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N° 94

SETEMBRO
A Santa Sé e o movimento

liturgico

D. B. Capelle, O. S. B.

As circunstancias levaram a Santa Sé a se expri-

"primeiro
mir a respeito do movimento liturgico. O

congresso nacional de liturgia" se reuniu em .


Gêno-
que

va, em 1934, sob a do Cardial Arcebispo,


presidencia

Minoretti, forneceu a Pio XI ocasião de traçar ao mo-

'

vimento as suas normas essenciais. Este documento,

é o mais importante, não é o único. A Constitui-


que

Apostólica Divini Cultus sobre a musica sacra


ção

aparecida do 25.° aniversario do Mo tu


quando proprio

de Pio X, falava em termos sobre a litur-


já precisos

e ação liturgica. Antes, a enciclica miras,


gia \
Quas

sobre ;
Cristo-Rei a instituição de uma festa
justificava

significativas considerações sobre a impor-(


própria por

tancia da liturgia.

Em seguida, dois documentos de menor vulto: res-

ao telegrama dos congressistas de Gênova e carta


posta

ao Pe. Gemelli sobre uma liturgica


publicação popular,

trouxeram maior luz aos esclarecidos anterior-


pontos

mente. A casses documentos se vêm enfim ou-


juntar

tros, a titulo mais modesto embora


porque privados,

também importantes, é o Papa


porquanto próprio que

neles fala: o texto da audiência me concedeu o San-


que

to Padre em 12 de dezembro de 1936 e o autografo

me enviou tempo depois. Creio


que pouco poder garan-

tir-lhc a fidelidade, a consignei escrito ao sair


pois por

da audiência. Deduzem-se desses sete escritos, ensina-

mentos Pio XI não costuma


precisos, pois permanecer

"mais

no ou ou no indefinido.
menos"
Julgou-se portan-

to oportuno, mesmo necessário, salientar a substan-


e

cia dessas o alcance. Hoje


diretrizes e mostra-lhes todo

não é desconhecer a importancia e a


mais
possivel

Onde Roma
do movimento liturgico.
profundidade quer
A ORDEM
196

caminhos ? Eis a razão


ue nos conduza ele, e
por que

e ser destas
páginas (1).

conservem todo o
sete textos
Afim de êsses
que

transcrevê-
documentário, começarmos
seu valor por

em nota. O comen-
com os originais
los, traduzidos
(2)

tario virá em seguida.

1 TEXTO DOS DOCUMENTOS

11 de Dezembro
PRIMAS, de
1. Enciclica
QUAS

-
Cristo Rei
de 1925 sôbre

da fé e revelar-
instruir o nas cousas
Para
povo

da vida, nada
assim as alegrias interiores possue
lhe

anuais dos santos


do as celebrações
maior eficácia
que

- dos documentos do
ainda do a
mistérios maior
que

os mais sérios. Real-


eclesiástico, mesmo
magistério

uma minoria cie


não influenciam senão
mente, êstes

- -
aquelas atin-
os mais instruídos ao
homens passo que

ouvir senão uma


os fiéis: êstes não se fazem
todos
gem

ano e de certo modo


vez, e aquelas levantam a voz cada

á inteli-
continuamente; falam estes
principalmente

o homem todo, espirito


e aquelas agem sôbre
gência;

dotado de corpo e alma o homem


e coração. Ora, preci-

sa ser também impressionado, em sua emotividade


pelas

de festa e elas vi-


solenidades exteriores dos dias
por

á beleza e á diversidade
brar mais vivamente:
graças

a doutrina divina nele


dos ritos sagrados
penetrara

sua seiva e seu


até transformar-se em
profundamente,

energias o farão na vida espi-


sangue, cujas
progredir

ritual,
v

DIVINI CULTUS, de
2. Constituição apostólica

20 de Dèzembro de 1928

recebeu de Cristo, seu fundador, a missão


A Igreja

sôbre a santidade do culto divino. Compete-


de velar

-
exceção feita á substancia do Sacri-
lhe
pois quanto

do assunto tinha sido apresentado em


esboço
(1) Um já
"Journées

liturgiques" de Apareceu na
Maio de 1931 em Paris.

Lumen do mesmo ano, 575 _ 588.


revista pagina

documentos traduzidos, não sem


desces foram
(2) Muitos já

ou então, demais livremente.


contratempos
por
graves

SETEMBRO 1938 197

- -
ficio c dos Sacramentos tudo o ceri-
prescrever que

-
mônias, ritos, fórmulas, orações, canto assegure o

desempenho dêsse ministério augusto e


perfeito publi-

co, cujo nome é Liturgia ou ação sagrada


peculiar por

excelencia. A liturgia é realmente, cousa sagrada. Por

ela, de fato somos elevados até Deus e a Ele somos uni-

dos; a nossa fé, desobrigamo-nos de um


professamos

dever benefícios e auxilios nos concede


grave pelos que

e dos carecemos continuamente: daí nasce uma inti-


quais

ma e necessária conexão entre o dogma e a liturgia, as-

sim como entre o culto cristão e a santificação do


povo.

Por isso, considerava o Papa Celestino I estar a regra

da fé expressa nas verdadeiras fórmulas da liturgia,

-'a
e dizia lei da oração determina a lei da crença.
que

os chefes das sagradas reuniões desempenham


Quando

as suas funções, em virtude do mandato receberam,


que

advogam a causa do humano diante da cie-


gênero

mência divina, e com eles reza e implora a Igreja toda,

unindo-lhes aos os seus


gemidos próprios".
"obra

As súplicas comuns, chamadas a


principio

-
-
Dei", depois oficio divino
de Deus opus e

como uma divi-


officium divinum,,, constituindo
que

da com Deus, devemos saldar diariamente,


para que

outróra de dia e de noite, e numerosos


realizavam-se

nelas E' admiravel verificar-se


cristãos
participavam.

as singelas melodias
na antigüidade,
já própria quanto

a ação liturgica, con-


ornavam as orações sacras e
que

do Nas
correram o incremento da
piedade povo.
para

o bispo, o clero
velhas em nas
basilicas,
particular, quais

os louvores divinos,
e os fiéis cantavam alternadamente

-
a his-
os cantos liturgicos contribuíram
grandemente

- de bar-
um numero
tória o atesta trazer
para grande

templos, os
e á civilisação. Nos
baros, ao cristianismo

conhecer mais
católica aprenderam a
adversarios da fé

assim Va-
dogma da comunhão dos santos:
a fundo o

admiração \
romano, tomado de estranha
lente, imperador

mistérios, celebrados
majestade dos divinos
diante da

Milão, onde os
desfalecia; assim em
S. Basiüo,
por

fascinar as mui-
Ambrosio de
heréticos acusavam Sto.
^

tanto
liturgicos, esses cantos
tidões cantos que
pelos

e lhe inspiraram
o Agostinho
impressionaram
próprio
198 A ORDEM

resolução de abraçar a fé cristã. Mais tarde, nas


a

igrejas toda a formava um


em
que quasi população

coro imenso, artífices, escultores,


pedreiros, pintores,

mesmo homens de impregnavam-se á


e estudo,
graças

desse conhecimento das cousas teológicas


liturgia,
que

brilhantemente dos documentos da idade media.


emana tão

Compreende-se os Pontífices roma-


então
por que

nos aplicaram solicitude em defender e


se com tanta

salvaguardar a liturgia. Da mesma forma


que procura-

vam um minucioso, exprimir o dogma


com cuidado
por

meio de fórmulas exatas, assim também esforçavam-se


por

fixar, de alteração, as
e
proteger preservar qualquer

leis sagradas da liturgia. E' evidentemente mesma


pela

razão os Santos Padres comentaram seus es-


que pelos
"lei

critos e a liturgia sagrada da oração")


palavras (a

e o concilio de Trento fosse ela exposta


que quis que

e explicada ao cristão.
povo

Em nossos tempos, o ha anos Pio X


vinte
que

nas regras seu Motu rela-


promulgadas pelo proprio

tivo ao canto e á musica sacra, visou antes


gregoriano

de tudo, foi despertar e alimentar o espirito cristão

no afastando sabiamente tudo o não convi-


povo, que

ria á santidade e á majestade dos nossos templos. Os

fiéis, efetivamente, reunem-se no lugar sagrado


para

aí beber a na sua fonte tomando uma


piedade principal,

ativa nos veneraveis mistérios da Igreja e nas


parte

orações e solenes. Importa muitíssimo


publicas pois

tudo o serve de ornamento à liturgia seja fi-


que que

xado certas leis e da Igreja, afim de


por prescrições que

as artes contribuam ao culto divino como convém, isto

é, como nobilissimos instrumentos. As artes, utilisadas

nas igrejas, não sofrerão isso nenhum antes


por prejuízo,

receberão um acréscimo de dignidade e de relevo. Isso

se deu maravilhosamente com relação á musica sacra:

toda a onde as regras foram


por parte promulgadas

aplicadas com cuidado, viu-se reviver a beleza dessa

arte de e reflorescer largamente o espirito reli-


escol

isso o cristão imbuído de um senso


e
gioso: porque povo

começou a mais ati-


liturgico mais
profundo, participar

vãmente no rito e nas salmodias sagradas e nas


eucaristico

preces publicas...

SETEMBRO
1938
199

AFIM de os fiéis tomem uma


que mais ati-
parte

va no culto divimo, o uso do canto


será
gregoriano

restabelecido entre o
menos
povo, pelos as
para partes

lhe são reservadas. E' realmente


que de absoluta ne-

cessidade os fiéis não tenham


que atitude de estra-

nhos ou de espectadores silenciosos, mas animados


pe-

Ias belezas da liturgia, devem tomar


nas cerimo-
parte
"procissões"
nias sacras, mesmo nos cortejos ou
como

as chamam, em o clero as
e associações
que
piedosas

caminham em filas unindo alternadamente


as suas vo-

zes, segundo as regras ás do sacerdote


prescritas, e da

schola. Assim não acontecerá mais o deixe


que povo

de responder ou responda apenas uma espécie de


por

murmurio leve e inexpressivo, ás orações comuns reci-

tadas em lingua liturgica ou em lingua vulgar..,

CERTAMENTE, sabemos todas as


que prescri-

acima formuladas exigem cuidado


ções e trabalho; mas

ignora as obras numerosas e magníficas em arte,


quem

os nossos antepassados, vencendo todos os obsta-


que

culos legaram a
se achavam cheios
posteridade, porque

do zelo e espirito da liturgia ? Não


pela piedade pelo

ha nisso nada de estranhar: tudo o tem a sua ori-


que

na vida interior de vive a Igreja ultrapassa as


gem que

cousas mais deste mundo.


perfeitas

3. Carta enviada em nome de S. S. Cardial


pelo

Pacelli ao Cardial Minoretti, arcebispo de Gênova,

ocasião do congresso nacional italia-


por primeiro

no de liturgia, realizado em de 27 a 29
Gênova

de NoVembro de 1934.

Não ha nada de novo no de orientar a


propósito

dos fiéis melhor compreensão da oração


piedade para

oficial da Igreja, e maior num


para participação

tão rico tesouro espiritual: a do saudoso Pio


palavra

X abriu e traçou nesse sentido um caminho seguro e

fecundo. Mas hoje, sentindo a necessidade


eis
que

de coordenar o esforço de muitos e de lhe imprimir

novo incremento, Vossa Eminência reúne em congresso

em torno de os se e os
si, esforçam
que por propagar

aplicam estudar a liturgica, afim de


se em
que piedade
A ORDEM
200

devem a
dos que presidir
a lembrança princípios
que

a lhe se-
dos meios
e a fixação propnos
essa atividade

o trabalho come-
intensificar
rem fornecidos,
permitam

esclarecida e^ coletiva
a uma atividade

çado, graças

A importan-
salutar expansao.
uma ampla e
revela
que

vir do
congresso precisamente,
cia desse parece
primeiro

o do movi-
trazer á luz
de êle programa
fato
procurar

mais vi-
mais oportuna,
luz tanto quanto
mento liturgico;

harmonizar os
de
a necessidade
se faz sentir
vãmente

liturgico com
desse movimento
e as realizações
objetivos

-
se
- ativos e florescentes
tão que
aqueles felizmente

arte sacra. Ora


sacro e por
com o canto
relacionam

e fácil ver
esse que
se considere programa,
menos
que

as formas de
piedade, quer privada
longe de
prescrever

Igreja,
e recomendadas pro-
admitidas pela
quer popular

do reli-
tanto espirito
a fidelidade
cura êle fortificar

nobre e secular tradição


á
da
quanto prática,
gioso

no clero o zelo
favorecendo por
do culto eclesiástico,

sacras, e nos fiéis,


das funções
uma celebração
perfeita

e inteligente.
uma assistência fervorosa

o rito litur-
é relembrar
Eis que
por que preciso

fim, mas é antes


não tem si o seu
em
próprio
gico

as almas.
um a Deus e santificar
meio
para glorificar

deve
mister salientar um tão excelente
E' programa
que

a saber, a de
inspirar em duas idéias fundamentais,
se

na oração, segundo as sábias e esplendidas


reproduzir

regras liturgicas, o dogma


normas estabelecidas
pelas

e a de unir mais estreita


católico e a vida de Cristo,

a alma do fiél á hierarquia sacer-


e concienciosamente

oração. Convirá determinar


dotal da Igreja em
pois

a esse fim. Não consistem eles em


os meios
próprios

ou arbitrarias, mas serão fácil-


inovações singulares

nas regras cheias de sabedoria


mente encontrados que

educar seus filhos,


segue a Igreja grupando-os
para

simbolo de Cristo, fun-


em torno do altar,
procurando

como as vozes, na caridade e


as almas assim
dir-lhes

da tocante celebração dos san-


na unidade, meio
por

tos mistérios...

SETEMBRO
1938
201

4. Resposta intermedio
do Cardial
por Pacelli

ao telegrama enviado ao Santo Padre no


primei-

ro dia do congresso de Gênova


(27 de Novembro

de 1934.)

O augusto Pontífice faz votos


a difu-
para que

são de um conhecimento cheio de amor da lingua ma-

terna da Igreja orante, avive o senso católico


e
produ-

za vigorosos frutos de e de vida cristã.


piedade

5. Carta enviada em nome do Santo Padre


pelo

Cardial Pacelli ao P. Gemelli, ocasião de


por uma

nova liturgica
publicação editada
popular,
pela
"Opera

delia Re ali tá", o advento de


g para 1934

O aparecimento do hebdomadário
liturgico Vivi

con la Cniesa, é também uma nova e consoladora


pro-

messa de uma volta não está longe, da


que já
grande

família católica a essa toda animada de


participação,

amor e de compreensão na liturgia sacra da Igreja,

de tão valor uma


grande e segura for-
para perfeita

mação cristã, e o mais sólido alimento da fé


para e

da em todas as condições da vida.


piedade,

6. Resumo téxtual da audiência concedida a D.

B. Capelle em 12 de Dezembro de 1935

Trata-se agora toda a de *


liturgia, mas
por parte

'
nem sempre como seria fazê-lo e como o dese-
preciso

Dá-se mais importancia ao aspéto exterior, á


jariamos.

materialidade das cousas, embora o as


espirito
que

anime seja o mais importante: rezar o


segundo espi-

rito da Igreja em oração. A Igreja é muito larga. E'

mesmo de uma largueza vezes surpreendente. Aceita


por

modos de orar são muito deficientes e imperfeitos,


que

tem da fraqueza dos homens.


porque piedade pobres
''Que

seja assim, diz ela, não rezar de


já que podeis

outra forma, rezai assim mesmo, contanto rezeis


que

verdadeiramente]" Mas se saber como com-)


quando quer

ela a oração, então é uma cousa: é a liturgia'


preende

no-lo ensinará. E' imitar a santa Igreja e


que preciso ,

não o ela condescende em aceitar em mate ria


proibir que

-
de oração, mas é elevar a os fi-
preciso^ pouco pouco
202 A ORDEM

ela. A liturgia é algo


eis e ensinar-lhes a rezar como

o mais importante orgão do magisté-


de E'
grande.

rio ordinário da Igreja.

— não cuidaria si
S. S. Padre, eu dela

cousa tão importante,


acreditasse é uma
não
que

razão. E uma cou-


e sagrada. O senhor tem
essencial

aqui no mundo tão


sa muito importante. Ha
poucas

valham a
verdadeiramente importantes,
cousas que pe-

a alma, a vida da
na delas nos ocupemos: Cristo,
que

? Ora a liturgia não é a


vale todo o resto
Igreja]
Que

mas a didascália da Igreja! Con-


didascália de tal ou tal,

"optimam

obra: elegisti ,
tinue a sua partem
grande

XI, recebido depois da audi-


7. Autografo de Pio

12 de Dezembro de 1935.
ência de

os liturgicos como o
e ilustrar textos
Difundir

de Mont César é
faz a Abadia Beneditina
(Louvain),

o da Igreja orante e ensinante.


fazer-se
porta-voz

II COMENTÁRIO

documentos sem ficar impressio-


Como ler esses

do seu tom ? E alta e mag-


nado com a
gravidade que

nos apresentam! a chamem


nifica idéia da liturgia
Que

--'ação ou a seu res-


sagrada excelência"
por (1), que

o Papa com uma simplicidade tão reli-


evoque
peito
"a

Igreja orante e ensinante" é claro


giosa (2), que

aos seus olhos a liturgia é um valor essencial e central

-'cousas
a ser contada entre as raras verdadeiramente

valham a delas nos ocupe-


importantes
que pena que

-
mos"(3) e eu me lembrarei sempre do tom
profundo

com Pio XI essas ricas em sen-


que pronunciava palavras

tido.

Aliás, sobre esse da essência da liturgia


ponto

o subsistem ainda tantos inveterados e te-


sobre
qual


nazes exprimiu-se o Papa com toda
preconceitos (4)

Cultus n°. 2)
(1) Divini (Documento

n.° 7)
(2) Autógrafo (Documento

de dezembro n.8 6)
(Documento
(3) Audijência

em P. L. XIX, 1934,
Ver I/idée Lliturgique, p.
(4) Q.

158 . 166.

SETEMBRO
1938
203

a clareza desejável na Constituição


Divini Cultus»

c mesmo da uma autentica definição


da liturgia, a uni-

ca eu saiba
contêm os documentos
que que do magis-

téno supremo. Merece ser cuidadosamente


comentada.

A Igreja recebeu de Cristo, seu fundador, o en-

cargo de velar sobre a santidade do culto divino. Com-

exceção feita da
pete-lhe pois, substancia
do Sacrifício

e dos Sacramentos, -
tudo o
prescrever cerimônias,
que

"tos, formulas, -
oraçoes, canto assegura
o
perfeito

desempenho desse ministério augusto


e cujo
publico
"ação

nome é Liturgia ou
peculiar sagrada"
exce-
por

lência".

E' esse o inicio muito rico e muito estudado. Guar-

dia da santidade do culto divino, a Igreja o é de duas

maneiras. No diz respeito á substancia


que do Sacri-

ficio e dos Sacramentos, de instituição divina, ela não

tem algum: limita-se a conservar o


poder depósito
que

recebeu. Sobre tudo o mais contrário, a sua fun-


pelo

é de assegurar o
çã° desempenho desse mi-
perfeito

nisterio augusto e
minisierium illud
publico, quibus

augustum et optime regatur,


publicum exercendo

assim uma
A Igreja deve aqui
plena jurisdição.
prescre-
"praecipere".

ver
São as cerimônias, ritos formulas,

orações, canto. Não constituem estes, o mais essencial

-'desse
ministério augusto e mas somente a-
publico",

o regula
Abrange e so-
quilo que perfeitamente. pois,

bretudo, a substancia do Sacrifício e dos Sacramentos.

"culto

E' com efeito, o divino" inteiro. E' a estas


pa-

lavras oficiais divini cultus, se refere o demons-


que

trativo illud acentuando ministerium augustum

et no majestoso de Pio XI.


publicum, período

Ora, este declara o verdadeiro nome desse


que

divinus cultus, dêsse ministerium et


augustum

é Liturgia, cujus nomen est


pujblicum,
peculiare

Liturgia. objeto estão


O da liturgia encontra-se desde

claramente definido, compreende-se a solenidade do


e

apex da frase:
final actio sacra
quasi praecellenter,

"ação

a liturgia é a sacra excelência".


por
"Por

O Pap a aliás vai explicá-lo. ela liturgia)


(a

somos elevados até Deus a ele somos unidos;


e
profes^

samos a nossa desobriga mo-nos de um de-


fé,
grave
204 A ORDEM

ver benefícios e auxílios nos concede e dos


pelos que

carecemos continuamente".
quais
''ação

Triplice missão da sagrada". Primeiro elevar

e unir a Deus é a obra básica da liturgia sacrificai e

sacramentai. Em seguida, a fé celebra-


professar pela

mistérios Enfim, louvar e render


dos cristãos.
ção

laudis da missa e do oficio.


sacrificium
graças pelo

estreita e miserá-
Como estamos longe da concepção

vel não vê na liturgia senão um cerimonial!


Quan-
que

1930 o mo-
do em Antuérpia em
(1), protestávamos que

"não

vimento nem do desejo de aumen-


liturgico
procede

cerimônias, nem de um culto meti-


tar a das
pompa

rituais, nem de uma


culoso das
prescrições preocupa-

de nem do arqueologia,
beleza estética,
ção gosto pela

nem de historiador. Não, êle não de-


de
preocupações

uma volta convencida, ardente, á ora-


seja ser senão

não receber tão depressa


da Igreja", esperavamos
ção

a alta aprovação nos foi dada espontaneamente


que
"Dá-se

de dezembro de 1935. mais importan-


audiência

cia ao aspéto exterior, á materialidade das cousas, em-

bora o as anima seja o mais importante:


espirito
que

rezar segundo o espirito da Igreja em oração"..

* * *

Tendo exposto claramente o se deve entender


que

Liturgia, a Constituição Divini Cultus deduz-lhe

por

imediatamente as conseqüências:

Dai uma intima e necessária conexão entre o dog-

ma e a liturgia, como também entre o culto cristão e

a santificação do
povo".

Pio XI insistiu com significativa firmeza sôbre o

valor doutrinai da liturgia. A liturgia é, com efeito, a

fé vivida. Prestemos atenção a issol Onde deve o


pois

fiél haurir o seu conhecimento religioso ? Passado o


(2)

escolar aprende êle ainda sôbre o assunto,


período que

Cours et Conférences des Semaines liturgi"


(1) Ver

Vol. IX, 17.


ques, pg.

o desenvolvimento desse assunto, consultar: L'in-


(2) Para

du catholique, Louvain, Mont-Cesar, 1935


tellectualité religieuse
SETEMBRO—
1938
205

senão o lhe
que ensinam na Igreja nos ofícios em
que

. E si e hoje demais ignorante


participa por dos dog-

mas, não é
o hábito
porque perdeu de tomar ver-

dadeiramente nas orações


parte liturgicas
os
que

relembram ?

Outróra, nas Igrejas em


toda a
que quasi
popula-

formava um coro imenso, artífices,


ção
pedreiros, pinto-

rcs, escultores, e mesmo homens de estudo, impregna-

vam-se, á liturgia, dêsse conhecimento


graças das cousas

teológicas emana tão brilhantemente


que dos monumen-

tos da idade média"


(1)

O é feito dessa erudição sacra? A Igreja,


que no

entanto, ainda a deseja, finalmente não é um


pois êsse dos

fins dessa missa dos catecumenos, em o ensino ocu-


que

um tão lugar ? Não é isso também uma


pa grande vanta-

-
do ciclo liturgico anual temporal e santoral
gem próprio

-
nos oferece á contemplação tão harmoniosamente,
que

com regularidade muito as mesmas


pedagógica,
pa-

da Sagrada Escritura as
ginas e mesmas orações

atestando e ilustrando de um modo tão feliz, cada um

dos nossos mistérioâ? E é essa a incomparável supe-

rioridade da liturgia, a de não empregar fórmulas se-

cas, de não recorrer á abstração, mas de apresentar

a verdade sob uma fôrma expressiva, com todos os

m
meios fazer amá-la, convidando to-
próprios para

das as artes a servi-la. Por isso os artífices e


que

os sabiam tanto os homens de estu-


pedreiros quanto

do, nos séculos felizes cada um sem


em lia esfor-
que

nesse maravilhoso livro de imagens.


ço,

Não se insistiria, excessivamente sobre ês-


jamais

se fato capital, e é não receiar de ir com Pio


preciso

XI até ao fim. Lemos acima audaciosa afirmação da

-'Para
enciclica miras instruir o nas
Quas (2). povo

cousas da fé reservar-lhe assim as alegrias interiores


e

da vida, nada maior do as celebra-


eficácia
possue que

anuais dos santos mistérios, maior ainda do


ções que

Cultus n.# 2)
(1) Divini (Documento

n.° l.|
(2) Documento
206 A ORDEM

magistério eclesiástico, mesmo


a dos documentos do

os mais sérios".

