Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UFRRJ/RJ
2021-1
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
UFRRJ/RJ
2021-1
SILVA, Érika do Vale.
Princípio da equidade nas organizações: Análise da
evolução da mulher no mercado de trabalho, lutas e conquistas. Rio de
Janeiro: UFRRJ, 2021.1. 35f.
Presidente
Membro
Membro
Dedico este trabalho a todos os que sempre
estiveram comigo e nunca
soltaram a minha mão.
AGRADECIMENTOS
Sou grato à toda minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a
minha vida.
Agradeço ao meu parceiro de vida, que sempre esteve ao meu lado durante o meu
percurso acadêmico.
À minha cunhada, por toda orientação e rede de apoio nesse período conturbado.
Deixo um agradecimento especial ao meu orientador pelo incentivo e pela dedicação
do seu tempo ao meu projeto de pesquisa.
Por último, quero agradecer também à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
e a todo o seu corpo docente.
Quando for discriminada pelo seu
gênero ou pela sua idade ou pela
sua aparência (...), pergunta a si
mesma a seguinte questão: 'Essa é
mesmo a pessoa que está entre mim
e o que eu quero fazer?'. Se a
resposta for não, ignore e siga em
frente.
“Tina Fey”
RESUMO
Durante muito tempo, as mulheres não tinham permissão para trabalhar fora de casa. Elas
eram instruídas a serem protagonistas do lar, cuidando do marido e dos filhos, devendo
manter uma imagem ideal de esposa e mãe. Ao longo dos anos, a mulher vem sendo
recompensada pelo esforço de décadas, enfrentando obstáculos, garantindo seus direitos, se
inserindo de forma significativa no mercado de trabalho e conquistando seu espaço.
A desigualdade de gênero ainda está presente no mercado, e mesmo com muitos direitos
conquistados, as mulheres representam uma parcela menor de colaboradores nas empresas, se
comparadas aos homens. De que forma as empresas devem garantir a igualdade de gênero aos
colaboradores?
Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral entender e mostrar a importância da
figura feminina no mercado de trabalho. Como objetivos específicos identificar as fases e
processos desde o início da inserção da mulher no mercado de trabalho; abordar os direitos
conquistados ao longo do tempo na legislação brasileira; compreender de que forma a
desigualdade de gênero impacta a vida das pessoas.
For a long time, women were not allowed to work outside the house. They have been
instructed to be the main figure of the house, to take care of their husbands and children,
keeping an ideal image of wife and mother. Through the years, women have been rewarded
for their effort in decades, facing obstacles and having their rights guaranteed, placing
themselves in the job market, significantly and winning their own space.
Gender inequality is still present in the market, and even with many conquered rights, women
represent a smaller share of employees in companies, when compared to men. How should
companies ensure gender equality for employees?
Therefore, this work has as its general objective and to show the importance of the female
figure in the job market. As objectives identified as phases and processes since the beginning
of the insertion of women in the labor market; address the rights acquired over time in
Brazilian legislation; understand how gender inequality impacts people's lives.
1. INTRODUÇÃO 11
2. MARCO TEÓRICO 12
2.1 A inserção da mulher no mercado de trabalho 12
2.2 Princípio da equidade 15
2.3 Princípio da equidade nas organizações 16
2.4 Mercado de trabalho 18
3. PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 20
3.1 Trabalho da mulher no Brasil 22
3.2 Lutas e conquistas da mulher no mercado de trabalho 25
3.2.1 O direito à licença maternidade 26
3.2.2 Direitos durante o período da gestação 26
3.2.3 Direitos durante o período de amamentação 26
3.2.4 Licença para aborto natural 27
3.2.5 Limite de carregamento de peso 27
3.2.6 Descanso para realização de horas extras 27
3.2.7 Idade para aposentadoria 27
3.2.8 Igualdade salarial 27
4. CONCLUSÃO 29
5. REFERÊNCIAS 30
1. INTRODUÇÃO
Tendo em vista estas questões, o presente trabalho de conclusão do curso tem como
objetivo geral entender e mostrar a importância da figura feminina no mercado de trabalho.
Para o alcance desse objetivo geral foram estabelecidos como objetivos específicos identificar
as fases e processos desde o início da inserção da mulher no mercado de trabalho, abordar os
direitos conquistados ao longo do tempo na legislação brasileira e compreender de que forma
a desigualdade de gênero impacta a vida das pessoas.
