2 REVISTA FIOCRUZ

AMAZÔNIA
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 3
4 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
SUMÁRIO

Sumário

24 CAPA

Primeiro
sequenciamento do
genoma completo
do SARS-CoV-2 na
região Norte foi
concluído 10 dias
após a confirmação
do primeiro caso
de Covid-19 na
cidade de Manaus.

Entrevista: Rivaldo
10 Venâncio, coordenador SESSÕES
de Vigilância em Saúde
e Laboratórios de 07 CARTA DO DIRETOR
Referência da Fiocruz,
faz uma análise sobre os 08 SAÚDE EM NOTA
desafios encontrados por
gestores e pesquisadores 09 MULTIMÍDIA
ao longo desta pandemia.
30 EM CAMPO

15 Rede Solidária da Fiocruz 46 SUA LEITURA

vai enviar doações
ao Amazonas para 72 NA ESSÊNCIA
enfretamento da Covid.
 SUMÁRIO REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 5

Rede científica
monitora e
divulga dados
Repositório digital 41 sobre pandemia
17 reúne reflexões e na região
conhecimentos transfronteiriça
construídos sobre entre Brasil,
a pandemia em Colômbia e Peru.
diversos contextos.

Pesquisadores
monitoram a epidemia 47 Estudo monitora
21 no Amazonas proteínas de pacientes
com inteligência
artificial.

Histórias e dilemas Instituição atua em

32 vividos por aqueles
51 diversas frentes
que trabalharam com durante pandemia
pesquisa científica no do novo coronavírus
Amazonas durante
a pandemia.
6 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA

EXPEDIENTE

Fiocruz Amazônia – Revista ano 4 – nº06 Revisão

Publicação de divulgação científica semestral Edilson de Souza Soares

produzida pelo Instituto Leônidas & Maria Deane – Severina de Oliveira dos Reis

Fiocruz Amazônia - ISBN 2594-5548. Tradução

James Lee Crainey (Inglês)

Jose Joaquin Carvajal Cortes (Espanhol)

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Eduardo Pazuello Maloka Branding Novos Negócios

Ministro César Alcon Ribeiro - CEO

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ Projeto Gráfico

Nisía Trindade Magno Heinz

Presidente da Fiocruz Diagramação

INSTITUTO LEÔNIDAS & MARIA Nossa Capa

DEANE / FIOCRUZ AMAZÔNIA

Sérgio Luiz Bessa Luz

Diretor

Felipe Gomes Naveca

Vice Diretor de Pesquisa e Inovação

Fábio Rocha Cabral

Vice Diretor de Gestão e Desenvolvimento Institucional

Rosana Cristina Pereira Parente

Vice Diretora de Ensino, Informação e Comunicação

Severina de Oliveira dos Reis

Chefe de Gabinete
Marlúcia Seixas

Assessora de Comunicação

COMITÊ EDITORIAL

Bernardo Lessa Horta

Composição gráfica desenvolvida pelo designer
Cláudia Maria Ríos Velásquez
Magno Heinz / Maloka Branding, que representa
Cristiane de Lima Barbosa
o sequenciamento génetico do SARS-CoV-2 no
Fábio Rocha Cabral
estado do Amazonas.
Felipe Gomes Naveca

Maria Olívia de Albuquerque Ribeiro Simão

EDITORAÇÃO

Cristiane de Lima Barbosa MTB-AM 092

Editora-Executiva/ Jornalista Responsável

Maria Olívia Simão Rua Teresina, 476. Adrianópolis.