"Realmente

estes não
E eis aqui o comentário:

minoria de homens
influenciam senão uma


aquelas atin-
os mais instruidos ao
passo que

não se fazem ouvir senão uma


todos os fieis; estes
gem

voz cada ano, e de certo


aquelas levantam uma
vez, e

estes á in-
continuamente; falam
modo, principalmente

agem sobre o homem todo, espirito


teligencia, e aquelas

corpo e alma o homem


Ora, dotado de
e coração. pre-

em sua emotividade
cisa ser também impressionado

dos dias de festas:


solenidades exteriores graças
pelas

dos ritos sagrados, a doutri-


á beleza e á diversidade

ate transfor-
na divina nele
penetrará profundamente,

seiva e em seu sangue, cujas


mar-se em sua
própria ^

na vida espiritual.
energias o farão
progredir
_

aqui descreve é o método liturgico


O o Papa
que

cuja imensa superioridade sobre


de instrução religiosa,

não hesita em Antes de tu-


outro,
proclamar.

capaz de atingir todos os fiéis.


o é o
Sualquer mais e
popular

indicado um dos critérios da autentica


Eis aqui prega-

estabelecendo o
cristã. O
protestantismo, principio
ção

criou uma religião intelectuais


do livro exame,
para

o fiel não é nem exegeta


e
privilegiados, pois povo

não deseja raciocinar, incapaz como o


nem teológo,

de deduções abstratas e de crítica histórica: escla-


é

rece-se á luz da fé, como disse Cristo, se esconde


que

e dos sábios, mas Deus revela aos


dos
prudentes que

O método simples e concreto da liturgia,


pequeninos.

vulgarizando os mais solenes ensinamentos do magis-

é, católico. E
terio eclesiástico,
pois, profundamente

ele ainda, diz o Papa, maravilhosamente eficaz


por-

repetição. Em vez de se fazer ouvir


que procede por
"levanta

única vez, a liturgia a sua voz cada ano"


uma

lhe repete as afirmações,


no ciclo
que pacientemente


entusiásticos, os avisos as
os louvores Que
prescrições.

pedagogia penetrante!

Enfim esse método é soberano envolve


porque

uma delicadeza di-


o homem todo. Com
psicológica,

o Papa observa sendo o homem


de admiração,
que,
gna

corpo e alma, não ser influ-


um composto de
pôde

SETEMBRO
1938
207

enciado
profundamente aquilo
por só age sobre
^ que

seu espirito. O visivel,


contrario, o
pelo inpressiona lo-

beleza, e diversidade.
go pela pela Graças a esses

atrativos sensíveis, eis a doutrina


que divina,
pelos

seus ritos e orações


penetra-lhe a até
pouco
pouco

o mais intimo do ser. Tendo se apoderado


assim do

homem todo, a verdade o domina agora, a


ponto

de a êle se incorporar. Torna-se assim, diz o Papa,

como a seiva e o sangue da sua vida


que espiritual

cada vez mais vigorosa, cada vez mais fecunda.

Pio XI tudo resumiu e como concentrou,


que
quan-

do da audiência de 12 de dezembro, nessa frase ad-

mirável A liturgia é o mais importante orgão do


(1):

magistério ordinário da Igreja. E acrescentava estas

acabam de colocar a liturgia no seu ver-


que

adeiro
Salavras lugar, entre os loca theologica. A liturgia

não é a didascália de tal ou tal, mas a didascália da

Igreja.

A essa autoridade sem igual e essencialmente re-

ligiosa deve corresponder necessariamente um valor

intrínseco oração
essa tão excecional, se
pelo qual

imporá ao espirito. A liturgia uma excelencia in-


possue

terna, cuja razão ultima repousa sôbre isso con-


que,

frariamente a tantas devoções insipidas reinam


que

ainda, e demais, no dominio da é a


devoção, dou-
por

trina robusta e. com vigor sin-


exprime,
plena que

-'Ha
o seu lirismo contemplativo. uma cousa
guiar,

a liturgia nos ensina acima de tudo: o


que que pen-

samento é a base necessaria de toda oração coleti-

va. A liturgia é dominada dogma, toda vivifi-


pelo

cada dogma. não tem ainda a experien-


pelo Quem

cia dessa oração, ás vezes diante de


encontrar-se
julga

fórmulas doutrinárias, tiradas teologia, até o mo-


da

mento interior
em toda de emoção
que percebe plenitude

dessas fórmulas marcantes de arestas vivas. Por exemplo,

as Lá onde
magníficas orações do oficio dos domingos.

o rio abundante riqueza


teológico se lança com mais

é sempre do
amparado e dirigido limpeza
pensa-
pela

mento. breviário entremeados dç


missa e o estão
A

Documento n." 6.
(1)
208 A ORDEM

lições tiradas da Sagrada Escritura e dos Padres, e

sempre de nós um esfôrço de A


exigem
pensamento.

lex orandi é ao mesmo tempo lex credendi. Ai está

todo o tesouro intelectual da revelação/'

Palavras adequadas de R. Guardini nos


(1), que

a compreender toda a extensão dessa frase


ajudam

de Pio XI, rica em sentido Compreende-se então


(2):

os Pontífices romanos aplicaram-se com tanta


por que

solicitude em defender e salvaguardar a liturgia. Da

mesma forma com um cuidado mi-


que procuravam,

nu cioso, exprimir o dogma meio de fórmulas exa-


por

tas, assim também, se esforçavam fixar,


por proteger

e de alteração, as leis sagradas da


preservar qualquer

liturgia. E' evidentemente mesma razão os


pela que

Santos Padres comentaram seus escritos e


pelos pala-

vras a liturgia sagrada lei da oração"), e o


("a que

Concilio de Trento fosse ela exposta e expü-


quis que

cada ao cristão.
povo

Como estranhar o Papa, dar aos


que querendo

congressistas de Gênova diretrizes seguras lhes tenha

"idéia

apontado a liturgia como fundamentar':


primeira

reproduzir, na oração, segundo as formas sábias e

esplendidas, estabelecidas regras liturgicas, o do-


pelas

católico e a vida de Cristo.


gma

"idéia

Acrescentava ele como segunda fundamen-

tal": unir mais estreita e concientemente a alma do

fiel á hierarquia sacerdotal da Igreja em oração. For-

mula de alcance e mais digna ainda de


profundo

ser meditada, do a 1
que primeira

E' claro a missão de ensinar não é o objetivo


que

máximo e da liturgia. E' ela culto divino,


principal

ao mesmo tempo oração e mistério Em


que (3). que

espirito devemos entendê-la, dizem-no insistentemente

as diretrizes de Pio XI, como o veremos mais adiante.

de - - -
L'Esprit la liturgie Plon 1930 105
(1) Em pg.

- -
107

n.° 2
(2) Documento

esse duplo carater ver: La liturgie soutien de


(3) Sobre

la vie morale, em Cours et Confér. des Sem. liturg. Vol X,

- Mont-César.)
111 112.
pg. (Louvain,
SETEMBRO —
1938
209

Mas^ acjui, era indicar


preciso numa
concisa
palavra

o
principio tudo. E', í'a
que governa diz o Papa, união

a hierarquia sacerdotal".

Procurara descrevera
cm Divini
ja cultus^ citan-

do uni antigo documento


em cjue a igreja romana se

exprimia com autoridade • -Quando



os chefes das sa~

reuniões desempenham
gradas as suas funções
em vir-

tude do mandato receberam, advogam


que a causa do

humano diante da clemencia divina,


gênero e com eles

reza e implora a Igreja toda, unindo-lhes


aos
gemidos,

os seus
próprios".

Esse texto magnífico emana de São Próspero, então

secretário do Papa São Leão. Desde o fim do Século

V a coleção o continha, anexada ás cartas


que de São

Celestino, era citada como oficial um dos sucesores


por

do São Leão. Põe em luz o


proprio hie-
plena principio

"os
rárquico. Os sacerdotes aí são apresentados como

chefes das assembleias sagradas", tendo recebido man-

dato, rezando e implorando


em nome de todos, a Igre-

"causa

inteira a eles unida,


ja essa do huma-
por gênero

no" advogam diante da clemencia divina!" E'


que re-

almente de Cristo nosso sacerdote nos vem toda


que

mas o seu sacerdócio foi


graça, confiado e se exerce

visivelmente Igreja. Tal é a estrutura hierár-


pela

em virtude da a igreja realiza os


quica (1)
qual

seus atos do culto, celebra mais


a sua liturgia, cuja

alta missão, nos seus atos mais sagrados, é operar

"Por

a união divina: ela somos elevados até Deus e

a Ele -'Igreja
somos unidos" Eis aí a em oração"
(2).

de falam tão seriamente as diretrizes


que pontificiais.

* * *

Relembram elas a doutrina, mas visam a ação,


para
^

defini-la o
e lhe dar as suas normas. Primeiro, Papa

-
reconhece nome.
o movimento liturgico a cousa e o

"que
-
Louva-o e Disse-o clara-
ele
quer progrida".

em evidenpia Dom K. Beau-


(1) Perfeitamente posta por

duin, no seu opu^culo: Vida liturgica portuguesa)


(tradução

desde
a sua
primeira página.

n.° 2)
(2) Divini Cultus
(Documento
110 A ORDEM

mente na sua carta ao congresso de Gênova. Para

ele reivindica mesmo a iniciativa da Santa Sé romana.

-'Não
ha nada de novo no de orientar a
propósito

dos fiéis melhor compreeensão da oração


piedade para

oficial da Igreja, e num tão


maior participação
para

rico tesouro espiritual: a do saudoso Pio X abriu


palavra

e traçou nesse sentido um caminho seguro e fecundo".

Foi no seu Motu de 22 de Novembro


proprio

de 1903, Pio X abriu o caminho ia abraçar o


que que

nosso movimento. Sua mão energica uma restaura-


queria

-'reconquistar"
Tratava-se de os fiéis. Hoje ainda é
ção.
"reacender

necessário, diz Pio XI, vivamente o amor

liturgia sacra" Saúda ele antecipadamente


pela (1).

"essa

volta não está longe, da família


que já grande

católica a essa toda animada de amor e


participação

de compreensão, na liturgia sacra da Igreja Tudo


(2).

isso é muito explicito, tudo declara houve desvio,


que

sono, afastamento, a a familia


pouco pouco grande

católica foi desprezando o deve hoje reconquistar.


que

Trata-se de uma restauração. E' esta tão neces-


pois,

sária e tão séria o Santo Padre se dignou me di-


que

zer, em Dezembro de 1935 trabalhar essa


(3), que para
"uma
"gran-

reforma é cousa muito importante", uma

-'optima
de obra", a Seria não tê-la compre-
pars".

endido de forma alguma, o considerá-la como sendo

apenas uma obra complementar. dizer dos


Que que,

se de tudo vai muito


preguiçosamente, persuadem que

bem e não ha em suma nada a mudar ? O


que
pro-

desse trabalho ? Pio XI o enunciou diversas vezes.


grama

Sua carta ao congresso de Gênova o resume com


per-

feita clareza. Fazer voltem os fiéis a uma me-


que (Io)

lhor compreensão da oração oficial da igreja e


(2o)

a uma maior num tão rico tesouro espi-


participaçao

ritual. Instruir e fazer Será res-


pois praticar. preciso
''um

taurar diz ele, conhecimento cheio de amor da lin-

''uma

materna da Igreja orante e


gua (4) participa-

ao Congresso de Gênova
(1) Carta n.8 3)
(Documento

ao Padre Gemelli 11.® 5)


(2) Carta (Documento

n.° 6)
(3) (Documento

n.° 4)
(4) (Documento

SETEMBRO
1938
211

toda animada de amor


ção e de compreensão
na litur-

sacra da Igreja
gia
(1)".

E' essa a verdadeira


sabedoria.
Aí está a expe-

riencia o atesta.
que Induzi-los
á
sem lhes dar
pratica

a verdadeira compreensão,
sem lhes
explicar
paciente-

mente, sem instrui-los


e educá-los,
seria construir

sobre areia. De outro lado não seria


vias academi-
por

cas se eficientemente,
que procederá mas fazendo agir:

inteligente
participaçao eis o método
eficiente.
An-

tes de tudo a reforma


porem, deve ser animada
por
-
um espirito o verdadeiro
espirito liturgico.
Pio XI

insiste "im-
nesse
evoca os cristãos
ponto: de outróra

buidos do zelo
pela e espirito
pelo liturgico,
^
piedade

studio ac liturgiae
pietatis spiritu imbuti,
e de-

clara
sob a influencia de
que Pio X, o
cristão
povo

recomeçou a ativamente nos


participar mistérios, á

medida
se tornava mais
que compenetrado
pelo senso

liturgico, liturgico sensu altius imbutus".


Sem o espi-

rito, -'E'
tudo seria vão. o espirito é importante".
que
(2)

dizer ? De é feita essa cousa


Que impalpá-
que

vel se chama um espirito ? 0


que espirito da litur-
#

é feito antes de tudo,


gia de um respeito religioso da

tradiçao, da continuidade cristã. Por isso a verdadeira

ação liturgica deverá, diz o Papa fortificar a ideli-


(3):

dade tanto do espirito religioso da á


quanto prática,

nobre e secular tradição do culto eclesiástico.

O espirito da liturgia deve ser sobretudo,


porém,

e ainda mais -'o


espirito da Igreja em
profundamente

oração", no sentido acima explanado. A fé na Igreja

é a alma do movimento liturgico. 0 em ultima a-


que

nalise,
infundir novamente nos fiéis, é essa
procuramos

adesão integral á
e viva Igreja, esposa e corpo misti-

co de Cristo, mãe de os
todos cristãos, rezando
pelos

seus filhos e com eles conduzindo-os seus sacra-


pelos

mentos ao Pai comum. Isso implica a convicção do

valor soberano transcendente religiosos


e dos atos
pres-

critos isto é, as-


Igreja e ela realizados,
pela por pela

ao Padre Gemelli n.° 5)


(1) Carta (Documento

n.° 6)
(2) (Documento

ao de Gênova n.° 3)
congresso
(3) Carta (Documento
212 A ORDEM

unida á hirerarquia. Pensando como o


sembleia cristã,

não ser mais explicito


seu Pio XI
(1).
predecessor, poderia

no sagrado aí hau-
Os fiéis se reúnem lugar
para

fonte tomando
rir a como em sua
principal,
piedade

mistérios da Igreja e
uma ativa nos veneráveis
parte

Daí um diretor
nas orações e solenes.
principio
publicas

necessário, est,
absoluto: E' absolutamente
pernecesse

de estranhos ou de
os fiéis não tenham atitude
que

espectadores silenciosos.

Não ter a atitude de estranhos,


porque
podem

da Igreja em oração;
não são estranhos, mas membros

atores. Não assistem aos mis-


não são espectadores mas

Formam, diz Pio XI,


terios, mas neles tomam
parte.
"a

-um é
coro imenso", familia católica", e
grande

se reúnem em
sob esse titulo formal é
preciso que

assembléia, um ato é essencialmente


para que

comum coletivo, sob a direção da Igreja. E o Papa,


e

numa frase é talvez a mais bela tenha es-


(2) que que

crito sobre o assunto, mostra essa mãe esforçando-se

nos conduzir á fonte da vida educar seus


por para

filhos, em torno do altar, simbolo de Cris-


grupando-os

to, fundir-lhes as almas asssim como as vo-


procurando

zes, na caridade e na unidade, meio da tocante


por

celebração dos santos mistérios.

? * *

O aponta o escopo indica também os


piloto que


escolhos. Não são ilusórios e a ação liturgica seu
para

os tem, ás vezes, encontrado.


grande prejuízo

Eis aqui as indicações de Pio XI aos congressis-

"Io.

tas de Gênova. O rito liturgico não tem em si o

seu fim, mas é antes um meio


próprio para glorificar

a Deus e santificar as almas".

Principio de razão, de discrição, inimigo de um fana-

tismo impaciente ou mesquinho, regulador da


prática.

-'2o.
Os meios oportunos esse fim não consistem em
para

-
Cultus Comparar com as correspon-
(1) Divini palavras
"0,s

de Pio X: Heis se reúnem aí


pondentes precisamente para

haurir egse espirito em sua fonte


(verdadeiro) (cristão) primor-

dial e indispensável: a ativa nos mistérios sacrosantos


participação

e na oração e solene da Igreja".


publica

ao congresso de Gênova n° 3).


(2) Carta (Dqcumento

SETEMBRO
1938
213

matéria tão essencialmente


eclésiastica,
afim de dis-

cernir as restaurações
desejáveis
possíveis, e oportunas

do seria fantasia, singularidade


e arbitrariedade.

-
3o- Longe de
as formas
prescrever de
piedade,

quer privada admitidas


quer popular, e recomendadas

Igreja, fortificar a fidelidade... á


pela tradição do culto

eclesiástico Principio de disciplina


(1). e regra de ouro.

E' absurdo e imprudente


o
prescrever é admitido
que

Igreja, mas sobretudo é mister


pela antes cons-
querer

truir do destruir, antes fazer amar o


que é substan-
que

ciai e magnífico do desacreditar o é menos


que bom;
que

diante da verdade apresentada com todo o seu valor,

o deve ceder, cederá necessáriamente.


que A absoluta

fidelidade a essas diretrizes é seguro e condição


penhor

do sucesso da obra. Pio XI aliás não com


pretende

essas canonizar tudo o se faz e


palavras
que justifi-

car uma
existente E' reler
prática qualquer. preciso

sôbre isso a audiência de 12 de dezembro. Nela o

Santo Padre revela-nos, todo o seu


parece-me, pen-

samento. Admirar-lhe-emos a riqueza e como a sua

e condescendencia, inspiradas na mais


prudência
pura

e terna caridade de Cristo, aí se aliam á


paciente

do congresso.
preocupação

-'não
O Papa aí repete o ê
principio que preciso
^

o a igreja consente em aceitar em matéria


que

Sroibir
e oração". Mas de dizer acei-
acabava a Igreja
que

-'modos
ta de muito deficientes muito
rezar são e
que

imperfeitos", -'por
e a sua largueza é vezes in-
que

teiramente surpreendente". Nesse momento, como fi-

zesse eu um Pio acrescentou com vi-


de surpreza, XI
gesto

''assim

vacidade: não ter medo de


mesmo, é
preciso

das oraçpes não é o das devoções


0 caso
(1) privadas, po-

"Espirito
a
No da liturgia'Guardini tende demais
pulares. por

em
confundidas Liturgique et non liturgique,
o artigo:
(Ver

I. 7) A oração não só é excelente


P. XV, 1930,
Q. p. privada

e aconselhável, Mr. Kerkhofs falou com autor1"


mas necessária.

dade oração liturgica em Cours et


de suas relaçSes com a

- á
fér. 1,27 147. devo-
des. Sem. liturg. Vol. X, Quanto
p.

muitas vezes
freqüentemente imperfeita,
ção popular perpetua

também, e encantadores seria deplorável


usos deliciosos que

eliminar-se!
214 A ORDEM

reconhecê-lo, é a realidade". Foi então


porque que

essas de bondade, em se
pronumciou palavras que

revelava o seu coração de e de


pai pastor.

Ela as aceita tem da fraqueza


porque piedade

-'que
dos homens: seja assim, diz ela; não
já que podeis

rezar de outra forma, rezai assim mesmo, contanto

rezeis verdadeiramente".
que

E' animar e respeitar todo coração sincero


preciso

ora verdadeiramente diante de Deusl No entanto


que

tudo não se resume em condescendência: com


para

todas as almas a Igreja é devedora da verdade. Eis

a todas, oferece o exemplo da sua oração.


Quan-

o se
Sorque saber como ela entende a oração então é
quer

outra cousa e é á liturgia se deve recorrer. E


que

é isso a mesma caridade de Cristo, con-


por que que

vidava a não arrancar duma alma a oração mesmo

muito deficiente, trabalhará agora ajudando-a com ca-

rinho a orar melhor: E' diz o Papa educar


preciso, pou-

co a e ensinar os fiéis a rezar como ela. Re-


pouco

zar como a Igreja! Fórmula discreta e firme.

* * *

Os trabalham ação liturgica têm dora-


que pela

vante diante dos olhos as leis e o espirito de seu tra-

balho, êles determinadas senhor da obra.


para
pelo

Todos nós lhe somos


E é
profundamente gratos. gran-

de a nossa alegria ao verificar o tínhamos


que que já

começado a construir corresponde tão a es-


^ plenamente

sas diretrizes. Sua Santidade louva a obra realizada.

Atesta-lhe altamente -'para


o valor uma segura e
per-

feita formação^ cristã, e mais sólido alimento


para

da fé e da
em todas as condições da vida"
piedade,

-'tomar
Deseja vê-la um
(1). novo impulso", convida

"
"
a levar mais longe o trabalho começado
(2),
"continuar

a nossa obra"
grande (3). Que poderíamos

desejar a mais ? Não é essa voz imperativa de


e cheia

espera vamos: Duc in


promessas altum!?
que

ao P. Gemelli n.® 5)
(1) Carta (Documento

ao congresso de Gênova
(2) Carta n.° 6)
(Documento

de 12 de dezembro n.°
(3) Audiência 6)
(Documento
A crise das vocações e o dever dos

leigos no Brasil

oaquim de Sales
J

A crise das vocações eclesiásticas não é de nossos

dias. Ela é contemporânea de Nosso Senhor em


que,

muitos de seus discursos aos Apostolos e ás


passos

multidões O seguiam, se amargamente


que já queixava

da falta de operários realizar a messe abundante


para

da conquista das almas, Messis multa, ope-


quidem

rarii autem No da salvação o homem


pauci... plano

entra cono elemento necessário, si a redenção


porque

é o fruto da nada a sem a vontade e


graça, pode graça

a cooperação de a e a recebe. Para


quem pede quem

a colaboração dos homens na sua salvação é


própria

entra a ação do como e repre-


que padre procurador

sentante autentico de Cristo. E se desdobrava


quando

-
deante dos olhos do Homem Deus o imenso
panora-

ma das almas a serem redimidas, é ele lamentava


que

a de seus diretos cooperadores no complemento da


falta

obra culminou no cimo do Calvario.


que

Apostolos no tempo
E houve tão
porque poucos

os de hoje
de e tão são
padres pora
Jesus poucos

tão numero de
socorrerem espiritualmente um
grande

Nosso Senhor traçou


almas ? Porque o
programa que

e difundir os
se conservar
para quantos proponham

diariamene, sôbre a
divinos e renovar
ensinamentos

não senão se-


ara o Sacrifício da Cruz,
sagrada, pode

a
verdadeiramente eleitas, gran-
duzir as almas pois

a das
deza Sacerdotal corresponde grandeza
da missão

a carac-
constituem
abnegações e renuncias
que

de Cns~
dos ministros
terislica o mistério
e
grâiidc

Israel, as multi-
terras de
to Percorrendo as
Jesus.

Elas testemu-
de David.
dões o Filho
acompanham

d Aquele Quc
nharam milagres P^~
os estupendos

o aplaudiram e lhe
o bem, elas
sou a vida espalhando

do mais alto
em transportes
entoaram hosanas,

a hora
se aproximava
regosijo mas
coletivo; quando
216
A ORDEM

de elevar-se o Filho do homen ao Trono do Pai Ce-

leste, conseguiu reunir


quantos Jesus para perpe-

tuarem a obra da salvação do mundo ?!

Foi Nosso Senhor mesmo instituiu o


quem pri-

meiro seminário de entre o numero imenso dos


padres

O acompanhavam de dia e de noite, toda


que a
por

entretanto, aceitaram a vida


parte. Quantos, sacer-

dotal lhes descrevia o Senhor ? Muitos o aban-


que

donaram -'estranha
achando sua Durus est
palavra":

hic ser mo... E tal lhe a debandada o


pareceu
que

Cristo a seus Apostolos


próprio se também
perguntou

eles O iam deixar, ao Pedro, em nome de todos,


que
"Senhor,

contestou: si Vos deixarmos, onde ire-


para

mos ?".. Os apostolos,


eram doze apenas. E na
porém,

sementeira organisada
grande Nosso Senhor, Ele
por

e recrutar um numero
pensava maior de co-
queria

laboradores da Redenção. Poucos todavia, foram os

até o fim, apezar


perseveraram do chamamento

2ue
ivino, não basta o chamamento ou
pois a vocação,
_

é mister a após o longo noviciado


^investidura prepara-

torio da missão sacerdotal. Multi vocati


vero
^ pauci

electi*** Estas
do Salvador
palavras encerravam a

um tempo uma
verdade e uma dôr
grande
profunda,

a calamidade de falta de vocações


pois não era só

de seu tempo, mas se haveria de reproduzir


pelos séculos

em fóra.

Em vão Nosso Senhor cumulava de benefícios

C) acompanhavam.
quantos Em vão realisava os maio-

res deante daqueles olhos


prodigios atonitos de homens

de fé e de
pouca nenhuma compreensão.
quasi Mas o

Cristo nao iludia aqueles a


trans-
quem queria

mitir o
recebera
poder que do Pae. O Ele
que

oferecia a seus ministros


era o campo vasto da con-

uista de almas, ás
se deveriam
quais dedicar,
^ pondo

e lado seus interesses


proprios e suas afeições mais

caras. Ele os convocou


Quando não lhes
prometeu

nesta vida não


(onde temos
cidadania
permanente,

mas aquela ha de vir) nem


que descanso nem
gosos.