2. MARCO TEÓRICO
Neste capítulo será feita uma revisão sobre o conceito de equidade e como essa prática
se aplica às empresas, relacionando o princípio à desigualdade de gênero. Além disso, será
falado sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho desde o princípio dessa luta até os
dias atuais, evidenciando os direitos conquistados.
Falar sobre a mulher no mercado de trabalho é também olhar para o passado. Desde os
primórdios, no início da relação entre homens e mulheres, a mulher já nascia com o perfil
ideal traçado: era totalmente dependente de seu pai e depois, de seu marido. Seu papel era o
de mãe e esposa, devendo sempre estar dentro de casa, cuidando dos afazeres domésticos, dos
filhos, e do marido. Era vista como objeto sexual dos homens, não havia oportunidade
nenhuma de ocupar cargos de destaque sempre sendo hostilizada e sofrendo preconceito
(CALIL, 2000).
A realidade começa a mudar a partir da segunda metade do século XVIII, com o início da
Revolução Industrial. Nessa fase, houve o surgimento da indústria e o início do processo de
formação do capitalismo. Para Lopes:
Apesar da inserção da mulher nas fábricas, a sociedade ainda julgava e criava barreiras,
pois não via o trabalho feminino com bons olhos. Era como se a mulher não pudesse ganhar o
próprio dinheiro e correr atrás de sua independência. Além de ter salários bem menores que os
homens, ainda praticavam o que chamamos de jornada tripla: a mulher precisava trabalhar,
cuidar da casa, dos filhos e do marido. Por conta disso, muitas levavam seus filhos para o
local de trabalho, pois não existiam creches naquela época e também não tinham com quem
deixar as crianças. Sobre isto, Karl Marx salienta:
A partir daí, começou a luta das mulheres por mais espaço no mercado de trabalho,
melhores condições e conquista pelos seus direitos. A indústria se expandiu, e com isso, foi
necessário oferecer melhores condições de trabalho. A regulamentação jurídica a respeito da
mulher no âmbito trabalhista em vários países aconteceu através de inúmeros aspectos,
conforme diz Amauri M. do Nascimento (2010), cada aspecto de acordo com sua importância,
sendo o primeiro aspecto a capacidade para contratar trabalho, submetida a algumas
restrições; a proteção à maternidade com paralisações forçadas, descansos obrigatórios
maiores e imposição de condições destinadas a atender a sua situação de mãe; defesa do
salário, objetivando-se evitar discriminações sem detrimento da mulher; proibições quer
quanto à duração diária e semanal do trabalho quer quanto a determinados tipos de atividades
prejudiciais ao organismo do ser humano e que, portanto, devem ser reservadas somente para
homens.
No Brasil, em 1934, foi criada a chamada Constituição de 1934. Nela foram inseridos
alguns direitos trabalhistas, tanto para os homens, quanto para as mulheres.
“Art 121. A lei promoverá o amparo da producção e estabelecerá as
condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a protecção
social do trabalhador e os interesses economicos do paiz.
§ 1.º A legislação do trabalho observará os seguintes preceitos, além
de outros que collimem melhorar as condições do trabalhador:
Mesmo com alguns direitos conquistados, ainda é evidente que as mulheres não
representam a mesma parcela que os homens no mercado de trabalho, e, de acordo com o
censo do IBGE de 2010, não têm salários equiparados e sofrem com a desigualdade.
2.2 Princípio da equidade
“[…] qualidade que nos permite dizer que uma pessoa está predisposta a
fazer, por sua própria escolha, aquilo que é justo, e, quando se trata de
repartir alguma coisa entre si mesma e a outra pessoa, ou entre duas
pessoas, está disposta a não dar demais a si mesma e muito pouco à outra
pessoa do que é nocivo, e sim dar a cada pessoa o que é proporcionalmente
igual, agindo de maneira idêntica em relação a duas outras pessoas. A
justiça, por outro lado, está relacionada identicamente com o injusto, que é
excesso e falta, contrário à proporcionalidade, do útil ou do nocivo. […] No
ato injusto, ter muito pouco é ser tratado injustamente, e ter demais é agir
injustamente (ARISTÓTELES, 1999, p. 101).”
