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GUIA DE LINGUAGEM PARA JORNALISTAS:

COMO EVITAR GAFES NA COMUNICAÇÃO?


03      Introdução

06      Por que pensar na linguagem humanizada de comunicação?

17      Qual a responsabilidade do emissor da mensagem?

20      Como melhorar a linguagem na rádio?

24      Conclusão

26      Sobre a Teletronix
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO

A arte de se comunicar com os outros nem sempre é tão fácil quanto parece. Esse desafio é ainda
maior quando trabalhamos em veículos de comunicação, como jornais e revistas.

Os jornalistas, por exemplo, são


responsáveis por manter a população
informada sobre o que acontece no
Brasil e no mundo. Por esse motivo,
precisam se comunicar de forma clara
com centenas de pessoas.

Apesar de serem familiarizados com


a área, esses profissionais também
podem cometer falhas no momento
de falar com os telespectadores.
Isso porque, ao longo dos anos,
criamos o hábito de usar termos e
expressões que, dentro da semântica,
podem ser ofensivos.
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INTRODUÇÃO

Muitas palavras usadas em nosso dia a dia


podem ser extremamente preconceituosas,
ainda que não tenhamos noção disso.
Especialmente na rotina da profissão, um
jornalista precisa ficar atento para
não cometer gafes e não perder a
credibilidade junto aos seus espectadores.

Para ajudar você nessa tarefa, criamos este


guia para que você consiga identificar alguns
termos que não devem ser utilizados na
linguagem jornalística.

Ao longo da leitura, você também


vai encontrar dicas de como criar
uma comunicação mais humanizada
com seu público, que é essencial
para os profissionais da área.

5 Vamos lá?
POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?
Para que o processo de comunicação
seja efetivo e agradável, é importante
que o jornalista fique atento ao seu tom
de voz — aqui não estamos falando
somente da comunicação oral,
mas da escrita também. Há algumas
palavras, que se forem ditas em um
contexto inadequado, podem ofender
os telespectadores.

Termos de cunho machista, racista,


homofóbico ou que mostrem
preconceito em relação a determinados
assuntos, devem ser evitados no meio
jornalístico. Além disso, quando forem
abordados assuntos delicados, as
palavras devem ser expressadas com
cuidado redobrado, para que não
soem preconceituosas.
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POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

Embora o aborto seja legalizado no


país para casos específicos, como
estupro, quando o assunto não é
levado com cuidado, a mulher que
optou por não continuar com a
gestação pode sofrer uma exposição
desnecessária. Nesses momentos,
vale usar o bom senso e a empatia
para usar as palavras certas,
de forma a não criar uma imagem
negativa da pessoa.

Quando falamos em uma linguagem humanizada, A comunicação humanizada


estamos nos referindo a algumas expressões que informa, mas também respeita
devem ser evitadas ou até mesmo banidas do seu todos os envolvidos em uma
vocabulário. Assim, você evita constrangimento e ainda situação. Dessa forma, quem se
mantém a boa imagem do veículo de comunicação para identifica com o que é mostrado
o qual você trabalha. Assuntos referentes ao aborto, por não entende a mensagem como uma
exemplo, quando não são bem retratados, podem soar ofensa às suas origens ou como um
8 agressivos e preconceituosos. preconceito sobre suas escolhas.
POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

O QUE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO PARA TER


UMA COMUNICAÇÃO HUMANIZADA?

Para que uma comunicação seja considerada Suponha que você está escrevendo uma
humana, ela deve levar em conta fatores matéria sobre cotas para negros em
relacionados com a sociedade, que universidades públicas.
normalmente, estão ligados às minorias.
Esse é um tema bastante controverso
Termos que diminuem, rejeitam, estereotipam e, por isso, deve ser tratado com
ou até mesmo causem discriminação não cuidado, afinal, dependendo do tom
devem ser usados em veículos de comunicação. usado na mensagem, o assunto pode
parecer apelativo, mesmo que essa
Isso porque, dependendo do contexto não seja a intenção.
a qual está inserida, uma palavra ou
expressão pode ter seu significado Imagine que a reportagem aborda a questão
afetado. Ainda não entendeu? Então, vamos de as notas de corte destinadas às cotas para
seguir com um exemplo simples. negros serem menores.