Entrai
estreita, larga
pela porta é a e es-
pois
porta

o caminho conduz
paçoso á
que e não
perdição pou-

cos são os ela enveredam.


que por

SETEMBRO 1938
217

Os ministros do Senhor não são os dão dente


que por

dente e olho olho mas aqueles recebendo


por
que

uma bofetada sobre a face direita oferecem a outra

se sacie a fúria de seu batedor. Não são aqueles


para que

reclamam se lhes furtam as vestes, mas


quando
que

os cima, oferecem o manto ao ladrão Não


quaes por

os amam os não lhes fazem mal


são e odeiam
que que

o inimigo, mas aqueles amam os os odeiam, re-


que que

tribuem com o bem o mal lhes é feito e resam


que

os e caluniam, afim de
pelos que perseguem que pos-

sam, esta forma, ser chamados filhos do Pai


por

está nos Céus, o faz luzir o sol assim


que Qual para

os bons, como os maus e chover e


para para justos pe-

cadores. E o bem fizeram os de Nosso


que padres

Senhor não é os louvem turbas, sua


para que porque

única recompensa é a lhes ha de vir do Pai


que que

no Céu; e nem hão de trombetear seu atos de bon-


está

mas tudo farão em intenção A'que-


dade e
piedade,

as almas e os corações e tudo conhece,


le
que penetra

a da sua e miseri-
a tudo aplicando sanção
justiça

cordia.

seja desprendido dos


E' necessário o
que padre

sujeitos á ação da fer-


bens terrenos, estes estão
pois

Eles hão de
rugem dos vermes tudo destroem.
e
que

não ha vermes nem fer-


o céu onde
entesourar
para

lá onde
o do só deve estar
rugem, tesouro
pois padre

se identifique
o coração. E' mister
estiver seu
que

é o ministro
o o Senhor de
com Quem
Jesus
padre

servir a dois
excelencia. Ninguém
e o servo pode
por

vidas antagônicas;
estes vivem
senhores
,
quando

um
e o outro a imundicie;
um é a quando
quando pureza

a salvação e
um é
é a o outro a treva;
luz e
quando

e ao di-
-'Não a Deus
o servir
outro a ruina.
podeis

tempo .
nheiro ao mesmo

Nao deve
mesma,
ha. de ser a abnegaçao
O
padre

-
Os
a sua subsistência. pas-
com
preocupar-se própria

e vosso Pai
e nem colhem
saros do céu não semeiam

os
valem mais
os nutre. E não que passa-
Celeste

o vos
-'Porque com
vos inquietais que
ros ?" também
^

os lirios do vale.
como crescem
haveis de vestir? Olhai
218 A ORDEM

Não trabalham nem fiam... E no entanto vos

digo Salomão,
em todo o seu esplendor
que nun-

"Não
ca se vestiu como um só desses lirios..."

vos inquieteis,
com o
portanto, de beber,
que .haveis

com o haveis de comer, com o


que haveis
que

de cobrir-vos. Procurai o reino de


primeiro Deus

e sua e todas
justiça estas coisas vos serão dadas

de Para renovar diariamente,


quebra/' sobre o altar

o drama da Redenção, é mister fazer todos os sacri-

ficios: ir, vender tudo, distribuir com os necessitados

e depois seguir a Não basta observar


Jesus. e
pura

simplesmente o mandamento.
E' ainda renun-
preciso

ciar os mesmo legítimos, dos


gosos, sentidos, afim

de servir a Deus e o
com mais eficiencia
próximo e li-

berdade.

Nosso Senhor expoz, em todas as circuns-


quais

tancias de sua vida


as condições
publica, de sofrimen-

tos e renuncias
sem as (juais não ê aos minis-
possivel

tros manterem
e continuarem a obra divina da re-

denção humana através dos séculos. O Ele lhes


que

foi,
prometeu a existencia
portanto, dura, foram in-

as
gratidões, a chacota,
perseguições, a injustiça, o

desprezo,
e a maldade
dos homens contra aaueles
oue

vão realisando o bem no mundo.


Nosso Senhor salia

esse
quanto devia aterrar
programa e afastar
grande

numero de candidatos,
multi vocati,
vero electi.
pauci

Dentre aqueles
o seguiam,
que dominados
sua dou-
pela

tnna,
seus milagres
pelos e seus exemplos,
pelos mui-

o
seriam os
poucos escolhidos, os
se ajustariam
que

a vida de abnegaçõos
e de sacrifícios de toda especie e

de todos os momentos.

* * *

Os bispos de nossos
dias igualmente
cada vez mais

lamentam a escassez das


vocações,
mesmo naqueles

onde a missão
países sacerdotal
não
exige tão radicais

abandonos.

Ha alguns anos
passados ainda
quando era bispo

de Corumbá, D. Maurício,
hoje
chefe da diocesse de

Bragança,
em S. Paulo, ouvi dos
lábios do
próprios

virtuoso ilustre
e
a rapida
prelado descrição
do era
que

a sua vasta
espiritual.
jurisdição Dois
apenasl
padres

SETEMBRO
1938
219

Um octogenário, mal se mantendo nas


descar-
pernas

nadas. O outro, ainda mais,


porém, tuberculoso
em 3o

o ao menor sereno, sofria acessos


grau, qual de hemo-

abundantes e alarmantes. 0 único


sacerdote vá-
ptisis

de uma diocesse mais vasta


lido muitos
que eu-
países

ropeus era o 1... Ouvindo as


próprio prelado suas
pala-

vras o meu desejo foi sair ruas a correr concla-


pelas

mando operários a vinha do Senhor


para e recrutando

voluntários as milicias
inexistentes
para praticamente

do Cristo naquela imensa região do Brasil.

Padres, não se improvisam. Hoje


porém, em dia,

mais do nunca é mister eles sejam a luz do


que que

mundo e o sol da terra. E como essa luz não é nati-

va o sol não se forma


e espontanea antes
por geração

de receber o oleo santo, é necessário um largo tirocinio

de estudos e exercicios de o sacerdote


piedade para que

desempenhar com a missão sacrosanta de


possa proveito que

Deus o investe a salvação das almas. A' escassez de


para pa-

dres é indispensável remedio energico a


que propine

cooperação dos católicos mal esclarecidos e entendidos

em assuntos da doutrina cristã.

* * *

Católica não se exerce da mesma forma em


A Ação

os A Ação Católica, sendo a mesma


todos por
países.

dos mesmos ins-


toda a não lança mão todavia,
parte,

da terra. Ela está su-


trumentos em todos os ângulos

oportunidades e ás exigen-
bordinada á contigencia das

suas diferentes manifestações.


cias do meio, em

na
da mesma forma
Será a Ação Católica
praticada

Suissa ? Sera
como na
Espanha convulsionada, pacata

na Ingla-
como ha de ser
ela desenvolvida na França,

nos
na Polonia, na Rumania,
terra, na Itaiia, na Suécia,

No
ou na China?
no Brasil, no
Estados Unidos, Japão,

as
segundo
variar tais
Brasil devem
processos
proprio

da Ação Cato-
os métodos
diocesses. Não é
possivel que

com
no Rio de
lica aqui Janeiro,
sejam empregados

o fos-
de desejar
cerca como seria que
de 200
padres,

Goiaz ou Corumbá.
sem no Amazonas, em

e extensissimos, priva-
Nesses lugares afastados
^e

da Ação Cato-
aos menbros
dos de ministros da Igreja,
220 A ORDEM

lica cumpre desenvolverem uma missão mais


positiva

auxiliando os bispos e os na administra-


padres própria

dos sacramentos. Assim,


ção os católi-
portanto, poderiam

cos mais instruidos batisar as crianças, anotando em livros

os nomes do novo cristão


próprios e sua filiação e
padri-

nhos. Poderiam igalmente substituir a dos sacer-


presença

dotes nos casamentos religiosos, consignando também em li-

vros
e autenticando os nomes dos nubentes,
próprios na

filiação e os nomes das testemunhas desse sacramen-


grande

to. Também é mistér assistir, nos uitimos momentos,


aos

moribundos,
confortando-os com exortações adequadas

de resignação -'Cavalheiro
e O
sem medo
piedade. e

sem mancha", na hora extrema na


e ausência de um

não se confessou
padre ao seu escudeiro? Não
pre-

tendia de certo receber, com tal confissão, o sacramen-

to da
mas um
penitencia, ato
praticar de
publico

humildade e excitar-se essa forma a uma


por contrição

perfeita.

Imitemos os filhos dos homens... Eles organisam

caravanas
de
propaganda e comercial.
política Também

os católicos deveriam reunir-se e sair nossos ser-


pelos

toes, onde nunca


por ou raramente
passou um
passou

afim de
padre, levarem até aos mais afastados rincões

do Brasil a
de Deus, diretamente
palavra autorisados

bispos. Os bispos
pelos organisar
podem os missionários

leigos mcumbindo-os
de difundir a doutrina
lá onde

na° houver sacerdotes. Enquanto


estes não aparecem,

os leigos terão desbravado


os caminhos
emaranhados

a ignorancia,
facilitando
consideravelmente
a obra fu-

tura do na sua
padre sagrada missão de atar e desatar,

e ouvir e
em nome do
perdoar,
recebeu de
poder que

Deus mãos sagradas de


pelas seus bispos.
Nós somos

mais de 50.000.000 de almas.


Quantos ha no Bra-
padres

sil atender ás necessidades


para espirituais
de tantas

almas /!...

* * *

Ponho-me algumas vezes a


pensar si neste vas-
que

o império do Brasil alguma Ordem


deve ser fundada,

e a dos Cooperadores dos Templos


Desertos, a Guarda

Hierarquia
Eclesiástica, -'Padres"
os
Leigos, os

Missionários de calças,
jaqueta e
gravata...
Modernismo
senil

"L/intelligence

est au-dessus
du iemps.

"Le
Maritain,
J* Docteur
Angelique").

Padre Leopoldo
Aires

numero 4 da -"Diretrizes",
0 revista
se
que publi-

ca nesta capital, trouxe um artigo, no


é atacada
qual

a recente remodelação da Universidade do Distrito Fe-

deral.^ E' de tal modo dogmático o entono com aí


que

o articulista assevéra umas tantas cousas,


que julguei,

muito timidamente, dever opor-lhe o meu livre


pensa-

mento... Começa o articulista emitir o seu conceito


por

sobre o da universidade moderna,


papel em seguida
para

afirmar a do Distrito Federal, tal como foi ide-


que

ada e criada, correspondeu aquele se limita


papel, que

-preparar
a técnicos, isto é, dotadas de sufi-
pessoas

ciente base teórica e de familiaridade com os aspétos

dos Ora, ao articulista


práticos problemas". quem

vai demonstrar a Universidade não foi ideada e cri-


que

ada exclusivamente formar técnicos, é o


para proprio

ideador e criador dela, em cujo discurso inaugural se

"A

acha o seguinte: função da Universidade é uma fun-

única e exclusiva Não se trata somente de


ção pre-

de oficios ou de artes...
ou
parar práticos profissionais

Trata-se uma de saber saber


de manter atmosfera
pelo

se o o serve e o desenvolve...
homem
para preparar que

de ciências, uma
Uma escola de educação, uma escola
^

o objetivo desinte-
escola de filosofia e letras... com

ser de-
ressado de cultura, não
é meu) podem
(o grifo

mais no
paiz".

mesmo no
Está aí, não foi apenas o tecnicismo,

foi o cul-
sentido mas também
de técnicas superiores,

em si
intelectual
turalismo considera a cultura
(que

mesma, um dos ideais


como fim ultimo) primitivamente

deve-se o
assinados Ao naturalismo
á Universidade.

dissociando-
erro os valores relativos,
de autonomizar

dentre os
os do o mais fundamental
espiritual, é
que

valores naturalista,
De inspiração portanto,
humanos.
222
A ORDEM

foi a iniciativa
realizou a instituição
que universita-

na do Distrito Federal.
Procura depois o articulista

salientar o contraste
entre a arquitetura da
primeira

Universidade
e a sua estrutura atual opondo ao ide-

ador daquela, -
homem do seu tempo", o remodelador

de -
agora, representante
entre nós da corrente inte*

lectual no meio do deslumbramento


que da éra nova,

insiste
em aconselhar
o retorno á claridade crepuscular

da vespera medieval". Ha, com efeito, autonomia,


entre

a mentalidade
do
e a do ultimo mentor
primeiro da

Universidade.
Todavia são injustas, a respeito do ulti-

mo, as expressões com se acentuar o con-


que pretende

"ho-
traste. Era -
o -
Reitor o articulista
primeiro
para

mem do seu tempo'',


entre os ideais da
porque Uni-
^

versidade
criou, figurava
que a formação técnica. Âcaso

ela não constitue


porém, objetivo da
já Universidade?

Esse objetivo existiu no


e existe no segundo
primeiro

universitário;
programa tão só, em nenhum deles
pre-

dominou. Na oração inaugural de 1938, o Reitor afirma

estar incorporado á Universidade


esse espirito de traba-

lho,
que a nossa
pretenciosamente, época haver
julga

monopolisado.
Quer-se, entretanto, esse associado ao

espirito de estudo.

Além de assentar no trabalho e no estudo, em dois

outros binomios repousa o sentido civilizador


da Uni-

versidade
do século X, segundo o discurso do Reitor,

"O
o saber e a ação, a tradição
e a invenção.
fim

de uma Universidade
o discurso)
(diz não é apenas a

comunicaçao da^ verdade, mais ainda a sua


em
pesquiza

todos os domínios . Comunicar


a verdade,
^ eis o
que

nao tinha sentido


o ideador da
para Universidade. No

"Não
seu citado discurso,
já está isto:
terá ela Uni°
(a

versidade) nenhuma verdade


a dar a nao ser a única

v^. e^ e a de busca-la
possível que eternamente". Tal

afirmação de ceticismo é a mais desalentadora


confis-

sao de incapacidade nos lábios de um diretor seja de

estudos forem de
e um orientador
que da cultura,
qual-

seja o seu sentido. Entretanto,


quer a acintosa negligen-

cia das disciplinas


metafísicas,
num
dito
programa

universitário,
nao trae o espirito sectarista
já o
que

com isso
planejou, contraditoriamente,
pretendendo, dar

SETEMBRO
1938
223

a verdade de a verdade é incognoscivel


que ou,
pelo

menos, fugidia ao esforço da inteligência


humana ?! Fa-

risaismo da liderdade de
cultural... Mas, a
pesquiza

comunicação da verdade não é o único fim da Univer-

sidade; também é seu fim a


em todos os do-
pesquiza

mmios do saber, e no dominio da experimentação


pois

das técnicas. Não creio vá a simploriedade


proprio do

articulista a de fazer-lhe
ponto o ser alguém
pensar que

católico, obriga á necessária


anti-experimen-
profissão

talista, ou o ser experimentalista algum católico


que

o arrisca com o Santo Oficio...

O da ciência tem multidobrado os seus


progresso
^

variadissimos ramos. E cada vez mais crescente, essa


fragmentação impõe especializações, se vão fechan-


que

do em incomunicáveis. Daí esse fatal


quadros período

todas as novas ciências, a Marafion


para chama
que

-^hiperbólico",
durante o cada ramo de ciência
qual

si o de ser o verdadeiro defi-


pretende para privilégio

nitivo angulo de visão dos fenomenos. E' a hipertro-

fia dos analiticos, se obstinam em no


que permanecer

seu insulamento. Negam-se a colaborar numa


próprio

sintese humana das ciências, fôra necessário


porque

abdicar de de vista eles reputam os ulti-


pontos que

mos critérios do saber. Essa tendencia centrifuga das

ciências do nosso tempo deshumaniza o saber, des-

o homem. Donde nasce a urgência da Uni-


personaliza

versidade sintetizadora dos conhecimentos humanos,

não apenas displicente hospedeira de laboratorios e

de classes. Vale aqui o testemunho de Amiel:


pessoal

em certa Universidade européia os rumos científicos

opostos de mais de uma centena de mestres, ofereceram-lhe

um de reino da confusão... Insistindo em


espetáculo

diz o Reitor a vitalidade do espi-


seus conceitos,
que

necessita não de ciência, como de


rito universitário só

sabedoria, também. Ciência é Sabedoria,


parte
pesquiza.

da luz su-
integrante da ciência, é subir
pesquiza

aos ulti-
das intuições supremas, nos levam
perior que

metafísicos na ordem natural,


mos morais e
principios

ou herdadas, na
ou ás ultimas verdades, conhecidas

o do Reitor
ordem sobrenatural". Entre
pensamento

antecessor, ha, sim,


de então e o de seu imediato perfeita
*
w

224 A
ORDEM '"

solidariedade, homens, ambos, do seu tempo, mas não

escravizados ao ha nele voltados


que perecível,
para

o substrato das cousas. Afirmava o


perene terceiro

"Os
Reitor da Universidade, ao tomar
males
posse: da

hora são, com efeito, numerosos


presente, e
graves;

mas uma atenta diagnose os reduz a um só e único

mal: a falta de cultura ou sabedoria, o importa


que

na m
mais das lesões na vida do
profunda espirito e conse-

abastardamento dos ideais e atos humanos


quente

Os da vida, essenciais e transcendentes,


problemas de

cuja solução dependem os fins últimos


e a nobilita-

do homem são reduzidos a termos de uma


ção simpli-

cidade ingênua Desse banimento


quasi de sabedo-

ria... resulta o triunfo de uma civilisação


mecanica
e

irreligiosa corroi o Brasil litorâneo


que já e ameaça

o cerne cristão da nossa Patria". E o ex-Reitor


qua-

lificava a Universidade desguarnecida de sabedoria


como
'-ficção", "simples

aglomerado de
porque, disiecta

membra".

"Precizamos

escolher entre o século de Tomás de

Aquino e o século futuro", eis uma afirmação


o
que

articulista imediatamente -''Ensinar


liga á seguinte:
as

novas a interpretar
gerações a vida e a conceber o uni-

verso de de vista ficaram muito


pontos que traz

para

na marcha da humanidade, é uma traição aos nossos

dcsccndcntcS; etc. • Conclusão i O tomismo


são
pontos

de vista velhos cujo ensino a -


educação
perverte mo-

do de dizer este lá está no artigo.


que

Para o articulista
com duas
que fulmina-
penadas

tona, sentenciou de efceices e superadas as dou-


ja

trinas do Aquinatense, só é
o movimento,
progresso em

sentido linear, capaz de substituir coisas velhas novas


por

coisas, de oferecer de vista atuais,


pontos na interpre-

tação da vida e do universo. Entre Tomás de Aquino

-
Emstein -
e o articulista
lia o surto
paiavrca das ei-

encias, a imprensa, as novas filosofias, a revolução


fran-

cesa, as reivindicações sociais


barateado
(eufemismo

na designação velada do comunismo), o radio, o avião

e outros modernos ingredientes de refinado sabor ao

doj articulista E'incidir


paladar (1). em confusão
grosseira

SETEMBRO
1938 225

"Sept
Maritain, no seu
escreve J. livro
leçons sur l'être",

a arte do filosofo
misturar com a tarefa do alfaite.

"Le

em outro livro, Docteur


E Angélique", Maritain

^
"julgar

escreve do tomismo, como traje


que
proprio

do século XIII e hoje anacronico


pois e ainda como

o valor de uma metafísica devesse


si ser apreciado em

função do tempo, isso e um modo de


pensar particu-

mente barbaro No
lar daqueles
(sic.) primeiro citados

explana Maritain, com meridiana


livros, clareza, aquilo

no diferem o
á sabedoria o
que progresso peculiar e

da ciência dos fenomenos.


proprio Tomando
progresso

de emprestimo a Grabiel Mareei servindo-se de-


(mas,

"mistério" "pro-

de modo diverso) as
Ias e
palavras

blema", Maritain aplica-as aos dois aspetos ofere-


que

ce toda cientifica. Mistério é o aspe to a


questão que

apresenta seu lado objetivo, na sua reali-


questão pelo

dade extra-mental. Problema é a face exegetica, a ela-

boração das formulas interpretativas. Mistério é a cousa

na sua ontologica. Problema é a medida de


plenitude

a inteligência a apreendeu. Ambos os aspetos


quanto

são indissociáveis, em toda atividade do saber e


pois,

do conhecimento, acha-se em o ser, e


qualquer grau,

aí não o atingir senão através de nossas


poderemos

formas conceituais. Predominará um dos dois aspetos,

segundo a especie do conhecimento. menos on-


Quanto

tologico for o conhecimento, mais aí se acentuará o

"problema".

aspeto E onde for mais opulento o con-

''miste-

teúdo ontologico, aí o aspeto


predominará

Gradualmente, avulta este ultimo, na filosofia na-


rio".

na metafísica, na teologia. A solução das


tural,
ques-

"o

em sem-
tões,
que predomina problema", postula

de modalidades na conceituação do
uma sucessão
pre

nitidamente exprimir tal modo de so-


objeto. Para
que

do conhecimento afim
lução só é
proprio problemático;

demonstra-lo á atividade
de claramente
particular
"As-

emprega a seguinte figura:


fenomenica, Maritain

as es-
sim mudam e se sucedem
paisagens para quem

-'Diretrizes", usa
Ora, o articulista de
tá viajando".

-'Pontos tomis-
de vista
expressão idêntica (o
quasi

na marcha da huma-
mo) ficaram muito traz
já para
que

modo inverso ao de
nidade", mais, de
para proceder
226
A ORDEM

Maritain, isto é, -
no
para generalizar erra
que pois,
-
á filosofia, atividade ontologica, o critério cinematieo

da mutação vertiginosa
dos aspetos defronte á retina do

observador. De sorte
a ciência
que para dos feno-

menos, o
se faz substituição.
progresso
por Onde

o Espeto mistério",
porém, predomina o
progresso es~

ta no^ enriquecimento do saber intuição


ou a-
por

nalogia. Ha aí aprofundamento no amago do obje-

to. A inteligência
mergulha no ser e dele extrai sempre

mais riqueza, sem o esgotar nunca. Tal modo de


progre-

dir, isso não significa


por fluencia, mobilidade,
que em

sucessivos estágios, requer o substrato imóvel de uma

m
trama de
princípios, e robustecido
perpetuado tra-
pela

dição doutrinai -
vivificadora vetera novis augere et

Desorientou-se -
perficere. a inteligência
moderna
diz

-
Maritain depois
Descartes, negando
que a teologia,

e Kant, negando
a metafísica, a deixaram, indigente de

forças, nas mãos do empirismo. E desde então, cada

vez mais a tortura uma sede de sabedoria, cuja fonte

entretanto, nao redescobrirá,


emquanto
em de-
persistir

sespiritualizar
o conhecimento,
incapacitando-o
o
para

mistério ontologico
e buscando deformá-lo
na subordi-

evolução fenomenica.
i A moderna re-

vivecencia do tomismo e indice desse longo deses-

de tantos
perar, séculos.
Chama o Padre Webert,
J.

"...uma
esja ar^en^e aspiração á tranqüilidade,

i ~

revelação das necessidades


da inteligência
profundas

moderna. Depois de tantos avatares, de tantas desi-

luzões. sucessivamente
relegados,
a" inteligência
moder-

na acha-se sedenta de um
pensamento substancial e

construtor .

também é S. Tomás. Mas a sua


•j moder-
^°^e™o
nidade e diversa da hoje se instaura
que com critério

de valor. A de Santo Tomas


do seu labor
procede

de
da verdade.
perquinção E' assim acidental. A dos

™oder no» constitue o oujeto lormal de suas


pesquizas.

E o moderno
pois si mesmo.
por Daí o furor depre-

dativo com se investe


que contra o seja tradicio-
que

nal,
velho. Daí,
passado, estas declarações vacuas

em torno do otimismo
moderno,
exalçado num con-

fronto é
que pejorativo as cousas
para e as doutrinas
SETEMBRO —
1938
227

^ ' ignorancia
geral em filo-
#•

sofia, essa mísera inopia mental, toda arreada


de artifícios

verbais, com cjue mal se disfârçâin


os ocios dâ
pregui-

de e se caricaturam
pensar, uns arroubos
ça de devoção

deante da ciência deifiçada....

A recente remodelação
da Universidade
do Distri-

to Federal constitue, na opinião do articulista,


ameaça
"anacronismo
"com-
de um cultural". E todos os
que

mungam as idéias" do Reitor sonham com essa volta

ao Tome a um
passado. sociologo moderno:
palavra
"O

devemos sem reserva


que preliminarmente admitir

no acabamos de examinar idade


periodo que média)
(a

é a sua fecundidade admiravel no tocante á organiza-

escolar. Foi realmente aí


ção se constituiu, e
que

com todas as suas o mais


quasi e mais
peças, poderoso

completo organismo escolar a Historia vio.


que jamais

Nunca decerto, os homens tiveram da instrução e de

seu valor moral idéia mais alta. E não é de duvidar

haja nessa concepção cultura lógica como elemento


(a

de cultura moral) algo de muito mais fecundo do


que

na doutrina contraria, a dissociar, mais


qual pretende

ou menos completamente, dois


esses aspetos da vida

humana". tal elogio escreveu da idade média


Quem

tenho certeza de não comunga as idéias anacroni-


que

cas do Reitor. Chama-se Emile Durkeim e o dele


que
'T/evolution

transcrevi se encontra em en
pedagogique


France" F. Alcan, 1938.

- -
Nem o Reitor o ficou manifesto nem
que já

os comungam, as suas idéias, desejam uma


que pois,

volta ao O Padre M. S. Gillet é um dos maio-


passado.
"0

res nomes tomistas. Leia-se o escreveu : de


que

é de voltar ao século XIII, nem de


se trata não
que

remodelar, nossa conta, o Santo Tomás dei-


por que

xou bem Muito mais alta é a Deseja-


feito.
questão.

riamos coisa faria em nosso lugar San-


saber antes
que

Ele continuaria a
to Tomás. A resposta é categórica.

lhe foram dados: a fé


edificar sobre os alicerces solidos
que

e a razão; a de Deus e a experiencia. .Modifi-


palavra

construção doutri-
caria sem duvida o estilo da sua

naria, melhor com as legitimas exigen-


conformando-a

Exprimiria de modo di-


cias do moderno.
pensamento
228
A ORDEM

verso as mesmas cousas essenciais e o


de ver-
que quer

dade
encontrasse sob os despojos
que dos sistemas frágeis,

construídos
nossos filosofos,
pelos ele o assimilaria
á

solidez e á beleza do seu sistema" au bon


("Appel sens").