O objetivo de toda empresa é alcançar ótimos resultados em sua jornada. Para que isso
seja possível, é necessário investir em capital humano. Os colaboradores que fazem parte de
uma empresa são os grandes responsáveis por colocar em prática as estratégias e ações que
levam a empresa a alcançar o seu planejamento. Para isso, é preciso encontrar formas de
manter os colaboradores motivados, mostrando os valores de cada um e reconhecendo seus
esforços. Caso contrário, se sentirão desmotivados e não terão seu rendimento máximo.
Segundo Campos (1995), a satisfação no trabalho é um conjunto de sentimentos favoráveis ou
desfavoráveis, relativo ao prazer ou a dor que diferem raciocínios objetivos de intenções
comportamentais com os quais os empregados veem seu trabalho e se relacionam.
“Uma vez que todos estão numa situação semelhante e ninguém pode
designar princípios para favorecer sua condição particular, os princípios da
justiça são o resultado de um consenso ou ajuste equitativo. […] A essa
maneira de considerar os princípios da justiça eu chamarei de justiça como
equidade”
Portanto, de acordo com TAVASSI & RÊ & BARROSO & MARQUES (2021), a
equidade de gênero diz muito sobre a tentativa de reparação histórica, buscando eliminar toda
e qualquer discriminação contra a mulher, estabelecendo a igualdade entre mulheres e homens
com base no reconhecimento da vulnerabilidade que as mulheres enfrentam.
O mercado de trabalho é definido por Oliveira e Piccinini (2011) como o espaço onde
ocorrem relações fundamentadas no trabalho, sustentando transações entre trabalhadores e
empregadores, de modo que o trabalho se apresenta enquanto um produto vendido pelo
trabalhador ao empregador, em que o preço é o salário.
Embora as mulheres tenham criado uma nova imagem social e tendo conquistado
muitos direitos, como a legislação trabalhista em vigor, ainda continuam sofrendo
discriminação no mercado de trabalho brasileiro, já que alguns cargos ainda são vistos como
tipicamente masculinos em razão da prevalência de uma cultura machista, herança de uma
sociedade marcadamente patriarcal (Lia Zanotta MACHADO, 2000). Infelizmente muitas
mulheres ainda são discriminadas devido à dificuldade de conciliar a atividade profissional
com a vida familiar (Merike BLOFIELD; Juliana MARTÍNEZ, 2014).
Entre os anos 1990 e 2006, o mercado de trabalho no Brasil caracterizou-se pelo alto
nível de desigualdade, refletindo um nível significativo de discriminação em relação às
mulheres. A participação entre as mulheres no mercado passou de 53,2% para 58,9% entre
1992 e 2006, enquanto, dos homens, a participação caiu de 86,3% para 82% no mesmo
período. A desigualdade entre homens e mulheres atinge, em especial, as mais pobres e menos
escolarizadas. Dessa maneira, mesmo garantindo menor desigualdade de participação, não há
garantia, por si só, da igualdade entre os gêneros. Também vale destacar que dados de 2006
apontam que as mulheres tinham mais anos de estudo que os homens e que, mesmo entre o
mesmo nível de escolaridade, há diferença entre a remuneração de homens e mulheres
(CEPAL/PNUD/OIT, 2008).
Segundo Margareth Goldenberg (2017), colocar em prática a equidade de gênero nas
empresas só traz vantagens e pode tornar um fator decisivo para o desenvolvimento de
sociedades justas e mais estáveis. Analisando sob os pontos de vista social e econômico, a
equidade impulsiona para o desenvolvimento do capital humano, além dos processos de
gestão. Quando temos homens e mulheres com as mesmas oportunidades e direitos, temos um
ambiente vigorado para a inovação nos negócios. A diversidade de gênero, aliada à equidade,
agrega muito valor ao negócio, além de manter os colaboradores super motivados, o que é um
grande diferencial.
Existe um movimento chamado “Movimento Mulher 360”, criado em 2011, que incentiva
e trabalha com os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs, na sigla em inglês), da
ONU Mulheres e do Pacto Global da ONU, de forma a incentivar que as empresas associadas
se tornem signatárias. Os WEPs são um conjunto de considerações que orientam a
comunidade empresarial na incorporação de valores e práticas com o objetivo de empoderar
as mulheres e alcançar a igualdade de gênero. Entre estes princípios, podemos destacar a
igualdade de oportunidade; a inclusão e não discriminação e a lidrança. De acordo com um
estudo desenvolvido pela consultoria McKinsey (2015), se até 2025 todos os países
progredirem rapidamente em direção à diversidade e paridade de gênero nas empresas, o PIB
mundial aumentaria em até US$12 trilhões.
