que a princípio ele era ao Brasil. Naquele tempo os por-
aplicado apenas aos que tinham a tugueses costu~_avam dar aos ~ci­
p~ofissão de comerciar com aque- dentes geograhcos, como ba1as,
Ia madeira, pois na língua portu- ilhas, o nome do santo do dia que
35
era comemorado na ocasmo do Caminha dedica a maior partt'
descobrimento. Entretanto, a car- de sua carta em descrever os ín-
ta de Caminha, encontrada no dios que os portugueses encontra-
século passado, corrigiu o engano: ram no litoral da Bahia. Conta
nesse documento está escrito que que êles assistiram à missa, reza-
o Monte Pascoal foi avistado a 22 da em terra firme, com muita aten-
de abril de 1500. ção e respeito e, por isso, acon-
selha ao rei D. Manuel mandar
missionários para converte-los.
c) A carta A carta diz ainda que não fo -
de Caminha ram encontradas riquezas mine-
rais mas a fertilidade da terra é
Pera Vaz de Caminha tornou-se muito grande e deve ser aprovei-
figura importante no descobrimen- tada para a atividade agrícola . .
to do Brasil por haver escrito uma Outra observação importante de
carta ao rei D. Manuel relatando Caminha é a de que o Brasil, por
todos os acontecimentos ocorridos sua posição geográfica, poderá
com a expedição desde a partida abastecer os navios com destino à
da Europa até o dia 1. 0 de maio As ia.
de 1500, quando a esquadra já se A carta corrigiu dois erros gra-
preparava para deixar o Brasil em ves sôbre o descobrimento do Bra-
sua viagem com destino à Ásia. sil: o da data, que todos pensa-
Êsse importante documento, es- vam ser a 3 de maio e o do pôrto
crito em forma de diário, foi guar- 6ncontrado por Cabral, que não é
dado em Lisboa, na Tôrre de Tom- o atual Pôrto Seguro mas a baía
bo, onde, durante muito tempo, Cabrália, pois nessa baía está
permaneceu ignorado dos historia- o ilhéu onde foi rezada a primeira
dores. Somente em 1817 é que a missa.
carta de Caminha foi publicada,
pela primeira vez, no livro chama-
Ao lado: Elevação da Cruz,
do Corografia Brasílica, escrito em Pôrto Seguro.
pelo padre Aires do Casal. (Quadro do Pe. JosÉ PINTO PERES).

Assinatura de Pera Vaz de Caminha.


RESUMO

Descobrimento do Brasil
a ) A expedição de Cabral
O plano de D. Manuel: fundar um império colonial nas lndias.
Composição da esquadra: tripulação de 1200 homens, degredados, frades
franciscanos, Nicolau Coelho, Bartolomeu Dias e Diogo Dias.
Sinais de terra: botelhos e rabos-de-asno (dia 21 de abril) e fura-buchos
( 22 · de abril, pela manhã) .
As missas: primeira missa no ilhéu da Coroa Vermelha (26 de abril) e em
terra firme ( 1. 0 de maio).

b) Questões sôbre o descobrimento do Brasil


Principais questões: casualidade ou intencionalidade, prioridade, a questão dos
nomes dados ao Brasil e a questão da data.
Prioridade hespanhola: Vicente Pinzón e Diogo de Lepe.
Os nomes: Ilha da Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, Terra dos Papagaios
e Brasil.

c) A carta de Caminha:
O conteúdo da carta: desde a partida de Portugal até 1. 0 de maio de 1500.
A divulgação da carta: em 1817, no livro Corografia Brasílica, de Aires do
Casal.
As observações de Caminha: sôbre os índios, a inexistência de riquezas minerais
e a posição do Brasil para o abastecimento dos · navios que se destinam às
lndias.

"Primeira Missa no Brasil". (Quadro de


VIcroR MEIRELLES). Trata-se da pri-
meira missa em terra firme, rezada por
Frei Henrique de Coimbra, em 1. 0 de
maio de 1500. A primeira, no Brasil,
·fôra rezada num ilhéu.
Descobrimento do Brasil.
(Quadro de OsCAR PEREmA DA StLv • ).

QUESTIONA RIO

1) Por que D. Manuel escolheu um fidalgo para comandar a esquadra de 1500?


2) Quais as principais figuras que iam na esquadra ?
3) Quais os sinais de terra avistados no dia 21 de abril?
4) Que eram fura-buchos?
5) Quem foi Gaspar de Lemos.?
6) Que sabe sôbre as missas rezadas no Brasil ?
7) Por que julgam alguns autores que o Brasil foi descoberto por casualidade·?
8) Que é questão da tntencionalidade ?
9) Que sabe sôbre a prioridade espanhola ?
1O) Quem foi Duarte Pacheco Pereira ?
11) Quais os nomes dados ao Brasil ?
12) Qual a origem do nome brasileiro ?
13) Onde está guardada a carta de Caminha ?
14) Como foi conhecida a carta de Caminha ?
1.'5) Quais as observações feitas por Caminha em sua famosa carta ?

39

4) EXPLORAÇÃO DA CQSTA BRASILEIRA

a) As p1'imeiras rou o litoral), guarda-costa (com-


expedições bateu os franceses) e colonizado-
ta (fundou a vila de São Vicente).
As expedições que vieram ao
Brasil, em 1501 e em 1503, ainda b) Expedições exploradoms
no reinado de D. Manuel, foram
chamadas expedições explorado- e gu.m·da-costas /
ras, pois o seu fim era explorar
o litoral, verificando os acidentes Logo depois do descobrimento,
geográficos, como baías, ilhas, D. Manuel organizou uma expe-
portos e cabos. dição, para explorar o litoral bra-
~ sileiro. Essa expedição partiu de
Entretanto, observaram os por- Portugal em 1501. Seu comandan-
tuguêses que havia na costa do te foi Gaspar de Lemos, o mesmo
Brasil muitos navios de outros paí- marinheiro que estivera no Bra-
ses, principalmente da França, sil com a esquadra de Cabral e
para fazer o contrabando, isto é, levara ao rei a carta de Pera Vaz
carregar produtos da terra, prin- de Caminha; realmente, não po-
cipalmente o pau-brasil, sem licen- dia ser outro porque Cabral ainda
ça do rei de Portugal. Para com- não havia voltado das índias,
bater esses navios foram organi- quando essa expedição explorado-
zadas expedições, chamadas guar- ra partiu, de modo que em Por-
da-costas, como a comandada por tugal somente Gaspar de Lemos
Cristóvão ]aques, em 1526. conhecia a costa brasileira.
Finalmente, com Martim Afon- Vinha com Gaspar de Lemos o
so de Sousa, que partiu de Portu- pilôto América Vespúcio, nascido
gal em 1500, com a misão de ex- na cidade italiana de Florença.
plorar o Rio da Prata e combater Vespúcio escreveu ao rei de Por-
os franceses, vieram muitos colo- tugal uma carta informando ser
nos com instrumentos agrícolas e a terra muito pobre, pois só pos-
sementes. Fundando a vila de São suía árvores de pau-brasil. Então
Vicente, Martim Afonso iniciou a D. Manuel resolveu arrendá-la,
colonização do Brasil. isto é, entregou-a a um grupo de
A expedição de Martim Afonso negociantes para explorar suas ri-
foi, portanto, exploradora (expio- quezas, durante determinado tem-

40
A frota de Martim . Afonso de Sousa ancorada no Pôrto das Naus.
(Quadro de BENEDITO CALIXTO).

po. Entre esses negociantes esta- era comandada por Gonçalo Coe-
va Fernão de Noronha que dei- lho e formada por seis navios. Vi-
xou seu nome ligado a um arqui- nha novamente ao Brasil o floren-
pélago afastado da costa brasileira. tino Américo Vespúcio, como pilô-
A expedição de 1501 descobriu to de uma dessas embarcações.
importantes acidentes geográficos Era plano da expedição procurar
no litoral brasileiro: cabo de São no sul do Brasil uma passagem
Roque, foz do rio São Francisco, para a Oriente.
baía de Todos os Santos, Angra Junto ao arquipélago que depois
dos Reis e ilha de São Sebastião. se chamou Femão de Noronha,
A segunda expedição explorado- naufragou o navio de Gonçalo
ra partiu de Portugal em 1503, Coelho: dois outros, com Américo
ainda no reinado de D. Manuel: Vespúcio, adiantaram-se ao resto

41
A AMÉRICA NO PERiODO COLONIAL
encontro com navios fran-
ceses (Pernambuco)
2 encontro com Caramuru
(Bahia)
3 no Rio de Janeiro
4 encontro com o Bacharel
(Cananéia)
5 exploração no Rio da
Prata ( Pero Lopes de
Sousa)
6 - fundação da Vila de São
Vicente (1532)

ROTEIRO -DA EXPEDIÇÃO DF MARTIM AFONSO

I
da esquadra, dirigindo-se para o ra, guarda-costa e colonizadora:
litoral baiano. Continuando a na- era comandada por Martim Afon-
vegar para o Sul, Vespúcio chegou so de Sousa. -
a Cabo Frio, onde carregou pau-
brasil, fundou uma feitoria e fez
uma entrada pelo interior. Cha- c ) Expedição de
mava-se feitoria o armazém ou de-
pósito cnde eram guardados os Marfim Afonso de Sousa
produtos da terra, até que outros
navios viessem buscá-los. Com cinco navios e quatrocen-
Entretanto, numerosos navios tos homens partiu a expedição de
franceses vinham à costa brasilei- Lisboa, em dezembro de 1530. Em
ra fazer o contrabando do pau-bra- companhia de Martim Afonso vi-
sil. D. João III, sucessor de D. nha seu irmão, Pero Lopes de
Manuel, reclamou várias vêzes Sousa, autor de um diário onde
junto ao rei de França mas não nárra tudo que aconteceu durante
foi atendido. Resolveu então agir a viagem.
com energia: enviou ao Brasil uma Na costa de Pernambuco a ex-
expedição guarda-costas ( 1526). pedição capturou três navios fran-
Seu comandante, Cristóvão ]a- ceses carregados de pau-brasil. Em
ques, que já estivera no Brasil, seguida, Martim Afonso ordenou
atacou os navios franceses e apre- a Diogo Leite que fôsse explorar
sou vários dêles. a costa do Maranhão. É possível
Mas as expedições guarda-cos- que Diogo Leite tenha chegado
tas não conseguiram evitar o con- até a foz do rio Gurupi.
trabando porque os portuguêses O resto da esquadra continuou
nãp podiam. ao mesmo tempo, fis- a viagem para o sul e, na baía de
calizar todo o litoral, que era mui- Todos os Santos, encontrou um co-
to extenso. O melhor recurso seria lono português que há vinte anos
a colonização ou povoamento do vivia entre os índios: era Diogo
país com famílias de colonos, vin- Alvares, apelidado o Caramuru,
dos de Portugal, trazendo semen- que se havia casado com uma ín-
tes e instrumentos agrícolas. dia e tinha muitos filhos.
O primeiro sistema de coloniza- Martim Afonso estêve depois no
ção, aplicado no Brasil, foi o das Rio de Janeiro, onde fêz uma en-
capitanias hereditárias. Mas, an- trada para o sertão. Conta Pero
tes de ser criado êsse sistema, D. Lopes, no seu diário, que quatro
João III ainda enviou ao Brasil homens percorreram cento e quin-
uma expedição que foi explorado- ze léguas e trouxeram um chefe

44
índio que informou haver no rio .
Paraguai muito ouro e prata.
Depois de três meses de perma-
nência no Rio de Janeiro, a esqua-
dra continuou a percorrer o lito-
ral, chegando à baía de Cananéia,
onde encontrou um bacharel de-
gredado: teria vindo, provàvel-

mente, com a expedição de Gas- Planisfério co'm o meridiano


par de Lemos ( 1501). Outro mo- de Tordesilhas . .
rador do lugar, Francisco de Cha- (Na parte em branco ficavam situados
~osdomínios coloniais de Portugal.)
ves, propôs a Martim Afonso que
se fizesse uma entrada, pois êle
prometia trazer quatrocentos ín-
dios com um carregamento de
ouro e prata. Partiram para o ser-
tão oitenta homens que nunca mais

4!>
voltaram: provàvelmente foram vam Piratinírnga, a povoação de
atacados e mortos pelos índios ca- Santo André da Borda do Campo.
rijós. Martim Afonso ainda estava no
Continuando para o sul, Martim Brasil, quando recebeu a carta de
Afonso aproximou-se do Rio da . D. João III, comunicando-lhe ha-
Prata, quando o colheu uma tem- ver dividido a colônia em quinze
pestade. Por isso, com receio de lotes, sendo reservados,- para ele,
perder tôda a esquadra, ordenou os dois que formaram a capita-
a seu irmão ·Pero Lopes que subis- nia de São Vicente. Finalmente,
se o rio, apenas com um barco. deixando na vila de São Vicente,
Martim Afonso voltou à costa como seu substituto, o padre Gon-
paulista onde, em janeiro de 1532, çalo Monteiro, Martim Afonso par-
fundou a vila de São Vicente, a tiu para a Europa, chegando a
primeira criada no Brasil. Depois, Portugal em 1533. Depois foi para
subindo a Serra do Mar, fundou, as 1ndias e lá continuou prestando
no planalto 9ue os índios chama- serviços à sua pátria.

HESUMO

Exploração da costa brasileira


a) As primeiras expedições

Expedições exploradoras: para verificar os acidentes geográficos do litoral.


Expedições gf:larda-costas: para combater o contrabando.
Expedição de Martím Afonso de Sousa: exploradora, guarda-costa e colonizadora.
b) Expedições exploradoras e guarda-costas
Expedição de 1501: comandante Gaspar de Lemos.
Acidentes geográficos descobertos pela expedição de 1501: cabo de São Roqu e,
f~z do rio __São Francisco, baía de Todos os Santos, Angra dos Reis e ilha de
Sao Sebastiao. ·
Expedição de 1503: comando de Gonçalo Coelho.
América V espúcio · na expedição de 1503: fundação de uma feitoria em
Cabo Frio.
Expedição guarda-costa de 1526: comando de Cristóvão J aques.
c) Expedição de Martim Afonso de Sousa
O diário da expedição: feito por Pera Lopes de Sousa, irmão de Martim
Afonso.

46
Lugares percorridos .i pela expedição: costa de Pernambuco (captura de três
navios franceses); na costa da Bahia (encontro com Caramuru); no Rio de
Janeiro (uma entrada); em Cananéia (encontro co in o Bacharel e uma entrada);
exploração do Rio da Prata (por Pera Lopes de Sousa) e fundação da vila
de São Vicente, por Martim Afonso (janeiro de 1532).

QUESTIONÁRIO
1 ) Que é expedição exploradora?
2) Que é expedição guarda-costa?
3) Quais as finalidades da expedição de Martirn Afonso?
4) Por que somente Gaspar de Lemos poderia ser o comandante da expedição
de 1501?
\
5) Quem foi Fernão de Noronha?
6) Quais os acidentes geográficos descobertos pela primeira expedição exploradora?
7) Que fêz América Vespúcio durante a segunda expedição exploradora?
8) Quem foi Cristóvão J aques ?
9) Por que as expedições guarda-costas não conseguiam evitar o contrabando
no litoral brasileiro?
10) Quem foi Diogo Leite?
11) Quais os lugares da costa brasileira percorridos por Martim Afonso?
12) Que papel teve Pero Lopes de Sousa na expedição de Martirn Afonso?
13) Quais os europeus encontrados no litoral brasileiro po~ Martirn Afonso?
14) Quais as entradas feitas no Brasil por ordem de Martim Afonso?
15) Quando foi fundada a vila de São Vicente?

EXERCíCIOS
Sôbre a Unidade I (O Descobrimento)

1) As grapdes navegações
a) Completar as lacunas:
1) O fundador da dinastia de Borgonha foi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . que
se revoltou contra o reino de ........... · · . · · · · · · · · · ·
2) Muçulmanos eram o~ seguidores da religião chamada ...... .......... ,
fundada pelo árabe .................... .
3) O fundador da dinastia de Avis foi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . e o
Príncipe Perfeito chamava-se ................ , ........... .
4) O último rei da dinastia de Avis foi ............... : :.. .. . .. .. que
morreu no ano de .. . .... .

47
/

5) A última dinastia de Porh1gal foi e começou


a reinar no ano de ....... .
b) Escrever ao lado o que julgar certo:
a) Aparelho que serve para indicar a latitude
b) Apelido do Infante D. Henrique
c) Marinheiro que viajou com Vasco da Gama c Cabral
d) Fundador do Islamismo
e) Nome dado ao oceano Atlàntko desconhecido
c) Dar a significação das seguintes datas:
1) 1488 ( )
2) 1580 ( )
3) 14$)1~ ( )
4) 1451 ( )
.'5) lfi40 ( )

2) Descobrimento da Améril-a
a) Numerar corretamentt':
i.
( l ) Boca do Dragiio ( ) Nome dado a foz do Amazonas
(2) Cipango ( ) Cidade onde morreu Colomb,, li
( 3) Guanaani ( ) Primeiro nome do oceano Pacífico
( 4) Mar Dulce ( ) ronlt dado à foz do Orenoco
(5) Rio Vieentc Pinzón ( ) Primeiro nome do rio Oiapoquc
(6) Mar do Sul ( ) Nome antigo do Japão
(7) 1494 ( ) Ano do Tratado de Tardes ilhas
(H) Valladolid ( ) Reino dos úrahes na Espanha
(9) 1506 ( ) Ano da murt\.! de Colombo
(lO) Granada ( ) Primeira ilha avistada por Colombo
b) Assinalar cou1 mn ~ as frases certas:
( ) Paulo Toscanelli era um sábio florentino.
( ) A povoa~;ão de São Domingos ficava na ilha de Cuba.
( ) Balboa descobriu o oc:Pano Pacífico.
( ) Femão de l\lagalhãt•s realizou o plano de Colombo.
( ) O primeiro nonw elo Pacífico foi Mar Tenebroso.

1) Dcs<:obrimento do Brasil
a ) Da1 o nome que convém às seguintes fra>e>:
L) Hezou as duas primeiras missas do Brasil
2) ' nme das aves ;wi~tadas a 22 de abril

48
3) Tribo indígena que os portugueses viram em 1500
4) Lugar onde está guardada a carta de Caminha
.5) Autor do livro Corografia Brasílica

b) Completai as lacunas:

1) .Os dois navegadores da prioridade espanhola chamam-st· ........... .


(' .......... ..
2) A~· ervas avistadas pelos marinheiros da esquadra dt Cabral, no dia
21 de abril de 1500, foram . . . . . . . . e . . . . . . . . · ·
3) O marinheiro que viajou com Va:.co da Gama e t·om Cabral eha-
nwva-se . . . . . . . . . . . . . . . . e o nome do que morreu ao aproximar-se do eaho
que êle próprio havia descoberto era ............... .
4) a língua portuguê;a o sufixo ''eiro" designa . . . . . . . . . . t· o tt\rn\()
brasileiro, a princípio, queria significar ......... .
5) O pórto qut• Cabral descobriu chama-se hoje ........ e u docunwnto
quP corrigiu t\sse ~\TO foi ........ . .

i. I ) Exploração da <:os ta brasileira

li a) Dat o comandaute das seguintes e:-.pcdi~·ües:


l) Partiu de Portugal em l526
2) Fundou a vila de São Vic·en!e
:3) Explorou o Rio da Prata
4) Fundou a feitoria de Cabo F'rio
5) Encontrou Caramuru
6) Descobriu a baía de Todo:. os Santos
7) Fundou Santo Andn~ da Borda do Campo
8) Encontrou um baeharel degredado em Cananéia
9) Procurou uma passagem para o Oriente
10) Fê7. uma entrada no Rio de Jarwiro

b) Assinalar com um x as frases certas.


O bacharel de Cananéia dwmava-se Francisco de Chaves.
Diogo Leite veio na e~pedição de Gonçalo Coelho.
Pero Lopes dt• Sousa t'St'fevc·u o diário da ell.pedição de :\lartim
Afonso.
Diogo Leite ell.plorou a costa do Maranhão.
A exiwdição de Cristóvão Jaqnes partiu ele Portugal Plll 1526.

49
oo; ou
21 FORMAÇÃO
DO POVO BRASILEIRO

O elemento branco
O indígena
O negro

5) O ELEMENTO BRANCO

a) Os primeiros dra de Pedro Alvares Cabral. Eram


dois degredados, um dos quais se
povoadores chãmava Afon~o Ribeiro: deveriam
aprender ·a língua dos índios e
No tempo em que o Brasil foi obter informações sôbre a terra.
descoberto era muito comum apli- Logo depois do descobrimento,
car aos condenados a pena de de- outro degredado veio para o Bra-
. grêdo, isto é, a de viverem em ter- sil, provàvelmente com a expedi-
ras distantes, pois o rei tinha todo ção de 1501, de Gaspar de Le-
o interêsse em povoá-las. Como o mos. f:le foi encontrado mais tar-
Brasil recebeu muitos degredados, de, por Martim Afonso de Sousa
houve quem afirmasse ter ele sido na costa paulista, em Cananéia.
povoado pelos piores criminosos Não se conhece o seu verdadeiro
de Portugal; entretanto, muitos dos nome mas sabe-se que era homem
que tinham sofrido a pena de de- instruído, pois Pero Lopes de Sou-
grêdo haviam cometido faltas sem sa, irmão de Martim Afonso, o cha-
grande importância. ma de "o Bacharel".
Os primeiros portuguêses que fi- Com as expedições exploradoras
caram no Brasil vieram na esqua- embarcaram os que vinham ser-

1ndios do Brasil. 51
vir nos fortes e feitorias fundados Frio, por América Vespúcio, pilô- _
no litoral: os primeiros destina- to da expedição exploradora de
vam-se à defesa da colônia contra 1503.
os ataques dos índios e dos es-
trangeir~s; as feitorias eram arma- Muitos dos primeiros povoado-
zéns ou depósitos onde guarda- res do Brasil eram marinheiros
vam pau-brasil e outros produtos que, atraídos pela fartura da ter-
da terra até que os navios os le- ra, desertavam dos navios, pois na- -
vassem para Portugal. A primei- quele tempo a disciplina a bordo
ra feitoria foi construída em Cabo era muito severa.
Ponte de cipó e indígc11as do Amazonas.
Talllbém fora111 encontrados so- gava Caminha que eles fàcilmeute
breviventes de navios que haviam se converteriam à religião cristà
naufragado perto do litoral. Al- e aconselhava ao rei enviasse, para
guns deles, como Caramuru, con- a nova terra, padres missionários.
seguiram conquistar a amizade dos Enquanto os colonos procede-
índios e puderam prestar impor- ram com lealdade, puderam con-
tante ajuda a Portugal na obra da tar com a amizade dos índios. Os
colonização. selvagens ofereciam os artigos que
Com Martim Afonso de Sousa fabricavam, como rêdes, além dos
chegaram os primeiros colonos: produtos da terra, pequenos ani-
portugueses que vinham com o mais, macacos, papagaios; ajuda-
propósito de estabelecer lavouras vam também a cortar e a transpor-
e morar definitivamente no BrasiL tar pau-brasil. Em troca, recebiam
Os colonos eram em geral ilhéus objetos de vidro, colares, espelhos,
e vinham principalmente das ilhas ferramentas e tecidos. Houve até
dos Açôres. colonos que chegaram a constituir
família, unindo-se às índias, como
João Ramalho, na capitania de
h) As relações ent-re São Vicente, e Diogo Alvares, 11a
europeus e índios costa da Bahia, encontrados pela
expedição de Martim Afonso.
Os primeiros contatos entre os Entretanto, muitos colonos fin-
portugueses e os índios ocorreram giam-se amigos dos índios para
quando a esquadra de Cabral che- depois maltratá-los, escravizando-
gou à costa da Bahia. Os índios os ou entregando-os às tribos ini-
dessa região eram os tupiniquins. migas. Por isso, preferiam, às ve-
Pero Vaz de Caminha conta em zes, aliar-se aos franceses, porque
~ua famosa carta que esses índios estes os sabiam tratar com bonda-
~e aproximaram dos portugueses
Je. Desse modo, os franceses, qul'
sem nenhum temor; dois d<~les, que ocuparam o Rio de Janeiro, pude-
estavam numa canoa, foram leva- ram resistir aos portugueses, du-
dos à presença de Cabral; outros rante vários anos, porque tinham
ajudaram os marinheiros a carre- a ajuda dos tamoios.
gar água e a fazer uma cruz de
madeira. Depois, quando foi re-
zada a segunda missa em terra fir- c) Caramuru e Ramalho
me, os índios juntaram-se aos por-
tugueses e, com respeito, assistiram Entre os antigos povoadores, os
a tôda a cerimônia. Por isso jul- que mais serviços prestaram à co-

.')3
Ionização do Brasil foram Cara- Diogq Alvares e sua espôsa es-
muru e Ramalho. O primeiro cha- tiveram na França. Muitos auto-
mava-se Diogo Alvares e teria nau- res não acreditavam nessa viagem
fragado na costa baiana, provàvel- mas, há poucos anos, foi encontra-
mente em 1509. Exercia entre os da na igreja de uma cidade do sul
índios grande influência e por isso da França a certidão de batismo
pôde ser útil a Martim Afonso de de Paraguaçu. Por êsse documen-
Sousa e êste lhe deu muitas semen- to verifica-se que ela foi batizada
tes para desenvolver a lavoura na com o nome de Catarina Álvares.
Bahia. João Ramalho vivia nos campos
Diogo Alvares casou-se com uma de Piratininga onde mais tarde foi
índia, Paraguaçu, e deixou muitos fundada a vila de São Paulo. Não
descendentes, como Antônio Dias se sabe como veio para o Brasil
Adôrno, que foi ao sertão procurar - se era náufrago, desertor de al-
pedras preciosas, e Belchior Dias gum navio . ou degredado. Era
Moréia que afirmou haver desco- casado em Portugal mas no Brasil
berto minas de prata no interior uniu-se a uma índia, Bartira, filha
da Bahia. de Tibiriçá, depois batizada com
O próprio rei D. João III con- o nome de Isabel.
siderava Diogo Alvares como um Com a ajuda de João Ramalho
bom auxiliar e por isso escreveu- Martim Afonso pôde iniciar a co-
lhe uma carta pedindo-lhe que lonização no planalto de Piratinin•
ajudasse Tonté de Sousa no esta- ga, nas terras da capitania de São
belecimento do governo geral. Vicente.

RESUMO

O elemento branco
a) Os primeiros povoadores

08 primeiros portuguêses no Brasil: dois degredados da esquadra de Cabral.


Condições em que se vinha para o Brasil: degredado, náufrago e desertor.
O "bacharel" de Cananéia: de~redado encontrado pela esquadra dP Martim
Afonso.

b ) As relações entre eqropeus e índios


Os primeiros contatos: com os tupiniquins da Bahia, narrados por Caminha.

54
As trocas: rêdes e produtos da terra por objetos de vidro, colares, espelhos,
ferramentas e tecidos.
As relações indígenas com os franceses: mais cordiais do que com os portuguêses.

c) Caramuru e Ramalho . ·
Diogo Alvares: náufrago na Bahia, provàvelmente em 1509.
Descendentes de Caramuru ( Diogo Alvares)·: Antônio Dias Adôrno e Belchior
Dias Moréia.
Viagem à França de Diogo Alvares e espôsa: batismo de Paraguaçu (Catarina
Alvares).
Nos campos de Piratininga: João R~malho em união com Bartira, filha de
Tibiriçá.

QUESTIONA RIO
1) Que era o degredado ?
2) Que sabe sôbre o Bacharel de Cananéia ?
3) Quando começam a chegar ao Brasil os primeiros colonos ? ·
4) Como foram os primeiros contá tos entre os marinheiros da esquadra de Cabral
e os índiôs da Bahia ?·
5) Como eram feitas as trocas entre europeus e índios ?
6) Por que os índios preferiam a aliança dos franceses ?
7) Por que os franceses puderam resistir aos portuguêses no Rio de Janeiro? ·
8) Onde naufragou Diogo Alvares ?
9) Quais os descendentes de Diogo Alvares ?
10) Quem foi Paraguaçu?
11 ) Onde foi batizada Paraguaçu ?
12) Que ajuda prestou à colonização Diogo Alvares ?
13) Quem foi João Ramalho?
14) Quem foi Bartira?
15) Qual o navegador que encontrou Caramuru e Ramalho na costa do Brasil ?

Fernão Dias Pais.

55
6) O IND1GENA BRASILEIRO

a) Origens do índigena ilhas da Oceânia: concluíram, por


isso, que os povoadores da Amé-
da América rica teriam vindo da Oceânia. Há
também quem julgue ter a Amé-
Ainda não se sabe de que região rica sido povoada em várias épo-
teria vindo para o Nôvo Mundo cas· por gente de diversas regiões,
o índio americano, também cha- Ásia, Austrália e Oceânia.
mado homem pré-colombiano por-
que já povoava a América muitos
séculos antes de ser ela descober- h ) Usos e costumes
ta por Cristóvão Colombo. do índio brasileiro
Para muitos sábios o homem
americano seria originário da pró- Os índios viviam principalmente
pria América. É a teoria cha~ada da caça e da pesca. As tribos mais
autoctonismo, palavra de ongem adiantadas, porém, plantavam o
grega que significa surgido na milho, a mandioca e o fumo.
própria terra. Quando a caça faltava e a pes-
ca se tornava insuficiente, os índios
Há, porém, os que admitem te- mudavam-se para outros lugares.
nha o homem pré-colombiano vin- Eram, portanto, nômades.
do da Ásia. Os partidários da teo- Para a caça os índios usavam o
ria asiática afirmam que o povoa- arco e a flecha. Pequenas setas
mento do Nôvo Mundo começou eram destinadas à caça miúda,
pelo norte: em época muito remo- como pássaros. Também sabiam
ta, o estreito de Bering, entre a preparar armadilhas e imitavar;t
América e a Ásia, era menos lar- com perfeição as vozes dos am-
go, de modo que a passagem, ~e mais, meio com que procuravam
um continente para outro, podena atraí-los.
ser feita com facilidade. Para a pesca os índios utiliza-
A terceira teoria chama-se aus- vam pequenas redes chamadas
traliana: o indígena americano te- puçás, flechas, anzóis e plantas
ria vindo da Austrália. Outros que atiravam ao rio, como o tim-
acham que há muitas semelhan- bó, e que matavam os peixes. Dos
ças entre o indígena do Nôvo tubarões extraíam os dentes para
Mundo e o habitante de certas fabricar pontas de flechas.

56
As tribos, que praticavam a agri-
cultura, preparavam as roças pon-
do fogo nos matos. É o que se
chama coivara, costume ainda ho-
je muito usado no interior do Bra-
sil. Para obter o fogo os índios
impnm1am, . com a palma das
mãos, um movimento de rotação
a um pequeno pedaço de pau, cuja
ponta se friccionava em outro, até
formar uma chama que se comu-
nicava a fôlhas sêcas. 1ndios charruas civilizados (Rio Grande
Os adornos principais dos índios do Sul). Famos os por sua valentia,
serviam como guias dos viaiantes que
consistiam em pintar o corpo com partiam para o interior. ( Desenho de
a tinta vermelha do urucu e azul DEBRET).
Tipu indígena.
(Desenho de RUGENDAS),

Tipo indígena catequizado. • f

(DPsenho de RuGENDAS). lnclígeuo do iuterior do Brasil,


{Dt·st·nho tle RuGENIJt\!', ) .

Toque de retirada dos índios Gomados.


(Desenho de .o~unt·: ·t )
do jenipapo; alguns furavam as conheciam a esgaravatana, tubo
orelhas e os lábios, onde punham ôco por onde disparavam, com
pedaços de madeira ou botoques, o sôpro, pequenas setas envene-
nome que até serviu para deno- nadas.
minar uma tribo, a dos botocudos. Dos instrumentos musicais os
Também usavam colares de con- índios conheciam o tambor ( uaí),
tas, de dentes de animais ou de uma espécie de chocalho, que cha-
inimigos e enfeitavam-se com pe- mavam maracá, e a flauta de osso
nas de pássaros. . humano, denominada membi.
Suas armas prediletas eram o A guerra era empreendida n11.
arco e a flecha, de várias dimen- ocasião em que amadureciam o
sões, lanças e o tacape, feito de milho e o caju de que faziam uma
madeira pesada. Algumas tribos bebida, o cauim. Quando julga-
vam suficiente o número de pri-
sioneiros, que deviam ser devora-
dos, interrompiam os combates e
voltavam para a taba, onde, com
grandes festas, sacrificavam as ví-
timas.
Os índios obedeciam a um che-
fe, o morubixaba. Maior influên-
cia, porém, tinha o pajé, o feiti-
ceiro da tribo. Acreçlitavam que
êle possuía podêres extraordiná-
rios: adivinhar o futuro, curar tô-
das as doenças, transformar-se em
qualquer animal e até tornar-se
invisível.

Tibiriçá e o neto. (Quadro de


WASTH RoDRIGUES, no Museu
do lpiranga, S. Paulo).

60
c) Principais nações com plantas espinhosas para que
se acostumassem a andar pelos
e tribos matos. Ficavam escondidos, aos
grupos, à beira dos caminhos para
Das nações indígenas a mais im-
atacar as pessoas que passavam,
portante era a dos Tupis que os
matá-las e depois devorá-las. Os
jesuítas denominavam índios da
atuais Xavantes, de Goiás, perten-
língua geral pois a língua tupí era
cem ao grupo ou nação dos Jês.
falada em tôda a costa brasileira.
·Essa nação compreendia muitas Das nações menores há a dos
tribos: Maués e Omáguas no Ama- Guaicurus, que eram índios cava-
zonas; Potiguares, no Rio Grande leiros de Mato Grosso. Durante
do Norte; Caetés, da Paraíba ao a guerra do Brasil com o Paraguai,
rio São Francisco; Tupinambás e êsses índios muito ajudaram os
Tupiniquins na Bahia; Tamoios no brasileiros.
Rio de Janeiro e, mais para o sul,
os Carijós e os Guaranis. d) A contribuição do índio
No Norte do Brasil vivia a na-
ç.ão dos Nuaruaques. Algumas de Os índios muito éontribuíram
suas tribos tinham notável adian- para a formação do povo brasi-
tamento, como prova a cerâmica leiro. Do seu cruzamento com o
marajoara, vasos de argila feitos branco formou-se o tipo mamelu-
com perfeição, encontrados na ilha co que teve importante papel em
de Marajó. São Nuaruaques os grandes acontecimentos da Histó-
Manaus e os Aruãs. ria do Brasil: eram mamelucos
Os Caribas ou Caraíbas formam muitos dos que participaram d~s
outra nação. Algumas de suas tri- entradas e bandeiras.
bos eram tão cruéis que do nome Dos antigos mamelucos descen-
cariba se derivou canibal, que é dem os atuais caboclos, que po-
sinônimo de antropófago. Tam- voam principalmente a Amazônia.
bém habitavam as Antilhas e eram Embora muito mais ·raro, houve
hábeis canoeiros. também cruzamento entre o índio
Outra nação era a dos ]ês ou e o negro. Dês se cruzamento .re-
Tapuias. Uma de suas tribos· mai~ sultou o tipo conhecido por ca-
atrasadas e ferozes, a dos Aimo- fuzo.
rés, vivia no Espírito Santo. Os Foi muito variada a influência
Aimorés não faziam casas, dor- dos índios nos usos e costumes do
miam no chão sôbre fôlhas e ti- povo brasileiro. Na alimentação
nham o hábito de açoitar os filhos basta lembrar o emprêgo tão co-

61
mum da farinha de mand_ióca e
do milho.
São também de origem indígena
a rêde, tão apreciada pelas po-
pulações do No r te e N ardeste, pro-
cesses ainda hoje usados de pesca
e de ~ça, tipos de embarcação
como a canoa e a fangada, a apli-
cação de numerosas ervas e raízes
no tratamento de muitas doenças
e o uso doméstico de utensílios de
barro. Deixaram ainda, principal-
mente os de língua tupi, um gran-
de vocabulário que se aplica à
maioria dos acidentes geográficos
do Brasil, como montanhas, ilhas,
rios ~ cidades.
João Ramalho e o filho. (Quadro
de W ASTH RODRIGUES, no Museu
do Ipiranga, S. Paulo).
RESUMO
O indígena brasileim
a) Origens do indígena da América

As teorias sôbre a origem do homem americano: autoctonismo, asiática, austra-


liana e da Oceânia.
Autoctonismo: originário da própria América.
Justificação geográfica da teoria asiática: passagem do homem pelo estreito de
Bering.

b) Usos< e costumes do índio bra$ileiro


Gênero de vida: caçá e pesca, pequena agriculhTia e nomadismo.
Adorno.< dos índios: urucu, jenipaoo," botoques. colares e penas de pássaros.
As armas: arco e flecha, lanças tacape e esgaravatana. ·
Os instrumentos musicais: tambor ( uaí) chocalho ( maracá) e flauta de osso
humano (membi).
O chefe: o morubixaba.
O feiticeiro .da tribo: o pajé.

62
_:) Principais nações e tribos
A nação dos TJJpis: Maués e. Omáguas ( Am~zonas); P?tigua~es (Rio Grande
do Norte.); Caetés (da Paraíb~ an rio São Francisco); Tupmambas e Tupiniquins
. (Bahia); Tamoios (Rio de Janeiro); Carijós e Guaranis (sul do Brasil).
Nuaruaques: Manaus e Aruãs.
Caribas ou ·Caraíbas: origem do nome canibal COil!O sinônimo de antropófago.
]ês ou Tapuias: Aimorés e Xavàntes.
Os Guaic~rus: índios. cavaleiros de Mato Grossó.
d) A contribuição do indio
O tipo mameluco: cruzamento do branco com índio.
O c~fuzo: cruzamento do indio com o negro.
Na alimentação: farinha de mandioca e milho.
. Outras influências: a rêde, a canoa, a jangada, a medicina indígena, objetos
-ile barro e o vocRhnlário tupi.

QUESTIONÁRIO
1) Que é autoctonismo ? . .
2) Que ~ homem pré-colombiano ?
3) Quais as teorias sôbre O· povoamento da América ?
4) De que se alimentava o índio brasileiro ?
5) Que é a coivara?
6) Como o índio obtinha o fogo ?
7) Quais eram as armas dos índios r
8) Quais eram os instrumentos musicais dos índios ?
9) Quais as principais tribos tupis?
·10) Que é cerâmica marajoara?
11) Qual a origem do - nome canibal?
12) Como viviam os Aimorés ?
13) Que particularidade apresentavam os Guaicurus ?
] 4) Quais os cruzamentos dos índios ?
15) Quais as principais influências indígenas na formação do povo brasileiro ?

Arte indígena: motivos ma·ias 'decorâ'ttuos.

(i:J
LEITURA

.Os índios mais adiantados da América


Não se deve pensar que somente vivessem na América populações nativas
atrasadas, como as do Brasil ou os peles-vermelhas dos Estados Unidos, índios
nômades,, que se dedicavam à caça· ou à pesca, quando não praticavam uma
agricultura rudimentar, principalmente de milho e de mandioca. Ficou mesmo,
como expressão popular, a palavra índio no sentido de estado ·primitivo de
civilização.
Entretanto, houve índios adiantados na América: possuíam cidades, praticavam
o comércio e tiríham elevados conhecimentos nas artes e nas ciências. Eram
os astecas, no México, os maias, na península mexicana de Iucatã e na América
Central, os chibchas na Colômbia e os incas no Peru.
Os astecas fundaram no planalto de Anauac a cidade de Tenuchtitlã ou Mechtli .
. Do nome Mechtli derivou-se o têrmo México, hoje aplicado tanto a um país da .
América do Norte como à sua capití!l.
Entre os astecas li terra era dividida em lotes para ser cultivada pelos chefes
de família. Além do milho e do cacau, .P lantavam o maguei que produzia uma
bebida até hoje muito apreciada, chamada pu.Zque.
Como os outros povos da Améric'a, os astecas não conheceram a moeda
metálica, e, em seu lugar, usaram· a semente de cacau.
Os · índios americanos mais adiantadós sabiam trabalhar os metais, menos o
· ferro, fabricavam tecidos, geralmente de algodão; mas os incas o faziam ainda
corn a lã de certos animais, como o 'guanaco, penas de aves e até pêlos de
morcêgo. Todos êles: foram também grandes construtor~, sendo que os maias,
como os antigos gregos, se distinguiram na arquitetura e n~ escultura; por isso,
tiveram o apelido de os Gregos do Nôvo Mundo.
Na América Cen~ral foram encontradas ruínas das antigas cidades maias, já
envolvidas pela flor.t.Jsta tropical. Até hoje não se sabe com certeza quais os
motivos que obrigaram os maias a abandonar aquelas . primitivas cidades para
fundar um nôvo império mais ao norte, na península de Iucatã. Acredita-se,
porém, que essa migração haja sido provocada pelo empobrecimento do solo, pois
os maias usavam o~ fogo no preparo das suas lavouras. Também não conheciam
os adubos nem o .arado que, ao revirar a terra, çontribui para conser~ar a sua
fertilização. · .
Os chibchas ·distinguiram-se principalmente na ourivesaria, a arte de fabricar
jóias. . Sua principf!l cidade, Bacatá, deu origem a Bogotd, atual capital da
Colômbia.
Antigo Império Maia
ANTIGO E NÔVO IMPÉRIO MAIA Nóvo Império Maia

Os incas VIVIam no Peru, naquele tempo compreendendo um território muito


extenso, pois abrangia o .. atual Peru, a Bolívia, o Equador, além do .norte d_o
Chile. Sua capital era Cusco. Lima foi fundada pelos espanhóis durante a
conquista.
Como as vestais do antigo povo romano, os incas possuíam as "Virg~ns do Sol";
sacerdotisas que viviam isoladas em grandes edifícios, com a missão de manter
o fogo sagrado em honra do deús Inti.
A arquitetura dos .incas, embora menos adiantada que a dos astecas e maias,
apresentou caráter social, pois, além dos templos e palácios, consistiu .na cons-
trução de pontes e de estradas providas de calçamento.
:t:: importante acentuar ter sido a América o· único continente que não conheceu
nem a roda nem o carro: é que no Nôvo Mundo não havia animgj.s de carga,
a não ser o bisão, na América do Norte, e o lhama no Peru. Mas o primeiro,
semelhante ao boi, vive em estado selvagem e o lhama, muito parecido com um
pequeno . camelo, não suporta cargas pesadas. }:; por isso que, mesmo entre os.
povos indígenas adiantados, o próprio homem era utilizado no transporte das
mercadorias.

65
7) O NEGRO E A ESCRAVIDÃO

a) A escravidão indígena de escravos e eram muito mais re-


sistentes que os índios.
e africana
Embarcados na África· nos po-
·i-ões dos navios, muitos dêles mor-
A escravidão tornou-se necessá-
riam, vitimados pela má alimen-
ria no Brasil, porque os trabálhos
tação e pelas doenças. . Por isso
nas plantações e nos engenhos,
êsses navios se chamavam tumbei-
onde se fabricava o açúcar, exi-
ros, palavra derivada _de _tumba oU
giam muita gente. Os colonos re-
correram então aos índios. Mas, sepultura . .
para a lavoura, a escravidão indí- Das doenças que acometiam os
gena não deu bons resultados. negros, as mais freqüentes eram
~les estavam acostumados a uma o ·banzo, o sarampo e a varíola . .
vida livre, pois nas tribos os tra- O banzo era a mais estranha de
balhos .mais pesados eram feitos tôdas·: · o escravo ficava triste,
pelas mulheres; Também eram de- por -sentir saudades de s~a terra,
fendidos pelos jesuítas que lhes recusava comer e morria de .fra-
ensinavam a língua portuguêsa e queza.
a relig~ão cristã. Os negros que vieram para o
Entretanto, para certas ativida- Brasil _pertenciam a vários grupos,
des, como a de caçar, · pescar ou sendo os mais importantes ó Su-
pilotar uma canoa, que já exercia danês e o Banto. Os portos do
quando livre, o índio mostrou ser Brasil, que mais escravos africa-
um bom escravo. Por isso houve n-os receberam: foram os de Sal-
sempre a escravidão . indígena e vador, Recife e Rio de Janeiro.
numerosas expedições, chamadas Nessas cidades, os negros, assim
entradas e baruleiras, foram feitas que chegavam, recebiam forte ali-
ao fnterior com o fim de aprisio- mentação na base do milho, para
n!lr os índios para ·rlepois vendê- recuperar ·as fôrças perdidas du-
los no litoral. rante a viagem; depois eram ven-
Para a agricultura, purém, tive- didos em leilão. Os compradores
ram os portuguêses de. recorrer à examinavam o pobre escravo como
escravidão africana; pois os negros quem compra um animal: pergun-
já viviam. na •África na condição tavam · pela idade, verificavam se

66
Vista do Rio antigo: Viaduto de Santa Teresa, vendo-se ao fundo a Igreja da Glória.
( Quadro de W. GoRE ÜUSLEY).

os dentes estavam em bom estado mada bateia, até hoje usada pelo
ou se havia defeitos pelo corpo. garimpeiro para catar ouro no fun-
No Brasil o negro praticou to- do dos rios . Também de algumas
dos o~ ofícios e serviu até como bandeiras participaram os africa-
criado doméstico. Conhecedor do nos, que os paulistas chamavam
trabalho da mineração, tornou-se tapanhunos·.
indispensáyel .nas minas, onde va- Mas foi no engenho que os es-
lia elevado preço. É de origem cravos prest~ram os maiore~ ~ervi­
africana a espécie de peneira, cha- ços: trabalhavam -nos canaviais, na

'67
Mulher da tribo dos Coroados.
(Desenho de RuGENDAs ).'

Négros serradores de tábuas.


Como se vil na gravura, o trabalho
dos escravos era feito com o
emprilgo de cavaletes e forquilhas.
(Detalhe de um desenho de DEBRET).
fabFicação do açúcar e nas matas quilombo, formado alguns anos
onde iam buscar lenha para as cal- antes.
deiras. A noite, recolhiam-se a Em Palmares os negros fizeram
uma dependência da fazenda cha- roças de milho, feijão, mandioc ,
mada senzala. e procuravam manter-se em paz
O negro escravo exerceu grande com os moradores vizinhos, com
influência nos costumes do povo os quais trocavam seus produtos
brasileiro: são de origem africa- agrícolas por roupas e ferramen-
na muitas festas e danças, certas tas. Haviam também organizado
crenças que ainda têm tantos se- um govêrno semelhante ao que ti-
guidores, comidas, como o vatapá, nham na África: as medidas mais
o angu e o munguzá, e temperos, importantes eram tomadas pelos
como o azeite-de-dendê. chefes militares, reunidos num
conselho presidido pelo rei. Quan-
No Brasil os escravos eram em
do o quilombo foi tomado, em
. geral bem tratados. Mas, como
1694, já o rei havia morrido e c
houvesse .or,.sos de castigos cruéis,
seu sobrinho, o Zumbi, chefiava
o rei de Portugal proibiu, em 1700,
as tropas de Palmares.
que os escravos fôssem marcados
a ferro quente, mutilados ou. açoi- Durante mais de cinqüenta
tados por faltas sem importância. anos, o quilombo de Palmares re-
sistiu bravamente a numerosos ata-
ques de holandeses e portuguêses.
F'in~lmente o governador de Per-
b) O quilombo de Palmares nambuco, João da Cunha Souto-
Maior, resolveu confiar tt lufa con-
Quando os negros que fugiam tra os negros ao ba11deirante pau-
eram muitos, formavam agrupa- lista Domingos Jorge Velho. Em
mentos fortificados, chamados qui- 1694, depois de vinte e dois dias
lombos. Houve quilombos no Rio de cêrco, rendeu-se o último re-
de Janeiro e na Bahia; o mais im- duto dos negros no quilombo dos
portante, porém, foi o de Palma- Palmares.
res, na serra da ·Barriga, no .atual
Durante muito tempo se disse
Estado de Alagoas.
que o chefe do quilombo, o Zum-
Em 1630, durante a invasão ho- bi, preferiu suicidar-se, a ficar pri-
landesa, em ·Pernambuco, os ne- sioneiro nas mãos dos vencedores.
gros, aproveitando a confusão pro- Está provado, porém, que êle, com
vocada pela guerra, fugiram dos um grupo de vinte homens, lutou
engenhos e foram reforçar êsse bravamente até morrer.

70
~E SUMO

O negro e a escravidão

a) A escravidão indígena e africana

Inconvenientes da escravidão indígena: não estavam a~ostumados ao trabalho


da lavoura e eram protegidos pelos jesuítas.
Aptidões do escravo indígena: caçar, pescar e pilotar canoa.
Doenças dos negros: banzo, sarampo e varíola.
Centros de importação do negro: Salvador, Recife e Rio de Janeiro.
As atividades do negro escravo: criado doméstico, mineração e engenho.
A contribuição do negro: festas, danças, crenças, comidas (vatapá, . munguzá,
angu) e temperos ( azeite-de-dendê).

b) O quilombo de Palmares
As atividades no quilombo: roças de milho, feijão e mandioca. ·
Organização do quilombo: conselho de chefes militares presidido pelo rei.
O sucessor do rei: seu ·sobrinho, o Zumbi.
Fim do quilombo de Palmares ( 1694) : vitória de Dom_ingos Jorge Velho.

QUESTIONÁRIO

1 ) Quais eram as desvantagens da escravidão indígena ?


2) Em qua atividades o indígena era bom escravo ?
3) Que eram tumbeiros?
4 ) Que ·era o ban.w ?
·5) Quais os principais portos do Brasil que receberam escravos negros ?
6 ) Que é bateia ?
7) Em que atividades os escravos negros prestaram serviços ?
8) Que eram tapanhunos ?
9) Que era senzala? .
10) Quais as influências que o negro exerceu nos costumes do povo brasileiro?
11) Que eram quilombos ? .
12) Como viviam os negros no quilombo de Palmares?
13).• Quem foi Domingos Jorge Velho?
14) Que aconteceu com o Zumbi?
15) · Quem foi André Furtado ?

71
EXERClCIOS

Sôbre a Unidade 11 (Formação do povo brasileiro)

1 ) O elemento branco
· Completar as lacunas:
1 ) O Bacharel de . Cananéia, encontrado pela expedição comandada por
.............. , foi deixado no Brasil pela expedição comandada por

2 ) A primeira feitoria do Brasil foi construída em ...... , por ............. .


3) Caramuru casou-se com .............. , depois batizada com o nome de

4) João Ramalho uniu-se à índia .............. , batizada depois com o


nome de ............. .
5) Belchior Dias Moréia era descendente de . . . . . . . . . . . . . . e afirmou haver
descoberto ..... . ....... .

2) O indígena brasileiro

a) Dar a significação dos seguintes nomes ou expressões:


1 ) Homem pré-colombiano
2) Autoctonismo
3) Nômades
4) Puçás
5) Coivara
6) Timbó
7) Mameluco
8) Cafuzo
9) Uaí
10) Membi

b) Dar o nome do grupo ou nação correspondente:


1) Carijós ( . ... . .. ........ . ........ )
2) Aruãs ( . .... ............. . ..... )
3) Tamoios ( .... . . ..... ... .. ........ )
4) Caetés ( ..... ..... .. : . . ......... )
5) Potiguares ( . . . ... . ... .. . . .. ....... . )
6) Xavantes ( ..... ... . ........... . ... )
7) Manaus ( . ..... . ........ . ..... . .. )
8) Aimorés ( ... .. ............ ....... )
9) Tupiniquins ( .. .. ... . ... . ............ )
lO) Guaranis ( . . . .... ............ . .... )

72
c) Numerar corretamente:
(l) Maracá ( ) Sinônimo de antropófago
(2) Cauim ( ) Arma de madeira pesada
(3) Guaicurus ( ) Servia para pintar o ·corpo
(4) Canibal ( ) Habitavam o Espírito Santo
(5) Morubixaba ( ) Habitavam o Rio Grande do Norte
(6) Caribas ( ) Nome do chefe dos índios
(7) Potiguares ( ) Chocalho dos índios
(8) Ta cape ( ) lndios canoeiros das Antilhas
(9) Aimorés ( ) lndios cavaleiros
(lO) Urucu ( ) Bebida dos índios

3) o negro e a escravidão
a) Dar a significação das seguintes palavras:
1) Tumbeiro ( )
2) Banzo ( )
3) Bateia ( )
4) Tapanhuno ( )
5) Senzala ( )

b) Completar as lacunas:
1) Os três portos brasileiros que mais escravos negros receberam foram
.............. , .. . .. . ........ e ...... . ...... .
2) O cafuzo resultava do cruzamento do . . . . . . . . . . com o ......... .
3) O bandeirante paulista . . . . . . . . . . . . . . venceu o quilombo de Palmares,
quando era governador de Pernambuco .. .. . .... .... .
4) O quilombo de Palmares ficava na serra .. . . . ... . . . .. . , no atual Estado .
de ........ . .... .

Amador Bueno.

73
/

LEITURA

O Brasil e as outras colônias da América


A primeira universidade da América foi fundada pelos espanhóis, em 1538,
em São Domingos, na ilha de Haiti. Em 1791, q11ando da fundação da Univer-
sidade de Quito, hoje capital da República do Equador, já h~via na América
espanhola cêrca de dezessete escolas dêsse gênero.
No Brasil, o ensino superior era, no período coloniàl, ministrado nos colégios
dos jesuítas, como o da Bahia, onde estudou o padTe Antônio Vieira. No século
XVIII, os inconfidentes de Minas pensaram em fundar uma universidade em Vila
Rica. Foi com a transmigração da família real portuguêsa para o Brasil que se
fundaram os primeiros estabelecimentos leigos .de nível superior.
O comércio colonial era monopólio da metrópole, isto é, as colônias só podiam
comerciar com o pais dominador. Para o Brasil, por exemplo, não podia . ser
despachada nenhuma mercadoria sem primeiramente passar pela alfândega de
Lisboa. Assim, a pimenta da lndia, antes de vir para a América, tinh~ que ser
levada a Portugal para o pagamento do irnpôsto devido. Por isso, êsse produto
a~iático ficou sendo conhecido, até hoje, entre os brasileiros, pelo nome impróprio
de pimenta-do-reino. O . mesmo sucedeu com o chamado queijo-do-reino, de
procedência holandesa.
As colônias ameri~. exportavam principalmente produtos da lavoura: as
inglêsas, no ""SuT, on.de_ eram numerosos os escravos, cultivavam, em grandes
fazendas, fumo e algodã-o-;- -na__América espanhola e no Brasil o produto agrícola
mais iffiportante era a cana-de-açúcar. 1ts" -cttlônias da Espanha, principalmente
o México e o Peru, enviavam também . à Europa ricos- carregamenTos ãe ouro
e prata, em navios fortemente comboiados que constituíam a famosa frota de
prata. Apoderar-se dela era a ambição maior de todos os corsários e piratas
daquele tempo. Essa proeza, porém, foi realizada apenas urna vez, por Pieter
H eyn, marinheiro holandês que se converteu, por isso, em heréoi nacional.
Das classes em que se dividia a sociedade espanhola, a mais importante era
. a dos chapetones, constituída pelos que vinham da Europa e que no Brasil se
chamavam reinóis. Os filhos de espanhóis nascidos na América tinhaill, o nome
de criollos. Entre os brasileiros, durante o período colonial, crioulo significava
o negro nascido no Brasil; dizia-se negro crioulo para diferençar Jo negro africano
que vinha da África.

Domingos Jorge Velho, vencedor de PalmarE-s.


75
(Museu do Ipiranga, S. Paulo) .
31 A COLONIZAÇÃO

As capitanias hereditárias
O govêrno-geral
Povoados, vilas e cidades
A obra dos jesuítas
Riquezas do Brasil colonial

8) AS CAPITANIAS HEREDIT AR IAS

a) Criação do regime Com o regime das capitanias


das capitanias hereditárias, o rei D. João III dei-
xava às pessoas de sua confiança,
Ficava muito caro · para o reino os donatários, a obrigação de co-
de Portugal combater os franceses lonizar o Brasil com seus próprios
que percorriam a costa do Brasil recursos. :ll:sse regime já havia
.e ao mesmo tempo desenvolver o sido praticado nas ilhas dos Açô-
povoamento do país, por meio de res e da Madeira, onde deu bons
expedições, como a que foi co- resultados. No Brasil, porém, vá-
mandada por Martim Afonso de rias causas contribuíram para que
Sousa. Além disso, por ser a cos- as capitanias não fôssem bem su-
ta brasileira muito extensa, essas cedidas: a grande extensão da ter-
expedições não podiam protegê-la ra, os ataques freqüentes dos ín-
totalmente: enquanto os navios dios, a incapacidade ou a falta de
portuguêses percorriam um trecho recursos de alguns donatários e,
do litoral, os franceses estavam em finalmente, a enorme extensão que
outro, fazendo o contrabando do separava a colônia da Europa.
pau~brasil e de outros produtos da Contudo, duas capitanias prospe-
terra. raram: São Vicente e Pernambuco.
''O último Tamoio".
(Desenho inspirado em um quadro de AMOEDO).
77
Para que pudessem administrar Se o donatário fôs·se acusado de
as capitanias com entusiasmo, o algum crime, tinha o direito, an-
rei concedeu aos donatários gran- tes de ser julgado, de ir à presen-
des podêres: podiam dar terras ça do rei para justificar-se. Tam-
aos que quisessem cultivá-las, fun- bém nenhum funcionário, nem
dar vilas e nomear funcionários; mesmo real, podia entrar numa
também na justiça· seus podêres capitania para perseguir qualquer
eram enormes, pois podiam até crimlnoso sem licença do dona-
condenar à morte escravos e pes- tário.
soas comuns; quanto aos nobres As rendas dos donatários con-
só aplicava essa pena se êles tives- sistiam na cobrança de impostos
sem cometido um crime de trai- sôbre produtos da terra. Podiam
ção ao rei ou contra a religião. _ainda escravizar índios para o seu

I

Vista de Olifida.