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POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

Nesse caso, se o veículo de


comunicação afirmar que as
cotas são necessárias, presumindo
que os negros não têm condições
de competir por uma vaga em
uma universidade pública sem
esse benefício, cometerá
um erro terrível.

Ao fazer essa afirmação, o


profissional está criando
um estereótipo — de que
a cor da pele de uma pessoa
influencia em sua capacidade
intelectual — mesmo não
tendo esse objetivo.

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POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

COMO FUNCIONA A COMUNICAÇÃO


HUMANIZADA NA PRÁTICA?

Ainda tem dúvidas sobre alguns termos que podem


ser considerados ofensivos para algumas pessoas?
Bom, isso é normal, pois, até pouco tempo, algumas
expressões que hoje são consideradas preconceituosas
eram usadas em peso no meio jornalístico.

O termo pessoas com necessidades especiais,


por exemplo, foi muito difundido pelos meios
de comunicação para se referir a indivíduos com
limitações físicas. Hoje, essa definição não é mais
aceita por ser considerada ofensiva. Sempre
que precisar falar ou escrever sobre o assunto, use
pessoas com deficiência.

A seguir, listamos outros termos que podem ser


considerados ofensivos. Para que você entenda
11 melhor, separamos por categorias. Acompanhe!
POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

RAÇA OU ETNIA

A palavra mulata é muito usada nos veículos de comunicação, principalmente para se referir às mulheres
negras no carnaval. Embora comum, esse termo é pejorativo— tanto a palavra mulato quanto mulata
foram usadas para depreciar os filhos das escravas negras com seus senhores brancos.

Outra palavra bastante comum, que foi bastante


usada por jornalistas é o termo denegrir. Segundo
o nosso dicionário, essa palavra significa “tornar
mais escuro; ficar mais negro”. Dessa forma,
quando usada, associa o negro a algo negativo.
Da mesma forma, a expressão “inveja branca” é
frequentemente associada a algo positivo.

Por causa do sentido que essas expressões


causam, principalmente, dependendo do
contexto que são empregadas, essas palavras
devem ser excluídas do vocabulário de um
bom jornalista. Outros temos como “criolo” e
12 “de cor” não devem ser usados.
RELIGIOSOS

Religião é sempre um assunto muito delicado.


Para não cometer gafes, você deve ficar atento
quando for falar sobre a fé de outras pessoas.
Usar o termo crente de forma pejorativa não é
nada ético e pode manchar a reputação da
empresa e o seu nome como profissional.

Fazer piadas com a fé de outras pessoas, tratar


com descaso algumas crenças, ou se referir
a alguma religião de forma preconceituosa,
também não são boas práticas do jornalismo.

Por exemplo: todos sabem que grupos


extremistas islâmicos são responsáveis por
diversos atentados ao redor do mundo. Mas,
nem por isso, as pessoas adeptas a essa religião
devem ser retratadas nos meios de comunicação
13 como terroristas em potencial, não acha?
POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

DEFICIÊNCIA FÍSICA ORIENTAÇÃO SEXUAL

Como já citamos no início do capítulo, Esse é outro assunto bastante delicado,


o termo pessoas com necessidades que, quando as palavras não são ditas
especiais foi usado por bastante tempo. ou escritas com cuidado, podem soar
Também é comum ouvirmos os veículos ofensivas para quem ouve ou lê a mensagem.
de comunicação tratarem pessoas com Expressões como veado, bicha e sapatão são
deficiência como deficientes. termos pejorativos, que visam diminuir e
debochar dos homossexuais. Obviamente,
A palavra deficiente não é adequada, não devem ser usadas, especialmente em
pois passa a mensagem de que conteúdos jornalísticos.
pessoas nessas condições são
incapazes. Atualmente, o termo mais Se referir à homossexualidade como
adequado é pessoa com deficiência, homossexualismo também é uma gafe.
pois soa mais inclusivo. Da mesma forma, não é correto tratar
a homossexualidade como opção.
As palavras aleijado, portador de Quando você for se referir a pessoas
necessidades especiais e deficiente físico que mantêm relacionamentos com
também não devem ser usadas. pessoas do mesmo sexo, o correto é
14 falar sobre orientação sexual.
POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