"anacro-
Maurice Blondel, não de todo o
que perfilha

nismo cultural" estigmatizado modernissimo articu-


pelo

"O
culista, consagrou-lhe
estes dizeres: verdadeiro

método de -aprofundamento"
Santo Tomás é

"dedução". primeiro

E assim
que trabalhar com ele e como

ele faria, si vivesse conosco, utilizar os contri-

butos variados da ciência


da
positiva, psicologia gene-

tica, da especulação critica, com o fim de consolidar,


ex-

e completando-as
plicando-as as afirmações
funda-

mentais, de acordo com o velho formoso


e lema ;

vetera novis augere Thomiste").


("Revue Outro, não

adepto do tomismo, Van Der Vlugt


Padre
(citado pelo

Leonel Franca, Historia da Filosofia), assim alude


"Que

ao tomismo:
surpreza
não conhece
para quem

Santo Tomas, senão


informações
pelas malévolas de

outrem e um belo dia,


que entra em contato imediato

com ele, na leitura de suas obras 1 Um homem deste

não
a uma
porte pertence a
geração, todos os
pertence

séculos • O
Ch. Gide
protestante citado
(ainda
pelo
"A
P. L. Franca) escreveu: renascença
da escola cato-

lica do tomismo
torna hoje indispensável
o estudo des-

tas doutrinas,
se
que fosseis, e desenter-
julgavam
que

radas
tao vivas
parecem e semelhantes ás atuais,
que

nos maravilhamos
de ver
quão temos
pouco progresso

feito . E enquanto o nosso indígena


anti-tomista, sem

nunca ter entrado em contáto


com aquele com-
que

bate, conhecendo-o
so através
de informações male-

volas, vai sobre ele atirando


chufas e remoques, as

"no
doutrinas tomistas,
em
Sorbonne, meio do
plena

deslumbramento
da era nova",
despertam avidez e
^

interesse
meio do moderno
(2), por e origina] comenta-

tano dese admiravel anacronista


Etienne Gilson, a
quem
'Este

este modo de falar:


pertence estudo de santo
(o

Tomas) foi mim uma revelação


para e creio não
que

me é de hoje em diante,
possível, abandonar o estudo

do mais lúcido e da doutrina


pensador mais maravilho-

samente organizada me foi dado encontrar


que
("Les

SETEMBRO
1938
229

Nouvelles Litteraires" 3
1925). O articulis-
Janvier

ta a <jue respondo não ter em muita


parece conta

a opinião alheia, mais considerável


por seja,
que para

decidir em como este. Entretanto,


pleitos escrevendo

e a sua dá-nos o direito de optar. E a opção...


publicando

Além disso, o articulista arcabouçou seu


pensamento

- -
transparece de todo o artigo
que com os axi-
pelo

omas do cientifico, os depois do sur-


positivismo
quais,

da critica bergsoniana definitivamente vito-


gimento

riosa, se tornaram velharias, em tão curto lapso de

tempo mumifiçadas, de vez. E' o seu, um mo-


já pois,

dernismo senil...

-Diretrizes"
O artigo de apareceu sem assinatura

"Fóssil

mas, apenas com o titulo universitário". Tam-

bem, em vista de um tal titulo, assinatura?


para que

ao articulista leia o ultimo livro do Padre


(1) Aconselho
"O

Leonel Franca, Protestantismo no Brasil", no achará


qual
"monge

informações decepcion adoras seu entusiasmo


para pelo

tedesco", vernaculizador dos livros sagrados.

"Diretrizes",

njumero acolheu uma replica do


5 de
(2) O

sr. Amaral Fontoura ao artigo do numero 4. Está muito bem fei-

interessante: enquanto no
to e lá encontro a noticia de um fato

aliás é de sabor moderno,


Curso de Administração Publica,
que

ha a frequencia do de Psicologia, entregue


3 alunos matriculados,

o vale
a um nome do mundo cientifico europeu,
que
grande

anacrojiico Padre Tei-


dizer nome universal, o do brasileiro e

—• a 50 alunos,
aí, dizia eu, é de 40
xeira Penido a frequencia

"auspicioso
mental da
o não de ser indicio de saúde
deixa
que

a mesma expressão do articulista, por


nova, usar
geração para

certo mais cabível aos estudam


que pintura...

Rio, Agosto de 1938.

a revista,
havia sido entregue
A tempo: este artigo

o sr. Alceu
se exonerou
da Reitoria da Universidade
quando

mais do
aqui não fiz
entretanto, eu que
Amoroso Lima. Como,

e so
atitude cultural
defender filosofica, uma
uma
posição

a oportuni-
a assumiu
acidentalmente me refiro aquele
que

de nenhum
é e
e razões pois,
dade destes argumentos perene,
"e.
L. Aires.
vicissitudes...
modo, as invalidam
quaisquer

de 1938.
Rio, Setembro
¥

Ferreira
Viana

Capt. Severino Sombra

Tres são os traços dominantes


na
personalidade

: vivo sentimento re-

ligioso, íntemerato
espirito de
e liberdade,
justiça en-

tranhado desvelo
pela desta terra.
pobre gente E
por-

essas linhas fundamentais


que de sua nobre alma coin-

cidem com as do relevo da alma


gerai do Bra-
popular

sil, é ele teve a


que e consagração
justa grande dos

seus contemporâneos.
Em meio á nossa vida
política

artificial, viciada
representações
pelas inexpressivas
^ ^ e

atitudes
distantes
pelas dos verdadeiros
anseios do

homens como
povo, Ferreira Viana são o simbolo do

secular e imenso
protesto e a sua voz o eco dos mi-

lhões de vozes incontidas


reclamam,
que bradam,
que

defendem.
que Nele rebentam
as correntes insopitaveis

correm nas
que Sua atitude
profundezas. intrépida,
seu

desvelo constante
sofrimento das
pelo massas
e seu es-

místico assemelham
pirito um desses maravilhosos

po-

artesianos,
ços donde repontam,
com espontanea
e ad-

miravel beleza, a agua dos


lençóis subterrâneos,
grandes

iertiiisando a terra e dessedentando


os homens.

Poucos
na historia
políticos, do nosso
têm
país,

compreendido
e tido a coragem de representar
a força,

os sentimentos
e os impulsos
dessas
reservas
grandes

do sub-solo moral da Patria, esquecidas


e abandonadas

nas conformações
jurídicas e sociais das leis e institui-

Ferreira Viana
Çoes- o ouvido
pos no coração desta
"cantochão

terra, auscultou o
dos dinamos

pande pro-

fundos
e espelhou em sua admiravel
atitude os traços

representativos
da verdadeira
alma do brasileiro,
povo

sentimento religioso,
profundo muitas vezes oculto mas

real, tocando de misticismo,


de bondade
e até mesmo

de um certo desapego anti-burguês


as formas de nossa

convivência
social e^ da luta
existencia de cada um;
pela

entranhado amor a liberdade


e á
sentimento
justiça,

caracterisa e
que exalta os mais expressivos lances
SETEMBRO—
1938
231

da nossa historia,
alicerce
se aprofunda
que em tre*

zentos anos de regime colonial,


força
se arroja
que

indomita, vezes, e, outras,


por retorna
sobre si mesma,

em demorados recalques á espera do homem ou da hora

se atirar aos céus e iluminar


para um momento ou

uma finalmente,
geração; esse olhar debruçado
sobre

as massas, com o sentimento do seu infortúnio


e a

compreensão do a aproveitar
potencial a siner-
para

nacional, essa vontade decidida de ir ao encontro

dos dois apelos supremos irrompem


todos os
que por

do corpo desse -
americano
poros gigante educação e

saudei Traduzindo assim tão real corajosamente


e o

verdadeiro espirito do nosso Ferreira Viana con-


povo,

sagrou-se em vida, tornou-se uma dessas figuras eminen-

temente avultou como um simbolo sem nunca


populares,

ter baixado á demagogia, sem haver corrompido


jamais

os seus nobres sem nunca ter demitido a


princípios,

sua lisonjear baixos sentimentos da


personalidade para

multidão. Ela se via representada nele no


que pos-

suia de mais real, de mais de mais e


profundo, puro

ele a incarnava, não hipócrita de


por jogo politicagem,

mas força mesmo dos seus sentimentos e convicções


por

realisavam a coincidência não rebaixava


que
que

um nem
anulava a outra.

Ferreira Viana estreia na Camara de Deputados

defendendo as Religiosas ameaçadas


Ordens
por golpe

traiçoeiro. E' o do homem de fé, do homem leal,


protesto

"Indepen-

do homem da liberdade.
e amante
justo

dente da memória dos valiosos serviços


prestados

-
á humanidade comunidades religiosas
pelas

-
diz ele em discurso indepen-
seu
primeiro

dentemente existencia durante


de sua
gloriosa

direitos in-
treze séculos, independente de seus

mudo ao sa-
contestáveis, eu não assistir
poderia

do forte .
crificio do fraco saciar a avidês
para

dos
Foi conhecida conveniência
essa mudes, tão
pela

nossos soube
homens ele guardar
públicos, que jamais

causa. Estrei-
do estava em
a fraquêsa
quando justo

a tanto
ando religião tanto amou,
na defesa da que
que

marcan-
serviu foi uma das
e cuja qualidades
pratica

culmina, como
tes vida, Ferreira Viana
de toda a sua
232 A
ORDEM

e na
político celebre dolorosa
jurista, e
dos
Questão

Dispôs, defendendo
a as
e
justiça do
prerrogativas
po-

der espiritual contra o bóte insidioso das alfurjas,


fa-

cilitado
pelo e uma
poder equivoca situação
por
poli-

tico-rehgiosa
originada
que, na colonia, terminaria

inevitavelmente
uma
crise ou uma
por heresia.
Quando

tantos
transigem
com suas convicções
e muitos
se

acovardam,
ele enfrenta o situacionismo
de então, des-

interesses
preza e facilidades
e o seu alto
põe saber

e a sua
coragem na
grande defêsa dos Bispos sacrifi-

cados ao cumprimento
estrito dos seus deveres.
Mas o

espirito religioso de Ferreira Viana não se revelou

apenas nesses
momentos
grandes da historia de sua vida

e da historia do seu
e sim, também,
povo no viver di-

ano, no labutar de cada instante,


na fisionomia dos

atos comuns,^ na caridade franciscana


irradiava
que

do seu coração, no desapego,


nesse
desinteresse
quasi

material
tanto opõe
que a civilisação
católica lati-
e

na, bem nossa, bem brasileira,


á civilisação
anglo-saxonica

e
protestante. O eu
que não é deste
quero mundo

e o o mundo
que me
pôde dar eu não
quero"
e a sua resposta
evangélica
aos
que inda-
poderiam

o
gar ele
que com o incansavel
pretendia
labor do seu

aevotamento.

* * *

A
grande^
popularidade desfrutou
que em seu tem-

deve-a
po,
principalmente, ás suas destemerosas
porém,

atitudes na defêsa
da liberdade.
Rarissimos
homens têm

aparecido,
no cenário
brasileiro
político empenhados

em ta° alta
e
presistente campanha
em
das li-
pról
herdades
Não
publicas. lhe maculam
o verbo o opor-

tunismo nem a demagogia.


Sua
pregação é a de um

doutnnador;
seu combate
o de um apostolo.
Defendia

convicção
pela de
era necessário
que defender,
pela

compreensão
que da realidade
possuía
do seu
politica

inato sentimento
pais, pelo de
justiça e liberdade
que
modelava
o seu caráter,
sentido
pelo do mundo

de imponderáveis,

que como nuvens


pairam a
sobre

histórica
dos
povos se
71 para em chuvas
precipitar

beneiicas ou
em tempestades
ameaçadoras.
O
povo
olhava-o
como o seu
como aquele
paladino, expri-
que
SETEMBRO -
1938
233

mia os anseios
profundos, ele não
que chegara a concei-

tuar mas ao serem desvendados


que voz do
pela
grande

tribuno caiam, como rcvclâçso nriâgicâ.


do seu
propno

ser, na alma da multidão.

-Defensor
das liberdades —

políticas'9 chamou-o

Sales Torres Homem e ele sintetisou


proprio toda a

sua atividade de
prodigiosa e de
jornalista
parlamentar

nesta frase si um lado, eleva-o


que, por extraordina-

riamente, outro constitue triste


por depoimento
so-

"O
bre a vida em nosso
publica disse está
país: que

dito c o eu tenho dito hoje nao


que é senão

o disse hontem e tenho


o repetido anos
que que

inteiros. Eli fim, minha vida inteira não é senão

um Eis bem ao vivo o retrato do ho*


protesto".

mem Rodrigo Otávio tão acertadamente


que
quali-

-'um
ficou como dos espiritos mais acentuadamente

democráticos òue a Nação tem tido", vendo


justamen-
'o

mente nisso segredo da sua


persistente populari-

dade e da imposição do seu nome e de sua fama aos

tempos futuros".

Realmente, sua voz tinha acentos se ajustam


que

de maneira ao coro das vozes em nossos


perfeita que,

dias, bradam na defesa da liberdade moral da


pessoa

humana, da sua dignidade ultrajada e do seu destino

"Ao

ameaçado. o de Cezar,
principio pagão gênio


cristão o da li-
devemos opor o
principio gênio


aos seus eleitores e defi-
herdade" diz ele falando

de conduta sem*
nindo magistralmente a linha
que para

deveria nortear a marcha da nossa evolução


política
pre

e social.

de e li-
religioso e o espirito
O sentimento justiça

um moti-
Viana não eram apenas
derdade de Ferreira

ou de rasgos oratorios.
vo de atitudes Quando
políticas

fez o
chamado á administração que pregava,
publica,

na assistência
idéias, desvelou-se
concretisou as suas

necessidades
das duas imensas
social, indo ao encontro

a aten-
chamando
ha séculos, esbracejam
que, quatro

e saúde.
do Brasil^ educação
dos homens
ção públicos

e de ampa-
higiênico
O interesse escolar,^
pelo problema

a
administrativ
toda atividade
ro aos desvalidos
polarisa

da Corte
Municipal
de Ferreira Viana, como
presidente
234 A

ORDEM

Justiça' no.. Gabinete


Alfredo.
João Cri-
!^in!ftr0 a?l
ação de Albergues
e Asilos,
de Escolas
e Hospitais

constituem
seu afan
seu desvelo
prediléto, constante

seu interesse
de
todos os dias.
Aí estão ainda
ho e'
as suas "Casa
criações,

principalmente esta
de São

agora
Jose , Instituto
com o nome do criador
e cuio

cioncoentenano
se comemora.

esse alti°
P°r sentimento
de solidariedade
hurr^l0Vld0
e
da
social necessaria
.poética ao
seu^í
seu pCOmPree?fSo
Ferreira
país, Viana
foi um verdadeiro
reformador

da assistência
no Rio
publica de
Seu
Janeiro. X de
administrador
despojava-se,
dos formalismos
porém, m
e
ocolos
pro e
de lado
punha as distancias
constrange-

aUtor,dade
e os. necessitados.
Dos asilos
e escoks não
era aPenas
o Criador,
mas
também
o as-
!
siduo visitante,
o
protetor e amigo

As crianças
e enfermos
beneficiados
não eram nara
ele meros
números
de
estatísticas,
mas
coraçfc
« o
seu afagava
e em cuja convivência
vivia
£
queri-
das roubadas q
á sua erande "r* j j í

como PaSS°U
tentos
Tubos"
eT^u^mnlo^V^
exemplo
continua
a ser
lição nara oc r,^ r
S1S°S
carnand°
carateristicos
fundamentais jlaS'
da

elevou-se
?osso P?vo, acima

pkSÔ ..

político e intelectual,
surgindo
comtf fiV» r S

com
<* <™£s
etonos
deC hün,ana'
°p °S temP?s'
08 eleitos da
Virtude, '
aqueles
n™'
q^is a

6 S"'
biu,
em arremesso
raro
de
Ulê^^^TT"011"5!.
Pasmando um m
homem
de exceção. De,eza'
Bio tipologia
nt edieval

Doutrina dos temperamentos

de Santo

Alberto
Magno

Hamilton
Nogueira

Nos compêndios
de Biotipologia,
mesmo
aqueles

se referem
mais detalhadamente
que
á
histórica
parte

desse de
,ramo Biologia Humana,
notam-se,
apenas,

ligeiras referencias
aos estudos medievais,
como si nes**

sa época a cultura humana


tivesse sofrido um
eclip-

se total e dominasse no mundo o desinteresse


^ es-
pelos

tudos científicos*
Semelhante atitude é um reflexo
da

mentalidade sectaria dominou durante


que algum tem-

a cultura dos ocidentais,


po e (jue no
^ países seu nega-

tivismo sistemático á força civilisadora


do Cristianis-

mo, ocultar ao mundo moderno


procurou todas as con-

da inteligência no
quistas decorrer da Idade Média.

Hoje, no entanto, depois de


históricas im-
pesquizas

arciais, como, exemplo, as de um


por Hoefer, nos seus

elos livros de Historia das Matematicas, da


e
Quimica

Fisica, a verdade vai-se revelando ao mundo cien-


4a.

tifico, e um tesouro imenso de conhecimentos, oculto

longos anos, vem incorporar-se


por ao magestoso edi-

ficio da cultura humana.

Um típico exemplo desse sectarismo anti-religioso ve-

rificou-se com relação ás descobertas de Mendel. Ninguém

nega o valor cientifico das experiencias do eminente

fade agostmeano. No entanto, durante mais de trinta

anos o seu trabalho as ra-


despercebido.
passou Quais

zões ? Apelou-se tudo: o caráter algebrico


para para

dos escritos do seu estilo,


de Mendel, a secura
para

-
mas esqueceram verdadeira Mendel
a causa realmente

era um reconhecer valor nos seus


sacerdote, e
qualquer

trabalhos do tempo... Tivesse


seria contrariar o espirito

a obra um Darwin e te-


de Mendel sido realizada
por

ria Haeckel divi-


encontrado imediatamente um
para

nisá-la. só um objetivo
Fugindo de
qualquer polemica,
236
A ORDEM

real nos leva a escrever a


monografia:
presente tornar

mais amplamente conhecida


a curiosa doutrina
medie-

vai dos temperamentos.

Não nos cabe a originalidade


dessas
pesquizas

mas como foram


em revistas
publicadas especializadas,

meios médicos,
_ _ utií
pareceu-nos
1
a sua divulgação.
Veremos
documentação
pela apre-

sentada, como
existe um
impressionante
paralelismo

entre a doutrina
dos temperamentos
de Pende
e a dou-

trina dos temperamentos


de Alberto Magno.
Parale-

lismo, no diz respeito


quer que á descrição
dos carac-

teres típicos dos diferentes


temperamentos,
mesmo
quer

em referencia
ao de vista
ponto endocrinologico.
Mas

e esse Alberto,
quem o Grande?
as suãs
Quais cre-

denciais
ser citado num
para congresso
cientifico?
Pos-

sivelmente
essas
perguntas dos lábios
partirão de mui-

tos, e cumpre a nós satisfazer


essa
curiosidade.
justa Sto

Alberto Magno
ser considerado,
pode sem favor al-

uma das
gum, mais belas inteligências
iluminaram
que

q mundo
e um
legitimo
homem de ciência,
qualquer

seja a definição
que se dê a essa
que Mesmo
palavra.

no conceito
positmsta, limita o campo da
que ciência

ao domínio da observação
e da experiencia,
foi ele um

verdadeiro
homem
de ciência.
No seu tempo
foi o

maior de todos. Doutor


Universal,
assim o chamavam

os seus contemporâneos.
E éra de fato, imensa,
a sua

sede de saber.
Basta lermos os títulos das suas obras
para
vermos
não
houve aspeto
que da realidade
universal

tivesse
que escapado a sua curiosidade.
Sua obra
(1)
i
* i

De Proedicabilibus
(1) et Proedicamentis,
in Locicam
super

p4:

i b%?
xá)

"
"

lib' "
IIL Ehicor. lib. X.
PoliUcó^Vh Vín T^etoph'ysiCOr-
GnAU eí sensato lib- I- -
De Memo-
ia
na e
et rÍv' / i k tt
Remimscent. -
hb. II. De Somno et vigília lib. -
I. De
motibus ammalium
lib. II. -
De
juventule et sen,ectute lib. I.

' "
11
De et vila lib.
e< ,reSP'cat,°ní
u rimen^o
et nutribili lib. -
I. De Nat. et. Orig. animae
SETEMBRO —
1938

ser considerada
como verdadeira
pôde
Suma do co-

nhecmcnto humano
até o Século
XIJI.
E' através de

Magno
Alberto o Ocidente
que recebe
em toda a sua

o
autentico
pureza pensamento de
Aristóteles,
até en-

tão deturpado
filosofos
pelos arabes.

Para realizar esse trabalho


imenso
Alberto
precisou

entrar em contato com as obras daquela


de
pleiade

filosofos, matematicos,
alquimistas
e médicos
arabes,

constituída Alkendi
e Alfarabi,
por Algazel
e Abubar,

e os escritos daqueles
i • i" i> '| eruditos

israelitas Isaac Israeli e Moisés Maimonides.


Leu to-

das as suas obras, submeteu-as


a uma
critica severa,

comparou-as com os textos autênticos de Aristóteles,


é

ofereceu á cultura latina um Stagirita integral,


com-

livre de interpretações
pletamente errôneas. E foi tão

a impressão o
profunda que aristotelico
pensamento

exerceu sobre a sua inteligência,


alguns folosofos
que

chegaram a negar
qualquer aos seus co-
personalidade
"o

mentarios. Ele é apenas macaco de Aristóteles",

diziam. Mas tal afirmação é injusta. Por maior te-


que

nha sido a influencia de Aristóteles ela não aniquilou

a de Alberto Magno. Apoiado nos inflexi-


personalidade

veis da doutrina cristã, lhe ofereciam


principios que

os dogmas católicos, revelou


ele se um expositor e um

critico sutil da obra do Assim


Stagirita. como acen-

tuava as verdades contidas na obra do


grandes genial

filosofo, indicava simultaneamente os seus lados fra-

refutava os seus erros.


géis,

A imensa erudição de Alberto foi motivo de admi-

ração e de espanto dos seus contemporâneos. Dele

- -
li,b. I. intellectus centra Averrohem lib. I. De Intel-
De Unit.

- -
lectu et intelligibili lib. II. De Natura locorum lib. I. De

-
Causis lib. I. De Passionibus aeris
elemenjtorum
proprietatum

-
lib. - Plant. lib. VII. De Principiis
,1. De Vegetal, et.

- -
motus Summa de Creaturis Speculum astro-
lib.T.
progressivi


- De Apprehensione
nomicum - lib. XVI
lib. I. De Animalibus

-
lib. I. De Al-
et apprehensionis modis II. Philosophia
pauperum

chimia lib. I.

Alberto Magno encontra-se


A biliographia completa sobre

"Revue
198- 244. Trabalho
na XXXVI
Thomiste", (1931) pp.

-
- P. e de Fr. M. Con-
da autoria H. Laurent O. J.
de Fr. M.

gar, O. P.
258
A ORDEM

diziam:
Albertus Magnus,
magnus in magia
major

in
maximus
philosophia, in theologia"
Considera-
(1).

vam-no,
de fato, um verdadeiro
mágico,
^ um
ho-

mem verdadeiramente
miraculoso. E na
palavra de UI-
''vir
rich Enhelbert,
in omni scientia adeo versatus,
ut

nostr\, tempons
stupor et miraculum
congrue
vocari

. Professor
possit (2) dos mais eminentes,
as suas

aulas,
em Paris,
quer em Colonia
quer eram concor-

ridissimas.
ii, dizem mesmo os autores
em Paris
que,

tão
era a afluência
grande de alunos
nâo havia
que

mais sala
comportasse o
que numeroso
auditorio,
ten-

a lecionar em
plena praça
pu-
b£ca obrigado

Mas, do
de vista
ponto cientifico,
puramente
qual
foi a contribuição
real de Alberto
Magno ? A
primeira

contribuição
é um roteiro admiravel
o conheci-
para

mento da realidade universal»


E esse roteiro
se inicia

sua.bel? classificação
de ciências.
Segundo
Vai-
iCOwt?

et "aparece
a ciência
(3). Alberto Magno
para
sob duas

manifestações
grandes
ela é contemplativa
gerais:
ou

A
pratica. se divide
primeira em física,
matematica

e_ metafísica,
segundo
se elevem nas suas abstra-

acima dos
çoes indivíduos,
mas não da matéria
sen-

sivej, acima da matéria


sensível,
mas não da matéria

inteligível
ou da
quantidade, acima,
enfim, de toda

Cr t?da, a materia.
Não conside-
-
LF
rando senão a digmdade
dessas
ciências,
a metafisi-

ca ocupa,
incontestavelmente,
o
primeiro lugar. Vem

em segundo as matematicas,
e enfim a fisica. Mas a

ordem do conhecimento
é inversa
á da sua excelencia:
-O
estudo, -
de fato,
diz
Santo Alberto
não começa
(4),

maior
em si mas
é mais fa-
pelo que
Ííl i,
c 1 de conhecer.
Ora, a mteligencia
humana,
em vir-

tude da sua intima


relação
com os sentidos,
tira sua

ciência dos sentidos


e dos
sensíveis:
Será
mais
pois

Liedlt;7 "
Albert le
Grand
et Saint Thomas d'Aquin
52.
pg.