78
serviço e até vender certo número Duarte Coelho fundou a Vila de
dêles em Lisboa. Mas a exporta- Olinda, durante muito tempo capi-
ção do pau-brasil só podia ser fei- taf de Pernambuco. Quando, po-
.ta por ordem do rei: era monopó- rém, os holandeses ocuparam essa
lio da Coroa. . capitania, preferiram localizar a
capital na povoação de Recife que
possuía excelente pôrto.
Duarte Coelho -trouxe para a
b ) As capitanias de Nova Lusitânia, além da espô-
São Vicente sa, D. Brites de Albuquerque; o
e Pernambuco cunhado Jerônimo de Albuquer-
que; êste casou-se com uma í-nd~a,
A capitania de São Vicente era depois batizada com o nome de
formada por dois lotes e ficava Maria e foi pai do mameluco -tam-
situada em terras dos atuais Esta- bém chamado Jerônimó de Albu-
dos de São Paulo e Rio de Janei- querque, conquistador do Rio
ro. Martim Afonso, depois da fun- Grande do Norte e vencedor dos
dação da Vila de São Vicente franceses do Maranhão.
(1532), nunca mais voltou à sua ca-
pitania. Entretanto, ela continuou
prosperando com as plantações de c) As outras
cana e o fabrico do açúcar.
capitanias
O primeiro administrador da ca- No Sul, o. irmão de Mar·tim
pitania de São Vicente·, em nome ·Afonso, Pero Lopes de Sousa, pos-
do donatário, foi o Padre Gonçalo suía dois. lotes: o de Santana,
onde
- Monteiro. Outro administrador,
atualmente é o Es-tado de Santa
Brás Cubas, fundou, em 1546, a
Vila· de Santos. ·
Catarina, e ó de Santo Amaro, que
compreendia terras no atua~ Es-
A capitania de Pernambuco tam-· tado de São Paulo. Pero - Lopes
bém se chamava Nova Lusitânia. ainda possuía o de Itamaracá, com
Seu donatário, · Duartu- Coelho, a ilha do mesmo nome, perto da
soube aproveitar suas terras, pró-
prias para as plantações de cana capitania de Pernambuco.
e que . se chamam massapé. Com No atUal Estado do Rio de
êsse donatário formaram-se as pri- J~neiro havia a capitania de Sfio
meiras lavouhs e engenhos e, até Tomé doada a Pero de Góis. :t!:sse ·
hoje, é o açúcar a principal rique- donatário fundou a Vila da RaiDha
da de Pernambuco. e iniciou plantações de cana-de-

79
A COLONIZAÇAO DA AME:RICA DO SUL
açúcar, mas tudo que fez foi des- sil. Seu substituto, Francisco Ho-
truído pelos ·a taques dos índios. mero, não soube conter as desor- ·
No govêrno de Tomé de Sousa, dens dos colonos e os ataques dos
Pero de Góis foi escolhido para índios que provocaram a ruína da
o ca~go de capitão-mor da costa. capitania.
Seguia-se, ao norte, a
capitania A da ·Bahia foi doada a Fran-
do Espírito Santo. Seu donatário, cisco Pereira Coutinho. :ltsse do-
Vasco FeTJUindes Coutinho, per- natário foi aprisionado e morto
deu no Brasil tudo que t_inha e pelos selvagens da ilha de Ita-
morreu na miséria, acusado do ví- parica.
cio de fumar, naquele tempo con-
denado pela religião. Ao norte do rio São Francisco
No atual Estado da Bahia ha- ficava a capitania de Perqambuco.
via três capitanias: Pôrto Seguro, Seguia-se o lote de Itamaracá, de
Ilhéus e Bahia. A da Bahia es- Pero Lopes.
tendia-se até o rio São Francisco, Tôdas as terras ao norte de Ita-
onde limitava com a de Pernam- maracá formavam as capitanias,
buco. Compreendia ainda todo o que não foram colonizadas, do
atual Estado de Sergipe. - Rio · Grande, Ceará e Maranhão.
A de Pôrto Seguro ficava na A do Rio Grande pertencia a João
costa que Cabral percorreu em de Barros, a do Ceará a Antônio
1500. Seu donatário, Pero do Cam- Cardoso de Barros, que veio com
. po · Tourinho, construiu engenhos o governador Tomé de Sousa e
e desenvolveu a pesca da garou- foi provedor-mor da Fazenda; a do
pa. Mas depois da sua morte a Maranhão compreendia dais lotes:
capitania foi devastada pelos um que pertencia a Fernão de An-
aimorés. drade e outro a João de Barros,
O donatário de Ilhéus, Jorge Fi- donatário da capitania do Rio
gueiredo Correia, não veio ao Bra- Çrande.

RESUMO
a) ·,Criação do regime das capitanias
C0;r~cterísttca fundamental do regime: colonização do Brasil à custa dos próprios
donatanos. '
Causas do malôgro das capitanias no Brasi·l: a grande extensão da terra, os
ata9ues freqüentes dos ín_dios, incapacidade ou falta de recursos de alguns dona-
tános e a grande extensao que separava a colônia da Europa. .

82
'.
Pod~res concedidos aos donatários: dar terras, fundar vilas e nomear funcio-
nários.
A exportação do pau-brasil: monopólio da Coroa.

b) Capitanias de São Vicente e Pemambnco


Os lotes de Martim Afonso: nos atuais Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Os · primeiros administradores da capitania: Padre Gonçalo Monteiro e Brás
Cubas (fundador da vila de Santos, em 1546).
A capitania de Pernambuco ou Nova Lusitdnia: terras próprias para a cana
( massapê), capital (vila de Olinda) e donatário (Duarte Coelho).

c) As outras capitanias
Os lotes. de Pero Lopes de Sousa: Santana e Santo Amaro (Sul) e Itamaracá
( Nardeste) .
Capitania de São Tomé: Pero de Góis, capitão-mor da costa no govêrno de
Tomé de Sousa.
Capitania do Espírito Santo: Vasco Fernandes Coutinho.
As capitanias do Estado da Bahia: Pôrto Seguro (Per? do Ca~po Tou~nho),
Ilhéus (Jorge de Figueiredo Correia) e Bahia ( Franc1sco Pere1ra Coutmho).
As capitanias do Norte: Rio Grande (João_ de Barros), Ceará (~ntônio Cardoso
de Barros) e os lotes do Maranhão ( F ernao de Andrade e Joao de Barros) ·

QUESTIONARIO
1) Qual a desvantagem de colonizar o Brasil por meio de expedições ?
2) Por que D. João III criou o regime das capitanias hereditárias?
3) Por que o regime das capitanias não deu bons resultados ?
4) Quais os podêres dados aos donatários ?
5) Quem foi o padre Gonçalo Monteiro ?
6) Que fêz Brás Cubas ?
7) Que é o massapê ?
8) Quem foi o mameluco Jerônimo de Albuquerque?
9) Qual a antiga capital de Pernambuco ?
10) Quais eram os lotes de Pero Lopes?
11 ) Quem foi Pero de Góis ?
12) Que aconteceu a Vasco Fernandes Coutinho?
13) Quais as capitanias do Estado da Bahia?
14) Quem foi Pero Lopes? ..
15) Quais as capitanias ao norte de Itamarac.á?

J
9) O GOV:E:RNO-GERAL

trangeiros, e um provedor-mor da
a) C1·f,ação Fazenda, que cuidava das rendas
da colônia, como cobrança dos
do govêrno-geml impostos, e das despesas, como pa-
gamento dos funcionários.
Achava D. João III que as ca-
pitanias não progrediam porque
·faltava uma autoridade a que to-
dos os donatários obedecessem. !..> ) Adminístmção
Foi essa autoridade, nomeada por de Tomé de Sousa
êle, em 1548, que se chamou go-
vernador-geral. · Tomé de Sousa recebeu do rei

I Para a sede do govêrno-geral, o


rei escolheu a Bahia. É que essa
capitania ficava mais ou menos no
meio da costa brasileira e o go-
grandes podêres: deveria fund~r
na baía de Todos os Santos a ci-
dade do Salvador; tratar bem os
índios que se mostrassem amigos
dos portuguêses, podendo até con-
vernador podia, assim, atender às
necessidades do norte e do sul da denar à morte os colonos que os
colônia. escravizassem; deveria ainda no-
mear funcionários e conceder ses-
Entretanto, como as capitanias
marias (grandes extensões de ter-
eram hereditárias, passando de pai
ras) aos que quisessem estabele-
para filho, nem o própri~ rei que cer-se com engenhos de açúcar.
as havia criado, tinha poderes para
tomá-Ias de seus donatários. Por Em março de 1549, chegou à
isso D. João III foi obrigado a baía de Todos os Santos a esqua-
comprar a capitania . da Bahia ao dra que trazia, além de Tomé .de
filho de Francisco Pereira Couti- Sousa, o ouvidor-geral da Jus·tiça
nho, para nela poder estabelecer Pero Borges, o provedor-mor da
a sede do govêrno-geral. Fazenda Ant6nio Cardoso de
Para auxiliar Tomé de Sousa, o Barros, também donatário da ca-
primeiro governador-geral .do Bra- pitania do Ceará, e Pero de
sil o rei nomeou um alcatde-m01·, Góis, nomeado para o cargo ,de
ch~fe da milícia, um ouvidor-ge- capitão-mór da costa. Tambem
ral, que cuidava da . justiça, um vinham na esquadra homens de
capitão-mor da Costa, para defen- ofício, carpinteiros, pedreiros, mui-
der o litoral _do~ ataques dos es-
Chegada de T om é de Sousa à Bahíu, ..
recebendo hom enagem de Caramuru . P'
84 '(Gravura d e N AVILI N e MARIE, divulgada no princípio do s~culo . XIX).
tos soldados e colonos, além de Foi muito proveitosa a adminis-
vários jesuítas, os primeiros que tração de Tomé de Sousa: desen-
chegaram ao Brasil, chefiados por volveram-se as plantações e ini-
Manuel da Nóbrega. ciou-se a atividade pastoril, com
Ajudado pelos índios de Diogo as primeiras cabeças de gado que
Alvares, o Caramuru, Tomé de o governador-geral mandou vir das
Sousa iniciou a construção da ci- ilhas do Cabo Verde. Os jesuítas
dade do Salvador, inaugurada al- começaram a catequese dos ~ndios
guns meses depois. O próprio go- e, por conselho do Padre Manuel
vernador-geral, porque era homem da Nóbrega, criou-se o primeiro
simples e trabalhador, levava em bispado, sendo nomeado, para ser-
seus ombros as tábuas e outros \'ir na Bahia, o bispo D. Pera Fer-
materiais para a construção das iwndes Sardinha.
casas. Tom,é de Sousa percorreu as ca-
pitanias do Sul, pois queria saber
pessoalmente quais as medidas
que deveria tomar para que elas
continuassem progredindo: na dt
São Vicente aprovou a fundação
da Vila de Santos e, ao passar pela
baía de Guanabara, ficou entu-
siasmado com o lugar e aconse-
lhou ao rei fôsse fundada uma po-
voação para garantir a defesa dês-
se litoral contra os estrangeiros.
Se o seu conselho fôsse seguido por
D. João III, os franceses não te-
riam invadido o Rio de Janeiro em
1555.
Tomé de Sousa ainda se inte-
ressou em verificar se havia ouro
no Brasil e por isso organizou uma
expedição ou entrada, a de Fran-
cisco Bruza Espinhosa, que partiu
para o sertão baiano, já no go-
vêrno seguinte.
Em 1553, Tomé de Sousa foi
Tábua a óleo, que se supõe representar substituído por D. Duarte da
Anchieta. Pertence ao Colégio São Costa.
Luís, em São Paulo. (Autor anônimo).
86
c) Segundo governador-geral ga, a 25 de janeiro (dia da con-
versão de São Paulo), o colégio
Com o segundo governador-ge- de São Paulo, origem da -cir~ade
ral vieram vários jesuítas, alér11 do do mesmo nome.
11oviço José de Anchieta, então Dois outros acontecimentos ocor-
com dezenove anos de idade. Tam- reram no govêrno de D. Duarte
bém acompanhava o nôvo gover- da Costa: em Portugal morreu o
nador o seu filho, D. Alvaro da rei D. João III e na Bahia, na Vila
Costa, môço valente mas de maus do Pereira, o Caramuru, que tanto
costumes. Por isso, D. Alvaro foi ajudou Tomé de Sousa na funda-
censurado pelo bispo. ção da cidade do Salvador.
O govemadGr tomou a defesa
_ do filho, o qÜe provocou agitações
na Bahia: muitas pessoas apoia- d) Terceiro governador-geral
vam o bispo, enquanto outras es- Mem de Sá começou a gover-
tavam a favor de D. Duarte. Com nar em 1558 e fêz boa adminis-
o fim de explicar ao rei o que tração. Quando êle chegou à Ba-
acontecia no Brasil, embarcou o
hia, a capital estava em desordem,
_bispo pàra a Europa.. Mas o navio
provocada pelas brigas entre as-
em que viajava, Nossa Senhora da
pessoas que tinham apoiado o bis-
Ajuda, naufragou na costa de Ala-
po e as que foram partidárias de
goas e D. Pero ·Fernandes Sardinhà
D. Duarte da Costa. Mem de Sá
foi morto e devorado pelos caetés.
agiu com energia: restabeleceu a
Um dos seus companheiros, que
ordem, combateu o jôgo, então
também teve o mesmo fim, foi
muito praticado, e acabou com
Antônio Cardoso de Barros, dona-
uma epidemia de varíola, doença
tário da capitania do Ceará.
de origem africana e que na ca-
Ainda no govêrno de D. Duar- pital fazia muitas vítimas.
te da Costa, em novembro de
1555, os franceses ocuparam o Rio Aconselhado pelo Padre Manuel
de Janeiro; eram chefiados por Ni- da Nóbrega, Mem de Sá reuniu
colau Durand de Villegagnon e os índios mansos em aldeias ou
contavam com a aliança dos índios missões e fêz guerra aos que não
tamoios, inimigos dos portuguê!>es. queriam aceitar a amizade dos
pcrtuguê!les·..Nessas lut~s perde?
Em 1554, verificou-se, na capi- a vida seu fl:lho, Fernao de Sa,
tania de São Vicente, importante morto a flechadas quando comba-
acontecimento: foi fundado pelos tia os selvagens da capitania do
jesuítas, no planalto de Piratinin- Espírito Santo.
87
Mas o maior serviço prestado Ós franceses foram vencidos em
por Mem de Sá . ao Brasil foi a dois combates, no de Uruçu-Mi-
expulsão dos franceses, que desde rim e no de Paranapecu (depois
o govêrno de O. Duarte da Costa ilha do Governador), no qual Es-
ocupavam o Rio de Janeiro. tácio de Sá foi ferido por flecha,
Em 1560, com uma pequena es- vindo . a morrer no mês seguinte.
quadra e com a ajuda enviada pe- A 1.0 de março de 1567 a cida-
la capitania de São Vicente, o go- de de São Sebastião foi transfe-
vernador-geral atacou e destruiu o rida pelo governador-geral para o
forte de Coligny que os franceses morro do Castelo ou São ]anuá-
haviam fundado na ilha de Seri- rio, hoje demolido, sendo nomea-
gipe, depois chamada ilha de Vil- do para governá-la outro sobrinho
legagnon. Mas, quando Mem de de Mem de Sá, Salvador Correia
Sá regressou à Bahia, o inimigo, de Sá.
que se havia ocultado nas matas Ainda durante o govêrno de
do litoral, voltou a ocupar suas Mem de Sá verificou-se a pacifi-
antigas posições. cação dos tamoios, conseguida por
Em 1565 chegou ao Rio de J a- Nóbrega e Anchieta. Os índios de
neiro uma esquadra comandada São Paulo e Rio de Janeiro ha-
pelo sobrinho do governador, Es- viam-se unido para guerrear os
tácio de Sá, que a 1. 0 de março portuguêses. Dessa aliança, cha-
dêsse ano iniciou uma povoação mada Confederação dos Tamoios,
entre o Pão de Açúcar e o Cara fazia parte Cunhambebe, chefe
de Cão. Essa data, 1.0 de março
indígena famoso por sua cruel-
de 1565, é a da fundação da cida-
de de São Sebastião do Rio de dade.
Janeiro. Depois de vários combates, que
Durante dois anos, de 1565 a não decidiram o fim da luta, esses
1567, a luta permaneceu indecisa. dois jesuítas conseguiram a paz
Nesse período José de Anchieta, por meio de um acôrdo com os ín-
indo à Bahia para tornar-se pa- dios. Nessa ocasião José de An-
dre, pois era ainda noviço, trans- chieta, só, entre os selvagens da
mitiu ao governador-geral o pedi- aldeia de Iperoig, escreveu, em
do de ajuda que lhe fazia o sobri- latim, na areia da praia, um poe-
nho. Mem de Sá partiu então para ma à Virgem Maria.
o Sul, recebeu mais reforços na Voltando para a Bahia, Mem de
-... .. capitania de São Vicente e, em ja- Sá morreu em Salvador, em 1572,
neiro de 1567, juntou suas fôrças sem poder realizar seu último de-
com as de Estácio de Sá. sejo, o de voltar para Portugal.

89
f:

li Seu sucessor, D. Luís de Vascon-


celos, não chegou ao Brasil pois índios eram aliados dos franceses
que,. nessa região, faziam o contra-
mor~e~ na viagem, atacad~ por
I
I corsanos franceses. Também mor- bando do pau-brasil.
~era~, nessa ocasião, os quarenta Em .1577 ficou só no poder Luís
jesmtas que acompanhavam o go- de Bnto, mas, já no ano seguinte
".ernador ao Brasil. :f:sses padres era. substituído por Lourenço d~
fiCaram CDnhecidos pelo nome de Ve~ga. Governava Lourenço da
os Quarenta Mártires do Brasil. Veiga qua~do, ein 1580, Portugal
e su~s. colonias passaram para o
e) Os sucessores dommto espanhol.
de Mem de Sá Em 1640 houve ·a Restauração·
Portugal Iiber~ou-se do domíni~
Em 1573 o Brasil foi dividido espanhol. Ainda nesse ano, um go-
em dois governos: para o Norte. vernador-geral teve o título d. '
com a capital ew Salvador, foi no~ vice-rei do Brasil. Chamava-se D~ ·
meado Luís de Brito e Almeida e Jorge de Mascarenhas. ·
para o Sul, com sede no Rio de
Janeiro, Antônio Salema. . O ~ltimo governador-geral e vi-
ce-rei do Brasil foi o oitavo Conde
. Luís de Brito combateu os Ín-
.dws do ~io Real (Sergipe) e fun- dos Arcos, que governou até 1808.
_dou a vila de Santa Luzia. Inte- N~ss~ ano chegou ao Brasil o
ress~do em descobrir riquezas mi- pnn_,ctpe D. João, que assumiu o
n~rats, mandou ao sertão da Ba-
governo. Quando D. João voltou
hia a entrada chefiada por An- para Portugal, em 1821, em lugar
tônio Dias Adôrno. de nomear, para o Brasil, um go-
An~ônio Salema fêz guerra aos v.ernador-geral, deixou seu próprio
filho,
tamows de Cabo Frio porque êsses mgente.D. Pedro, como príncipe

,.

li
I! Rap~so Tavares.

90
-
RESUMO

O govêrno-geral
a) Criação do govêrno-geral
Razão da escolha da Bahia para sede do govhno-geral: sua posição entre
o Sul e o Norte.
A compra da Bahia ao filho do donatário: o donatário fôra morto pelos índios.
Os auxtliares de Tomé de Sousa: alcaide-mor, chefe da milícia, ouvidor-geral
(cuidava da justiça), capitão-mor da Costa (para a defesa do litoral), e prove-
dor-mor da Fazenda (cuidava das. rendas da colônia).

b) Administração de Tomé de Sousa


Os podêres de Tomé de Sousa: fundação do Salvador, tratar ·bem os índios
mansos, nomear fupcionários e conceder sesmarias.
Principais figuras da administração: Pero Borges (ouvidor-geral) Antônio
Cardoso de Barros (provedor-mor da Fazenda) e capitão-mor da ·costa ( Perl9
de Góis).
Administração de Tomé de Sousa: início da catequese, da . atividade pastoril
e aprovação da vila de Santos.

c) Segundo governador-geral
Acompanhantes de D . Duarte da Costa: José de Anchieta e D. Alvaro da Costa.
Acontecimentos do govêmo de b. Duarte da Costa: morte do bispo, ocupação
do Rio de Janeiro pelos franceses, fundação do Colégio de São Paulo ( 25 de
janeiro de 1554), morte de D. João III e de Caramuru.

d) Terceiro governador-geral
Ação de Mem de Sá na Bahia: combate ao jôgo, à epidemia da varíola e orga-
nização das aldeias ou missões de índios mansos.
Mem de Sá no Rio de Janeiro ( 1560): vitória contra os franceses e destruição
do forte de Coligny. . ·
Estácio de Sá no Rio de Janeiro (1565-1567): fundação da cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro ( 1. 0 de março de 1565), vitória dos portuguêses
em Uruçu-Mirim e Paranapeeu, morte de Estácio de Sá e transferência da cidade
( 1. 0 de março de 1567).
A Confederação dos Tamoios: pacificada por Nóbrega e Anchieta.
O sucessor de Mem de Sá: D . Luís de Vasconcelos, morto, juntamente com
os Quarenta Mártires do Brasil, pelos corsários.

e) Os sucessores de Mero de Sá
. Divisão do Brasil em dois governos: Norte (capital Salvador) com Luís de
Bnto e Almeida e Sul (capital Rio de Janeiro) com Antônio Salema.

9.1
L?~renço da Veiga, sucessor de Luís de Brito: passagem do Brasil para 0
domrnw espanhol ( 1580).
Primeiro vice-rei do Brasil: D. Jorge de Mascarenhas (1640):
Oltimo governador-geral e vice-rei do Brasil: oitavo Conde dos Arcos, até 1808.

QUESTI ONÁRIO
1) Por que D. João III criou o govêrno-geral?
2) Por _que o · rei escolheu a Bahia para sede do govêrno-geral?
3) Quais eram os cargos criados com o de governador-geral?
4) Quais foram os auxiliares de Tomé de Sousa?
5) Que fêz Tomé de Sousa?
6) .Como foi o conflito entre D. Duarte da Costa e o bispo?
7) Qual a origem da cidade de São Paulo?
8) Quais as pessoas importantes que morreram no govêrno de D. Duarte da
Costa?
9) Que fêz Mem de Sá quando chegou à Bahia?
10) Como agiu Mem de Sá no Rio de Janeiro, em 1560?
11) Quando foi fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro?
12) Como foram vencidos os franceses no Rio de Janeiro?
13) Quem foi D. Luís de Vasconcelos?
14) Quem foi Lourenço da Veiga?
15) Como terminou o regime do govêrno-geral?

Assinatura de Duarte Coelho.

92 .
10) POVOADOS, VILAS · E CIDADES

a) Feitorias e vilas Piratininga. Mais tarde se tornou


vila e, em 1711, passou à catego-
Até a vinda de Martim Afonso ria de cidade.
de Sousa, os únicos núcleos exis- Ainda na capitania de São Vi-
tentes na costa brasileira eram as cente, durante o século XVI, foi
feitorias, com alguma fortificaç,ão fundada por Brás Cubas a Vila
para enfrentar os ataques dos m- de Santos, que depois teve a apro-
dios e dos estrangeiros. Nessas fei- vação de Tomé de Sousa.
torias ficavam alguns portuguêses,
encarregados de acumular os pro- Na capitania de Pernambuco ou
dutos da terra, principalme nte Nova Lusitânia foram criadas pelo
pau-brasil, depois transportado s donatário, Duarte Coelho, as vilas
para Portugal. de Olinda e Igar(.lçu.
Foi América Vespúcio, que veio Quando os holandeses ocuparam
na segunda expedição explorado- Pernambuco transferiram a capi-
ra, de 1503, quem fundou, já· em tal, até e~tão em Olinda, para a
1504, a primeira feitoria na costa povoação e pórto do Recife, habi-
brasileira: a de Cabo Frio, onde tada por gente rude mas enrique-
ficaram vinte e quatro homens. cida no comércio. Depois da ex-
Nos anos seguintes outras feitorias pulsão dos invasores, a capital vol-
foram fundadas, principalme nte tou para Olinda mas Recife con-
no Nordeste, pois o pau-brasil era tinuou a prosperar e por isso foi
aí mais abundante e de melhor elevada à categoria de vila, o que
qualidade. provocou a inveja dos olindenses.
Com a criação das capitanias Essa foi a causa da Guerra dos
hereditárias foram fundadas vilas Mascates, pois mascates era o ape-
no Brasil. Apenas a primeira, a lido que os habitantes de Olinda
de São Vicente, tinha sido criada davam aos de Recife.
alguns anos antes, em 1532, por
Martim Afonso de Sousa. Quanto Outras vilas, criadas durante o
à povoação de São Paulo, teve ela século XVI, foram a de Pórto Se-
origem no colégio do mesmo no- guro, pelo donatário Pero do C:a:n-
me, criado, em 1554, pelo padre po Tourinho, e a . de Conce1çao,
José de Anchieta, no planalto de na capitania de Itamaracá.

93
Ao alto: "Uma junta em Pernambuco··.
(Sc•gundo dt>srnho dt" R uc: ENI>A!oõ).

Ao lado: Selvagens do interior de Goiás,


empregados no transporte de ouro.
(Conforme desenho de DEBRET).

94
b ) As primeiras cidades de do Brasil, a de São Sebastião
do Rio de Janeiro, entre os m.or-
A primeira cidade do Brasil foi ros Pão de Açúcar e Cara de Cão.
a do Salvador, fundada por Tomé O lugar, porém, por estar situa-
de Sousa, em 1549, na baia de do entre elevações, não permitia
Todos os Santos. Para construí-la o desenvolvimento da cidade e,
o governador-geral teve a ajuda por isso, em 1567, Mem de Sá
dos jesuítas, chefiados pelo padre resolveu transferi-la para o mor-
Manuel da Nóbrega; dos índios ro de São ]anuário, que também
de Diogo Alvares, o Caramuru, e se chamou do Castelo e foi de-
dos antigos colonos, que residiam pois demolido.
na pequena Vila do Pereim e ti-
nham vindo para o Brasil com o Até 1763 Salvador foi a capital
donatário Francisco Pereira Cou- do Brasil mas, nesse ano, o mi-
tinho. Foram logo construídas as nistro português Marquês de Pom-
primeiras casas, como a do Go- bal passou a sede da colônia para
vêrno e a do Colégio dos Jesuítas. o Rio de Janeiro. A atual capital,
Também foram levantadas as for- Brasília, foi inaugurada a 21 de
tificações para a defesa da cidade / abril de 1960, durante o govêrno
contra o ataque dos índios e dos chek. do presidente Juscelino Kubits-
estrangeiros.
Ainda no govêrno de Tomé de A última cidade fundada no
Sousa, o papa, ao nomear o pri- Brasil, no· primeiro século da co-
lonização, chamou-se Filipéia de
meiro bispo para servir no Bra-
sil, escreveu no decreto ou bula, N assa Senhora das Neves, mai,s
tarde Paraíba, e atualmente João
em lugar de Salvador, o nome São
Pessoa. Seu fundador foi Frutuo-
Salvador. Por isso até hoje a ca-
so Barbosa, empenhado na con-
pital da Bahia é conhecida pelos
dois modos. quista da região dominada pelos
potiguares. :E:sses índios eram
A 1. 0 de março de 1565 Está- amigos dos franceses e do chefe
cio de Sá fundou a segunda cida-· tabafara, o bravo Pirafibe.

96
RESUMO
Povoados, vilas e cidades
a ) Feitorias e vilas

A primeira feitoria: fundada por Américo Vespúcio em Cabo Frio ( 1504) ·


A primeira vila: São Vicente, fundada por Martim Monso ( 1532).
A fundação da vila de Santos: por Brás Cubas ( 1546).
As vilas fundadas por Duarte Coelho: Olinda e Igaraçu.
Rivalidade entre Recife e Olinda: Guerra dos Mascates. ·
Outras vilas do século XVI: Pôrto Seguro ( na cap1't ama
· do mesmo nnme)
v e
Conceição (na capitania de Itamaracá).

b ) As primeiras cidades
A primeira cidade: fundada por Tomé de Sousa ( 1~49 ~ · .
O ~me São Salvador: êrro na bula que nomeou o pnme1ro b1spo. ,
A segunda cidade: fundada por Estácio de Sá, entre ~s mobos -~ão dde ;çucdr
e Cara de Cão · ( 1,0 de março de 1565), chamada Sao Se astJao o 10 e
Janeiro. . · . (. ·' 20 d b iJ
As capitais do Brasil: Salvador até 1763, Rio de_ Jane1ro ate e a r
de 1960) e Brasília. .
A última cidade fundada no sécu·lo XVI: Filipéia de Nossa Senhora das Neves
( atualmente João Pessoa) fundada por Frutuoso Barbosa.

- QUESTIONARIO
1) Que era a feitoria ? . . ?
2) Que sabe sôbre a primeira feitona fundad~ no Bras1l ·
3) Onde foi fundada a primeira vila do Brasil ?
4) Qual a origem da primeira cidade de São Paulo ?
5) Quem foi Brás Cubas ?
6) Que era a Nova Lusitânia?
· ·7 ) Quais as vilas fundadas por Duarte Coelho ?
8) Que foi a Guerra dos Mascates ?
9) Onde ficava a vila de Conceição ?
10) Como foi fundada a primeira cidade do Brasil? ·-
11) Que sabe sôbre a fundação da cida d e d e S-ao Seb as t1ao do Rio de Janeiro?
12) Quem foi o Marquês de Pombal ?
13) Que houve a 21 de abril de 1960?
14 ) Qual foi a última cidade fun d a d a no pnme1ro
· · se'culo da colonização?
15) Quem foi Frutuoso Barbosa?
tl) .\ OBHA DOS JESVITAS

a) A catequese
os padres organizavam festas, pro-
Foram importantes os serviços cissões e até representações tea-
prestados · ao Brasil pela C ompa- trais.
nhia de Jesus, fundada pelo es- No govêrno de Mem de Sá fun-
panhol Inácio de Loyola . . Além daram-se as primeiras aldeia~ ou
do trabalho da catequese, os je- - -missões de índios convertidos.
suítas defenderam os índios con- Essas missões foram numerosas,
tra os colonos que queriam escra- principalmente no Norte, onde os
vizá-los, fundaram escolas e foram jesuítas aproveitaram o curso do
quase os únicos professôres em · Amazonas e seus afluentes .e in-
todo o período colonial. ternaram-se pelo sertão à procura
das -tribos jndígenas. No século
Os primeiros jesuítas que vie-
XVII, somente no Maranhão, ha-
ram ao Brasil, chefiados pelo pa-
via, dirigidos pelo padre Antônio
dre Manuel da Nóbrega, desem-
Vieira, vinte e nove aldeamentos.
barcaram na Bahia com o gover-
nador-geral Tomé de Sousa . . Na· Os bandeirantes, quando perse:
cidade do Salvador, que ajudaram guiam os índios para escravizá-los,
a fundar, estabeleceram o primei- preferiam atacár as aldeias jesuí- ·
ro colégio, o dos Meninos de Je- ticas, onde os naturais, orientados
sus. Pouco depois, o padre Leo- pelos padres, adquiriam hábitos de
nardo Nunes fundou outro em São trabalho e até aprendiam ofícios
Vicente; o de São Paulo, origem mecânicos. Por isso alcançavam,
da cidade do mesmo nome, foi como escravos, preço maior que
inaugurado em 1554.
os selvagens apanhados no meio
Na obra da catequese os jesuí- das matas.
tas compreenderam quanto era di-
Melhor organizados que os do
fícil ensinar os adultos, pois êstes
Brasil foram os aldeamentos fun-
já haviam adquirido hábitos que
dados pelos jesuítas espanhóis nos
não queriam mais abandonar, co-
vales do Paraná, Paraguai e Uru-
mo o da antropofagia. Por isso
voltaram sua atenção para os pe- guai. Nessas aldeias as ruas cor-
quenos índios, os curumins, e, para tavam-se em ângulo reto, as casas
que o ensino fôsse mais agradável, eram muito bem feitas, cobertas
de telha e com varandas. A terra
98 Ruínas de uma Igreia dos Jesuítas em São Miguel, Rio Grande do
era dividida em lotes e distribuí-
da pelas famílias dos índios. Cul-
tivavam mate, algodão e outros
produtos que os jesu.ítas vendiam
para aquisição de roupas e ferra~
mentas. Atacadas pelos bandei-
rantes paulistas, essas regiões fo-
ram depois incorporadas ao Bra-
sil, quando Espanha e Portugal re-
solveram considerar nulo o meri-
diano de Tordesilhas.

h) Nóbrega e Anchieta
O padre Manuel da Nóbrega es-
tudou na Universidade de Coim-
bra e era muito admirado pela
Sede da Missão Jesuítica Espanhola,
sua grande cultura. Chegando à
Bahia em 1549, cuidou imediata-
na Califórnia. ment~ da .fundação do Colégio dos
Meninos de Jesus. Foi êle quem
aconselhou ao rei D. João III a
vinda de um bispo para o Brasil,
pois ·com a sua autoridade seria
mantida a ordem, ameaçada pelo
abuso dos colonos:
Em 1553, Nóbrega foi nomeado
provincial ou chefe da Província
do Brasil, pois os jesuítas haviam
dividido em províncias as regiões
do mundo onde exerciam suas
atividades. O padre Manuet da
Nóbrega morreu no Rio de Ja-
neiro, onde passou os ·três últimos·
anos de sua vida.
José de Anchieta era espanhol,
nasceu nas ilhas Canárias e veio
ainda muito jovem para o Brasil
100
com o governador D. Duarte da ceses do Rio de Janeiro e teve
Costa. Escreveu a primeira gra- importante papel na pacificação
mática da língua tupi, destinada a dos tamoios que se haviam revol-
facilitar aos padres que viessem . tado contra os portuguêses.
da Europa o ccnhecimento do
idioma dos índios. No planalto de Nomeado provincial do Brasil,
Piratininga, Anchieta fundou o co- Anchieta exerceu êsse cargo du-
légio que deu origem à cidade de rante sete anos. Morreu no Espí-
São Paulo ( 1554). No govêrno de rito Santo, em 1597, cercado pelos
Mem de Sá, juntamente com Nó- índios que o estimavam como a
brega, ajudou a expulsar os fran- um pai.

RESUMO

A obra dos jesuítas


a) A catequese
Fundador da Companhia de ]es-us: o espanhol Santo Inácio de Loyola.
Os primeims colégios: o dos Meninos de Jesus, na Bahia, o de São Vicente
e o de São Paulo.
Fundação das primeiras aldeias ou missões: no govêrno de Mem de Sá.
As aldeias dos padres espanhóis: atacadas pelos bandeirantes.
b) Nóbrega e Anchieta
A província do Brasil: Nóbrega, o primeiro provincial.
A primeira gramática da língua tupi: escrita por José de Anchieta.
Obra de Anchieta e Nóbrega: pacificação dos tamoios.
Morte de Anchieta: em 1597, no Espírito Santo.

QUESTIONARIO
1 ) . Quem foi Inácio de Loyola ?
2 ) Como se chamou o colégio que os jesuítas fundaram na Bahia ?
3) Quem foi Leonardo Nunes ? .
4) Que eram os curumins ?
5) Quem foi o padre Antônio Vieira?
6) Por que os bandeirantes atàcavam as aldeias jesuíticas?
7 ) Como eram os aldeamentos dos jesuítas espanhóis ? .

101
Fachada da Igreja de Congonhas 'ao Campo, MG, d
ven o-se as P-sculturas
do "ALEIJADINHO".
102
8) Onde os jesuítas espanhóis fundaram .os seus aldeamentos ?
9) Quem foi o primeiro provincial do Brasil ?
10) Com que· governador veio ao Brasil o padre Manuel da Nóbrega ?
Ü) Onde morreu o padre Manuel da Nóbrega?
12) Quem é o autor da primeira gramática da língua tupi ?
13) . Com que governador veio .ao Brasil o· padre José de Anchieta?·
14) Que foi a pacificação dos tamoios?
15 )- Onde morreu José de Anchieta ?

LEITURA

As missões
Os jesuítas, dominicanos e franciscanos tiveram a seu cargo as missões, que
alcançaram um progresso apreciável; a vida tranqüiÍa que nelas 'decorria atraiu
.
milhares de índios que fugiam das propriedades, onde eram explorados como
. t .
escravos,
Em meio da selva, à margem de um rio ou na encosta de um monte, fundava-se
a missão, aldeia de choças com uma ou outra casa de pedra; no centro ficava
a praça pública e, nela, a igreja e o colégio, Rodeavam o povoado as lavouras
e pomares dos índios, sempre bem cuidados, pois, de . suas colheitas, 'se alimen-
tavam as famílias da missão.
O trabalho era lei para todos.
Nas missões jesuíticas cultivavam-se cana-de-açúcar, . milho, mandioca e algodão.
Uma parte dêsses produtos destinava-se ao consumo local e o. resto era trocado
por artigos manufaturados provenientes da metrópole.
Os índios levantavam-se muito cedo e rezavam; em seguida se dirigiam para
as plantações; o término ae trabalho e a hora das refeiçqes eram indicados por
toques de campainha. Ao pôr do sol, depois do ·jantar, que terminava • com
orações, cada família .se recolhia à sua choça .
.Nas missões, além da leitura, escrita e cálculo, ~risinavam-se ·ofícios de carpin-
teiro, ferrejro e tecelão; também eram cultivadas certas artes, como a pintura e
·a escultura em madeira ou pedra.
e
As missões mais notáveis . pela organização · progresso que alcançaram foram
as do Paraguai, Texas e Califórnia.

(JosÉ R. MILLÁN: Compi!ndio .de História Americana)

103
12) RIQUEZAS DO BRASIL CO
LO NIA L

a) O pau-brasil Para a exploração do pau-brasil


·cha ma- se ciclo do pau-brasil o o rei D. Manuel havia assinado um
l)eríodo em que essa madeira foi contrato com cristãos-novos, riome
a principal riqu eza explorada na dad o aos judeus convertidos ao ca-
· tolicismo. Tam bém o contrab
colônia. Mais tard e, com o esta an-
- do era freqüente, feito principa
belecimento da agricultura, inicia- l-
men te pelos franceses. Par a com
ram-se a .lavoura da cana e a cons- -
. trução dos engenhos. Com essa batê-1o, D. João III Organizou
expedições, com canhões e solda-
nova riqueza, o ciçlo do açúcar
dos, como a que veio ao· Brasil,
substituiu o do pau-brà.sil.
em 1526, sob o comando de Cris
O paU-brasil tinh a por Útilida- tóvã o ]aques. For am as -
expedi-
de principal tingir panos mas
o ções chamadas guarda-costas.
empregavam tam bém como ma-
deira de construção e no fabrico
de móveis. Os índios, que conhe-
h ) A agricultura
ciam suas propriedades corantes O principal pro duto
,
deram-lhe o nome de ílfirapitanga, colônia foi a cana-de agrícola da
-açúcar. Ori-
pala vra de origem tup i que signi- ginária da Ásia, foi
cult
fica mad eira vermelha. Dur ante ilha da Madeira por ord ivada na
em
o período colonial tiveram os sel- fante D. Hen riqu e. Não do In-
se sab e
vagens imp orta nte pap el na explo- em que ano a introduziram
no Br~­
ração dessa árvore. Cabia-lhes
o sil. Sabe-se, contudo, ter sido
trabalho da der rub ada , do corte
e plan tada em São Vicente por Mar- .
do tran spo rte dos toros que eram tim Afonso de Sousa que, em 153
3,
depositados nas feitorias ~ depois associado a negociantes estrangei-
embarcados pai:a a Europa. ros, iniciou a contrução de um en-
O pau-brasil era. enc ontr ado nas genho.
matas costeiras, des de o Cab o Frio Foi, porém, em Pernambuco,
ao Rio Gra nde do Norte. Por isso ond e encontrou solo favorável, o
,
em alguns mapas do século XVI, massapê, que a lavoura canavieira
essa par te do litoral brasileiro apa tomou gra nde desenvolvim
- senhor de eng enh o, pass ento. O
rece com o n.ome de costa do pau ou· a ser
.· brasil.· - considerado como um
· nóbre, vi-
:vendo em gra nde luxo, respeitado
104
e obedecidc pelos escravos e co-
lonos que residiam em seus do-
mínios.
Das plantas indígenas a:J1 rin-
cipais eram o mil~o e a ma . wca
Da mandioca faztam os tupts uma.
farinha que · se tornou de uso co-
mum na alimentação do povo bra-
sileiro.

Out ra plan ta ind ígen a era o


Paisagem amazônica.
fum o chamado pelos colonos erva
- (Des enho de PERC Y LAu ).
santd. Seu uso era proibido '~os
cristãos e o donatário do Esp mto
Santo, Vasco Fernandes Cou tinh o,
foi publicamente censurado pelo
bispo D. Pero Fernand,es por ter
0 vício de fumar. Os mdws, po-
rém, fum ava m sob a forma de ca-
chim bo ou charuto e essas d~a
s
modalidades do vício, acresctd
a
depois pela do cigarro, acabaram
por triunfar no mun do todo .

105
Também o algorf,ão é planta ·in- cnaçao destinava-se a fornecer
dígena importante; pois deu ori- animais . para o transporte, mover
gem a um ativo comércio e, ainda engenhos e · produzir alimentos,
.hoje, é uma das grandes riquezas como leite, manteiga e carne de
do Brasil.
que precisavam colonos e escravos.
Mas o arame farpado, para as
c) A criação de gado cêrcas, vinha de Portugal em poú-
ca quantidade pe modo que essa
Enquanto a lavoura da cana-de- foi uma das causas do afastamen-
açúcar se desenvolveu junto à cos- to das fazendas de gado para o
ta, a criação de gado foi ativida- interior. pois de .outra forma os
de que se propagou para o inte- animais destruiriam as plantações.
rior. Entretanto, as primeiras fa- Foi Tomé de ·sousa quem man-
z~n?as ou currais ficpram nás pro- dou vir das ilhas de Cabo Verde
ximidades dos engenhos, pois o as primeiras cabeças de gado que
gado foi introduzido no Brasil para chegaram ao Brasil. Pouco depois
auxiliar na produção ~ açúcar. A as fazendas estendiam-se até o São

106
Francisco, ocupando o território mas fazendas, ainda de Sergipe,
que é atualmente Sergipe. tomaram o rumo de oeste, atingi-
Do rio São Francisco, em Ser- ram os rios Tocantins e Araguaia,
gipe, as fazendas ?e
~ado qu~ povoando os sertões de · Mato
Grosso e Goiás.
avançaram para o mtenor segm-
ram três direções: umas subiram No Sul da colônia foram os je-
o próprio rio e atingiram as suas suítas os introdutores do gado:
nascentes, no sertão de Minas Ge- formaram-se fazendas nos campos
rais, onde se encontraram com dos atuais Estados do Paraná, San-
criadores e bandeirantes que vi- ta Catarina e Rio Grande do Sul.
nham da capitania de São Vicen- Além da carne e do leite, o gado
te; outras, também partindo de fornecia o couro que, ou era ex-
Sergipe, atravessaram o rio São portado ou tinha, mesmo na colô .
Francisco e avançaram para o nor- nia, muitas aplicações. Houve até
te, povoando os atuais Estados do a época do couro: matava-se o ga-
Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba do, jogava-se a carne fora e apro-
e Rio Grande; finalmente, algu- veitava-se apenas o couro com que
se fazia quase tudo: cordas, rou-
pas, calçados e até portas e jane-
las das casas do interior.

d ) As indústrias e as minas
Logo depois do descobrimento,
iniciou-se a indústria extrativa:
consistia na exploração dos pro-
dutos indígenas, principalmente
pau-brasil. Mais tarde, com a co-
lonização, o desenvolvimento da
agricultura provocou o apareci-
mento da indústria açucareira.
Outra indústria, com algum desen-
volvimento na colônia, foi a do
couro e lacticínios.
No Brasil fabricavam-se quase
todos os artigos comuns, como cal-
çados e tecidos, mas a sua pr~­
Va queiro caboclo do Maraió .
dução era pequena, pois se destl-

107
Gaúchos e os pampas no Rio Grande do Sul.
nava geralmente <~o consumo local: fabrico de instrumentos para :1
em cada engenho havia pessoas agricultura e .ferraduras para ani-
habilitadas em todos os ofícios, mais.
para produzir o que fôsse neces-
sário, evitando-se a sua compra Foi o príncipe D. João, quando
. nas cidades. estêve no Brasil, quem fêz a lei,
Muitas vêzes o govêrno mandou que deu liberdade a tôdas as in-
dústrias.
fechar certas indústrias ou limitou
a sua produção porque havia em O descobrimento de ouro em
Portugal industriais que fabrica- Minas Gerais provocou o rápido
vam artigos semelhantes e que- povoamento dessa região, surgindo
riam vendê-los para o Brasil. Foi núcleos, que deram origêm a mui-
o gue aconteceu com as fábricas tas cidades, como Caeté e Vila
Rica, atualmente Ouro Prêto. Tam-
de tecidos, pois uma lei estabele-
bém foi descoberto ouro em Mato
ceu que elas só poderiam fazer
G~osso, Goiás e Bahia.
panos grossos para sacos e roupas
de escravos. Também a siderur- O metal era procurado entre os
gia ou indústria elo ferro chegou cascalhos, nos leitos dos rios, uti-
a ser proibida durante o período lizando-se a bateia, espécie de pe-
colonial, ainda que fôss e de gran- neira de origem africana. Também
de utilidade, pois se destinava ao foi encontrado ouro nas rochas
-mas a sua exploração já é mais
108
Carro de bois.

difícil, pois, para a~ornpa nhar o Das riquezas min erais e~plora­
filão ou veio pelo interior da terra, das, a quinta par~e era ?evida ao
é necessário abrir galerias e poços. reino como imposto: tinha, ~or
Ainda em Minas descobriram- isso, o nome de quinto. ~sse Im-
se os primeiros diamantes. A ~tual pôsto deu a Portugal tão grande
cidade de Diamantina teve ongem renda que D. João V pôde com
no Arraial de Tijuco, onde essas êle construir obras de grande luxo,
pedras foram encontradas. como o famoso convento ele Mafra .

RESU M O

Riquezas do Brasil colonial


a) O pau-bras i] d • ·
Utilidades do pau-brasil: tingir panos, c.:onstwç~o
. . .c ~ fabrico
d d eNorte
move1s.
r - d Jau-brasil: do Cab o Frio ao RIO ran e o . I
Loca lWÇIW doo pau-brastl
Exploração ! . 1o d e D . Manuel: arrendamento do Brasi
. no remac

aos cristãos-no~os. .
0 pau-brastl no rema c1o c1e D · João III: contrabando feito pelos franceses.

b) A agricultura ilha da Madeira pelo Infante


A cana-de-açúcar na Europa: plantada na

D. O
Henriq ue.
massapé: terra própria para o .cultivo da cana-de-açúcar em Pernambuco.
As plantas indígenas: mi Ih o, man d 10 ca ' fumo e algodão.

109
-.
I
c) A criação de gado

O gado nos engenhos: transportar, mover engenhos e produzir alimentos.


Primeiras cabeças de gado introduzidas no Brasil: durante o govêrno de
Tomé de Sousa.
As ramificações das fazendas de gado no rio São Fra11cisco: sobem o rio,
dirigem-se para o Norte ou para o Oeste.
O gado no Sul: introduzido pelos jesuítas.
A época do couro: emprêgo do <·ouro em diversas utilidades.

d) As indústrias e as minas ·

A indústria extrativa: pau-brasil.


Outras indústrias: açucareira, de couro e lacticínios.
Ação da metrópole: fechamento ou restrições a certas indústrias.
A siderurgia colonial: instrumentos para a agricultura e ferraduras para animais.
Exploração do ouro: nos cascalhos e nos filões.
Cidades que surgiram com a exploração de riquezas minerais: Ouro Prêto,
Caeté e Diamantina.

QUESTIONARIO
1) Quais eram as utilidades do pau-brasil ?
2) Que é costa do pau-brasil?
3) Que eram os cristãos-novos ?
4) Que é massapê ?
5) Quais são as plantas indígenas do Brasil ?
6) Que era a erva-santa ?
7) Que utilidade tinha o gado nos engenhos ?
8) Por que o gado .se afastou dos engenhos ?
9) Que papel teve o São Francisco na criação do gado ?
10) Quem introduziu o gado no Sul do Brasil?
11 ) Que foi a época do couro ?
12) Por que não havia na colônia liberdade industrial?
13) Quais são os tipos de exploração do ouro ?
14) Quais as cidades do Brasil que surgiram com a e~ação ele riquezas
minerais?
15) Que era o quinto?.

di~~--
I .<\ssinatura de Pera Vaz de Caminha.
I
I 110

I!
I!'
l
EXERC1CIOS
Sôbre a Uni d ad e III . (A Colonização _)
1 ) As capitanias hereditárias

a) Assinalar o nome certo: ' • bas Gonçalo Monteiro e João Ramalho) .


1) Fundou a vila de Santos (Bras ~ : d E ' ito Santo Pôrto Seguro e
2) . Chamou-se Nova Lusitânia ( Capttama o sptr ,
Pernambuco)· . . da Rainha ( Pôrto Seguro, Ilhéus e São Tom~)·
3) Capitania onde ficava a vila .. ( B h' Pernambuco e Itamaraca).
b · 0 atual Sergtpe a Ia,
4) Capitania que a rangia ( , r pescado e pau-brasil). ·
5) Era monopólio da Coroa 0 açuca • . .
b) Dar o donatário correspondente a cada capitan;a:
1) Nova Lusitânia ( )
2) Itamaracá ( )
3) Ceuá ( )
4) São Tomé ( )
5) Espírito Santo ( )
6) Pôrto Seguro ( )
7) Bahia ( )
8) Ilhéus ( )
9) Santo Amaro ( )
10) São Vicente (

2) o govêmo-geral
a) Completar as lacunas: .d I ............ .
1) No -govêmo de Tomé de Sousa foi nomeado ouvi or-gera
e capitão-mor da Costa · · · · · · · · · · · : d T é d Sousa, era ...... · ·
2) O provedor-mor da Fazend~, n? governo e om e
e tambéw donatário da ca_p1tama · · · · · · · · · • · ·. e foi
3) O bispo D. Fero ~ernandes embarcou no naviO . ....... . ... .... .
devorado pelos indios · · · · · · · ·. · · · · . na aldeia de
4) O .poema à Virgem Maria fm escnto por ............ , .
......... ... d Sá orreu combatendo os indios foi ......... .
5) eO 0fj.lhobrinh~e
so o, que efundo~ea ~idade de São Sebastião do Rio de Janeiro,
Mem
chamava-se . · · · · · · · · · · ·
b) Dar o nome do governador-geral! quando ocorreram os seguintes acon-
tecimentos:
1 ) Fundação da cidad~ de_ São Sebastião do Rio de Janeiro
2 ) Criação do primeiro b1spado

111
I
li
3) Passagem do Brasil p~ra o domínio espanhol
4) Fundação do colégio de São Paulo
5) Morte de D. João III
6) Fundação da cidade do Salvador
7) Ocupação do Rio de Janeiro por Villegagnon
8) Introdução· do gado no Brasil
9) Chegada do príncipe D. João ao Brasil
i O) Pacificação dos tamoios
c) Dar a significação dos seguintes vocábulos •
1) Sesmarias
2) Quarenta Mártires do Brasil
3) Uruçu-Mirim
4) Restauração
5) Nossa Senhora da Ajuda
6) Cunham bebe
7) Paranapecu
8) Missões
9) Iperoig
10) Serigipe

3 ) Povoados, vilas e cidades


Completar as lacunas:
}.) A primeira ·feitoria fundada no Brasil foi a .............. e seu "fundador
chamava-se ............. .
2) A primeira vila do Brasil chamou-se . . . . . . . . . . . . . . e foi fundada no
ano de ............. .
3) A vila de Santos, fundada por .............. , teve a aprovação do ..
governador . . . . . . . . . . . • . . ·
4) A primeira capital de Pernambuco . . . . . . . . . . . . . . foi fundada pelo
donatário ..... ·.. . .. . ... ·
5) Salvador foi capital do Brasil até o ano de . . . . . . . . . . . . . . e o Rio de
Janeiro até o ano de ............. .
6) Fili!féia de Nossa Senhora das Neves, atualmente ..... . ... : . ... , foi
fun ada por . . .... . ...... .

4) A obra dos jesuítas


Dar o nome do padre jesuíta:
1) Fundou o colégio dos Meninos de Jesus ( ·
2) Dirigiu as aldeias indígenas do Maranhão (

114

...
3) Fundou o colégio de São Vicente
4) Primeiro provincial do Brasil
5) Morreu em 1597 no Espírito Santo

.'5) Riquezas do Brasil colonial


a) Dar o sentido das seguintes palavras ou expressões :
1) Ibirapitanga (
2) Costa do pau-brasil (
3) Massapê (
4) Erva-santa (
5) Quinto (

b) Completar as lacunas:
1 ) Os judeus convertidos ao catolicismo ou ....... · . · · · · · assina~am com
0 rei . . . . . . . . . . . . . . um contrato para a exploração do pau-brasJI.
2) 0 donaÜrio .............. , acusado do vício de fumar, foi censurado
pelo bispo ............. .
3) Quem mandou plantar cana na ilh~ da . Madeira. foi · · · · · · · · · · · · · · e
quem a trouxe para a capitania de Sao VIcente fo1 · · · · ·_· · · · · · · · ·
4) V1.la R.tca, atu aJ. . ........... , .surgiu com a exploraçao ........... .,
5) 0 antigo nome de Diamantina era ....... _. . . . . . . . ~ o impôs to pago a
Coroa pela exploração de riquezas mmera1s chamava-se · · · · · · · · · · · · · ·

c -------
-----·-----·-

A88inatura de D, João III.

.115

...
41 A EXPANSAO GEOGRAFICA

As regiões setentrionais
As entradas e as bandeiras
Os tratados de limites

13) AS REG IOE S SET ENT RIO NAI


S

a) As primeiras conquistas Jmm1gos dos portuguêses e torna-


vam perigosos os caminhos. Essa
O povoamento do Brasil foi ini- região, atua lme nte o Esta do de
ciado com a fund ação de feito- Sergipe, foi conq uist ada por Cris-
rias; depois, Martim Afonso criou, tóvão de Barros, filho de Antônio
em 1532, a primeira vila, a de São Cardoso de Barros, o donatáTio do
Vice nte, e Tomé de Sousa, a pri- Cea rá que fôra morto e devorado
mei ra cidade, a do Salvador pelos selvagens, junt ame nte com
(1549). Mas, como a costa era o primeiro bispo do Brasil. Par-
muito extensa, os franceses esta- tindo da Bahia, Cristóvão de Bar-
beleciam-se nos lugares despovoa- ros venceu os índios de Sergipe e
dos e, aliando-se aos índios, explo- fundou a povoação de São Cris-
ravam o pau-brasil e outros pro- tóvão.
dutos da colônia. Essas regiões Tam bém da Bahia part iu a ex-
tiveram que ser conquistadas pe- pedição para a conquista da Pa-
los portuguêses. raíba. Os índios da Para íba eram
Entr e a Bahia e Pern amb uco as aliados dos franceses e obedeciam
comunicações não pod iam ser fei- a um chefe cham ado Pirajibe (Bra ~
tas por terra , porq ue os índios eram ço de Peix e ). ·
Indíge nas dn Bmsi.l
117
Em 1583, Frutuoso Barbosa, A conquista do Rió Grande do
ajudado pelos espanh6is, iniciou Norte tornou-se fácil porque acom-
contra os índios a luta que durou panhava a expedição ]erônimo de
vários anos e só terminou quando Albuquerque, que era, mameluco,
o chefe Pirajibe resolveu passar portm1to filho de branco com ín-
para c lado dos portuguêses. Na dio. Per ter sangue indígena, Je-
foz do rio Paraíba foi fundado o r6nimo de Albuquerque sabia lidar
Forte de São Filipe e, pouco aci- com os naturais e tornou-se amigo
ma, a cidade de Filipéia de Nossa do chefe do Rio Grande, o índio
Senhora das Neves, atualmente Poti (Camcrão).
João Pessoa, capital do Estado. A conquista do Ceará foi ten-
As outras regiões, Rio Grande tada duas vêzes por Pera Coelho ·
do Norte, Ceará e Maranhão, fo- de Sousa. Na segunda, ele teve
ram conquistadas por expedições que enfrentar terrível sêca e, en-
organizadas em Pernambuco. Do tre os muitos que morreram de
Maranhão, partiram os conquista- sêd,e, estava seu próprio filho.
dores do Pará. Mais tarde, dois padres foram a
essa região. Também não foram
bem sucedidos e um dêles, o Pa-
dre Francisco Pinto, morreu nas
b ) Conquista do Rio mãos dos índios.
Grande do Norte Depois de tantos sacrifícios, o
e Ceará Ceará foi finalmente conquistado,
em 1611, de um modo muito facil;
A Paraíba, dificilmente conquis- Martim Soares Moreno soube tor-
tada, estaria sempre em perigo, nar-se amigo do chefe indígena
enquanto não fôssem vencidos os ]acaúna. Foi êle o fundador do
índios e expulsos os franceses, es- forte que deu origem à cidade de
tabelecidos no território vizinho, o Fortaleza, capital _do Estado. .
do Rio Grande do Norte.
Para conquistar o Rio Grande
partiu de Pernambuco a expedição e) Mamnhão, Pa1'á
chefiada por Manuel de Masca.re- e Amazonas
nhas Homem. Nas terras conquis··
tadas foi fundado o forte dos Reis Em 1612, os franceses, que já
Magos, onde depois surgiu a po- haviam invadido o Rio de Janeiro
voação de Natal, origem da cida- no govêrno de D. Duarte da Cos-
de do mesmo nome. ta; ocuparam a ilha do Maranhão.

118
A CONQUISTA DO NORTE

Eram chefiados por Daniel de La


Touche, Senhor de La Ravardü}re,
o fundador do forte de São Luís,
origem da atual cidade dêsse
nome.
Foi indicado para expulsar ""os que ficasse decidido . quem deve-
franceses Jerônimo de Albuquer- ria dominar a região, se a França
que, o mameluco que já havia con- ou a Espanha.
quistado o Rio Grande do Norte. Em 1615, chegou ao Maranhão
Jerônimo de Albuquerque iniciou Alexandre de Moura com ordens
a campanha contra os franceses de continuar a guerra contra os
com a construção do forté de San- franceses. Expulsos os invasores,
ta Maria. Mas, depois de vários foi escolhido Jerônimo de Albu-
combates, os adversários concor- querque para governador da nova
daram em suspender a luta até capitania do Maranhão.

119
Quando estava no Maranhão, primeira vez, percorreu o seu cur-
scube Alexandre de Moura que so, em 1542, foi o espanhol Fran-
havia franceses, holandeses e in- cisco Orellana. :E:sse espanhol des-
glêses estabelecidos na foz do cia o rio, vindo do Peru, quando
Amazonas (Pará.), Para expulsá- pensou haver visto uma tribo de
los foi preparada uma expedição mulheres guerreiras. Como há.
de três navios. Seu comandante, uma lenda grega sôbre mulheres
Francisco Caldeira Castelo Bran~ guerreiras, chamadas amazonas,
co, fundou na baía de Guajará o foi êsse o nome escolhido para de-
forte de Presépio e a povoação nominar o grande rio.
que deu origem à cidade de Be- Em 1637, Pedro Teixeira fêz a
lém. Também nessa região foi viagem pelo Amazonas, mas em
constituída uma nova capitania, a sentido contrário ao seguido por
elo Grão-Pará. Orellana, pois, partindo da foz, al-
O descobridor da foz do rio cançou o Peru. Quando voltou,
Amazonas foi Vicente Pinzón, em Pedro Teixeira foi nomeado capi-
janeiro de 1500; mas, quem, pela tão-mor da capitania do Pará.