IDENTIDADE DE GÊNERO

Divulgar uma matéria disseminando estereótipos, como dizer que algo é coisa de homem ou de
mulherzinha, não soa nada bem em uma linguagem jornalística humanizada. Retratar pessoas
15 transgênero com deboche ou pelo pronome incorreto também não faz parte de um jornalista ético.
POR QUE PENSAR NA LINGUAGEM
HUMANIZADA DE COMUNICAÇÃO?

ATRIBUTOS FÍSICOS
Repare que quando um jornal ou
Na escrita jornalística, há revista se refere a uma atleta, a
diversas matérias divulgadas que primeira característica a ser divulgada
usam atributos físicos para são seus atributos físicos.
caracterizar uma pessoa.
Muitas vezes, o nome da
Isso acontece principalmente com as atleta sequer é informado
mulheres, o que está associado a um na reportagem.
estereótipo de gênero.
Nesses casos, o talento da atleta não
No esporte, na música e até mesmo é levado em conta, mesmo que ela
na TV, é muito comum que as tenha ganhado diversas medalhas
mulheres sejam tratadas como musas. e campeonatos. A maior parte
Dessa forma, seus atributos físicos dos jornalistas não se importa em
são mais destacados pelos veículos de ressaltar o talento da mulher como
comunicação do que seu talento. profissional, aliás, essa característica
é deixada em segundo plano.
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QUAL A RESPONSABILIDADE
DO EMISSOR DA MENSAGEM?
QUAL A RESPONSABILIDADE DO
EMISSOR DA MENSAGEM?

A responsabilidade dos meios de


comunicação é garantir o maior acesso
à informação. No entanto, se as palavras
forem mal utilizadas no meio jornalístico,
podem ser interpretadas como discurso de
ódio e gerar sérias consequências.

Uma opinião mais radical sobre determinado


assunto, partindo de um veículo de
comunicação ou de um jornalista renomado,
pode resultar em violência. Isso porque a
influência de empresas de comunicação na
sociedade é muito grande.

Uma simples novela ou programa de televisão


que dissemina preconceitos e retrata posturas
inadequadas como “normais”, pode gerar
danos na sociedade em geral.
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QUAL A RESPONSABILIDADE DO
EMISSOR DA MENSAGEM?

Os veículos de comunicação têm Embora possa ter sido considerada


compromisso em divulgar a verdade, uma brincadeira inocente, foi uma
sem ferir ou magoar as pessoas gafe terrível da marca. Afinal, em um
que receberão a mensagem. Além país com índices tão altos de estupro
disso, é importante cuidar para que e violência doméstica contra a
a mensagem seja entendida pelos mulher, brincar com o assunto foi um
receptores. Mensagens subliminares verdadeiro tiro no pé. Logicamente, os
ou de duplo sentido em propagandas, criadores da campanha não levaram
por exemplo, podem prejudicar a em conta a seriedade do assunto.
imagem da marca.
Repare que esse tipo de
Você se lembra da propaganda da abordagem não levou em conta
Camisinha Prudence? A campanha os desejos e escolha da mulher,
intitulada “Dieta do Sexo” banalizava pois ela foi tratada apenas
a violência contra a mulher ao como um mero objeto de
sugerir que, quando o homem tirava prazer masculino. É um típico
a roupa dela sem seu consentimento, exemplo de linguagem não
queimava mais calorias do que humana utilizada nos meios
quando a mulher consentia o ato. de comunicação — e que pode
19 trazer sérias consequências.
COMO MELHORAR A LINGUAGEM NA RÁDIO?
Se você trabalha em uma rádio e acha difícil seguir
as boas práticas, saiba que elas são essenciais para
uma boa comunicação com seu público. A seguir,
conheça algumas dicas para ter uma comunicação
mais humana com seu espectador.