Editora-Executiva Adjunta Manaus – AM. CEP: 69.057-070.
Fotos Tel.: +55 (92) 3621-2323
Eduardo Gomes

Érico Xavier

Peter Ilicciev

Carta do Diretor
A pandemia provocada pelo SARS-CoV-2
(vírus causador da Covid-19) afetou de
forma dramática a saúde e também
vários outros aspectos da vida em
sociedade. Isso traz uma condição ímpar
na história recente da humanidade, fala-
se de um “novo normal”, de todo modo é
um marco do Século 21. Essa pandemia
global escancarou a necessidade de
uma tomada de decisão baseada na
ciência por parte dos governos, por isso
preparamos esta edição da Revista com
um rápido compilado de informações
sobre andamento de projetos e ações
realizadas pela equipe do Instituto
Leônidas & Maria Deane - ILMD/Fiocruz
Amazônia e parceiros no combate à
Covid-19 na Amazônia.
Como matéria de capa, falamos sobre o
primeiro sequenciamento do genoma
completo do SARS-CoV-2 na região
Norte. O estudo foi concluído 10 dias
após a confirmação do primeiro caso de
Covid-19 na cidade de Manaus por uma
equipe coordenada pelo pesquisador e
vice-diretor de Pesquisa e Inovação do
ILMD/Fiocruz Amazônia. Aqui também
foram mapeados mais 36 genomas
do novo coronavírus, um grande feito,
pois, por ser um vírus novo, ainda pouco
estudado, é necessário se conhecer
profundamente seu comportamento
para se chegar mais facilmente ao
desenvolvimento de um medicamento
ou de uma vacina mais eficaz no
combate à doença.
A entrevista com Rivaldo Venâncio está
imperdível. Ele é o gestor da Coordenação
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 7
de Vigilância em Saúde e Laboratórios de
Referência da Presidência da Fiocruz e faz
uma análise sobre o impacto da chegada
do vírus SARS CoV-2 no Brasil e sobre
os desafios encontrados por gestores e
pesquisadores ao longo desta pandemia.
Você também pode conferir outras
reportagens, como, por exemplo, sobre
o Provid-19, que prevê a classificação de
pacientes infectados com o Coronavírus
que evoluem ao óbito. A caracterização
ocorrerá em um painel proteico e deve
resultar em benefício efetivo à população
amazonense. Há, ainda, matérias sobre
dois repositórios lançados durante a
quarentena do Covid-19: Repositório
de Percepções sobre o Covid-19 e o
Repositório de Epidemiologia.
Não só de experimentos e índices vive
um pesquisador ou um profissional
que trabalha no âmbito das atividades
científicas durante a pandemia. Esse
momento universal também trouxe
experiências marcantes para os que
estão no front da guerra contra o vírus
SARS-CoV-2: são histórias, dilemas e
desafios pessoais. É nesse sentido que
trouxemos, nesta edição, vários relatos
reais e emocionantes vivenciados por
colegas ao longo desta pandemia. A
intenção é mostrar à sociedade que
também há o lado humano das pessoas
que estão por trás das bancadas dos
laboratórios e da gestão de institutos
científicos.
Ótima leitura e continuem se cuidando!!!
Sérgio Luiz Bessa Luz
Diretor do ILMD/Fiocruz Amazônia
8 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
SAÚDE EM NOTA

Pesquisas da Fiocruz Amazônia são aprovadas em Acesse com seu

leitor de QRcode.

Chamada do CNPq para enfrentamento da Covid-19 Para mais

informações sobre
os projetos

Fiocruz Amazônia Covid-19 research proposal Investigaciones de la Fiocruz Amazonia son

are selected for CNPq financing. aprobadas en convocatorias del CNPq para
enfrentamiento de la Covid-19

Os pesquisadores Felipe Naveca e Marcus Lacerda, do Vieira Dourado (FMT-HVD), é intitulada “Estudo de
Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), fase IIb para avaliar eficácia e segurança de Succinato
tiveram propostas aprovadas na Chamada MCTIC/CNPq/ Sódico de Metilprednisolona injetável no tratamento
FNDCT/MS/SCTIE/Decit Nº 07/2020 – Pesquisas para de pacientes com sinais de síndrome respiratória
enfrentamento da Covid-19, suas consequências e outras aguda grave, no âmbito do novo coronavírus (SARS-
síndromes respiratórias agudas graves, do Conselho CoV2): um ensaio clínico, duplo-cego, randomizado,
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico controlado com placebo – MetCovid”.
(CNPq). A Chamada recebeu propostas de todas as
regiões do País, totalizando 2.219 projetos submetidos e
90 aprovados. Serão investidos cerca de R$ 45 milhões
em 90 projetos de pesquisas. Os recursos são oriundos do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e do
Ministério da Saúde (MS).
O título do projeto de Felipe Naveca é “Avaliação de
fatores clínicos, imunológicos e virológicos em pacientes
infectados pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) de
diferentes estados da Região Norte do Brasil – Rede
COVIDNORTE”. A proposta de Marcus Lacerda, que
também atua na Fundação de Medicina Tropical Heitor