(<ll
Albeçt
le Grand 2
v nVfn " pg.
"
Philosophie
197
Yní ií?IS pg.
Alberto Magno Physcia
(4)
II. tr. I, c. I.

SETEMBRO
1938

fácil começar ciência


pela se
que adquirir
pode

sentidos, imaginação
pela e razão
pelos
pela (tal

a física)
como (1), depois á
passar-se-á ciência
se
que pó-

de adquirir imaginação e
pela razão
pela como
(tal

as matematicas), e terminar-se-á
aquela de-
por
que

exclusivamente da razão
como a metafísica)".
pende (tal

Essa classificação revela-nos,


simultaneamente,
em

Alberto Magno, a sua argúcia


e os seus
psicologica

dons inegualaveis de Ensinando


pedagogo. a deduzir

"o

desconhecido do conhecido", o abstrato do concreto,

elevando-se do sensivel ao
gradativamente inteligi-

vel, ele nos indica o itinerário a seguir conquis-


para

tarmos a verdade cientifica. Naturalista vocação,


por

não se limitou a ditar regras a aquisição de conhe-


para

cimentos científicos. Iniciava-se ele na


proprio procura

desses conhecimentos mantendo-se em contato intimo

"Com

com as maravilhas da criação. o objetivo de

conhecer os costumes dos ou de iniciar-se


passaros

nas dos metais, aproveitava suas viagens


propriedades

através da Alemanha conversando com os habitan-

tes"
(2).

Alberto Magno, a despeito da sua visão integral

do mundo, teve o cuidado de discernir os limites das

diversas do conhecimento. E tal como o seu


esferas

discípulo afirmava sempre em filoso-


S. Tomás,
que

das E no seu
fia a tradição é a mais fraca
provas (3).

"De
- a ne-
Mtindo et Co elo"
tratado
(4) proclama

dos fenomenos nos


cessidade de as causas
procurar-se

das causas extra-


agentes naturais independentemente

de^ uma
no entanto,
terrestres. Toda ciência
precisa,

-
ensine a
disciplina oriente o
pensamento, que
que

enfim, a
a a
raciocinar, a discutir, procurar,
julgar,

da Lógica
atingir: é o
verdade se papel
que quer

Alberto Magno
E e comentada
a Lógica estudada por

medievais determinavam
- os filosofos
Física,
Pelo termo
(1)

todas as
dita, como também
não sómçnte a Fisica
propriamente

ciências naturais. _
?

L.I,c. 2, ò.
De Praedic.
Magno,
(1) Alberto

42 ^
ob. cit.
Van Weddingen, pg.
(2) Cons.

opinião e nao
ter uma
seria vergonhoso
filosofia,
(3) "Em

tr. I., c. X1V(.


I. VIII,
apoia-la a razão". (Pbys.
sobre
240 A ORDEM

é a Lógica aristotelica, exposta integralmente,


própria

sem
faltar uma só Alberto Magno, nos seus
palavra.

comentários, imprime uma clareza extraordinaria ao

"O

aristotelico. Stagirita, segundo o seu


pensamento

-
habito diz Vallet, foi sobrio em detalhes e explica-

mas seu douto comentador tudo, explica tudo,


ções; prevê

responde a tudo. A Lógica, sem duvida, é uma ciência

como as outras, mas tem missão ensinar a ra-


por

ciocinar bem sobre matérias simplesmente


quer prováveis

e contingentes, sobre matérias certas e necessarias.


quer

Ela compreende o silogismo e a indução".

Vê-se, conseguinte, a indução não era


por que

desconhecida dos filosofos do Século XIII, como afir-

"Novum

ma o chanceler Francis Bacon no seu celebre

Organum". Procurando imprimir novo rumo á ciência

do seu tempo Bacon a realização de uma


planejou

"Instauratio

obra a denominou
grande Magna Sei-
que

entiarum". Dessa obra foram dois tratados,


publicados

- -'De
um em inglez Dignitate et Augmentis Scienti-

- -"Novum
arum", e outro em latim Organum". O ter-

ceiro tratado, deveria ser uma exposição das ci-


que

encias, ficou inacabado.


No dizer -'O
de Barbe: faltava sobretudo á
que

ciência do tempo de Bacon, era um método, e esse

método Bacon lhe dar: foi com


procurou esse objeti-

vo compoz a Grande Restauração,


que e mais es-

o Novo Órgão.
pecialmente Para Bacon são os fatos

reais, atuais, são o da


que ciência. O de
principio
ponto

de toda a filosofia é o conhecimento


partida des-
^ pois

ses fatos, isto e, a experiencia,


verificam-se
pela qual

os fatos; depois, segundo a experiencia, determinam-

se os caracteres e as leis e chega-se assim a descobrir

as causas e as conseqüências.
O conjunto desses
pro-

cessos denomina-se indução,


é
que particularmente

o método de Bacon,
ninguém antes
porque dele en-

trou em tao detalhes


grandes explicar e fazer
para

compreender a sua necessidade".

(1) Vallet, Ob. cit. 199.


pg.

-
Barbe, }Philosophie 662.
(22)
pg.

SETEMBRO 1938 241

Evidentemente Bacon desconhecia os trabalhos de

Alberto Magno. Pois muito antes dele o monge e san-

to dominicano mostrava o valor da indução, em-


o mesmo termo, e dando a esse termo o mes-


pregando
"Non

mo sentido baconeano: de omnibus fides esse


po-

terit syllogismum, hoc discursus syllo-


per propter quod

non nisi ab universali universaliter accepto,


est
gisticus

in scientiis esse non terit... Cum igi-


multis
quod po

ut Aristóteles, det omni scientiae modum


tur lógica, ait

disserendi, et inveniendi, et dijudicandi


quod quaesi-

de tali sit ut de subjecto


tum est, oportet
quod quod

in omni aequaliter applicabili est. Sunt autem


omnibus

adhuc in ex singularibus
quibus quaeri-
quaedam

mus invenire ignotum est, sicut in experimen-


quod

in utimur vel syllogismo, vel induc-


tali bus,
quibus

accipiendum, et non ut syl-


tione ad universale
possumus

Propter syillogismus commune sub-


logismo
perfecto. quod

non E superando a Bacon


logicae esse
jectum potest" (1).

Magno a insistir no
não se limitou apenas Alberto

no estudo das ciências naturais.


valor da experiencia

um experimentador. E levando-
Ele foi
proprio grande

rudimentar aparelhagem da época, é


se em conta a

contemplamos nas suas obras


com verdadeiro espanto
que

na naturesa. Mesmo as
tantas verdades desvendadas
quando

se completavam em virtude da insufi-


suas experiencias não

em foram realizadas, o
ciência técnica do tempo
que gênio

meticulosa chegaram á ante-


do cientista e a observação

numero de verdades hoje confirmadas.


cipação de
grande

admitir-se com Pouchet


Não é exagero, (2), que
pois,

o verdadeiro cria-
Magno deve ser considerado
Alberto

Ele, aliás, nunca deixou


dor do método experimental.

"Tudo

o valor da experiencia cientifica:


de acentuar

escreve no seu tratado De


relatamos, plantis,
quanto

do em-
vem, da nossa experiencia,
própria quer
quer

não escrevem senão


fizemos a autores
que
prestimo que

confirmado sua experiencia


o viram pessoal:
por
que

só a experiencia
càsôs semelhantes
em
porque

tal como os mes-


E insistia, então,
dar certeza,".
pode

- tr. I, c. Iv.
Magno De Praedicabil.
(1) Albecto

- natureües au Moyen-Age.
Hist oire des sciences
(2) Pouchet
242
A ORDEM

tres atuais da ciência na necessidade


experimental, de

"Oportet

variar e de multiplicar as experiencias: expe-

rimentum non in uno modo, sed secundum omnes cir-

cumstancias est certe recte sit ope-


probare, principium

ris" E foi seguindo roteiro orientado


esse
(1).
pela

experiencia Alberto Magno refutar


que poude grande

numero de erros de Aristóteles, de Plinio e de Avice-

na. Enquanto as descobertas de Bacon se limitam a

simples sobre o som, o calor e as cores, em-


pesquizas

muitas das suas afirmações das


e suas experi-
quanto

encias de fisica não resistem a uma critica rigorosa


(2),

as verdades conquistadas Alberto Magno tornam-se


por

cada vez mais conhecidas. Tinha razão


Claude
pois,
"aqueles

Bernard, afirmava
fizeram
quando que que

maior numero de descobertas em ciência foram os


que

menos conheciam Bacon, emquanto os leram e me-


que

ditaram as suas obras nada nesse


produziram gene-

ro"
(3).

Na obra de Alberto Magno, as descobertas, as an-

tecipações, as hipóteses mais ousadas vêm-se confirmadas

maiores autoridades da ciência moderna.


pelas

A sua cosmologia é realmente notável. E referindo-

se a ela dizia Alexandre -Ocupei-me


de Humboldt:
mui-

to, em Paris, com esse homem,


grande traba-
quando

lhava na minha historia sobre uma visão do mun-


geral

do; e ultimamente,
no exame critico da
do
geografia

século XV, mostrei


como a sua obra de natura locorum

encerra os de uma excelente


germes descrição física da

terra, como Alberto Magno conhecia


engenhosamente

a influencia
exerce sobre os
que climas, não somente a

latitude, mas ainda a disposição das superfícies modi-

ficando a irradiação do calor" Nessa mesma


(4). obra Al-

berto Magno
a explicação dada
Kircher no
por
^antecipa

século XVII, a origem das aguas termais. Ele


já as consi-

deriva como resultantes do aquecimento


das correntes

-
(1) Alberto Magno Eth. VI. tr. II. c. 22

de Maistre -
(2) Cons. Joseph Examen de la
de
philosophie

Bacon

-
(3) Claude Bernard Introduction

(4) Pouchet, ob. cit. 314


pg.

SETEMBRO 1938 243

calor central da terra maio-


profundas pelo Suas
(1).

res conquistas cientificas foram realizadas no entanto,

no dominio da Biologia.

E sendo assim, nada mais natural


depois de
que

referir-se aos estudos medievais de Biologia de Arnol-

do de Vilanova, de Tadeo Alderotti, de Henrique Mon-

deville, seja Alberto Magno especialmente citado


por

Morales Macedo na sua recente Biologia Fundamental:

•"Alberto
Magno, monge dominico, maestro de Santo

Tomás, filosofo naturalista, cuyos estudos zoológicos


y

le senalam un de honor en la historia de la Bio-


puesto

logia" Zoologia e Botanica se


(2). enriqueceram com suas

observações Muitos erros dos antigos foram


preciosas.

refutados, e é inegável as obras de Lineu, Buffon,


que

Cuvier e Tournefort sofreram a influencia albertina.

Segundo o botânico alemão, Meyer, desde Teofras-

to até o meiado do século XVJ, ninguém igualou a

Alberto Magno no dominio da Botanica; Gaston


e Bon-

"Le

nier, no seu belo livro, Monde Vegétal", apezar

de fazer restrições á Botanica medieval, refere-se assim

"TI

ao eminente dominicano: faut excepter cependant

esprits capables d'émettre des idées


quelques person-

nelles. Tel est le moine dominicain Albert le Grand,

évêque de Ratisbonne, célèbre la découverte de


par
"Albert

Thuile de vitriol sulfurique). le Grand éta-


(acide

blit une classification des êtres, les vé-


générale plaçant

entre les animaux et les corps bruts. Le il


gétaux premier,

consid-ère avec raison les champignons comme des végétaux

"les

inférieurs voisins des animaux moins eleves en or-

De lá Albert le Grand, deux


ganisation. partent, pour

d'êtres vivants, et il regarde la série végétale


séries

au les arbres dont les


comme se terminant sommet
par

développées". Não comportam os limites


fleurs sont trés

um detalhado da obra cientifica


deste trabalho estudo

santo e sábio dominicano. Acreditamos


do que
grande

os testemunhos apresentados são credenciais


os dados e

9 I » ¦¦¦ ¦

Histoire Histoire Vraie, 32


Guiraud, Partiale pg.
(1) Jean

-
— Barcelona,
Macedo. Biologia Fundamental.
(2) Morales

1936.

ob. cit. 79
Liechty,
(1) pg.
244
A ORDEM

dignas de cientista emérito. Desejamos, ape-


qualquer

nas, acrescentar, nesta do trabalho, estas


primeira parte
"Alberto

de Blainville: o Grande é incontesta-


palavras

velmente um dos homens mais extraordinários do seu

século e mesmo um dos mais espantosos das


gênios

idades
passadas."

estudamos a Psicologia de Alberto


Quando Mag-

no ficamos surpreendidos da sua semelhança com a

Psicologia moderna, ou melhor, com a caracterologia

de um Klages, exemplo.
por

Não sendo o homem um espirito, mas


puro pos-

suindo também um corpo faz da sua essen-


que parte

cia, Alberto considera-o na totalidade da sua constitui-

Ele reconhece
ção. sua naturesa espiritual,
que, pela

merece a alma ser estudada numa ciência á mas


parte,

as suas manifestações
atravéz da matéria corporal não

são compreensiveis senão depois do estudo detalhado

do corpo humano e das relações entre o corpo e o es-

Esse modo de ver está nitidamente


pirito. expresso nestas

"Licet
do seu tratado
palavras de anima: anima et

opera ejus et non sint corpus mobile,


passiones est
quod

subjectum
naturalis, est tamen
philosophiae es-
principium

sentiale talis corporis; et ideo in scientia naturalis oportet

inquiri de ipsa". Compreende-se,


Alberto Magno
pois, que

situe a Psicologia na Fisica, isto é, entre as ciências na-

turais, ciências
dependem da
que observação
e da ex-

periencia.

Sua antropologia é rica, realmente,


em
pesquizas

originais sobre anatomia,


e
psicologica
psico-fisiologia.

E segundo -
JeanGuiraud, a estrutura do corpo huma-

no foi estudada Alberto sob todos os


por de
pontos

vista, dando ele igual importancia


ao estudo do esque-

leto, dos musculos e dos nervos;


e si em muitas
ques—

tões, repete os ensinamentos


de Aristóteles
e de Gale-

no, em muitas outras as suas contribuições


são ongi"

nais e os resultados novos".


Temos um exemplo disso

nos seus belos estudos sobre o sistema osseo, citados

(3) Gasíon Bonnier, Le Monde Vegetal


41
pg.

(4) Je BlainVille, Histpire des Sciçixces cie l Organisa-

tion, II. 8
pg.
I


SETEMBRO 1938 245

'^Levados

nesta de Pouchet: aparência da


pagina
pela

cabeça e importancia dos orgãos


ela encerra,
pela que

muitos anatomistas começaram os seus tratados de os-

teologia descrevendo o crânio; direção viciosa


que

não foi reformada senão nossos modernos zooto-


pelos

nistas. Desde o século XIII, no entanto, nosso sábio

dominicano tinha traçado a marcha nossa época


que

não adotaria senão depois de muitas oscilações. Ele co-

meça, de fato, a historia do sistema osseo, descrevendo

a coluna vertebral, constitue realmente a base de


que

todo o ramo da especie animal; é


e este
primeiro

mesmo método seguem atualmente todos os


que quasi

anatomistas". Alberto Magno mostra-se um


precursor

-
dos estudos de Blainville, de G. Saint Hilaire e de Goe-

the sobre a organização vertebral do crânio,


quando

considera o sistema osseo da cabeça representa uma


que

serie de vertebras munidas de seus apendices".

Si ao estudo do sistema nervoso encon-


passarmos

tramos um esboço da teoria das localizações cerebrais,

concorda em alguns aspetos, com os conceitos mo-


que

"o

aernos: entendimento, diz Alberto, está colocado

na anterior do cerebro... a memória está coloca-


parte

da na Ha detalhes curiosissimos nos


parte posterior".

-
estudos de fisiologia de Santo Alberto, e no di-
psico
"eles

zer de Blainville, contêm em a teoria de


germe

Gall de Spurzeim, seu discípulo, sem o exagero e os


e

materialistas". O filosofo e santo dominicano


princípios

importancia á expressão fisionomica. Ele


dava
grande

de algum modo, como reveladora dos


a considerava,

da alma. Na sua obra De Anima-


diferentes estados

a consagrar um capitulo inteiro


libus, chega mesmo

-'in
dos olhos oculis
á fisionomia principaliter
porque

consistit omnis quod


perfectio physionomiae propter

nuntium affirmaverunt omne


oculum verum cordis esse

simul
physionomi".

á medida vai estudando


E a
pouco, que
pouco

Alberto Magno
o corpo e a alma,
as relações entre

da fisiognomia, dando
a antiga doutrina
desenvolve

á biotipologia me-
realmente carateristico
um cunho

diríamos hoje), á
dieval physionomia (como
(como

nada mais é senão


fisionomia essa
eles diziam
), que
246
A ORDEM

o a>njunto de notas individuantes


caracterizam
que

a forma exterior do organismo".

E' verdadeiramente
nessas diferenças individuais

resultantes
da constituição intima de cada indivíduo

está o objeto
que da biotipologia.
proprio

Tudo isso encontramos exposto com uma clareza

admiravel na teoria albertina da individuação das almas".

A alma não -
é individualisada
diz Alberto, senão

é recebida num
quando determinado
corpo, do
qual

ela se torna a ou a entelequia;


é só
jfórma porque

e nao a forma
é o
? que da
^^teria^ principio

individual
ao". Nesse conceito lapidar
está sinte-

tizada a essencia da doutrina biotipologica.


Um mo-

demo não seria mais explicito. E veremos mais ade-

ante,
Alberto Magno,
que tal como fazem hoje os mais

eminentes biotipologistas,
relacionará
o temperamento
e

o carater aos fatores endocrinos.

F. M. Barbado desenvolve
magnificamente
essa

tese no numero
especial da Revista
Tomista,

dedicado
a Santo Alberto. E desse trabalho
vamos

reproduzir
interessantíssimas.
pesquizas
Confrontando

os
temperamentos
quatro estudados
Santo Al-
por

erto com
dos temperamentos
quatro mais tipicos des-

cri os Pende,
por Barbado notou um
im-
paralelismo

pressionante, como
ser verificado
pôde neste
quadro

comparativo
retiramos
que da sua bela
monografia.

Temperamento
e carater
segundo
Santo

Alberto
Magno
e Pende

ALBERTO
MAGNO PENDE

Temperamento
colérico
Temperamento
Hiper-

iroideano

-
a) Fisionomia
Os cole-
a) Fisionomia -
Longiti-

ricos sao longos e


gra- constante...
pia magre-

ceis* za

habitual.

Physionomie,
le Tempérament
Pa ParAfdo' ,La et le

et ,a
™ ¦&«*.
«-e
$ESS>d
ágr"pie 1rd

Alberto Magno,
(2) De anima, 1. II, XIV XV.
SETEMBRO —
1938
247


b) Carater
São ágeis, —
b) Carater
Domina so-

muito
leves
e instáveis.
bretudo
irritabili-
grande

dade
inquieta-
psíquica...

cerebral, instabilida-
ção

de de todo o
processo

psiquico.

Temperamento
melan-
Temperamento -
Hipo

colico
suprarenalico


a) Fisionomia
Os me- —
a) Fisionomia
Habito

lancolicos
são tenros,
microsplannico
pe- longili-

e escuros.
quenos neo com tronco hipo-

Ossos tubulares
plástico.

delicados,
magreza
e ca-

chexia habituais...
pele

hipotrofica
com aumento

do
pigmento.

b) Carater Tem —
b) Carater
pensa- Depressão

mentos
e
graves quasi de toda a energia
grave

imóveis:
e as suas fói mas
mental,
exhauribi-
grave

de compreensão são obs-


lidade de todos os
pro-

curas... não acham


porque cessos inteletivos,
grande

em si divertimento al-
abulia, melancólica,
tris-

E também tem má
gum. teza invencível, falta de

suspeita dos outros. Sui-


confiança, de coragem e

cidam-se. Não amam nem


de esperança, insonia.

são amados;
procuram

estar sós, sofrem mui-

to de insonia.

Temperamento
Fleu- Temperamento
Hipo-

matico
tiroideano


a) —
Fisionomia São a) Fisionomia Habito
pe-

e São al- brevilineo,


quenos atarracado, de
gordos.

vos, sem rubores, muito estatura inferior á mé-

Têm a es- dia. Tendencia á adipo-


pálidos... pele

têm veias sidade


pessa... Pele
pe- generalisada.

e são incapazes espessa, de


quenas
pobre pigmen-

de aquecer o seu san- to, de coloração


pálido

-amarelada -
gue. suja Reação


vaso motora lenta.
248
A ORDEM

acrocianose, tendencia
ao

resfriamento das extremi-

dades. Sensação exagera-

da de frio, extremidade

muito fria e cianotica.


b) Cara ter —
São b) Carater Apatia, len-
pre-

sonolentos
guiçosos, e tidão de todo o
processo

moles, de beleza
femi- Inteligência
psyco.
quasi

nina e de ne- nunca


quasi completamente de

nhuma memória. Muito sen volvida ou elevada.

sonolentos,
tímidos...
e Freqüentemente
inferior

o
e a memória
gênio á média. Fácil esgota-

deles são máus.


mento muscular
e
psychi-

co. Grande necessidade

de sono.

Temperamento
San- T emperamento
Hiper-

guineo suprarenalico


a) Fisionomia
Os san- —
a) Fisionomia
Habito

são de boa
guineos carne apopletico
com hiper-

de fôrma exterior e Der- desenvolvimento


e hi-

feita.

muscular.
pertonia


b) Carater
Saode com- —
b) Carater
Grande ener-

agradabibssima,
piexao
moral intelectual,
gia e

naotristes
nas vicissitu-
Euphoria.

des, sempre de bôa


espe-

rança,
de
e ex-
gênio

terior e costumes bons.

Convém notar
nos seus
que, estudos, Alberto
Magno

reporta-se
sempre aos antigos,
particularmente a Aris-

toteles
e ao medico
e filosofo
arabe
Avicena.
E

na
exposição da sua doutrina
dos temperamentos,
mui-

tas das
suas observações
e raciocínios
confirmam
o

"Como
" d°s
®eu^ ant?«ssores.
- Alberto
?l,

de
A»!í°teles,
é bom
lembrar,
F M VT ?
®?,F-
Barbado,
o Filosofo
que numa
passagem

Problei"as
distingue
dois
temera-
mprrfr»6
mentos l
melancohcos:
o frio
e o
Supera-
quente.
bundancia
do humor
melancolico
frio
torpor,
produz
enfraquecimento
da energia
e temor;
e chega a
£0-
a eStU.pldfZ 81 é em
q^ntidade excessiva
A
a bundancia
do humor
ao contrario,
quente, dá lugar

a um
carater alegre, loquaz,
intrépido,
com inclina-

SETEMBRO
1938
249

ao amor, a cólera, á
çoes ambição;
em caso de ex-

''Aristóteles
cesso determina
loucura furiosa.
diz ainda

si a melancolia
que, se acumula
quente na
par-

te em se encontra
que o orgão do
sobre-
pensamento,

vem fenômenos
se observam
que nas sibilas e nas ba-

cantes, e si ao contrario,
esse humor
abunda no cen-

tro do corpo, ele torna os indivíduos


e faz
prudentes

com se distingam
que suas aptidões ás
por letras,

ás artes ou á administração
e cita como
publica;

exemplo Hercules, Ajax, Belerofon, Empedocles,


Pia-

tão e^ Sócrates; -'muitos


e acrescenta
melancólicos
que

são libidinosos".

-Tara
encontrar os fatores endocrinologicos
equi-

valentes ao humor melancolico, de fala o filosofo,


que

devemos nos lembrar o hipertiroidismo


que
pre-

- -
dispõe se disse á critica e á abstração
já meta-

física, condições indispensáveis distinguir-se


em
para

filosofia. Por conseguinte, como disse Aristóteles, como

o repete Santo Alberto, si numerosos filosofos insig-

nes tinham um temperamento melancolico de-


quente,

ve-se suspeitar na base deste de temperamento


que genero

está o hipertiroidismo.

-"Por
outro lado, os traços fisionomicos Al-
que
''qui

berto Magno assinala dizendo: sunt de melan-

cholia adusta calida sunt valde longi et et ni-


graciles

et durae carnis" correspondem muito bem áque-


gri

-'longitipia
les do temperamento hipertiroideano:

constante e sopratutto nel tronco... ma-


pronunciata,

abituale, difficilmente corregibile col'ipera-


grezza

limentazione... tendenza alia iperpigmentazione cu-

tanea Debolezze di Constituzione, 202).


(Pende, pg.

"E'

acrescentar no Hipertiroidis-
preciso que

"caratteri

bene sv ilup-
mo se os sessuali
encontram

sviluppato Telemento sessuale


ma psichico
pato, piü

che il somático" Pende, Ibid.):


( particularidade que

-
Aristóteles dizendo: me-
coincide a afirmação de
com

sunt". Pro-
lancholici libidinosi (Aristóteles.
plerique
"Esta

freqüente do
blemata). ligação gênio, quer

os impetuosos instintos
filosofico com
artístico
quer

a atençao dos moder-


um fato chamou
sexuais é
que

-
Marafion e Pende. Cumpre
nos, como testemunham
250
A ORDEM

afirmar
pois o temperamento
que de
falam Aris-
que

toteles
e Alberto o Grande tem base
endocrino-
por

lógica a
predominância da função tiroideana, á
qual

outras,
juntam e em a função
particular
geiutal.