USE UMA LINGUAGEM


PRÁTICA E ENVOLVENTE

Para evitar gafes, você deve usar uma linguagem


simples, prática e envolvente. Estudo sobre a notícia
antes da transmissão, pois isso ajudará você a falar com
propriedade e a prender a atenção do ouvinte.

EVITE VÍCIOS DE LINGUAGEM

Alguns vícios de linguagem, como redundância por


meio de repetições de termos e frases de duplo sentido,
empobrecem sua comunicação. Então, evite esses erros,
21 tornando suas mensagens claras ao ouvinte.
COMO MELHORAR A LINGUAGEM NA RÁDIO?

NÃO UTILIZE ESTEREÓTIPOS ENTENDA O SIGNIFICADO


DE RACISMO
Você já sabe, mas não custa nada
reforçar. Como citamos, é comum que As pessoas pensam que racismo se refere
as mulheres sejam estereotipadas nos somente às ofensas destinadas a pessoas
meios de comunicação. negras. No entanto, alguns preconceitos
comuns, como achar que uma mulher
Comentários sobre o peso, cabelo e sobre negra tem a obrigação de saber sambar,
o corpo são constantemente divulgados na são exemplos clássicos de racismo praticado
mídia. Muitas vezes, uma mulher que faz todos os dias nos meios de comunicação.
sucesso como atleta, por exemplo, é vista
apenas como objeto decorativo. Para entender melhor o significado de
racismo, pesquise informações sobre as
Em uma linguagem jornalística diferenças sociais entre brancos e negros, a
humanizada é essencial que os disparidade de níveis de educação, a violência
jornalistas enxerguem as mulheres contra negros, entre outras informações.
como seres humanos e as tratem Nessa cartilha do Think Olga — ONG
como profissionais de talento — Feminista — você consegue assimilar com
e não como musas. bastante clareza do que se trata exatamente o
22 termo racismo.
COMO MELHORAR A LINGUAGEM NA RÁDIO?

EVITE OPINAR SOBRE


ASSUNTOS POLÊMICOS

Aborto, eutanásia e pena de


morte estão sempre na mídia. São
questões muito delicadas que
levantam opiniões diferentes.
Por isso, quando você der alguma
notícia na rádio em relação a esses
assuntos, seja imparcial.

Evite dar sua opinião sobre o assunto,


pois você pode ofender seus ouvintes.
Lembre-se de que as pessoas do
outro lado são humanas e podem
ter vivenciado alguma dessas
experiências em sua vida. Nesse
cenário, uma palavra mal colocada
pode gerar afetar a credibilidade
23 de seu trabalho.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO

Como você viu ao longo deste e-book,


apesar de alguns termos serem
bastante difundidos nos veículos
de comunicação, eles são bastante
ofensivos e podem ser interpretados
de maneira errônea. Além disso,
dependendo de como são abordados,
podem gerar sentimentos de ódio nos
leitores, ouvintes ou telespectadores.

Para evitar problemas e agir


com ética, o melhor a fazer é
evitar esses termos e adotar
uma comunicação mais
humanizada. Assim, você melhora
a qualidade do seu trabalho e
conquista a confiança do seu público.
Esperamos que a leitura deste e-book
seja de grande ajuda para o seu
25 trabalho. Até a próxima!
INTRODUÇÃO rockcontent.com

SOBRE A
TELETRONIX

Teletronix é uma empresa bem estruturada no segmento


de produtos de radiodifusão. produzem equipamento para
rádios e emissoras de TV, transmissores Fm, consoles e
processadores de áudio, entre outros.

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