RESUMO

As regiões setentrionais
a) As primeiras conquistas
Conquista de Sergipe: por Cristóvão de Barros.
Conquista da Paraíba: ·por Frutuoso Barbosa . .
Origem da atual João Pessoa: cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves.

b) Conquista do Rio Grande do Norte e Ceará


Expedição pam a conquista do Rio Grande: chefiada por Manuel de Masca-
renhas Homem, com a participação do mameluco Jerônimo de Albuquerque.
Origem da cidade de Natal: forte dos Reis Magos.
Primeira tentativa de conquista do Ceará: por Pero Coelho de Sousa.
Segunda tentativa: pelo padre Francisco Pinto, morto pelos índios.
Conquista definitiva do C.eará ( 1611): aliança de Martim Soares Moreno com
o chefe indígena Jacaúna. .

120
c) Maranhão, Pará e Amazonas
Os france.~es rw Maranhão: chefiados por Daniel de La Touche, Senhor de
La Ravardiere, o fundador de São Luís.
Início da luta contra os frauceses: chefiada pelo mamelul'O Jerônimo de
Albuquen1ue.
Derrota dl::finitiva dos franceses: tropas chefiadas por Alexandre de Moura.
Origem da cidade de Belém: forte de Presépio fundado por Francisco Caldeira
Castelo Branco.
Descoberta da foz do rio Anwzonas: por Vicente Pinzón (janeiro de 1500).
O nome Ama;:;onas: dado por Francisco Orellana ( 1542).
A viagem de Pedro Teixeira ( 1637): partindo da foz até o Peru.

QUESTIONAR IO
l) Quem foi Cristóvão de Barros ?
2) Quem foi Pirajibe ?
3) Qual a origem da atual cidade de João Pessoa?
4) Quem foi Manuel de Mascarenhas Homem ?
5) Qual a origem da cidade de Natal?
6) Por que foi fácil a conquista do Rio Grande do Norte ?
7) Quem foi Pero Coelho de Sousa ?
8) Que aconteceu com o padre Francisco Pinto?
9) Qual a origem da cidade de São Luís ?
lO) Quem foi Alexandre de Moura?
11 ) Como foi fundada a cidade de Belém ?
12) Qual a origem do nome Amazonas ?
13) Quem descobriu a foz do rio Amazonas ?
14) Quem foi Pedro Teixeira?
I?>) Quando foi dcsl'oherta a foz tio rio Amazonas?

121
14) ENTRADAS E BANDEIRAS

a) Farmas de penetração tão do Piauí. A forma interessan-


te que o atual Estado do Piauí
Para o povoamento da costa bra- possui, mais larga no interior e
sileira concorreram a atividade mais estreita no litoral. resultou de
agrícola. principalmente a lavou- haver começado o povoamento
ra da cana-de-açúcar. a instalação dessa região pelo sul. com os cria-
de engenhos para a fabricação do dores do São Francisco.
açúcar. a exploração do pau-bra- Não há muita diferença entre
sil e a defesa da colônia contra os entrada e bandeira. Contudo as
estrangeiros. Quanto à penetra- entradas eram muitas ·vêzes o;ga-
ção para o interior a causa prin- nizadas pelo govêrno e nem sem-
cipal foi a procura de riquezas mi- pre iam · além do meridiano de
nerais (ouro e pedras preciosas) T ordesilhas; as bandeiras, geral-
ou a caça ao índio para escravizá- mente de particulares. não respei-
lo e vendê-lo no litoral. As expe- taram êsse meridiano e atingiram
dições feitas com êsse propósito terras que pertenciam. à Espanha.
tiveram o nome de entradas e ban- Além disso. as bandeiras partiam
deiraS; também houve expedições quase tôdas de São Paulo. aprovei-
organizadas pelos jesuítas e outros tando os rios, como o Tietê. que
padres missionários para a cate- correm para o interior. Por isso,
quese dos selvagens e fundação de até hoje, São Paulo é chamado
aldeias e missões. · Terra dos ]Jandeirantes.
Outra . forma de penetração im- O estudo das bandeiras é im-
portante foi a criação de gado. portante porque elas tornaram co-
Depois de ocuparem as terras de nhecido o sertão, descobriram ri-
Sergipe. onde alcançaram a mar- quezas minerais e concorreram
gem direita do São Francisco. as para aumentar o território para
fazendas de gado avançaram para além do meridiano de Tordesilhas.
o interior em várias direções. Al- Dêsse modo. ficaram sendo brasi-
guns criadores. como Domingos leiras terras que eram antes espa-
Jorge Velho. que também foi ban- nholas, como Mato Grosso e Rio
deirante. internaram-se pelo ser- Grande do Sul.

122
h ) Principais entradas
Foi Américo Vespúcio. pilôto
da expedição exploradora de 1503,
quem fêz a primeira entrada, pe-
netrando no sertão de Cabo Frio
com quarenta homens.
Martim Afonso. quando estêve
no Brasil, ordenou que fôssem fei-
tas duas entradas, com o propósi-
to de procurar ouro: uma no Rio
de Janeirc e outra em São Paulo.
A do Rio de Janeiro compunha-se
de apenas quatro homens e per-
correu cerca de duzentos e trinta
léguas. A segunda partiu de Ca-
nanéia, chefiada por Pero Lobo:
era formada por ojtenta homens e
não voltou mais, tendo sido pro-
vàvelmente atacada pelos índios
carijós.
Também Tomé de Sousa pro-
curou saber se no Brasil havia
ouro e por isso organizou uma en-
trada ao sertão baiano. A expe-
dição, chefiada por Francisco Bru-.
za Espinhosa. partiu já no govêrno
seguinte, de D. Duarte da Costa.
Muito importante foi a entrada
de António Dias Adórno, neto de
Caramuru, feita ao sertão baiano,
durante o govêrno de Luís de Bri-
to e Almeida. A· expedição. que
havia partido à procura de rique-
zas minerais, voltou com sete mil
índios escravizados.
Também na Bahia foi feita a
entrada de Gabriel Soares de Sou-
sa. português que havia escrito um Bandeirante Paulista.

123
ROTAS DAS PRINCIPAIS BANDEIRAS

--·-
----
Paulistas
Amazonenses
Baianas
•••••• Pernambucanas

••• Maranhenses

livro sôbre o Brasil. Essa entra- Segundo a tradição, Belchior Dias


da voltou, entretanto, em meio morreu sem revelar o seu segrêdo
do caminho porque Gabriel Soares porque o rei não lhe quis conce-
de Sousa morreu, vitimado por der títulos de nobreza. A verda-
impaludismo. de é que êle mostrou as minas
Das entradas que partiram de mas, quando foram examinar o
Sergipe, a mais notável foi a de material recolhido, verificaram que
Belchior Dias Moréia, outro neto não era prata: tratava-se de ma-
de Caramuru. Belchior afirmou lacacheta muito densa a ponto de
haver descoberto minas de prata ser confundida com o precioso me-
na Bahia, na serra de Itabaiana. tal. :E:sse episódio da História do

124
Brasil serviu de assunto para o Os alimentos, constituídos prin-
romance As Minas de Prata de cipalmente por farinha de man-
José de Alencar. clicca e carne-sêca, logo se acaba-
vam, consumidos por tanta gente.
Tinham então que recorrer a ro-
ças de milho, que faziam nos
c) As bandeiras acampamentos mais demorados, ou
à alimentação '()ferecida pela pró-
As duas finalidades das bandei- pria natureza: peixe, caça, palmi-
ras eram a caça ao índio e a pro- to e frutos silvestres.
cura de riquezas minerais. Mas A bandeira possuía, além do che-
também houve bandeirantes que fe, que os paulistas daquele tem-
as autoridades contratavam para po chamavam capitlio do arraial,
combater índios revoltados, como um capelão, isto é, um padre para
os cariris do Nordeste, ou agrupa- prestar assistênda religiosa c, se
mentos de negros fugidos, como a expedição era de caça ao índio,
o que se formou em Alagoas e se também um repartidor, pessoa que
chamou Quilombo ele Palmares. repartia entre os principais da
As bandeiras de caça ao índio, bandeira os índios aprisionados .
porque se destinavam à guerra no As primeiras reduções ou aldeias
interior, contra as tribos selvagens dcs jesuítas espanhóis, atacadas
ou contra as missões dos padres pelos bandeirantes, ficavam na re-
jesuítas, eram formadas de nume- gião do Guairá, isto é, na parte oc~­
rosa tropa, de que às vêzes faziam dental do atual Estado do Parana.
parte milhares de índios mansos, Depois dêsses ataques em que se
armados de arco e flecha. Tam- distinguiu o bandeirante Manuel
bém de algumas bandeiras parti- Prêto, conhecido pelo apelido de
cipavam escravos negros, que os "Herói do Guairá", os padres es-
paulistas chamavam tapanhuniJs. panhóis abandonaram essa região
Os bandeirantes, geralmente ma- e foram fundar outras reduções no
melucos, levavam, além de outras Uruguai (noroeste do Rio Gran-
armas, a escopeta, espécie de es- de do Sul), na região do Tape
pingarda curta, e a espada. Para (centro do Rio Grande do Sul) e
defender-se das flechas inimigas, no ltatim (sul do Mato Grosso).
vestiam-se com coletes de couro As aldeias dos jesuítas no Itatim
ou acolchoados ele algodão; alguns foram atacadas por Antônio Ra-
também se armavam de escudos pôso Tavares. :f:sse bandeirante,
redondos, conhecidos pelo nome que era portugues, fez uma longa
de rodelas. caminhada: subiu o rio Paraguai
até às suas nascentes e, através
de outros rios, atingiu o Amazo-
nas, chegando à foz, no Pará, de-
pois de três anos de jornada, en-
frentando índios, feras e febres.
Quando voltou à sua casa, em São ·
Paulo, estava tão magro e enve-

Bandeirantes devassando terras virgens.

lhecido que nem a própria famí-


lia o reconheceu. Espalhou-se de-
pois a lenda de que Rapôso Ta-
vares havia penetrado em territó-
rio do Peru, atravessado os Andes
e, havendo chegado ao Pacífico,
entrou na água com a espada em
punho, declarando que conquista-
va terras e mares para seu rei.

126
A mais importante das bandei- Foi êle quem estabeleceu comuni-
ras, que se dirigiu para Minas, foi cações entre essa região e o Rio
a de Fernão Dias Pais, a quem o de Janeiro.
rei deu o título de Governador Outras bandeiras descobriram
das Esmeraldas. O velho bandei- ouro em Mato Grosso e Goiás. As
rante, com mais de sessenta anos minas de Cuiabá foram descober-
de idade, partiu de São Paulo, em tas por Pascoal Moreira Cabral e
1674, à procura das famosas pe- as: de Goiás, por Bartolomeu Bue-
dras. Levava, em sua companhia, no ·da Silva, filho do bandeirante
o genro Borba Gato e o filho Gar- do mesmo nome, ambos apelida-
cia Rodrigues Pais. Depois de dos Anhangüera, palavra indígena
percorrer o sertão de Minas, du- que significa Diabo Velho. .
rante sete anos, enfrentando todos :l!:sse apelido Anhangüera teve
os perigos, Fernão Dias morreu origem num episódio interessante.
de impaludismo, junto ao rio das Conta-se que Bartolomeu Bueno
Velhas, com a certeza de haver da Silva, o pai, não conseguiu
descoberto esmeraldas. Entretan- convencer os índios a que lhes
to as pedras não passavam de tur- mostrassem onde iam buscar o
malinas sem valor.. ouro que traziam como adôrno;
Ao morrer, Fernão · Dias pediu ameaçou então pôr fogo às águas
ao filho, Garcia Rodrigues, para do rio e, para provar seu estra-
ser enterrado na vila de São Paulo. nho poder, incendiou o álcool que
Ninguém sabe até hoje como o trazia numa vasilha. Os índios, dês-
filho dedicado conseguiu embalsa- se modo iludidos, ficaram assom-
mar o corpo do pai, para depois brados e chamaram-no de Diabo
levá-lo pelos piores caminhos, atra- Velho (Anhangüera).
vés de mais de mil quilômetros, Com o descobrimento de rique-
até a vila, onde foi sepultado. zas minerais surgiram várias cida-
Ainda que não encontrasse as des do interior, como Cuiabá, em
esmeraldas, a bandeira de Fernão Mato Grosso, Caeté, Vila Rica,
Dias foi importante porque indi- atualmente Ouro Prêto, e Diaman-
cou o caminho para. outras expe- tina, em Minas Gerais. Esta últi-
dições que depois descobriram ma, Diamantina, era o antigo
ouro. Garcia Rodrigues fêz ainda Arraial do Tijuco, onde foram des-
duas expedições a Minas Gerais. cobertos diamantes.

127
RESUMO

Entradas e Bandeims
a) Formas de penetração
A conquista do litoral: atividade agrícola, instalação de engenhos, exploração
do pau-brasil e defesa do litoral.
Formas de penetração: entradas, bandeiras, missões religiosas e fazendas de gado.
Conseqüências das bandeiras: conhecimento do interior, descobrimento de
riquezas minerais e aumento do território nacional.

b) Principais entradas

A primeira entrada: de Américo Vespúcio, em Cabo Frio.


As entradas de Martim Afonso: no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Entrada organizada por Tomé de Sousa: de Francisco Bruza Espinhosa.
Entrada de Antônio Dias Adôrno: feita no govêrno de Luís ele Brito e
Almeida.
Entrada de Gabr.iel Soares de Sousa: feita na Bahia.
As minas de prata: entrada de Belchior Dias Moréia.

c) As bandeiras

Tipos de bandeiras: procura ele riquezas minerais, caça ao índio, guerra aos
índios revoltados ou negros fugidos.
Apetrechos dos bandeirantes: escopeta, espada, colête de couro nu acolchoado
de algodão, escudos.
Componentes da bandeira: chefe, capelão e repartidor.
As reduções atacadas: Guairá (Paraná), Uruguai (noroeste do Rio Grande
do Sul), Tape (centro do Rio Grande do Sul) e Itatim (sul de Mato Grosso).
Principais bandeirantes: Manuel Prêto (atacou o Guairá), Antônio Rapõsn
Tavares (atacou o Itatim), Fernão Dias Pais (explorou Minas Gerais), Pascoal
~lorcira Cabral (explorou ~lato Grosso) e Bartolomeu Bueno da Silva (explorou
(;,>iás) .
Cidades que surgiram da exploração de riquezas minerais: Caeté, Vila Ri<:a
(atual Onro Prêto) e Diamantina.

128
QUESTIONARIO
1) Quais as causas do povoamento da costa do . Brasil ?
2) Quais as causas da penetração para o interior ?
3) Quem foi Domingos Jorge Velho?
4) Que diferença se pode fazer entre entrada e bandeira ?
5) Que sabe sôbre as entradas de Martim Afonso?
6) Quem foi Francisco Bruza Espinhosa ?
7) Que sabe sôbre as minas ele prata?
8) Que levava o bandeirante quando partia para o sertão ?
9) Quais eram os principais elementos da bandeira ?
1O) Onde ficavam as principais reduções dos espanhóis atacadas pelos bandei-
rantes?
11 ) Quem foi Antônio Rapôso Tavares ?
12) Que sabe sôbre a bandeira de Fernão Dias Pais ?
13) Quem foi Pascoal Moreira Cabral?
14) Qual a origem do nome Anhangüera?
15) Quais as cidades de Minas Gerais que surgiram com a exploração de riquezas
minerais?

Assinaturas de Antônio Rapôso Tavares e Amador Bueno .

129
15) OS TRATADOS DE LIMITES

a) O aumento do território Tordesilhas: não pertenceriam ao


brasiléi1'0 território brasileiro os Estados do
Amazonas, Mato Grosso e Rio
Grande do Sul, quase todo o Pará
Pelo Tratado de Tordesilhas, e extensas regiões de Goiás, São
assinado a 7 de junho de 1494, Paulo, Paraná e Santa Catarina.
por Portugal e Espanha, os domí- Mas nem as bandeiras nem as
nios dessas duas nações seriam se-
parados por um meridiano que expedições dos padres que iam ao
passaria a 370 léguas a oeste das 1 int~rior catequizar os índios re~­
'lh d c b0 v d T'd pmtaram o que estava estabelecl-
1 as e a , er e. . . 0 as as 1 do no Tratado de Tordesilhas;
terras a leste desse mendmno per- !
tenceriam aos portuguêses e as 1 terras, que eram espanholas, fo-
que ficassem a oeste aos espa- ram ocupadas e percorridas por
uhóis. Assim, seis anos antes do expedições que partiam do Brasil.
descobrimento do Brasil, já a-pos- . Permitiu até, o govêrno português,
se dêsse país estava garantida para que colonos do sul do Brasil fun-
Portugal. dassem, em 1680, a Colônia do
Sacramento, à margem esquerda
O meridiano de Tordesilhas do Rio da Prata, em pleno territ
nunca foi demarcado. Também o tório espanhol, e onde fica hoje/ a
tratado não dizia qual a ilha do República Oriental do Urwguai . .
arquipélago do Cabo Verde que Por tudo isso eram necessários no-
deveria ser usada para começar a vos tratados para que fôssem sepa-
contagem das 370 léguas. Entre- rados na América do Sul os domí-
tanto, a opinião mais generaliza- nios de Espanha dos de Portugal.
da é que o meridiano de Torde-
silhas passava no território brasi- O primeiro tratado foi o de Lis-
leiro pelos l~gares onde depois fo- boa, Cle 1681: confirmou o direito
ram fundadas as cidades de Be- de Portugal sôbre a Colônia do
lém do Pará e Laguna, em Santa Sacramento, fundada no ano an-
Catarina. Nessas condições a su- terior.
perfície do Brasil seria três vêzes Em 1713, Portugal assinou com
menor que a atual se continuasse a França o Tratado de Utrecht,
a vigorar até hoje o Tratado de que estabelecia o rio Oiapoque ou

130
MERIDI.ANO DE TORDESILHAS
+ + Tratado de Madri
Tratado de Santo Ildefonso

LIMITES DO BRASIL, PELOS TRATADOS DE MADRI E DE SANTO ILDEFONSO


Vicente Pinzón como limite entre compensação, Portugal obteve os
o Brasil e a Guiana Francesa. Sete Povos elo Urttguai, fundados
Em 1715 outro tratado com o pelos padres espanhóis, a noroes-
nome de Utrecht foi assinado en- te do atual Estado do Rio Gran-
tre Portugal e Espanha: confir- de do Sul, mas que sofreram a
mou a posse portuguêsa da Colô- ocupação portuguesa com os ata-
nia do Sacramento, tantas vêzes ques dos bandeirantes.
atacada pelos colonos espanhóis Para a execuçáo de um tratado
que vinham de Buenos Aires, si- de limites, é indispensável a no:
tuada na outra margem do Rio da meação de clemarcaclores ou co-
Prata. missários: pessoas que 'vão à re-
Mas o tratado que deu ao Brasil gião fronteiriça verificar a posi-
a forma aproximada que possui ção dos acidentes geográficos, rios,
atualmente, foi o de Madrid, en- montanhas ou lagos, indicados
tre Portugal e Espanha ( 1750). para a separação das terras. No
de Madrid, Portugal nomeou para
demarcar as fronteiras do Sul a
b) O tratado de Madrid Gomes Freire de Andrada, gover-
e a expulsão dos nador do Rio de Janeiro e futuro
C onde ele Bobadela. O comissá-
jesuítas rio dos espanhóis, também para o
Sul, foi o Marquês de Val ele
Um brasileiro, Alexandre de Lírios.
Gusmão, conseguiu para Portug~l
as vantagens territoriais obtidas Os trabalhos de demarcação fo-
pelo tratado de Madrid. f:le de- raw logo iniciados mas não pude-
fendeu um princípio que, na lín- ram ser concluídos porque se re-
gua latina, se chama "uti possi- voltaram os índios guaranis, que
detis": a Espanha reconhecia o habitavam os Sete Povos do Uru-
domínio de Portugal nas extensas guai. ~sses índ.ios, aldeados pe-
terras alcançadas pela penetração los espanhóis, tinham sido ataca-
português a. dos pelos bandeirantes que haviam
No Sul o tratado de Madrid destruído as suas lavouras e ma-
entregava à Espanha a Colônia do tado muitos dos seus parentes: por
Sacramento, fundada pelos portu- isso não quiseram abandonar as
guêses mas colonizada pelos espa- suas terras para entregá-las a Por-
nhóis, depois que elementos vín- tugal.
dos de Buenos Aires fundaram Atacados pelos espanhóis e pelos
nessa região Montevidéu. Em portuguêses, os guaranis foram fà-

133
cilmente dominados. Gomes Frei- de um atentado contra a vida do
r~. porém, não quis tomar posse rei D. José I, pois os padres da
da região por falta de segurança: Companhia de Jesus foram acusa-
afirmava que os colonos poderiam dos por Pombal, ainda que sem
ser depois atacados pelos índios provas, de haverem participado
que se haviam internado nos dêsse crime.
matos. · Foram grandes os males que
Como não quis receber os Sete causou ao Brasil a expulsão . dos
Povos do Uruguai,. Gomes Freire jesuítas: a instrução foi muito· pre-
também não entregou aos espa- judicada, pois a colônia perdeu os
nhóis a Colônia do Sacramento. t:nicos professôres capazes que pos-
Os trabalhos de demarcação foram suía; também os índios, sem os
suspensos até que, em 1761, Es- seus protetores, passaram a ser ex-
panha e Portugal concordaram em plorados como escravos e, por isso,
anular o tratado de Madrid. Quan- abandonaram as aldeias e volta-
to ao Norte, os trabalhos de de- ram ao estado selvagem.
marcação nem sequer foram ini-
ciados ainda que houvessem sido
nomeados os demarcadores.
c) Tratado
Além de eç>ncorrer para a anu-
lação do tratado de Madrid, a re- de Santo lldefonso
volta dos guaranis teve um outro
resultado importante: o poderoso .Durante a Guerra . dos Sete
. ministro Marquês de Pombal, que Anos, na Europa, Portugal e Es-
governava o reino português, era panha combateram como inimigos.
inimigo dos jesuítas e, por isso, Na América também houve lu-
aproveitou a ocasião para acusar tas entre as colônias das duas na-
os padres de haverem aconselha- ções: os espanhóis ocuparam a
do acs índios aquela revolta; afír- Colônia do Sacramento, invadiram
nJava que eles queriam fundar na ·o território que é atualmente o
região dos Sete Povos um império, Rio Grande do Sul e a ilha de
independente de Espanha e Por- Santa Catarina. Entretanto, uma
tugal. ordem de Espanha obrigou-os a '
Com essas aznisações queria o abandonar essas conquistas. Pou-
Marquês de P-ombal obter moti- co depois, em outubro de 1777, os
vos para expulsar os jesuítas de dois países, Portugal e Espanha,
1
Portugal e suas colônias. Afinal, assinavam o tratado de Santo
a expulsão foi decretada, · depois Ildefonso.

134
I

OS DOIS CICLOS DAS BANDEIRA,.


Ao Norte, a região de riquezas
minerais percorrida pelos Ban-
deirantes paulistas. Ao Sul,
a regii1o do ciclo de caça
ao índio.

Diamantina •
Sabara e
Vila Rica e

O nôvo tratado admitia quase


tôdas as fronteiras estabelecidas
pelo de Madrid. Apenas no Sul
foram feitas modificações muito
favoráveis à Espanha: êsse país
passava a possuir, ao mesmo
tempo, as duas regiões, Colônia
do Sacramento e Sete Povos do
Uruguai.

135
RESUMO

Os tratados de limites
a) O aumento do território brasileiro
O Tratado de Tordesilhas ( 1494): meridiano a 370 léguas a oeste das ilhas
do ~abo Verde; as terras a leste, portuguêsas e a oeste, espanholas.
Tratado de Madrid ( 1681): posse por Portugal da Colônia do Sacramento.
Tratado de Utrecht, com a França ( 1713): rio Oiapoque ou Vicente Pinzón, 1)
como limite entre o Brasil e a Guiana Francesa.
Tratado de Utrecht, com a Espanha ( 1715): posse portuguesa da Colônia do
Sacramento.

b ) O tratado de Madrid e a expulsão aos jesuítas


As vantagens portuguêsas no Tratado de M_adríd: obtidas pelo brasileiro Ale-
xandre de Gusmão.
Os demarcadores do Sul: Gomes Freire de Andrada ~Portugal) e Marquês de
VAI de Lírios (Espanha) .
Suspensão dos trabalhos de demarcação: revolta dos guaranis .
Outra conseqüência do Tratado de Madrid: acusação feita pelo Marquês de
Pombal aos jesuítas de haverem. incitado os índios à revolta.
Males causados p~·la expulsão dos ;estiítas: prejuízos à instrução e ao trabalho
de proteção aos índios.
I
I c) Tratado de Santo Ildefonso
Ataques dos espanhóis ao Sul do IYrasil: invasão do Rio Grande do Sul e
ilha de Santa Catarina.
,[ Assinatura do Tratado de Santo Ildef~nso: outubro de 1777.
Vantagens para a Espanha no Sul: posse espanhola da Colônia do Sacra-
I mento e Sete Povos do Uruguai.

II
QUESTIONÁRIO
1) Quando foi assinado o Tratado de Tordesilhas?
2) Que estabelecia o Tratado de Tordesilhas ?
3) Como seria o Brasil se vigorasse até hoje o Tratado de Tordesilhas?
4) Onde ficava a Colônia do Sacramento ?
5) Que estabelecia o Tratado de Lisboa ?
6) Que outro nome tinha o rio Oiapoque ?
7) Que estabelecia o Tratado de Utrecht com a !"rança ?
8) Que estabelecia o Tratado de Utrecht com a Espanha?
I
!;
136
i
9 ) Como Alexanure ue Gusmão conseguiu vantagens territoriais para Portugal
com o Tratado de Madrid ?
10) Que estabelecia o Tratado de Madrid no Sul?
11) Que são demarca dores ?
12 ) Quais foram os demarca dores do Sul?
13) Por que foi interrompida a execução do Tratado de Madrid?
14 ) Por que foram expulsos os jesuítas de Portugal e suas colônias?
15) Que estabelecia o Tratado de Santo lldefonso ?
1)

EXERCíCIOS
Sôbre a Unidade ÍV (Expansão geográfica)
1) As regiões setentrionais

a) Numerar corretamente:
(1) Conquistou Sergipe Francisco Castelo Branco
(2) Forte dos Reis Magos Martim Soares Moreno
(3) Francisco Orellana Subiu o rio. Amazonas
(4) Morto pelos índios do Ceará Cristóvão de Barros
(5) lndio Poti Francisco Pinto
(6) Alexandre de Moura Origem de Natal
(7) Pedro Teixeira Desceu o rio Amazonas
(8) Conquistou o Pará Chefe indígena do Rio Grande
)
(9) Conquistou o Ceará Origem de Belém
(10) Forte de Presépio Conquistou o Maranhão

b) Assinalar o que estiver certo:


1) Fundou a povoação de São Cristóvão:
( Pero Coelho de Sousa, Cristóvão de Barros ou Frutuoso Barbosa)
2) Era mameluco:
(Alexandre de Moura, Francisco Pinto ou Jerônimo de Albuquerque)
3) Deu o nome Amazonas ao rio:
(Vicente Pinzón, Francisco Orellana ou Pedro Teixeira)
4) Conquistoú a Paraíba: .
(Frutuoso Barbosa, Francisco Pinto ou Cristóvão de Barros)
5) Ano em que Orellana desceu o rio Amazonas:
( 1542, 1615 Otl 1637)

137
Negros carregadores. No tempo da escravidão eram raros, nas cidades, os
carros puxados por animais: todos os transportes eram feitos pelos escravos.

2) Entradas e bandeiras

a) Dar o nome correspondente:


1) Fundou uma feitoria em Cabo Frio (
2) Chefe de entrada no govêrno de Luís de Brito •(
3) Julgou haver descoberto minas de prata (
4) Herói do Guairá (
5) O Governador das Esmeraldas (
6) Genro de Fernão Dias Pais (
7) Descobriu ouro em Mat() Grosso (
8) Teve o apelido de Anhangüera (
9) Filho de Fernão Dias Pais (
10) Bandeirante que crioú gado no Piauí (

h) Completar as lacunas:

1) A entrada, organizada por Martim Afonso, em Cananéia, foi chefiada por


. . . . . . . . . . . . . . e atacada pelos índios ............. .
2) A espingarda de cano curto, usada pelo bandeirante, tinha o nome de
. . . . . . . . . . . . . . e o escudo redondo chamava-se ............. .

138
3) Capitão do arraial era . . . . . . . . . . . . . e ao reparti~or cabia ....... · · · · · ·
4) A região do Tape ficava .......... . ... e o Itabm · · · · · · · · · · ·. · · ·
5) Vila Rica chama-se hoje .............. e o Arraial do Tijuco tem o
nome de .... : ........ .

3 ) Os tratado de limites'

a) Dar a significação das seguintes datas:


I) 7 de junho ·de 1494 ( )
2) 1715 ( )
3) 1681 ( )
( )
4) 1750
. )
5) Outubro de 1777 (

b) Assinalar com um x as frases certas:


( ) Os portuguêses fundaram a colônia. do Sacramento.
( ) Os portuguêses f_undaram M~ntevidéu. . .
( ) Alexandre de Gusmão teve atuação no Tratado de Madnd.
( ) O Tratado de Santo Ildefonso foi m~ vantajoso para a. Espanha que
o de Madrid. .
Também houve um Tratado de Utrecht entre Portugal· e a França.

Casa colonial
139
,.
I

SI A DEFESA DO TERRITÓRIO

Os franceses no Brasil
As invasões holandesas
O govêrno de Nassau e a campanha
de libertação

16) OS FRANCESES NO BRASIL

a) Os fmnceses ções guarda-costas, como a que foi


na costa do Brasil chefiada por Cristóvão Jaques, em
1526; mas, sendo a costa brasileira
Até a criação do governo-geral muito grande, os navios portugue-
os franceses era ' apenas contra- ses não podiam tomar conta dela
bandistas: procura\ am os trechos em tôda sua extensão. D. João 111
menos defendidos da costa brasi- compreendeu afinal que só havia
leira para a exploração de produ- um meio para afastar os contra-
tos da colônia, principalmente pau- bandistas: promover o povoamen-
brasil. Muito hábeis, sabiam con- to do Brasil. Com êsse propósito,
quistar a amizade dos índios que êle criou o regime das capitanias
os ajudavam nesse comércio e até hereditárias e, poucos anos depois ,
nas lutas contra os portuguêses. estabeleceu o govêrno-geral.
D . .João 111 tentou todos os Como, porém, não se pode, em
meios para impedir êsse contra- pouco tempo, povoar uma costa
bando: primeiramente protestou tão grande, como a do Brasil, os
junto ao rei de França mas não franceses continuaram, mesmo de-
foi atendido; organizou então, pa- pois da criação do govêrno-geral,
ra castigar os franceses, expedi- a freqüentar as regiões litorâneas

·holandesa atacando •a Bahia. 141


onde os portuguêses ainda não ha- seu lugar o sobrinho, Bois-le-Com-
viam chegado, como Sergipe, Pa- te, que viera da França com re-
raíba, Rio Grande do Norte, Cea- forços.
rá e Pará. O governador-geral D. Duarte
Em duas ocasiões, porém, os da Costa riada pôde fazer para a
franceses não se contentaram ape- expulsão dos franceses. Mas seu
nas em ser contrabandistas: quise- sucessor, Mem de Sá, iniciou a
ram fundar colônias no Rio de J a- luta contra os invasores, em 1560.
neiro e no Maranhão. Depois de destruir o forte de Co-
ligny, o governador voltou para a
Bahia sem fundar uma povoação
b) A França Antártica para a defesa do Rio de Janeiro.
Por isso os franceses, que se ha-
Durante as lutas na Europa, en- viam internado nas matas do lito-
tre católicos e protestantes, Nico- ral, voltaram a ocupar suas anti-
lau Durand de Villegagnon resol- gas posições.
veu fundar no Brasil uma colônia, Em 1565 chegou de Portugal
que se chamaria França Antárti- uma esquadra, sob o comando de
ca. Depois de obter para o seu Estácio de Sá, sobrinho do go-
plano o apoio do almirante Co- vernador, com a missão de expul-
ligny, um dos chefes do partido sar os invasores e colonizar o Rio
protestante na França, Villegagnon de Janeiro. Na capitania do Espí-
organizou pequena expedição que, rito Santo juntaram-se a essa ex-
em 1555, chegou ao Rio de Janeiro. pedição os índios T emiminós ou
I Na ilha que os índios chamavam Maracajás, chefiados pelo bravo
I Serigipe (atualmente Villegagnon) Araribóia, depois batizado com o
I foi construído o forte de Coligny. nome de Martím Afonso de Sousa.
No litoral pretendiam fundar a ci- Estácio de Sá fundou junto ao
dade de Henriville, que seria a morro do Pão de Açúcar a cidade
capital da nova colônia francesa. de São Sebastião e, durante dois
Villegagnon tratava bem os ín- anos, sustentou luta contra os fran-
dios e, por isso, conseguiu a ami- ceses. Em 1567, sabendo da difí-
zade e a aliança· dos tamoios. Era, cil situação em que se encontra-
porém, muito severo para seus vam as fôrças portuguêsas, Mem
companheiros, o que provocou até de Sá partiu imediatamente para
um levante, logo debelado com o Rio de Janeiro a fim de ajudar
energia. :l!:sses fatos muito desgos- o sobrinho.
tHram Villegagnon e êle resolveu A luta decisiva começou no dia
abandonar a colônia, deixando em de São Sebastião ( 20 de janeiro).

I
j
142
Houve dois combates importan- Luís, origem da cidade do mesmo
tes: o de Uruçu-Mirim, forte que nome, atual capital do Estado.
ficava na praia do Flamengo, e o Governava, nessa ocasião, a
de Paranapecu, nome que os ín- França a rainha Maria de Medi-
dios davam à ilha que depois se eis, mas como regente, porque o
chamou Governador. No combate seu filho, depois rei com o nome
de Paranapecu foi ferido por fle- de Luís XIII, era ainda uma crian-
cha Estácio de Sá, que morreu no ça. A rainha interessou-se tanto
mês seguinte (fevereiro de 1567). pela expedição que chegou a ofe-
O governador-geral trans~eriu a recer-lhe uma bandeira com a se-
cidade para um morro, que de- guinte inscrição: "Uma rnulher é
pois se denominou do Castelo, e chefe de tão grande emprêsá'.
entregou seu govêrno a. outro so_- Em 1614, com reforços coman-
brinho, Salvador Correta de Sa. dados por Diogo de Campos, Je-
rônimo de Albuquerque fundou
na praia, em frente à ilha do Ma-
c) Os franceses ranhão, o forte de Santa Maria.
La Ravardiere desembarcou com
no Maranhão suas fôrças no continente e ata-
Expulsos po Rio de Janeiro, em cou os portuguêses, mais foi der-
1567, continuaram os franceses a rotado.
percor,rer a costa do Bra~il. Es-_ Essa vitória sôbre os franceses
tiveram no N ardeste ( Serg1pe, Pa- foi considerada um verdadeiro mi-.
raíba, Rio Grande do Norte e lagre; pois as tropas portuguêsas,
Ceará), onde praticavam o con- em número muito menor, estavam
trabando dos produtos da terra, fatigadas de taptas marchas e não
ajudados pelos índios. Mas foi no tinham roupas nem alimentos. Por
Maranhão que quiseram fundar isso essa expedição teve o nome
outra colônia, como a do Rio de de I ornada Milagrosa.
Janeiro, dessa vez com o nome de Apesar de derrotado, La Ravar-
França Equinocial. diere não tinha ódio aos vencedo-
Chefiava a expedição de três .res: quando soube que entre êles
navios Daniel de la Touche, Se- havia muitos feridos, mandou seu
nhor de la Ravardiere, que partiu médico socorrê-los e enviou-lhes
da França em 1612, trazendo, além medicamentos.
de outros nobres, quatro frades pa- Entre os dois chefes, la Ravar-
ra catequizar os índios. Desem- diere e Diogo de Campos, ficou
barcando na ilha do Maranhão, La estabelecida uma trégua, até que
Ravardiere fundou o forte de São viessem novas ordens da Europa.

143
Mas no ano seguinte ( 1615), a cidade, quando devia esperar os
luta recomeçou, sob o comando de invasores nos sub{\l"bios. Essas
Alexandre de Moura, e ainda com tropas teriam fàcilmente vencido
a participação de Jerônimo de Al- o inimigo. Entretanto, elas nem
huquerque. o velho mameluco, chegaram a lutar. Foi a popula-
com quase setenta anos de idade. ção que resistiu heroicamente: en-
Os franceses, derrotados, voltaram quanto muitos moradores comba-
pnra a Europa, mencs acpu\les que tiam nas ruas, outros atiravam das
se haviam casado con1 índias do janelas, sôbre os franceses, móvei~,
Maranhão e que preferiram ficar pedras e até azeite fervente.
como colonos.
No lugar que depois se chamou
Largo do Paço e hoje é a Praça
Quinze de Novembro houve o
d) Ataques franceses combate final, sangrenta luta onde
ao Rio de I aneiro os inimigos tiveram muitos mor-
tos. Vendo-se perdido, Duclerc
em 1710 e em 1711 refugiou-se com o resto de suas
tropas num trapiche ( depósito de
Houve na Europa uma guerra, mercadorias). Só então apareceu
chamada Guerra de Sucessão da o governador para intimá-lo a
Espanha, em que a França e a render-se.
Espanha lutaram juntas contra a
Duclerc ficou prisioneiro da ci-
Inglaterra. Portugal a princípio
dade: morava numa casa, ofere-
foi aliado da França mas, depois, cida pelo govêrno, andava pelás
passou para o lado da Inglaterra; ruas como qualquer pessoa, mas
os franceses ficaram indignados e não podia afastar-se do Rio de Ja-
resolveram, por vingança, atacar o neiro. Apesar de sempre vigiado,
Rio de Janeiro, em 1710 e em 1711. foi misteriosamente assassinado em
A primeira expedição era co- 1711.
mandada por Duclerc que, com Para vingar a morte de Duclerc,
suas tropas, desembarcou no lugar organizou-se outra expedição con-
chamado Guaratiba. Guiados por tra o Rio de Janeiro, dessa vez
um preto, os franceses fizeram difí- uma poderosa esquadra, de 18 na-
cil caminhada até entrarem no Rio vios, sob o comando de um famo-
de Janeiro, onde chegaram descal- so marinheiro, chamado Duguay-
ços e esfarrapados. Trouin.
O governador, Francisco de Cas- Duguay-Trouin chegou à baía
tro Morais, pouco fez pela defesa: de Guanabara em setembro de_
apenas reuniu tropas no centro da 1711 e começou o bombardeio da
Rio de Janeiro: Largo do Boticário, como se apresenta atualmente, •
144
ainda com as características da época colonial.
( Aquar<'la rlc Rt·<;F:Nn ,., ·
cidade, abandonada pela popula- mil cruzados, 100 cabos de açú-
ção apavorada e pelo próprio go- car e 200 bois.
vernador, ainda Francisco de Cas- Francisco de Castro Morais foi
tro Morais. Em seguida, desem- acusado de não ter querido defen-
barcaram os invasores e entraram der a cidade: por êsse ato de co-
pelas casas, destruindo tudo que vardia sofreu a pena de degrêdo,
não podiam carregar. Para retirar- com prisão perpétua numa forta-
se do Rio de Janeiro, Duguay- leza da índia, além da perda de
Trouin recebeu, como resgate, 600 todos os seus bens.

RESUMO

Os franceses no Brasil

a) Os franceses na costa · do Brasil

O . contrabando feito p.elos franceses: nas costas desertas do Brasil. 1


Medidas tomadas por D. ]oão III: reclamações junto ao rei de França, expe-
dições guarda-costas, sistemas de colonização (capitanias e govêrno-geral).
Trechos da costa freqüentados pelos franceses: Sergipe, Paraíba, Rio Grande
do Norte, Ceará e Pará.

b) A França Antártica

Ação de Víllegagnon: ocupação da ilha de Serigipe (atualmente Villegagnon),


fundação do forte Coligny, bom tratamento dispensado aos índios.
Discórdias na França Antártica: desentendimentos entre colonos e Villegagnon;
substituição de Villegagnon por seu sobrinho Bois-le-Comte.
Ação dos portuguêses: ação de Mem de Sá ( 1560); ação de Estácio de Sá
( 1565-1567); os combates de Uruçu-Mirim e Paranapecu.
c) Os franceses no Maranhão

A França Equinocial: Daniel de la Touche, Senhor de la Ravardiere, chefia


a expedição patrocinada pela rainha Maria de Medieis.
Vitória da ]ornada Milagrosa: tropas chefiadas por Diogo de Campos e
Jerônimo de Albuquerque. ·
Fim da trégua entre franceses e portuguêses: vitória de Alexandre de Moura
(1615).
;! ~

146
d) Ataques franceses ao Rio de Janeiro em 1710 e em 1711

Causas dos ataques ao Rio de janeiro: aliança de Portugal com a Inglaterra.


Ataque de Duclerc ( 1710): desembarque em Guaratiba e derrota no Largo
do Paço (atual Praça Quinze de Novembro). .
A morte misteriosa ele Duclerc: ·-pretexto para o ataque de Duguay-Troum
( 1711). '
Vitória de Duguay-Trouin: resgate de 600 mil cruzados, 100 caixas de açucar
e 200 bois.
Condenação de Francisco de Castro Morais: pena de degrêdo, prisão perpétua
e perda de todos os bens.

Assinatura de D. Pedro li.

1
QUESTIONARIO

1) Quais as medidas tomadas por D. João III para evitar o contrabando feito
pelos franceses na costa do Brasil ?
2) Quem foi Bois-le-Comte ?
3) Que papel tiveram os índios na luta entre franceses e portuguêses no Rio
de Janeiro?
4) Quais os combates em que foram derrotados os franceses ?
5) Que era a França Equinocial ?
6) Que é JJrnada Milagrosa?
7) Quem foi Alexandre de Moura ?
8) Quem foi Maria de Medieis ?
9) Qual a origem da capital do Maranhão ?
10) Por que os franceses atacaram o Rio de Janeiro em 1710 e em 1711?
11) Quem foi Francisco de Castro Morais ?
12) Como Duclerc foi derrotado ?
13) Como morreu Duclerc ?
14) Que resgate exigiu Duguay-Trouin para abandonar o Rio de Janeiro?
15) Que aconteceu a Francisco de Castro Morais ?
;! ~

147

I
17) AS INVASOES HOLANDESAS

a ) O domínio espanhol em guerra com a Holanda, orde-


nou que os portos de tôdas as co-
Depois de D. João III, reinou lônias fôssem fechados aos navios
em Portugal seu neto D. Sebas- holandeses. Dêsse modo, o sobe-
tião. Mas, em 1578, morreu D. rano da Espanha tentava empo-
Sebastião na batalha de Alcácer- brecer o país inimigo, o qual
Quibir, na África, quando com- vivia do comércio, transportando
batia os muçulmanos, nome que se as mercadorias dos outros povos.
dá aos seguidores do Islamis- Houve duas invasões holande-
mo, religião fundada pelo árabe sas no Brasil: a primeira, em 1624,
Maomé. na Bahia, e a segunda, em 1630,
D. Sebastião não deixou her- em Pernambuco. Para organizar
deiros; por isso o trono foi ocupa- essas expedições foi fundada a po-
do pelo cardeal D. Henrique. ~sse derosa Companhia das fndias
cardeal reinou apenas dois anos, Ocidentais.
pois morreu em 1580. Então Fili-
pe li, como neto de D. Manuel
o Venturoso, reclamou o trono de h) Invasão da Bahia
Portugal. Começou, assim, o Do-
mínio Espanhol, que durou sessen- Em maio de 1624 chegou à baía
ta anos, em 1580 a 1640. de Todos os Santos poderosa es-
quadra holandesa, sob o comando
Em 1640 houve o que se cha-
do almirante Jacob Willeken.s.
mou Restauração: D. João, Duque
Vinha, como comandante das tro-
de Bragança, libertou Portugal do
pas, Johann van Dorth.
domínio da Espanha e passou a
reinar com o título de D. João IV. O governador geral, Díogo de
Mendonça Furtado, soube da
O nôvo soberano iniciou a Di- aproximação do inimigo e pro-
nastia de Bragança, família real a curou fortaleeer a defesa da cida-
que pertencem os dois imperado- de. Como não tivesse tropas su-
res do Brasil, D. Pedro I e D. ficientes, o governador aliciou
Pedro li. como soldados muitas pessoas que
Foi o domínio espanhol a prin- trabalhavam no comércio e no
cipal causa das invasões holande- campo. Mas o inimigo tardava
sas no Brasil: Filipe li, por estar muito a chegar e êles acredita-

148
ram que não viria mais. Enquan-
to isso o comércio se via prejudi-
cado e as roças estavam abando-
nadas. Então, para não perturbar
mais a vida econômica da cidade,
resolveu Mendonça Furtado dis-
pensar suas tropas. Nessa ocasião
apareceu o inimigo e, sem ~ncon­
trar resistência, entrou na Cidade,
aba11donada pela população.

A esquadra holandesa de facob Willekens


ataca e conquista Salvador ( 1624).
0 governador, porém, eStaVa (Gravura a água-forte, de NICOLAU Vl~CHER,
{ pPrt<'ncente à BibliotPca Nacional).
disposto a uma resistência deses-
perada: conta-se que levou para
o palácio alguns barris de pólvo-
ra, pois era seu plano fazer voar
o prédio pelos ares quando en-
trassem os l:tolandeses, para que,
com êle, morressem todos. Mas
um dos seus auxiliares, achando
que êsse sacrifício seria inútil, to-
rnoo-lhe das mãos a tocha, no mo-

149
menta em que entrava o inimigo até o México e o Peru, onde havia
e o prendia, para, logo depois, ricas minas de ouro e prata, resol-
enviá-lo para a Holanda. veu mandar ao Brasil poderosa
Matias de Alb·uquerque, suces- esquadra. Comandada por D. Fa-
sor de Diogo de Mendonça Fur- drique de Toledo Osório, essa es-
tado, encontrava-se em Pernam- quadra chegou à baía de Todos
buco e, por isso, foi escolhido os Santos em abril de 1625. Cer-
Antão Mesquita, logo depois subs- cados por terra e por mar, os ho-
tituído pelo bispo D . Marcos Tei- landeses renderam-se no dia 30
xeira. dêsse mês.
D. Marcos Teixeira organizou A cidade do Salvador ficou tão
tôda a resistência contra o inimigo, empobrecida com a ocupação ho-
preparando pequenos ataques de landesa que o governador não ti-
emboscada, que impediam a saída nha dinheiro nem para pagar as
dos holandeses da capital. Nessa tropas. Naquele tempo um solda-
ocasião, o comandante das tropas do ganhava um vintém por dia,
holandesas, ]ohann van Dorth, o que corresponde num mês, em
afastando-se de seus companhei- moeda atual, à quantia de sessenta
ros, foi morto à espada por Fran- centavos.
I cisco Padilha. Conta-se que logo
l. depois chegaram alguns índios
mansos, aliados dos portuguêses, c) Invasão de Pernambuco
e, cheios de ódio, cortaram os pés,
as mãos e a cabeça do chefe Na segunda invasão, os holan-
holandês. deses preferiram atacar Pernam-
A situação piorou para os holan- buco, porque essa capitania era
deses no Brasil, quando chegaram muito rica, com grande produção
reforços à Bahia, comandados por de açúcar e pau-brasil.
D . Francisco de Moura. O inimi- Quando na ·Europa se soube que
go já não podia mais sair da cida- os holandeses iam atacar Pernam-
de, pois estava cercado. Faltava, buco, Matías de Albuquerque, go-
porém, completar o cêrco por mar, vernador dessa capitania, encon-
para que êle não pudesse receber trava-se na Espanha. :E:le foi en-
ajuda da Holanda. tão despachado para o Brasil com
No comêço a Espanha não to- apenas três caravelas e vinte e
mou nenhuma medida para a ex- sete soldados. Com tão poucos re-
pulsão dos holandeses. Mas de- cursos, embora contando com o
pois, receando que o domínio auxílio de centenas de defensores,
holandês se estendesse também nada pôde fazer contra a esqua-

150
à.ra inimiga, de mais de cinqüen- Adrian Pater. Inventaram depois
ta navios e sete mil homens. Em a lenda de que êle se envolveu
1630, essa esquadra chegava ao na bandeira da pátria e atirou-se
litoral pernambucano. Com fôr- ao mar, exclamando: "O oceano
ças tão poderosas puderam os ho- é o único túmulo digno de um
landeses tomar fàcilmente Recife almirante batavo".
e Olinda. Matias de Albuquerque, Em Pernambuco a situação dos
porém, ainda teve tempo de in- invasores era cada vez mais difí-
cendiar vinte e quatro navios que cil, pois as guerrilhas e embosca-
estavam no pôrto, carregados de das impediam que êles avanças-
pau-brasil e açúcar, para que o sem para o interior. Mas, em 1632,
inimigo não se apoderasse dessas a deserção de Domingos Fernan-
riquezas. des Calabar, que antes havia luta-
Para cortar as comunicações en- do ao lado de Matias de Albu-
tre Recife e Olinda, Matias de Al- querque, veio favorecer os holan-
buquerque fundou o Arraial do deses.
Bom Jesus que, durante cinco Guiados por Calabar, o inimigo
anos, resistiu a todos os ataques. apoderou-se da Vila de Igaraçu e
Em 1631 a Holanda enviou ao conquistou o forte do Rio Formo-
Brasil uma esquadra de socorro, so, defendido apenas por vinte ho-
sob o comando de ·Adrian Pater. mens. Quando entraram nesse for-
A Espanha organizou outra que te, depois de quatro ataques, en-
tinha por comandante D. Antônio contraram dezenove cadáveres.
Oquendo. O combate entre as Estava vivo apenas o comandante,
duas esquadras, no litoral da Ba- Pedro de Albuquerque, que havia
hia, não teve resultados decisivos. 'recebido dois ferimentos .
Mas o navio principal dos holan- Com a conquista do Arraial do
deses, isto é, o capitânia, incen- . Bom Jesus, em 1635, Matias de
diou-se e morreu o . comandante, >Albuquerque não pôde mais ficar

---~- --.- - .
Forte Maurício, às margens do río São Francisco, atual Penedo.

151
em Pernambuco: retirou-se então chamado a Portugal, acusado de
para Alagoas, numa longa cami-
não ter sabido defender a colônia.
nhada, acompanhado de milhares
de pessoas, homens, mulheres e Em 1637, chegava a Pernambu-
até crianças, que não queriam co, para governar os domínios ho-
viver sob o domínio dos invaso- landeses no Brasil, o Conde ]oão
res. Durante essa retirada, houve Maurício de Nassau. .E:sse conde
o combate de Pôrto Calvo: o ini- fêz muito boa administração e
migo, derrotado, entregou Cala- chegou a conquistar a simpatia
bar, que foi condenado à morte dos vencidos. Só depois de sua
e enforcado. volta para a Europa, é que reco-
Pouco depois, sofria Matias de meçou a luta, até a expulsão d~­
Albuquerque grande injustiça: foi finitiva dos invasores.

As invasões holandesas
a ) O domínio espanhol
A morte de D. Sebastião ( 1578): em Alcácer-Quibir, em luta contra os
muçulmanos.
O sucessor de D. Sebastião: o cardeal D. Henrique (de 1578 a 1580).
O domínio espanhol (1580-1640): causa importante das invasões holandesas.
A Restauração ( 1640): D. João, Duque de Bragança, liberta Portugal do
domínio espanhol.
O ato de Filipe li que provocou as invasões holandesas: fechamento · dos
portos de tôdas as colônias aos navios holandeses.
b) Invasão da Bahia

A esquadra inimiga: c:omando de Jacob Willekens, tendo por comandante das


tropas Johann van Dorth.
Ação do governador Diogo de Mendonça Furtado: recrutamento dos soldados
no comércio e na lavoura.
Entrada dos holandeses na Bahia: prisão do governador.
A resistência: preparada por D. Marcos Teixeira, morte de Johann van Dorth
por Francisco Padilha e reforços chegados à Bahia comandados por D. Francisco
de Moura.
A esquadra luso-espanhola: sob o comando de D. Fadriqnc de Toledo Osório,
com a rendição dos holandeses ( 30 de abril de 162.5).

1.52
c) Invasão de Pernambuco

Preferência por Pernambuco: capitania mm"to r~ca


· em açúcar e pau-brasil.
A esquadra inimiga: cinqüenta navios e sete mil homens.
Ação de Matias de Albuquerque: fundação do Arraial do Bom Jesus.
Encontro das esquadras inimigas: de D. Antônio Oquendo e de Adria~ Pater.
A guerra favorável. aos holandeseJ: i~!:~~foded~o~alj~::s. e conqmsta de
Igaraçu, do forte do RIO Formoso e o d
Combate de Pôrto Calvo: vitória de Matias d e Alb uquerqu e e morte · e
Calahar.

QUESTIONARIO
1) Por que o Brasil passou para o domínio es?anh~l ? h I d ?
2) Por que o domínio espanhol provocou as mvasoes o an esas .
3) Como se iniciou em Portugal a dinastia de Bragança ?h 1 d atacaram
4) Como agiu · Diogo de Mendonça Furtado quando os o an eses
a Bahia? , . ?
5) Quem foi D . Fadrique de Toledo Osono b ?
6) Por q ue os holandeses atacaram Pernam uco . h l d ?
7) Que reforços recebeu Ma tias de Alb uquerque para combater os o an eses ·
8) Quem foi Adrian Pater ?
9) Quem foi Calabar ? com a ajuda de Calabar ?
10) Quais as vitórias obtidas pelos holandeses
11) Quem foi Pedro de Albuquerque ?
12) Como morreu Calabar? , . B ·1 ?
13) Quem ch egou em 1637 para governar os d omm1 Os holandeses no ras1 ·
14 ) Quem foi D . Antônio O~uendo? ?
15) Que injustiça sofreu Manas de Albuquerque.

153
18 O COV "R O DE A S O
E A GA fPA ·n D I IBERTACÃ )

a ) Administração de .N assau . chegou a emprestar dinheiro aos


lavradores para que pudessem au-
Chegando ao Brasil em 1637, o mentar suas plantações. Por isso
conde João Maurício de Nassau o conde era muito estimado, até
procurou aumentar as conquistas por portuguêses e brasileiros, e,
dos holandeses: apoderou-se de durante a sua administração, não
Pôrto Calvo e, avançando até o houve, em Pernambuco, manifes-
São Francisco, fundou, à margem tações de re .rolta.
dêsse rio, o forte Maurício, atual Nassau gostava de cercar-se de
Penedo. Para o norte, Nassau con- homens ilustres, sábios, escritores
quistou o Ceará e 0 Maranhão.
e artistas. Foi êle quem criou uni'
Em 1640, houve em Portugal a observatório astronômico, o pri-
Restauração. :E:sse país libertou- meiro do Brasil, na ilha de Antô-
se do domínio espanhol e o chefe nio Vaz, que era ligada ao conti-
')do movimento restaurador, o Dtv nente por duas pontes; edificou
que de Bragança, foi aclamado rei dois palácios, Friburgo e Boa Vis-
com o título de D. João IV. :E:sse ta, cercados de belos jardins.
acontecimento teve muita impor-
tância para a situação dos holan- Como tôda administração, tam-
deses no Brasil. Não podendo bém a de Nassau apresentou al-
combater, ao mesmo tempo, dois guns defeitos; os holandeses eram
inimigos, Espanha e Holanda, D. protestantes e N assau nem sem-
João IV resolveu assinar com o pre permitiu a liberdade da reli-
govêrno holandês uma trégua ou giã6 ··católica, como havia prome-
suspensão da luta por dez anos. tido no princípio do seu govêrno.
O Conde de Nassau foi um bom Entretanto, a Holanda não es-
administrador: desenvolveu a la- tava satisfeita com essa adminis-
o
voura da cana, a produção do açú- . tração: conde gastava muito di-
car e nos campos do Rio Grande nheiro e à Companhia das 1ndias
do Norte estabeleceu várias fazen- Ocidentais só interessava a explo-
das de criação de gado. Também ração das riquezas do Brasil. Por
ordenou a construção de estradas isso, em 1644, N assau foi substi-
que facilitaram as comunicações tuído por uma junta de três ne-
do litoral com o interior. Nassau gociantes.

154
Conde João Maurício de Nassuu.
Primeira batalha dos Guararapes, 1648.
(Quadro de VICTOR MEIRELLES).

b) Campanhrt da _libertação de Negreirus, o ímlio Poti (Filipe


Camarão) e o negro Henrique
Com a volta de Nassau para a Dias.
Europa, começou novamente a lu- Em Pernambuco, André Vidal
ta em Pernambuco contra os ho- de Negreiros conseguiu apoio de
landeses: é a campanha da liber- um portugues muito rico, r:ropric-
tação, mais conhecida pelo 110111e tário de engenho, João Fernandes
de Insurreição Pernambucana. Vieira, que havia sido amigo úe
Nessa ocasião, era governador-ge- Nassau. João Fernandes Vieira foi
ral do Brasil Antônio Teles da Sil- escolhido para chefe da insurrei-
va. tl:sse governador odiava os c.-·ão, sendo adotadas, como divisa.
holandeses, mas não podia COIII- as palavras Deus e Liberdade.
bate-los diretamente: Portugal ha-
via assinado uma trégua de dez No primeiro combate, o de
anos com a Holanda e ele, como Monte das Tahocas, em 1645, os
representante do rei na colônia, pernambucanos foram vitoriosos e
era obrigado a respeitá-la. Entre- puderam, logo depois, tomar Olin-
tanto, Antônio Teles procurava se- da. A luta estendeu-se por outras
cretamente ajudar a revolta ini- capitanias, sendo também os ho-
ciada pelo paraibano ~:André Vidal landeses derrotados.