A década de 1940 foi um grande marco na história para as mulheres. Elas que até então
exerciam o papel de administradoras do lar, submissas aos maridos e refém das tarefas
domésticas, começaram a se inserir no mercado de trabalho. Segundo Vieira (2006, p.12), a
crescente urbanização e expansão da industrialização contribuíram para um ambiente propício
à entrada de novos trabalhadores no mercado de trabalho, incluindo o sexo feminino.
Com o surgimento das indústrias, o cenário começou a mudar. As indústrias foram
sentindo a necessidade de cada vez mais mão de obra e as mulheres começaram a ser
chamadas para trabalhar. Um intenso crescimento da maquinaria, e um acelerado
desenvolvimento tecnológico fizeram com que grande parte da mão de obra feminina fosse
transferida para as fábricas, com uma carga horária de até 18 horas por dia, e um salário
inferior ao do homem (Kühner, 1977).
Poucos anos depois, a partir da década de 1970, as mulheres começaram a abrir portas
e ocupar outros espaços na sociedade. Novas funções foram sendo adquiridas nas empresas,
como cargos de costureiras, professoras ou funcionárias do comércio. Esse fato ocorreu por
conta do movimento feminista e todo o contexto histórico, que tomou conta dos EUA e
acabou sendo refletido também no Brasil. Para Touraine (1984), os movimentos sociais são
como atores fundados na mesma cultura e que se unem para lutar pelos mesmos objetivos, ou
objetivos parecidos.
Com o passar dos anos, o espaço ocupado pelas mulheres foi aumentando
gradativamente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos de
14% das mulheres tinham emprego nos anos 1950, e o censo de 2010 mostra que esse número
passou para 49,9%. Em contrapartida, se comparado aos homens, a quantidade de mulheres
empregadas ainda é bem menor, e inclusive diminui. Passou de 80,8% em 1950 para 67,1%
em 2010, de acordo com o IBGE. Mesmo com o avanço da inserção das mulheres nas
empresas, não se pode negar que ainda está muito presente a desigualdade no que diz respeito
à diferença salarial e qualidade de emprego.
A primeira mulher a concluir um curso de graduação no país foi Rita Lobato Velho
Lopes, em 1887. Mas o ensino superior teve início em 1808 no Brasil, ou seja, somente quase
um século depois, uma mulher teve a oportunidade de se qualificar em uma graduação. Rita
foi a primeira médica formada na Faculdade de Medicina da Bahia, e desde então, esse
número só aumentou. De acordo com os dados da Demografia Médica, em 2018 as mulheres
já representavam 57,4% dos profissionais da área da saúde com até 29 anos.
Dessa forma, a presença feminina em cargos de liderança também tem se tornado cada
vez maior, pois o número de mulheres qualificadas para diferentes áreas de atuação vem
crescendo constantemente. Isso mostra a importância da qualificação profissional para a
ascensão das trabalhadoras no mercado de trabalho brasileiro, e, como consequência, as
melhores oportunidades de emprego. Portanto, o ganho do poder das mulheres é um dos
aspectos centrais no processo de desenvolvimento de acordo com Sen (2000), pois para ele
entre os fatores envolvidos incluem-se a educação das mulheres, seu padrão de propriedades,
suas oportunidades de emprego e o funcionamento do mercado de trabalho.
Nas últimas décadas do século XX, presenciamos um dos fatos mais marcantes na
sociedade brasileira, que foi a inserção, cada vez mais crescente, da mulher no campo do
trabalho, fato este explicado pela combinação de fatores econômicos, culturais e sociais.Toitio
(2008) diz que:
“O trabalho feminino passa a integrar crescentemente a estrutura econômica
da sociedade capitalista, sempre sob a determinação mencionada, ou seja,
submetida ao capital e a sua necessidade de valorização. No entanto, nas
primeiras décadas do século passado era ainda muito superior à proporção do
trabalho masculino em relação ao feminino na esfera produtiva”.
No Brasil, o cenário feminino no mercado de trabalho sempre foi motivo para bastante
discussão. Atualmente, elas têm ocupado um número significativo no campo trabalhista. No
entanto, ainda existe uma distância entre o homem e a mulher quando o assunto é salário.
Ainda há profissões que são ocupadas por ambos os sexos, mas em que os colaboradores
masculinos ganham mais. O número de mulheres em cargos importantes cresceu bastante nas
empresas. Provavelmente num futuro próximo o perfil etário da População Economicamente
ativa feminina será igualado, pois há um crescimento da taxa de atividade para as mulheres
em todas as faixas etárias (PROBST, 2005).