A coincidência
entre a descrição
quasi perfeita de Al-

berto o Grande
e a nos dá um dos especialistas
que

mais autorizados
da endocrinologia, é uma
mui-
prova

to clara de
as
que modernas relativas
pesquizas ao

tema
tratamos não
que trazem nada de substancial-

mente novo
ás doutrinas
tradicionais da nossa escola

psicologica.

Si bem
enriquecida
que estudos
pelos e
pelas

expenencias^
dos
modernos,
pesquizadores a doutrina

da correlação
entre a forma corporal, o temperamento

e o carater não é, nas suas linhas


uma doutrina
gerais,

nova. Os filosofos
antigos
a conheciam,
já e os filo-

sotos medievas,

principalmente Avicena,
Alberto

Magno
e o. Tomas de Aquino,
deram-lhe um desenvol-

vimento
notável.

"S.

-
Tomás
escreve F. M. Barbado, não se con-

tenta "diversae
de afirmar
em
geral habitudi-
que,

nes ad opera ammae

proveniunt ex diversa
corporis

ísposi íone
mas assinala,
, além disso, de maneira

concreta, um
numero
grande de correlações
entre o

temperamento
e o carater;
ele explica ainda em
que
consiste
essa disposição
do corpo da
dependem
qual as

diversas
aptidões
mentais,
dizendo
é a compo-
que
siçao humoral
do sangue,
ou dizendo
de outro modo

a compleição.
Por isso afirma,
um lado,
por al-
que

maiSi
mteliêentes
do
outros
que em

"diversitas
e?T
comP'«içSo:
com-
n ^n,Ja íe,

inteiligendi
vel meliorem
,/acultatem
vil fUSat
boiiani
; e,
outro
? por lado,
ensina
j que a

predommanaa de tais
paixões depende
da diferen-

comP1?'Çao:,. -vdemus

ex diversis
complexio-

PassÍones attrfbuun-
1"*
túr lnTl^"
ammae n *dlVerSaS
. De sorte
segundo
que, o santo
Doutor

esferas da vida -
psíquica intelectual
e afeti-

ependem, nas
suas diferenças
- individuais,
da
^
composição
do sangue .

Vê-se
estamos em
que
modernidade,
plena
em
pie-

SETEMBRO
1938 251

110 doutrina
dinamico-humo-
psicologica

ral. «Mas
nos extender
podemos aos antigos humores

o conceito endocrinologico de Hormonio


? Sem a me-

nor duvida. Reportando-nos ás experiencias


de Clau-

de Bernard afirmam ser ligado uma


que de
glandula

-
secreção interna fato -
hoje incontestável
vemos
,
que

os filosofos antigos, muito


e
particularmente Alberto

Magno, não andavam longe dessa doutrina


quando

diziam ser o figado o orgão formador dos diversos

"Alberto
humores se derramavam no sangue.
que Mag-

no e S. Tomás de Aquino supunham também, diz

F. M. Barbado, de acordo com a daquele


quimica

tempo, assim como da soma dos ele-


que,
quatro

mentos resultam todos os compostos minerais, assim

também da reunião dos humores resultavam


quatro

todos os orgãos dos seres vivos. E como á combina-

dava-se o nome de mixtio, á combina-


ção quimica

dos humores foi mar os orgãos dava-


ção quatro paia

se o nome de complexio ou temperamento".

Avicena de tal forma esse


generalisou para-

lelismo estre mí^xtio e complexio, de acordo com


que,

o seu modo de ver, cada orgão tem a sua com-

sua composição caracteristi-


pleição própria, quimica

ca. Todos os autores medievais são acordes em afir-

mar a dos animais


na serie animal,
que, perfetibilidade

depende de da sua complei-


do
gráu perfetibilidade

isso, o homem, o mais


Sendo, perfeito.
ção. por

será organicamente mais


E entre os homens perfeito

melhor equilibrada, isto é,


aquele for
cuja compleição

dos hu-
contrarias
aqueles em as
que propriedades

mais completo, duas


mores neutralisam de modo
se

a duas".

autores medie-
notar-se muitos
E' curioso que

muitos
ás mesmas conclusoes pcs-
vais chegaram que

respeito á compo-
no diz
modernos
que
quizadores

organismo da mesma
de cada
sição
química particular

de um mesmo
de cada orgão
mais ainda
especie, e

a importancia e^s
organismo. Compreende-se pois

da compleição
do corpo,
davam ao conhecimento
jie

das suas relações


o conhecimento
cada indivíduo,
para
-
còrpo diz S.
- do
Pela compleição

psico-afetivas.
252
A ORDEM

Tomas,
os médicos
podem da bondade
julgar do en-

tendimento".
Não ha negar
este ultimo
que conceito

ser considerado
pode como uma larga visão da moder-

na doutrina das constituições


psicopaticas.

Poderíamos
citar ainda algumas dezenas de
pro-

de Santo
posições Alberto Magno e de S. Tomás <le

Aqui no, mas acreditamos


o foi dito e apoi-
que que

ado em textos
ser facilmente
que podem consultados,

suficientemente
prova aquilo nos
que de-
propuzemos

monstrar:
a existencia de uma biotipologia
medieval,

concorda nas
que suas
linlias com
grandes as mais

modernas
doutrinas
biotipologicas.

"Nouvelle

99
Revue
de
Hongrie

REVISTA
CATÓLICA
MENSAL

Diretor
GEORGES
OTTILIK

Redação
e Administração:
Budapest

VI, Váci
Kôvut,
3

Assinatura
anual
150
francos
O Direito e suas relações
as com a

Moral e a Economia

Reginaldo SanfAna

-
1. O direito e as suas relações com a mo-

ral e a economia, na racionalista.


concepção O

racionalismo burguês simplificou ordem


a e
juridica,

isolou-a da Moral. As constituições do século


passado

adotaram como fundamento de todo o edificio


júri-

dico, o consagrado Revolução Francê-


principio pela
"Todos

sa: os homens são livres iguais direitos".


e em

Na verdade a concepção racionalista, a ordem


para

era formada apenas de homens livres e iguais.


juridica

Os organismos sociais foram a só con-


esquecidos
para

sideração do arquétipo Indivíduo. a eliminação


Com

de realidades, tudo foi aplainado, simplificado.


gritantes

Todos os fenomenos excediam a esse


jurídicos que

aplainamento estúpido, foram excluídos como contra-

rios á Razão. Outro da cultura burguesa,


produto

foi o isolamento entre a Moral e o Direito. Kant foi

um dos mais expressivos no estabelecimen-


pensadores
"Cours

to dessa separação. Koukounov, em seu livro

de Theorie Générale du Droit", retrata de uma manei-

"Funda-se

ra admiravel a teoria kantiana, dizendo:

legitimamente esta teoria na concepção dualista do

Universo. Si, de conformidade com Descartes, o es-

e a matéria são duas substancias independen-


pirito

-
tes, a vida externa e a vida interior constituem es-

feras absolutamente separadas e distintas. Entre elas

não se nota laço algum de correspondência,


qualquer

influencia reciproca. Cada uma existe si mesma,


por

leis e em cada uma atuam


cada uma tem
particulares

Constituem opostos; e, con-


leis especiais.
polos por

-
o Direito, não ser
seguinte, a ordem exterior
pode

agentes interiores; apoia-se exclusivamente


mantido
por

-
externa a coação. Entre este e as
sobre a força

interior cousa alguma existe de co-


forças da vida
254
A ORDEM

mum, nem ao menos,


unil-os,
para transição.
qualquer

Donde
se conclue
a coação não
que base
possue
psi-

cologica e representa
o fundamento independente
e

externo do Direito".

A conciencia
é apenas
a vida individual;
para

se trata da
quando vida em sociedade, deixamo-la

completamente
de lado, incumbindo
ao Estado
har-

monizar
coercitivamente
as liberdades em choque.
Na

sociedade, objetiva-se
apenas o equilibrio mecânico

das liberdades,
sem se ter nada a ver com a vida in-

terior
a um outro
que pertence mundo..:
Fica, de um

lado, o Direito apoiado na coação do Estado;


e do ou-

tro, a Moral com o foro intimo. São vizinhos


não
que

se conhecem
e nem se encontram. Esse espirito de

antinomia do racionalismo,
além de se manifestar

nessa dissociação
entre o Direiro e a Moral,
e com tu-

do o —
esta acima da
que Moral, seccionou o Direito

das ordens
lhe são inferiores,
que como a ordem
eco-

nomica.
Nos sabemos
toda Economia
que Classica
se

baseia no dogma
do determinismo.
Impossível
atuar

sobre as leis economicas.


modificação
Qualquer no

curso dos fatos é destinada


ao fracasso.
Aceitas
essas

afirmações
dogmaticas,
nada resta. ao Direito
senão

numa indiferença
permanecer
budica deante
de
qual-

fenomeno
quer economico.
O Direito não
consi-
pode

^
naturalmente
produzido
pelas
leirW^conom"11

O Direito
fica reduzido
a uma múmia
em face

de tal concepção.
Marx
foi muito mais sincero do
que
os
pensadores burgueses,
aceitando
porque o determi-

msmo
economico,
subordinou
o Direito a esse deter-

minismo.
Um Direito vazio, num
espaço vazio, um

Direito abstrato
como o concebeu
a burguezia,
sem

relações
com esse mundo
onde os homens
se agitam

criam industrias,
fundam
empresas, -
comerciam,
é

um ireito inexistente.
A múmia
era considerada

um ser vivo,
e Marx demonstrou
era um cada
que ver

com espanto
hipócrita
da burguezia.

Algumas
considerações
,; a respeito
da
n
Ordejn
Jurídica. Entremos
na analise
do conteúdo

da ordem
jurídica. Nos
vimos
já a ordem
que
júri-

SETEMBRO 1938
255

dica da concepção racionalista era constituída apenas

de indivíduos livres e iguais. A autoridade


própria

do Estado derivava de um contrato feito entre esses

indivíduos, de condições idênticas de


possuidores

liberdade, e entre os reinava a mais abso-


quais

luta igualdade. Segundo essa teoria, todas as relações

sociais devem ser regulada um único


por
principio,

o da igualdade entre as Mas a vida social


pessoas.

é muito complexa, ser regida somente um


para por
prin-

cipio. Muitas vezes não se encontra essa igualdade,

mas uma hierarquia entre as se relacionam,


partes que

como entre o filho e o os membros de uma as-


pai,

sociação e a sua diretoria, os súditos o


e
governo.

Aristóteles demonstrou um agudo senso da rea-

lidade, enquadrar todas as especies das


quando, para

relações em sociedade distinguiu tres ou


principios,

melhor, tres especies de a comutativa, a


Justiça:

distributiva e a legal. A exige absoluta


primeira

igualdade entre as E' a se dá de


partes. que pessoa

a entre as não existe nenhuma razão


pessoa, quais

as diferencie. A segunda é a se
particular que
que

dá do Estado os Ela impõe ao Es-


para particulares.

tado se trate os de acordo


que com a
particulares

sua capacidade e seu mérito. Diferente da


Justiça

comutativa, considera desigualmente homens desiguais.

A legal, a se dá dos
Justiça o
que particulares para

Estado, isto é, a é devida ao Bem


que pelos particulares

-
Comum, é alheia também a idéia de igual-
qualquer

dade, cada um deve dar ao interesse o


pois
publico

esse exigir, de acordo com as suas forças. No seu


que

comentário aos do Decalogo, Tomás


Sto.
preceitos

desenvolve idéias vêm em a com-


evidencia
que pôr

da ordem Tomando a
plexidade jurídica. palavra Jus-

tiça no sentido o mais amplo, a


diz ele: virtude

regula os nossos atoè em relação a ou trem". E


que

-'Ora,
continua em seguida: regular essas rela-
para

foram dados todos os do decalogo, como


ções, preceitos

o verá cada um deles. Logo, todos os


quem percorrer

do decalogo á
preceitos pertencem Justiça".

Depois da analise dos tres os


primeiros preceitos

tratam dos nossos deveres com Deus, e


quais para
A ORDEM
256

nossas obriga-
ocupa das
se
do
do exame quarto que

Doutor Angélico,
diz o quando
com os
ções para pais,
"As
da
seis últimos: partes Jus-
dos
a tratar
passa

temos
nossas dividas
as que
nos mandam
tiça pagar

a nos
e determinadas pessoas, que
com certas
para

Assim também
razHO especial»
âlgumâ
obrigamos
por

o
nos manda
dita pagar que
a
Justiça propriamente

depois dos tres


Por isso,
a todos.
devemos
em
geral

nos mandam cum-


á religião,
relativos que
preceitos

e depois do
com Deus;
nossos deveres
os para
prir

cumprimos o
filial,
o da pelo qual
piedade
quarto,

íncluc todas as
e <jue
com os
dever pais ^
para

razão especial,
em alguma
obrigações fundadas

se estabele-
consequencia,
necessário que
era por

a
concernentes Justiça pro~
cessem certos
preceitos

os nossos de-
nos manda cumprir
dita,
que
priamente

com todos."
veres em
geral para

de Sto. Tomas. Ele


o ensinamento
Consideremos

dos sete últimos


deveres, objeto preceitos
divide os

com certas e deter-


1) deveres
em duas categorias: para

alguma razão especial;


fundados em
minadas
pessoas,

todos sem distinção.


temos com
2) deveres para
que

o Direito tinha apenas


a concepção racionalista,
Para
"or-

exclusivamente da
dimensão: constituia-se
uma

as relações entre individuos, sem


rege
dem
geral" que
"ordem

distinção. Não existia que


qualquer particular"

-'ordem
nessa Eram as
viesse se entrosar pes-
geral".

regidas normas
livres e iguais, em
sôas principio pelas

"ordem

estabeleciam obriga-
comuns da
geral", que

originando-se daí o contrato. Os


reciprocas, pres-
ções

são a liberdade e a igualdade. Es-


supostos do contrato

em todas as rela-
estavam
ses presentes
pressupostos

a teoria racionalista. Por isso,


segundo
ções jurídicas,

burguesa totalmente em tor-


a ordem
jurídica girava

vimos até a autoridade do Esta-


no do contrato. Como

de um contrato. Renard vê naquele ensina-


do
provinha

distingue implicitamente uma


mento de Sto. Tomás
que

-'ordem onde todas as têm atributos


geral", pessoas

"ordens

fundamentadas em
comuns, das
particulares"


determinadas entidades, o
e
atributos especificos

onde a moderna teoria


caminho aberto
por penetrou

SETEMBRO 1938 257

instituição, de vamos nos utilizar


da estudo
que para

ordem Segundo esta teoria, ao lado da


da
jurídica. gra-

das entre si, despidas de


vitação ra-
pessoas qualquer

as diferencie, dando lugar á formação


zão dos
que

existem outros sistemas de relações,


contratos, onde os

essenciais são anti-contratuais. E, em


elementos vez da

igualdade, encontra-se a hierarquia; em vez da liberdade

uma finalidade determinada a seguir.


de escolha, E

institucionalistas caminham de investigação


os em in-

social, demonstrar a objetivida-


vestigação
procurando

do afirmam. Através de suas analises, focali-


de
que

na téla de suas demonstrações a velha doutrina


zam

do Bem Comum.

Eles da constatação desse fato irrecusável,


partem

o de em toda a organização social existe um bem


que

não é o bem de cada elemento compo-


que particular

nente, mas um bem a todos, um bem


que pertence

e comum, contrariamente ao contrato, onde as


geral

têm interesses exclusivos e antagonicos. Ao


partes

lado do contrato deriva do acordo das


que partes,

a instituição, cujas normas originam-se em uma


existe

Mas essas duas ordens não constituem he-


finalidade.

misferios isolados não se tocam. O contrato,


que por

exemplo, si tem fundamento a vontade das


por par-

tes, limita-se com a ordem A ordem


jurídica. juridi-

ca está acima da vontade das o contrato a


partes:

ela se subordina. Constitue um outro campo se


que

extende além do dominio contratual, dominando-o. O

fundamento da ordem não é o mesmo dos con-


jurídica

tratos, sobrepõe-se a estes. será então o


pois Qual prin-

cipio as regras impostas ordem


que justifica pela juri-

dica ? Respondem os institucionalistas, logicos com a

sua teoria, esse fundamento se encontra na fina-


que

da ordem Relembrando a lição do Dou-


lidade
jurídica.

tor Angélico, onde ele distingue uma ordem de deve-

res comuns, uma esfera de obrigações onde se abs-

trae estabeleça uma hierar-


qualquer qualidade que

entre as todos são considerados sob


quia pessoas, pois

a mesma medida igualitaria da


Justiça propriamente

dita, constitue o dominio onde se formam


e se
que


os contratos, daqueles deveres especiais devemos
que
258 A ORDEM

c determinadas em virtude de uma


a certas
pessôas

superior exige acima das vontades indivi-


razão
que

tentamos realizar a aproximação se segue


duais,
que

o ensinamento tomista e a teoria da instituição.


entre

O contrato se forma, como fizemos ver, dentro


ja

daqueles deveres comuns. A razão des-


da esfera

deveres comuns está, acima do


ses
portanto, pro-

fundamentando-se na sua fina-


contrato,
prio própria

Aqueles deveres especiais a se refere Sto.


lidade.
que

não são mais do os deveres originados


Tomás,
que

dentro das instituições. Na verdade, ele não disse tal

Mas são os deveres devemos a cer-


cousa.
quais que

e determinadas em virtude de uma razão


tas
pessôas

Não são os deveres temos com


especial?
que para

as autoridades encarnam a finalidade das ins-


que

tituições ? A implica uma afirmação, é


pergunta que

um adeantamento á nossa exposição da teoria da ins-

tituição. Adicionada ás nossas considerações ligeiras dá

uma impressão suficiente da harmonia se estabe-


que pode

entre o institucionalismo e a visão


lecer tomista do

Direito. Mas continuando a nossa digressão, focalize-

mos o Estado, instituição de amplitude social.


grande

O Estado tem como finalidade o bem comum nacio-

nal. Esse bem comum é se constitue o fundamento


que

das leis se elaboram, e da autoridade esta-


que própria

tal. A medida dessa autoridade não é um contrato hi-

mas o bem comum da Nação. 0 Estado cons-


potetico,

titue-se tendo necessariamente como fim esse bem

comum da sociedade nacional. Os individuos não são

livres de escolher um fim o Estado. Mes-


qualquer para

mo afirmar o Estado ter outra fi-


porque, que possa

nalidade não a especificamente sua, seria um contra-


que

senso, nesse caso o Estado mudaria de naturesa


pois,

deixando de ser Estado. Num contrato, tal não se dá.

As são livres de determinarem o seu conteúdo.


partes

Por outro lado, nota-se dentro de cada instituição a di-

ferenciação de funções, indispensável á consecução da

finalidade comum. O Estado exige funções de nature-

sas diversas, atingir a sua finalidade, como a mi-


para

litar, a etc. E cada uma dessas funções se


judiciaria

constitue, sua vez, em uma instituição, onde cada


por

SETEMBRO
1938 259

elemento desempenho,
uma função
No exerci*
própria.

to um ocupa o lugar de soldado, outro, o de oficial.

Essa diferenciação
é uma necessidade
social, essa hie-

rarquia é indispensável
ao fim da instituição.
O con-

trato não tolera a hierarquia entre as


o
partes: que

domina é a igualdade. Em cada instituição


ha neces-

sidade de um elemento diretivo de suas


com-
partes

onentando-as
o fim as
ponentes, transcende.
para que

No contrato não se tolera uma autoridade dirigindo a von-

tade das Os homens se reúnem


partes. formar
para

instituições diversas,
atingir finalidades
procurando va-

rias, como culturais e economicas, constituindo ordens

adequadas aos objetivos


visam. E' claro
que nem
que

todas essas ordens


estão submetidas
particulares aos

Codigos, ás
e ás legislações
Jurisprudências dos Es-

"mera
tados. Mesmo o Direito não
porque é uma se-

creçao do Estado,. O Direito existe e manifesta-se em

todas as organizações
sociais. Como se estabelece a"or-

dem" dentro de cada instituição, nós vimos de-


já que

corre da finalidade de cada organismo


própria social,
^

onde reside sua naturesa, sua especificidade.

Não e tao fácil ter-se uma visão de conjunto de

toda a ordem utilizando-se a


jurídica, teoria da ins-

tituição, em virtude de sua complexidade. Entretan-

to, lancemo-nos á tarefa. Os dois hemisferios da or-

dem são o contrato a instituição.


jurídica e E' di-
^

ficil, muitas vezes, distinguir-se um do outro na vida

real. Situações contratuais


se tornar insti-
podem

tucionais. Para andarmos com mais segurança no

assunto, devemos distinguir a forma do conteúdo.

Uma figura
ter a forma contratual
jurídica pode e

conteúdo, a essencia, institucional. instituição


A

constitue um organismo, um ser estabelecer


que pode

relações como as físicas.


pessoas

As relações se dentro das instituições,


que passam

relações de naturesa organica, nós chamamos de re-

laçoes constitutivas. As relações não tendem a


que

nenhuma
organização, repudiam hie-
que qualquer

rarquia
e autoridade, tendo como a
pressupostos liber-
*1 * i aT Jl

dade
e a igualdade, chamamos relações
de con-

tratuais.
Uma interessante é a do compor-
questão
A ORDEM
260

instituições entre si. Elas enta-


tamento das
podem

mutuas, tendo como a li-


bolar relações pressupostos

a igualdade, relações contratuais,


berdade e
portan-

entre si, relações constituti-


to, e estabelecer
podem

inferiores formam instituições superiores.


vas: instituições

instituições devem ser subordinantes, e


as
que quais
Quais

nessa ultima especie de relações, é uma


as subordinadas,

hierarquia de valores. As instituições


de
questão

inferior subordinam-se ás de finalidade su-


de finalidade

é mais ou menos estreita


E essa subordinação
perior.

o de ligação da instituição inferior á


conforme
grau

da finalidade da superior. O Estado,


consecução
por

se arroga o de intervir na vida


exemplo,
poder
quando

de onde emergem as instituições,


social, seio
possue

de fato esse limitado sua finalidade


poder pela própria

a naturesa de cada instituição.


e

através de nossas considerações a


Evidenciam-se

da ordem e o seu contato com


complexidade
juridica,

os vários aspétos da naturesa humana. O Direito é o

continente social do conteúdo constituido varias


pelas

esferas da naturesa humana. E a tarefa de em

cada caso distinguir-se o continente do con-


particular,

teúdo, traçando-se uma fronteira nitida


perfeitamente

entre o dominio das normas e o das ativida-


jurídicas

des finalisticas, essenciais, constituem a alma da


que

-
instituição, é uma tarefa onde se encontrarão, muitas

vezes, dificuldades semelhantes àquelas se nos de-


que

distinguir em cada ação hu-


param quando procuramos

mana, onde começa e termina o espirito, onde come-

e terminam os sentidos.
çam

-
III. Ligação da ordem á mo—
ordem
juridica


ral. Nós consideramos o Espirito e a Matéria for-
que

mando uma unidade substancial no Homem, não


po-

demos separar a vida interior da o fez


exterior, como

Descartes, a Moral do Direiro, como Kant. Distin-

Espirito e Matéria, vida interior e exterior,


guimos

Moral e Direito, mas não os separamos, nas


porque

atividades espirituais a Matéria, nas mate-


participa

riais, o Espirito. O Espirito transcende a Matéria, ten-

do existencia independente, em virtude de sua natu-

resa mas, este motivo, não está separado


própria, por

SETEMBRO 1938 261

dela, mas a ela estreitamente ligado. Com muita razão

-'uma
diz Bossuet, o Espirito é substancia racio-
que

nal viver num corpo e estar-lhe intimamente uni-


para

da". A vida interior e a exterior não ser sec-


podem

deve agir na vida social, em har-


cionadas. O homem

monia com a sua vida espiritual. Existem ligações es-

treitas e intimas entre uma e outra

só tivesse vida exterior não seria


0 homem
que

Homem. Como também o homem só tivesse


que

vida interior sem nenhum contato com a sociedade,

seria inhumano. Sôbre a relação dessas duas vidas,


que

unidas formam a vida humana, ouçamos essas


palavras

-'Os
acendem uma
admira veis de
Jesus-Cristo: que

debaixo do alqueire, mas sobre o


luzerna não
põem

alumiar a todos os estão em casa.


candieiro,
para que
"deante

Brilhe assim a vossa luz" do Espirito)


(vida
''para

eles vejam as
dos homens" exterior)
(vida que

vossas boas obras e a vosso Pai está


glorifiquem que

a indispensável visão
nos Céus", Os antigos tiveram

trataram do assunto. Encontramos


de conjunto
quando

dos deveres do Ho-


em Sto. Tomás a visão totalitaria

uma hierarquia, uma su-


mem. Entre os deveres existe

aos superiores; eles formam um


bordinação dos inferiores

como a naturesa humana


conjunto, uma organização,

nessa visão de conjunto, os deveres


donde derivam. E

mais transcendentes, áque-


estão sujeitos aos
jurídicos

les falam de uma outra vida...


que

-
ordem moral unidade do corpo e do espirito,
A

-
unidade dos direitos da
e a ordem
persona-
jurídica

da vida social, não


lidade humana e das exigencias po-

uma vez os
dem estar separadas e em desacordo,
que

manifestar de
direitos da têm se
personalidade que

e matéria em
acordo com a naturesa humana, espirito

vida social não


substancial, e as exigencias da
unidade

A Moral esta,
atentar contra esta naturesa.
podem

do Direito, e o Direito estreitamente


acima
portanto,

uma linha clara e


á Moral. E' dificil traçar-se
ligado

o moral, ficando ape-


nitida entre o dominio e
jurídico

as duas or-
indecisa na transição entre
nas uma faixa

a ordem e
dens. Os antigos admitiram entre
juridica

a ordem da equi-
a uma ordem intermediária:
mora],
262 A ORDEM

dade, da liberdade, da honestidade, da caridade. Dis-

em torno da uma serie de


puzeram virtudes
Justiça

anexas a transfiguram, iluminando-a até com


que lu-

zes sobrenaturais. A honestidade, a liberalidade e a emií-

dade são virtudes através das a ordem


quais jurídica

vai se adelgaçando e na ordem moral. A


penetrando

dificuldade em se traçar uma linha entre o do-


precisa

minio e o moral, decorre da naturesa


jurídico
própria

do Homem. Nós distinguimos os vários da Vi-


planos

da, mas eles estão dentro de nós formando uma sin-

tese, estão sempre unidos, entrelaçados. Nós os separa-

mos uma necessidade intelectual, é o


por
porque pro-

cesso de a nossa Inteligência utilizar


que
pode para

conhecer.