156
Entretanto, . a Holanda extgm de respeitar a trégua. Logo de-
qu(:l . a luta fôsse suspensa, quan- pois chegavam de Portugal refor-
do protestou junto ao rei D. João· ços para os pernambucanos.
· IV, reclamando que havia uma
Eq~. abril de 1648, travou-se a
trégua ·assinada co!TI Portugal. O
rei foi obdgado, por isso, á inti- primeira batalha dos M antes Gua-
mar os pernambucanos a que ces- mrapes, em que os holandeses fo-
sassem as hostilidades, pois, em ram derrotados. Outra batalha, no
virtude daquela trégua, o govêr- mesmo lugar, feriu-se no . ano se-
no· havia reconhecido os domínios guinte, ainda com a derrota dos
holandeses no Brasil. Mas o sobe- · invasores.
rinio rião·Joi atendido: os pernam- Entretanto, a luta prolongou-se
bucanos declararam que combate- até janeiro de 1654. Nesse ano,
riam até o fim e que, somente os holandeses, cercados em Recife,
depois de. expulsos os estrangeirós, pelas tropas de joão Fernandes
iria~ a Portugal para . receber o Vieira e · por uma esquadra, vinda
castigo de sua desobediência. . de Portugal, não puderam. mais re-
Em 1647, corri o ataque ·à Bahia, sistir e assinaram a rendição da
()5 própr~os hqlándeses. deixaram Campina dn Taborda.

.· :

O Enge11ho More nos (Pernambuco), vendo-se à direita a casa-grande.


f Foto BENÍC:IO W. DJAS).

157
RESUMO

O govêrnó de ·N assau e a campanha da libertação


a) Administração de Nassau
Conseqüência da Restauração: trégua entre Portugal e Holanda por dez anos.
Medidas práticas de Nassau: desenvolvimento da lavoura da cana, da produção
do a.,:úcar e da criação do gado.
Embelezamento de Recife: construção dos palácios Friburgo é Boa Vista na
ilha de Antônio Vaz.
Causa da substituição de Nassau: muitos gastos com sua administração.

"b) Campanha da Libertação


A posição de Ant6nio Teles da Silva: i~imigo dos holandeses, impossibilitado
de agir por causa da trégua.
Os ele1T'..entos da insurreição: João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros,
o índio Poti (Filipe Camarão) e o negro Henrique Dias.
Divisa da insurreição: Deus e Liberdade.
Os encontros militares: Monte das Tabocas ( 1645), primeira batalha dos Montes
Guararapes (abril de 1648.) e segunda batalha dos Montes .Guararapes ( 1649).
Fim da luta: rendiÇão da Campina do Taborda (janeiro de 1654).

QUESTIONA RIO

1) Quais as conquistas feitas por Nassau?


2) Que conseqüência teve para a guem• com os holandeses a Rest~uração ?
3) Como foi a administração de Nassau ?
4) Que construiu Nassau na ilha de Antônio Vaz?
5) Quais os defeitos da administração de Nassau?
6) Quem foi Antônio Teles da Silva ?
7) Por que a administração de Nassau não teve a aprovação da Companhia
das lndias Ocidentais ?
8) Por que Antônio Teles da Silva não podia combater os holandeses ?
9) Quais são os elementos da Insurreição Pernambucana ?
10) Qual era a divisa da Insurreição ?
11) Qual o primeiro encontro militar da luta entre pernambucanos e holandeses ?
12) Como responderam os pernambucanos quando o rei os intimou a que sus-
pendessem a luta ?

158
13) Que ato dos holandeses determinou o rompimento da trégua com Portugal ?
14) Quais as duas batalhas finais da Insurreição?
15) Como se chamou a rendição dos holandeses ?

EXERC1CIOS

. Sôbre . a Unidade V (A defesa do território)

1 ) Os fraJ]ceses no Brasil
a) Numerar corretamente:
( 1) Maracajás · .( Nome de batismo de Araribóia
( 2) Guaratiba ( ) Governador do Rio de· Janeiro
( 3) Uruçu-Mirirn ( ) lndios aliados dos franceses
( 4) Martim Afonso de Sousa ( ) Lugar onde desembarcou Duclerc
( 5) Francisco de Castro Morais ( ) lndios aliados dos portuguêses
(6 ) J erô~irno de Albuquerque ( ) Forte na praia do Flamengo
( 7) Tatnoio.s ( ) 1710
( 8) Ano em que Duclerc chegou · ( ) Fundou o forte de Santa Maria
ao Rio de Janeiro .
( 9) Paranapecu 1711
( Ü>) Ano em que Duguay-Trouin ) · Nome da ilha do Governador
chegou ao Rio de Janeiro

b ) Assinalar com um x as frases certas:


Henriville era o nome ·de um forte fundado pelos franceses. .
França Equinocial era o nome da colônia que os françeses queriam
fundar no Rio de Janeiro.
Bois-le-Comte era sobrinho de Villegagnon.
Duguay-Trouin desembarcou em Guaratiba.
A Jornada Milagrosa verificou-se no Maranhão.

2) As . invasões holandesas

a ) Completar as lacunas:
·1) A Restauração foi feita no ano de .. . . .... , por ..... . ....... .
2) A esquadra holandesa, que atacou a Bahia, era comandada por · .. - .... · . ·
e tinha como comandante das tropas ............. .

159
Segunda invàsag;--hõla~sa
( 163011>4) .~ -
_----:...-:- -......:...-

Primeira invasãÕ_-holandesa.
(1624/25)

Primeira- inv~âo:-jrancesa
(155"5/ 61)
3) O bispo da Bahia . . . . . . . . . . . . . . preparou a resistência e . .. .. ....... .
foi morto por Francisco Padilha.
4) A Espanha enviou uma esquadra sob o comando .... . ........ . , que
chegou à Bahia no ano de ....... .
5) A esquadra holandesa, que atacou Pernambuco, era formada de . ·. ·....
navios e : . . . . . . . . . . . soldados.

h ) Assinalar o nome certo:


1) Comandante do forte do Rio Formoso
(Pedro de Albuquerque, D. Antônio Oquendo ou Matias de Albuquerque).
2) Comandante da esquadra que enfrentou Adrian Pater
( D. Fadrique de Toledo Osório, D. Francisco de Moura ou D. Antônio
Oquendo)
3 ) Lugar onde morreu Calabar
(Vila de Igaraçu, Forte do Rio Form'oso ou Pôrto Calvo).
4) Ano e.m que Nassau chegou ao Brasil
( 1640, 1637 pu 1630).

3 ) O govêmo de Nassau e a campanpá da libertação


Dar o nome certo :
1) Rei que foi Duque <le Bragança ( ... ·................. )
2) Palácios construidos por Nassau ( . ... ..... e ......... )
3) Chefe da Insurreição Pernambucana ( .. ·.................. )
4) Primeiro combate da lnsurreiç_ão Pernambucana · ( .................... )
5) Divisa usada pela Insurreição ( . .. ................. : )
6) Data do combate das Tabocas ( .................... )
( ....... ...... ........ )
7) Rendição dos holandeses
( .. .. . .... ... ... ... . . }
8) Nome do índio Poti

Assinatura de Am<Jdor Bueno.

163
61 O SENTIMENTO NACIONAL

Farmação do ,sentimento nativista


Os movimentos nativistas
Os movimentos revolucionários

19) ,1ANIFESTAÇOES NATIVISTA:,

a) A formação do natívismo Também foi uma causa impor-


tante do nativismo o orgulho que
Para a· formação do nativismo, as bandeiras e as riquezas do Bra-
que é o sentimento de amor à ter- sil despertaram nos colonos. f:sse
ra natal, houve muitas causás, sen- orgulho provocou, a princípio, pe-
do a principal a luta contra os quenos conflitos com os portugue-
invasores, sobretudo os holande- ses sem que houvesse a idéia de
ses que haviam ocupado o Nor- libertar o Brasil do domínio de
deste. Portugal.
Em Pernambuco, contra os ho- Entretanto, já em 1641, na vila
landeses, combateram represen- de São Paulo, ocorreu um movi-
tantes dos três elementos forma- mento em favor da independên-
dores do povo brasileiro: o índio cia: foi a aclamação de Amador
(Filipe Camarão) , o negro ( Hen- Bueno como Rei de São Paulo.
rique Dias) e o português (João Em 1640, houve a Restauração:
Fernandes Vieira). Nessa ocasião, Portugal separou-se da Espanha.
o nativismo já era muito forte e Na Bahia, no Rio de Janeiro e em
nem o rei foi obedecido, quando outros lugares foi reconhecido D.
ordenou aos rebeldes que suspen- João IV como soberano portugnes.
dessem a luta, pois havia entre Na vila de São Paulo, porém, mui-
Portugal e Holanda uma trégua de tos moradores achavam que a oca-
dez anos. sião era oportuna para um movi -

.loiío VI . 165
mento de libertação: resolveram zer da Africa 500 escravos por ano,
aclamar Rei de São Paulo a Ama- e da Europa certa~ mercadorias
dor Bueno, uma pessoa importan- que não havia no Maranhão, co-
te dessa vila. Mas o próprio Ama- mo bacalhau e azeite. A campa- ·
dor Bueno recusou êsse título, de- nhia, porém, não cumpriu com o
clarando em público que continua- prometido: os escravos que trazia ·
ria fiel ao rei de Portugal. eram em número muito reduzido
Ainda nesse século houve uma e as mercadorias, de má quali-
revolta no Maranhão e, no comê- dade.
ço do seguinte, ocorreram dois Em fevereiro de 1684 irrompeu
movimentos nativistas importan- a revolta em São Luís. Manuel
tes: o primeiro, chamado Guerra Beckman tomou conta do govêr-
dos Emboabas, na região das mi- no, expulsou os jesuítas e extin-
nas, atualmente Estado de Minas guiu a companhia de comércio.
Gerais, e o outro Guerra dos Mas- Entretanto, Manuel Beckman,
cates, em Pernambuco, entre os dotado de gênio violento, conquis-
habitantes de Olinda e os de Re- tou muitos inimigos, enquanto Por-
cife.
tugal enviava ao Brasil, para go-
vernar o Maranhão, um homem
inteligente, Gomes Freire de An-
b) A revolta do Maranhão drada. Com o apoio da popula-
ção e das tropas, o nôvo governa-
Em 1684, houve . no Maranhão dor conseguiu sufocar o movi-
uma revolta chefiada por Manuel mento.
Beckman, rico senhor de engenho.
O chefe da revolta, Manuel
Os colonos' estavam desconten- Beckman, procurou esconder-se
tes com o apoio dado pelo reino mas foi afinal prêso. Seu afilhado
de Portugal aos jesuítas, pois êstes Lázaro de Melo, que lhe merecia
insistiam em defender a liberdade tôda a confiança, o traiu, indican-
dos índios que os fazendeiros em- . do o lugar onde êle. se havia ocul-
pregavam nas lavouras como. es- tado.
cravos.
Manuel Beckman foi condenado
Finalmente procurou-se um meio à morte e executado, sendo todos
de atender aos padres sem preju~ os seus bens vendidos em leilão.
dicar os colonos: substituir- o ín- Quanto · a Lázaro de Melo, teve
dio pelo negro africano. Foi en- morte horrível, garroteado ao de-
tão fundada uma companhia de sembaraçar os bois que moviam
comércio com a obrigação de tra- um engenho.
166
c) Gue1Jra úos Emboabas Emboaba, para muitos escrito-
res, deriva-se de mboab, nome que
As minas de ouro, descobertas os índios tupis davam a uma ave
pelos bandeirantes, atraíram para com pernas e pés cobertos de pe-
a região, que depois se chamou nas. Os _paulistas aplicavam o mes-
Minas Gerais, gente de tôda par- mo nome aos portuguêses porque
te, até mesmo de Portugal. A essas êles andavam sempre calçados com
pessoas, que chegaram depois, os grandes botas. ·
paulistas deram, por desprêzo, o Entre os paulistas e os emboa-
apelido de emboabas, palavra de bas havia constantes brigas, pois
origem provàvelmente tupi. os primeiros receavam perde.r as .

O preparo da mandioca.
( RuOENDAs).

167
minas, descobertas com tantas di-
ficuldades. Quando os emboabas
se sentiram muito fortes , resolve-
ram aclamar Gov_ernador das M i-
nas o portugues Manuel Nunes
Viana, dono de muitas fazendas de
gado nas margens do rio São Fran-
cisco.
O mais importante combate en-
tre paulistas e emboabas ocorreu
, junto ao rio das Martes, no lugar
chamado Capão da Traição. O
vencedor, Bento do Amaral Cou-
tinho, prometeu garantir a vida
Uma rua de São Luís (Maranhão). Os
prédios antigos, com as paredes cobertas dos vencidos, desde que êles en-
de azuleío, mostram a influência árabe, tregassem as armas. Entretanto,
trazida para o Brasil pelos portuguêses. q11ando estavam desarmados, fo-

16&
ram mortos pelos emboabas. Os gas famílias pernambucanas que
que fugiram, alca?çaram. Sã~ P~u· se haviam enriquecido com enge-
lo, mas suas esposas e 1rmas, m- nhos de açúcar. Mas, com as in-
dignadas, exigiram que voltassem vasões holandesas, muitos olinden-
para vingar a morte dos compa- ses perderam suas riquezas e .a
nheiros. própria Olinda deixou de ser capi-
Nessa ocasião, o governador do tal de Pernambuco. Os holande-
Rio de Janeiro, Antônio de Albu- ses preferiram estabelecer a sede
querque, que também tinha auto- do govêrno em Recife, que era
ridade na região mineira, conse- simples povoação mas possuía um
guiu que Manuel Nunes Viana re- bom pôrto. Com a vinda de Nas-
nunciasse ao título de Governa- sau, Recife teve importantes me-
dor das Minas, dado por seus com- lhoramentos: construíram-se mui-
panheiros. Mas ?ão ;onseguin tas casas, até palácios e jardins.
evitar que os pauhstas fossem no- Mais tarde, expulsos os invaso-
vamente ao rio das Mcrtes, onde res, a capital voltou para Olinda,
queriam vingar a derrota anterior. mas era Recife que apresentava
Durante a noite, quando o comba- progresso cada vez maicr. Os ha-
te já se havia iniciado, resolveram bitantes dessa povoação, em geral
os paulistas retirar-se ao saber que portuguêses enriquecidos no. co-
os emboabas iam receber reforços. mércio, tinham origem humilde:
Essa luta teve resultado impor- os olindenses, por isso, chamavam-
tante: uma lei de 1709 reconhecia nos por desprêzo de mascates.
os esforços dos paulistas na explo-
Em 1710, houve a revolta dos
ração das riquezas minerais: São
olindenses, porque Recife se tornou
Paulo e Minas passavam a formar
uma capitania separada da capi- vila, deixando, portanto, de. obe-
decer às autoridades de Ohnda.
tania do Rio de Janeiro. Dois
O governador de Pernambuco,
anos depois, o rei de Portugal con-
Sebastião de Castro Caldas, acusa-
cedia aos paulistas outra vanta-
do de ser favorável aos mascates,
gem: a vila de São Paul'o era ele-
foi ferido e fugiu para a Bahia.
vada à categoria de cidade.
Em seu lugar foi escolhido o bis-
po de Olinda, D. Manuel Alvares
d) Guerra dos Mascates da Costa, que decretou a anistia
geral: perdão para todos os que
O episódio chamado Guerra dos estavam envolvidos na revolta.
Mascates verificou-se entre os ha- Nem com a anistia o bispo con-
bitantes de Olinda e os de Recife. seguiu acabar com a luta. Os oli~-­
Os primeiros pertenciam a· anti- denses, que haviam cercado Rt>c1-

16P
I '
~'

fe, foram depois . 'derrotados no .publicano. Mas os olindenses


combate de Jenipapo. Participa- acharam a proposta arriscada e, .,
va da luta contra os mascates um por isso, não a aceitaram.
rico fazendeiro, Bernardo Vieira Com a chegada do nôvo gover-
de Melo~ que já se havia distingui- nador, Félix José Machado, a or-
do combatendo os negros do qui- dem foi restabelecida em Pernam-
lombo de Palmares. buco. Quanto ao sentimento na-
Durante a Guerra dos Masca- tivista, que se havia formado en-
tes, Bernardó Viéira de Melo che- tre os pernambucanos; durante a
gou a propor aos seus companhei- luta contra os holandeses, tornou-
ros de Olinda a independência de se ainda mais forte com a Guerra
Pernambuco coni um govêrno re- dos Ma.scates.

RESUMO

a) A formação do nativismo
O sentimento nativista: sentimento de amor à terra natal.
Causas do nativismo: luta contra os holandeses e descobrimento de riquezas
minerais.
Primeiro movimento nativista: aclamação de Amador Bueno Rei de São Paulo
(1641).

b) Revolta do Maranhão:
Chefe da revolta: Manuel Beckman, rico senhor de engenho.
O programa da companhia de comércio: trazer 500 escravos por ano e certas
mercadorias, como bacalliau e azeite.
A revolta vitoriosa: Manuel Beckman no govêmo, expulsão dos jesuítas e
extinção da companhia.
A reação do. govêrno portugu~: Gomes Freire de Andrada sufoca o movimento,
Manuel Beckman é prêso, condenado à morte e executado, sendo seus bens
vendidos em leilão.
c) Gueira dos Emboabas
Emboabas: nome dado pelos paulistas aos que iam para a região das minas.
· Manuel Nunes Viana: aclamado Governador das Minas pelos emboadas.
Combate entre. paulistas e emboabas: vitória de Bento do Amaral Coutinho
no Capão da Traição e morte dos paulistas desarmados.
O pacificador da região das minas: governador Antônio de Albuquerque.

170
d ) Guerra dos Mascates
., Causa da Guerra dos Mascates: rivalidade entre Recife e Olinda:
O nome mascate: dado aos habitantes de Recife.
O progresso de Recife: capital de Pernambuco no tempo dos holandeses.
Proposta de Bernardo Vieira de Melo: Pernambuco independente sob govêrno
republicano.
Pacificação de Pernambuco: govêrno de Félix José Machado.

QUESTIONARIO

l) Que é nativismo ? ·
2) Quais as causas do nativismo ?
3) Que houve em São Paulo em 1641 ?
4) Quais as causas da revolta de Beckman ?
5) Quem foi Gomes Freire de Andrada ?
6) Quem foi Lázaro de Melo ?
7) Qual a origem da palavra emboaba ?
8) Que houve no Capão da Traição ?
9) Quem foi Manuel Nunes Viana?
lO) Como Antônio de Albuquerque pacificou a região das minas ?
ll) Que eram os mascates ?
12) Por que houve a Guerra dos Mascates ?
13) Quem foi Sebastião de Castro Caldas ?
14) Quem foi Bernardo Vieira de Melo?
15) Quem foi Félix José Machado?

Assinatura de D. João VI .

171
20) OS MOVIMENTOS REVOLUCIONARIOS

a) Revolução de sumar. f:sse governador, com mê-


Filipe dos Santos do da revolta, prometeu atender
a tôdas as reclamações feitas pe-
Antes da conspiração chamada los rebeldes.
"Inconfidência Mineira", de que Entretanto, as agitações conti-
participou Tiradentes, houve, em nuavam em Vila Rica, chegando-
1720, na mesma Vila Rica, uma se até a formar uma conspiração
revolução chefiada por Filipe dos para matar o Conde de Assumar.
Santos. Então os soldados do governador,
A principal causa desse movi- apelidados Dragões, entraram em
mento revolucionário foi haver o Vila Rica e incendiaram um po-
govêrno portugues criado casas devoado que ficava próximo. f:sse
fundição onde o ouro era fundido povmtdo, habitado por muitos dos
e quintado, isto é, transformado rebeldes, chamava-se Arraial do
em barras, separando-se o quinto,Ouro Podre e é atualmente o Mor-
o impôsto pago à coroa. Até en- 1'0 da Queimada.
tão, os que possuíam o precioso Filipe dos Santos encontrava-s-e,
metal, muitas vêzes o negociavam nessa ocasião, em Cachoeira do
às escondidas, para não pagar o Campo, sendo preso pelos Dra-
quinto. f:sse comércio em que a gões quando, no largo da igreja,
mercadoria não paga o impôsto pregava ao pcvo a revolução.
criado pela lei tem o nome de con-
trabando. Condenado à morte, Filipe dos
Para evitar o contrabando o go-Santos foi enforcado e esquarteja-
vêrno determinou que todo o ouro do ern praça pública.
teria que ser transformado em bar-
ra, passando pelas casas de fun-
dição. b) Inconfidência Mineira
Os revoltosos, acompanhados Uma das causas mais importan-
por grande multidão, foram até à tes do movimento de Vila Rica
Vila do Carmo, atualmente Ma- chamado lnconfidencia Mineira'
riana, onde se encontrava o go- foi a independência dos Estad.o;
vernador da capitania, D. Pedro Unidos. Essa independência nas-
Miguel de Almeida, Conde de As- ceu da revolta das treze colônias

172
que os inglêses fundaram na Amé- da quis prometer, declarando que
rica do Norte. não tinha ordem de seu govêrno
Também muitos brasileiros, que para tratar de tão importante
estudavam na Europa, pensaram assunto.
em fazer a independência do Bra- José Joaquim da Maia morreu
sil. Um dêles, José Joaquim da na Europa, mas outros estudantes
Maia, teve, na França, uma .en- brasileiros, quando regressaram ao
trevista com I efferson, ministro Brasil, encontraram em Minas o
dos Estados Unidos da América. movimento com o mesmo plano de
Nessa ocasião, o estudante expli- libertar a colônia do domínio de
cou-lhe o plano para libertar o Bra- Portugal.
sil e pediu o apoio da grande na- Era, nessa ocasião, muito difí-
ção arnedcana. Mas Jefferson na- cil a situação econômica da capi-

Tiradentes diante do carrasco. (Quadro de RAFAEL FoLco). Esse


quadro está reproduzido no verso das notas de cinco cruzeiros novos.

17.'3
encarregado de comandar as tro-
pas revoltadas, José Alvares Ma-
ciel, que fabricaria a pólvora, vá-
rios padres e os poetas CJáudio
Manuel da Costa, Alvarenga Pei-
xoto e Tomás Antônio Gonzaga.
Em março de 1789 o coronel
]vaquim Silvério dos Reis, que se
Tomás Antônio Gonzag4 . fingia amigo dos conspiradores,
traiu os companheiros, denuncian-
tania de · Minas, com a produção do o movimento ao Visconde de
do ouro cada vez mais reduzida; o Barbacena.· O governador, para
povo, por zombaria, chamava Vila evitar o descontentamento popu-
Rica de Vila Pobre. lar, suspendeu a derrama e comu-
O governador de Minas, Viscon- nicou imediatamente a denúncia
de de Barbacena, resolveu lançâr ao vice-rei, Luís de Vasconcelos.
a derrama, nome que se dava à Tiradentes achava-se nessa oca-
cobrança dos impostos atrasados. sião no Rio de Janeiro e várias
Por isso, os conspiradores combi- ·· vêzes encontrou-se com Joaquim
naram que a revolução deveria Silvério dos Reis, a quem contava
. irromper no dia em qu~ fôssem tudo que acontecia, sem descon-·
cobrados êsses impostos. Dêsse fiar da traição. · Afinal, perceben-
módo, o de~contentamento do po- do -que estava sendo vigiado, pro-
vo, provocado pela derrama, torna- curou escc •der-se numa casa da
ria vitorioso o movimento. Rua dos Latoeiros, atualmente
Em suas reuniões os conspirado- Gonçalves Dias, sendo aí prêso.
res estabeleceram que seria pro- Os outros conspiradores foram
clamada a República. Também presos em Vila Rica e um dêles,
ficou decidida a adoção de uma Cláudio Manuel da Costa, apare-
bandeira com as palavras Libertas ceu enforcado debaixo da escada
quae sera tamen, verso de um poe- da prisão, acreditando-se que se
ta latino chamado Virgílio, e cuja tenha suicidado.
tradução é Liberdade ainda que O processo durou três anos,
tardia. · sendo afin~ lid~ a. sentença que
Foram principais figuras da In: condenava a morte doze dos prin- ·
confidência o alferes Joaquim José cipais conjurados; no dia seguinte,
da Silva Xavier, apelidado o Ti- uma nova 11entença modificava a
radentes, o tenente-coronel Fran- anterior, mantendo a pena de mor-
cisco de Paula Freire de Andrada, te somente para Tiradentes.

174
O grande brasileiro foi enforca- tro. :E:sse brigadeiro, diante dos
do e esquartejado no Rio de Ja- soldados, dirigiu tão graves ofen-
neiro, a 21 de abril de 1792. Os sas aos oficiais brasileiros que um
outros conspiradores foram envia- dêles, I osé dt: _Barros Lima, apeli-
dos para a África, onde sofreram dado o Leão Coroado, o matou
o degrêdo, uns por tôda vida (de- com a espada. Imediatamente os
gr~do perpétuo) 'e outros menos soldados também se revoltaram e
culpados, ~penas por alguns allbs. o governador foi obrigado a refu-
giar-se numa fortaleza, embarcan-
do depois para o Rio de Janeiro.
c) Revolução Em seguida os revoltosos pro~
pernambucana de 1817 curaram o apoio das capitanias vi-
zinhas, mas só conseguiram a ade- .
Em Pernambuco havia um gran- são de Alagoas, Paraíba e Rio
de descontentamento pelo domínio Grande do Norte.
português. Os brasileiros nunca, Para tentar o apoio da Bahia
exerciam altos cargos; também no foi enviado a essa capitania o Pa-
exército em raro um brasileiro dre Roma, apelido que tinha o
ocupar pôsto de oficial. advogado José de Abreu Lima, que
Na revolução pernambucana de antes havia sido sacerdote e esti-
1817 teve grande atuação a ma- vera estudando naquela cidade.
çonaria, sociedade secreta, ainda Mas o Padre Roma não teve sorte:
hoje existente, a qual muito tra- foi prêso, condenado à morte e
balhou pela independência doBra-. fuzilado.
sil. Nessa ocasião, governava Per- Da Bahia o governador, Con-
nambuco Caetano Pinto de Miran- de dos Arcos, enviou tropas a Per-
da Montenegro. :E:sse governador nambuco para dominar a revolu-
recebeu a denúncia de que, na ção. Também do Rio de Janeiro
casa do negociante Domingos José partiu uma esquadra comandada
Martins, se reuniam várias pessoas por Rodrigo L6bo.
para conspirar contra o domínio Vencida a revolução, os chefes
de Portugal. Foram detidos, além foram condenados à morte. Do-
de Domingos José Martins, o pa- mingos José Martins foi fuzilado
. dre João Ribeiro Pessoa e outros na ·Bahia e José de Barros Lima,
conspiradores. ;m Pernambuco. Também houve
Pll!a prender os militares acusa- algumas condenações · na Paraíba,
dos, foi indicado o brigadeiro por- . capit~nia que ~avia apoiado a re-
tuguês Manuel Barbosa Q,e Cas- voluçao.

175
RESUMO
a) Revolução de Filipe dos Santos
Causa principal da revolta: estabeledme~to das . casas de fundição para a
transformação de ouro em barras.
O governador da capitania de Minas: D. Pedro Miguel de Almeida, Conde
Üc Assumar ..
O chefe da revolta: Filipe dos Santos, prêso em Cachoeira do Campo, conde-
nado à morte e enforcado. '

b ) Inconfidência Mineira
Causa exterior da Inconfidência: independência dos Estados Unidos .
O movimento na Europa: entrevista de José. Joaquim da Maia com Jefferson.
O pretexto da revolta: o lançamento da derrama pelo governador Visconde
de Barbacena. ·· · ,· · .
Principais inconfidentes: Joaqui.til José 'da Silva Xavier, o Tiradentes, Fran-
cisco · de Paula Frdre de- Andrada; José Álvares Maciel, Cláudio Manuel da
Costa, Alvarenga. Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga. ·
A traição ao movimento: denúncia feita por Joaquim Silvério dos Reis ao
Visconde de Barbacena.
A sorte dos inconfidentes: suicídio de Cláudio Manuel da Costa, execução de
Tiradentes ( 21 de abril de 1792), degrêdo perpétuo ou temporário para os
outros inconfidentes.

c) Revolução pernambucana de 1817

Causas da revolução: desigualdade de tratamento entre portugueses e brasileiros


e ação da maçonaria.
O governador de Pernambuco: Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
O chefe do movimento: Domingos José Martins.
O início do ·movimento: a morte do brigadeiro português Manuel Barbosa de
Castro por José de Barros Lima.
O apoio de outras capitanias: Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A reação do govêrno português: tropas da Bahia, enviadas pelo Conde dos
Arcos, e esquadra do Rio de Janeiro comandada por Rodrigo Lôbo. .
A sorte dos chefes do movimento: Domingos José Martins fuzilado na Bahia
e José de Barros Lima em Pernambuco.

QUESTIONARIO
1) Que medida tomou o governador de Minas para evitar u contrabando do ouro?
2) .Que era o quinto ? .
3) Que era o Arraial do Ouro Podre ?
4) Que aconteceu com Filipe dos Santos ?
5) Quem foi José Joaquim da Maia? ~

176
6) Que era a derram~ ? . . . . .. ?
7) Quais eram os pnnc1pa1s m~onhd~ntes .
8) Quais eram os planos dos mc~onhdentes ?
9) Por que não. houve a revoluçao ?
10) Como foi prêso Tiradentes ?
11) Que sorte tiveram os inconfidentes ?
12) Quais as causas da revolução pernambucana de 1817?
13) Como começou a revolução ·p~rnambucana?
'14) Quais as principai~ figuras da .revolução ? .
15) Como agiu o governo portugues para vencer a revolução ?

EXERCíCIOS
Sôbre a Unidade VI (O sentimento nacional)
1) Manifestações nativistas
a) Numerar corretamente:
( I ) Aclamado Rei de São Paulo Sebastião de Castro Caldas
( 2) Afilhado de Manuel Beckman Manuel Nunes Viana
( 3) Propôs a independência de Per- Bento do Amaral Coutinho
nambuco
( 4) Governador do Rio de Janeiro Lázaro de Melo
( 5) Venceu os paulistas no Capão da Antônio de Albuquerque
Traição
( 6) Bispo de Olinda . ( ) Amado; Bueno
( 7) Governador das Mmas ( ) Bernardo Vieira de Melo
( 8) Governador de Pernambuco ·( ) Gomes Freire de Andrada
( 9) Venceu a revolta do Maranhão ( ) D. Manuel Álvares da Costa
( 1O) Governador ferido em Recife ( ) Félix José Machado

b ) · Assinalar com um x a frase certa:


( ) Amador Bueno foi aclamado Rei de São Paulo em 1640.
( ) A Restauração foi em 1640. ~
( ) Gomes Freire de Andrada governou o Maranhao. d
( ) Olinda foi capital de Pernambuco no tempo dos holan eses.
( ) Manuel Nunes Viana era emboaba.

2) Os movi!Jlentos revolucionários

a) Dar a significação 'dos seguintes nomes ou expressões:


1) Quinto (
2) Vila Pobre (
3) D errama (
4) Dragões (
5) Leão Coroado (

177
c) Numerar corretamente:
( 1) Conde de Assumar Francisco de Paula Freire de
(2) Vice-rei do Brasil Andrada
(3) Arraial do Ouro Podre José de Abreu Lima
. (4) Encarregado de fabricar a pólvora Filipe dos Santos
(5) Teve uma entrevista com Jefferson José Joaquim da Maia
(6) Chefe da revolução de 1817 D. Pedro Miguel de Almeida
(7) Chefe prêso em Cachoeira do Luis de Vasconcelos
Campo José Alvares Maciel
(8) Nome antigo de Mariana
(9) Inconfidente que comandaria as ( ) Morro da Queimada
tropas ( ) Domingos José Martins
(lO) Tinha o apelido do Padre Roma ( ) Vila do Carmo

d) Completar as frases:
1 ) A revolução rl., Filipe nos Santos ocorreu no ano de .......... , em

2) Com as casas de fundição, o govêrno portugt~ês evitava .............. ,


pois todo ouro era transformado em barra e ............. .
3) ?.s. i~.c~~~~~~n.t~~ ~~er~~t~~a. ~~~~e~~a. ~~~ as palavras latinas .......... ,
4) Os três poetas da Inconfidência foram .. ............ , ............. .
e ............ ..
5) O brigadeiro Manuel Barbqsa de Castro foi morto pelo oficial brasileiro
.............. , apelidado ............. .

Moeda de ouro do reinado


de D. ]pão VI.
71 A INDEPENDENCIA

Vice-reis na Bahia e no Rio de janeiro


Transferência da côrte portuguêsa para o Brasil
A regência de D. Pedro e o Grito do Ipiranga

21) OS VICE-REIS E O BRASIL-REINO

a) Os vice-reis na sidência dos governadores e vice-


Bahia e no Rio de I aneiro reis. O último vice-rei que resi-
diu na Bahia chamava-se Antônio
Até 1640, os que vinham go- de Almeida Soares, primeiro Mar-
vernar o Brasil, em nome ·de Por- quês do Lavradio e góvernou até
tugal, tinham arenas o título de 1760. Três anos depois, em 1763,
govemador-gera . Foi nesse ano, a capital do Brasil foi transferida
pouco antes de Portugal tornar-se para o Rio de Janeiro.
independente da Espanha, que o O primeiro vice-rei que gover-
governador D. Jorge Mascarenhas, nou o Rio de Janeiro foi o Conde
J1arqu ês de Montalvão , teve o tí- da Cunha. f:sse vice-rei cuidou
tulo de vice-rei do Brasil. A prin- da defesa da nova capital; iniciou
cípio êsse título não era dado a a consh·ução do Arsenal de Mari-
todos os governadores: por isso, nha e eçlificou os fortes da Praia
sàmente vinte anos depois do go- Vermelha.
vêrno do Marquês de Montalvão, Muito honesto, o Conde da
surgiu o segundo vice-rei; chama- Cunha, ao terminar a sua . admi-
va-se D. Vasco de Mascarenhas. nistração, deixou os cofres públi-
Enquanto a capital do Brasil foi cos cheios de dinheiro. Entretan-
Salvador, ficava nessa cidade a re- to, não tinha no bôlso nem sequer

San Murtim, um dos libertadores 181


. da América, atravessa os Andes.
Mas o recinto era muito pequeno Carlos Frederico Lecor, Visconde
para caber tanta gente, de modo da Laguna, tiveram que abando-
que, no dia seguinte, pela manhã, nar .Montevidéu, onde dominava o
os soldados encontraram, mortos general português D. Alvaro da
por asfixia, duzeptos e cinqüenta . Costa de Macedo. :E:sse militar foi,
dos prisioneiros. · porém, cercado na capital pelas
A última província a aderir à In- tropas de Lecor e, depois de re-
dependência foi a Cisplatina, que clamar inutilmente reforços de
mais tarde se separou do Brasil Portugal, resolveu embarcar para
para formar a República Oriental a Europa. Em 1824, tôda a pro-
do Uruguai. As tropas fiéis a víncia estava em poder dos brasi-
D. Pedro I, sob o coman:-ln d(' leiros.

Almirante Cochran e.

R E .S UMO

A Guerra da Independência
a) Guerra da Independência na Bahia

Causa das agitações em Salvador: escolha do português Inácio Luís Madeira


de Melo para comandante das armas.
O incidente do convento da Lapa: morte de soror Joana Angélica.
O combate de Pirafá: estratagema do corneteiro Luís Lopes.
Ação de Lorde Cochrane: cêrco de Salvador.
Retirada dos portuguêses da Bahia: 2 de julho de 1823.

198
]J ) A guerra nas outras províncias
Outras províncias fav orável·s "'ts côrtes: Piauí, Maranhão, Pará e Província
Cisplatina. . .,
No Piauí: derrota de João da Cunha Fidit•.
No Mamnhão: ação de Lorde Cochrane.
No Pará: ação de Grenfell.
Na Cisplatina (atual Uruguai): cêrco em ~ontevidéu das tropas de D. Álvaro ·
ela Costa de Macedo pelas de Carlos Fredenco Lecor.

QUESTIONARIO

1 ) Por que houve a Guerra da Independência : ..


2 ) Por que teve D. Pedro I que contratar oficiais estrangeiros para as fôrças
armadas do Brasil ?
3) Quem foi Inácio Luís Madeira de Melo?
4) Que houve no convento da Lapa ?
.5) Quem foi Luís Lopes ?
6) Quem foi Lorde Cochrane ?
7) Quando foi toma d a S a Iva d or pe Ias t ropas de D. Pedro I?
8) Quem t{oi João da Cunha Fi di é ?
9) Como Lorde Cochrane conquistou o Maranhão?
10) Que dificuldades foram enfrentadas por Grenfell no Pará?
11) Quem foi o cônego Batista de Campos ? , . . __ .
12) Que nome tem hoje o território que se chamou Provmc1a C1splatina ?
13) Quem foi o Visconde da Laguna?
14) Quem foi D. Alvaro da Costa ~e Macedo?
15) Quais as províncias que não ·quiseram aderir à Independência ?

199
o dinheiro· para a compra da pas- b ) A transferência da côrte
sagem de volta a Partugal; por portuguêsa para o Brasil
isso, teve que o pedir empresta-
do a amigos. Quando Napoleão era Impera-
Outro vice-rei, que se preocupou dor da França, governava Portu-
com a defesa da cidade, foi o se- gal D. João, como príncipe-regen-
gundo Marquês do Lavradio, D. te, pois a rainha D. Maria I, sua
Luís de Almeida Portugal. .E:sse mãe, sofria de doença mental.
vice-rei cuidou também de várias Napoleão, inimigo da Inglater-
indústrias e chegou a iniciar no ra, decretou em Berlim o bloqueio
Rio de Janeiro a criação do bicho- continental: todos os países do
da-sêda. O Marquês do Lavradio continente europeu eram obriga-
vestia-se com muita elegância e, dos a fechar seus portos ao comér-
por isso, o povo deu-lhe o apelido cio inglês.
de O Gravata. ,
Entretanto, o príncipe-regente
O suc0ssor- do Marquês do La- não quis obedecer a Napoleão. Por
vradio foi Luís de Vasconcelos : iS$0, êsse imperador combinou com
era amigo dos escritores e embe- a Espanha a invasão de Portugal,
lezou o Rio de Janeiro, consç-uin- levada a .efeito pelas tropas do ge-
do o atual Passeio Público. Foi neral Junot. D. João, não poden-
quem mandou prender Tiradentes. do resistir às fôrças dêsses dois
Depois de Luís de Vasconcelos, inimigos, resolveu embarcar para
governou o segundo Conde de Re- o Brasil, acompanhado da família
sende. Em st<u tempo foram jul- real e de cêrca de quinze mil
gados TiradenteS' e seus compa- pessoas.
nheiros porque haviam conspirado A esquadra dirigia-se para o Rio
em favor da independência do de Janeiro mas uma tempestade
Brasil. fêz com que alguns navios, como
O último vice-rei chamou-se D . o em que viajava D. João, fôs-
Marcos de Noron:w, oitavo Conde sem tocar na costa da Bahia. O
dos Arcos. Durante seu govêrno príncipe chegou à capital baiana
chegaram ao Brasil, em 1808, o em janeiro de 1808 e, no mês se-
Príncipe D. João e a família real guinte, partiu para o Rio de Ja-
portuguêsa. neiro, onde foi recebido com mui-
A partir de 1808, o Rio de J a- tas festas.
neiro tornou-se a sede da monar- Quando ainda estava na Bahia,
quia : termina, portanto, nesse ano, D . João, aconselhado por um gran-
o govêrno dos vice-reis. de brasileiro, José da Silva Lisboa,

182
depois Visconde de Cairu, assinou, o Brasil já procedia como nação
a 28 de janeiro de 1808, a carta- livre, comerciando com tôdas as
régia que abria os portos do Bra- outras.
sil a tôdas as nações amigas. Essa Quando chegou ao Ri0 de Ja-
medida é considerada como um neiro, D. Joãf> declarou guerra à
passo importante para a indepen- França e, para vingar a invasão
dência porque, enquanto as outras do território português pelos fran-
colônias só podiam comerciar com ceses, mandou invadir e ocupar a
a metrópole, ou país colonizador, Guiana Francesa.
Dona Carlo.ta ]oaquina,
espôsa de D. João VI.
( Re!Tato por DEBRET).

183
~ -

Para governar a Guiana Fran- várias fábricas, criado o Banco do


cesa foi nomeado o brasileiro João Brasil e publicada uma lei que
Severiano Maciel da Costa, depois permitiu o pleno funcionamento
Marquês de Queluz. :ltsse gover- das indústrias.
nador fêz boa administração e Com tôdas essas medidas, o Bra-
mandou de lá para o Brasil mui- sil progrediu tanto que não pode-
tas plantas: a fruta-pão, o abaca- ria mais continuar na condição de
teiro, as palmeiras-reais e uma va- simples colônia. Já a abertura dos
riedade de cana que se chamou portos havia sido um passo para
caiena, porque êsse é o nome da a independência. Outro passo foi

~1
capital da Guiana Francesa. Em dado quando D. João, a 16 de de-
1817, quando Napoleão já havia zembro de 1815, elevou o Brasil
I
sido derrotado, essa colônia foi de- à categoria de Reino Unido.
volvida à França. Em 1818, quando já havia mor-
Ainda no tempo em que a famí- rido D . Maria I, o príncipe-re-
lia real estêve no Brasil, foi con- gente foi coroado rei com o título
quistada a Banda Oriental, região de D. João VI.
que atualmente constitui Repúbli- Apesar de sua espôsa, D. Car-
ca Oriental do Uruguai . lota Joaquina, detestar o Brasil, o
rei D. João VI não queria mais
! voltar para a Europa, embora as
1: c ) Principais realizações · tropas francesas já tivessem sido
de D. João expulsas de sua pátria. Houve, po-
rém, em 1820, na cidade do Pôrto,
O príncipe-regente tomou mui- em Portugal, uma revolução que
tas medidas que concorreram para exigiu a sua volta.
o progresso do· Brasil. As mais Quando, em 1821, D. João VI
importantes foram a fundação da partiu, deixando no Brasil D. Pe-
Fábrica de Pólvora, da Biblioteca dro, para em seu nome governar
NacioTUil, do Jardim Botânico e da como príncipe-regen'te, o rei já
Aca{iemia da Marinha. A Impres- sabia que o Brasil não tardaria
são Régia, também criada por êle, muito a fazer sua independência.
publicou o jornal chamado Gazeta Por isso disse ao filho: - "Pedro,
do Rio de Janeiro. se o Brasil se separar, antes seja
Outras medidas de D. João des- para ti, que me hás de respeitar,
tinaram-se ao progresso econômi- do que para algum desses aven-
co do Brasil: foram estabelecidas tureiros".

184.
-

RESUMO

Os vice-reis e o Brasil-Reino
a) Os vice-reis na Bahia e no Rio de Janeiro . A

Primeiro governador com 0 título de vice-rei: D. Jorge de Mascarenhas, Marques


de Montalvão. . . M A d
último vice-rei na Bahia: Antônio de Almeida Soares, pnmeiro arques o

Lav~di~ce-reis no Rio de Janeiro: Conde da Cunha (administrador honesto),


segunsdo Marquês· do Lavradio (desenvolveu as indústrias), Luís de yasconc~los
1 construiu 0 Passeio Público), segundo Conde de Resende ( execuçao de Trra-
clentes). . c d d A
último vice-rei do Brasil: D. Marcos de Noronha, Oitavo on e os rcos.
h ) A transferência da côrte para o Brasil _ . A • , •

Causa da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleao: resistencia do pnnc1pe


D. João ao bloqueio continental. . .
D. João na Bahia: carta-régia de abertura ?os ~ortos ( 28 de !ane1ro de 1808)
por conselho de José da Silva Lisboa (depois VIsconde _de Carru) ·
D. João no Rio de Janeiro: guerra à França, ocupaçao da Gmana Francesa
e da Banda Oriental.
c) Principais .t ealizações de D. João:
As realizações: Fábrica de Pólvora, Biblioteca Nacioi?al, Jardim Botânico,
Academia da Marinha, Impressão Régia e Banco do BrasiL
Elevação do Brasil a Reino Unido: 16 de dezembro de 1815. , .
A volta de D. João ( 1821): seu filho D. Pedro em seu lugar, como pnncipe-
regente.

QUESTIONÁRIO
1) Quem foi D. Jorge de Mascarenhas? .
2)Quem foi o último vice-rei com sede na Bah1a ?
3)Como foi a administração do Conde da Cunha ?
4)Quem foi D. Luís de Almeida Portu'gal ?
5)Que fêz Luís de Vasconcelos ?
6)Quem foi o último vice-rei do Brasil ?
7)Por que governava Portugal o príncipe D. João?
8)Que fêz D. João na Bahia? .
9)Por que D. João conquistou a Gumna Francesa?
10)Que recebeu o Brasil da Guiana Francesa ?
11)Que era a Banda Oriental ? . .
12)Quais as realizações de D. Toão no RIO de Janeuo?
13)Que houve a 16 de dezem_bro de 1815 ?
14) Quem foi D. Carlota Joaquma?
15) Que disse D. João VI ao filho quando embarcou para Portugal?

185
'22) A REG.RNCIA DE D. PEDRO
E O GRITO DO IPIRANGA

a) O govêrno de D. Pedro vam no Rio de Janeiro. Essas tro-


pas formavam a Divisão Auxilia-
Enquanto D. João estava no . dora, sob o comando de Jorge de
Brasil, os portuguêses, ajudados Avilez.
pelos inglêses, conseguiram expul-
sar de Portugal as tropas de Na- Além de outras medidas, as côr-
poleão. Não havia, portanto, mais tes estabeleceram que as juntas
razão para que o rei permaneces- governativas das províncias não
se no Rio de Janeiro. Os portu- deviam mais obedecer ao prínci-
guêses reclamaram a sua volta e, pe: ficariam diretamente ligadas a
havendo uma revolução, em 1820, Portugal de quem receberiam or-
na cidade do Pôrto, foi êle obri- dens. Com essa medida, a auto-
gado a embarcar para a Europa ridade de D. Pedro ficava reduzi-
no ano seguinte. Antes, porém, de da apenas ao Rio de Janeiro. Os
partir, indicou para governar o patriotas, indignados, resolveram
Bràsil, como príncipe-regente, seu trabalhar ativamente pela inde-
filho D. Pedro, a quem deu podê- pendência do Brasil. ·
res de verdadeiro soberano.
D. Pedro foi um bom adminis- b) O Fico
trador. Para melhorar a situação
econômica do Brasil chegou até a Ainda em 1821, chegavam ao
diminuir suas próprias despesas. Rio de Janeiro novos decretos de
Mas, as côrtes, assembléia que es- Lisboa. Um dêles obrigava D.
tava redigindo a Constituição Por- Pedro a entregar o governo a uma
tuguêsa, temiam que D. Pedro, junta e voltar imediatamente pa-
com os podêres que tinha, viesse ra Portugal. Era o único meio de
a fazer a independência. Então, afastar o príncip~ da influência
procuraram diminuir o prestígio do dos brasileiros e tornar o país no-
príncipe junto aos brasileiros para vamente colônia. Entretanto, as
que o Brasil, que já era Reino côrtes, escondendo a sua verdadei-
Unido, voltasse a ser simples co- ra intenção, afirmavam que, sen-
lônia. Para a realização dêsse pla- do o príncipe muito jovem, pre-
no, as côrtes contavam com o apoio cisava percorrer a Europa para
das tropas portuguêsas que esta- completar a sua educação.

186
Os patriotas, como Joaquim
Gonçalves Ledo e I osé Clemente
Pereira, compreenderam que er_a
necessário unir-se para unpedir
que as ordens das côrtes fôssem
cumpridas: por isso, fundar~m o
Clube da Resistência e enviara_:n
emissários às províncias de ~ao
Paulo e Minas onde devenam
obter assinaturas, pedindo que o
príncipe ficasse . no Brasil. ,
A 9 de janeiro de 1822, Jose Cle-
mente Pereira, à frente de um
grande cortejo, dirigiu-se para o
Palácio da Cidade, situado no Lar- O Grito do lpiranga - Quadro de
go do Paço (atual Praça Quinze de PEDRO AMÉruco, no Muset~ do Ipiranga, .
Novembro), onde len a represf'n- S:io Paulo.
I

IJ. Pedro Il aos seir UIH' '· ]nsé Bonifácio de AIIC!rada e Silu1.

tação dos cariocas. Em seguida, carta-régia da abertura dos por-


D. Pedro respondeu: "- Como é tos ( 1808), o segundo com a de-
pa~a. o bem de todos e para a clar~ção de Reino Unido ( 1815)
feltctdade geral da Nação, estou e, fmalmente, o terceiro, com o
pronto: diga ao povo que fico." episódio do Fico.
Em seguida, dirigindo-se para Ainda em janeiro de 1822, criou-
uma das janelas do palácio, disse, se .u~ ministério, onde a figura
pa:a a multidão que se juntava ~ais Importante foi I osé Bonifá-
n? largo, estas palavras: "- Agora cw de Andrada e Silva. 1tsse bra-
so tenho a recomendar-vos união s~le~ro, além. de poeta, grande
e tranqüilidade." sabw, tanto fez pela libertação do
O dia 9 de janeiro de 1822, cha- Brasil que teve o título de Pa-
mado "Dia do Fico", foi muito triarca da Independência.
importante porque se deu mais Em fevereiro de 1822, o minis-
um passo para a independencia. tério teve a iniciativa de um de-
O primeiro passo foi dado com a creto que proibia vigorar no Bra-
188
sü qualquer medida ou lei de Por- Enviados imediatamente para·
tugal, quando não tivesse aprov~­ São Paulo, êsses decretos chega-
ção de D. Pedro. Logo depOis, ram às mãos de D. Pedro, quando
a Divisão Auxiliadora Portuguêsa, êle estava às margens do riacho
comandada por Jorge de Avilez, lpiranga, na tarde de sábado de
tentou revoltar-se. Mas, diante da 7 de setembro de 1822. Então,
energia do príncipe, decidido a indignado com as decisões de Por-
enfrentá-la, preferiu embarcar de tugal, resolveu declarar logo a in-
volta para Por~ugal. Chegou de- dependênda do Brasil. Voltando-
pois uma esquadra com reforços e se para seus companheir?s, gritou:
com o propósito de levar D. Pedro, "- Laços fora, soldados. As côr-
mas foi forçada a regressar. tes querem mesmo escravizar o
Brasil. Cumpre, portçmto, decla-
c) O Grito do I pirangq rar iá a nossa independência. Des-
de êste momento, estamos defini-
Para acabar com as agitações tivamente separados de Portugal:
que ocorriam em São Paulo, D. Independência ou Morte se;a a
Pedro resolveu partir para essa nossa divisa".
província. Antes, porém, nomeou Logo depois, D. Pedro chegava
para substituí-lo, durante sua au~ à cidade de São Paulo onde foi
sência, sua espôsa, a Princesa D. recebido com grandes festas. À
Leopoldina. noite, houve num teatro um espe-
Na capital paulista, onde foi táculo em sua homenagem, sendo
bem recebido, o príncipe demo- cantado um hino que êle mesmo
rou-se alguns dias e, no comêço havia composto.
de setembro, partiu para Santos. Estava realizado o sonho de Ti-
Nessa ocasião, já haviam chega- radentes e de tantos outros pa-
do ao Rio de Janeiro os despachos triotas que haviam derramado ·seu
de Lisboa, que anulavam alguns sangue pela independência do
dos seus atos mais importantes. Brasil.

RESUMO

A 1·egência de D. Pedro e o Grito do Ipiranga


a) O govêmo de D. Pedro
As côrtes: assembléi~ que estava fazendo a Constituição Portuguêsa.
Ação das côrtes: tomar o Brasil novamente colônia.
Tropas que seguiam, no Rio de janeiro, as ordens das c6rtes: Divisão Auxi-
liadora, sob o comando de Jorge de Avilez.

189
BRASIL INDEPENDENTE
b) O Fico
DeterminaÇão das côrtes: volta de D. Pedro para Portugal.
Reação dos patriotas: fundação do Clube da Resistência.
Principais patriotas: Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira.
O dia do Fico: 9 de janeiro de 1822.
O ministério da Independência (janeiro de 1822): principal figura, José Boni-
fácio de Andrada e Silva. ·
O decreto de fevereiro de 1822: aprovação do príncipe para qualquer lei ou
medida que viesse de Portugal.

c) O Grito do lpiranga
Partida de D. Pedro para São Paulo: nomeação da espôsa, a princesa D. Leo-
poldina para substituí-lo.
D. Pedro às margens do riacho lpiranga: o grito da Independência ( 7 de
setembro de 1822).
D . Pedro na cidade de São Paulo: recebido com grandes festas.

QUESTIONÁRIO

1) Por que D. João teve que voltar para Portugal?


2) Que eram as côrtes portuguêsas ?
3) Que queriam as côrtes ?
4) Quem foi Jorge de Avilez ?
5) Que era o Clube da Resistência ?
6) Quais os patriotas que fundaram o Clube da Resistência ?
7 ) Quando foi o dia do Fico ?
8) Que disse D. Pedro no dia do Fico?
9) Quem foi o Patriarca da Independência ?
10) Quem era D. Leopoldina?
11) Quando foi criado o ministério de que participou José Bonifácio?
12) .Que sabe sôbre o decreto de fevereiro de 1822?
13) Quem ficou no lugar de D. Pedro, quando êle foi a São Paulo?
14) Que disse D. Pedro às margens do riacho Ipiranga ?
15) Como D. Pedro foi recebido na cidade de São Paulo ?

190
EXERCíCIOS
Sôbre a Unidade VII (A Independência)
1 ) Os vice-reis e o Brasil Reino
a ) Dar o nome correspondente:
1) Nome do Marquês de Montalvão
2) Introduziu no Rio de Janeiro a criação do bicho-da-sêda
3 ) Vice-rei que mandou prender Tiradentes
4) Vice-rei no tempo da execução de Tiradentes
5) último vice-rei do Brasil
b ) Dar
( 1)
o número correspondente:
r_-
Aconselhou a abertura dos portos João Severiano Maciel da Costa
( 2) Governou a Guiana Francesa D. Carlota Joaquina
( 3) Espôsa de D. João 1808
( 4) Oitavo Conde dos Arcos D. Leopoldina
(5) Mãe de D. João D. Maria I
( 6) Data da abertura dos portos D. Marcos de Noronha
(7) Espôsa de D. Pedro José da Silva Lisboa
c) Completar as frases:
1) A fruta-pão veio da ............ , quando era governada por ........... ·

2) c~i~~~ i~~~ .v.ariedade de ............ ' cujo nome lembra ........... .


3) O bloqueio continental determinava . . . . . . . . . . . . . . e foi decretado por

4) As duas conquistas ~o govêrno de D. João foram: ................ e

2) A regência de D. Pedro e o Grito do lpiranga


a ) Dar o nome ou expressão correspondente:
1) Comandou a Divisão Auxiliadora Portuguêsa (
2) Resposta dada por D. Pedro ao discurso de Clemente Pereira · (
)
3) Nome do Patriarca da Independência (
4) Decreto de fevereiro de 1822 (
5) Palavras ditas por D. Pedro às margens do Ipiranga

b ) Assinalar com um x a frase certa:


D. Carlota Joaqu!na não queria mais voltar para Portugal.
D . João já admitia que o Brasil poderia separar-se de Portugal.
D. Leopoldina subst,ituiu D. Pedro quan?o. êste foi a São .Paulo.
A Banda Oriental e atualmente a Repubhca do Paraguai.
O dia do Fico foi a 9 de janeiro de 1822.

191
1 I O P R I ME I R·O R E I N A O O

· A guerra da Independência
As lutas internas
Polític~ externa do Primeiro Reinado
A abdicação

1) A GUERRA DA INDEPENDf:NCIA

a) Guerra da fes estrangeiros para as fôrças ar-


madas, principalmente marinha.
Independência na Bahia Os altos postos eram geralmente
exercidos pelos portuguêses e, com
Proclamada a independência, D. a proclamação da Independência,
Pedro voltou para o 'Rio de Janei- muitos dêles não quiseram aceitar
ro onde, ainda em 1822, foi acla- a nova situação e resolveram vol-
mado e coroado Imperador do tar para a Europa.
Brasil. Mas, em algumas provín- Mesmo antes do Grito do lpi-
cias, as juntas governativas não ranga, o govêrno da Bahia re-
quiseram aderir à independência: cusou-se a aceitar a autoridade do
preferiram continuar recebendo Príncipe D. Pedro, preferindo obe-
ordens das côrtes, nome da assem- decer diretamente a Portugal.
bléia que estava fazendo a cons- Na Bahia a agitação era muito
tituição de Portugal e que tinha grande porque foi nomeado para
todo o poder. comandante das armas o português
D. Pedro, para sustentar a luta Inácio Luís Madeira de Melo,
nessas províncias e salvar a uni- quando os baianos achavam que
dade do Brasil, que estava amea- para êsse cargo devia ser nomeado
çada, foi obrigado a contratar che- um brasileiro.