O total das mulheres no trabalho precário e informal é de 61%, sendo 13% superior à
presença dos homens (54%). A mulher negra tem uma taxa 71% superior à dos homens
brancos e 23% delas são empregadas domésticas. De acordo com CAMARGO,
necessariamente, a análise da situação da presença feminina no mundo do trabalho passa por
uma revisão das funções sociais da mulher, pela crítica ao entendimento convencional do que
seja o trabalho e as formas de mensuração deste, que são efetivadas no mercado.
A dupla jornada de trabalho das mulheres também é uma questão que tem sido
bastante discutida. A sobrecarga de serviços: remunerados, domésticos e cuidados com a
família, é real e deixam as mulheres exaustas. Além disso, há uma distinção entre as mulheres
que têm filhos e as que ainda não são mães. Muitas vezes, as empresas optam por aquelas que
não têm a responsabilidade com a maternidade. Segundo Claudia Mazzei Nogueira (2006):
“(...) historicamente as mulheres sempre estiveram em situação de
desigualdade. As relações sociais capitalistas legitimaram uma relação de
subordinação das mulheres em relação aos homens, imprimindo uma
conotação considerada “natural” à mulher, dada pela subordinação
(NOGUEIRA, 2006, p.260)”.
No entanto, apesar dos dados, é preciso ressaltar que, de acordo com a pesquisa do
Ministério do Trabalho no Brasil, publicada em 07 de março de 2013, há um crescimento
constante da ocupação das mulheres no mercado de trabalho nos últimos anos.
As mulheres, durante muito tempo, não puderam exercer seus direitos como cidadã. A
conquista pelos seus direitos foi resultado de grandes manifestos sociais e lutas femininas.
Segundo Zanusso e Assis (2009), após conquistarem incentivos e apoio, aos poucos, as
mulheres foram ganhando mais espaços no mercado de trabalho.
Ainda assim sofrem preconceito e discriminação nas empresas, mas por outro lado,
colhem os frutos com relação aos direitos trabalhistas baseados na Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT). Ao longo dos anos, com a instauração das leis de trabalho no Brasil, a
CLT, a mulher começou a ter meio espaço perante a sociedade, ocupando cargos de destaque
nas empresas. Essa realidade demonstra a importância da história da luta das mulheres por
busca de direitos e igualdade não só na esfera trabalhista, como na vida pessoal. Até mesmo
porque, de acordo com KODAMA (2012), antes do exercício de qualquer função - seja dona
de casa, mãe, esposa ou empregada -, é a condição de ser mulher, com seus direitos e deveres,
que sempre prevalecerá.
Com o resultado visível de que essa luta realmente tem dado resultados, as mulheres
estão cada vez mais empoderadas e incentivadas a lutar por igualdade, buscando sempre mais
qualificação. Segundo De Jesus (2016, p.81) “[...] O empoderamento das mulheres possibilita
o surgimento de um bônus demográfico feminino, pois as mulheres passaram a se dedicar
mais tempo às atividades produtivas, elevando o montante de trabalho do país, em termos
quantitativos e qualitativos”.
Alguns desses direitos conquistados pelas mulheres, de acordo com a Consolidação
das Leis Trabalhistas (CLT), foram:
De acordo com o artigo 392 do Decreto Lei n° 5.452 de 01 de Maio de 1943, toda
empregada grávida tem direito à licença maternidade a partir do oitavo mês de gestação, sem
prejuízo do emprego e do salário, que devem ser pagos integralmente os 120 dias de licença.
(artigo 7°, XVIII, CF e 392 da CLT).
A Lei n° 11.770/2008 ainda ampliou a licença maternidade de 120 para 180 dias para
as empresas que fazem parte do “Programa Empresa Cidadã”, mediante incentivo fiscal.
O aleitamento materno é mais um dos direitos da mulher garantidos por lei. A partir
do nascimento até os 6 meses de idade da criança, a mulher tem direito a dois intervalos de
descanso durante o período de trabalho, cada um com 30 minutos, para amamentar o bebê.
Esse prazo pode ser prorrogado em casos de apresentação de um atestado médico. Além
disso, as empresas que têm mais de 30 profissionais mulheres acima de 16 anos, devem
obrigatoriamente ter um local apropriado para que as funcionárias possam dar assistência a
seus filhos durante o período da amamentação.