-
IV. Ligação entre a ordem e a or-
jurídica


dem economica. O Direito, d? Ordem Univer-
parcela

sal, do mesmo modo se relaciona com a Moral,


que

e através dela, com o lhe está acima, liga-se também


que

com as ordens -
lhe estão abaixo a ordem fisica,
que

a ordem biológica e a ordem economica. Á


pequenez

de nosso trabalho, entretanto, não nos senão


permite

a analise de sua relação com a ordem lhe está


que

-
mais
a ordem economica.
próxima vimos
Já que

a Economia -
Classica fundamentava-se
em um dogma

o determinismo.
A ação natural das forças economicas

levariam a sociedade ao á
e Si as leis
progresso paz.

economicas tem o mesmo automatismo das leis fisicas


^

e impossível
químicas, admitir-se a intervenção do Di-

reito. Mas essa consequencia


era, o racionalismo
para

um
inexistente,
problema havia cometido o
^ pois
grave

erro de considerar isoladamente


os fatos economico

e como
jurídico, si fossem esferas insusceptiveis
de se

chocarem
em virtude da ação natural da lei da
gra-

vitação.

Vamos determinar os
de entie o
pontos
junção

Direito e a Economia. Para isso, vamos nos servir da

moderna
teoria da Economia
Institucional. E' uma

nova
escola se baseia muito mais
que na experiencia

e na observação
a Economia
que Naturalista e a Psi-

cologica. Excele
estudar as
por empresas, as organi-

SETEMBRO 1938
263

zações economicas existentes, vindo


o dinamismo
para

da vida da industria e do comercio, fazer as suas anali-

ses, sem a das construções


preocupação acabadas, abs-

tratas e simplificadas da Economia Classica. Tem á

frente o economista norte-americano


Commons. Uma

das originalidades da Economia Institucional


é a consi-

deração do tempo nos fatos economicos. Para os eco-

nomistas clássicos, a riqueza só se constituir


podia de

cousa material. Commons dá uma importancia


muito

ao futuro. Ora, o futuro é, definição,


grande por cou-

sa imaterial; o tempo é uma abstração.


Geralmente

os economistas do século
passado na
pensavam que

Economia não havia relações sem suporte material.

Esse modo de ver não a incorporação no do-


permite

minio da Economia dos valores futuros, não se


que

traduziram ainda em realidades materiais,


embora o

venham a ser no futuro. Entre os economistas anti-

foi Mac Leod teve o


gos da ver-
que pressentimento

dade. E a razão disso, informa Commons, reside no fato

de Mac Leod ter sido ao mesmo tempo, um


jurista,

e um economista, originando-se daí a sua compreen-

são de as economicas não se iden-


que quantidades

tificam com as relaçõès materiais; as dividas


que

e os créditos constituem bens economicos; ao lado


que

da corporea, direito sobre uma cousa, ha


propriedade

uma incorporea, direito de crédito, e si


propriedade

este ser objeto de trocas, está incluido no domi-


pôde

nio da Economia Politica. Commons determina é


qual

a naturesa, são os contornos dessa noção de


quais

tempo. Em lugar, ela tem um le-


primeiro quadro

Uma divida, uma obrigação, são reguladas


gal. pela

lei. Não nos sujeitamos a esperar uma renda, um lu-

cro, nos são devidos, sem uma


que garantia jurídica,

sem o asseguramento da lei. Sem a intervenção do Di-

reito, a consideração do futuro Economia seria


pela

dificil. Estamos esboçando alguns aspetos do


papel

desempenhado fator tempo, na Economia Insti-


pelo

tucional, aqueles nos interessam,


justamente que por-

constituem os de entre o fenomeno


que pontos junção

e o economico. Essa consideração do tempo


jurídico

em o de finalidade. Nós
põe primeiro plano principio
264 A ORDEM

sabemos toda a Economia Classica buscava as cau-


que

sas do fato economico no o fundamento


do
passado;

?alor era a de trabalho despendida


a
quantidade para

num tempo mais ou menos remoto, mas fi-


produção, que

cava sempre atraz de nós de Ricardo, adotada


(teoria

Marx). A Economia Psicologica as causas


por procura

economicas no o valor de um objeto decorre


presente:

das sensações de ou de dor experimentadas no


prazer

momento mesmo da troca ou satisfação. A Eco no-

mia Institucional em na determi-


põe primeiro plano,

nação das causas economicas, o futuro. E' a consi-

deração do virão a ser os bens as


e satisfações,
que

se constitue o fator determinante. Gaetan


que Pirou,

í*Les
em Nouveaux Courants de la Theorie Economi-

"A
-
aux E'tats Unis", diz: Economia de Commóns
que

não é uma teoria materialista de mercadorias ou

uma teoria de sensações; é institucional


psicologica

e volicionista. dizer ela as realidades


Quer que põe

no das instituições, e demonstra o


quadro essencial
que

é a vontade de ação voltada o futuro.


para

Por consequencia as relações de simples causali-

lidade, sobretudo de causalidade mecanica vão desa-

e ser substituídas
parecer relações têm mais
por que

flexibilidade
e ao mesmo tempo mais finalidade. Pon-

do em
o de
primeiro plano finalidade, Com-
principio

mons humaniza
a Economia.
O Homem transaciona,

comercia, visando
satisfazer necessidades
presentes

ou futuras, caminhando
a consecução
para de fins ori-

dentro de
guiados si mesmo. E o Homem, acrescen-

no.s' n^° deve escolher fins violem o equi-


que
rv.11*08

libno racional das forças o constituem, o se-


que
que

ria um conflito entre o fato economico o moral, nem


e

visar objetivos
venham violar
que o equilibrio social,

o mie seria um choque


entre o fato economico e o

"Le
Este deve
jurídico. regular aquele. Renard, em

Jüroit, 1 Ordre et la Raison",


assinala interferencia
a
^

das normas
no desenrolar
jurídicas de um fenomeno

economico, dizendo
aquelas
que adeantar, atra-
podem

zar o curso deste fenomeno,


amenizar-lhe
os efeitos brus-

cos, venham trazer desequilíbrios


que na sociedade, con-

trolando-lhe
a velocidade, aumentando-a,
ou diminuindo-a.

SETEMBRO 1938 265

Passemos a outro aspeto da E*


questão. postulado

da Escola Classica, os interesses se harmonizam


que

espontaneamente sob o das leis naturais. En-


governo

tanto, o vemos na realidade é os interesses


que que

divergem e se chocam. O economista aceita o


que pos-

tulado da Economia Naturalista, só ser indivi-


poderá

dualista, uma vez não ha necessidade de orga-


que

nização conciliar os intereses. A sua se-


para posição

ria outra si da constatação da existencia de


partisse

interesses luta, e do fato da raridade dos bens


em em

face do numero de necessidades satisfação.


que procuram

Essa constatação constitue um dos fundamentos da teo-

ria de Commons, isso, reconhece como neces-


que, por

saria e indispensável a organização, em extra-


pondo

ordinário relevo a ação coletiva, ordenada nas va-

rias entidades economicas, nas corporações, empresas,

trusts, etc. Para existam essas entidades são evi-


que

dentemente indispensáveis regras técnicas, economicas,

e... a brasa a nossa sardinha... regras


puxando para

necessarias á harmonização dos interesses dos


jurídicas,

elementos componentes.

considerar um terceiro aspeto da Eco-


Queremos

nomia Institucional de importancia extraordinaria. E'

o diz respeito ás relações na vida economica.


que

Em vez da expresão trocas, Commons, me-


prefere para

Ihor exprimi-las, a transação, distinguindo


palavra

-
tres especies de transações: I) Transação de troca.

-
E' a transação dos mercados, entre vendedor e com-

A analise rudimentar da Economia Classica


prador.

só verificou no fato da troca, a existencia de duas


pes-

soas. A Economia Institucional constata a existencia

de cinco: 1) o comprador efetivo, 2) o comprador


pos-

sivel, 3) o vendedor efetivo, 4) o vendedor


possivel,

intervirá caso de ne-


5) o eventualmente em
juiz que

tornar indispensável a do
cessidade. E, si se
presença

decisão obedecerá ao determinismo da Eco-


a sua
juiz,

o intervirá, dando a cada um


nomia Classica? Não:
juiz

Eis dos vários de li-


o for aí um
justo. pontos
que

Economia e Direito, com o


entre predomínio
gação

-
Transação de direção e administração.
deste. II)

incluem-se as relações visam


Nesta especie,
que
266 A
ORDEM

a das riquezas.
produção E' a transação
economica

entre o superior e o inferior, o


entre o
e empre-
patrão

entre o contra-mestre
gado, e o operário. Ela só se es-

tabelece depois
o operário ingressa na Usina.
que


se trata de
Quando saber o é devido ao ope-
# que

rario, nessa transação,


o regulador c a
principio
Jus-

tiça distrbutiva.
E' essa diz: Si o opera-
Justiça que

no concorreu
os fins da
para da empresa
produção
para

a ingressou,^
a sua remuneração,
qual como a de todos

aqueles contribuíram
que a empreza com bens
para ou tra-

balho, tem de ser


á sua contribuição.
proporcional Não de-

vemos esquecer, entretanto, o o operário deve


que em vir-

tude da
legal. Na realidade,
Justiça reina a
distri-
Justiça

butiva ? Evidentemente
não. Existem
que explorações,

abundam operários mal remunerados


em relação á
porção

com concorrem.
que Mas,
evitar esses
para males, é

necessaria a integração
da Economia no Direito.

-
de repartição.
"Transações Dizem respeito

a divisão dos benefícios


ou encargos entre os membros

de coletividade.
Será,
exemplo, o
por fato de uma

sociedade anônima
reparte os
que dividendos
entre os

acionistas, ou o da assembleia
legislativa
votando

a repartição
dos impostos
entre os cidadãos.
Essas duas

transações,
repartição
de benefícios,
distribuição
de

encargos, tem contato


com o Direito,
a
primeira
através da
distnbutiva,
Justiça a segunda
inter-
por
médio da
legal.
Justiça

O Direito
contribue
dar maior
para beleza á or-

dem economica.
Ela constitue
uma seção da Ordem

Universal,
e si se destacar
da
lhe é superior
parte
que

e vizinha, nao
participará do esplendor
da harmonia do

Cosmos, mas ficara


desprovida
de vida, mergulhada

no caos,
de odios
plena e de desordens.
O
grande
mal
herdamos
da cultura
que do século
foi
passado
o espirito de dissociação
e separação.
O isolamento

das -
tres ordens
a moral,
a
e a eco-
jurídica
-
nomica
so tem trazido
prejuízos. A Economia
foi en-

tregue as suas
forças,
próprias e surgiu a desordem

no mundo
economico,
originando
revoltas.
O Direito

isolou-se
da Moral,
e consagrou
todas as expio-

rações.
E tudo isso não foi mais do a consequen-
que

SETEMBRO 1938 267

cia do esfacelamento da Ordem do Mundo, em-


geral

A ordem moral,
preendida pelos pensadores. e
jurídica

economica deve ser integrada na Ordem Universal.

•'fA
Ordem o mundo: o mundo da matéria e
governa

o mundo dos espiritos; a matéria


fatalidade; os
pela

espiritos liberdade e responsabilidade.


O império
pela

da Ordem é soberano em nosso Universo e além de

nosso umverso;
Universo; e
é ae
de n<
nossa razão achar repou-
proprio

zo no da Ordem; e a social como a es-


goso paz paz

não é mais do a tranqüilidade da Ordem.


piritual que

A Ordem tem as de e as for-


promessas perenidade;

da anarquia intelectual ou terminam


ças política por

se de encontro a ela. A Ordem é violada, mas


quebrar

não é destruída; a Ordem é sempre vencedora,


porque

a é a sua desforra."
Justiça (1)


«Le L'Ordre Raison».
Georges Renard Droit, et La
(!)
Letras contemporânea*

Serrano
Jonatas


Carlos Alberto Niunes OS BRASILEI-


- —
DAS S. Paulo Elvino Pa cai, ed. 1938.


Maria —
Eugenia Celso
JEUNESSE

Pongetti, Rio 1938.

Há meio século Guyau discutiu


quasi o

pro-

blema, sempre atual, da ou não do


possibilidade de-

saparecimento da Mais
ainda:
poesia. precisamente a

do verso e da sua resistencia


questão á crescente
pre-

dominancia da E as conclusões do
prosa. filosofo,
que

era aliás também um não foram até hoje, ape-


poeta,

sar de todos os desmentidas


pesares, fatos.
pelos

Certo, um observador apressado ou incompe-


para

tente
(os a miúdo coexistem
qualificativos no mesmo


individuo)
á vista
pode primeira no
parecer que,

dinamismo do mundo contemporâneo, maxime no mundo

-
de após 1914 1918, é sobrevivência inútil e moribunda

o culto da
e em especial
poesia assim) no
(digamo-lo

rito ortodoxo do verso. Nem nos surpreende


essa

apressada
suposição,
em tão sumário. A
juizo morte

da
Religião
própria afinal, sobreexcele,
^ (que, e de

muito, em valores
humanos, Poesia e Ciência) tem

sido inúmeras
vezes
E, no final das
proclamada. con-

tas, morreram,
morrem
e morrerão os lhe
que passam

o atestado de^ obito. Religião


e Poesia como Ciência

e. st ri a, so desaparecerão
com o desapare-
proprio

cimento da Especie,
o bipede
quando hou-
privilegiado

ver concluído a sua


passagem tempo no Plane-
pelo

ta
predestinado.

Não morrera o verso,


tal a
que expri-
qual prosa,

me a realidade
e não depende,
psicologica em essencia,

do simples arbítrio dos


são ou
que se supõem, donos

dos assuntos.
Rima e métrica,
naturalmente, variam,

evoluem,
complicam-se, reduzem-se,
desaparecem ás

vezes
reaparecer,
para com mais vigor: não
quiçá são

0 essencial. O verso,
proprio esse tem a mesma imor-

SETEMBRO 1938 269

talidade da o sabieis, de ha muito, não é


prosa, (já

verdade, Mr.
Jourdain?)

o verso não morreu bem o sabemos nós no


Que

Brasil e aqui tenho deante dos olhos mais uma dentre

mil E Os Brasileidas,
provas. que provai poema que

o seu autor, Carlos Alberto Nunes, em 1931


publicou

cinco cantos e ora em nova edição nos apresenta


em

nove cantos, cada um com mais de 500 a 600 ver-


em

-
decassílabos, demonstra a fascinação
sos exer-
que

Musas ainda não o seu má-


cida
pelas perdeu poder

e irresistível sobre certos espíritos. Da 1.*


gico

disseram com entusiasmo Miguel Couto


edição e

Afranio Peixoto; e da escreveu Dan-


presente Júlio

tas no Correio da Manhã uma coluna e meia de lou-

vores excecionais, não obstante algumas leves res-

-Constituiu
trições. Textualmente: mim verdadei-
para

ra revelação a leitura do Os Brasileidas de


poema

Carlos Alberto Nunes, obra de tal modo notável


que

me considerar o seu autor não só um dos


permite

maiores do Brasil contemporâneo, mas também


poetas

um clássico da língua da Ma-


portuguesa", (Correio

nha de 17 de
Julho.)

havíamos lido e anotado o se


Já poema quando

nos deparou o artigo Podemos, sem a su-


precitado.

de um alheio, apreciar a obra sin-


gestão prévia juízo

ceramente, reconhecer-lhe os altos méritos e alguns se-

nões, não são aliás exatamente os mesmos apon-


que

tados Dantas.
por Júlio

Não logra o leitor do fugir a uma impres-


poema

são de surpreza agradavel ante a extraordinaria cul-

tura classica acumulada esse corajoso,


por poeta que

meio á anarquia literária de hoje, não trepi-


em

o épico e em dizer logo de inicio:


da em tentar
gênero

"A

régia Poranduba das Bandeiras

Musa, me comunica, os altos feitos

Dos Heróis o Brasil souberam


que plasmar

Través Pindorama, demarcando

Nos sertões a conquista e as esperanças".

temeridade, dada a ti-


Admirável coragem,
quiçá

rania daquele regime o Sr. Dantas


que Júlio qualifica
270
A ORDEM

de bolchevismo intelectual do
e afirma
qual com
"por

razão toda
que a inutilidade
parte preconiza das

regras
a destruição dos
gramaticais, monumentos
e dos

cânones lingüísticos
e a instituição da anarquia
idi-

omática universal/'

Hoje, mais do na época em Odorico


que Men-
que

des trasladou o vernáculo Virgílio


para e Homero,
já parece

milagre versar com agilidade


latim e O conhe-
grego.

cimento mesmo do
de lei se
português afigura
origi-

nalidade
e talvez de
prova sentimento
pouco na cio na-

lista... Um Albano, na
José sua época, era um insulado

na correção camoniana dos seus sonetos ou na


per-

feição^ classica daquela maravilhosa


Ode á língua
por-

tuguesa. Nem faltará


veja nesse
quem amor á ver-

naculidade
algo mórbido,
caso
a reclamar
patólogico,

intervenções
terapêuticas....

Sr. Carlos Alberto


Nunes
.O ao reduzi-
pertence

dissimo
dos ainda
grupo estudam
que e estão em con-

diçoes de apreciar os encantos intraduziveis


das
ün-

classicas não
guas^ e se intimidam
com o riso da igno-

rancia
Pois si
presumida. até ousa ressucitar
o Olimpo
-
e ainda -
pecado mais
mescla os
grave mitos amerin-

os e °s heróis
precolombianos aos deuses
e semideu-

ses homericos
e virgilianos!
Anacronismo?
Não se es-

o
queça se inclue
que poema no
épico e o
gênero

poeta manter
quis a tradição
vinda da Iliada até os

Lusíadas.
Também
na obra
camoniana
prima o ma-

ravilhoso
reúne mitos
e dogmas
cristãos.

lod,° °
Problema está em
¦ saber si
, a nossa época

ainda admite a epopeia.


Certamente
não a
to-
podem
ar
c°mpreender...)
os mocinhos
/nen! e as
£vquej
mocinhas habituados
aos
filmes
leves e futeis do cine-

ma comum.
Mas
porventura não
terá o artista o di-

reito de escolher o seu


genero? Uma catedral
gótica
oje, na época do arranha-céu
novaiorquino,
é um

anacronismo:
não se está a erguer uma em S. Paulo?

K concluída,
quando não
será muito
mais bela do
que

uhra"modernos
de capitais adian-

tadissimTs°?StrengOS
ê

Naturalmente
um
poema épico
exige tal soma de

cu ura
faze-lo, ou
que, para mesmo só
entendê"
para

SETEMBRO
1938
271

lo, haverá
mui restrito.
publico Admitamos
haja
que

apenas algumas
centenas: o critério
da valia de uma

obra de arte não ser só


pode o seja tam-
(dado
que

bem) a sua acessibilidade a


Diga-se
qualquer publico.

até
em regra, é o contrário.
que Em
hipótese,
qualquer

S1A um musico, ainda


pode hoje, sem desdouro,
com-

um minueto ou uma
por ou uma
gavota, sonata ou

sinfonia, á maneira dos mestres


grandes de outróra, e

não apenas foxes ao sabor da Broadway;


si é licito

a um arquiteto construir em estilo colonial


ou re-

nascença,
ou mesmo á maneira clássica;
si um autor

teatral tem o direito de tentar algo semelhante


aos

mistérios ou atos de outras épocas


passadas,
por que

não
um erudito
poderá abalançar-se
poéta a uma

epopéia?!... Correrá os riscos da aventura; mas isso

não sucede só com os autores de


épicos.
poemas

Como
se o fato
quer que é este
pense,
que poema

contém
realmente belas.
passagens Musica de decas-

silabos bem feitos,


vernácula da
perfeição frase, opu-

lenta riqueza de minúcias...


O se lhe incre-
que pode

-
ao erudito autor,
par, também de
pecado Odorico Men-

des e do -
Castilho é
proprio o excesso de inversões,

de hiperba tos e ate sinqueses, de latinismos hele-


e

nismos, de metlaplasmos
e de tropos, de meto-

mmias e sinedoques,
de
propositados e não raro

obscunssimos
arcaísmos neologias.
e
Para o leitor co-

mum assume o
o aspeto de
poema obra hermética, e

o de
quasi livro escrito em idioma estranho.
^carater

Culpa nao exclusiva do autor, mas ainda, e muito, da

mopia vocabular
caracteriza a nossa
que época. Para

entretanto
esteja em
quem condições de lhe saborear

vo^ade o mel do
genuino Himeto, o tres-
j prazer,

dobrado, delicia e conforta.

Confesso não me agradam


que os decassílabos

agudos,
repontam aqui
que e ali,
porventura para que-

brar a monotonia do verso branco. Prefiro sempre os

ou mesmo os
graves, esdruxulos.
Alguns versos, em con-

traste
com a
do estão a
perfeição geral exi-
poema,

leves retoques.
gir

Tetos a
que dos Homens abafam
grita

canto V, 572)
(
272 A ORDEM

Mas, forçado, tétrico, recuava V., 590)


(canto

Por sobre o Lago velozes


perpassam (can-

to VIII, 458)-

em os acentos tônicos não obedecem ás regras cias-


que

sicas do decassílabo nem as exigencias da


português,

musica do verso destinado á leitura e não a ser


própria

cantado.

Dantas apontou alguns lapsos na formação


Júlio

de neologias. Critica severa teria ainda acaso o


que

respigar. Nada entretanto invalida o alto significado

desse notável, consagrou seu autor como


poema que

um representante da cultura classica em nos-


genuino

sas letras.

A obra de arte representa, em muitos casos, uma

evasão da realidade, ou menos da trivialidade da


pelos

vida Guyau reconhecia o afastamento


quotidiana. Já que

no tempo e no espaço constitue um elemento de inte-

resse e encanto literário e artistico. Daí a sedução dos

livros de viagens e das obras de fundo histórico. O

autor dos Brasileidas realizou a sua evasão o


para

do Sonho, tentando reviver a epopeia dos Ban-


país

deirantes. A Autora de evade-se da realida-


Jéunesse

dade no tempo, no espaço e até no idioma. Sa-


próprio

bendo manejar tão bem a sua, nossa,


é a
que quanto

a outra, é a língua de Vítor Hugo e de Rostand,


que

também um a de todos
(e nos forma-
pouco quantos

mos ao contáto da cultura francesa,) Maria Eugenia

deliberadamente os seus versos mais be-


preferiu para

los e expressivos, a formosa lingua da Douce France.

E ela nos explica:

..*si 1'âme étrangère;


yaí pris

Oh! mon Brésil, tu le sais bien,

Ce fut mieux me montrer fière


pour

De sentir mon coeur brésilien.


i', *

Poetisa e tendo escrito aquele Vicentinho


prosadora,

está traduzido o francês numa coleção de obras


que para

rimas, a autora ae realiza o milagre de


Jeunesse

izer em lingua estranjeira o sente a sua alma


que

de brasileira, amante orgulhosa do seu Brasil.



SETEMBRO
1938

Todo o volume
esta impregnado
de
e da
poesia

melhor, da
a ultima
primeira Forma
página. e fundo

se harmonizam
admiravelmente:
variedades
de ritmos

de imagens,
propriedade naturalidade
sem trivialidade'

revela
Jeunesse melhor confirma,
(ou
porque o sa-

biamos) uma alma espontaneamente


poética sem re-

buscados,
artifícios, alma vibra
que e sabe
exprimir
as

suas emoçoes de modo feliz e comunicativo.

ne sais
Je chanter
que ma
peine

Tal é a
linha do
primeira soneto inicial.
E as duas

ultimas
confirmam
e explicam:

Oh! mon
coeur trop
pauvre
poete

Pour
la vie
que te combler!
püt

Compreende-se
bem o deve
haver de
que sinceri-

dade naquele
formoso
e expressivo
S'en aller,
nós
que
mesmo
tentamos um dia trasladar
ao nossso idioma.

Compreendem-se
também as ultinas
estrofes da derra-

deira
pagina:

Si sentant vaciller
ta flame,
oh! Poésie,

Au froid d un mortel
abandon,

u desertes
d un monde
ou les hommes

i (oublient
T
L<e naut
de ton
prix émotion,

II serait inhumain
mon couer
que te

(survive

Uans ce supreme
arrachement.

La vie, sans ta clarte,


ne vaut
pas qu'on

Toi
donnes le
qui Reve
á toute ame captive

Delivre-moi,
en m'emportant!