Ti·radentes. 195
Ocorreram muitos conflitos em
Salvador: foram atacados quartéis,
casas particulares e até um con-
vento, no bairro da Lapa, onde
foi morta pelos portuguêses a irmã
superiora, soror Joana Angélica.
As tropas brasileiras abandonaram
a cidade que ficou em poder de
Madeira de Melo.
Para combater as fôrças portu-
guêsas da Bahia, foi enviada ·do
Rio de Janeiro uma pequena es-
quadra com tropas comandadas
pelo brigadeiro Pedro Labatut, ofi-
cial francês a serviço do Brasil.
I

Em novembro de 1822 feriu-se


o importante combate de Pirajá:
Leque do Impér.io com o retrato de os brasileiros já estavam resolvi-
D. Pedro I. (Museu de Petrópolis).
dos a abandonar a luta e o coe
mandante ordenou ao corneteiro
Luís Lopes que tocasse retirada;
mas êsse corneteiro, por sua con-
ta, trocou o toque de retirada pe-
lo de avançar cavalaria. O estra-
tagema causou grande confusão
·e ntre os portuguêses que se retira-
ram em desordem. ·
O general Madeira, para garan-
tir passagem livre aos .seus navios,
tentou várias vêzes, mas sem exi-
to, apoderar-se da ilha de !tapa-
rica, na baía de .Todos os Santos
e ocupada pelos baianos . . Sua si-
Leque com uma gravura de D. Pedro II . tuação em Salvador tornava-se ca-
e D. Teresa Cristina. (Museu de Pe- da vez mais difícil, apesar dos
trópolis). reforços que recebeu de Portugal.
Também para os imperiais foi en-
viado do Rio de Janeiro auxílio
com o brigadeiro I osé I oaquim de

196
Lima que depois substituiu Laba- tá-lo, foi derrotado e teve que se
tut no comando das tropas. render.
Para comandar a esquadra e Lorde Cochrane dominou o Ma-
bloquear os portuguêses, na capi- ranhão; partindo da Bahia, eT
tal baiana, D. Pedro contratou perseguição à esquadra portugue-
Lorde Cochrane, almirante esco- sa, Lorde Cochrane chegou a essa
cês de muita bravura que se ha- província e, usando de um ardi~,
via distinguido nas lutas pela in- conseguiu obrigar a junta a demi-
dependência do Chile. tir-se: afirmou o almirante que o
Cercados por terra e por mar e, resto da esquadra não tardaria a
por isso, impedidos de receb~r chegar, quando na realidade só
mantimentos, as tropas portugue- tinha o navio em que viajava.
sas resolveram abandonar a cidade A dominação do Pará foi conse-
a 2 de julho de 1823. Na viagem guida por Grenfell, oficial ingles
para Portugal seus navios foram a serviço do Brasil. Recorrendo
perseguidos até a foz do Tejo pela ao ardil usado por Cochrane no
fragata Niterói, comandada por Maranhão, Grenfell aterrorizou o
T aylor, marinheiro inglês a servi- govêrno da província favorável aos
ço do Brasil. portuguêses, declarando-se chefe
.., de uma esquadra, quando apenas
dispunha de uma embarcação e
b ) A guerra nas cem homens. Mas, depois de no-
outras províncias meada nova junta, houve confli-
tos na cidade de Belém: brasilei-
Também no Piauí, Maranhão, ros exaltados saíram pelas ruas,
Pará e Província Cisplatina (atual- assaltando as lojas dos portuguê-
mente República Oriental do Ura- ses e até matando seus proprie-
guai) as juntas governativas não tários. Para manter a ordem teve
quiseram aderir à Independência. Grenfell de agir com energia con-
No Piauí os. brasileiros revolta- tra os próprios brasileiros: man-
ram-se contra a junta governativa dou fuzilar cinco culpados; o cô-
de Oeiras, então capital da Pro- nego Batista de Campos, qu~ havia
víncia. Apesar de ajudados por sido amarrado à bôca de um ca-
tropas do Ce~Vá , foram vencidos nhão, foi, à última hora, perdoado.
pelo major João da Cunha Fidié, Nessa ocasião aconteceu um fato
que defendia as côrtes portuguê- impressionante: como as prisões
sas. O movimento, porém, espa- não fôssem suficientes, duzentas e
lhou-se por outros lugares e Fidié, cinqüenta e quatro pessoas foram
sem fôrças suficientes para enfren- alojadas no porão de um navio.

197
2) AS LUTAS INTERNAS

a ) As questões. políticas car desordens e levar o país à


no ·Primeiro Reinado anarquia. Foram feitas muitas pri-
sões, os jornais que combatiam os
Os partidos políticos somente Andrad~s foram perseguidos e Joa-
aparecem nó Brasil depois da quim Gonçalves Ledo fugiu para
abdicação de D. Pedro I, duran- Buenos Aires a fim de não ser pn\-
te o período regencial. O que hou- so. Mas, aberto o inquérito para
ve, no Primeiro Reinado, foi a for- verificar a culpa de cada um, ficou
mação de dois grupos de patrio~ provada a inocência dos réus e,
tas que disputavam a confiança por isso, foram absolvidos pelos
do imperador e seguiam a orien- tribunais. _
tação de Joaquim Gonçalves Ledo Em julho de 1823 D. Pedro I
ou de José Bonifácio de Andrada concedeu anistia, isto é, perdoou
e Silva. :Esses dois homens 'públi- a todos os presos políticos. Os
cos tinham lutado pela Ináepen- Andradas sentiram, com êsse ato
dência, mas eram adversários po- do Imperador, a sua autofidad~
líticos e tinham idéias diferentes· diminuída e, por isso, deixaram o
sôbre o modo como o Brasil devia ministério. Na Assembléia Cons-
ser governado. Os partidários de tituinte, que se reunia desde o dia
Ledo defendiam opiniões mais 3 de maio de 1823, os três irmãos,
avançadas, pois queriam que os José Bonifácio, Martim Francisco
deputados tivessem maiores podê- c Antônio Carlos, passaram a com-
res. Eram até acusados de repu- bater violentamente os atos de D.
blicanos e combatidos pelos irmãos Pedro I.
Andradas, principalmente por José
Bonifácio que temia · repetir-se no
Brasil o gue havia acontecido em b) A Assembléia
Portugal: lá o Congresso teve am- Constituinte e a
plos poderes e pràticamente anulou
a · autoridade de D. João VI. "' Constituição de 1824
Jo~é- B?~ifácio, quando ocupava A 3 de maio de 1823, D . Pedro I
o minJsteno, moveu violenta per- inaugurou solenemente _a Assem-
seguição a seus adversários políti- bléia Constituinte com a presença
cos, acusando-os de querer provo- da espôsa, a imperatriz D. Leo-

200
poldina. Mas, já nesse dia, ao pro- mostrava D. Pedro I não ter for-
ferir o seu discurso ou Fala do mação de um verdadeiro demo-
Trono, êle provocou eerta descon- crata, pois era seu dever aceitar
fiança entre os deputados, quando qualquer constituição feita pelos
declarou manter a Constituição representantes do povo.
que ia ser elaborada pela assem- Na assembléia, enquanto se dis-
bléia, "se ela fôsse digna do Bra- cutia um projeto de Constituição,
sil e dêle". Com essas palavras. vários deputados, em discursos

Cadetes com uniformes militares do Império. (Fotografia


tirada nos jardins da Acàdemia Militar de Agulhas Negras).

201
violentos, atacavam o Imperador. No decrete de dissolução da
Entre êsses, estavam os Andradas, assembléia, D . Pedro I havia pro-
com o apoio do jornal O Tamoio metido dar ao país uma consti-
e um outro que tinha um título ·tuição democrática. Para isso o
enorme: chamava-se Sentinela da imperador nomeou uma comissão
Liberdade à beira do mar da de dez membros, que elaborou a
Praia Grande. Constituição do Império, promul-
No Sentinela, um jornalista que gada a 25 de março de 1824. Ape-
se assinava "O Brasileiro Resolu- sar de outorgada, isto é, dada pelo
to", escreveu violento artigo chefe do Estado e não votada pe-
contra dois oficiais portuguêses, los representantes do povo, era
acusando-os de traição ao impera- uma constituição muito bem feita
dor. :E:sses militares, indignados, e teve longa duração: só foi revo-
espancaram o farmacêutico David gada em 1889, com a proclamação
Pamplona, apontado como o autor da República.
do artigo. :E:sse incidente era uma
questão para· a polícia resolver, Além dos três podêres, o Exe-
mas os deputados mais exaltados ctUivo, exercido pelo imperador e
levaram o caso para a assembléia, seus ministros, o Legislativo pelo
onde foram feitos violentos discur- Senado e Câmara dos Deputados,
sos contra os filhos de Portugal e o Judiciário, pelos Juízes e tri-
que haviam aderido à Indepen- bunais, a Constituição de 1824 es-
dência. Por isso os oficiais portu- tabelecia o Poder Moderador, pri-
guêses dirigiram-se ao soberano, vativo do soberano: êle agia, em
que resolveu agir com energia: fo- certas ocasiões, como a dissolu-
ram reunidas tropas em São Cris- ção da Câmara dos Deputados,
tóvão e a assembléia, compreen- sem precisar da aprovação dQ mi-
dendo a ameaça de ser dissolvi-
nistério.
da, declarou-se em sessão perma-
nente na noite de 11 de novem- Em 1834, durante o período re- -
bro de 1823. Essa data ficou fa. gencial, a Constituição do Impé~
mosa na História do Brasil pelo rio foi modificada e as emendas
nome de Noite de Agonia. então introduzidas tiveram o no-
No dia seguinte, 12 de novem- me de Ato Adicional. Uma des-
bro, as tropas · cercaram o edifício sas emendas criava o Município
e, à saída, foram presos e depois Neutro, depois chamado Distrito
exilados alguns deputados da opo- Federal, atualmente Estado da
sição, como os Andradas. Guanabara.

202
J.l _...
y
c)- Confedemção do Equado·r

Em 1824, houve em Pernambu-


co uma revolução que proclamou
a República, formando, com o
apoio de outras províncias, a Con-
federação do Equador.
O chefe do movimento · chama-
va-se Manuel de Carvalho Pais de
Andrade e não quis entregar o go-
verno da província ao nôvo presi-
dente escolhido pelo imperador,
Francisco Pais Barreto.
Mas a principal figura da revo-
lução foi Frei Joaquim do Amor
Divino Caneca, frade carmelíta,
isto é, da ordem de Nossa Senho-
ra do Carmo. Frei Caneca era
jornalista ardoroso que atacava
violentamente o imperador e de-
fendia a separação das províncias
do Norte.
Para submeter os revoltosos, D.
Pedro I enviou a Pernambuco
1.200 homens, sob o comando de
Francisco de Lima e Silva,__pai de
Luís Alves de Lima, futuro Duque
de~ O bloqueio de Recife
foi feito por uma divisão naval co-
mandada por Lorde Cochrane. Em
setembro de 1824, as tropas de
Francisco de Lima e Silva entra-
vam vitoriosas na capital pernam-
bucana que já havia sido castiga-
da pelo bombardeio dos navios de
Cochrane. ·
Foram presos muitos rebeldes.
mas o chefe do movimento, Ma -
Estátua de José Bonifáciu, ~
no Rio de ]aneir:>. P
nuel de Carvalho Pais de Andra- no pau da fôrca e o fuzilassem.
de, conseguiu refugiar-se numa Quando foi dada a ordem de ati-
embarcação inglêsa. Também fo- rar, um dos soldados, ]oão da Pal-
ram submetidas as outras provín- ma, tomado de grande emoção,
cias, que haviam aderido à revo- caiu morto. Criou-se a leniia de
lução: Paraíba, Rio Grande do que Nossa Senhora do CarmÕ ha-
Norte e Ceará. via aparecido entre as nuvens, fa-
Os mais comprometidos na re- zendo.sinal para que não matassem
volução sofreram a pena de mor- o frade.
te, como Frei Caneca, condenado A morte de Frei Caneca e de
a morrer na fôrca. Mas nem o várias outras figuras da revolução
carrasco nem os presos da cadeia comoveu o povo brasileiro e con-
quiseram enforcá-lo. Então Lima correu para tornar impopular o I

c Silva ordenou que o amarrass~m imperador D. Pedro I.

RESUMO

As lutas intemas
a) As questões políticas no Primeiro Reinado

Os dois grupos políticos: de Joaquim Gonçalves Ledo e de José Bonifácio.


As idéias políticas de Ledo: maiores podêres para a Câmara dos Deputados.
As idéias de José Bonifácio: maiores podêres para o Imperador.
Oposição dos Andradas ao Imperador: anistia concedida por D. Pedro I aos
partidários de Ledo.

b) A Assembléia Constituinte e a Constituição de 1824


Abertura da Assembléia Constituinte: 3 de maio de 1823.
Os jornais da oposição: O Tamoio e A Sentinela da Liberdade à beira do mar
da Praia Grande.
Causa imediata da dissolução da Assembléia: incidente entre oficiais portu-
gueses e o jornalis"ta do Sentinela.
A Noite de Agonia: 11 de novembro de 1823.
A Constituição outorgada: 25 de março de 1824.
A emenda na Constituição: Ato Adicional.

204
c) Confederação do Equador

o chefe do movimento: Manuel de Carvalho Pais de Andrade.


As fôrças imperiais: comando de Lorde Cochrane e Francisco de Lima e Silva.
Principal figura da revolução: Frei Caneca.

QUESTIONÁRIO

·
1) Quais as idéias dos homens poli t1cos no. t ~~p~ ?de D. Pedro I?
2) Por que José Bonifácio se demitiu do m1~~steno . . . ?
3) Por que D. Pedro I dissolveu a Assemble1a Conshtumte .
4) Que é Noite de Agonia?
5) Quando foi promulgada a Cons~tuição do, ~mpé~io ? ?
6) Por que se diz que a Cons~ituiçao do Im_pe~I~ foi outor~~da?.
7) Quais os podêres estabelecidos pela Conshtmçao do Impeno .
8) Qual a origem do Estado da Guanabara ?
9) Que é Confederação do Equador ?
10) Por que houve a Confederação do Equador?
11 ) Que aconteceu com o chefe da Confederação do Equador ?_
12) Que papel teve 0 pai do Duque de Caxias na Confederaçao do Equador ?
13) Quem foi Francisco Pais Barreto ?
14) Como morreu Frei Caneca ?
15) Por que se diz que Frei Caneca é um frade carmelita?

Assinatura de José Bonifáêio de Andrada e Silva.

205
3) POLíTICA EXTERNA DO PIUMEIRO REINADO

a ) O reconhecimento da dustriais inglêses, pois os artigos,


Independência que vinham da Inglaterra, paga-
vam nos portos brasileiros uma
Em 1824 os Estados Unidos da taxa menor do que os produtos
América reconheceram a Indepen- de outros países. Por isso os ar-
dência do Brasil. Não foi difícil tigos inglêses eram vendidos no
obter êsse reconhecimento, pois Brasil mais baratos e consumidos
queria a grande nação do Norte em maior quantidade. Então o
que todos os povos do continente govêrno brasileiro aproveitou essa
fôssem livres. oportunidade para, em troca da re-
Na Europa, porém, o reconhe- novação do tratado, conseguir o
cimento da Independência do Bra- reconhecimento da Independência.
sil pelas potências apresentava O primeiro ministro Canning en-
grandes dificuldades. Em primei- viou ao Rio de Janeiro Charles
ro lugar, Portugal não se confor- Stuart que, passando por Lisboa,
mava com a perda do · Brasil e obteve a autorização de D. João
ainda julgava possível restabelecer VI para também negociar o reco-
o antigo Reino Unido, juntando as nhecimento por Portugal, sob cer-
duas coroas sob o govêrno de D. tas condições.
João VI. Também havia um gru- Com Portugal foi assinado, em
po de nações importantes, como a agôsto de 1825, um tratado de paz
França e a Áustria, contrário à e amizade, sendo reconhecida a
libertação dos povos. ~sse grupo Independência do Brasil. Mas o
chamava-se Santa Aliança. Outra Império brasileiro pagava ao go-
dificuldade. para o reconhecimen- vêrno portugues dois milhões de
to era a atitude da Inglaterra: essa libras, como parte brasileira da
grande nação não desejava desgos- . dívida do antigo Reino Unido, e
tar Portug'al, seu fiel aliado de concedia a D. João VI o título
muitos anos. de Imperador do Brasil.
Entretanto, queria o govêrno in-
glês renovar com o Brasil o tra-
tado de comércio assinado em
1810. ~sse tratado era muito van- Na página ao lado : o desenho reproduz
a corveta Maceió enfrentando a esqua-
tajoso para os comerciantes e in- dra da República Argentina.

206
b ) A Guerra da Cisplatina dos espanhóis e falavam a línguà
espanhola. .
e a Independência
De Buenos Aires partiu uma pe-
do Uruguai quena expedição que, em abril de
1825, desembarcou na margem
Foram os portuguêses os pri- oriental do Rio da Prata: eram os
meiros que se estabeleceram na famosos trinta e três, que iam ten-
margem oriental do Rio da Pra- tar a libertação da pátria, chefia-
ta, onde fundaram a Colônia do dos por I oão Antônio Lavalleja.
Sacramento. Mas o povoamento Pouco depois, os revoltosos tive-
dessa região, atualmente Repúbli- ram o apoio do chefe cisplatino
ca Oriental do Uruguai, coube Frutuoso Rivera e receberam re-
:1os espanhóis que nela fundaram forços de Buenos Aires; o movi-
Montevidéu. Ela formou com os mento revolucionário propagou-se
territórios da Argentina e d..o Pa- por todo o país. .
raguai o vice-reino do Prata, sob Ná Vila de Flórida reuniu-se um
o domínio da Espanha, com a ca- congresso que declarou a provín-
pital em Buenos Aires. cia Cisplatina separada do . Brasil
· Em 1810, houve em Buenos Ai- e, em seguida, decidiu que ela
res a revolta pela independência; seria anexada à República das Pro-
logo depois o território do Para- víncias Unidas, atualmente Ar-
guai transformava-se numa repú- gentina. Então o Brasil aceitou,
blica. Em Montevidéu a luta pela como uma declaração de guerra, a
libertação era chefiada por I osé comunicação de Buenos Aires de
Artígas; mas o Príncipe D. João, .q ue havia incorporado o Uruguai.
que se encontrava no Brasil, man- · Enquanto o povo argentino que-
dou invadir essa região por tropas ria a guerra, pois cónsideravam os
comandadas por Carlos Frederico cisplatinos, que também falavam
Lecor, depois Visconde da Lagu- a língua espanhola, como seus ir-
na. Artigas, derrotado, retirou-se mãos, essa guerra era no Brasil
par.a o Paraguai, onde morreu po- impopular. O imperador foi até .
bre e esquecido, e sua pátria foi obrigado a ir à Provínci;i do Rio
anexada ao Brasil com o nome- de Grande para tentar levantar. o en-
Província Cisplatina ( 1821). tusiasmo das tropas.
A união entre o Brasil e a Cis- Na Guerra da Cisplatina, a ma-
platina não podia manter-se por rinha · brasileira obteve triunfos
muito tempo, pois, enquanto o mas também sofreu reveses e, já em
Brasil tinha tradição portuguêsa, abril de 1827, conseguiu uma gran-
os cisplatinos eram descendentes de vitória, com a batalha de M on-

208
Assinatura de homens ilustres do Brasil e da América.
te Santiago. Os brasileiros eram depois abandonou a Província do
comandados pelo almirante Pinto Rio Grande.
Guedes, que depois recebeu o tí- Ainda em 1827, o govêrno das
tulo de Barão ao Rio da Prata. Províncias Unidas, · diante dos
Em terra, o mais importante en- enormes prejuízos que sofriam a
contro entre os dois exércitos, ar- marinha e o comércio argentinos,
gentino e brasileiro, verificou-se estava resolvido a obter a paz,
em fevereiro de 1827: foi a ba- ainda que em condições desvanta-
talha de ltuzaingó ou Passo do josas. Por isso, foi assinado no Rio
Rosário, sem resultado decisivo. de Janeiro um tratado que punha
Comandava as tropas adversárias fim à luta e declarava manter a
o general argentino Carlos Maria união da Cisplatina com o Brasil.
de Alvear e as brasileiras o Mar- Mas, quando chegou a Buenos Ai-
.quês de Barbacena. Quando a mu- res a notícia dêsse tratado, o povo
nição faltou e o incêndio lavrou protestou indignado e, por isso, o
no ·campo, ateado pelo inimigo, govêrno não pôde aprová-lo, ven-
Barbacena ordenou a retirada do do-se obrigado a prosseguir na
seu exército, o que foi feito em or- campanha.
dem, ficando no campo de bata- Afinal, em 1823, terminou a luta:
lha apenas alguns feridos e um foi assinado o tratado de paz que
canhão com as rodas quebradas. reconhecia a independência da
Alvear, entretanto, não soube apro- Província Cisplatina com o nome
veitar essa vantagem, pois pouco de República OrientaZ.do Uruguai.

RESUMO

Política externa do Primeiro Reinado


a) Reconhecimento da Independência
Reconhecimento pelos Estados Unidos ( 1824): simpatia da grande nação
do Norte pela liberdade dos povos da América.
As dificuldades na Europa: política da Santa Aliança, resistência de Portugal
e a atitude da Inglaterra. •
Condição para o reconhecimento pela Inglaterra: renovação do tratado de
comércio. ·
Condições para o reconhecimento por Portugal: pagamento da dívida de dois
milhões de libras e título àe Imperádor do Brasil dado a D. João VI.

210
b) A Guerra da Cisplatina e a Independência do Uruguai
Origem da Província Cisplatin~: Colônia do Sacramento, fundada pelos portu-
guêses. · L li ·
Início da revolta da Cisplatina: Os "Trinta e Três", chefiados por ava e1a.
O Congresso da. Vila de Flórída: independência da Cisplatina e sua incorpo-
ração à Argentina. .. .
.A .guerra no mar: vitória do Brasil na batalha de Monte Santiago.
_ A guerra em terra: batalha de Ituzaingó ou Passo do Rosário (sem resultados
decisivos).
Fim da ·luta-( 1828) : independência da Cisplatina (República Oriental do
Uruguai). '

QUESTIONÁRIO
1) Por que foi fácil o reconhecimento da Independência do Brasil pelos Estados
Unidos?
2) Quais as dificuldades para . o reconhecimento da Independência pelas nações
·da Europa ? · .
3) Que era a Santa Aliança ? ·
4) Por que a Inglaterra não queria reconhecer a Independência do Brasil ?
5) Por que o govêrno inglês resolveu reconhecer a Independência do Brasil ?
6) Em que condições Portugal reconheceu a Independência do Brasil ?
7) .Que era o vice-reino do Prata?
8) Quem foi José Artigas ? _
g) Por .que a união entre o Brasil e a Cisplatina não, podia ter longa duraçao ?
1O) Que eram os "Trinta e Três"?
11) Por que houve a guerra en.tre o Brasil e a República das Províncias Unidas?
12) Que sabe sôbre a guerra da Cisplatina no mar ?
-13) P~r que não vigorou o . primeiro tratado de paz assinado no Rio de Janeiro?
14) . Como foi a batalha de Ituzaingó?
15) Que nome tem hoje o _território que foi a Pro.víncia Cisplatina ?

211
4) A ABDICAÇÃO

a) Impopulm·idade sição, o mais importante chamava-


se Aurora Fluminense, fundado por
do imperador Evaristo da Veiga.
Em 1829, era grande o conflito
Quando a Assembléia Consti- entre o imperador e o Poqer Le-
tuinte foi dissolvida em 1823, mui- gislativo. No final dêsse ano, aQ
tos brasileiros julgaram que D. encerrar os trabalhos da Assem-
Pedro I não queria exercer govêr- bléia Geral (Câmara dos Deputa-
no conStitucional. É verdade que, dos e Senado) devia o imperador,
pouco depois, deu ao país uma como de costume, fazer um longo
constituição que .até seus adversá- discurso, que se chama Fala do
rios acharam excelente, mas nem Trono. Entretanto, irritado com
sempre ela era cumprida. Certas os representantes do povo, que lhe
medidas tomadas pelo imperador faziam oposição, D. Pedro I limi-
davam a impressão de que êle tou-se a dizer: "Augustos e
queria restabelecer o absolutismo, digníssimos representantes· da Na-
regime político em que o soberano ção Brasileira: está encerrada a
não presta contas dos seus atos sessão".
a ninguém. Mas, ainda em 1829, D. Pedro
Na Câmara dos Deputados, que I, procurando acalmar a situação,
só se reuniu em 1826, formou-se teve um gesto simpático: conv_i-
um grupo, cada vez mais nume- dou, para organizar um nôvo mi-
roso, que combatia a política de nistério, o Marquês de Barbacena,
D. Pedro I. Alguns dêsses polí- homem ilustre que havia prestado
ticos não somente criticavam o go- importantes serviços ao Brasil.
vêrno, como ainda exigiam fôssem · :E:sse ministério, que se chamou
os ministros à Câmara, para ex- brasileiro ou popular, teve, porém,
pouca duração. Barbacena fo.i de-
por e justificar as medidas que
mitido porque o imperador não
tomassem, o que se faz nos países soube resistir aos maus conselhei-
onde vigora Q regime parlamentar, ros, partidários do absolutismo.
como a. Inglaterra.
Em julho de 1830 houve em Pa-
Também entre os jornais havia ris a revolução que destronou o
muitos que at\1-cavam a política do rei absolutista Carlos X. :E:sse
imperador. Dêsses jornais da opo- acontecimento foi muito comenta-

212
Museu Nacional, antigo Palácio de São Cristóvão, M Quinta da Boa Vista
(Rio de Janeiro). O Museu foi criado no Govêrno dP, Floriano Peixoto.

do no Brasil e, ua Attrora Flumi- A <:a;upanha da Cisplatina não


uense, o jornalista Evaristo da Vei- despertou o entusiasmo do povo
ga mostrou a D. Pedro I que tam- brasileiro e houve até movimento
bém poderia acontecer o mesmo de revolta entre os soldados. ,0
com ele se continuasse a agir con- imperador partiu para o Sul e, em
tra o regime constitucional. sua ausência, morreu D. Leopol-
Ainda dois outros acontecimen- dina. Até na Câmara houve opo-
tos aumentaram a impopularidade sição à guerra no Prata, pois fo-
do Imperador: a guerra da Cispla- ram negados os recursos que D.
tina, que provocou a independên- Pedro I pediu para reforçar o exér-
cia do Uruguai, e a sucessão em cito. Também essa guerra causou
Portugal com a morte de D . descontentamento às nações da
João VI. Europa prejudicadas com o blo-

213
queio que a marinha brasileira fa- vieram para o Brasil, fugindo à
zia no Rio da Prata. Enquanto perseguição de seu irmão. Essa
algumas potências apresentaram questão política, que tanto ocupa-
reclamações junto ao govêrno do . va o imperador e não interessava
Brasil, o almirante Roussin, da ao Brasil, aumentou o desconten-
França, ameaçou bombardear o tamento dos brasileiros e provocou
Rio de Janeiro se sua pátria não contra o govêrno violentos discur-
fôsse indenizada pelos danos so- sos na Câmara dos· Deputados.
fridos. O povo indignado esperava
que o imperador agisse com ener- b) A crise de 1831
gia; êle, entretanto, preferiu ceder
às exigências do almirante francês, Em fins de 1830, D. Pedro I,
ficando, assim, ferido o orgulho acompanhado por sua segunda es-
nacional. Além de tudo isso a pôsa, D. Amélia de Leuchtenberg,
guerra ainda trouxe a diminui~ão partiu para Minas: esperava, com
do território brasileiro, com a per- a sua presença, acalmar os ânimos
da da Província Cisplatina. nessa província, como já havia
Com a morte de D. João VI, conseguido em outra ocasião, an-
em 1826, foi aclamado rei de Por- tes da Independência.
tugal o imperador do Brasil com .Dessa vez, porém, o imperador
o título de D. Pedro IV. Mas o foi mal recebido pelos mineiros.
Conselho de Estado não quis a Para ofendê-lo houve em certas lo-
união das duas coroas, pois se calidades manifestações de pesar
temia que o Brasil voltasse à con- pela morte de um seu inimigo po-
dição de Reino Unido. Então D. lítico, o jornalista Líbero Badaró,
Pedro I preferiu ficar com a da que havia sido assassinado em São
América, deix<J.ndo o trono portu- Paulo. Em março de 1831, quan-
guês para sua filha D. Maria da do D. Pedro I regressou ao Rio
Glória. Por ser menor, deveria de Janeiro, houve nessa cidade o
ocupar o trono, como regente, seu conflito chamado Noites das Gar-
~io _e noivo, o Infante D. Miguel, rafadas, entre portuguêses e bra-
1rmao de D. Pedro I. D. Miguel, sileiros, porque . êstes não quise-
porém, proclamou-se rei absoluto, ram aderir às manifestações pro-
usurpando o trono da sobrinha. movidas em homenagem ao im-
Para combater os míguelístas, perador.
D. Pedro I armou os portuguêses D. Pedro I ainda organizou um
que se haviam refugiado na In- ministério com políticos brasilei-
?;laterra, e ainda sustentou os que ros. Mas, êsse ministério não teve

214
a energia necessária para acabar der, pois a Constituição lhe dava
com as agitações e, por isso, foi o direito de nomear e demitir li-
demitido a 5 de abril, sendo no- vremente os ministros. Na madru-
meado um outro que não era sim- gada do dia seguinte, 7 de abril,
pático ao povo•. resolveu abdicar em favor de seu
Na noite de 6 de abril o povo filho, D. Pedro de Alcântara.
e a tropa reuniram-se no Campo Pouco depois, partiu o ex-impe-
da Aclamwção (atual Praça da Re-
rador para a Europa, onde se co-
pública), resolvidos a exigir . do
briu de glórias, vencendo o abso-
imperador a yolta do ministério
demitido. Foram enviados ao pa- lutismo do irmão e restabelecen-
lácio vários emissários: três juízes do o regime constitucional. Mor-
de paz e depois o brigadeiro Fran- reu em 1834, com 36 anos de ida-
cisco de Lima e Silva. O impe- de, no Paço de Queluz, no mesmo
. rador, entretanto, não queria ce- quarto onde havia nascido.

Cofre de ióias com 1.1ma pint1.1ra reprod1.1zindo a Batalha


do Riach1.1elo. (Mnseu Imperial de Petrópolis).

215
HESUMO

.\ abdicação
a) Impopularidade do imperador:
Acusações ao imperador: não querer governar em regime constitucional.
A Aurora Fluminense: jornal de Evaristo da Veiga. .
AconteCimentos do . exterior que contribuíram para ~ a impopularidade de
D. Pedro I: a revolução de Paris, de 1830, a sucessão em Portugal e a Guerra
da Cisplatina.

h) A crise de 1831
Segunda espôsa de D. Pedro I: D. Amélia de Leuchtenberg.
Noites das Garrafadas: incidente entre portuguêses e brasileiros no Ri:o de
Janeiro. ·
Causa imediata da abdicação: demissão do ministério de 5 de abril.
Abdicação de D. Pedro I: 7 de abril de 1831.
Mórte do ex-imperador: no Paço de Queluz, em 1834, com 36 anos de idade.

QUESTIONARIO
1) Que é absolutismo ?
2) Que era a Assembléia Geral?
3) Que era a Fala do Trono ?
4) Que sabe sôbre o ministério brasileiro ?
5) Por que a revolução de 1830, em Paris, foi comentada no jornal Aurora
Fluminense ?
6) Quais os acontecimentos ocorridos fora do Brasil que concorreram para a
abdicação de D. Pedro I? ·
7) Querri foi o almirante Roussin ?
8) Que eram os miguelistas ?
9) Como se chamava a segunda espôsa de D. Pedro I ?
10) Quem foi Líbero Badaró?
11) Que episódio tem o nome de "Noites das. Garrafadas" ?
12) Que aconteceu a 5 de abril de 1831 ?
13) Que papel teve Francisco de Lima e Silva no episódio da abdicação ?
14) Quando foi a abdicação de D. Pedro I?
15) Quando morreu D. Pedro I?

216
EXERC1CIOS

Sôbre a Unidade I (O Primeiro Reinado)

1 ) A Guerra da Independência
a) Escrever ao lado a nacionalidade de cada uma das seguintes figuras da
Guerra da Independência:
1) Inácio Luís Madeira de Melo (
2) Taylor (
3) Pedro Labatut (
4) Grenfell (
5) Almirante Cochrane (
b ) Assinalar cóm um x as frases certas:
) As tropas portuguêsas retiraram-se da Bahia a 2 de julho de 1823.
) João da Cunha Fidié defendeu as côrtes no Maranhão.
) A fragata Niterói era comandada por Lorde Cochrane.
) Grenfell submeteu o Pará.
) Carlos Frederico Lecor submeteu a Cisplatina.

c) Escrever ao lado o nome da província, onde tiveram atuação, durante a


Guerra da Independência, as seguintes figuras:
t) D. Alvaro da Costa de Macedo . .. .. .. ... . .. ... . .
2) Luís Lopes .. ..... . · · · · · · · · · ·
3) Cônego Batista de Campos . .. ... . ... . . · · · · · ·
4) Pedro Labatut .. .......... . . .... .
5) José Joaquim de Lima . .... . . . ..... · · · · ·
6) João da Cunha Fidié .... . ........ .. · · ·
7) Soror Joana Angélica .. . .. .. . . .. . · · · · · ·
8) Carlos Frederico Lecor .. ... . . . ... .. · · · · ·

217
,.

2 ) As lutas internas

a) Completar as lacunas:
.I

1) Os políticos do Primeiro Reinado, que defendiam maiores podêres para


a Câmara dos Deputados, eram chefiados por . . . . . . . . . . . . . . e seus
adversários eram chefiados por . ............ .
2) Os três irmãos Andradas eram . ..... ...... .. , . . . . . . . . . . . . . . e

3) Na Constituição do Império o poder privativo do soberano chamava-se


. . . . . . . . . . . . . . e o que era exercido pelo Senado e Câmara dos Deputados
era o ............. .
4) A emenda feita à Constituição do Império teve o nome de . ........ .. .. .
e o Município Neutro deu origem ao atual ..... ... ..... .
5) O chefe da Confederação do Equador era . . . . . . . . . . . . . . e o frade
carmelita, condenado à morte, chamava-se ... ...... .... .

b) Dar a significação das seguintes datas:


1) 3 de maio de 1823
2) 11 de novembro de 1823
3) 25 de março de 1824

3) Política .e xterna do Primeiro Reinado

a) Numerar corretamente:
( 1) João Antônio Lavalleja Almirante Pinto Guedes
( 2) Carlos Maria de Alvear Lutou pela independência do
Uruguai.
( 3 ) José Artigas Chefe dos "Trinta e Três."
( 4) Vencedor da batalha de Monte Carlos Frederico Lecor
Santiago
( 5) Marquês de Barbacena General argentino
( 6) Teve o título de Visconde da Comandou os brasileiros na
Laguna batalha de Ituzaingó

b) Assinalar com um x as frases certas


O ministro Canning foi enviado ao Rio · de Janeiro.
D. João VI teve o título de Imperador do Brasil.
Ituzaingó ou Passo do Rosário é uma batalha naval.
) O congresso que proclamou a independência do Uruguai reuniu-se na
Vila de Flórida. ·
) Foram os portuguêses os primeiros povoadores da Província Cisplatina.

218
,....

.4 ) A abdicaçã()

a ) Dar a significação dos seguintes nomes ·ou expressões:


l) Assembléia Geral )
2) Fala do Trono )"
3) Aurora Fluminense )
4) Miguelistas { )
5) "Noites das Garrafadas " ( )

b) Completar as lacunas:
1) Na Fala do Trono de 1829 D. Pedro I limitou-se a dizer: ............. .
2") O chefe do ministério "brasileiro" ou "popular" foi ............. .
3) A primeira espôsa de D. Pedro I chamava-se . . . . . . . . . . . . . . e a segunda

4) A filha de D. Pedro I que reinou em Portugal chamava-se ........... · · ·


5) D. Pedro I nwrreu no ano de ........ , com . . . . . . . . anos de idade.

219

'
2 I AS R E G E N C I A.S

As regências trinas
Regência una: Feifó e Araúfo Lima
A maioridade

5) AS R EC: I~.'( ' I \S THINAS

a) O período regencial visório entre os que se encontra-


vam no Rio de Janeiro. Dêsse mo-
Quando D. Pedro I abdicou, não do, há uma Regência Trina provi-
tinha o seu filho, D. Pedro de sória e outra, permanente.
Alcântara, a idade exigida pela Em 1835, depois de modifica-
Constituição, que era dezoito anos, ção feita na Constituição, foi elei-
para exercer o govêrno. Também to regente único o Padre Diogo
na Família Imperial não havia ne- Antônio Feifó. No govêrno do su-
nhum príncipe, com vinte e cinco cessor de Feijó, Pedro de Araúfo
anos, · como estabelecia a lei, para Lima, o imperador foi declarado
ocupar o cargo de regente. Nesse maior, encerrando-se o Período
caso, ainda de acôrdo com a Cons- Regencial ( 1840).
tituição, devia-se formar uma re- Os anos das Regencias, de 1831
gência trina, escolhida entre os a 1840, foram assinalados por mui-
membros da Assembléia Geral, tas agitações e revoltas no Rio de
nome que no império se dava ao Janeiro e nas províncias. Muitos
Congre.sso (Câmara dos Deputa- chegaram a pensar na implanta-
dos e Senado). ção do regime republicano. En-
Quando se deu a abdicação de tretanto, a existência de um im-
D. Pedro I, os congressistas esta- perador nascido no Brasil foi, sem
vam em férias; por isso, formou- dúvida, uma das causas de haver
se primeiramente um govêrno pro- continuado a monarquia.

C:e llu do GTito do Ipiranga.


221
( D esenho b aseado ~o quadro dP PEnno A•u'-:RJCO).
Palácio Itamarati, no Rio de Janeiro.
No período das Regências sur- Para manter a ordem, perturba-
giram numerosos pasquins, nome da pelas freqüentes agitações po-
que se dá a jornais de linguagem líticas, a Regência convidou para
violenta; ~sses pasquins atacavam ministro da Justiça um homem de
0 govêrno, principalmente o exer--
grande energia, o Padre Diogo
cido por Feijó, e ,agitavam a opi- Antônio Feijó. Mas, para aceitar
uião pública, aconselhando desor- êsse cargo, Feijó exigiu que os
dens. Entretanto, nessa época se regentes assinassem um documen-
formaram os partidos e iniciaram to, dando-lhe o direito de agir
sua carreira muitos políticos que como bem entendesse. No com-
se tornaram notáveis durante o bate às agitações no Rio de Janei-
Segundo Reinado. ro, o ministro da Justiça teve a
A Regência Trina promsona, ajuda de um jovem militar, que
criad a a 7 de abril de 1831, era depois seria o Duque de Caxias:
formada pelo brigadeiro Francis- era o major Luís Alves de Lima,
co de Lima e Si1va, Nicolau de filho do regente Francisco de Lima
Campos Vergueiro e o Marquês de e Silva.
Caravelas (José Joaquim Carneiro Durante a Regência Trina Per-
de Campos). manente surgiram os partidos po-
O primeiro ato do nôvo govêr- líticos: o dos liberais moderados
no foi restabelecer o ministério, ou ximangos era o partido do go-
demitido por D. Pedro I a 5 de vêrno e contava, entre seus mem-
abril; depois dirigiu um manifes- bros, com Feijó, Evaristo da Vei-
to ao povo, pedindo-lhe que se ga, redator do jornal Aurora Flu-
mantivesse em ordem e baixou um minense, e 'Bernardo Pereira de
decreto dando anistia a todos os Vasconcelos; o dos liberais exal-
que se haviam envolvido em cri- tados, também chamado farroupi-
mes políticos. lhas ou juru;ubas, fazia oposição
ao govêrno e agitava a opinião pú-
b) Regência Trina blica, provocando desordens. En-
tre os liberais exaltados, havia,
Permanente além de republicanos, os federa-
E m junho de 1831, foi eleita a listas, isto é, partidários da federa-
Regência T1·ina Permanente, for- ção: queriam eles que as Provín-
mada ainda pelo brigadeiro Fran- cias do Brasil tivessem, naquela
cisco de Lima e Silva e pelos época, a autonomia que atualmen-
deputados José da Costa Carvalho, te possuem os Estados. Era fede-
futuro Marquês de Monte Alegre, ralista o major Miguel de Frias e
e João Bráulio Muniz. Vasconcelos que, durante a Regen-

223
cia Trina Permanente, provocou A 12 de agôsto de 1834 foi pro-
várias agitações no Rio de Janeiro. mulgado o Ato Adicional que mo-
Prêso na Fortaleza de Villegagnon, dificou a Constituição do Impé-
conseguiu fugir e desembarcou na rio em alguns artigos: as provín-
cidade do Rio de J aneirÔ, onde cias tiveram maior autonomia, es-
pretendia agitar o povo com o in- tabeleceu-se o govêrno de um só
tento de demitir os regentes, aca- regente e ·destacou-se da Provín-
bar com o Senado e convocar uma cia do Rio de Janeiro o território
assembléia constituinte. Mas, Mi- que se chamou Município Neutro.
guel de Frias não teve o apoio po- Como resultado dessa medida, a
pular que esperava, e foi vencido cidade do Rio de Janeiro, no Mu-
com seus partidários pelas fôrças nicípio Neutro; dEti,.xou de ser ca-
do major Luís Alves de Lima. pital da província· do mesmo no-
me. Foi então que se escolheu
Ainda durante. a Regência Trina 'para a nova sede da Província do
Permanente surgiu um terceiro Rio de Janeiro, do outro lado da
partido político, com a participa- baía de Guanabara, a Vila da
ção dos irmãos Andradas e de Praia Grande, dois anos depois, em
José da Silva Lisboa, Visconde de 1836, elevada à categoria de ci-
Cairu: era o Caramuru ou Restau- dade com o nome de Niterói.
rador, que pretendia a volta de Com a primeira Constituição da
D. Pedro ao trono. República, de 1891, o Município
Em abril de 1832, revoltaram- Neutro converteu-se em Distrito
se os restauradores. José Bonifá- Federal, pois, como nos Estados
cio, por pertencer ao partido, es- Unidos da América, é êsse o no-
tava comprometido no movimento me que se dá ao pequeno territó-
e, por isso, achava Feijó que êle rio onde está localizada a capi-
não podia mais ser tutor do mo- tal do país. A partir de 21 de
narca. A Câmara dos Deputados abril de 1960, durante o governo
aprovou a proposta do ministro de Juscelino Kubitschek, o Distri-
da Justiça para demitir José Boni- to Federal transferiu-se para Bra-
fácio dêsse cargo mas o Senado sília, construída ·especialmente pa-
rejeitou-a pela maioria de apenas ra servir de capital e situada num
um voto. Então, desgostoso, Fejjó pequeno trecho do Estado de
deixou o ministério; entretanto, no Goiás. Também, como resultado
ano seguinte, também era demi- da mudança da ·sede política do
tido José Bonifácio do cargo de país, o antigo Distrito Federal
tutor,. sendo nomeado, para subs- passou a ser, a partir daquela data,
titní-lo, o Marquês de ltanhaém. o Estado da Guanabara.

224
RESUMO

As regências trinas
a) Período rege~cial
A questão sucessória na Constituição: dezoito anos para o imperador, vinte
e cinco anos para o regente da família imperial ou regência trina.
Cp.usa da continuação do regime monárquico: D. Pedro ter nascido no Brasil.
Membros da Regência Trina Provisória: Francisco de Lima e Silva, Nicolau
de Campos Vergueiro e o Marquês de Caravelas (José Joaquim Carneiro de
Campos).
Atos da Regência Trina Provisória: manifesto ao povo, restabelecimento do
ministério e anistia.

b ) Regência Trina Permanente


Membros da Regência Trina Permanente: Francisco de.: Lima e Silva, José
da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz.
O ministro da Justiça: Diogo Antônio Feijó.
Os partidos políticos: liberais moderados ou ximangos, liberais t'xaltados e
restauradores.
A renúncia de F.eiió: manutenção pelo Senado de José Bonifácio como tutor
do monarca.
O Ato Adicional: autonomia para as províncias, criação de Município Neutro
c estabelecimento da Regência Una. ·

QU E S T I O N Á R.J O

1 ) Como estabelecia a Constituição a sucessão imperial ?


2) Por que houve Regência. Trina Provisória ?
3) Quanto tempo durou o período regencial?
4) Como eram . os jornais na época da Regência ?
5) Como era formada a Regência Trina Provisória ?
6) Quais as principais medidas tomadas pela Regência Trina Provisória ?
7) Quais os membros da Regência Trina Permanente ?
8) Que exigiu Feijó para aceitar o cargo de ministro da Justiça?
9) Quais são os partidos políticos que surgiram no período regencial ?
10) Que queriam os restauradores ?
11) Quando foi promulgado o Ato Adicional ?
12) Que estabelecia o Ato Adicional ?
13) Qual a origem do Estado da Guanabara ?
14) Por que Feijó renunciou ao cargo de ministro da Justiça?
15) Que papel teve o major Luís Alves de Lima na Regência Trina Permanente?

. 225
6) REG:RNCIA DE FEIJO E DE ARAúJO Llt-.IA

a) Regência de F eijó de admitir que o Sul se separasse


do Brasil. Conseguiu, contudo,
De acôrdo com o que estabele- vencer a Cabanagem.
cia o Ato Adicional fêz-se, em Os cabanos, nome dado aos re-
I 1835, a eleição para regente úni- voltosos do Pará, porque eram
co. Venceu Feijó, que tinha o gente simples, que habitava rús-
r apoio do jornalista Evaristo da
Veiga; e tomou posse em outubro
do mesmo ano.
ticas cabanas, assassinaram o pre-
sidente da Província, Bernardo
Lôbo de Sousa, e apoderaram-se
Durante a regência de Feijó era da capital. Em 1836, o regente
crítica a situação do Brasil, agi- Feijó nomeou para governar o
tado por duas grandes revoluções, Pará o brigadeiro Francisco José
a do Rio Grande do Sul, chamada Soares de Andréia, que levou gran- ..
Guerra dos Farrapos, e a do Pará, des reforços. Os cabanas fora111
Cabanagem. Eram movimentos vencidos em muitos encontros mas
bem organizados, diferentes, por- a luta continuou no interior da
tanto, dos que Feijó, como minis- Província até 1840, quando os úl-
tro da Justiça, havia enfrentado. timos rebeldes aceitaram a ·anistia
durante a Regência Trina Penna- Jo governo.
nente. Os chefes da Guerra dos Embora desejasse, Feijó não
Farrapos, além de bravos, pos- conseguiu fazer boa administração
suíam numerosas tropas. Essa re- porque a maioria dos políticos,
volução, a mais longa da História principalmente na Câmara dos
do Brasil, durou dez anos, pois Deputados, combatia seu govêrno.
tendo começado em 1835 só ter- Seu maior adversário foi Bernardo
minou em 1845, durante o Segun- Pereira de Y'asconcelos que, com
do Reinado. outros liberais descontentes e an-
Quanto ao regente Feijó, falta- tigos restauradores, fundou o Par-
vam os recursos necessários para tido Regressista, depois chamado
agir, ao mesmo tempo, nas duas Conservador. ~sses políticos, adep-
províncias extremas do Brasil, Pa- tos do parlamentarismo inglês,
rá e Rio Grande. Além disso, Fei- ãchavam que os ministros tinham
jó estava muito doente e deixou- que ser escolhidos entre os depu-
>e dominar pelo desânimo, a ponto tados da maioria. Como essa maio-

226'
ria era opos1çao, se Feijó adotas- já falecido, renunciou à Regência.
se o sistema parlamentar, teria Seu sucessor, Pedro de Araújo Li-
que escolher os ministros entre ma, fu_turo Marquês de Olinda,
seus adversários políticos. ocupou o cargo interinamente,
Em -setembro de 1837, Feijó, sendo eleito para o mesmo, no ano
sem o apoio de Evaristo da Veiga, seguinte.

Pedro de Araúio Lima. 1'. Diogo A Ftiió.


2.0 Rcgcnll'. l." Hegent::-.

227
b) Regência de Araúfo Entre as principais realizações
Lima e a Maioridade da Regência de Araújo Lima cita-
se a fundação do Colégio de Pedro
Araújo Lima era um dos chefes li ( 1837) e do Instituto Histórico
do Partido Conservador, que for- e Geográfico ( 1838).
mava a maioria na Câmara dos De- Entretanto a agitação continua-
putados e havia alcançado grande va nas províncias. Além da Guer-
vitória com a renúncia de Feijó. ra dos Farrapos, somente pacifi-
Portanto, com Araújo Lima os con- cada em 1845, houve a Sabinada
servadores estavam no govêrno e na Bahia e a Balaiada no Mara-
os liberais na oposição. nhão. Também a Balaiada só foi
Assumindo o govêrno, Araújo Li- vencida no Segundo Reinado, em
ma convidou para o gabinete os jane~ro de 1841.
mais ilustres membros do Partido
O nome Sabinada, dado à revo-
Conservador: foi o M inistérío dos
lução baiana, deriva-se de um dos
Capacidades, com a participação seus chefes, o médico Sabino Al-
de Bernardo Pereira de Vascon-
e<>los.
vares da Rocha Vieira. Os rebel-
des conseguiram, em fih&. de 1837,
apoderar-se da cidade do Salva-
dor, onde proclamaram o Estado
da Bahia. Não queriam, porém,
uma separação definitiva, pois afir-
mavam que essa provínda seria
novamente incorporada ao Impé-
rio logo que D. Pedro fôsse decla-
rado maior. Em 1838 a revolução
foi sufocada, sendo a capital to-
lllada pelas tropas da Regência.
A Regência de Araújo Lima de-
veria prolongar-se até 1842. Nesse
;:no seria eleito outro regente para
~cvernar até dezembro de 1843,
pois nessa ocasião D. Pedro com-
pletaria dezoito anos e, com essa
idade. de acôrdo com a Constitlli-
c .. ma de D. Pedro li, at!Mllmente
' " " - - - - - - - - - . . . . : : ._ _ _ __....,. 110 Museu Imperial de Petrópolis, f{/.
ção do Império, êle seria declara- Carlos Ribeiro de Andrada, irmão
elo maior. Mas a sua maioridade de José Bonifácio. Era secretá-
foi antecipada e, no dia 23 de ju- rio do Clube da Maioridade, que
lho de 1840, subiu ao poder D. reunia todos os políticos favorá-
Pedro II. veis à declaração da maioridade
Uma das figuras principais do do imperador, an~es da idade. le-
movimento maiorista foi Antônio gal, que era dezoito anos.

RESUMO

Regência de F eifó e de Araúfo Lima


a) Regência de Feijó
-~

As revoluções na regência de Feii6: Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul)


e a Cabanagem (Pará).
A oposição a Feii6: chefiada por Bernardo Pereira de Vasconcelos.
Origem do partido Conservador: fundado com o nome de Regressista.

b) Regência de Araújo Lima e a Maioridade


Ministério de Araúio Lima: Ministério das Capacidades.
As realizações de Araúio Lima: fundação do Colégio de Pedro li ( 1837 ) e do
Instituto Histórico e Geográfico.
As revoluções da Regência de Araúio Lima: a Sabinada (Bahia) e a Balaiada
( Maranhão ) .
Fim da Regência de Araúio Lima: antecipação da maioridade ( 23 de julho
de 1840) .

QUESTIONÁRIO
1) Quais as revoluções ocorridas durante o govêmo do regente Feijó ?
2) Quem foi Bernardo Lôbo de Sousa ?
3) Quem foi Francisco José Soares de Andréia ?
4) Que era o partido Regressista ?
5) Por que Feijó ;enunciou à Regência ?

229
r

6) Como se explica ter sido o Marquês de O linda regente duas vê:~;es ?


7) Que foi o Ministério das Capacidades ?
8) ·Quais as realizações da Regência de Araújo Lima?
9) Quais as revoluções ocorridas quando Araújo Lima era regente?
10) Quem foi Sabino Alvares da Rocha Vieira ?
11) Em que ano deveria terminar a Regência de Araújo Lima ?
12) Quando D. Pedro, pela Constituição, assumiria o poder?
13) Que eram os maioristas ?
14) Quem foi Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ?
15) Que era o Clube da Maioridade ?

EXERCíCIOS

Sôbre a Unidade II (As Regências)

1 ) As Regências T.r inas

· a) Completar as frases:
1) O período regencial começou no ano de . . . . . . . . e acabou no ano de

2) A reunião da Câmara dos Deputados· e do Senado tinha no Império o


nome de . . . . . . . . . . . . . . e atualmente se chama ............. .
3) O brasileiro que participou das duas regências trinas foi .............. ,
- ... - -pai de ............. .
4) o primeiro tutor do monarca chamou-se . . . . . . . . . . . . . . e o segundo

5) O partido Restaurador; também chamado .............. , queria ..... .


• • • • • • • o ••••••

[! ~·
h) Escrever ao lado o que estiver certo:
1) Redator do jornal Aurora Fluminense (
2) Nome do Marquês de Caravelas (
3) Data da promulgação do Ato Adicional (
4) Partido do Visconde de Cairu (
5) Ano da criação do Distrito Federal (

230

... i
r
2 ) Regência de Feij6 e de Araújo Lima

Araújo Lima:
a ) Escrever o nome do regente Feijó ou
)
1) Fundação do Colégio de Pedro II
)
2) Início da Balaiada
( )
3) Início da Cabanagem
)
4) Criação QO Ministério das Capacidades ( )
5) Derrota da Cabanagem (

h ) Assinalar com um x as frases certas:


( ) Os cabanos eram revoltosos da Bahia,
( ) Araújo Lima foi regente duas vêies.
( ) José Bonifácio era secretário do Clube da .Maioridade.
( ) A Regência de Araújo Lima terminou em 1840.
( ) Com Araújo Lima no poder os liberais passaram para a. oposição.

Assinatura de Francisco de Lima e Silva.

[! ~·

231

i I
• 31 POLITICA INTERNA
DO SEGUNDO REINADO

Ação pacificadora de Caxias


Os dois grandes partidos
e o regime parlamentar

7) AÇÃO PACIFICADORA DE CAXIAS


.\L\o L\
....("/

a) A Balaiada ro de 1840, já os revoltosos se ha-


viam apoderado da Vila de Ca-
O movimento revolucionário que .xias. Para vencê-los, teve que
agitou o Maranhão, durante a .R~­ dividir seu exército, chamado Di-
gência de Araújo Lima, e chegou visão Pacificadora do Norte, em
até o Segundo Reinado, chamou- três colunas. Um dos chefes re-
se Balaiada porque o seu chefe, beldes, o vaqueiro Raimundo Go-
Manuel Francisco dos· Anjos Fer- mes, internou-se no Piauí; o Ba-
reira, tinha o apelido de Balaio. laio morreu lutando na Vila de
Os rebeldes também se chamavam Caxias e o prêto Cosme, outro re-
bem-te-vis, nome do jornal revo- belde, foi julgado e condenado à
lucionário O Bem-te-vi. Para com- fórca, não como revolucionário,
batê-los, foi enviado ao Maranhão mas pelos muitos criJ!les come-
Luís Alves de Lima, futuro Du- tidos.
que de Caxias, que tinha também Foi o prêto Cosme a figura ma~s
o cargo de presidente dessa pro- curiosa da revolução: comandava
víncia.
escravos fugidos e fazia proclama-
Quando Luís Alves de Lima ções revolucionárias, onde punha
chegou ap/ Maranhão, em feverei- sempre, como sua assina:tura, ,o se-

~ ena da· Hatalha de · T~iuti. ' 233


guinte título: "D. Cosme, Tutor e
Imperador da9 Liberdades Bem-·
te-vis".
Em recompensa aos serviços
prestados no Maranhão, Luís Al-
ves de Lima recebeu do Impera-
dor o título de Barão de Caxias.

b ) Revolução de 1842
O primeiro ministério organiza-
do por D. Pedro li, em 1840, era
formado por políticos do Partido
Liberal, pois foram ·os liberais, co-
mo Antônio Carlos Ribeiro de An-
drada, que defenderam a anteci-
pação da maioridade do Impera-
dor. Mas, em 1841, êsse gabinete
foi substituido por outro, de con-
servadores. Esperavam então os
liberais que a nova Câmara dos
Deputados se reunisse para com-
ba-ter as medidas tomadas pelo
nôvo ministério. Entretanto, es·sa
câmara foi dissolvidá pelo Impe-
rador, pois ficou provado que as
eleições foram ·fraudulentas. ~sse
ato do govêrno foi a causa prin-
cipal da revolução que irrompeu,
ainda em 1842, em São Paulo e
Minas.
O movimento paulista, com o
Luís Alves de Lima, Duque de Caxiai, apoio do Padre Feijó, teve, como
Patrono do Exército brasileirÓ. centro, Sorocaba, e o de Minas,
Barbacena:
Para submeter os rebeldes, o go-
vêrno indicou Luís Alves de Lima,
que acabava de pacificar o Mara-
nhão. Vencidos em Venda Gran-

234
de e em outros combates menores,
os revoltosos não puderam impe-
dir que Caxias entrasse vitorioso
em Sorocaba. Nessa ocasião foi
prêso Feijó, que redigia o jornal
dos · revoltosos. Estava paralítico
o grande brasileiro e, por isso,
teve que ser conduzido em sua
própria cadeira, como prisioneiro,
para o quartel de Caxias.
Em Minas houve, em 1842, o
combate de Santa Luzia: os rebel-
des ocupavam posição vantajosa,
no alto de uma coli.na, de onde
desceram para perseguir o Barão
de Caxias, que fingia recuar; nes-
sa ocasião surgiu, pelo flanco,
uma outra coluna, o que decidiu
a vitória dos legalistas.

c ) Guerm dos Farrapos


Durante o Império o Rio Gran-
de do Sul chamava-se Província de
São Pedro do Rio Grande do Sul.
Nessa província eram numerosos
os liberais exaltados, quase todos
federalistas, pois queriam a fede-
ração, isto é, ampla autonomia pa-
ra as províncias; havia também
muitos republicanos.
Os adversários dos f-arroupilhas
Estátua do Du<tue de Cax~a.;l
eram os liberais moderados, que "" Rin de jan eiro.
ocuparam o govêrno da provín - ( J) l H. lh' H .... AHUt: l.l .t ) .
cia, durante a Regência Trina Per
manente. Nessa ocasião, em se-
tembro de 1835, começou a Guer-
ra dos Farrapos. Os revoltosos apo-
deraram-se de Pôrto Alegre e o
-
li govêrno legal, nomeado pela Re- Derrotados em Ponche Verde e
gência, teve que se refugiar na em outros combates menores, os
li cidade do Rio Grande. "revoltosos, já em fins de 1844,
I! O Padre Diogo Antônio Feijó, estavam reduzidos a pequenos gru-
que havia acabado de tornar pos- pos. Também nessa ocasião havia
se, corno Regente único, não pôde séria ameaça de guerra entre o
enviar tropas para o Sul, porque Brasil e a Argentina, onde gover- ·
estava preocupado com a Caba- nava o ditador Rosas. Ante essa ·
nagern no Pará. Contudo, no com- ameaça os brasileiros deveriam es-
bate da Ilha de Fanfa foi derrota- tar unidos e, por isso, David Ca-
do e prêso o chefe dos farroupi- nabarro, que havia substituído
lhas, Bento Gonçalves da Silva. Bento Gonçalves, na chefia da re-
Em compensação, os revoltosos, volução, resolveu aceitar a paz ofe-
comandados por Antônio Neto, recida por Caxias.
venceram em Seival e proclama- O acôrdo foi assinado a 1.0 de
ram, logo depois, na Vila de Pira- março de 1845 e estabelecia con-
tinim, a República Rio-Grandense. dições muito vantajosas para os
Para presidente foi escolhido o farroupilhas, . pois garantia o in-
chefe da revolução, Bento Gonçal- gresso dos oficiais rebeldes, com
ves da Silva, que, prêso no F arte tôdas as promoções, no exército
I
do Mar, na Bahia, daí conseguiu imperial; também dava a liberda- j
fugir em 1837. de a todos os escravos, que haviam
li~: Em 1839, os farroupilhas invadi- lutado, corno soldados, pela re-
ram a Província de Santa Catari- volução.
na. Eram chefiados por David
Canabarro e pelo italiano José d) A Praieira
Garibaldi. Os revoltosos apodera-
ram-se da Vila da Laguna e fun- O período das revoluções, no
daram a República Juliana, que reirlado de D. Pedro II, acaba com
· durou apenas quatro meses, pois . o movimento ocorrido. em Pernam-
a província foi retornada pelas tro- buco, em 1848. Chamou-se Praiei-
pas legalistas. ra, porque o jornal revolucionário,
Em 1840, logo depois da maio- Diário Nôvo, era editado na Rua
ridade, o govêrno imperial decre- da Praia, em Recife.
tou a anistia, mas os farroupilhas Em Pernambuco, liberais e con-
preferiram continuar na luta. Em serva_dores estavam sempre em
18~, foi indicad;> para pacificar confhto, provocando agitações. Os
o RIO Grande, Lms Alves de Lima, conservadores tinham ainda o ape-
Barão de Caxias. lido de guabirus e saquaremas.

