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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

ENGENHARIA DE MATERIAIS

Adriana Sanches Castilho 642797


Caroline da Silva Ferreira 627348
Caroline Faria Padilha 627356
Gabriel Castro Souza Villela 627453
Gustavo Cogo e Silva 627496
Guilherme Eduardo de Oliveira Blanco 627488

POLITETRAFLUORETILENO (PTFE)

SÃO CARLOS, SP
2015
Resumo
O Politetrafluoretileno, abreviado como PTFE, é um polímero muito singular quanto as
suas características físico-químicas, o que o difere dos demais polímeros. Esse, também possui
importância histórica, sendo o primeiro Fluorpolímero a ser sintetizado. Atualmente ele possui
uma grande gama de aplicações em diversos setores da economia, como por exemplo, a
construção civil, a medicina, automobilística, entre outras.

Introdução
Polímeros são macromoléculas constituídas de várias unidades de estrutura repetidas,
chamadas de monômeros. Além de polímeros formados com os elementos Carbono e
Hidrogênio, pode-se encontrar também outros elementos formando a estrutura de repetição. Os
Fluorpolímeros são moléculas poliméricas onde átomos de Hidrogênio são substituídos por
átomos de Flúor. O Politetrafluoretileno (PTFE) se enquadra nessa família de polímeros, sendo
que este foi o primeiro Fluorpolímero a ser sintetizado.
A descoberta do PTFE ocorreu em 1938, por Roy Plunkett, quando trabalhava no
desenvolvimento de gases refrigerantes fluorados na empresa DuPont Company, sintetizando
acidentalmente o polímero, na forma de um pó branco, formados dentro de cilindros de gases.
Em 1950 a mesma empresa iniciou o uso comercial do PTFE, utilizado como camada
antiaderente em utensílios domésticos, adotando o nome comercial de Teflon®.

Objetivo

O Politetrafluoretileno (PTFE) foi escolhido como tema desse trabalho por pertencer a
uma classe dos fluorpolímeros e por possuir características singulares como repelir água e
gordura, ser resistente a ataques químicos, e aguentar temperaturas muito mais elevadas em
relação aos outros polímeros.
Por ter suas características e diversas aplicações pouco conhecidas pelos alunos do
primeiro semestre de graduação em Engenharia de Materiais, é que esse trabalho tem por
objetivo apresentar-lhes esse material. Assim como para os integrantes desse grupo, o trabalho
tem como objetivo pesquisar e se aprofundar no conhecimento acerca desse polímero tão
singular.

Descrição
O Politetrafluoretileno (PTFE) é constituído basicamente de átomos de Carbono (C) e
Flúor (F). O monômero Tetrafluoretileno, CF2 = CF2, se polimeriza (polimerização de adição) e
forma um polímero linear, o polímero -(CF2-CF2)n-. (Ver Figura 1)
O PTFE é formado por átomos de Flúor que envolvem a cadeia carbônica da molécula.
Isso porque o tamanho do átomo de flúor e o comprimento da cadeia C-F são tais que a cadeia de
Carbono fica coberta pelos átomos de Flúor. As energias de ligação entre os átomos de Carbono
(607 kJ/mol) e entre os átomos de Flúor e Carbono (552 kJ/mol) são consideradas fortes, por se
tratarem de ligações covalentes (primária).

Principais Características
O PTFE é um polímero termoplástico (amolece com o aquecimento) que possui
características muito interessantes para a indústria, que o diferenciam e o torna mais vantajoso,
em certas aplicações, do que muitas outras classes de polímeros.
O tamanho dos átomos de Flúor, que evolvem a cadeia carbônica, permite uma proteção
uniforme e contínua ao redor das ligações Carbono-Carbono, protegendo-o , assim,
quimicamente e dando estabilidade à molécula. Essa proteção dos átomos de Flúor é responsável
pelo seu baixo coeficiente de atrito, conferindo-lhe, também, características de antiaderência.
O fato do Flúor ser um elemento químico de alta reatividade e o de maior
eletronegatividade dentre todos os elementos, acarreta em uma maior resistência química do
Politetrafluoretileno. Isso porque, as substâncias químicas não conseguem reagir e atacar o
polímero, devido à alta proteção que o Flúor confere ao mesmo. Com isso, o PTFE apresenta
resistência satisfatória à degradação a base de compostos químicos como: Ácidos Não-Oxidantes
e Oxidantes, Soluções Salinas e Álcalis Aquosos. Essa reduzida reatividade do material permite,
também, que a toxicidade do PTFE seja praticamente nula.
O Politetrafluoretileno possui massa específica de 2,17 g/cm3. Apresenta uma alta
temperatura de fusão cristalina, 327°C ou 620°F, possuindo alta estabilidade térmica, devido à
forte energia de ligação entre o Carbono-Flúor. O polímero apresenta também um alto peso
molecular, em uma faixa de 106 a 107 g/mol, o que proporciona sua alta viscosidade em seu
estado fundido, o que dificulta o seu processamento. Seu calor específico é de 1050 j/kg – K.
Obtenção do Material
Para a formação do PTFE, é necessária a obtenção de seu monômero Tetrafluoreteno,
TFE (C2F4). Isso ocorre a partir da Fluoretação de Clorofórmio (CHCl 3) por Ácido Fluorídrico
(HF), resultando-se no Clorodifluormetano (CHClF 2). Tal produto é submetido a um processo de
pirólise entre 600°C e 700°C, resultando assim na formação do TFE. O Politetrafluoretileno
(PTFE) é obtido, então, pela polimerização de adição do TFE, processo que consiste na quebra
da ligação dupla entre os carbonos, possibilitando a formação de uma cadeia carbônica
estruturada em ligações σ.
Para esta reação de polimerização, são empregados dois métodos, que diferem entre si
pela quantidade de agentes de dispersão adicionada e a agitação aplicada. O método de
Dispersão consome mais de tais agentes e produz partículas micrométricas. No processo é
utilizada agitação média a elevadas temperaturas e pressão. Esse método é usado na obtenção de
materiais porosos ou fibrosos, ou em filmes fundidos, embalagens, juntas, rolamentos, etc.
O PTFE, porém, é produzido, principalmente, pelo processo de polimerização por
Suspensão. Para isso, uma alta agitação é empregada junto com elevadas temperatura e pressão,
gerando partículas fibrosas e longas. À medida que a polimerização ocorre, grãos sólidos
começam a flutuar na suspensão e formam uma mistura em duas fases. Após a drenagem, o
PTFE é seco e moído para a formação de um pó. Devido a sua alta viscosidade de fundição e
pouca fluidez, é necessária a utilização de técnicas de modelagem em condições especiais.
As etapas básicas envolvendo a moldagem dessas resinas consistem em: Pré-moldagem
do pó seco por compressão, para obter-se uma forma de consistência manuseável; Sinterização,
que consiste em aquecer a peça pré-moldada acima da temperatura de fusão do polímero (327°C)
para que as partículas coalesçam, tornando a estrutura homogênea e forte.
Em seguida, esfria-se a peça a uma velocidade controlada, para obter-se o grau desejado
de cristalinidade, distintos para diferentes aplicações. O método de processamento mais comum
para pequenas peças, tais como anéis e gaxetas é o de modelagem automática, pois possibilita a
produção em larga escala em alta velocidade, enquanto para moldagens contínuas utiliza-se a
extrusão por pistões hidráulicos (RAM Extrusion).