3.2.4 Licença para aborto natural
De acordo com a CLT, Art. 395, a mulher também fica protegida quando sofre um
aborto espontaneo ou acidental, garantindo a ela duas semanas de repouso remunerado.
O Art. 390 da CLT garante à mulher proteção sobre o limite de carregamento de peso
durante a execução de suas atividades. Ao empregador é vedado empregar a mulher em
serviço que demande o emprego de força muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho
contínuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional.
Anteriormente, a aposentadoria tinha como base a idade mínima tanto para homens
(65 anos), quanto para mulheres (60 anos). Com as recentes mudanças nas regras para
aposentadoria, não existe mais uma idade mínima para se aposentar. Agora o que conta é o
tempo de contribuição, que é de 35 anos para os homens e 30 anos para as mulheres. Para dar
entrada no benefício da aposentadoria, é preciso somar a idade com o tempo de contribuição e
atingir 85 pontos para mulheres e 95 para os homens. Por exemplo: Uma mulher de 55 anos
que já contribuiu com a previdência durante 30 anos (55 + 30 = 85 pontos), tem o direito de se
aposentar.
Dados os direitos das mulheres com base nas leis trabalhistas brasileiras, fica evidente
que todos são iguais aos olhos da lei, e a profissional mulher deve ter sua relação de emprego
protegida contra injustiças e discriminações. E, em concordância com o princípio fundamental
da isonomia, homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (art. 5°).
4. CONCLUSÃO
As empresas devem continuar adotando medidas para que seja alcançada uma
igualdade efetiva. O desafio de acabar com a desigualdade que delimita as oportunidades
profissionais das mulheres é diário e deve permanecer no planejamento das organizações.
Para que esse tipo de discriminação seja combatido, é imprescindível que haja vontade
política para a adoção de programas de ação afirmativa (BARROS, 2010).
Ainda que lentamente, este problema vem diminuindo no Brasil, porém, ainda está
longe de ser resolvido. Por isso é necessário que as empresas fortaleçam as políticas nesse
âmbito, visto que já está mais do que provado, por parte das mulheres, que estas são
perfeitamente capazes de cuidar de si, de conquistar aquilo que desejam e de provocar
mudanças profundas no curso da história.
5. REFERÊNCIAS
Adams, J. Stacy. Inequity in social exchange. In: Berkowitz. Leonard, 00. Advances in
experimental social psychology. New York. Academic Press, v. 2. 1965. p. 267-300.
BARROS, Alice Monteiro de. “Discriminação no emprego por motivo de sexo”. In:
RENAULT, Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio; CANTELLI, Paula Oliveira
(Coords.). Discriminação. 2.ed. São Paulo: LTr, 2010.
THOMPSON, E.P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
1989. V. 1, p. 304.
MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Abril Cultural, 1984. Vol. 1, tomo 2, p. 23.
TAVASSI, Ana Paula & RÊ, Eduardo & BARROSO, Mariana & MARQUES , Marina, 2021.
Equidade de gênero: O que isso quer dizer? São Paulo. 2021
VIEIRA, A. A expansão do trabalho feminino no setor de serviços: uma analise nas cinco
regiões do Brasil 2006 p. 12.
SEN, Amartya Kumar – Desenvolvimento como liberdade: tradução Laura Teixeira Motta;
revisão técnica Ricardo Dniselli Mendes. – São Paulo: Companhia de Letras, 2000.
ZANUSSO, Renata Cristina Gonçalves de Souza, ASSIS, Rosiane Hernandes de. A Inserção
da Mulher no Mercado de Trabalho, VI Congresso Virtual Brasileiro de Administração.
CONVIBRA, 2009.
PROBST, E.R. A Evolução da mulher no mercado de trabalho. 2005. Disponível em: <
http://www.icpg.com.br/artigos/rev02-05.pdf > Acesso em 05 de novembro de 2012.
SILVA, Glauce Cerqueira Corrêa da, SANTOS, Luciana Mateus, TEIXEIRA, Luciane Alves
et al. A mulher e sua posição na sociedade -da antiguidade aos dias atuais-. Rev. SBPH.
vol.8, n.2, p.65-76, dez. 2005.
CAMARGO, Orson. "A mulher e o mercado de trabalho"; Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-mulher-mercado-trabalho.htm>. Acesso em 06
de maio de 2021.