236
-
A revolução começou em 1848, Das revoluções dêsse período
quando subiu ao poder um minis- somente a Praieira não foi paci-
tério conservador. Chefiava a re- ficada por Caxias. · Mas, em tôdas
volta Joaquim Nunes Machado e as outras, distinguiu-se o grande
seu centro era Olinda. Mas, no soldado, que garantiu com a sua
ano seguinte, os praieiros ataca- . espada a unidade do país, impe-
ram Recife. dindo que as províncias se sepa-
Nunes Machado morreu em Re- rassem. Sabia também Caxias con-
cife, lutando contra as tropas do quistar a admiração e o respeito
nôvo presidente da província, Ma- até de seus adversários, não so-
nuel Vieira Tosta, futuro Marquês mente por sua capacidade militar
de Muritiba. No interior ainda corno ainda pelo tratamento gene-
resistiu por algum tempo o chefe roso que sempre dispensou aos
Pedro Ivo da Silveira que depois vencidos.
foi derrotado e prêso.

RESUMO

Ação pacificadora de Caxias


j
a) A Balaiada
O chefe da Balaiada: Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, apelidado o Balaio.
Principais figuras da revolução: o Balaio, Raimundo Gomes e o prêto Cosme.
. As tropas do govêrno: Divisão Pacificadora do Norte, sob o comando de
Luís Alves de Lima.

b) Revolução de 1842:
Principal causa da revolução: dissolução da Câmara dos Deputados pelo
imperador.
Os centros da revolução: Sorocaba (São Paulo) e Barbacena (Minas).
Vitórias de Caxias: Venda Grande . (São Paulo) e Santa Luzia (Minas).

c) Guerra dos Farrapos:


O chefe da revolta: Bento Gonçalves da Silva, derrotado e prêso na ilha de
Fanfa.
Vitória dos revoltosos: combate de Seiva! e fundação da República Rio-
Grandense.

237

.
Os revoltosos em Santa Catarina: fundação da República Juliana.
Ação de Caxias: acôrdo com David Canabarro ( 1.0 de março de 1845) .
Condições 'de acôrdo favoráveis aos revoltosos: ingresso dos oficiais rebeldes
no exército imperial e liberdade para os escravos qu e, como soldados, haviam
lutado pela revolução.

d) A Praieira

O nome Praieira: derivado da Rua da Praia, em Recife, onde ficava o Diário


Nôvo, jornal da revolução.
O chefe da revolta: Joaquim Nunes Machado.
Causa da revolta: subida ao poder do ministério conservador de 1848.
Fim da revolta: Nunes Machado morre em Recife, combatendo as tropas do
govêrno, e Pedro Ivo da Silveira é derrotado e prêso no interior.

QUESTIONARia

l) Qual a origem do título Barão de Caxias dado a Luís Alves de Lima ?


2) Quem foi o chefe da Balaiada ?
3) Quais as outras figuras importantes da Balaiada ?
4) Por que houve a revolução de 1842 ? ·
5) Quais foram os dois centros da revolução de 1842 ?
6) Como foi o combate de Santa Luzia ?
7) Quem era o chefe da Guerra dos Farrapos?
8) Que aconteceu no combate da ilha de Fanfa?
9) .Quem foi Antônio Neto?
lO) Que era a República Juliana ?
ll ) Quem foi o pacificador da Guerra dos Farrapos ?
12) Quando terminou a Guerra dos Farrapos ?
13) Quais as condições estabelecidas para o acôrdo entre Caxias e os farroupilhas ?
14) Por que se chamou Praieira a revolução de Pernambuco de 1848 ?
15) Quem foi Joaquim Nunes Machado?

Negros carregadores de água . (Quadro de RuGENDAS). Ainda


238 no tempo do Império não havia água nas casas. Era colhida
no Chafariz que o povo chamava fonte.
8) OS DOIS GRANDES PARTIDOS
E O REGI~tE PARLAMENTAR

a) 'O Segundo Reinado __ Depois da Guerra do Paraguai


começam ~ surgir os sinais de en-
A história do Segundo Reinado fraquecimento do regime monár-
pode ser dividida em três perío- quico no Brasil. Inicia-se então o
dos: o primeiro, de cêrca de dez terceiro e último período da his-
anos, começa em 1840, quando a tória do segundo reinado.
maioridade de D. Pedro li é an- Ainda em 1870 foi fundado o
tecipada; é o período das revolu- Partido Republicano. Também !o-
ções, em que se distingue, como ram criados um jornal e um dul)('
pacificador das províncias revol- para fazer a propaganda das no-
tadas, Luís Alves de Lima, depois vas idéias políticas. Houve ainda
Duque de Caxias. nesse período a campanha aboli-
A partir de 1850 começa à fase cionista e, já em 1871, quando es-
de grande prosperidade do Impé- tava no poder o ministério do Vis-
rio, que se prolonga por vinte conde do Rio Branco, foi assinada
anos, até 1870. Nesse período, o a lei do Ventre Livre; seguiram-se,
Brasil intervém várias vêzes no em 1885, a dos Sexagenários, e em
Prata, isto é, no Uruguai, Argen- 1888; a lei Aurea que declarou
tina e fin~lmente no Paraguai, com livres todos os escravos do país. No
a guerra provocada por Solano ano seguinte, 1889, com a Procla-
López. No progresso material do niação da República, terminou o
pais, distingue-se o banqueiro e regime monárquico no Brasil.
industrial Irineu Evangelista de
Sousa, depois Barão e Visconde
de Mauá, que se dedicou à cons-
trução de navios, desenvolveu a b) Os partidos políticos
navegação marítima e construiu a e o regime parlamentm·
primeira estrada de ferro. Tam-
bém nesse período surgiu o telé- A Constituição de 1824 não es-
grafo, que se desenvolveu no Sul tabelecia o regime parlamentar,
com a necessidade de serem man- isto é, não ~eterminava que o mi-
tidas as comunicações militares du- nistério,_ fôsse escolhido de acôr-
rante as lutas no Prata. do com o parlamento nem obriga-
240
va o govêrno a prestar contas de ciam no poder enquanto tivessem
seus atos junto à Câmara dos De- o apoio da Câmara dos Deputa-
putados. O soberano, como chefe dos e do Imperador.
do Poder Moderador, tinha o di- Durante o segundo reinado hou-
reito de nomear e demitir livre- ve trinta e s~is gabinetes. ·O pri-
mente os ministros. Mas a influ- meiro era liberal, pois foram os
ência, no Brasil, das idéias polí- liberais que fizeram o movimento
ticas da Inglaterra,. onde o parla- pela antecipação da maioridade.
mentarismo era praticado, e o es- Mas, já em 1841, subia ao poder
pírito democrático de D. Pedro 11 um ministério de conservadores.
fizeram com que, pouco a pouco, Então os liberais, na oposição, fi-
êsse regime fôsse adotado. zeram no ano seguinte a revolta
Para favorecer a criação do par- de São Paulo e Minas, que foi
lamentarismo, o imperador chegou vencida pelas tropas do Barão de
mesmo a permitir que seus direi- Caxias.
tos políticos fôssem diminuídos: Houve uma ocasião em que es-
assim, pela lei de 1847, criou-se a tiveram juntos no -poder os dois
Presidência do Conselho e, desde partidos: foi, em 1853, quando o
então, sempre que era necessário Marquês de Paraná organizou o
organizar nôvo ministério, D. Pe- ministério que se chamou da Con-
dro 11 pomeava apenas o presiden- ciliação. :íl:sse gabinete foi notá-
te do Conselho. Os outros minis- vel por suas grandes realizações:
tros eram escolhidos por êsse Pre- além da reforma do ensino primá-
sidente que ficava responsável rio, secundário e superior, criou
pelos atos de todo o ministério o Instituto dos Cegos, desenvolveu
junto à Câmara dos Deputados e a agricultura e construiu estradas.
à Coroa. Foi conservador o mais longo
Os dois grandes partidos do se- ministério de tôda a monarquia,
gundo reinado foram o Liberal e pois, formado em 1871, se prolon-
o Conservador, que tinham surgi- gou até 1876. Era presidido pelo
do durante as Regências. Não ha- Visconde do Rio Branco, José Ma-
via, porém, entre êles uma dife- ria da Silva Paranhos, que teve a
rença muito grande e, por isso, as iniciativa da Lei do Ventre Livre.
campanhas defendidas pelos libe- Seu filho, o Barão do Rio Branco
rais, como a abolição do cativeiro, (José Maria da Silva Paranhos Jú-
acabaram - sendo executadas por nior} foi o grande brasileiro _que,
gabinetes conservadores. Nesses durante a República, defendeu os
dois partidos eram sempre esco- interêsses_ do Brasil em várias
lhidos os ministros que permane- questõ~s de limites.

241
Também foram ministérios con- panha republicana agitava a opi-
servadores que apresentaram as nião pública e Ouro Prêto, para
outras leis abolicionistas, a dos afastar o perigo que ameaçava o
Sexagenários e a Lei Aurea. regime, fêz um programa de go-
O último gabinete da monar- vêrno com muitas reformas. tl:sse
quia era liberal e chefiado por programa, porém, não chegou a
Afonso Celso de Assis Figueiredo, ser executado porque, seis meses
Visconde de Ouro Prêto (junho depois, a 15 de nuvembro de 1889,
oe 1889). Nessa ocasião a cam- era proclamada a República.

D. Pedro li em visita a um hospital.


(Quadro de FRANCISCO MOREAUX).

242
RESUMO

Os dois grandes partidos e o regime parlamentar


a ) O Segundo Reinado
Divisão em três períodos: primeiro (de 1840 a 1850), segundo (de 1850 a
1870) e o terceiro (de 1870 a 1889).
Primeiro período: revoluções vencidas por Caxias (exceto a Praieira).
Segundo período: lutas do Brasil no Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai)
e progresso material do Império.
Terceiro período: campanhas abolicionista e republicana.

b ) Os partidos políticos e o regime parlament11r


Causas da adoção do regime parlamentar no Império: influência de parlamen-
tarismo inglês e os sentimentos democráticos de D. Pedro li.
Ponto de partida para a adoção do parlamentarismo: a lei da Presidência do
Conselho ( 1847).
Os partidos políticos no Império: Liberal e Conservador.
Realizações de ministérios conservadores: apresentação de leis abolicionistas.
Os dois partidos no poder: o gabinete de Conciliação ( 1853).
O 'TI)ais longo gabinete da monarquia: conservador, de Visconde do Rio Branco
( 1871-1876).
Oltimo gabinete da monarquia: liberal, do Visconde de Ouro Prêto.

QUESTIONÁRIO
1) Quais os períodos em que se divide o Segundo R.e inado ?
2) Por que se diz que Luís Alves de Lima foi pacificador ?
3) Por que o telégrafo se desenvolveu principalmente no Sul do país i'
4) Que fêz Irineu Evangelista de Sousa ?
5) Quando foi fundado o Partido Republicano ?
6) Qual o país da Europa que influiu na adoção do parlamentarismo no
bnpério? .
7) Como procedia D. Pedro li quando queria escolher nôvo ministério?
8) Quais os dois partidos políticos que ocuparam o poder durante a monarquia ?
9) De que partido eram os ministérios que apresentaram as leis abolicionistas ?
10) Que é gabinete de Conciliação?
11) Quais as realizações do gabinete de Conciliação?
12) Quem chefiou o mais longo gabinete da monarquia?

243
13) Quem foi o Barão do Rio Branco ?
14) Qual foi o último gabinete da monarquia ?
15) Por que o primeiro gabinete do s.egundo reinado era liberal ?

LEITUR A

,, A prisão de F eijó
Entrando vitorioso em Sorocaba, em 1842, Caxias encontrou Feijó, que parti-
cipava da revolução.
- V. Exa. está prêso, disse Luís Alves de Lima. Só o dever de soldado me
obrigaria a praticar êsse ato.
- Estou às suas ordens.
- V. Exa. deve levar alguma coisa para o quartel, porque de tudo estou
desprovido.
- Com uma esteira e um travesseiro tenho o suficiente, responde Feijó, com
admirável simplicidade.
O grande sacerdote que, em outros tempos havia tido, co~o regente, o govêrno
do Império, estava paralítico e, em sua cadeira de braços, foi levado por quatro
soldados para o quartel dn Barão de Caxias.

EXERCí CIOS

Sôbre a Unidade J IJ ( Política interna do Segundo Reinado)

1) Ação pacificadora de Caxias

a) Escrever ao lado o nome da revolução de que participaram os seguintes


brasileiros:
1) Bento Gonçalves da Silva
2) Joaquim Nunes Machado
) .
)
3) Antônio Neto )
4) Padre Diogo Antônio Feijó )
5) Manuel Francisco dos Anjos Ferreira )

244
b ) Assinalar com um x a· frase certa:
) O título de Barão de Caxias foi dado a Luís Alves de Lima por haver
pacificado o Maranhão.
) A Balaiada começou na Regência de Feijó.
) Feijó participou. da revolução de 1842, em Barbacena.
) A República Juliana foi fundada na Província de Santa Catarina.
) Pedro ivo da Silveira participou da Guerra dos Farrapos.

2) Os dois grandes partidos e o regime parlamentar

a) Numerar corretamente:
( 1 ) Pacificou as províncias revoltadas José Maria da Silva Paranhos
Jünior
( 2) Irineu Evangelista de Sousa 1870
( 3 ) Ano da criação da Presidência do Barão e Visconde de Mauá
Conselho
( 4) Criou o gabinete de Conciliação ,"·~ Barão de Caxias
( 5) Ano da Lei dos Sexagenários c; ( 1847
( 6) Barão do Rio Branco ( 1885
( 7) Afonso Celso de Assis Figueiredo ( José Maria da Silva Paranhos
( 8 ) Ano da fundação do Partido ( Marquês de Paraná
Republicano
( 9) Visconde do Rio Branco 1871
( 10) Data da Lei do Ventre Livre Yisconde de Ouro Prêto

b ) Escrever ao lado liberal ou · conservador


1) O mais longo ministério da monarquia (
2) Ministério da Lei Áurea (
3) Ministério de 1840 (
4) Partido do Visconde do Rio Branco (
5) último ministério da monarquia (

245
41 POLTTICA EXTERNA
DO SEGUNDO REINADO

A Questão Christie
Guerra contra Oribe, Rosas e Aguirre
Guerra do Paraguai

9) A QUESTÃO CHRISTIE

a) As relações com a homens de negoc10s visitavam a


Inglaterra, como Irineu Evangelis-
Ing~terra ta de Sousa, Visconde de Mauá,
banqueiro e industrial. O pró-
Durante o Império, era muito
prio sistema parlamentar, adotado
boa a situação que a Inglaterra
no B!'asil, no Segundo Reinado,
desfrutava no comércio brasileiro.
Já em 1810, isto é, dois anos de- foi inspirado no parlamentarismo
pois da abertura dos portos, Por- inglês.
tugal assinou com ela um tratado Entretanto, nem sempre foram
muito vantajoso para os comer- boas as relações com a Inglaterra.
ciantes inglêses, pois seus artigos Primeiramente, houve a questão
·p agavam nos portos brasileiros me- do tráfico . O Brasil havia-se com-
nos impôsto que os portuguêses. prometido com o govêmo ingh~s
Durante o Segundo Reinado de proibir o tráfico de africanos,
ainda foi maior a influência da depois da Independência. Mas,
Inglaterra no Brasil. Muitos brasi- para não prejudicar a lavoura con-
leiros estudavam nesse país, co- tinuou a haver tráfico. Então, o
mo no período colonial haviam es- parlamento inglês fêz uma lei que
tudado em Coimbra. Também dava à. marinha inglêsa o direito

Mercado do "Cais dos Mineiros", no Rio de. Janeiro. 247


de perseguir e apresar navios bra- foi-lhes , restituída imediatamente
sileiros até na. costa do Brasil. a liberdade. Entendeu William
Mais grave, porém, foi a questão Christie que a marinha do seu país
provocada por William Christie, havia sido ofendida e exigiu do
ministro que representava a In- govêrno várias medidas, como a
glaterra no Brasil. de censurar o chefe de polícia.
Suas reclamações não foram aten-
didas e, como também não rece-
b) A questão Christie beu as 3 200 libras, resolveu agir
com violência. Por sua ordem o
- O ministro inglês no Brasil, vice-almirante W arren apreendeu
William Chrístie, por falta de ha- cinço navios da marinha brasileira.
bilidade transformou dqis inciden- A atitude de Christie provocou
tes sem importância num sério indignação no povo e a polícia
conflito que provocou o rompi- teve que estar alerta para evitar
mento das relações diplomáticas fôssem atacadas a legação e as ca-
do Brasil com a Inglaterra. sas comerciais inglêsas. Diante
O primeiro incidente aconteceu dessa reação, Christie propôs que
em 1861: o navio inglês Prince of os dois incidentes fôssem solucio-
W alles (Príncipe de Gales) havia nados por meio de arbitramento:
naufragado no Rio Grande do Sul, . os dois países, Bra,sil e Inglaterra,
na costa deserta do Albardão e escolheriam, para decidir a ques-
sua carga, dando à praia, foi fur- tço, um chefe de Estado, que seria
tada por desconhecidos. O govêr- o fuiz ou árbitro.
no tomou medidas para apurar o Entretanto, o govêrno brasilei-
furto, mas Christie, numa ofensa ro achava desonroso admitir ár-
ao Brasil como país livre, queria bitro para discutir questões de di-
que um capitão inglês tomasse nheiro e, por isso, ainda que sob
parte nas investigações. Em se- protesto, resolveu pagar a quan-
guida, reclamou ao governo brasi~ tia de 3 200 libras.
leiro, como indenização, a quan- Quanto ao segundo incidente
tia de 3 200 libras. recorreu-se, para solucioná-lo, ao
No ano seguinte outro inciden- arbitramento de Leopoldo I, Rei
te ocorreu no Rio de Janeiro: três dos Belgas. Apesar de ser tio da
oficiais da marinha inglêsa, em- Rainha Vitória, soberana que en-
briagados e à paisana, desrespei- tão governava a Inglaterra, a so-
taram· as autoridades de um pôsto lução que êle deu foi inteiramente
policial. Por isso, foram presos favorável ao Brasil. Ficou prova-
mas, verificada a sua identidade, do que, ao prender os oficiais em-

248
1

briagados, não houve ofens.a à ma- Somente em 1865, durante a


rinha inglêsa. Restava, portanto, Guerra do Paraguai, foram reini-
ao govêrno inglês a obrigação de ciadas as relações entre os dois
pedir desculpas ao do Brasil pela países: o ministro inglês em Bue-
violência que o vice-almirante nos Aires, Thornton, de acôrdo com
Warren praticou, quando apreen- as instruções de seu govêrno, apre-
deu, ein tempo de paz e na costa sentou-se a D. P"edro II. Estava
brasileira, os cinco navios mercaq- o Imperador, nessa O(!asião, n()
tes. Essas desculpas n~o foram, acampamento de Uruguaíana, on-
porém, apresentadas e, por isso, o de acabava de assistir à rendição
Império rompeu relações diplomá- do exército paraguaio que havia
ticas com a Inglaterra. invadido o Rio Grande do Sul.

RESUMO

A Questão Christie
a ) As relações com a Inglaterra:
As vantagens do comércio inglês no Brasil: o tratado de 1810.
Influência cultural inglêsa: presença de brasileiros na Inglaterra.
Influência política: o parlamentarismo no Império.
As duas grandes questões com a Inglaterra: a qu estão do tráfico e a questão
Christie.
b ) A Questão Christie
O incidente de 1861 : naufrágio do navio Prince of Walles no Grande do Sul
e a indenização reclamada por Christie ( 3200 libras).
O incidente de 1862: a prisão de três ofjciais embriagados e a pretendida
ofensa à marinha inglêsa. ·
Solução do primeiro incidente: o govêrno brasileiro paga, sob protesto, a
quantia de 3200 libras .
Solução do segundo incidente: decisão favorável · ao Brasil dada pelo árbitro
Leopoldo L
Reatamento das relações diplomáticas do Brasil com a Inglaterra: encontro
entre D. Pedro II c Thornton, em Uruguaiana ( 1865 ).

QUESTION A RIO
1 ) Por que o tratado de 1810 trouxe vantagem para o comércio· inglês ?
2) Por qu e o tráfico de africanos provocou conflito com a Inglaterra ?
3) Quem foi William Cliristie?

249
10) ·GUERRA CONTRA ORIBE, ROSAS E AGUIRRE

a ) Ação contra Oribe b ) Ação contra l;{osas


O primeiro presidente constitu- João Manuel de Rosas, como
cional do Uruguai foi D. Frutuoso · ditador da Argentina, perseguiu
Rivera, qué havia lutado pela in- cruelmente seus inimigos. Muitos
dependência da Cisplatina. River~ políticos e escritores argentinos ti-
apoiou seu sucessor, Manuel On- veram que refugiar-se nos países
be. Mais tarde, porém, surgiu a vizinhos, para não cair em suas
rivalidade entre êsses dois chefes; mãos. Entretanto, o Brasil empe-
Oribe fundou o partido dos Bla??.~ nhava-se em manter com o dita-
cos, com o apoio do ditador Ro- dor uma política cordial, porque
sas, que governava a Argentina, d precisava garantir a livre navega-
Rivera o partido dos Colorados, ção de seus navios pelo Rio da
Os blancos, como eram inimil Prata e, dêsse modo, poder con-
gos do Brasil, maltratavam os bra- servar as comunicações entre o
sileiros residentes no Uruguai e, Rio de .Janeiro e a Província de
invadindo o território do Rio Mato Grosso.
Grande, atacavam estâncias e ·rou- A campanha do Brasil contra
bavam gado. Manuel Oribe provocou a rivali-
Em. 1851, por iniciativa do Mar- dade de Rosas, que rompeu as re-
quês do Paraná, foi assinado, para lações diplomáticas com o Impé-
combater as tropas de Oribe, um rio. Derrotado o chefe blanco, em
convênio entre, o Brasil, o govêr- · 1851, cuidou o govêmo brasileiro
no uruguaio e as duas províncias de realizar nôvo convênio, com os
argentinas, de Corrientes e Entre- mesmos aliados, para uma ação
Rios, revoltadas contra Rosas. conjunta contra Rosas.
As tropas brasileiras, chefiadas As tropas brasileiras eram co-
pelo Conde de Caxias, não entra7 mandadas por Manuel Marques de
ram, porém, em luta, pois Manuel Sousa, depois Conde de Pôrto Ale-
Oribe, percebendo ser inútil a re- gre. Mas o comando supremo ca-
-sistência, se entregou ao general bia a um argentino, revoltado con-
Urquiza, governador de Entre- tra Rosas, o general Urquiza.
Rios. A 3 de fevereiro de 1852, veri-
ficou-se a batalha de Caseros,

250
perto de Buenos Aires. Rosas, der- ·Grande. O govêrno brasileiro ain-
rotado, refugiou-se na legação in- da tentou conseguir, por meios pa-
glêsa, de onde fugiu para a In- cíficos, o pagamento, por parte do
glaterra. Nesse país, na cidade de Uruguai, dos danos feitos às fa-
Southampton, veio a falecer já bas- zendas do Sul, mas não foi aten-
tante idoso. dido.
As tropas brasileiras eram .co-
mandadas pelo marechal Mena
c) Ação contra Aguirre Barreto e as fôrças navais pelo Ba-
rão de Tamandaré, Joaquim Mar-
A derrota de Oribe não restabe- ques Lisboa.
leceu a ordem no Uruguai. A luta No comêço de 1865 Tamandaré
continuou, entre os dois partidos, bloqueou Montevidéu e a popu-
- Blancos e Coldrados, cada vez lação dessa cidade, indignada,
mais ·violenta. arrastou pelas ruas a bandeira do
Em 1864, sendo presidente do Brasil. Em fevereiro, com a amea-
Uruguai Atanásio Cruz Aguirre, do ça do bombardeio . da capital,
partido dos Blancos, repetiam-se Aguirre abandonou o govêrno que
os ataques às nossas fronteiras e depois foi entregue a Venâncio
os assaltos às propriedades no Rio Flôres, amigo .do Brasil. .

General Rosas. General Urquiza

251
A guerra contra Aguirre teve um veria guerra· entre o Brasil e o Pa-
resultado importante: o ditador do raguai. Entretanto, ainda em no-
Paraguai, Francisco Solano López, vembro de 1864, López iniciou as
havia, em agôsto de 1864, protes- hostilidades contra o Brasil, apo-
tado contra a intervenção do Bra- derando-se do navio Marquês de
sil no Uruguai e declarado que o Olinda que viajava para Mato
Paraguai considerava am~açada a Grosso. Começou assim a Guerra
sua soberania. Apesar dêsse pro- do Paraguai que durou mais de
testo ninguém acreditava que ha- cinco anos.

RESUMO

- Guerra contra Oribe, Rosas e Aguirre


a) Ação contra Oribe
Primeiro presidente constitucional do Uruguai: D. Frutuoso Ri~;era.
. Os partidos políticos do Uruguai: Blancos e Colorados.
O convênio contra Oribe: iniciativa do Marquês do Paraná.
Derrota de Oribe ( 1851): tropas brasileiras sob o comando do Conde de
Caxias.

b) Ação contra Rosas


Importância das relações da Argentina com o Brasil: comunicação fluvial entre
o Rio de Janeiro e Mato Grosso.
Conseqüência da luta contra Oribe: guerra contra Rosas.
Batalha de Caseros ( 3 de fevereiro de 1852): derrota de Rosas.

c) Ação contra Aguirre


Causa da luta contra Aguirre: o não atendimento das reclamações feitas pelo
govêrno brasileiro.
Derrota de Aguirre: bloqueio de Montevidéu pelas fôrças navais do Marquês
de Tamandaré (fevereiro de 1864).
Conseqüência da luta contra Aguirre: Guerra do Paraguai.

252
QUESTIONÁRIO
1) Quem foi o primeiro prestdente constitucional do Uruguai ?
2) Quais eram os partidos políticos do Uruguai?
3) Como procedeu o Marquês do Paraná para lutar contra Oribe?
4) Quem foi Urquiza?
5) Por que houve guerra com Rosas?
6) Como Rosas governou a Argentina ?
7) Quem comandava as tropas brasileiras contra Rosas ?
8) Quando foi a batalha de Caseros ?
9) Que fêz Rosas quando se viu derrotado ?
lO) Por que o Brasil tinha necessidade de manter boas relações com a Argentina ?
11) Quem era o presidente do Uruguai em 1864?
12) Quem comandava as fôrças navais na luta contra Aguirre?
13) Quem foi Venâncio Flôres ?
14) Por que a luta contra Aguirre provocou a Guerra do Paraguai?
U5) Como começou a Guerra do Para~ai ?

LEITURA

Oribe na poesia do povo


O povo do Uruguai vingava-se da política violenta de Manuel Oribe nos
seguintes versos:
"Só quando a laranja
Se tornar Pepino,
Deixará Oribe
De ser assassino."

"Só quando a laranja


Se tornar limão,
Deixará Oribe,
De ser um ladrão."

253
11) GUERRA DO PARAGUAI

a) Antecedentes da gUerra do Sul, cêrca de 80.000 soldados,


com muita munição e poderosa ar-
· O segundo ditador paraguaio, tilharia. O Brasil, entretanto, con-
D. Carlos An~ônio López, suces- tava apenas com 17.000 homens .
sor de José Francia, foi quem deu em armas, sendo ainda mais redu-
ao seu país grande desenvolvimen- zidas as tropas da Confederação
to militar. Para realizá-lo, D. Car- Argentina e do Uruguai.
los López contratou técnicos e Apesar do protesto de agôsto de
instrutores brasileiros, que organi- 1864, que López enviou ao govêr-
zaram o exército e construíram no brasileiro, contra a interven-
fortalezas nas passagens estreitas ção do Brasil no Uruguai, não ha-
dos rios Paraná e Paraguai. via sinais de uma próxima guerra
Eram, portanto, cordiais as re- contra o Paraguai. Mas, a 11 de
lações do Brasil com o Paraguai, novembro dêsse ano, López ini-
o que era muito importante, pois ciou a campanha, mandando apre-
o govêrno brasileiro precisava ga- sar o navio brasileiro Marquês de
rantir, por meio dêsses rios, as co- Olinda. :E:sse barco viajava para
municações com a Província de Mato Grosso, conduzindo o pre-

- :1\1lato Grosso. sidente da província, Frederico


Com a morte de Carlos López, Carneiro de Campos. Começou,
subiu ao poder seu filho Francis- dêsse modo, a maior guerra da
co Solano López, educado ná Eu- América do Sul, que ·durou mais ·
ropa, onde adquiriu a ·ambição de de cinco anos.
conquista que havia de causar a
derrota de sua pátria. Seu plano b) Invasão paraguaia
era criar o Paraguai Maior: ane-
xar o Uruguai, para a sua pátria ·E m dezembro de 1864, os para-
tomar-se uma potência marítima, guaios invadiram Mato Gro~so,
conquistar as províncias argentinas apoderando-se do Forte de Coim-
de Corrientes e Entre-Rios e esta- bra e da Colônia Militar de Dou-
belecer a capital em Montevidéu. rados, depois de heróica resistên-
Para executar seu plano, López cia dos defensores.
possuía, em 1864, além da aliança No Sul era plano de López in-
dos Blancos uruguaios, um exér- vadir o Uruguai e o Rio Grande,
cito que era o maior da América o que só podia ser feito através

254
Buenos Aires, no tempo da Guerra da Tríplice
Aliança contra o Paraguai (1861).
Museu Imperial, antigo Palácio de Petrópolis,
residência de verão de D. Pedro li.

do território da Argentina. Mas que se chamou da Tríplice Alum-


o govêmo argentino não permitiu ça, para combater o ditador para-
a passagem do exército paraguaio guaio ( 1.0 de maio de 1865).
e então o ditador invadiu a Pro- O Tratado da Tríplice Aliança
víncia de C orrientes, no trecho estabelecia que o comando supre-
onde se encontram os rios Paraná mo das tropas aliadas caberia a
e Paraguai. O ditador Solano Ló- Bartolomeu Mitre, presidente da
pez ainda apreendeu no pôrto al- Argentina, quando a luta fôsse nes-
guns navios argentinos. :ll:sse ato se país ou no Paraguai, a um ofi-
de violência provocou a indigna- cial brasileiro, quando em terri-
ção do povo de Buenos Aires e tório do Brasil e, se no Uruguai,
o govêrno resolveu assinar, com o ao chefe colorado, general V enân-
do Brasil e o do Uruguai, o tratado cio Flôres.

256
Para bloquear os portos para- combatido em seu próprio terri-
guaios uma parte da esquadra bra- tório pelas fôrças aliadas, coman-
sileira, sob o comando de Fran- dadas por Mitre, depois pelo Mar-
cisco Manuel Barroso, depois Ba- quês de Caxias e, finalmente, pelo
rão do Amazonas, subiu o rio Pa- Conde . d'Eu.
raná, encontrando-se junto à foz
do Riachuelo com a esquadra ini-
miga. Feriu-se então, com a vitó- c) C amando de M itre
ria do Brasil, a batalha do Ria-
chuelo, o maior encontro naval em Combinada a invasão do Para-
tôda a guerra ( 11 de junho de guai, as tropas aliadas atravessa-
1865). ram o rio Paraná no lugar cha-
mado Passo da Pátria; em territó-
Em setembro dêsse mesmo ano, rio inimigo, feriu-se, a 24 de maio
a coluna paraguaia, que havia in- de 1866, a Batalha de Tuiuti, em
vadido o Rio Grande, sob o co- que se distinguiu o general Ma-
mando do coronel· Estigarribia, nuel Luís Osório, depois Marquês
rendeu-se em Uruguaiana às fôr- do Herval.
ças brasileiras, na presença do
Em setembro de 1866, os alia-
Imperador.
dos tomaram o forte de Curuzu. ~
Com a rendição de Uruguaiana Mas, o ataque que se seguiu à
terminou a ofensiva paraguaia: daí fortaleza de Curupaiti, foi um de-
por diante Solano López vai ser sastre: os paraguaios resistiram

Batalha do Riachuelo.
(Quadra de VICTOR NfEIRELLES).

257
bravamente e as fôrças atacantes d) Comando· de Caxias
tiveram que recuar, com muitos
mortos e feridos. O general Mitre, O Marquês de Caxias assumiu
desgostoso com essa derrota, re- o comando das tropas brasileiras
tirou-se para Buenos Aires. A guer- em 1866. No ano seguinte, verifi-
ra poderia tomar-se favorável aos cou-se em Mato Grosso o episó-
paraguaios, porque havia desen- dio que se chamou Retirada da
tendimentos entre os chefes alia- ·Laguna: , a tropa brasileira que,
dos.· Mas a escolha do Marquês por essa província, havia invadi-
de Caxias para o comando do do o Paraguai, chegou até Lagu-
exército brasileiro e, depois, de tô- na, em território inimigo; não po-
das as fôrças aliadas, ia dat nova dendo prosseguir, pois estava tudo
orientação à campanha, garantin- devastado, resolveu retirar-se e a
do a vitória da Tríplice Aliança. volta para o Brasil foi cheia de
Batalha de Avaí. ( Quadro de PEDRO
sacrifícios: os soldados eram envol-
AMÉRxco, atualmente no Museu ·de vidos pelo fogo qce o inimigo atea-
Belas Artes do Rio de Janeiro) . va nos matos, assaltados pela fo-

258
me, febres e por uma doença ter- canç~:ru a vitória .. Depois foi a ba-
rível, o cólera, que causou muitas talha de Avaí, onde Osório foi feri-
mortes. do no queixo por um tiro; seguiu-
Ocupado em reorganizar as trO- se a de Lomas V alentinas e a
pas, somente em fevereiro de 1868 rendição de Angostura.
pôde o Marquês de Caxias iniciar A 5 de janeiro de 1869, o exér-
as operações contra Humaitá. Suas cito aliado entrava vitorioso em
fôrças contornaram a poderosa Assunção. Estava pràticamente
fortaleza, ao mesmo tempo que terminada a guerra e Caxias,
seis navios brasileiros, sob o co- doente,. retirou-se da campanha.
mando de Delfim Carlos de Car-
valho, depois Barão da Passagem,
faziam a travessia dêsse trecho do
rio Paraguai. Diziam que essa tra. e) C ornando do C onde d' Eu
vessia era impossível porque os
paraguaios tinham colocado no rio Em ,Asunção foi organizado por
·grossas correntes que impediam a José Maria da Silva Paranhos, de-
passagem dos navios. Para atra- pois Visconde do Rio Branco, um
vessá-lo foi preciso rebentar essas govêmo provisório que declarou
correntes a tiro de canhão ou pas- livres todos os escravos paraguaios.
sar por cima de outras aprovei- Entretanto López, já sem nenhu-
tando o período das enchentes. ma possibilidade de vencer, con-
Depois da tomada de Humaitá, tinuava a resistir.
o exército de Caxias empreendeu Foi nomeado para o comando
a famosa "Marcha de Flanco", pe- do exército aliado o Príncipe Con-
lo território do Chaco e, já em de d'Eu, Gastão de Orléans, es-
dezembro de 1868, alcançou o pôso da Princesa Imperial D. Isa-
Pôrto de Santo Antônio. . bel. Feriram-se, já em agôsto de
Começou então a Dezembrada, 1869, os dois mais importantes en-
um~ série de feitos memoráveis. O contros dessa última fase da cam-
primeiro foi a passagem da Ponte panha: Peribebuí e Campo Gran-
de Itoror6: oito tentativas foram de. López, derrotado, não quis
feitas para tomar a posição, va- render-se e fugiu para o norte do
lentemente defendida pelo gene- país, sempre resistindo, com fôr-
ral Caballero; na oitava, Caxias, ças muito reduzidas.
à frente de seus soldados e ani- A 1. 0 de março de 1870 verifi-
mando-os com a frase: "Os qu~e ·cou-se o último combate rla _guer..--
fo!T'em brasileiros, sigam,.me", ai- ra: foi o de Cerro Corá,. oriéle as

259
fôrças brasileiras eram comanda-
das pelo general José António Cor-
pez, fer,ido, ainda quis fugir, mas
quando atravessava um riacho
I
t·eia da Câmara, depois Visconde tombou sem vida. Com sua mor-
de Pelotas. O ditador Solano Ló- te terminou a Guerra do Paraguai.

RESUMO
Jl
A Guerra do Paraguai
a) Antecedentes da guerra
O progresso do Paraguai: obra de Carlos López, pai ·de Solano López.
O plano de conquista de So·lano López: transformar o Paraguai em potência
marítima (o Paraguai Maior).
A causa da guerra: protesto de López contra a intervenção do Brasil no
Uruguai.
O início da guerra: apreensão do navio Marquês de Olinda.

b) Invasão paraguaia
Invasão de Mato Grosso: conquista do forte de Coimbra e da Colônia Militar
de Dourados.
A Tríplice Aliança ( 1. 0 de maio de 1865) :· Brasil, Argentina e Uruguai para
combater o Paraguai. ·
Principal batalha naval ( 11 de junho de 1865) : Riachuelo, vitória de Barroso.
Derrota dos paraguaios no Rio Grande: rendição de Uruguaiana (setembro
de 1865). ·

c) Comando de Mitre
~ Vitória de Osório: batalha de Tuiuti ( 24 de maio de 1866) ..

Ii i
Outros episódios militares: tomada de Curuzu e derrota das tropas aliadas no
ataque a Curupaiti.
Conseqüência da derrota de Curupaití: retirada de Mitre para Bl!enos Aires.
d) Comando de Caxias
O episódio dramático da guerra: a Retirada da Laguna.
Primeira grande vitória de Caxias: tomada de Humaitá.
A Dezembrada (dezembro de 1868): Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e An'gos-
tura.
Fim do comando de Caxias ( 5 de janeiro de 1869): entrada triunfal das
tropas aliadas em Assunção.

260
e) Comando do Conde d'Eu
Principais encontros: Peribebuí e Campo Grande.
Fim da guerra ( 1.0 de marÇo de 1870): morte de Solano López em Cerro
Corá.

Q U E S TI ON A R I O
Jl
1) Como D. Carlos López governou o Paraguai?
2) ·Qual era ·o plano de conquista de Solano López ?
3) Como começou a Guerra do Paraguai ?
4) Que sabe sôbre a ação dos paraguaios em Mato Grosso ?
5) Por que a Argentina entrou na guerra contra o Paraguai ?
6) Que estabelecia a Tríplice Aliança ?
7) Que sabe sôbre a Batalha do Riachuelo ?
8) Como terminou a ofensiva paraguaia . no Rio Grande ?
9) Qual foi a maior vitória d.e Osório ?
10) Por que Mitre se desgostou do comando das tropas aliadas?
11) Que foi ~ Retirada da Laguna ?
12) Que sabe sôbre a Dezembrada ?
13) Como foi a tomada de Itororó?
14) Que aconteceu a 5 de julho de 1869?
15) Como terminou a Guerra do Paraguai ?

LEITURA

a) A bravura de Barroso
"Da parte oficial de Barroso se conclui que logo as duas esquadras se
saudaram com fogo nutrido, chovendo de parte a parte balas e metr~lhas; era
uma chuva de respeito.
Recordando-se do almirante Nelson na Batalha de Trafalgar, o _grande Barroso
empolgou os nossos homens com o sinal - O Brasil espera quo c~da um cumpra
o seu dever. De pé sôbre a caixa de rodas da Amazonas, com a longa e alva
barba ao vento, ereto, impassível e invulnerável sob um chuveiro de . fogo, é
êle o primeiro e o maior exemplo."
(Jônatas Serrano - História do Brasi·l)

261
b ) O heroísmo do tenente Antônio ]oão
Quando Solano ~6pez invadiu Mato Grosso, apoderou-se de Dourados, ~u~
contava com uma guarnição de dezesseis homens. Seu comandante, o tenent
Antônio João Ribeird, mandou pedir reforços urgentes, mas o emissário foi prêso
pelos paraguaios. ·
No bilhete em que reclamava auxílio, Antônio João · havia . escrito: "Sei que
morro, -mas o meu sangue e o de meus companheiros servirão de" prot'esto solene
contra a invasão do solo de minha pátria."
Quando os paraguaios entraram em Dourados, havia dezesseis cadáveres de
soldados brasileiros.

EXERCíCIOS

Sôbre a Unidade IV (Política externa do Segundo Reinado)


·1 ) A Questão Christie

Responder ao lado de cada frase:


1) Nome do navio inglês que afundou na costa do Rio Grande do Sul
)
2) Importância que Christie exigiu do govêrno brasileiro
( )
3) Nome do árbitro da questão ~ntre o Brasil e a Inglaterra
)
4) Vice-almirante que apreendeu cinco navios brasileiros
( )
5) Ministro inglês que se·. apresentou a D. Pedro · II em Uruguaiana
( )

2 ) Guerra contra Oribe, Rosas e Aguirre

a ) Assinalar com um x as frases certas:


( Oribe fundou o partido dos Colorados.
( Os Colorados eram amigos do Brasil.
( Manuel Marques de Sousa era o Conde de Pôrto Alegre.
( Rosas foi derrotado na batalha de Caseros.
I ( Aguirre era do partido dos Blancos.
L
262
Completar as seguintes frases:
1 ) _Oribe fundou o partido • . . . . . . . . . . . . . e Rivera o do ............. .
2) As províncias argentinas, aliadas do Brasil, eram . . . . . . . . . . . . . . e

3) As fôrças navais brasileiras que bloquearam Montevidéu, no govêrno de


Aguirre, eram comandadas pelo Barão de .............. , cujo nome
era . 00 00 00 oo oo oo.

4) Oribe tinha a proteção do ditador . . . . . . . . . . . . . . e Aguirre do ditador

5) O navio que Solano L6pez apreendeu, em novembro de 1864, era o


. . . . . . . . . . . . . . e viajava para a província de ............. .

3) Guerra do Paraguai
a) Assinalar os acontecimentos ocorridos nas .seguintes datas:
1) 11 de novembro de 1864 (
2) 1.0 de maio de 1865 (.
3) 11 de junho de 1865 (
4) 24 de maio de 1866 (
5) 1.0 de março de 1870 · (

b) Numerar · corretamente:
( 1 ) Venâncio Flôres ( :) Batal11a de Tuiuti
( 2) Francisco Manuel Barroso ( ) Presidente da Arge1;1tina
( 3) Manuel Luís Osório \ ) Barão da Passagem
( 4) Delfim Carlos de Carvalho ( ) Chefe uruguaio colorado
( 5) Coronel Estigarribia ( ) Chefe paraguaio em Uruguaiana
( 6) José Francia ( ) Batalha de Riachuelo
(7) General Caballero ( ) Batalha de Avaí
( 8) Bartolomeu Mitre _( ) Primeiro ditador do Paraguai
( 9) Marquês de Caxias ( ) Chefe paraguaio em Itoror6
( 10) Príncipe Conde d'Eu ( ) Batalha de Campo Grande

2§3
( ' SI A ABOLIÇÃO

• 'L
~ -···
.;,:r,.
'

..
'

.
A escravidão negra e o tráfico de ~scravos

A campanha abolicionista e seu triunfo


~~;;· ~
' ...'--

12) A ESCRAVIDÃO NEGRA


E O TRAFICO ·DE ESCRAVOS

a) ·A escravidão negra concorrência de outros países pro-


dutores, o tráfico de escravos con-
No Brasil, o escravo negro par- tinuou, entretanto, muito intenso
ticipou de tôdas as atividades. Por porque surgiu nova riqueza agrí-
isso foi muito intenso o tráfico de cola: a lavoura do café, que logo
africanos, desde o estabelecimen- se estendeu pela Província do Rio
to das primeiras lavouras de ca- de Janeiro e alcançou, pelo vale
na-de-açúcar, ainda no século do Paraíba e seus afluentes, as re-
XVI. Mais tarde, com o descobri- giões de São Paulo e Minas.
mento das minas, muitos escravos O tráfico de escravos acabou de-
foram levados para o centro da co- finitivamente em 1854, mas a es-
lônia ~ empregados nos trabalhos cravidão prolongou-se até o fim da
de mineração. Surgiram cidades, monarquia, pois só foi abolida com
como Vila Rica, que em certas a Lei Aurea, em 1888, quando tô-
ocasiões teve uma população ne- das as nações do continente já
gra superior à branca. haviam adotado essa medida. É
Já no século XIX, quando as mi- que o Brasil, sendo um país agrí-
nas estavam esgotadas e o açúcar cola, dependia do trabalho escra-
brasileiro era prejudicado pela vo, e muitos deputados, senadores
Batuque de negros . . 265
A Rua Direita, .atual Primeiro de Março, e até ministros, eram fazendeirós
no Rio de Janeiro. (Desenho de Ru-
GENDAs).
de café ou senhores de engenho.
Entretanto, depois da Guerra do
Paraguai, muitos senhores liberta-
ram seus escravos, porque acha-
vam que era justa a causa abo-
licionista.
Quanto ao tratamento que no
Brasil se dispensava aos negros, era
em geral mais humano que nos
outros países. A prática da reli-
gião católica pelos .proprietários
muito contribuiu para êsse trata-
mento, evitando que os escravos
sofressem castigos cruéis e permi-
266
Transporte nn Rio antigo.
(Desenho de DEBRET).
Hndo o seu descanso nos domin- do que estaoelecia a duração do
gos e nos muitos dias santos. Por tráfico até 1830, devendo cessar
isso, quando foi feita a abolição, no ano seguinte. Mas o desenvol-
muitos escravos preferiram ficar · vimento da agricultura impedia
nas fazendas trabalhando com seus que o govêrno brasileiro cumpris-
antigos senhores. se êsse tratado, pois somente em
1830 chegaram ao Brasil mais de
b ) O tráfico de escravos cem mil escravos. Então o paria-
. mento inglês resolveu tomar enér-
Desde o fim do século XVIII gicas medidas. Em 1845 foi apro-
que a Inglaterra desenvolvia forte vada a lei ou bill Aberdeen, assim
campanha para acabar com o trá- chamada por ser Lord8 Aberdeen
fico e a escravidão em todos os o seu autor: ficou estabelecido que
países. os navios negreiros seriam perse-
Em 1827, logo depois do reco- guidos e apresados peles inglêses,
nhecimento da· Independência do até mesmo na costa brasileira, o
Brasil pela Inglaterra, esta nação que era uma ofensa à soberania
assinou com . o Império um trata- do Brasil.

267
Apesar do bill Aberdeen o trá- lucro dividido entre êle e o pro-
fico de escravos não diminuiu por- prietário.
que as fazendas de café, formadas O sistema de parceria deu tão
nessa ocasião no vale do rio Paraí- bons resultados que os colonós se
ba,J precisavam de um número tornavam também fazendeiros e
cada vez maior de braços. Embo- mandavam vir da Europa novos
ra reforçada a vigilância das auto- imigrantes, com os quais adota-
ridades, o contrabando era prati- vam ô mesmo método. Mas, para
cado intensamente: os navios ne- evitar que o Império continuasse
greiros tinham cúmplices em ter- a ser humilhado pela marinha bri-
ra, os quais, por meio de sinais, in- tânica, tornava-se urgente a abo-
dicavam os lugares da costa não lição definitiva do contrabando de
fiscalizados pelas patrulhas. escravos.
A 4 de setembro de 1850 foi de-
Entretanto, muitos brasileiros cretada a Lei Eusébio de ·Queirós:
defendiam a idéia de substituir o punia com penâs severas os que
t~abalho do negro pelo do colo- transportassem negros para o Bra-
no europeu. Era uma boa solução sil. Contudo, ainda houve contra-
porque acabava com o tráfico sem bando, porque os juízes dos luga-
I
)
prejudicar o progresso do país. Em res pouco povoados quase sempre
1835 foi fundada a Sociedade Co- protegiam os réus. I
lonizadora para ajudar os imigran- Para acabar definitivamente com j
tes que chegassem da Europa: o . tráfico, o ministro Nabuco de
Cinco anos depois, o senador Ver- Araújo, em julho de 1854, refor-
gueiro estabeleceu em sua fazen- mou a Lei Eusébio de Queirós,
da em São Paulo, com alguns co- determinando que os contraban-
. lonas portuguêses, o sistema de distas fôssem julgados pelos tri- I

parceria que passou a ser logo bunais das cidades.


praticado por muitos outros fazen- A última tentativa de desembar-
deiros: o dono da terra custeava que de africanos no Brasil foi em
tôdas as despesas para o iroigrant~ 1855, ha costa de Pernambuco:
começar a sua nova vida; essas mas os infratores foram presos p~­
despesas seriam depois desconta- las autoridades e castigados com
das do que produzisse, sendo o rigor.

lI

268
RESUMO

A escravidão negra e o tráfico africano


a) A escravidão negra
Principais atividades do negro: engenhos de açúcar, mineração e fazendas de
café.
A marcha do café: Província do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas, pelo rio
Paraíba e seus afluentes.
Causa do bom tratamento dispensado ao escravo: sentimento religioso dos
senhores.

b) O tráfico de escravos
O tratado do Brasil com a Inglaterra em 1827: abolição do tráfico em 1831.
Causa da continuação do tráfico: desenvolvimento da lavoura do café.
O bill Aberdeen ( 1845) : perseguição a navios negreiros brasileiros até em
costa brasileira.
O sistema de parceria: inaugurado pelo senador· Vergueiro.
I A Lei Eusébio de Queirós: 4 de setembro de 1850.
)
A reforma de Nabuco de Araújo: julho de 1854.
última tentativa de desembarque: em Pernambuco ( 1855).
I
j
QUESTIONARIO

1) Quais as pnnc1pais atividades dos africanos no Brasil ?


I 2) Por onde se desenvolveu a lavoura do café?
3) Por que o Brasil foi o último país do continente a abolir a escravidão ?
4) for que o escravo no Brasil era geralmente bem tratado?
5) Que estabelecia o tratado com a Inglaterra em 1827 ?
6) Quantos escravos foram introduzidos no Brasil em 1830 ?
7) Quem foi Lorde Aberdeen ?
8) Que estabelecia o bill Aberdeen ?
9) Quando foi decretado o bill Aberdeen ?
10) Que foi a Sociedade Colonizadora?
11) Como funcionava o sistema de parceria ?
12) Quando foi promulgada a Lei Eusébio de Queirós ?
13) Que fêz Nabuco de Araújo para acabar definitivamente com o tráfico ?
14) Quando Nabuco de Araújo reformou a Lei Etisébio de Queirós?
15) Qual foi a última tentativa ·de desembarque de africanos no Brasil?

269
13) A CAMPANHA ABOLICIONISTA E SEU. TRIUNFO

a ) A Lei do V entre Livre seriam considerados livres todos os


escravos nascidos · a partir dessa
Já na época da Independência data, o que lentamente extingui-
houve brasileiros ilustres, como ria a escravidão.
José Bonifácio, que se preocupa- A Lei do Ventre Livre foi assi-
ram com o problema da abolição nada pela Princesa Irnr>erial D.
do cativeiro. · Isabel, que ocupava o govêrno co-
No período regencial, entre ou- mo Regente, pois o Imperador e
tros abolicionistas, distinguiu-se o a Imperatriz, D. Teresa Cristina,
Padre Diogo Antônio Feijó. En- viajavam ness;l. ocasião para a
tretanto, muitos temiam que a li- Europa.
bertação do negro trouxesse gran-
des prejuízos ao Brasil, pois a
principal riqueza era a agricultura b) A campanha abolicionista
que prosperava com o trabalho do
negro. . Terminada a Guerra do Para-
O .Imperador ·n . Pedro li tam- guai, o movimento abolicionista
bém era partidário da abolição cresceu ràpidamente, entusiasman-
mas, para evitar a crise que ela do a opinião pública. Surgiram,
poderia provocar, preferia que fôs- como defensores dessa causa, bra-
se feita gradualmente. Em 1871, sileiros ilustres, como Rui Barbo-
estando no poder o gabinete con- sa, o jornalista José do Patrocínio,
servador do Visconde do Rio Bran- o advogado negro Luís Gama e
co, José Maria da Silva Paranhos, o poeta Castro Alves que se ins-
foi redigido um projeto de lei para pirava nos sofrimentos da raça
a libertação dos filhos de escravos. escrava.
1!:sse projeto foi vigorosalJlente ·Os partidários da abolição fun-
combatido no parlamento pelos daram sociedades, como a Confe-
partidários da escravidão. Para de- deração Abolicionista, organizavam
fendê-lo, o Visconde do Rio Bran- festas para angariar dinheiro des-
co, que era grande orador, teve tinado à libertação de escravos e
que subir à tribuna vinte e uma publicavam artigos nos jornais. Em
vêzes, até que, a 28 de setembro, 1880, . quando chegou da ·Itália o
foi. êle convertido na lei conheci- compositor Carlos Gomes, autor
da pelo nome de V entre Livre: da ópera . O Guarani, fêz-se uma

270 Negras do Rio de Janeiro . (Aquarela de · R ,'JGENDAS).


subscrição e, com a quantia obti- Em 1885 o movimento abolicio-
da, o grande músico libertou um nista alcançou nôvo triunfo quan-
negro, durante um espetáculo num do, a 28 de setembro, foi decre-
dos teatros da cidade. tada a_libertação dos escravos que
Por tôda a parte a idéia da abo- tivessem mais de sessenta e cinco
lição entusiasmava o povo, princi- anos (Lei dos Sexagenários). Es-
palmente o do Nordeste. No Cea- tava no poder, nessa ocasião, o
rá os jangadeiros, que faziam o ministério conservador de I oão
transporte para Fortaleza, nega- Maurício Wanderley, Barão de C o-
ram-se a carregar escravos. E, em tegipe. Mas, essa lei havia sido
1884, essa província tomava a ini- proposta no ministério anterior, de
ciativa de abolir a escravidão em I osé António Saraiva e por isso
seu território. Essa decisão dos ela é também conhecida pelo nome
cearenses foi recebida no Rio de ele Lei Snraioa-Cotegipe.
Janeiro com grande alegria e, pa-
ra comemorá-la, a Confederação
Abolicionista organizou festas po-
. pulares. Mesmo no Sul, onde
prosperavam as fazendas de café
com numerosos escravos, houve se-
nhores que libertavam seus negros
e já admitiam a abolição desde
que fôssem indenizados.

Visconde do Rio Branco, autor


da Lei do Ventre Livre (1871).

272
c) A Lei Áurea vêrno constava a abolição da es-
cravatura. Por isso foi apresenta-
Para substituir D. Pedro li, que do ao Parlamento, no dia 8 de
havia partido para a Europa, maio, um projeto de lei supri-
ocupou o trono sua filha, a Prin- mindo a escravidão no Brasil.
cesa Imperial D. Isabel. Pouco Discutido e aprovado pela Câma-
depois, em 1887, ela recebia do ra e pelo Senado, êsse projeto re-
Clube Militar uma mensagem que cebeu a assinatura da Princesa D.
muito fortaleceu a campanha abo- Isabel, a 13 de maio, em meio de
licionista: nesse documento o geral entusiasmo.
Exército pedia à Princesa Isabel
que não lhe fôsse mais confiada . A libertação dos escravos não
a tarefa de perseguir negros fugi- deixou de concorrer para o fim do
dos, por considerá-la desonrosa. regime monárquico, pois apressou
Ainda em 1887, o movimento a Proclamação da República, que
pela abolição do cativeiro teve o se verificou no ano seguinte. É
apoio valioso da Igreja: por inter- que muitos fazendeiros deixaram
médio dos seus bispos, ela se de- de apoiar a Monarquia ou toma-
clarava solidária com a grande ram decidida posição ao lado dos
causa e pedia aos senhores que li- republicanos. Contudo, não houve
bertassem seus escravos. nem as desordens sociais, nem as
Em 1888 o ministério do Barão crises econômicas que muitos es-
de Cotegipe pediu demissão, sen- peravam, e até muitos negros, por-
do organizado outro, também con- que eram bem tratados, preferi-
servador, de João Alfredo de Oli- ram ficar, como trabalhadores li-
veira. Do programa do nôvo go- vres, nas fazendas em que serviam.

RESUMO

A campanha abolicionista e seu triunfo


a) A Lei do Ventre Livre
A questão da abolição na Independência: José Bonifácio.
A opinião do Imperador: abolição gradual.
A Lei do Ventre Livre ( 28 de setembro de 1871): proposta pelo Visconde
do Rio Branco.

273
-
b) A campanha abolicionista
11
Principais abolicionistas: Rui Barbosa, José do Patrocínio, L tís Gama e Castro
Alves.
A campanha no Rio de Janeiro: a Confederação Abolicioni~ ta.
A campanha no Nordeste: libertação dos escravos do Cear.. ( 1884).
A Lei dos Sexagenários ou Saraiva-Cotegipe: libertação dc.s escravos maiores
de sessenta e cinco anos ( 28 de setembro de 1885).

c) A Lei Áurea

O movimento abolicionista em 1887: a posição do Exéreito e o apoio da


Igreja.
O ministério João Alfredo de Oliveira: a Lei Áurea ( 13 de maio de 1888).
Conseqüência da libertação dos escravos: concorreu para a Proclamação da
República.

QUESTIONARIO

1) Qual era a op1mao de D. Pedro II' sôbre a abolição do cativeiro?


2) De que partido político era o Visconde do Rio Branco ?
3) Quando foi decretada a Lei do Ventre Livre ?
4) Por que foi a Princesa D. Isabel quem assinou a Lei do Ventre Livre?
5) Quais· foram os principais abolicionistas ?
6) Que papel teve Carlos Gomes no movimento abolicionista ?
7) Que era a Confederação Abolicionista ?
8) Que houve no Ceará em 1884 ?
9) Por que a Lei dos Sexagenários também se chama Saraiva-Cotegipe ?
1O) Qi.tando foi assinada a Lei dos Sexagenários ?
11) Qual a decisão do Exército em 1887 que favoreceu o movimento abolicionista ?
12) Que medida tomou a Igreja favorável ao movimento abolicionista?
13) Qual a solução abolicionista que terià o apoio de todos os fazendeiros ?
14) Quem foi João Alfredo de Oliveira?
15) Por que a abolição contribuiu para a proclamação da República ?