O cinema tem,
muita
para feito lamenta-
gente,

velmente baixar o nível da vida.


não se sabe

qual

a verdadeira finalidade
da
arte. Filmes
própria
poli-
ciais, iilmes idiotas, filmes
ensinam o vicio
que e o cri-

me: tristeza e déficit


que humano!
que Mas o cinema,

ele mesmo, urge uma reação,


que em nome da verda-

de
e da beleza,
está fazendo
reviver a
banida
poesia

das letras, do romance


e do teatro. E' uma compen-
274 A ORDEM

sação. £ o êxito de algums desses filmes de


grande

inspiração e sadia comprova o asserto. Não é


poética

só o inculto vai dessedentar-se de


publico que poesia

ingênua e em Branca de Neve, em Cem ho-


pura

m
mens e uma menina raros
e em outros de valor

análogo. Bendita seja a Poesia. Benditos os man-


que

têm acesa a m maravilhosa.


lampada

>

m
' v

4
Registro

A r^cistâ* Atais de uma


pendencia vez, em discursos

e em escritos, o Papa atual

tem denunciado os erros e apontado os da


perigos

ideologia racista de esta imbuído o


que Nacional-

Socialismo alemão. A insistência


do Santo Padre em

focalizar o assunto
estranha a alguns
parece e conduz

não á suposição de
poucos o Chefe da Igreja, tal-
que

vez esteja se deixando levar um ínprudente


por
pen*

dor
Pelo menos a imprensa
polemico. do Fuehrer e seus

no exterior,
porta-vozes empenham-se
em fazer crer

o vigário^ de Cristo, movido


que um espirito de obs-
por

tinado
contra o regime
partis-pris vigente na cha-

mada
Alemanha, não
grande somente se mostra in-

como exorbita
justo, de sua autoridade,
estendendo seu

a coisas meramente
julgamento
e aos nego-
políticas

cios temporais daquela


nação. Sendo esta a mentalidade

dos dirigentes do estabeleceu-se


país, um conflito nas

relações
entre a Santa Sé e Berlim vem durando
que

ha mais de 2 anos.

Agravaçao
do Por
desgraça, inúmeros
são

conflito* os
fatores contribuam
que para

alimentar
esse conflito e mesmo

agravá-lo.
para Até os acontecimentos
internacionais

em lugar de concorrerem
a reconciliação
para entre o

Vaticano e Berlim, ainda mais exacerbam sua desin-

tehgencia. E evidente
a cinica brutal
que e anexaçao

da Áustria, seguida, como é sabido, do esmagamento

sistemático
e impiedoso de tudo formava a fi-
quanto

sionomia e a civilisação do vencido, e conse-


povo

de sua religião,
quentemente só criar novos
poderia

obstáculos
aos esforços de
entre o Gover-
pacificação

no Nacional-socialista
e o Poder espiritual. E como si

esses impecijios nao bastassem


tolher a desejada
para
pa-

cificação, a nova
internacional italiana,
poiitica veio

trazer-lhe
um contingente inesperado de dificuldades
276
A ORDEM

tornando deste modo ainda mais árduo o trabalho

dos não
a esperança de reconduzir
que perderam a

Alemanha ao cumprimento das obrigações


livremente

aceitas em documento
e solene como
publico é uma

L/oncordata.

O contingente
Aqui mesmo, nesta secção,

fascista. temos
divulgado alguns fatos

inquietantes
da atualidade
fas-

esta,
levar á convicção
que podem do a apro-
que

ximação italo-germanica
se faz ao do sacrifício
preço

da cordialidade das relações do Fascismo com o Papado,

e mesmo do repudio de condições claramente


expressas

e livremente consentidas dos Tratados de Latrão. En-

tre esses fatos, basta hoje aludir ao novo surto


^
que

vão tamando na
italica, os
península assuntos
se
que

a racial,
prendem tendendo;
questão sempre mais, a as-

sumir a feição com se apresentam


que na Alemanha.

Ha cerca de 3 meses o Conde Dalla Torre sentiu-se

no dever de chamar a atenção


tais ocurrencias,
para

-Osservatore
no
Romano".
Infelizmente
atos oficiais

do
Governo
propno fascista vieram depois demons-

trar a corrente
que o impele
que á exacerbação
do

conceito de raça é bastante


já caudalosa.
Diante da

das circunstancias,
gravidade
Pio XI
oportuno
julgou

erguer sua voz


paternal contra
para protestar essa no-

va onda -
de nacionalismo
exagerado",
tão contraria

a doutrina
católica
acrescentava
que, Sua

trazia implicitamente
em si mesmo a negação do Sim-

bolo dos Apostolos.

¦ ¦¦ —
»

As respostas
ao O Sr. Mussolini
sentindo-se

oanto Padre.
atingido
critica
pela do Sumo

Pontífice
ao nacionalismo
exa-

gerado, um discurso
pronunciou no dia 30 de
Junho

os
que italianos
jornais disseram
ser de resposta
áque-

a critica.
Nesse discurso,
contudo,
limitou-se
o Duce

a ahrmar
em
que de raça a
questão Italia seguia sim-

o
plesmente, o
programa Fascismo
que lhe traçara
ao

chegar ao
e nada
poder, impediria
que sua marcha
no

caminho
empreendera.
que Aqueles
repetindo
jornais
SETEMBRO— 1938 277

as do Sr. Mussolini acabaram, como os seus


palavras

colegas tedescos, negar competencia ao Soberano


por

Pontífice se em desta natu-


para pronunciar questões

resa. Era fatal...

Uma afirmaçao Na imprensa italiana, um

"Informa

oportuna. a zione Diplo-


jornal,

matica",
sobre
publicou porém

a m
matéria em debate, uma nota mais moderada, in-

sistindo no entanto como os demais, na demonstração

de a racista da Italia tinha antecedentes


que política

bem mais remotos, do se o a seu


que pensava, que jui-

zo invalidava toda a de enfeudal-a a in-


pretensão

fluencias estrangeiras. O essencial, no sobre o as-


que

sunto aquele orgão da imprensa italiana,


publicou

consiste nos argumentos com aquela


que justificou

necessidades da colonização novo


do Império
política:

-defesa
e da do espiritual do Esta
patrimonio povo".

ultima afirmação, força é convir, tem uma importan-

cia capital a compreensão da atitude do Papa, di-


para

ante da moderna racista.


questão

O importa si a
Saber racista da
que
política

fixar. Italia, no momento, obedece

a, influencias do exterior ou

resulta do desenvolvimento natural da ideo-


própria

logia fascista, constitue um aspeto secundário da


ques-

tão. O importa elucidar aqui, é si essa


que
política

e a alemã são afins. Os alemães assim o dizem.


jornais

Os italianos não o negam até


e exaltam essas afini-

dades segundo eles, valem como um laço dos mais


que,

solidos de união entre a Italia e a Alemanha de hoje.

Um de italianos, como divulgaram


grupo professores

as agencias telegraficas, tendo um manifes-


redigido

to de apoio á racial, os auspícios do


sob
politica pro-

ministério da educação italiana o


prio
popular procurou

Sr. Achille Starace, ministro de Estado do Reich e secreta-

rio do nacional-socialista alemão, receber


partido para

seus aplausos e seus encorajamentos. Lembremos

ainda o citado artigo do Conde Dalla Torre apa-


que
"Osservatore

recido no Romano", clamava


precisa-
278
A ORDEM

mente contra a desenfreada


dos métodos
propaganda

educacionais da infancia -'fanatismos


e dos
éticos
e

sociais alemães,
com a tolerancia
que das autoridades

senão com a sua animação, vinham fazendo os


jornais

de todo o antigo reiuo italiano.


Por outro lado a ir-

ritação demonstrada
com as
do Santo
palavras Padre,

de condenação
á idolatria
racista, significa
os fas-
que

cistas se doeram.
o não seria
que si entre
possivel ra-

cismo alemão
e racismo italiano não existisse maior

ou menor
solidariedade...

A competencia
do Chegou agora a vez de verifi-

Padre.
car si na
racista,
questão
pode

legitimamente
. _ intervir
a auto-
a

ridade do Papa.
Antes de tudo tenhamos

presente

e troianos
que gregos foram
sempre acordes
em afir-

mar, o Papa é
que excelencia
por uma autoridade
es-

Assim sendo,
piritual. necessariamente
todas as
ques-
toes espirituais devem
ser consideradas
de sua alçada.

-
Illustrazione
Diplomatica",
expontaneamente
re-

conhece
na "de-
que racista,
questão está incluída
a

tesa do
espiritual
patrimomo do
Acaso
povo". será

necessário
mais argumentos
nos convencermos
para de

que, pronunciando-se sobre a


racista,
política de
qualquer
o Papa
país, o faz no
exercício
mais incontestável
do

seu direito,
como suprema
autoridade
espiritual?
Por-

ventura
aquela
publicação italiana
se equivoca
sobre

racista
qUestã(? ? De modo
nenhum.
E'
Qníü? ^f6Sa
suficiente,
reconhecer
para o seu acerto,
estar infor-

mado de tal
que como a
questão, Alemanha
e a Italia

e o;e compreendem
meio dos
por seus dirigentes,

nao se Imnta a um conjunto


de medidas
louváveis

da saúde
preservaçao e da vida do
ou de
povo,
pra-
facas
honestas, visando
o seu desenvolvimento
físico
em
condiçoes
de higiene
e robustês.
Não se trata igualmente

ae uma aceitavel
intervenção
do Estado no sentido
de

conservar
as características
essenciais
de um nação,
com
as
afirmou
quais sua
personalidade no meio
geogra-
fico,
na cultura
e na civilisação
mundiais.
Não,
tra-
ta-se de exigencias
da autoridade
incompati-
publica,
veis com a dignidade
da
humana
pessoa e as
prerroga-

SETEMBRO
1938
279

tivas da sua liberdade religiosa.


Trata-se de infundir

nas almas uma fé ridícula, baseada


em veleidades de

supremacia
de um tipo étnico, do
os demais não
qual

ser senão servidores e tributários.


Trata-se de
godem

um culto orgulhoso
de si baseado
proprio, em um mes-

siamsmo exaltado, forma mistica a um só


quasi tempo, de

um
particularismo sombrio e de um imperialismo
in-

saciavel
, isso mesmo interessado,
por como adverte
"banir
o òanto Padre,
em a concepção
clara e
precisa

do Cristianismo
do ensino, da eaucação
e da orga-

mzação da vida social e Não


publica". é
preciso pôr

mais na carta
entendermos
para o silencio do San-
que

to Padre, em tais circunstancias


é seria incompre-
que

ensivel,
dificilmente
porque ser interpretado
poderia

senão como complacência


e mesmo cumplicidade
com

um intento visivelmente
dirigido contra a idéia cris-

tã, católica da vida, e da divina missão


^ da Igreja na

sociedade;
eqüivaleria,
esta é a verdade, a uma tenta-

sacrilega de concordismo
entre o Cristo e o
{atlY*

Anti-Cristo.

Conferências
do Dr. A convite do Centro de Estu-

Alceu Amoroso
Lima dos
da Faculdade
Jurídicos de

em ®©lo Horizonte
Direito da Universidade
de

Belo-Horizonte
. esteve nessa ci-
,

°S as ^ deste mês o
^ nosso diretor
.e
rv. A^n^re
JJr. Alceu Amoroso^ Lima,
ali
que em va-
pronunciou

rias instituições
diversas
conferências.

Entre
e^as cumpre destacar
a teve tema
( que por

O espirito do século XX". Recebido sempre caloro-

samente
mocidade mineira
pela e meios culturais
pelos

da capital de Minas, o Dr. Alceu teve oportunidade

de ver como seu nome se acha conhecido entre os

estudam e
que ter o
pode consolo de saber, não
que

tem sido vão seu esforço


em da recristianisação
prol

da inteligência brasileira.

Sua culta,
palavra embora sem retórica, como

disse um dos intelectuais


o saudaram, foi
que e é

ouvida
sempre^ com agrado
e mais do isto com.
que

atenção,
e sempre embebida
pois do mais alto sentido

espiritual.
280
A ORDEM

De Belo-Horizonte
depois de ter ido até o velho

raça'. regressou o Dr. Alceu ao Rio.


xt £
No Caraça foi acolhido
carinhosamente
reve-
pelos

rendissimos
Padres Lazaristas
e alunos da Escola
pelos

Apostolica,
vendo
também ali
que naquêle remanso

de
e de estudo,
paz sua obra de dirigente dos católi-

cos e conhecida
e admirada.

Coroando
esses dias tao assmalaveis
de sua vida

a serviço da Ação Católica, o Dr. Alceu foi surpre-

endido ao fazer sua conferencia no encerramento da

Semana^ de Estudos Tomistas,


com uma calorosa ma-

infestação
de seus amigos,
que pela do sr.
palavra

Augusto
Frederico
Schmidt lhe testemunharam
toda

sua solidariedade.

Semana de Estudos
O Instituto
Católico de Es-

Tomistas*
tudos
Superiores
e o Centro

Vital
D. e levaram
t promoveram

a eleito uma semana de conferências


sobre o Tomismo

se realizou
que no salão da Coligação
Católica Brasileira!

oram feitas,
sempre
com numerosa
assistência

e sob seus aplausos,


as seguintes —
conferências:


Domingo
4, —
as 20,30
hs. Lição de aber-

tura
presidida S. Excia.
por o Sr. Núncio Aposto-

co Rev.Pe.Frei
Reginaldo
Garrigou
Lagrange,
~
*
e a filosofia
moderna/'
o iU, fomismo

5' -
horas
Rev-
.as
p_
Fe. - A7-30
Frei Sebastiao "A
Tauzm, —
O. P.
intuição

no bergsonismo
e no tomismo".

61 as —
17horas
-T^ça-;íeira Rev.
T Pe.
T
"A
Gualberto —
João do Amaral
filosofia de Santo

lomás,
simpatia
.
perene

-
Quinta-feira 8, as -
17,30
horas
Dr. Tasso

da Silveira -
A figura
e a vida de Santo Tomás".


oexta-feira
9, as 17,30 —
horas
Rev Pe

Maurilo "Nosso
Teixeira —
Leite
Penido
conheci-

mento
de Deus segundo
Santo Tomás:"

(l.a na ordem
parte) natural.

Sábado
10,^asi —
17,30 horas
Rev. Pe. Mau-

"Nosso
°r. eixeira —
Leite Penido
i conhecimento

de Deus,
segundo
Santo Tomás:"

SETEMBRO
1938
281

na ordem sobrenatural.
(2.a parte)

8,30 Horas
Missa na Igreja

dos PP. Dominicanos


Araújo -
Gondim, 60
(rua Leme)

com o
de Santo Tomás,
panegirico Rev. Pe.
pelo

Helder Camara.


Segunda-feira —
12, as 17,30 horas
Rev.

Pe. D. Xavier —
de Matos, O. S. í'A
B.
pedacofria

de Santo Tomás."


Terça-feira —
13, as 17,30 horas
Rev. Pe.

"A
D. Martinho —
Michler, O. B.
S. mistica de

Santo Tomás".



14, as 17,30
Quarta-feira horas
Sessão


de encerramento —
Dr. Alceu Amoroso Lima
"Os

sociais de
principios Santo Tomás."

As conferências do Rev. Pe. Frei Reginaldo

Garrigou Lagrange, O. P. e do Rev. Pe. Maurilo

Teixeira Leite Pemdo foram feitas em francês.


Bibíiogra/i
a

Frei Valentim-Maria
Bréton, o. f. m. —
Novíssima

Vozes de Pettopolis,
editora. 1938. Preço 5$000.

Novíssima,
termo usado nas Escrituras,
e m
mesmo

no latim
corrente,
significa
as coisas verificadas
em

ultimo lugar. Mas o seu sentido real


os cristãos
para

e o de últimos
fins, ou seja aquilo
encerra a vida
que

umana
sobre a terra.
Donde os novíssimos
do homem:

morte,
inferno,
juízo,
paraizo.

São assim, os novíssimos


as verdades
eternas, ver-

dades
essas os
que pregadores não esquecem de lem-

brar nas suas explicações


do fim do homem. Mas,

como diz o autor, a


verdade
grande eterna do Cris-

tianismo
e o amor de Deus
homem
pelo e a adoção

do homem
Deus, de
por a morte
que de Cristo na

Cruz constitue,
ao mesmo
tempo,
a revelação,
a
prova
e o símbolo.
O
mais importa
que ao homem
não é

morrer bem, e viver


bem.
E o fim,
de todo
portanto,
apostolado
e ensinar
e facilitar
a maneira
de bem viver.

I?°t-1,VO
insPirou
q"e este livro. E' uma forma
?

€( 1J?te^essan_íf

os cristãos
p^parar
4e
Dara T r t'
fec!,ad°s-
Destina-se
a toda
especie de
TwL F t''°S
esta,
isso, fadado
por a
otimos
produzir frutos.

L. S.

Lul#,.~
°
Problema da dor
jM~'° (nova
edição) —
9.» edição
Editora —
A. B. —
C. Rio 1938.

Acaba de ser
publicada mais uma —
edição
a

e conhe,^°
e espalhado
livriiiho
do
r™a 7 M l TtS?
nego Melo Lula: O
da dor".
problema

Num
estilo singelo,
ameno,
acessível
a todas as

almas, o conego Melo


Lula dá ao sofrimento
o logar

e cabe na
que vida humana.
Dando-nos
como exem-

P , Cristo,
Jesus no Calvario
que, e no Horto,
re-

a a ultima
presen
da dor
palavra divinamente
conso-

ada, o autor
aponta o crucifixo
como o
livro
grande

SETEMBRO
1938
283

dos atribulados,
livro a todos
que cumpre consultar,

ler e meditar
incessantemente.

As sucessivas
edições da obra são uma demonstra-

clara
ção e evidente da sua aceitação
cada vez maior.

L- S-


He™JUe
Stieglitz Manual
do Catequísta
/t

IVj) Vozes de —
(lomo Petropolis, —
editora
1938

Preço 8$000.

O sr. Celso de Alencar traduziu


a nossa
para

língua, adaptando o assunto ao nosso meio, a conhecida

obra de Stieglitz, denominada


Manual do Catequísta.

O tomo IV, agora


diz respeito
publicado, aos ensina*

mentos da moral^ católica. Nêle são estudados os Man-

damentos
da Lei de Deus e da Igreja, o
a
pecado,

virtude
e a O livro obedece
perfeição. a um método

fácil e se distingue
que clareza. A
pela matéria, antes

de exposta, obedece a uma


preparação, seguindo-se o

termo,
entrar-se na explanação,
para aplicação, re-

capitulação
e chegar-se á aplicação.

Livro indispensável
a todos os catequistas, muito

bem ira fazer na educação cristã da mocidade.

L. S.

Frei —
Basilio Rower, ofm. O Convento de

Santo Anto^iio — —
do Rio de
Rio 1937
Janeiro.

(2.» edição).

Nesse volumoso
livro de
500
quasi e
paginas

muitas
frei Basilio Rower
gravuras, conta a historia

do famoso convento de Santo Antonio,


conta
que já

3 séculos de historia. A obra é


em todos os
profunda

sentidos alem
e do seu cunho
ao
particular quanto

convento, aproveita
á historia da capital
grandemente

do Brasil e também a do nosso inteiro.


pais

A edição
primeira exgotou-se em 2 meses apenas
,

e só esse fato e suficiente


se tenha uma idéia
para que

do seja o trabalho
geral que todos os titulos ilustre
por

do revdmo. frei Basilio Rower.

L. S.


Walda Paixão —
Aventuras do Estevam

Vozes — —
de Petropolis,
editora 1938 Preço 3$000.
284 A ORDEM

-"Aventuras
Livro crianças, do Estevam"
para

é escrito com talento sem afetações.


e Numa linguagem

acessível, escorrente e clara, a Walda Paixão


professora

bem mostra não é uma improvisada.


que pedagoga

Seus heróis são mesmo vivas e não ficções in-


pessoas

concebiveis. Ótimo livro a infancia, numa edição


para

atraente e cheia de figuras interessantes.

L. S.

A Ordem tem recebido e agradece:

JORNAIS

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Comercio de S. Paulo O -
Jau' Globo

Rio - —
O Trabalho Porto Alegre Legionario

S. —
Paulo - —
Estrela da Manhã Rio A Cruz

Rio —Correio
- —
Catoüco Uberaba Magnificat

S. —
Paulo —
Gazeta de -
Nazaré Recife A Or-


-
dem Natal Pedra Branca -
Sul de Mi-
Jornal

~
nas - —
O Nordeste
Fortaleza
O Luzeiro


Curitiba A Cruz -
Cuiabá Senhor -
Bom
Jesus

Congonhas —
do Campo, Minas Idade -
Nova Porto

-
Alegre - -
O Sol Santos Dumont -
A Cruzada


Sergipe Zealandia -
Auckland

REVISTAS

The Common.weal
União Pan-Americana


Washington
(Boletim) Vida e -
Cultura
Santa

~
Mana The Sentinel of the Blessed
Sacrament

New-York St. Anthony -


Messenger
Cincin-

- —
nati Ohio - —
Brotèria
Lisboa Estudos -
Co-

imbra - —
Critério Buenos-Aires
Nossa Vida -

- —
Recife Maria Recife Cruzada Maranhense

Maranhão
Boletim do Instituto
de Engenharia

S. —Revista
Paulo - —
Del Lavoro Roma
A Al-

vorada - —
Ginásio S. Bento, Rio
Juventude F.

Católica —
Brasileira -
Rio Mensageiro
do Co-

ração —
de -
Rio - —
Lumen Lisbôa
Jesus Ex-


celsior -
Rio Revista -
Javeriana Bogotá.
"PRO

LUCE"

COOPERATIVA
DE AMIGOS 00 BOM LIVRO

Sede: Administração «
das VOZES DE PETROPOLIS »

Caixa — —
23 Petropolis
postal, Estado
do Rio

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detalhadas,
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peçam prospeto

explicativo.

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Homens de cultura!

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Ação Católica reclama sua cooperação nas fileiras


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S. dei Rei, Belo Horizonte, Aracajú,


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Alegre, S. Salvador, de Fora, Itajubá, Ouro Preto,


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tem
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praticam, sob a égide do Papa, dos

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Racismo

(Carta ás Universidades
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Católicas
sobre

a Igreja
Católica Racismo.)
e

Sagrada
Congregação
Roma, 13 —
de Abril
1938.

dos Seminários. Eminência:

ano
passado, na vespera do nascimento
de Nos-

so Senhor, o augusto Pontífice


gloriosamente reinante

na sua alocução
aos eminentes
cardiais
e aos
pre-
lados da Cuna romana,
falou com tristeza
da
grave

perseguição
que como todos
grassa, sabem,
contra a

lgre,a
católica na Alemanha.
Mas a
principal alli-

do Santo
çao Padre e
desculpar
que para uma
in-

tao
justiça inventam-se
grande, calúnias
absurdas
e

espalham-se
as mas
perniciosas doutrinas, falsamente

disfarçadas
sob o nome de ciência,
para os
perverter

espíritos, deles arrancando


a verdadeira
religião.
Em

ace desta situação,


a Sagrada
Congregação
dos es-

tudos ordena as Universidades


e Faculdades
católicas

empreguem
que todos seus esforços
e sua atividade

defender
Para a verdade
contra invasão
a
do erro.

ambem os mestres
devem
empregar
todos os meios

possíveis dar á biologia,


para á historia, á filosofia,

a apologetica,
as ciências
jurídicas e morais, armas

suficientes
rebater
para as seguintes objeções:

As raças humanas,
)
,1* seus caracteres
pelos na-

turais e imutáveis,
são de tal módo diferentes,
que
a mais humilde dentre
elas está mais longe da mais impor-

tante,
a mais
elevada
que especie animal.

2. ) E
preciso todos os
por meios conservar
e

cultivar o vigor da raça e a do sangue; tudo


pureza

conduz a
que esse resultado
é, fáto mesmo,
pelo ho-

nesto
e
permitido.

3.°) E do sangue, sede dos caracteres


da raça,

todas as
que intelectuais
qualidades e morais
deri-

vam,
como de sua fonte
principal.

I
292 A ORDEM

4.°) O fim esssencial da educação é desenvolver

os da raça e inflamar os espíritos


caracteres com

um amor abrazante de sua raça, como bem


própria

supremo.

5.°) A religião está sujeita á lei da raça e deve

adaptar-se a ela.

6.°) A fonte e a regra suprema de toda


primeira

a ordem é o instinto racial.


jurídica

7.°) Não existe senão o Kosmos, ou Universo,

ser vivo; todas as outras coisas, inclusive o homem,

são apenas formas diferentes, amplificando-se do univer-

sal vivo, no decorrer das idades.

8.°) Todo homem existe Estado e o


pelo para

Estado. Todos os direitos derivam uni-


que possue

camente duma concessão do Estado.

E ainda acrescentar muitas outras


poderíamos

dessas terríveis objeções.

O Santo Padre, de nossa Sagrada Con-


prefeito

tem a certeza, Eminentíssimo Senhor,


gregação, que

nada as contidas nes-


poupareis para que prescrições

ta carta, tenham seu efeito.


pleno

Desobrigando-me do dever de vos ao corrente


por

de tal situação, eu vos meus


expresso sentimentos

respeitosos, beijando ao mesmo tempo, humildemente,

a sagrada.
purpura

De vossa Eminência reverendissima o dedicado


servo em Cristo Ernesto Ruffini, secretario;

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