Custos
Os custos de materiais feitos a partir do Politetrafluoretileno variam de acordo com a
região, pois a relação de impostos e energia para com a produção é distinta em locais diferentes.
De acordo com o livro “Ciência e Engenharia de Materiais”, com dados dos custos médios
coletados em 1998, o custo de produção do PTFE em sua forma bruta era, em média, entre 20 e
26,50 US$/kg, enquanto a produção em lâminas era de 38,00 US$/kg (Callister, W. D., 2007).
Em 2015, contudo, de acordo com a empresa chinesa Zibo Kaichuang Fluoride Material
Co. Ltd., placas de PTFE com áreas de 225cm² a 4m² estão a 8 US$/kg , além de compósitos
PTFE-Fibra de Carbono chegarem a 30,00 US$/kg. Mostrando a grande variabilidade de custos
relativos com a produção.
Aplicações
O Politetrafluoretileno está presente em um amplo campo de aplicações onde são
aproveitadas suas qualidades excepcionais. Encontrando-o em áreas como: ◦ Processamento
Químico: devido à sua alta resistência química e térmica e à uma boa propriedade mecânica, o
PTFE é muito utilizado na composição e fabricação de peças como gaxetas, válvulas, em
tubulações e revestimentos; ◦ Elétrica e Comunicação: graças à sua resistência a chama, alta
resistividade e à sua estabilidade química, o PTFE é utilizado para a isolação de fios e cabos
conectores; ◦ Automotivo: como consequência de seu baixo coeficiente de atrito e até de
propriedades criogênicas, ele é utilizado para vedações de direção hidráulica/ ar condicionado,
retentores e anéis de amortecedores; ◦ Aplicações domésticas: devido principalmente, à baixa
energia de superfície e a sua antiaderência, o PTFE é muito utilizado em revestimentos de
utensílios; ◦ Medicina: por ser um material de grande estabilidade e resistência química e com
alta impermeabilidade, o PTFE é utilizado em equipamentos e próteses médicas, por não
reagirem com o organismo; ◦ Construção Civil: por ser, também, resistente a intempéries, e,
unido isso as demais propriedades, o PTFE é muito utilizado em coberturas de estádios de
futebol e de aeroportos (Ver Figura 2).

Conclusão
Após as pesquisas realizadas sobre o Politetrafluoretileno (PTFE), conclui-se que a
substituição dos átomos de hidrogênio em uma cadeia polimérica, por átomos de flúor confere
aos polímeros características singulares. Desta forma, a aplicabilidade econômica do PTFE é
muito diversa, por isso agrega-se uma importância econômica muito grande a esse material.
Ademais, cabe aos engenheiros de materiais desenvolver novas formas de obtenção do
PTFE, para que seu custo diminua e o mesmo seja mais acessível ao mercado, aumentando assim
ainda mais sua importância econômica.

Lista de Figuras

Figura 1 (Tudo sobre plásticos, 2013) Figura 2 (Tudo sobre plásticos, 2013)

Referências Bibliográficas
BENTO, R. E. Estudo do comportamento da Resina Base na Formulação de Compósitos
de Politetrafluoretileno com Bronze. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2009.
CALLISTER, W. D. Ciência e Engenharia de Materiais. 7. Ed. LTC, 2007.
CASSIUS, R. Desenvolvimento de Compósitos Estruturais de Politetrafluoretileno
(PTFE) com fibras contínuas. USP – Universidade de São Paulo. São Carlos, 2009.
PTFE. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfN54AL/2012-ptfe-
politetrafluoretileno. Acesso em 15 de maio de 2015.

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