274
-
EXERC1CIOS
11
Sôbre a Unidade V (A Abolição)

1 ) A escravidão negra e o tráfico de escravos

Completar as seguintes frases: . ·


1) Na Província do Rio de Janeiro, a lavoura do café estendeu-se pelo vale do
rio ....... ...... .
2) Em 1827 0 Brasil assinou um tratado com a . . . . . . . . . . . . . . e compro-
meteu-se a abolir o tráfico de negros no ano de ........... · · ·
3) A lei a rovada em 1845, pelo parlamento inglês, estabelecia .......... · ·
4) Para su~stituir 'o negro escravo, o senador Vergueiro criou em sua fazenda
..............
5) A lei de 4 de setembro de 1850 chamou-se . ............. e não
impediu o tráfico porque ............. .

2) A campanha abolicionista e seu triunfo

a) Dar a significação das seguintes datas:


1) 4 de setembro de 1850
2) Julho de 1854
3) 28 de setembro de 1871
4) 28 de setembro de 1885
5) 13 de maio de 1888
b) Dar o nome da lei a que estão ligados os seguintes brasileiro~:
1) José Antônio Saraiva ((
2) Visconde do Rio Branco
3) Eusébio de Queirós (
4) Barão de Cotegipe (
5) João Alfredo de Oliveira (
c) Assinalar com um x as frases certas:

·~
José do Patrocínio era jornalista.
Castro Alves escreveu O Guarani.
( Em 1884 o Ceará libertou seus escravos.
( A espôsa de D. P~dro II cham~va-se p.
Teresa Cristina.
( Quem assinou a Lei do Ventre Livre fm D. Pedro II.

275
61 O PROGRESSO NACIONAL
DO IMPrRIO

O progresso econômico: agricultura, indústria


e comércio
Transportes e comunicações
Ciências, letras e artes

14) O PROGRESSO ECONôMICO:


AGRICULTURA, INDúSTRIA E COM~RCIO

a ) A agricultura No Segundo Reinado a lavoura


do café desenvolveu-se pelo vale .
A principal atividade econômi- do rio Paraíba e seus afluentes,
ca do . Império foi a lavoura do estendeu-se pelas províncias do
café. O cafeeiro, trazido para o Rio de Janeiro, Minas e alcançou
Brasil por Francisco de Melo Pa- São Paulo, onde encontrou solo
lheta, foi cultivado durante muitos favorável na chamada terra roxa.
anos em quintais, no Norte do
país. No vale do Paraíba, com o tra-
balho do negro, criaram-se nume-
No Sul as primeiras lavouras de-
rosas fazendas, onde os cafezais
senvolveram-se nas proximidades
substituíram as florestas. Mas, em
do Rio de Janeiro. No comêço do
São Paulo, introduziram-se muitos
Primeiro Reinado já o café era
riqueza importante, pois D . Pe~ imigrantes europeus, de modo que
dro I determinou que no escudo a lavoura cafeeira paulista não so-
de armas e na Bandeira nacional, freu tanto quanto a fluminense ,
criados logo depois da Proclama- quando foi feita a abolição da
ção da Independência, figurasse escravatura. ·
um ramo de café ao lado de outro . Para que se possa ter uma idéia
de fumo. do crescimento da produção do

Pedro I.
277
Também atravessava extensos
cafezais a estrada de rodagem
União e Indústria, que ligava as
províncias do Rio de Janeiro e
Minas Gerais.
No Império continuou a ser
muito cultivada a cana-de-açúcar, ·
principalmente no Nordeste, onde
encontrou solo favorável, o mas-
sapê. Mas, o açúcar, nessa oca-

li sião, era riqueza menos importan-


te que no tempo da colônia, pois
teye que enfrentar séria concor-
rência de outros produtores, como
' a ilha de Cuba.
Também foram importantes fon:
'i Moeda com a efígie de D. Pedro li,
tes de renda no Império os pro-
dutos indígenas, como o tabaco,
cunhada em 1869.
o algodão e a mandioca.

café no vale do Paraíba basta


lembrar ·que no ano d.e 1830 saí- h) IndúStria e comércio
ram do pôrto do Rio de Janeiro
cêrca de 400 mil sacas e, trinta Na colônia a principal indústria
anos depois, mais de dois milhões. era a açucareira. As outras, como
a dos tecidos, sofriam limitações
A expansão do café não produ- ou eram francamente proibidas
ziu apenas lucro para o país: de- · pelo govêrno português que de-
terminou também o desenvolvi- sejava vender aqui os artigos in-
mento dos transportes e a cons- dustriais fabricados na Europa.
/
trução de estradas. Coube a Irir
Com a vinda de O. João toma-
neu Evangelista de Sousa, depois ram-se as primeiras medidas para
Barão e Visconde de Mauá, inau- favorecer o desenvolvimento in-
gurar, em 1854, a primeira ferro- dustrial do Erasil. Uma dessas me-
via do Brasil, que ligava o litoral didas foi a lei de 1808 que permi-
à raiz da serra de Petrópolis, na tiu a livre fabricação de tecidos.
Província do Rio de Janeiro. Alguns . anos depois da Indepen-
278
dência, criou-se, para desenvolver
a indústria, a Sociedade Auxilia-
dora da Indústria Nacional.
Ao terminar o Segundo Reina-
do, em 1889, havia em todo o Bra-
sil mais de 650 fábricas. As de
tecidos tiveram importante conse-
qüência: des.envolveram a lavou-
ra algodoeira.
Um dos grandes animadores da
indústria no Brasil, durante o Im-
pério, foi Irineu Evangelista de
Sousa, Barão e Visconde de Mauá.
l!:sse notável brasileiro havia sido.
quando môço, modesto emprega-
do em ·uma casa comercial inglê-
sa. Mas, com muito esfôrço, con-
seguiu tornar-se banqueiro e in- Olavo Bilàc, o Príncipe dos
dustrial. Além de outros empre" poetas brasileiros (1865-1918)
endimentos, Mauá desenvolveu, na
chamada Ponta de Areia, em Ni-
terói, estaleiros, isto é, oficinas
para a construção de navios.
Com o desenvolvimento do co-
mércio, durante o Segundo Reina-
do, desenvolveram-se também as
finanças e numerosos bancos fo-
ram fundados por todo o país.
Para servir ao comércio interno,
cada vez mais intenso, construí-
ram-se várias estradas de ferro e
de rodagem e, para o ·comércio
entre as cidades do litoral brasi-
leiro, fundou-se a Companhia Bra-
sileira de Navegação a Vapor. Sílvio Romero.

279
RESUMO

O progresso econômico: agricultura, indústria e comércio


a ) A .agricultura
O introdutor do café no Brasil: Francisco de Melo Palheta.
Desenvolvimento das fazendas de café ( vale do Paraíba ) : províncias do Rio
de Janeiro, São Paulo e Minas.
Solo próprio do café: terra roxa.
Importância do café: desenvolvimento dos transportes e construção de estradas.
Outros produtos agrícolas do Império: cana-de-açúcar (prejudicada pela con-
corrência de Cuba), tabaco, algodão (favorecido pelo aumento das fábricas)
e mandioca.

b) Indústria e comércio
Início do desenvo·lvimento industrial: vinda do Príncipe D. João para o Brasil.
A lei de 1808: livre fabricação de tecidos.
Desenvolvimento industrial em 1889: mais de 650 fábricas.
Conseqüências da criaçiío de fábricas de tecidos: desenvolvimento da lavoura .
de algodão.
Conseqüências da expansão do comércio: desenvolvimento das finanças, criação
de numerosos bancos, construção de estradas e fundação da Companhia de
Navegação a Vapor.

QUESTIONARIO

1) Por que certas indústrias eram proibidas ou tinham produção limitada durante
o período colonial ?
2) Quem foi Francisco de Melo Palheta ?
3) Como se desenvolveu a lavoura cafeeira durante o Segundo Reinado?
4) Que é terra roxa ?
5) Que é massap~?
6) Quais os principais produtos agrícolas cultivados, durante o segundo reinado ?
7) Que prejudicou a produção do açúcar do Brasil, durante o Segundo Reinado ?
8) Quem foi Irineu Evangelista de Sousa ?
9) Por onde passava a primeira estrada de ferro construída no Brasil ?
10) Por onde passava a estrada União e Indústria?
11) Quantas fábricas tinha o Brasil em 1889 ?
12) Que estabelecia a lei de 1808 ?
13) Que era a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional?
14) Que havia em Ponta de Areia ?
15) Quais as conseqüências da expansão do comércio ?

280
LEITURA

O ministro e a rosa
. _:Nos Estados Unidos da América a abolição dos escravos provocou uma guerra
sangrenta que durou vários anos e custou· ao país imensos sacrifícios. Entre
as vítimas do grande conflito, a mais ilustre foi, sem dúvida, o Presidente LincO'ln,
assassinado num teatro, quando se festejava a vitória, por um fanático escravista.
Durante a discussão da Lei do Ventre Livre, houve calorosos debates parla-
mentares e o mais ilustre de todos os oradores foi o Visconde do Rio Branco
que havia proposto a lei ~ a defendeu com brilhantismo. Quando a lei fõi
aprovada, a multidão que enchia o Parlamento não pôde conter seu entusiasmo
e até flôres foram jogadas no recinto onde a campanha abolicionista acabava
de obter os maiores triunfos. Então, o representante dos Estado~ Unidos da
América desceu ao plenário, apanhou uma rosa e declarou que ià levá-la para .
sua pátria, a fim de que lá soubessem que no Brasil se fêz com flôres aquilo
q ue na sua pátria. custara tanto sangue.

D. Pedro II em Uruguaiana, durante


a Guerra do Paraguai.
15) TRANSPORTES E COMUNICA"ÇOES

a) Navegação fluvial o Atlântico. Mauá obteve gran-


e marítima des lucros com a sua emprêsa, até
que o govêrno decrctov a livre
. Foi em 1819 que se iniciou a navegação do grande rio, o que
navegação a vapor no Brasil. Nes- permitiu a formação de companhia
se ano, Felisberto Brant Pontes, estrangeira.
depois Marquês de Barbacena,
adaptou uma caldeira num barco b) As estmdas
destinado a servir na costa da baía A primeira · estrada de ferro
ele Todos os Santos. construída no Brasil foi inaugu-
Durante o Segundo Reinado, rada em 1854 pelo Barão de Mauá:
para atender ao comércio entre as tinha quatorze e meio quilôme-
cidades costeiras, fundou-se a tros de extensão e ligava o litoral
Companhia Brasileira de Navega- à raiz da serra de Petrópolis. A
ção a V apor. Essa companhia estrada era servida por uma pe-
ligava, com seus navios, os prin- quena locomotiva, hoje conserva-
cipais portos das províncias. Ou- da como relíquia, chamada Baro-
tras emprêsas foram fundadas de.. nesa, em homenagem à espôsa do
pois pelo Barão de Mauá que ha- Barão de Mauá.
via adquirido os estaleiros da Pon- A Estrada D. Pedro li, atual
ta de Areia, em Niterói. Em Ponta Central do Brasü, deve-se a outro
de Areia foram construídos muitos brasileiro ilustre, Cristiano Otôni,
navios, não só mercantes, isto é, e seu primeiro trecho tinha qua-
destinados ao comércio, como tam- renta e oito quilômetros, tendo
bém de guerra, os quais, na cam- sido inaugurado em março de
panha do Paraguai, prestaram ao 1858.
Brasil grandes serviços. Em 1889, quando foi proclama-
Em 1850, o Barão de Mauá or- da a República, o Brasil possuía
ganizou uma companhia para ex- 9 200 quilômetros de trilhos e mais
piorar a navegação do Amazonas. 9 000 em construção. Apenas dois
tl:sse notável empreendimento in- países da América, Estados Uni-
teressava também a outros· país~ - dos e Canadá, apresentavam nes-
da América do Sul que pelo gran- sa data rêde ferroviária maior que
de rio procuravam uma saída para a do Brasil.

282 D. Pedrd II.


-
As estradas de rodagem, chama- Petrópolis. Mais tarde, com a
das carroçáveis, porque se desti- Guerra do Paraguai, a necessida-
navam ao trânsito de carros e car- de de manter comunicações mili-
roças, eram calçadas nos trechos tares determinou o desenvolvimen-
das serras e forarp construídas a to das linhas telegráficas para- o
partir do século XIX. A primeira Sul do país.
chamou-se Estrada do Comércio e Foi em junho de 1874 que se
ligava ·a margem do· rio Paraíba inaugurou o cabo submarino, li-
à antiga Vila de Iguaçu. gando o Brasil à Europa. Da Bi-
_ Em 1861 foi fnaugurada por blioteca Nacional o Imperador D.
Mariano Procópio Fe.rreira Laje, Pedro li mandou os primeiros te-
do Rio a Juiz de Fora, a Estrada legramas para o Velho Mundo,
União e Indústria, que é atual- dirigidos às figuras mais notáveis
mente um trecho da Estrada Rio- daquele tempo, como a Rainh!t
Belo Horizonte. Outras menos Vitória, que reinava na Inglaterra,
importantes foram a da Graciosa, o Imperador da Alemanna: e o
no Paraná, entre Curitiba e Anto- Papa Pio IX.
nina e a estrada que ligava Man- Desde o período colonial havia
garatiba ~ São João Marcos, na correios no Brasil. Coube ao Prín-
. Província do Rio de Janeiro. cipe D. João aperfeiçoá-los, crian-
do os postilhões, que transporta-
vam a correspondência a cavalo.
c) Meios de comunicação Somente em 1843 foram emitidos
os primeiros selos postais, os cha-
Durante o Segundo Reinado, mados olhos-de-boi, atualmente
inaugurou-se a primeira linha te- de grande valor para os colecio-
legráfica aérea, ligando o Rio a nadores.

RESUMO

Transportes e comunicações
a) Navegação fluvial e marítima
Início da navegação a vapor no Brasil: iniciativa do Marquês de Barbacena.
Comércio marítimo no litoral: Companhia Brasileira de Navegação a Vapor.
A obra de Mauá: desenvolvimento dos estaleiros da Ponta de Areia e início
da ·exploração regular da navegação no rio Amazonas.

284

-
b ) As estradas
Primeira estrada de ferro ( 1854) : inaugurada por Mauá, do litoral à subida
da Serra de Petrópolis.
Estrada de Ferro D. Pedro II ( 1858): atual Central do Brasil, inaugurada
por Cristiano Otôni.
Primeira estrada de rodagem carroçável: Estrada do Comércio, do rio Paraíba
à Vila de Iguaçu.
A União e Indústria: do Rio a Juiz de Fora, inaugurada por Mariano Procópio
Ferreira Laje.
Outras estradas de rodagem: da Graciosa (de Curitiba a Antonina) e de
Mangaratiba a São João Marcos (Província do Rio de Janeiro).

c) Meios de comunicação
Primeira linha telegráfica aérea: do Rio a Petrópolis.
Desenvolvimento do telégrafo aéreo: para o Sul, em conseqüência da Guerra
do Paraguai.
Os correios no Brasil: criação dos postilhões pelo Príncipe D. João.
Os primeiros selos ( 1843) : os olhos-de-boi.

QUESTIONÁRIO

1) Como começou a navegação a vapor no Brasil?


2) Que serviço prestava a Companhia Brasileira de Navegação a Vapor i'
3) Que fêz Mauá em Ponta de Areia ?
4) Que sabe sôbre a navegação no rio Amazonas ?
5) Qual foi a primeira estrada de ferro inaugurada no Brasil ?
6) Quem foi Cristiano Otôni ?
7) Que nom e tem hoje a Estrada D. Pedro li?
8) Quantos quilômetros de trilhos tinha o Brasil, quando foi proclamada a
República?
9) Que eram estradas carroçáveis ?
10) Qual a primeira estrada carroçável?
11) Que sabe sôbre a União e Indústria?
12) Qual foi a primeira linha telegráfica aérea?
13) Por que se desenvolveram no Sul do Brasil as linhas telegráficas ?
14) Como o Príncipe D. João aperfeiçoou os correios?
J .5 ) Que são os olhos-de-boi ?

285
16) CmNCIAS, LETRAS E ARTES

a) As ciências Cairu), José Maria da Silva Para-


nhos Júnior (Barão do Rio Bran-
As explorações científicas no co) e ] oão C apistrano de Abreu,
Brasil tiveram grande desenvolvi- autor de Capítulos deHistória Co-
mento no reinado de D. João VI lonial. :t!:stes dois últimos historia-
e prosseguiram durante o Império. dores viveram no fim do Segundo
No Primeiro Reinado visitou o Reinado e, já no período republi-
Brasil a missão científica do sábio cano, escreveram a maior parte ~e
russo Langsdorff. Entretanto, o suas obras.
plano da expedição não pôde ser Para o desenvolvimento dos es-
executado, pois Langsdorff, aco- tudos de História e Geografia mui-
metido de malária, perdeu a me- to contribuiu o Instituto Histórico
mória. e Geográfico, fundado durante a
No Segundo Reinado são nume- Regência de Araújo Lima.
rosas as expedições ao interior do
. país. Uma das mais importantes
foi a do sábio francês Castelnau b) As letras
que percorreu várias províncías e
estêve também em outros países No comêço do século passado,
da América do Sul. os escritores brasileiros que escre-
Para animar os estudos das Ciên- viam em verso (poetas) ou em
ciais naturais foi fundado, no co- prosa (prosadores) pertenciam a
mêço do século passado, o Museu uma escola literária chamada Ro-
Real. Chama-se atualmente Mu- mantismo.
seu N aciorial e está situado no Rio O primeiro poeta romântico foi
de Janeiro, na Quinta da Boa Vis- Gonçalves de Magalhães que es-
ta, no mesmo prédio em que resi- creveu um poema chamado C on-
diram D. João e os imperadores federação dos Tamoios.
D. Pedro I e D. Pedro li. Os escritores românticos que es-
Nos estudos históricos, durante colhiam o índio para assunto dos
o Segundo Reinado, distinguiu-se seus trabalhos, tanto em prosa co-
o Visconde de Pôrto Seguro que·, mo em verso, chamavam-se india-
entre outros . trabalhos, escreveu a nistas. Em todos os países da Amé-
História Geral do Brasil. Tam- rica houve escritores indianistas.
bém foram notáveis historiadores No Brasil o maior poeta india-
José da Silva Lisboa (Visconde de nista foi Gonçalves Dias e o maior

286
Vista do Rio antigo: Praia de Botafogo. (Pintura de RuGENDA~) .

prosador toi ]osé de Alencar, que 1·a de Letras, que deixou numero-
escreveu Iracema e O Guarani. sas obras em prosa e em verso.
Um grande poeta que viveu du- O Realismo na poesia chamou-
rante o Império foi Castro Alves. se Parnasianismo, escola que apre-
sentou grandes poetas, como Ola-
'Esse poeta muito ajudou a cam- vo Bilac e Raimundo Correia. Das
panha abolicionista, pois em seus poesias de Olavo Bilac é célebre
versos descrevia os sofrimentos dos O Caçador de Esmeraldas, que tem
escravos.
por assunto a bandeira de Fernão
Depois do Romantismo, surgiu Dias Pais.
a escola do Realismo, assim cha- Dos oradores brasileiros, um dos
mada porque achava que o escri- mais ilustres foi Rui Barbosa: teve
tor devia descrever as coisas como maior atuação no período republi-
elas são na realidade e não exage- cano, sendo várias vêzes candidato
rad.as pelo sentimento ou pela fan- à Presidência da República. Tam-
tasw, como faziam os autores ro- bém foram notáveis oradores o
mânticos. · À escola realista per- Visconde do Rio Branco e os abo-
tence Machado de Assis; um dos licionistas José do Patrocínio e
fundadores da Academia Brasílei- Joaquim Nabuco.

287
c) As mtes inspiradas na Bíblia, como em seu
quadro "Visão de São Paulo". De-
Foi D. João quem llllCIOu no pois da Guerra do Paraguai, Pe-
Brasil um grande movimento artís- dro Américo abraçou a pintura
tico, atraindo à côrte artistas es- heróica, que busca reproduzir os
trangeiros, principalmente france- grandes acontecimentos militares.
ses, como o famoso pintor Debret. Ao gênero heróico pertence sua
Dois grandes pintores nacionais obra-prima "Batalha de Avaf'.
viveram durante o Império: Vítor Outros quadros famosos de Pedro
Meireles e Pedro América. O pri- Américo são "Batalha de Campo
meiro pintou os quadros "Primei- Grande" e "Proclamação da Inde-
ra Missa do Brasil" e "Batalha de pendência".
Guararapes." ... Na música, além de Francisco
Pedro Américo, que teve a pro- Manuel da Silva, autor do Hino
teção de D. Pedro li e, por isso, Nacional, cita-se o grande com-
pôde estudar na Europa, dedicou- positor de óperas, António Carlos
se primeiramente a assuntos bíbli- Gomes, cuja obra mais importante
cos, isto é, pintou cenas religiosas foi o Guarani.

RESUMO

Ciências, letras e mtes


a) As ciências

Explorações científicas no Primeiro Reinado: missão russa do sábio Langsdorff.


Explorações no Segundo Reinado: missão francesa de Castelnau.
O Museu Real: atualmente Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista.
Principais historiadores: Visconde de Pôrto Seguro ( Hist6ria Geral do Brasil),
Barão do Rio Branco e João Capistrano de Abreu (Capítulos de Hist6ria Colonial).

b) As letras

Primeira escola literária durante o Império: o Romantismo.


O primeiro poeta romântico: Gonçalves de Magalhães (Confederação dos
Tamoios) .
Os indianistas: Gonçalves Dias (poesia) e José de Alencar (prosa).
O poeta dos escravos: Castro Alves.

288
o Realismo: Machado de Assis, um dos fundadores da Academia Brasileira
de Letras.
Os poetas parnasianos: Olavo Bilac e Raimundo Con:eia.
Os oradores: Rui Barbosa, Visconde do Rio Branco, José .do Patrocínio e
Joaq uim Nabuco.

c) As artes
Os grandes pintores do lmpéri~: Vítor Meireles (Primeira Missa no Brasil)
e Pedro Américo · ( Batalha de Avm) .
A música: Francisco Manuet' da Silva (Hino Nacional) e Carlos Gomes
(Guarani).

Castro Alves

QUESTIONARlO
l:) Que sabe sôbre a missão do sábio russo Langsdorff?
2) Quem foi Castelnau ?
3) Quais os brasileiros que se distinguiram nos estudos históricos ?
4) Quem foi Gonçalves de Magalhães ?
5) Que são escritores indianistas ?
6) Quais as principais obras de José de Alencar ?
7) Quem foi Castro Alv'ês ?
8) Que é Parnasianismo ?
9) Quais são os maiores poetas parnasianos ?
1O) Quais são os grandes oradores do Segundo Reinado ?
11) Quem foi Debret ?

289
12) Quais os ·principais quadros de Vítor Meireles ?
13) Quais os gêneros de pintura a que se dedicou Pedro Américo ?
14) Quem foi Francisco Manuel da Silva ?
15) Quem foi Carlos Gomes ?

EXERClCIOS

Sôbre a Unidade VI (O progresso nacional no Império)

1) O progresso econômico; agricultura, indústria e comércio

Completar as seguintes frases :


1) Quem introduziu o café no Brasil for . . . . . . . . . . . . . . e o solo próprio
para a lavoura dessa planta foi ............. .
2) O solo próprio para o cultivo da cana-de-açúcar chama-se ............. .
e, no Segundo Reinado, o açúcar sofreu a concorrência da ilha ......... .
3) A lei de 1808, promulgada pelo Príncipe .............. , permitiu

4) Em Niterói, no lugar chamado ............ , Mauá possuía ...........•


para a construção de navios.

2) Transportes e comunicações

.a) Escrever ao lado o nome certo:


1) Iniciou a navegação a vapor no Brasil (
2) Construiu navios em Niterói (
3) Inaugurou a primeira estrada de ferro (
4) Construiu a Central do Brasil .(
5) Construiu a União e Indústria (
6) Criou os postilhões C
h ) Assinalar com um x as frases certas:
A Companhia Brasileira .de Navegação a Vapor ligava as cidades do
litoral.
Em 1889, os países da América com mais estradas de ferro que o Brasil
eram os Estados Unidos e o Canadá.
A primeira estrada carroçável chamou-se União e Indústria.
União e Indústria ligava Curitiba a Antonina.
A Guerra do Paragu.ai . influiu no desenvolvimento · ào telégrafo aéreo.
I

290
3) Ciências, letras e .artes

a ) Escrever ao lado o nome certo:


1) Sábio russo que estêve no Brasil no Primeiro Reinado
2) Nome antigo do Museu Nacional
3) Nome dado aos escritores que escrevem sôbre o índio
4) Escola literária que substituiu o Romantismo
5) Nome dado ao Realismo na poesia

h) Numerar as obras de acôrdo com seus autores:


( 1) João Capistrano de Abreu ( História Geral do Brasil
( 2) José de Alencar ( O Caçador de Esmeraldas
( 3) Gonçalves de Magalhães I Fundou a Academia de Letras
( 4) Olavo Bilac ( Iracema
( 5) Carlos Gomes ( Capítulos de História Colonial
( 6) Fr[\ncisco Manuel da Silva ( Confederação dos Tamoios·
( 7) Vítor Meireles ( Hino N acionai
( 8) Visconde de Pôrto Seguro ( ópera "O Guarani"
( 9) Pedro Américo ( Batalha de Avaí
( 10) Machado de Assis ( Primeira Missa no Brasil

c) Assinalar com um x o nome dos escritores que têm relação com o movi-
mento abolicionista:
Machado de Assis
Gonçalves Dias
Joaquim Nabuco
Castro Alves
Gonçalves dé Magalhães
José do Patrocínio

Carlos Gomes

291
71 A REPÚBLICA

Proclamação da República
A Constituição de 1891
Governos republicanos até 1930
Política exterior; Ri9 Branco

17) PROCLAMAÇÃO DA REPúBLICA

a) Principais causas sob regime republicano e, por isso,


no manifesto, que publicaram em
Nos movimentos revolucioná- · 1870, declaravam: -"Vivemos na
rios, ocorridos durante o período América e queremos ser ameri-
colonial, planejou-se a implanta- canos".
ção da República. Mas, enquanto Entretanto o prestígio do impe.
os. outros países americanos alcan- rador D. Pedro li, muito estima-
çaram a independência com e~sa do por seu espírito democrático,
forma política, o Brasil, por dever _ garantiu longa duração para o Se-
sua libertação ao príncipe D. Pe- gundo Reinado. Muitos queriam
dro, adotou o regime monárquico, a proclamação da República para
mantendo-se no poder a dinastia depois da morte de D. Pedro li,
de Bragança. Houve, portanto, pois um estrangeiro. teria parte
em 1822, o rompimento político ativa no govêmo: o francês Gas-
com Portugal mas não houve o tão ãOrléans, Cqnde d'Eu, casa-
rompimento dinástico . Achavam do com a herdeira do trono, a
O$ republicanos brasileiros que a Princesa Imperial D. Isabel.
Monarquia afastava o Brasil de Um acontecimento · importante,
todos os povos do Nôvo Mundo, que fortaleceu a propaganda re-

Proclamação da República. 293


i
publicana no Brasil foi a guerra que, como todos os civis, eram
do Paraguai, pois muitos militares
If também cidadãos e tinham, por _
brasileiros, que se ilustraram nes- isso, direito de livre manifestação
sa campanha, tornaram-se adeptos de pensamento. Embora fôsse re-
i do regime que vigorava nas na-
ções do Prata.
solvida a Questão Militar, dando-
se razão aos oficiais do Exército,
Mas foi a chamada Questão M i- muitos dêles ficaram descontentes
litar, nome dado a· incidentes en- e tornaram-se favoráveis ao regi-
tre oficiais do Exército e ministros, me republicano.
que apressou o fim do Império. . O movimento republicano, ape-
O tenente-coronel Sena Madureira sar do valor dos seus chefes, não
e o coronel Cunha Matos foram conseguia despertar grande inte-
repreendidos por haverem escrito rêsse na Oj)inião do povo porque
na imprensa sôbre assuntos polí- o imperador gozava de imenso
ticos. Mas os militares achavam prestígio. É por isso que, em 1884,

Promulgação e iuramento
da Constituição Republicana
(24-2-1891). Detalhe do
quadro de AuRÉLIO FIGUEI-
REDO, no Museu da Repú-
blica, Rio de Janeiro.

294
apena~ foram eleitos três deputa- c1vrs. A situação, porém, não me-
dos partidários da República: Pru- lhorou e, em outubro, durante uma
dente de Morais e Campos Sales, homenagem aos oficiais chilenos
que depois foram presidentes qa que .visitavam o Brasil, o tenente-
RP.oública, e Alvaro Botelho. coronel Benjamim Constant B~te­
lho de Magalhães fêz violento ais-
curso defendendo o Exército da
b) O ministério •acus;ção de indisciplinado, ~~i~­
Ouro Prêto mando que os solda?os eram . c~­
dadãos fardados" e tmham o drrel-
O último ministério da monar- to, como -qualquer outr~, .de de-
quia, chefiado pelo Visconde de fender sua opinião. O mmrstro da
Uuro Prêto, Afonso Celso de Assis Guerra, sentindo-se ofendido, reti-
Figueiredo, era do partido libe- rou-se em meio à solenidade, e
ral-e subiu ao poder em junho de o Visconde de Ouro Prêto quis
1889 substituindo o conservador prender o orador, mas D. Pedro II
de J~ão ·Alfredo de Oli\~eira, que não permitiu.
havia abolido a escravidão. .
Para conter as agitações polí-
ticas, cada vez mais graves, pre- c) Proclamação da
tendia o Visconde .de Ouro Prêto República
realizar reformas que atendessem
a tudo que os republicanos que- Até a véspera da Proclamação
riam sem precisar mudar o regi- da República, o marechal Deodo-
me. Também queria desenvolv~r ro da Fonseca permaneceu solidá-
a imigração, o comércio e a agn- rio com a monarquia porque, ape-
cultura para prqvar a todos que sar de descontente com o minis-
a monarquia era ,a melhor forma
tério admirava e estimava o impe-
de govêrn~ O ministro, entretan-
to, não pôde realizar o que pr~­
rado; e não . desejava destroná-lo.
tendia porque já era tarde demars A revolta estava marcada para
para conter o movimento republi- a noite de 20 de novembro. Mas
cano, vitorioso cin.co meses depois. o major Sólon Ribeiro, receoso de
·Para conservar o apoio das clas- que o governo tivesse tempo para
ses armadas ao regime monárqui- organizar a defesa, resolveu ante-
co, o Visconde de Ouro Preto en- cipar o movimento, espalhando r>o
tregou aos militares os ministérios dia 14 a fals~ notícia de que o
da Guerra e da Marinha que, na- ministério havia ordenado a pr~­
quele tempo, eram ocupados por são de Deódoro e ae Benjamim

295
rr /

i
I

I
Constant. O mesmo- oficial com- lis, pedindo a demissão do minis-
binou com os companheiros, para
li a manhã do dia 15, a marcha, para
· o centro da cidade, da tropa em
tério. Pouco depois, abriram-se os
portões do quartel para a entrada
triunfal de Deodoro.
II que servia, aquartelada em São
Cristóvão.
· Informado do que ocorria, o ma-
Vitorioso o movimento, as · tro-
pas desfilaram pelas principais
I rechal Deodoro deixou a sua re- ruas da cidade, dirigindo-se depois
sidência e assumiu o comando das para o Arsenal da Marinha, onde
fôrças que se reuniram no Campo Eduardo W andenkolk garantiu o
· de Santana, atual Praça da Repú- apoio de sua corporação. Ainda
blica. · Nessa ocasião, já o minis- no dia 15 de novembro, pela tar-
tério· se encontrava no Quartel- de, José do Patrocínio pronunciou
general, e o Visconde de Ouro eloqüente discurso na Câmara Mu-
Prêto, confiando no apoio do ma- nicipal, sendo depois· lavrada uma
rechal · Floriano Peixoto, ordenou ata, em que se declarava procla-
a êste militar que atacasse as tro- mado o regime republicano.
pas revoltadas. As suas ordens, O ·imperador, informado das pri-
porém, p.ão foram cumpridas, por- meiras ocorrências, desceu de Pe-
que Floriano também estava de trópolis e tentou ainda organi~ar
acôrdo com os cevoltosos; e, quan- nôvo ministério. Mas pouco de-
do o ministro compreendeu que pois o marechal Deodoro assinava
estava sendo enganado, telegrafou os primeiros atos republicanos co-
ao imperador, então em Petrópo- mo chefe do govêrno provisório.

RESUMO

Proclamação da Rep~blica
{I) Principais causas

O manifesto republicano de 1870: "Vivemos na América e queremos ser ame-


ricanos.''
O problema do Terceiro Reinado: teria parte ativa no govêrno um estrangeiro,
o francês Gastão d'Orléans, Conde d'Eu, por ser casado com a herdeira, D. Isabel.
Outras causas do movimento republicano: guerra do Paraguai e a Questão
Militar.
Os militares envolvidos na Questão Militar: tenente-coronel Sena Madureira .··'
e coronel Cunha Matos.

296
b) O ministério. Ouro Prêto l Visconde
'l . . . té 'o da monarquia: do partido liberal, chefiado pe o
D u hmo mmts " 1 d A · Figueiredo)
de Ouro Prêto Jd.Afon~o. Ctée .so O~ro ~~~to: realizar ~s reformas pretendidas pelos
0 programa o mtms no .
bli mudança do regune. d
. cid tsem homenagem aos o tctat
repu canos f' . 's chilenos ·· violentolh-discurso o repu-
en e na
O m tenente-corone . . Constant Botelho de Maga aes.
l B enJamm
blicano

c) Proclamação da República
da prisão
Antecipação da revolta: o major Sólon Ribeiro espalha o boato
de Deodo ro e BenJ'amim Constant. p · t usa se a
o marechal Floriano etxo o rec -
0 ministério no Quartel-General:
combater os revoltosos. d W d k lk
O apoio da Marinha: dado por Eduar o an en o .

QUESTIONAR IO
d
1) Por que no Brasil a República não foi proclama a co~
a Independência
d t?
arqma depois a mor e
2) Por que havia brasl'leiros que não queriam a mon
D. Pedro li?
3) Que foi. a Questão Militar.?. estão Militar?
4) Quais os militares que parhctparam da Qu d . 1884 ?
5) Quais os brasileiros que foram eleitos dep~ta os em .
6) Qual foi o último ministério da monarqma ~
· · ' · Ouro Preto ?
7) Qual era o programa do mmt·~~eno inistér~os da Guerra e da Marinha ?
8) ·Por que Ouro Prêto deu a mtttares os m prestada aos oficiais
g) Que aconteceu, em ou tu b_ro, d u rante a homenagem
chilenos? monarquia?
10) Por que Deodoro não queria combater a
11 ) Para quando seria a revolta ?
'I Rib . ?
12) .Como agiu o major So on euo : Peixoto no Quartel-general ?
13) Qual foi o procedimento de Flonano
14) Q em foi Eduardo W andenkolk ? ?
15) C~mo agiu o imperador .quando soube do .movimento

.··'

297 .
18) A CONSTITUIÇÃO DE 1891

a) O govêrno provisório O embarque da família impe-


rial para o exílio na Europa veri-
· Ainda na noite de 15 de novem- ficou-se no dia 17 de novembro.
bro organizou-se o govêrno pro- Em Portugal, ainda em 1889, fa-
visório, chefiado pelo marechal leceu D. Teresa Cristina e, em
Deodoro da Fonseca. Paris, dois anos depois, ·o impera-
Para o ministétio foram escolhi- dor, que teve honras majestáticas
das as principais figuras que ha- concedidas pelo govêrno francês.
viam participado do movimento ·- _A 19 de novembro, o govêrno
republicano: Manuel Ferraz de provisório ·instituiu a Bandeira da
Campos Sales ficou com o da Jus- República e, pouco depois, con-
tiça; Quintino Bocaiúva, com o das vocou a Assembléia Constituinte
Relações Exteriores; tenente-coro- que devia fazer a nova Consti-
nel Benjamim Constant, com o tuição. Outra medida importante
da Guerra; Eduardo Wandenkolk, tomada pelo govêrno provisório foi
com o da Marinha; Rui Barbosa, a grande naturalização: seriam
com o da Fazenda e Aristides considerados brasileiros todos os
Lôbo, com o do Interior. estrangeiros que se encontrassem
O primeiro decreto do nôvo go- no Brasil e que não manifestassem
vêrno adotava · provisoriamente a vontade de continuar com a sua
República Federativa até que, nacionalidade.
reunido o Congresso Constituinte, Entretanto, foram muitas as di-
os representantes do povo resol- ficuldades que o govêrno provi-
vessem qual o regime que convi- sório teve de enfrentar: além da
nha ao Brasil. crise financeira·, que era muito gra-
No dia 16 de novembro, o ma- ve, não havia acôrdo entre Deo-
jor Sólon Ribeiro levou ao impe- doro e seus ministros. Em · janeiro
rador a mensagem que pedia a sua de 1891, todos os ministros renun- ·
retirada do país no prazo de vinte ciaram e Deodoro, com elementos
e quatro horas. D. Pedro 11 res- suspeitos de favoráveis à monar-
pondeu pouco depois, concordan- quia, organizou nôvo ministério.
do em ausentar-me da pátria e fa- A 24 de fevereiro de 1891, foi
zendo votos pela sua grandeza e promulgada a Constituição da Re-
prosperidade. pública. Seguiu-se imediatamente

298
b) A Constituição de 1891
a eleição q~e escolheu para presi-
dente Deodoro da Fonse~a ~ para o Brasil, durante o regime. r~­
vice-presidente da Repubhca ? - publicano, teve cinco constitui-
rechal Floriano Peixoto. lnstl-
Ul a d , ções: a primeira, promulgada em
tuído, dêsse mo o,. o regtme cons-
1891 durou até 1930, quando hou-
titucional no Brasil, o Cong~esso ve ; revolução chefiada por C:e-
Constituinte separou-se em Cama-. túlio Vargas; seguiu-se um gover-
ra dos Deputados e Senado.

Salão do Museu da República (antigo_ Palácio do C~tete),


construído durante o Império pelo Barao de Nova Fnburgo.

299
no provisório, até que, em 1934,
foi promulgada a segunda, de em que o ministério é da con-
curta duração, pois, em 1937, en- fiança da Câmara dos Deputados.
trou em vigor a Carta que esta- .l!:ste nôvo regime durou até 1963,
beleceu o Estado Nôvo; seguiu-se quando um plebiscito, a 6 de ja-
a de 1946 e, finalmente, a que foi neiro dêsse ano, determinou a
promulgada em janeiro de 1967. volta do presidencialismo.
A Constituição de 1891 é um O poder legislativo era exerci-
trabalho notável, influenciada pela do, como ainda hoje, pelo Con-
que vigora, ainda hoje, nos Esta- gresso Nacional, constituído pelo
dos Unidos. O chefe do poder exe- Senado Federal e a Câmara dos
cutivo, o presidente da República, Deputados. O mandato dos sena-
era eleito pelo povo para um go- dores tinha a duração de nove anos
vêrno de quatro anos, período que e o dos deputados, de apenas três.
voltou a vigorar na atual Consti- Em 1926, durante a presidên-
tuição. Os ministros eram de livre cia de Artur Bernardes, a Consti-
nomeação do presidente que os tuição foi revista pelo Congresso
escolhe entre pessoas de sua con- Nacional, sendo modificada em
. fiança: é o que se chama regime alguns pontos. Estêve em vigor
presidencialista, em vigor no até 1930, quando, vitoriosa a re-
Brasil até setembro de 1961, quan- volução contra o govêrno de Was-
do se instituiu o parlamentarismo hington Luís, Getúlio Vargas su-
biu ao poder.

RESUMO

A Constituição de 1891
a) O govêmo provisório

O ministério do govêrno provisório: Campos Sales (Justiça), Quintino Bocaiúva


(Relações Exteriores), Benjamim Constant (Guerra), Eduardo Wandenkolk
( Marinl1a), Rui Barbosa (Fazenda) e Aristides Lôbo (Interior).
primeiro decreto di? govêrno provisório: institui, provisoriamente, a Repú-
blicaO Federativa.
Dia 16 de novembro de 1889: o major Sólon Ribeiro leva a mensagem ao
imperador, solicitando sua retirada do país no prazo de vinte e quatro horas.
A família imperial no exterior: morte da imperatriz Teresa Cristina em Por-
tugal ( 1889) e do imperador em Paris ( 1891).
O decreto çle 19 de novembro: criação da Bandeira da República.

300
Outra medida importante do g~vê~nq pr ' . ~oletiva do ministério (janeiro
ovis6rio. a grande naturalização.
Dificuldades do govêmo proms6no: renuncia
de 1891) · . . - . 24 d fevereiro de 1891. )
p omulgação da Constttulçao. .e l .d te (Deodoro da Fonseca e
r
Eleição para o govêrno constitucwna
. ) : presi en .
.
vice-presi.dente (Floriano PeiXoto .

· · - de 1891
b ) A Consbtwçao d (1934) a terceira
As constituições da República: .a pr~~~7 (1891), a segun a , .
( 1937), a quarta (1946) e .a ~~mt~ ( 1891 ~.regime presidencialista e influência
Características da ConstltUIÇao e .
dos Estados Unidos. . 1 para\ um período de quatro
o preSI"d ente da República: eleito pe o povo
anos.
Os membros do poder legislativo: senadores para nove anos e deputados
para três.
Reforma da Constituição d e 1891 ·. feita em 1926, na presidência de Artur
Bernardes.

QUESTIONARIO

. d o mims . . te' r I·o •a 15 de novem b ro de 1889?


1 ) Como ficou orgamza do d govêrno '· provisório ?
1f · eiro ecreto o d ?
2) Qua oi o pnm Sólon Ribeiro ao impera or
3 ) Que mensagem apresentou
4) Quem foi D. Teresa Cristina ?

5) Que sabe sobre a mor t e do imperador? ?
6) Que houve a 19 de nove~bro- de 1889.
7) Que foi a grande n~t.urahzaç~o?. d 1891 ?
8) Qual foi ·a crise pohbca de J~ne~o Ce tituição da República ?
1
9) Quando foi promu ga da a pnmerra . ons "dente da Repúbli"ca ?
. 'esidente e VICe-presi
10) Quais os eleitos para p . . - blicanas do Brasil?
d
11) Quais as atas as d . . _ repu
conSbtuiçoes ·
d 1891 estabeleceu o regrme P residen-
12) Por que se diz que a Consbtmçao e
· li s ta ?.
cia · "o de 1891 ?
I . 1 tivo pela ConstJ't wça
13) Como era exercido o poder degis a d representantes do povo pela Cons-
- dos man atos os
14) Qual era a d uraçao
. tituição de 1891 ? Constituição de i891 ?
15) Que houve em 1926 com a

301
19) GOVERNOS REPUBLICANOS ATÉ 1930

a) Deodoro e
no. Dêsse modo, Deodoro resol-
Floriano Peixoto veu recorrer à fôrça e, a 3 de no-
vembro de 1891, dissolveu o Con-
Promulgada a Constituição da gresso e dirigiu à nação
um mani-
República, o Congresso procedeu festo, justificando a
sua atitude.
à eleição para presidente e vice- A dissolução
presidente. do Congresso provo-
cou, a 23 de novembro, a revolta
Os que estavam descontentes da esquadra. ·
com o govêrno provisório propu-
seram, para presidente, a candi- O navio Riachuelo disparou uma
granada que caiu sôbre a cúpula
datura de Prudente de Morais.
da igreja da Candelária, alarman-
Entretanto, venceu o marechal
do a população. Mas Deodoro,
Deodoro da Fonseca pela peque-
para evitar derramamento de san-
na maioria de trinta e dois votos. gue, pois
dispunha de meios para
Para vice-presidente ganhou o can- · vencer
a revolta, preferiu deixar
didato da oposição, Floriano Pei- o poder,
desiludido com a políti.
xóto, contra o do govêrno, Eduar-
do W and~nkolk. ca. O velho marechal morreu em
agôsto do ano seguinte.
O temperam!O!nto autoritário de
Deodoro, impedindo-o de agir c~m Foi Floriano Peixoto quem con-
prudência e habilidade, concorreu cluiu o primeiro período presiden-
para fortalecer a oposição ao seu cial, ocupando o govêrno até 1894.
govêrno. Ainda durante o govêr- Logo- que assumiu o poder, Flo-
no provisório, isto é, antes de ser riano Peixoto restaurou o Congres-
eleito presidente constitucional, a so e substituiu todos os governa-
escolha de elementos ligados à dores estaduais que haviam apoia-
monarquia, como o Barão de Lu- do o golpe de Deodoro, o que pro-
cena, Henrique Pereira de Luce- do vocou agitações em vários pontos
país.
na, para formar nôvo ministério,
causou grande descontentamento. Também na capital a situação
O Barão de Lucena procurou era grave e a população '(ivia alar-
negociar com · os adversários de mada por insistentes boatos de re-
Deodoro, mas o vice-presidente volta. -Pouco depois, treze gene-
do Senado, Prudente de Morais, rais enviaram ao chefe do govêr-
não quis colaborar com o govêr- no um manifesto, reclamando a
eleição para presidente, pois afir-
302
O Marechal Deodoro. (Museu da República, Rio de Janeiro).

mavam que a Constituição assim Prudente de Morais. Também em


determinava, uma vez que Deodo- setembro de 1893, verificou-se a
ro não chegou a governar metade revolta da Armada, no R~o .de Ja:
do período presidenc~al. Mas Fl?- neiro, chefiada por Cus~odw Jose
riano Peixoto, que tinha ?- apo 1? de Melo, que teve o apow do con-
do Congresso, puniu aqueles ofi- tra-almirante Saldanha da Gama.
ciais reformando-os, :E:sses dois movimentos foram co~­
E~ fevereiro de 1893, irrompeu batidos energicamente por Flona-
no Rio Grande do Sul a reyolu~ no Peixoto apelidado o Marech:l
ção dos federalistas, que so, fm de Ferro 'e o Consolidador a
dominada em 1895, no govêrno de República.

303
~m 1894, ~erminou o primeiro
penodo presidencial, sendo elei-
to, para o período seguinte, Pru-
dente de Morais e Barros.

b) Prudente de Morais
e a 1·evolta de Canudos
Assumindo o govêrno, em 1894,
teve Prudente de Morais de en-
fr~ntar séria~ , ~ificuldades pois,
al~m de ser difiCI! a situação finan-
ceua do país, foi obrigado a fazer
enormes gastos, reparando as for-
talezas e os . navios avariados du-
rante a revolução de Custódio José
de Melo; em conseqüência, foi
aumentada a dívida externa do
Brasil, fazendo-se urn empréstimo
em Londres de seis milhões de
libras.
Prudente de Morais conseguiu
pacificar o Sul, decretando a anis-
tia para os revoltosos federalistas
que, se haviam. insurgido contra ~
governo antenor. Teve, porém,
que enfrentar pequenas revoltas
que ocorreram na capital.
A maior agitação verificada no
govêrno de Prudentes de Morais
foi, porém, a revolta de Canudos
no sertão baiano, onde numeroso~
sertanejos fanáticos , os jagunços,
Campos Sales. obedeciam a um visionário conhe-
cido por Antônio Conselheiro. Seu
verdadeiro nome era Antônio Vi-
cen_te Mendes Maciel e, durante
mmtos anos, percorreu o sertão
baiano, fanatizando os sertanejos
304
com idéias religiosas absurdas, fa- de Castro, acusado de adquirir
lando em fim do mundo e com- armas e dinheiro para os jagun-
batendo . a República. A princí- ços, foi. assassinado a tiros.
pio as autoridades não lhe deram Organizaram-se batalhões de
atenção, pois não o julgavam ca- voluntáríos e o govêrno preparou
paz de perturbar a ordem. Tor- poderosa expedição com tropas
nou-se, porém, um perigo público vindas de quase todos os Estados.
depois que se fixou no lugar cha- O próprio ministro da Guerra, ma-
mado Canudos onde, com seus fa- rechal Carlos Machado Bitten-
náticos, os jagunços, fundou um court, embarcou para a Bahia a
arraial. E, quando correu o boato fim de orientar pessoalmente as
de que os sertanejos iam atacar operações.
a cidade de ]uàzeiro, o govêrno A luta foi difícil: além da re.
· da Bahia enviou contra êles uma sistência heróica dos sertanejos,
pequena tropa que foi derrotada. que combatiam com fanatismo, os
Logo • depois, despachou outra, soldados sofreram o suplício da
pouco mais numerosa, mas tam- fome. Foram abatidos os bois, que
~bém foi vencida. puxavam os canhões, e, em certa
O govêrno federal, já apreen- ocasião, houve apenas um litro de
sivo com êsses dois desastres, com- farinha para sete homens.
binou com o da Bahia a organiza- Em outubro de 1897, depois de .
ção de uma forte coluna, de mais vários meses de cêrco, foi tomado
de mil homens, que seria coman- o arraial de Canudos. Mas nas
dada pelo coronel Moreira César. choupanas, destruídas pelo contí-
Depois de penosa marcha até Ca- nuo bombardeio, os vencedores
nudos as tropas conseguiram pe- não encontraram um só homem
netrar no arraial mas foram repe- válido.
lidas pelos jagunços, morrendo Em novembro de 1897, verifi-
Moreira César. cou-se um atentado contra a vida
Essa derrota repercutiu no país de Prudente de Morais. Estava o
inteiro como se fôsse um desastre presidente no Arsenal de Guerra,
nacional. No Rio de Janeiro es- onde fôra cumprimentar os com-
palhou-se o boato absurdo de que batentes, que voltavam vitoriosos
Antônio Conselheiro tinha c apoio de Canudos, quando o anspessada
dos monarquistas. Grupos de pes- M arcelíno Bispo sacou uma arma
soas exaltadas atacaram a redação para matá-lo. Ao tentar desarmar
dos jornais que pregavam a volta o criminoso, foi por êste assassina-
do antigo regime. O proprietá- do o ministro da Guerra Carlos
rio de um dêles, o coronel Gentil Machado Bittencourt.

305
c)' Campos Sales questões de limites. O prefeito
e Rodrigues Alves Francisco -Pereira Passos, auxilia-
do pelo engenheiro Paulo de Fron-
Eleito presidente, para o terceiro tin, transformou o Rio de Janeiro
quatriênio, de 1898 a 1902, Ma- numa · cidade moderna. Foram
nuel Ferraz de Campos Sales em- construídas amplas avenidas, co-
barcou 4nediatamente para Lon- mo a Avenida Central, atualmen-
dres, a. fim de estudar com os ca- te Rio Branco e. a Avenida Beira-
pitalistas inglêses um plano para Mar e belos edifícios, como o Tea-
-melhorar as finanças do Brasil. tro Municipal.
Com a ajuda do seu eficiente co- Foi ainda na presidência de Ro-
laborador, o ministro da Fazenda, drigues Alves que Osvaldo Cruz,
Joaquim Murtinho, pôde Campos grande higienista, então diretor da
Sales realizar seu programa, esta- · Saúde Pública, promoveu o sanea-
belecendo um regime de rigorosa
mento da cidade do Rio de Ja-
economia. Teve, porém, que au- neiro. Além . das duas moléstias
mentar os impostos, o que provo- graves, o cólera e a varíola, a po-
cou descontentamento popular; a
pulação carioca era vítima de epi-
imprensa da oposição deu-lhe o demias periódicas de febre · ama-
apelido de Campos "Selos".
rela, que se verificavam mais in-
Quando, em 1902, Campos Sa- tensamente nos meses quentes.
les deixou o poder, as finanças Nessas ocasiões os navios estran-
estavam em boa situação, o câm- geiros ~vitavam o pôrto da capi-
bio alto e metade da dívid& paga. tal e as pessoas de recursos trans-
Sua adp1inistração permitiu ao feriam-se para Petrópolis.
presidente seguinte, Rodrigues Al- Mas as medidas saneadoras de
ves, contar com os recursos neces- Osvaldo Cruz provocaram violen- ·
sários para realizar as grandes ta oposição. E quando o govêrno
obras que assinalaram o seu go- decretou a vacina obrigatória con-
vêrno. ,
tra a varíola, houve desordens pro-
Soube o presidente Rodrigues movidas por populares, e até um
Alves escolher ministros capazes. levante, o da Escola Militar, que
O ministério da Viação foi ocupa- foi ràpidamente sufocado. .
do por Lauro Muller, que cons- Para a iluminação da cidade do
truiu vias férreas e reformou o pôr-
Rio de Janeiro, que se deve ao
to do Rio de Janeiro. No das Re- prefeito Pereira Passos, o govêrno
lações Exteriores, o Barão do Rio assinou contrato com a Light and
Branco (José Maria da Silva Pa- Power, companhia canadense que
ranhos Júnior) resolveu · várias havia construído poderosa usina
306
Nilo Pessanha

Epitácio Pessoa Rodrigues Alves


1

em Ribeirão das Lajes. Também a candidat ura do marechal H er-


a essa emprêsa coube o serviço mes da Fonsec(L e os civilistas, par-
dos bondes elétricos que trafega- tidários de Rui Barbosa. Vencen
vam nas principais ruas do Rio o primeiro porque era apoiado por
de Janeiro. um poderoso político gaúcho cha-
mado Pinheiro Machado.
d) Afonso Pena
e Nilo Pessanha e) Marechal Hermes
Para o quinto período presiden - e Venceslau Brás
cial foi eleito, em 1906, Afonso
Foi muito agitado o quatriêni o
Pena, que morreu em 1909, sendo
I' seu govêrno C{)ncluído pelo vice-
do marechal Hermes da Fonseca,
sobrinho de Deodoro. Logo em
presiden te Nilo Pessanha.
novembro de 1910, irrompeu uma
Prosseguiram os melhoramentos revolta nos couraçados Minas Ge-
iniciados no govêrno anterior, no rais e São Paulo, chefiada pelo
Rio de Janeiro e em todo {) país. marinheiro João Cândido e com
O nôvo ministro da Viação, Mi- o intento de abolir os castigos cor-
guel Calmon, aumento u o abaste- porais ainda existentes na Mari-
·Cimento de água da capital e cons- nha. No mês seguinte, verificou-
truiu a Estrada de Ferro Noroeste, se na ilha das Cobras a revolta
ligando São Paulo a Mato Grosso, do Batalhão Naval. Ambos os mo-
e encurtan do a viagem a êsse Es- vimentos foram sufocados e os re-
tado central e que, até então, se voltosos depois beneficiados com
fazia em navio pelo Prata. a anistia.
Ainda no govêrno de Afonso Pe- No Ceará surgiu a figura do pa-
na, em 1908, inauguro u-se a Ex- dre Cícero, venerado pelos serta-
posição Nacional comemorativa do nejos e que provocou graves agi-
centenário da abertura dos portos tações.
do Brasil. De 1914 a 1918 ocupou a pre-
li Nilo Pessanha, que ocupou a
li sidência Venceslau Brás. Em seu
presidên cia em 1909, por haver govêrno verificou-se a primeira
falecido Afonso Pena, saneou a Guerra Mundial. O Brasil mante-
Baixada Fluminense e procurou ve-se neutro no início do conflito,
promover a civilização dos índios. mas o torpedea mento de navios
No govêrno de Nilo · Pessanha brasileiros por submarinos alemães
houve uma das mais agitadas cam- provocou a entrada do país na
panhas eleitorais da República, en- guerra, ao lado dos aliados, já· em
tre os hermistas, que defendia m 1917.
308
li
1

No govêrno de Venceslau Brás impedir a posse dêsse candidat o,


resol,veu-se a Questão do Contes- verificou-se uma revolta no Forte
tado, nome de., uma região litigio- de Copacabana. Entre os rebel-
sa, disputad a· pelos Estados do des estava o tenente Eduardo Go-
Paraná e Santa Catarina . Aí vi- mes, que depois, como brigadeiro,
viam muitos sertanejos fanatizados foi duas vêzes candidat o à pre-
por um místico, José Maria A~?s­ sidência da República.
tinho. Apoiados pela pohtiCa
local, puderam resistir às ·tropas
do govêrno até que seis mil ho- g) Artur Bernardes e
mens, sob o comando do gene-
ral Setembrino de Carvalho, toma- '\Vashington Luís
ram o reduto de Santa Maria,
Durante a presidên cia de Artur
pondo fim ao conflito.
Bernardes, de 1922 a 1926, o Bra-
sil estêve sob estado de sítio e
f) Delfim Moreira e foi agitado por vários movimen·
Epitácio Pessoa tos revolucionários. O mais grave
ocorreu em São Paulo em julho
Para o oitavo quatriêni o foi de 1924. Os revoltosos apodera-
eleito, em 1918, Rodrigues Alves, ram-se da capital do Estado
que faleceu em janeiro do ano se- mas, vencidos depois pelas tropas
guinte. De acôrdo com a C~ns­ legais, internara m-se em Mato
tituição, ocupou o poder o viCe- Grosso.
presiden te Delfim M oreíra e fêz-
se 'flova eleição, apresentando-se No govêrno de Artur Bernardes
como candidat os Epitácio Pessoa foi revista a Constituição, sendo
e Ruí Barbosa. Venceu o primei- modifica da em alguns artigos. O
ro, que se encontra va em Paris, presiden te seguinte foi W ashin-
como embaixador do Brasil à Con- gton Luís, que assumiu o poder
ferência da Paz. em 1926. O objetivo principal de
No govêrno de Epitácio Pessoa sua administração era melhorar a
construíram-se vias férreas e obras situação financeira do país, desen-
contra as sêcas do Nordeste. Em volvendo aS' riquezas e abrindo es-
1922 foi comemorado, com uma tradas para facilitar o transporte.
Exposição Internacional, o cen- Durante a presidên cia Washin-
tenário da Independ ência do Bra- gton Luís foram c~nstruídas. du~s
sil. Ainda em 1922 foi eleito pre- importan tes rodovias , .a Rw-S~o
sidente, para o govêrno seguinte, Paulo e a Rio-Petr6polts. Infeliz-
Artur Bernardes e, com o fim de mente a crise econômica que se

309
estendeu por todos os . países, re- poder, sendo conduzido, como prê-
percutiu no Brasil, o que concor- so político, para o. Forte de Copa-
li reu para a revolução que irrom- cabana. Não chegou portanto a
1: peu em outubro de 1930. No dia terminar seu govêrno, o que de-
24 dês se mês, o presidente W as- veria suceder a 15 de novembro
hingtoll Luís teve que deixar o de 1930. .

RESUMO

Governos republicanos até 1930


a) Deodoro e Floriano Peixoto
Os eleitos em 1891: para presidente Deodoro da Fonseca e para vice-presidente
Floriano Peixoto. ·
. Caus~s da impopularidade de Deodoro: participação no govêrno d~ pessoas
hgadas a monarquia. ·
;! O golpe de Deodoro: dissolução do Congresso ( 3 de novembro de 1891).
I
Conseqüência do golpe de Deodoro: revolta da esquadra ( 23 de novembro ;
de 1891).
Atitude de Deodoro: renúncia ao cargo de presidente. \.
Govêrno de Floriano Peixoto ( 1891-1894): manifesto dos treze generais,
revolta dos federalistas (fevereiro de 1893) e revolta da armada (setembro
de 1893) chefiada por Custódio José de Melo.

b) Prudente de Morais e a revolta de Canudos


Aumento da dívida do Brasil: empréstimo em Londres de seis milhões de
libras.
Principal acontecimento do govêrno de Prudente de Morais: revolta de Canudos,
chefiada por Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel).
Conseqüências da revolta no Rio de Janeiro: ataques a jornais monarquist<.s
e assassínio do coronel Gentil de Castro.
Atentado contra a vida do presidente: morte do ministro ' da· Guerra, Carlos
Machado Bittencourt, assassinado por Marcelino Bispo.

c) Campos Sales e Rodrigues Alves


Situação do Brasil em 1902: finanças equilibradas, câmbio alto e metade da
dívida paga.
O~ auxiliares de_ ~odrigues Alves: Lauro Muller (ministro da Viação), Barão
do R10 Branco ( mm1stro das Relações Exteriores) e prefeito Francisco Pereira
Passos.
A obra de Osvaldo Cruz: saneamento do Rio de Janeiro.

310
d) Afonso Pena e Nilo Pessanha
Govêrno de Afonso Pena ( 1906-1909): construção da Estrada de Ferro
Noroeste (São Paulo a Mato Grosso) e Exposição Nacional comemorativa da
abertura dos portos.
Campanha eleitoral de 1910: civilistas (partidários de Rui Barbosa) e her-
mistas (partidários de Marechal Hermes).

e) Marechal Hermes c Venceslau Brás


As agitações no . govêrno de Marechal Hermes: revolta do Minas Gerais e do
São Paulo, revolta do Batalhão Naval e agitaçõeS> no Ceará (padre Cícero)_
A Questão do Contestado: luta contra os fanáticos de José Maria Agostinho
chefiada pelo general Setembrino de Carvalho.

f) Delfim Moreira e Epitácio Pessoa


Eleição de Rodrigues Alves: falece em janeiro de 1919 e Delfim Moreira
assume o govêrno.
Govêrno de Epitácío Pessoa: Exposição Internacional comemorativa do cente-
nário da Independência e revolta do Forte de Copacabana com a participação
de Eduardo Gomes.

; g) Artur Bemardes e Washington .L uís


Govêrno ·de Artur Bernardes ( 1922-1926): revolta de São Paulo (julho de
\. 1924) e revisão da Constituição ( 1926).
• Govêrno de Washington Luís: construção das estradas Rio-São Paulo e Rio-
Petrópolis e revolução de ·outubro de 1930.
A revolução vitoriosa: deposição de Washington Luís a 24 de outubro de 1930.

QUESTIONÁR IO
1) Por que Deodoro renunciou ao cargo de presidente?
2) Quais as revoltas que Floriano Peixoto enfrentou ?
3) Quem foi Antônio Conselheiro ?
4) Quem foi Marcelino Bispo ?
5) Como foi o govêrno de Campos Sales ?
6) Quais os auxiliares de Rodrigues Alves ?
7) Qual a obra de Osvaldo Cruz ?
8) Que provocou a vacina obrigatória ?
9) Qual a importância da Estrada de Ferro Noroeste?
10) Como foi a campanha eleitoral de 1910?
11) Qual a causa da revolta chefiada por João Cândido?
12) Quem foi o padre Cícero ? ·
13) Quem foi eleito presidente em 1918?
14) Qual a causa da revolta do Forte de Copacabana em 1922 ?
15) Como foi o govêrno de Washington Luís?

311
20) POUTICA EXTERIOR : RIO BRANCO

a ) As Questões de Limites outro, q11e servia de mediador


ou árbitro. Ficou então estabele-
O grande brasileiro, que duran- cido que' a questão de Palmas
te o primeiro período republicano seria submetida ao arbitramento
(até 1930) resolveu quase tôdas as do presidente dos Estados Unidos,
questões de limites, fixando as Grover Cleveland. Com a brilhan-
fronteiras do Brasil, fo'i o Barão te defesa da causa brasileira, feita
do Rio Branco: chamava-se José pelo Barão do Rio Branco, a sen-
Maria da Silva Paranhos Júnior e tença do árbitro foi favorável ao
era filho do Visconde do Rio Bran- Brasil, pois reconhecia como limi-
co, o grande. ministro que, em tes da região os rios Pepiri-Guaçu
1871, teve a iniciativa da Lei do e Santo António.
V entre Livre.
Com a França houve a questão
E.ntre . o Brasil e a Argentina do Amapá. Desde o período co-
havia, desde o Império, a questão lonial que êsse país reconhecia
do te~ritório de Palmas que os como limite da Guiana Francesa
argentmos chamavam questão das o rio Oiapoque que os franceses
Missões. Considerava a nação vi- chamavam Vicente Pinzón. Mais
zinha como limites dessa região tarde, porém, levantou-se a ques-
os rios Chopim e Chapecó enquan- tão de que êsses _dois nomes de-
to que o Brasil admitia o Pepiri- signavam rios diversos, sendo o
Guaçu e o Santo António. Vicente Pinzón aquêle que o Bra-
Durante o govêrno provisório, sil chama va Araguari e não o
prete~deu o ministro das Relações Oiapoque. Assim, estava o Brasil
Extenores, Quintino Bocaiúva, re- ameaçado de perder parte do ter-
solver a questão, dividindo entré ritório do Amapá. Mas o Barão
as duas nações o território dispu- do Rio Branco, com numerosos
tado. ~ssa solução provocou, po- documentos e mapas, defendeu os
rém, VIvos protestos do Rio de direitos da pátria e alcançou a
Janeiro e não teve a aprovação do brilhante vitória com sentença do
Congresso. Já nessa ocasião o árbitro, que foi o govêrno da Con-
Brasil havia adotado o arbitra- federação Suíça. ~
mento: os Estados em discórdia Para resolver a questão do Acre,
recorriam à intervenção de um o Barão do Rio Branco negociou
312
SITUAÇÃO GEOGRÁFICA DAS
GUIANAS NA AMÉRICA
Com a Inglêsa e Francesa, houve ques-
tões de limites, resolvidas graças à exce-
lente atuação do Barão do Rio Branco
( foto ao lado) .
diretamente com o govêrno boli- nunciou à posse da ilha da Trin-
viano, assinando em 1903 o Tra- dade.
tado de Petrópolis. O Brasil rece-
bia o Acre e, como compensação, O Brasil participou das Confe-
pagava à Bolívia dois milhões de rências Internacionais Americanas,
libras e construía a Estrada de que se reuniam periodicamente,
Ferro Madeira-Mamoré, para faci- com o objetivo de fortalecer a paz
litar o transporte de mercado- e harmonia entre as nações da
rias daquele país pelo vale do América. A terceira dessas con-
Amazonas. ferencias teve por sede o Rio de
Na questão com a Guiana In- Janeiro e reuniu-se em 1906,
glêsa, os direitos do Brasil foram quando era ministro das Relações
defendidos por Joaquim Nabuco. Exteriores o Barão do Rio Bránco.
Mas a sentença do rei da Itália, E em Haia, na Holanda, quando
escolhido como árbitro, foi injus- honve, em 1907, a Conferência
ta: dividiu o território disputado Internacional da Paz, também o
(região do Pirara), alcançando os Brasil enviou seu representante,
inglêses o vale do Amazonas pelos Rui Barbosa, que defendeu a cau-
novos limites, rios Tacutu e Maú. sa dos pequenos Estados. •
Outr.o acontecimento importan-
b) Outras questões te da política exterior do Brasil,
no primeiro período republicano,
diplomáticas foi . a participação do país na pri-
Ainda no primeiro período re- merra Guerra Mundial, já em 1917.
publicano, durante o governo de No ano anterior, Rui Barbosa, em
Prudente de Morais, os ingleses Buenos Aire.s, durante as festas do
ocuparam a ilha da Trindade. An- centenário da Independência da
te as reclamações do governo bra- Argentina, fêz brilhante conferên-
~ileiro, a Inglaterra propôs que a
cia em favor da entrada da Amé-
questão 'fÔsse submetida ao arbi- rica no conflito.
tramento mas o Brasil recusou O Brasil foi ainda membro da
energicamente êsse recurso, pois Liga das Nações, fundada depois
não havia dúvidas sôbre seus di- da primeira Guerra Mundial, pelo
reitos. Contudo, concordou em presidente Wilson, dos Estados
aceitar um mediador que foi o rei Unidos, com o propósito de resol-
de Portugal, D. Carlos I. Com a ver por meios pacíficos os desen-
opinião dêsse soberano favorável tendimentos entre as nações, evi-
à causa brasileira, a Inglaterra re- tando o perigo de novas guerras.

314
c) A vida do Barão O Barão do Rio Branco defen-
do Rio Branco ~ia o ponto de vista de que o Bra-
sil, para ser respeitado, devia pos-
O Barão do Rio Branco, José suir território definido. Por isso
Maria da Silva Paranhos Júmor, assinou com os países vizinhos
foi durante muitos anos cônsul em vinte e nove tratados de limites
Liverpool, na Inglaterra. Já então e procurou fortalecer os laços de
havia escrito vários trabalhos de amizade que unem o Brasil às
História, sendo o primeiro uma outras repúblicas do continente.
biografia do Barão do Serro Lar- Uma das melhores provas da po-
go, que morreu na batalha de Itu- lítica de boa vontade do Barão
zaingó, durante a guerra da Cis- do Rio Branco com os Estados
platina. vizinhos foi dada quando sugeriu
Depois de defender com brilhan- ao govêrno brasileiro o ato de
tismo os direitos do Brasil nas 1909 que deu também ao Uruguaí
questões de fronteiras com a Ar- o direito de navegar no rio ]agua-
gentina e a Guiana Francesa, o rão e Lagoa Mirim, direito que
ilustre brasileiro foi convidado pe· até então era exclusivo do Brasil
lo presidente Rodrigues Alves para É importante lembrar també~
ocupar o ministério das Relações que Rio Branco foi sempre mo-
Exteriores. Foi então que Rio narquista mas suas idéias políticas
B.ranco voltou ao Brasil, dt'pois de não o impediram de servir como
vmte e seis anos de ausência, c ministro de vários governos repu-
ao desembarcar no Rio de Janeiro blicanos: é que o grande brasilei-
recebeu grande manifestação po- ro achava que para servir ao Bra-
pular. Como ministro serviu à Re- sil não se deve levar em consi-
pública desde 1902 até a sua mor- deração o se11 regime político.
te, ocorrida em 1912.

RESUMO

Política exterior; Rio Branco


a ) As questões de limites
At_ qudestão com a Argentina: questão de Palmas impropriamente chamada
q ues ao as Missões. '
L~m~tes pretendidos pela Argentina: rios Chopim e Chapecó.
Ltmttes que prevaleceram: Pepiri-Guaçu c Santo Antônio.

.'315
Sentença favorável ao Brasil: proferida pelo árbitro Grover Cleveland, presi-
dente dos Estados Unidos.
Questão com a França: vitória do Brasil (rio Oiapoque) por sentença do
govêmo da Confederação Suíça.
Questão do Acre: resolvida pelo Tratado de Petrópolis ( 1903).
Questão com a Inglaterra (Guiana Inglêsa): divisão da região do Pirara
entre o Brasil e a Guiana Inglêsa (árbitro rei da Itália).
b ) Outras questões diplomáticas:
Ocupação da ilha da Trindade pela Inglaterra: decisão favor~vel ao Brasil
do mediador D. Carlos I, rei de Portugal. ·
As Conferências Internacionais Americanas: para fortalecer a paz e harmonia
entre as nações da América.
O Brasil na Conferência Internacional da Paz, em Haia: representado por
Rui Barbosa ( 1907).
Outras questões diplomáticas: o Brasil· na primeira Guerra Mundial ( 1917)
e membro da Liga das Nações.

c) A vida do Barão do Rio Branco


Início da carreira diplomática: cônsul em Liverpool.
Início da carreira de escritor: biografia do Barão do Serro Largo.
O Barão do Rio Branco como ministro: vinte e nove tratados de limites
assinados com as nações vizinhas.
O ato de 1909: navegação comum ao Brasil e ao Uruguai no rio Jaguarão
e lagoa Mirim.

QUESTIONARIO
1) Como foi a questão do território de Palmas ?
2) Que é arbitramento ?
3) Como foi a questão do Amapá ?
4) Que estabelecia o Tratado de Petrópolis ?
5) Por que foi injusta a sentença do rei da Itália sôbre a questão com a
Guiana Inglêsa ?
6) Que· sabe sôbre a ocupação da ilha da Trindade pelos inglêses ?
7) Que houve em Haia, em 1907?
8) Que era a Liga das Nações ?
9) Como começou o Barão do Rio Branco sua carreira diplomática ?
10) Quem foi o Barão do Serro Largo?
11) Quanto tempo foi o Barão do Rio Branco ministro das Relações Exteriores ?
12) Quantos tratados de limites assinou o Barão do Rio Branco com as nações
vizinhas?
13) Que sugeriu o Barão ao govêrno sôbre a navegação do rio J aguarão e
lagoa Mirim ?
14) Quais eram as idéias políticas do Barão do Rio Branco ?
15) Em que questão de limites teve participação Joaquim Nabuco?

316
EXERCíCIOS

Sôbre a Unidade VII (A República)

1 ) Proclamação da República
a ) Assinalar o que estiver certo:
1 ) Participou da Questão Militar:
(Cunha Matos, Gastão d'Orléans ou Alvaro Botelho)
2) Antecipou o movimento para o dia 15 de novem?r~:
(Benjamim Constant, Sena Madureira ou Sólon R1berro)
3) Republicano eleito deputado em 1884: _
(José do Patrocínio, Sena Madureira ou Alvaro Botelho)
4) Nome do Visconde de Ouro Prêto:
(Afonso Celso, João Alfredo ou Gastão d'Orléans)
5) Deu apoio a Deodoro no Quartel-general:
(Eduardo Wandenkolk, Sólon Ribeiro ou Floriano Peixoto)

b ) Completar as frases:
1 ) Os dois oficiais da Questão Militar eram ......... . ... · e .. · · · · · · · · · · · ·
2) Os dois deputados republicanos, em 1884, futuros presidentes da República,
foram .............. e ............ · ·
3) Os dois últimos ministérios da, monarquia foram chefiados por . · · · · · · · · · · ·
e por ............. .
4) Sólon Ribeiro espalhou o boato de que iam ser presos ... · . · · · · · · · · · e

5) O ministério que havia abolido a escravidão era chefiado por


e éra do partido ............. .

2) A Constituição de 1891

Escrever ao lado o que julgar certo.;_


1) Nome da espôsa de D. Pedro li
_ 2) Cidade onde morreu D. Pedro li
3) Data em que foi promulgada a Constituição
republicana
4) Ministro da Fazenda do govêrno . provisório
5) Presidente da República quando foi emendada
a primeira Constituição ( )
6) Miníst~o da Justiça do govêmo provisório ( )
7) Ano em que ·morreu D. Pedro li · ( )

317
8) Ministro da Marinha do govêrno provisório
9) Data da instituição da Bandeira da República
10) Ano em que subiu ao poder Getúlio Vargas -~

3) Governos republicanos até 1930

a) Numerar corretamente:
( 1) O Ministro da Guerra .assassinado ) Francisco Pereira Passos
( 2) Acabou com a febre amarela ) Afonso Pena
( 3) Participou da revolta do Forte de ) Miguel Calmon
Copacabana
( 4) Chefiou a revolta de Canudos Osvaldo Cruz
( 5) Tentou contra a vida de Pru- Antônio Conselheiro
dente de Morais
( 6) Chefe da revolta da Armada Carlos Machado Bittencourt
( 7) Ministro da Fazenda de Campos Eduardo Gomes
Sales
( 8) Prefeito no govêrno de Rodrigues Marcelino Bispo
Alves
( 9) Morreu no cargo de Presidente Custódio José de Melo
( 10) Ministro da Viação de Afonso Joaquim Murtinho
Pena

b) Dar o nome do presidente que se relaciona com os seguintes fatos:


1) Revolta de Canudos ( )
2) Saneamento da Baixada Fluminense ( )
3) Exposição do Centenário da Independência ( )
4) Construção da estrada Rio-São Paulo ( )
5) Remodelação do Rio de Janeiro ( )
6) Início da revolta dos federalistas ( )
7) Construção da Estrada de Ferro Noroeste ( )
8) Revolta de João Cândido ( )
9) Exposição do centenário da abertura dos portos ( )
10) Govêrno sob estado de sítio ( )

c) Assinalar o que estiver certo:


1) Representou o Brasil na Conferência da Paz:
( Epitácio Pessoa, Rui Barbosa ou Joaquim Murtinho)
2) Foi ministro da Viação de Afonso Pena:
(Joaquim Murtinho, Lauro Muller ou Miguel Calmon)

318
J) Morreu quando eleito pela segunda vez:
(Rui Barbosa, Afonso Pena ou Rodrigues Alves)
4) Viveu no Ceará:
(Padre Cícero, José Maria Agostinho ou Antônio Conselheiro)
5) Não acabou o govêrno:
(Floriano Peixoto, Marechal Hermes ou Washington Luís)

4) Política exterior; Rio Branco

a) Dar o país que tem relação com os seguintes fatos:


1 ) Questão das Missões
2) Questão do Amapá
3) Tratado de Petrópolis
4) Ocupação da ilha da Trindade
. 5) Questão que teve por defensor Joaquim Nabuco

b) Completar as frases:
1) Os limites do Brasil com a Argentina no território de }'almas são os
rios: ........... '...... · · · · · · · · · · · · · · ·
2) Com a França houve a questão .............. , pois achava êsse país
que o rio Vicente Pinzón era ............. .
3) ç:om ? _Tratado de Petrópolis o Brasil construiu . . . . . . . . . . . . . . e pagou
a Bohv1a ................... .
4) Na questão com a Guiana Inglêsa foi árbitro .............. e a região
disputada tinha o nome de ............. .
5) Os novos limites com a Guiana Inglêsa foram estabelecidos pelos rios
.............. e ............. .
6) A Conferência Internacional da Paz, em 1907, reuniu-se na cidade de
. . . . . . . . . . . . . . e teve por representante brasileiro ............. .
7) A Liga das Nações foi fundada por .................... , presidente

8) O Barão do Rio Branco chamava-se . . . . . . . . . . . . . . e foi cônsul em

9) O primeiro livro de História do Barão do Rio Branco foi uma biografia


...... ........ , que morreu na batalha ............. .
10) Em 1909 foi permitido ao Uruguai navegar no rio . . . . . . . . . . . . . . e
na lagoa .... .. ....... .

319
8 I O B RAS ll CONT E; MP·O RÂ N E O

Governos republicanos depois de 1930


O Regime Constitucional e o parlamentarismo
Desenvolvimento econ6mico e cultural

21) GOVERNOS REPUBLICANOS DEPOIS DE 1930

a) Revolução de Outubro Mas a situação tornou-se mais


a
séria quando se iniciou campa-
Em 1929, durante o govêrno de nha eleitoral: o govêrno · havia
Washington Luís, havia uma gra- apresentado, como seu candidato,
ve crise econômica em todo o Júlio Prestes, e a. oposição esco-
mundc;>. Por isso os Estados Uni- lheu Getúlio Vargas, então presi-
dos s*spenderam as compras de dente do Rio Grande do Sul. Além
café, principal produto da expor- do apoio de Minas Gerais, conta-
tação 'brasileira. Também as di- va Getúlio Vargas _com o da Pa-
ficuldades econômicas 'no Brasil raíba, onde governava, João Pes-
diminuíram os compradores de soa, candidato à vice-presidência
artigos industriàis, ·o que provo- da República. ·
cou o fechamento de muitas fábri- O resultado da eleição foi .fa-
·t!as, aqmentllndo o nÓmero de qe- vorável a Júlio Prestes, mas a opo-
sempregados. Tôdas as vêzes que sição afirmou que ela havia sido
u~ país enfrenta crises como essa, fraudulenta. A agitação ainda
o govêrno passa a ser muito com- mais se agravou quando, em julho
batido, formando-se ambiente fa- de 1930, foi assassinado João Pes-
vorável ·a movimento.~ revolucio- . soa, cujo nome foi dado à capi-
nários. tal do Estado, antes chamada tam-

• O vôo do 14 Bis de Santos Dumont. 321


bém Paraíba. Afinai, em outubro Ainda durante o govêrno provi-
começou a revolução. . sório foi criado o Ministério de
A maior fôrça do movimento re- Educação e Saúde, sendo indica-
volucionário estava no Sul e os do para ocupá-lo Francisco Cam-
revoltosos planejavam invadir São pos que apresentou uma reforma
Paulo, para alcançar o Rio de Ja- de ensino.
neiro, então capital do país. An- Tornava-se indispensável legali-
tes, porém, que essa manobra fôs- zar o regime pela convocação de
se executada, o presidente foi de- uma Assembléia Constituinte para
posto, para evitar maiores males dar ao país uma constituição. Em
( 24 de outubro de 1930). São Paulo, Estado que defendera
Vitoriosa a revolução, organi- a candidatura de Júlio Prestes, ha-
zou-se uma Junta Governativa até via grande descontentamento e
que, em novembro de 1930, assu- uma revolta,. reclamando eleições,
miu o govêrno o chefe do movi- irrompeu em julho de 1932 ( Re-
mento, Getúlio Vargas. volução Constitucionalista). Então
o govêrno provisório decretou, no
ano seguinte, as eleições para a
h) Primeim govêrno de Assemblé·ia Nacional Constituinte
Get~lio Vargas e, em 1934, .foi promulgada a nova
Constituição, a terceira do Brasil.
Getúlio Vargas, ao governar o Entretanto continuava intensa a
Brasil pela primeira vez, estêve no agitação política e, em 1935, ocor-
poder por quase quinze anos, de reu um levante comunista no Rio
novembro de 1930 até 29 de outu- de Janeiro, Rio Grande do Norte
bro de 1945, quando foi deposto e Pernambuco. Também os parti-
por um golpe das fôrças armadas. dários do escritor Plínio Salgado,
Mas até 1934 Getúlio Vargas exer- arregimentados no partido Ação
ceu o poder como chefe do go- lntegralista Brasileira, desenvol-
verno provisório. viam forte propaganda em favor
Durante o governo provisório do estado totalitário.
procurou-se resolver a crise do Em 1937 iniciou-se a campanha
café: tomaram-se enérgicas medi- para a sucessão presidencial, mas
das para valorizar o importante as eleições não se realizaram por-
produto nacional, recorrendo-se que Getúlio Vargas, alegando o
mesmo ao processo de queimar as perigo de uma guerra-civil, deu o
sobras, mas a crise continuou por golpe de Estado de 10 de novem-
alguns anos, atingindo profunda- bro de 1937, anulando a Consti-
mente a economia paulista. tuição em vigor e outorgando outra

322
Ao alto: Getúlio Vargas (1930-
1945 e 1951-1954).

Ao lado ( gravura superior) : Ma-


rechal Eurico Gaspar Dutra
( 1946-1951).

Ao lado (gravura inferior ): Café


Filho (1954-1955).

. 323'
ao país. Começa então o Estado tido Social Democrático, que ha-
Nóvo, que é o regime de ditadu- via apresentado a candidatura do
ra: _foi suprimida a liberdade de general Eurico Gaspar Dutra, e a
imprensa, proibida a formação dos União De1rwcrática Nacional, cujo
partidos políticos e criado o Tri- candidato fôra o brigadeiro Eduar-
bunal de Segurança para julgar os do Gomes. ~sses dois partidos,
crimes contra o govêrno. com o objetivo de facilitar os tra-
Mas a participação do Brasil na balhos da Constituinte, procura-
última Guerra Mundial e a vitória vam entender-se sempre que as
das nações democráticas tiveram questões eram de difícil solução.
importantes conseqüências na po- Foi assim que se resolveu fixar em
I I lítica interna brasileira: provoca- cinco anos a duração do mandato
ram a liberdade de imprensa, a presidencial enquanto que a opi-
i formação dos partidos, a anistia
aos presos políticos e as eleições
nião · anterior do Partido Social
Democrático era de seis anos.
de 2 de dezembro de 1945, que Em 1950 procederam-se às elei-
restabeleceram no país o regime ções para a suce~são presidencial,
democrático. Estava então no po- sendo eleito o senador Getúlio
der José Linhares, pois Getúlio Vargas. Em jarieiro do ano .se-
Vargas havia sido deposto por um guinte tomou posse o nôvo pre-
golpe mili~ar a 29 de outubro· dês- sidente que procurou normalizar a
se ano. situaçâo econômica e financeira
do Brasil. ·
c) O regime constitucional A crise política continuava, po-
rém, grave e, em 24 de agôsto de
Em princípio de 1946, os de- 1954, teve· um desfecho. trágico:
putados e senadores, eleitos a 2 o presidente Vargas suicidou-se.
· de dezembro do ano anterior, reu- Passou então a governar o vice-
ninim-se em Assembléia Consti- presidente João Café Filho.
tuinte pois, para completar a re- A situação política não melho-
democratízação do país, era neces- rou e, a 11 de novembro de 1955,
sário elaborar nova Constituição o ministro da Guerra general T ei-
que substituísse a Cartf). de 1937. xeírâ Lott, com o apoio de outros
Era então presidente da Repúbli- oficiais superjores, depôs Carlos
ca o general Eurico Gaspar Du- Luz, presidente da Câmara, que
tra; eleito a 2 de' dezembro de ocupava interinamente a Presidên-
1945. cia por achar-se enfêrmo Café Fi-
Na Assembléia, os partidos de lho. Foi então chamado ao poder
maior representação eram o Par- o senador Nereu Ramos que, em

324
janeiro de 1956, deu posse a Jus-
celino Kubitschek.
Apesar da má situação financei-
ra; empenhou-se o govêrno do
presidente Juscelino Kubitschek
em atrair capitais estrangeiros e
em desenvolver as indústrias, par-
ticularmente a automobilística. De
suas obras mais importantes, assi-
nala-se a construção de Brasília
que,..- a partir de 21 de abril de
1960, passou a ser a capital do
Brasil. Em conseqüência, o antigo
A Catedral de Brasília.
Distrito Federal converteu-se em ( Projeto de O•car N tEMEYER) .
Estado da Guanabara, com gover-
nador eleito e Câmara Legislativa.
Em outubro de 1960 foi eleito, agôsto de 1961, sem qu~· ninguém
para substituir Juscelino Kubits- esperasse, comunicou ao Congres-
chek, ]ânio Quadros. _O nôvo pre- so que renunciava ao cargo de
sidente traçou um programa de Presidente da República. Nessa
rigorosa economia, ordenou que ocasião o vice-presidente João
fôssem feitos numerosos inquéri- Goulart, que deveria substituí-lo,
tos, para apurar irregularidades viajava . pelos países da Ásia e o
em vários ministérios e autarquia~. poder foi exercido pelo presiden-
Achava que eram necessários no- . te da Câmara dos Deputados, Ra-
vos mercados para o escoamento nieri Mazzilli, durante uma s-e ma-
da produção agrícola e industrial na de grave crise nacional, quando
d_o país e, por isso, iniciou nego- foi estabelecido o parlamentaris-
Ciações com os Estados socialis- mo no Brasil.
tas e com as novas nações do con- Com o nôvo govêrno, cujo pri-
t!~ente africano. Também em po- meiro-ministro foi Tancredo Ne-
h~ica exterior d efendeu o princí- ves, foram ultimadas as negocia-
piO de autodeterminação dos po- ções e restabelecidas as refações
vos, com que justificou a posição diplomáticas e comerciais com a
do Brasil em manter as relações União Soviética.
co~ a República de Cuba que Para substituir o primeiro-minis-
hav1a adotado o regime socialista. tro Tancredo Neves, que deixara
S~u govêrno, porém, durou apenas o cargo em junho de 1962, o pre-
cerca de set e meses, pois, a 25 de sidente João Goulart indicou o

325
nome do professor Santiago Dan- fêz aos Estados Unidos e ao
tas que liavia ocupado a pasta México, onde foi recebido com
das Relações Exteriores. A Câ- grandes manifestações populares.
mara dos Deputados, porém, não
aprovou o seu nome e, então, o A inflação, com suas conse-
presidente, de acôrdo com a lei, qüências imediatas - desvaloriza-
levou à considel'ação da Câmara ção da moeda e aumento do
o do senador Auro de Moura custo de vida - foi uma das
Andrade. Pouco depois, contudo, causas importantes das crises que
irrompia violenta crise política, agitaram o país durante todo o
pois o presidente se recusou ener- ano de 1963 e princípio de 1964.
gicamente a nomear os novos Sucederam-se as greves, com fre-
ministros indicados por êsse sena- qüência cada vez maior, princi-
dor. Alegava que não eram ho- palmente nos estados da Guana-
mens capazes de realizar um pro- bara e de São Paulo; mas, muitas
grama para salvar o país da crise delas tinham caráter político e
econômica, financeira e social em eram quase sempre promovidas
I que o mesmo se encontrava. :f!:sse pelo C. G. T. (Comando Geral
'! I
programa consistia principalmente . dos Trabalhadores), organização
operária que contava, entre seus
I
na realização das chamadas re-
formas de base, como a reforma membros, com líderes extremistas.
agrária, e na manutenção da polí- Também no interior verifica-
tica exterior, inaugurada pelo ram-se graves agitações, quando
presidente Jânio Quadros (co- trabalhadores rurais, arregimenta-
mércio e relações políticas com dos em ligas camponesas, invadi-
os países socialistas ) . ram propriedades, ocorrendo gra-
Ainda em julho de 1962, foi ves conflitos com fazendeiros em
indicado pelo presidente da Re- Minas Gerais, Goiás e no Nor-
pública e aceito pela Câmara dos deste.
I 1
Deputados, como primeiro minis- Em março de 1964, a situação
tro, Francisco de Paula Brochado política tornou-se mais grave:
da Rocha. Seu sucessor foi H er- num comício realizado na Guana-
mes Lima, que ainda ocupava o bara, no dia 13, com a presença
poder quando o plebiscito de 6 do presidente da República, fo-
de janeiro de 1963 restabeleceu o ram feitas violentas críticas ao
presidencialismo. Congresso, chegando-se a propor
Também é considerado aconte- a convocação de uma Consti-
cimento importante do govêrno tuinte para a realização imediata
de João Goulart a vtsita que êle das chamadas reformas de base.

326
Ocorreram, dias . depois, atos de titucional que modificou a Cons-
. subordinação de elementos da tituição: suprimiram-se as ~a~an­
Marinha e do Corpo de F uzi·1 e~-.
m tias individuais, para permitir a
ros Navais, sendo que os man- cassação de mandatos dos repr_e-
nheiros pertenciam a uma ~s­ sentantes do povo ou a supressao
sociação considerada subversiva dos direitos políticos por dez
pelos oficiais da Armada e pelo anos além do confisco de bens,
próprio ministro. daq~eles que fôssem acusados de
Finalmente, a 31 de março, em atividades subversivas ou de prá-
tica de corrupção. Também o
apoio a um manifesto. do. gove~­
mesmo Ato estabeleceu eleição
nador de Minas Gerais, msurgi-
ram-se tropas do Exército sedia- imediata, pelo Congresso, do pre-
das nesse Estado e resolveram sidente e vice-presidente da _Re-
pública, sendo eleitos, respectiva-
marchar para o Rio de Janeir?.
O govêrno federal, que se hav1a mente, o marechal Humberto de
deslocado para essa cidade, com- Alencar Castelo Branco e o
deputado José Maria Alkmin.
preendeu a inutilidade d~ .qual-
quer resistência quando fm mfor- Para conter a inflação, tomou
mado de que o II Exército, de o govêrno severas medida~ ~inan­
São Paulo, apoiava o movimento, ceiras: suprimiu os sul;>si~h~s a
marchava também para o Rio e produtos importados, disciplmou
aproximava-se de Resende, on~e o crédito e em 1967, adotou como
unidade ~onetária o cruzeiro
obtivera a adesão da Academia
Militar de Agulhas Negras ( 1. 0 nôvo.
Em outubro de 1965, depois das
de abril). Retirou-se então o pre-
eleiç9es para governador de al-
sidente da República para Brasí-
lia, em seguida para Pôrto Alegre guns Estados, foi publica~o .nôvo
ato institucional que supnmm os
e, antes de buscar refúgio no Uru-
partidos então existentes e esta-
guai, fêz uma declara~ão em que
beleceu a eleição indireta, pelo
dispensava qualquer aJuda para a
sua causa. Congresso, dos gove~a~ores e do
presidente da Repubhca. Para
Nessa ocasião, na capital do suceder ao presidente Castelo
país, já havia assumido o govêrno Branco, foi eleito, em outubro de
o presidente da Câmara dos 1966 o marechal Artur da Costa
D eputados, Ranieri Mazzilli; se- e Sil~a e, em janeiro de 1967, foi
guiu-se a publicação do Ato Ins- promulgada a nova Constituição.

327
RESUMO
Governos republicanos depois de 1930
a) Revolução de Outubro
Os candidatos à sucessão de Washington Luís: Júlio Prestes (do govêrno)
e Getúlio Vargas (da oposição).
Causa da revolução de Outubro: crise econômica (café) e crise política (assas-
sínio de João Pessoa).
Vitória da revolução: 24 de outubro de 1930.
b) Primeiro govêrno de Getúlio Vargas
Govêmo provisório: criação do Ministério de Educação e Saúde e Revolução
Constitucionalista de São Paulo ( 1932).
Criação do Estado Nôvo: lO de novembro de 1937.
José Linhares no poder: depois da deposição de Getúlio Vargas ( 1945).
c) O .regime . constitucional
General Eurico Dutra no poder: promulgação da Constituição de 1946.
As eleições de 1950: vitória de Getúlio Vargas.
A crise de 1954: suicídio de Getúlio Vargas.
A crise de 11 de novembro de 1955: deposição de Carlos Luz e Café Filho
( Nereu Ramos no poder) .
Govêrno do presidente Juscelino Kubitschek: indústria automobilística, cons-
trução de Brasília e criação do Estado da Guanabara.
A crise de 25 de agôsto de 1961: renúncia de Jânio Quadros, e Ranieri Mazzilli
no poder. .
João Goulart como presidente da República: sob o regime parlamentarista.
Política exterior de João GC1ulart: manutenção da política àe Jânio Quadros e
visita do presidente aos Estados Unidos e México.

QUESTIONARIO
1) Por que houve a revolução de Outubro de 1930?
2) Quem foi João Pessoa?
3) Que houve a 24 de outubro de 1930 ?
4) Como foi o primeiro govêmo de Getúlio Vargas ?
5) Por que houve a Revolução Constitucionalista de 1932?
6) Que houve em 1937?
7) Quem foi José Linhares ?
8) Como foi o govêmo do general Eurico Gaspar D4tra ?
9) Que houve a 24 de agôsto de 1954?
10) Que aconteceu a 11 de novembro de 1955?
11) Como foi o govêrno do presidente Juscelino Kubitschek?
12) Qual era o programa do presidente Jânio Quadros?
13) Que houve a 25 de agôsto de 1961 ?
14) Que sabe sôbre o ministério parlamentarista de Tancredo Neves?
15) Como se explica a crise de julho de 1962 ?

328
22) O REGIME CONSTITUCIONAL
E O PARLAMENTARISMO

a) Noções gerais junto de leis, votadas em espa-


sôbre Constituição ços de tempo mais ou menos lon-
gos. O melhor exemplo de cons-
Nos países democráticos, gover- tituição costumeira é o da Ingla-
nantes e governadps estão sujeitos terra, onde foi a Magna Carta o
a um documento que estabelece a primeiro ato constit_ucional (1215).
divisão dos podêres ( legislati?o, Nos Estados em que há Cons-
executivo e judiciário ) , determma tituição escrita as inovações intro-
as atribuições das autoridades e duzidas no regime são geralmente
define os direitos dos cidadãos. feitas mediante emenda ou refor-
11:sse documento chama-se Cons- ma de texto constitucional. Foi o,
ti-tuição. · , que sucedeu no Brasil quando,
Entre as leis -internas de um pa1s pela Emenda n. 0 4 à Constituição,
a Constituição é a lei suprema. foi mudado o regime presidencia- .
Diz-se, por isso, incon!titucio!"al a lista em parlamentarista , ( 2 de
lei ou medida que nao esteja de setembro de 1961). Convem, en-
acôrdo com a Constituição. Para tretanto, acentuar que, durante ~
evitar leis inconstitucionais, há nas Segundo Reinado, quando em VI-
Câmaras uma comissão de justiça gor a Constituição de 1824, ado-
que opina sôbre a constitucionali- tou-se o sistema parlamentar sem
dade dos projetos antes de serem
que houvesse qualquer disP<;>sitivo
discutidos e votados. constitucional que o autonzasse.
: Quando uma . au~orid.ade toma Podem também as constituições
medidas inconstituciOnais, os pre- ser outorgadas pelo chefe do Es-
judicados podem recorrer ao ha- tado ou votadas por uma assem-
beas-corpus, se a medida fere sua
bléia de representantes do pov?,
liberdade física, . e ao mandado geralmente chamada Assembléw ·
de segurança, quando são feridos
Constituinte. Em Portugal chama-
outros direitos.
va-se C6rtes a assembléia que fêz
As constituições podem ser a Constituição no tempo de D.
orais ou costumeiras e escritas. :E:
oral quando não há um -documen- João VI.
to único, otado de uma só vez; O Brasil teve duas constitui-
ela resulta, nesse caso, de um con- ções outorgadas: a primeira, em

329
vigor durante tôda a monarquia, lhou ativamente na elaboração do
d~ve-s~ a D. Pedro I, que havia nôvo texto constitucional, afinal
dissolvido a Assembléia Consti- promulgado a 18 de setembro do
tuinte (novembro de 1823). Ape- mesmo ano.
sar de sua origem, pois surgira Como as três constituições an-
como favor de um soberano tan- t~riores, estabelecia o presidencúi.-
tas vêzes acusado de absolutista ltsmo: ao presidente da República
a ConstituiÇão ·de 1824 permitit; atribui-se, privativamente, o po-
o pleno, f_uncionamento do regime der executivo. Os ministms são,
demccrahco no Brasil. Mas a portanto, de sua exclusiva confian-
outra, a Carta de 1937, outorgada ça: o presidente os nomeia ou de-
por Getúlio Vargas, estabeleceu a mite à sua vontade.
ditadura no país.
Entretanto, desde o primeiro
período republicano, quapdo es-
b) A Constituição de 1946 tava em vigor a Constituição de
1891, havia políticos e escritores
e a crise de 1961 notáveis que desenvolviam, no
. . , Congresso, em jornais e em livros,
Em 1945, quando eleito Presi- ·ativa propaganda em favor do
c~ente da República o general Eu- parlamentarismo. ·
nco Gaspar Dutra, também foram Apesar da combatividade e in-
eleitos deputados e senadores com teligência dos defensores do sis-
ma~dato de constituintes: em pri- tema parlamentar, foram sempre
meuo lugar formariam uma assem- rejeitados os projetos de emenda
bléia para votar e promulgar à Constituição apresentados com
uma Constituição democrática, em o objetivo de estabelecê-lo. Eu-
substituição à Carta de 1937 que tretanto, ia o Congresso, inespera-
havia implantado, com o nome de damente, adotar êsse sistema de
Estado Nôvo, o regime ditatorial. governo, durante a grave crise po-
Era a redemocratização do Brasil, lítiGo-militar ocorrida em 1961. No
que se processava, com o fim da dia 25 de agôsto. a nação foi sur-
Segunda Guerra Mundial ( 1939- preendida pela renúncia do pre-
1~45) em que as grandes democra- sidente Jânio Quadros. Ocupou
c1as, com a participação das fôrças então interínamente o Poder o
brasileiras, haviam triunfado sôbre presidente da Câmara dos Depu-
as nações do Eixo (Alemanha, Itá- tados, Ranieri Mazzilli, pois o su-
lia e Japão). cessor, vice-presidente João Gou-
Empossada em janeiro de 1946, lart, viajava pelos países da Ásia.
a Assembléia Constituinte traha- Mas os ministros militares decla.-

330
raram-se contrários à posse de Congresso para um mandato de
João Goulart. Contra essa decla- cinco anos.
ração houve protestos, e o go- As atribuições do poder exe-
vernador Leonel Brizola, do Rio cutivo, · até então privativas do
Grande do Sul, assumiu posição presidente da República, passa-
francamente revolucionária, com ram a ser exercidas por êle e pelo
o apoio das tropas do Exército primeiro ministro, isto é, presi-
sediadas nesse Estado, sob o co- dente do Con.selho de Ministros.
mando do general Machado Lo- O presidente da República no-
pes. Entretanto, o Congresso, meia o primeiro ministro e êste
afirmando haver o perigo da nomeia os ministros das diversas
guerra c~vil, resolveu adotar po- pastas. Tanto o presidente do
sição conciliadora, promulgando Conselho como os demais minis-
o Ato Adicional que estabeleceu tros são de confiança da Câmara
o parlamentarismo ( 2 de setem- dos Deputados e respondem pelos
bro). A crise foi afas•t ada mas seus atos junto a ela.
foram retiradas do presidente da O primeiro ato de um Nôvo
República muitas das suas atribui- Conselho de Ministros é a elabo-
ções, transferidas para o primei- ração de um programa de govêrno
ro ministro, cargo criado com o que será submetido à apreciação
nôvo regime. Por isso houve logo da Câmara dos Deputados, onde
muitos partidários do presidente deverá obter o voto de confiança
Goulart que defenderam modifi- da maioria dos presentes.
cações no Ato Adicional e volta Qualquer deputado, com o apoio
ao presidencialismo com o obje- de cinqüenta assinaturas de seus
tivo de restituir-lhe seus antigos pares, poderá propor à Câmara
podêres. uma moção de desconfiança ao
Conselho de Ministros. Se apro-
vada, o ministério não mais pode-
c) O parlamentarismo rá manter-se, e o presidente da
República conceder-lhe-á a de-
As principais modificações, es- missão. Enquanto não se organiza
tabelecidas na Constituição pelo outro ministério, responderá pelo
Ato ·Adicional, que instituiu o expediente de cada pasta minis-
parlamentarismo, foram as se- terial o subsecretário de Estado.
guintes: 11: muito fácil compreender co-
Extinguiu-se o cargo de vice- mo se forma o Conselho de Minis-
presidente e o presidente da Re- tros, de acôrdo com o Ato Adicio-
pública passou a ser eleito pelo nal, de setembro de 1961: o pre-

331
side?te da República escolhe um
presidente de Conselho e sub me- t~mbém tem que obter a aprova-
te 0 çao ?a Câmara. Se três nomes para
seu nome à apreciação da
Câmara dos Deputados A d president~ do Conselho, escolhidos
a ind· - · prova a pelo presidente da República fo-
ICaçao, caberá ao escolhido
npmear os ministros, cujos nomes [em ,sucessivamente recusados' pe-
a Camara dos Deputados, deverá
332
então o Senado indicar o presi- sidencialismo para o parlamenta-
dente do Conselho, desde que P,ão .rismo, julgou indispensável ouvir
seja nenhum dos três anteriores. a opinião pública. Ficou então es-
tabelecido, pelo mesmo Ato Adi-
Se houver a queda consecutiva cional, que haveria um plebiscito,
de três ministérios por falta de isto é, uma consulta ao povo para
confiança da maioria dos deputa- que êle dissesse se desejava ou
dos, o presidente :la República não a permanência do siste:qJ.a
poderá dissolver a Câmara, con- parlamentar. A 6 de janeiro de
vocar novas eleições num prazo 1963, por expressiva maioria, o
de noventa dias e nomear um povo declarou-se favorável à volta
Conselho de Ministros em caráter do regime presidencialista. Tam-
provisório. bém presidencialista é a atual
O Congresso Nacional, ao mu- Constituição promulgada em 24
dar o sistema de govêrno, de pre- de janeiro de 1967.

RESUMO

O Regime Constitucional e o parlamentarismo


.a) Noções gerais wbre Constituição
Conteúdo fundamental da Constituição: divisão dos podêtes, atribuições das
autoridades e direitos dos cidadãos.
Remédios contra atos inconstitucionais: "habeas-corpus" e mandado de segu-
rança.
Tipos de Constituição: oral ou costumeira; outorgada ou votada pelos repre-
sentantes do povo.
b) A Constituição de 1946 e a crise de 1961
Causa da redemocratização do Brasil: vitória das democracias na Segunda
Guerra Mundial.
Causa da crise de 1961: renúncia de Jân!o Quadros ( 25 de agôsto de 1961).
A crise de 1961: opo~ição dos · ministros militares à posse de João Goulart.
A solução conciliadora: posse de João Goulart com a instituição do parla-
mentarismo.
c) O parlamentarismo:
Característica do regime parlamentar brasileiro: partilha das atribuições e o
poder executivo entre o presidente da República e o primeiro-ministro.
O papel do Senado: indicação do primeiro-ministro se os três nomes anteriores
foram recusados pela Câmara dos Deputados.
O plebiscito: consulta ao povo sôbre a permanência ou não do parlamentarismo.

333
QUESTIONARIO
1 ) Que é a Constituição r
~ ) Qna~ é a função da comissão de justiça das câmaras ?
2ums
··ll ))
, .n 1110
os drecursos contra medidas inconstitucionaJ·s das
• autoridades ?
~ ' P0 em ser as constituições ?
-~) (,lllais, foram as constituições outorgadas do Brasil?
(, ! \lu c e presidencialismo ? · '
7) Como foi a crise de 1961 r
8) Que solução encontrou 0 · c
9) Q d f . ongresso para resolver a crise de 1961 ?
uan o OI promulgado o At Ad. . I .
10) Como é escolhido o presidente ~o C~~~:~~ que ~e~olveu a crise de 1961 ?
11 ) Que é subsecretário de Est d ? o de MmJstros pelo .Ato Adicional ?
12) Quando o Se d0 Ih a o .
,· _ na esco e o primeiro-ministro, d A
13) Que e moçao de desconfiança ? . segun o o to Adicional ?
14) Que é plebiscito? ·
15) Quando renuncioU Jânio Quadros ?

Reprêsa de Três Marias, no Estado de Minas Gerais.


334
2;3 ~ PROGRESSO ECONOMI~O E CULTURAL

a) A agricultura fazendeiros preferiram empregar


suas atividades na exploração de
O principal produto agrícola é outras riquezas agrícolas, como o
o café, cultivado principalmente algodão, cujo cultivo em S. Paul(,)
no Estado de São Paulo. Para o foi favorecido pelo desenvolvi-
escoamento da produção cafeeira mento das fábricas de tecidos.
construíram-se novas ferrovias,
estenderam-se os trilhos das já b ) Indústria
existentes e reformou-se o pôrto
de Santos que, no comêço da No comêço da República, Rui
República, superou o do Rio de Barbosa, ministro da Fazenda,
Janeiro na exportação do café. elevou a tarifa de cêrca de trezen-
Intensificou-se a imigração, prin- tos artigos que O Brasil importava.
cipalmente a italiana. Sua ·idéia era eliminar a · concor-
Entretanto, a . lavoura do café rência estrangeira para que tivesse
tem experimentado várias crises: maior desenvolvimento a produ-
em certas ocasiões, como em 1918, ção nacional. Essa política, que
falta o produto porque as geadas se chama protecionismo, produziu
aniquilam os cafezais e arruínam bons resultados, pois surgiram no
os fazendeiros. Outras vêzes, o país -diversas indústrias, principal-
produto sobra, e o seu preço mente de fiação e tecelagem.
torna-se tão baixo que não paga O maior centro industrial do
as despesas com o cultivo. Nesse Brasil, no período republicano, é
caso, diz-se que há superprodu- São Paulo, onde à riqueza, pro-
ção. Então o govêrno .procura porcionada pelo café, permitju a
eliminar os excessos para manter introdução de numerosas fábricas.
os preços ou adianta dinheiro aos Das indústrias extrativas a mais
produtores. importante, no comêço da Repú-
A maior crise de superprodução blica, foi a da exploração da bor-
ocorreu em 1929, quando os Es- racha. Mas, depois de 1910, com
tados Unidos da América, lutando a produção dos seringais do Orien-
com sérias dificuldades econômi- te, cultivados pelos inglêses com
cas, resolveram suspender as com- sementes levadas do Brasil, come-
pras do café. çou a decair a exportação da bor-
A crise do café, em 1929, teve !=acha brasileira. A crise agravou-
importante conseqüência: muitos se sempre até que, em 1937,

335
ferro era explorada por compa- ·
nhias •estrangeiras, em geral inglê-
S'as;--- ~m produção limitada.
'. Para lança! as bases da grande
siderurgia brasileira, metade do ·
capital necessário foi fornecido
pelos Estados Unidos, segundo o
acôrdo firmado em setembro de
1940. Criada a Companhia Side-
rúrgica Nacional, iniciou-se ime-
diatamente a construção da Usina
de V alta Redonda, no Estado do
Rio de Janeiro, à margem do
Paraíba, entre Barra Mansa e
Barra do Piraí. O carvão nela em-
pregado provém de Santa Catari-
na e o minério, de Minas Gerais.
Monteiro Lobato Durante alguns anos, agitou a
O grande escritor foi um dos primeiros
a se interessar pelo petróleo nacional.
opinião pública a maneira como
deveria ser explorado o petrpleo
brasileiro. Enquanto uns seguiam
Henry Ford, o grande industrial a corrente de um rigoroso
norte-americano, obteve do go-
nacionali8mo, pois admitia!ll que
vêrno brasileiro a concessão de só o Estado devia explorar essa
extensa área na Amazônia para a riqueza, outros julgavam que o
e~loração do produto. Infeliz- melhor seria entregar a ~ua explo-
mente, em 1945, depois de gran- ração às companhias estrangeiras.
des prejuízos, Henry Ford foi obri- O governo, porem, em. mensagem
A '

gado a abandonar . essa emprêsa. que enviou ao Congresso sôbre o_


Com o E:_stado Nôvo, o govêmo assunto, adotou posição interme':.."
cuidou da indústria pesada; antes diária: a exploração é facultada
já haviam sido tomadas algumas a partic:ulares, mas com o Estado
· medidas nesse sentido: Lauro Mül- fica a maioria das ações. Surgiu
. ler investigou os depósitos carbo- assim a Petrobrás, que tem pro-
niferos do Sul e Miguel Calmon
porcionado ao Brasil vultosa ri-
organizou o Serviço Geol6gico Fe- queza.
deral, que f~ pesquisas em vários
pontos do pafs. Mas nessa oca- No govêrno do presidente Jus-
sião a siderurgia ou indústria do celino · Kubitschek ·iniciou-se a
indústria ·automobilística, além ·da
336
construção de numerosas rodovias. Na literatura contemporâne~,
Atualmente, veículos fabricados no são as figuras mais representati-
Brasil têm sido exportados ~ara vas os poetas Cassiano Ricardo,
outros países da América Latina. Guilherme de Almeida e Man~el
Bandeira, e os prosadores Énco
c) Desenvolvimento Veríssimo, Gilberto Freyre, autor
de Casa-Grande e Senzala, Jorge
cultural Amado e Raquel de Queirós, além
No período repu~li.cano, distin- do crítico literário Alceu de Amo-
guiram-se na medicma Osvaldo roso Lima e do cronista Rubem
Cruz, Carlos Chagas ,e Mi~~el Braga. .
Couto. o primeiro, not~vel h~g~~­ Nas artes, durante a República,
nista foi diretor da Saude Pubh- são nomes ilustres o do esc~tor
ca, ~o govêrno de Rodrigue.s Al- Rodolfo Barnardelli, e dos pmto-
ves, e conseguiu sanear a cidade res Ari Parreiras e Cândido Por-
do Rio de Janeiro, acabando com tinari, artista univers;tl~ent~ co-
a epidemia da febre amarela. nhecido; quanto à musi~a, CI:am-
Nos estudos de História, além ?e se, além de Heitor V1la-Lobos,
I . t
Capistrano de Abreu .e do Barao que deu notável desenvo vimen o
do Rio Branco, que VIveram tam- ao cahto orfeônico das escolas, o
bém no Império, citam-se, e~tre maestro Eleazar de Carvalho e a
os mais modernos, João Ribeiro, inspirada maestrina Cacil~~ Bor-
Rodolfo Garcia, Basílio de Maga- ges Barbosa, do ensino ohctal do
lhães e Hélio Viana. Estado da Guanabara.

RESUMO

Progresso econômico e cultural


a) A agricultura

Principal riqueza agrícola: o café.


Exportação do café: Rio de Janeiro e ~antos .
As cr'oes do café: geadas e superproduçao. - '
~
Conseqüência - de outras riquezas agn-
da crise do café em 1929: exp Ioraçao
colas.

337
I

b) A indústria

Causa do progresso industrial no primeiro período republicano: a reforma


tarifária de Rui Barbosa.
Indústria extrativa: exploração da borracha da Amazônia.
Indústria siderúrgica no Estado Nôvo: fundação da Companhia Siderúrgica
Nacional de Volta Redonda .
Indústria de petróleo: fundação da Petrobrás.

c) Desenvolvimento cultural

Medicina: Osvaldo Cruz, Carlos Chagas e Miguel Couto.


História: Capistrano de Abreu, Barão do Rio Branco, João Ribeiro, Rodolfo
Garcia, Basílio de Magalhães, Hélio Viana.
Literatura: Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira
(poetas), É.rico Veríssimo, Gilberto Freyre, Jorge Amado e Raquel de Queirps
(prosadores), Alceu de Amoroso Lima (crítico) e Rubem Braga (cronista).
Artes: Ari Parreiras e Cândido Portinari (pintores), Rodolfo Bernardelli
(escultor), Vila-Lôbos, Eleazar de Carvalho e Cacilda Borges Barbosa (música).

QUESTIONARIO

1) Quais as crises que sofre o café ?


2) Que. política protecionista adotou Rui Barbosa para o desenvolvimento da
indústria nacional ?
3) Que sabe sôbre a exploração da borracha no Brasil ?
4) Que sabe sôbre a indústria siderúrgica ?
i 5) Que é Petrobrás ?
6) Que indústria se iniciou no Brasil com o govêmo de Juscelino Kubitschek?
7) Quais os nomes que se distinguiram na medicina no período republicano?
8) Quem acabou com a epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro?
!) ) Quem é o autor de Casa-Grande e Senzala?
lO) Quais os grandes poetas contemporâneos?
11) Quais os grandes pintores do período republicano ?
12) Quem foi Vilas-Lôbos?
1.3) Quais os principais historiadores do período republicano ?
14) Qual a atividade literária de Alceu de Amoroso Lima?
15) Quais as principais figuras da música no período republicano?

338
EXERClCIOS

Sôbre a Unidade VIII (O Brasil contemporâneo)

1) Governos republicanos depois de 1930


a) Escrever o que julgar certo:
1 ) Candida.to à vice-presidência da República
em 1930
2) Estado em que foi presidente Getúlio Vargas
3) Presidente quando houve a revolução de __19~0
4.) Ano em que houve a Revolução ConstituciO-
nalista
5) Data da criação do Estado Nôvo
6) Presidente da República eleito em 1945
7) Assumiu a presidência em agôsto de 1954
8) Presidente que inaugurou Brasília
9) Ocupou o poder com a renúncia de ]<lnio
Quadros
10) Presidente do primeiro Conselho de Ministros

b) Dar () significado das seguintes datas:


l) 24 de outubro de 1930 ( ).
2) 24 de agôsto de 1954 ( ~
3) 11 de novembro de 1955 ( )
4) 21 de abril de 1960 ( )
5) 25 de agôsto de 1961 ( )

c ) Completar as seguintes frases:


l ) O go1pe d e l l de novembro. de 1955 I . foi chefiado por · · · · · · · · · · · · ·
e garantiu a posse do presidente e Cito · · · · · · · · · · · · · ·
'
2) O sucessor de Juscelino Ku b"itsch ek f Oi· ......... . .... , que governou
até o dhi . ·... .... d: ·.... I - es diplomáticas com a União Soviética foi
quando era primeiro-ministro
3) O restabelecimento . ,ls re aço
no govêrno do prcstdente · · · · · · · · · · · · · ·'

1J Para · . . . . . . .a. ·r·ancre d 0 reves, con1o j)rhneiro tninbtro, o presidente


... · · suceder
. . . . . . . . . . . . . apresentou o nome de · · · · · · · · · · · · ." ·. . .. , .
. . · · · ·t 0 Cjue renunciou antes de conshtuu o mmistenu,
O pnmeiro ..mmts
')) chamava-st- r .· · · · · · · · e 0 'seu ·sucessor foi · · · · : · · · · · · · · · · · ·
. ......

339
2 ) O Regime Constitucional e o parlamentarismo

a) Assinalar o que estiver certo:


1) Constituição outorgada no período republicano
(Constituição de 1891, de 1934, de 1937)
2) Presidente da República quando foi promulgada a Constituição de I946
(José Linbares, General Dutra, Café Filho)
3) Governador do Rio Grande do Sul que defendeu a posse de João Goulart.
( Ranieri . ~azzilli, Machado Lopes e Leonel Brizola)
4) Ocupou a presidência em 25 d.t: agôsto de 196I
(Tancredo Neves, João Goulart,· Ranieri Mazzilli)
5) Nome dado à consulta ao povo: · ·
(Plebiscito, Ato Adicional, mandado de segura~ça)

h) Dar a significação das seguintes datas:


I) 13 de setembro de 1946 (
2) ·10 de novembro de 1937 (
3) 24 de fevereiro de I89I (
4) 2 de setembro de I96I (

3) Progr.esso econômico e cultural

a) Completar as seguintes frases:


I) Q~e_m elevou a tarifa de trezentos artigos foi .............. , que era
m1mstro ......... . ... .
2) A Usina de Volta Redonda, que fica no Estado .............. , foi
inaugurada no govêrno de ............. .
3) Quem inaugurou a indústria automobilística foi o presidente ............ ,
que governou até o ano de ....... ·.. .
4) Quem acabou com a febre amarela no Rio de Janeiro foi o higienista
. . . . . . . . . . . . . . que era diretor ............. .
5) Volta Redonda fica à margem do rio . . ............ , entre as cidades
.............. c ............ ..

b) Escrever ao lado a atividade intelectual a que se dedicou:


I ) Rodolfo Gan:ia (
2) · Cândido Portinari (
3) Manuel Bandeira (
4) Vilas-Lôbos (
5) Miguel Couto (

340

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