Fiocruz Amazônia vai atuar no controle de Aedes em

sete bairros de Manaus
Inova Covid-19 Programme includes Fiocruz Fiocruz Amazonia actuará en el control de Aedes
Amazônia projects. en siete barrios de Manaus

As ações de controle de mosquitos não podem ser bons, o que favoreceu, com o apoio do Ministério da
esquecidas nem tampouco negligenciadas, mesmo Saúde, a aplicação da mesma estratégia, em outras
em tempo de pandemia. Neste sentido, projeto de cidades brasileiras”, explica Sérgio Luz, pesquisador
pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane e diretor da Fiocruz Amazônia.
(ILMD/Fiocruz Amazônia) para controle de Aedes volta a
ser implantado em Manaus.
Trata-se do projeto que utiliza como estratégia a
instalação de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDs)
como alternativa no controle de mosquitos Aedes aegypti
FOTO: EDUARDO GOMES

e Ae. albopictus, transmissores dos vírus da dengue, zika

e chikungunya.
A ação é realizada em parceria com a Secretaria Municipal
de Saúde (Semsa) e tem como objetivo instalar cerca de
200 EDs em pontos estratégicos, reconhecidos como focos
de proliferação de mosquitos Aedes. “Não é a primeira vez
que trabalhamos com as EDs em Manaus. Nosso estudo
iniciou no Amazonas, mas precisamente em Manacapuru
e em Manaus, onde os resultados alcançados foram muito
 MULTIMÍDIA REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 9

FILME
Contágio
Contagion Contágio

O filme de 2011 voltou a ficar popular pelas suas Direção: Steven

semelhanças com a pandemia do novo Coronavirus. Soderbergh
Contágio escalou na lista de filmes mais buscados em
2020 no Google, nos serviços de streaming e de trackers Elenco: Marion Cotillard,
torrent. O longa de 1 hora e 26 minutos traz um enredo Matt Damon, Laurence
sobre um novo vírus que se origina na China, a partir de Fishburne
um animal silvestre. A trama mostra o rápido progresso Assista o Video
de um vírus letal, transmissível pelo ar, que mata em Gênero: Drama, Ficção Oficial

poucos dias. Como a epidemia se espalha rapidamente, científica, Suspense

a comunidade médica mundial inicia uma corrida para Ano: 2011
encontrar a cura e controlar o pânico que se espalha mais
rápido do que o próprio vírus. Ao mesmo tempo, pessoas
comuns lutam para sobreviver em uma sociedade que
está desmoronando. A ficção de 2011 se tornou, em parte,
realidade no ano de 2020 com a recente pandemia
causada pelo novo coronavírus.

TECNOLOGIA
Aplicativos úteis para divulgar pesquisas científicas

Coronavírus SUS
O aplicativo Coronavírus SUS foi atualizado
e agora pode interagir com o usuário por
meio dos dispositivos móveis. A recente
atualização permite que o Ministério da
Saúde envie mensagens e alertas aos
celulares e tablets, mesmo com o app
fechado ou não sendo utilizado naquele
momento. A ferramenta permite que
a Secretaria de Vigilância em Saúde,
responsável pela vigilância epidemiológica
da pandemia do coronavírus no Brasil,
disponibilize comunicados para usuários em
geral ou segmentos públicos específicos. O
app está disponibilizado nas lojas virtuais do
Governo do Brasil nas principais plataformas
digitais.
A avaliação quanto a uma possível infecção
também foi atualizada. Foram incluídos
novos dados que qualificam o usuário
dentro dos grupos de risco, conforme
idade, sexo e comorbidades (associação de
duas ou mais doenças). As recomendações
para o usuário, de acordo com o resultado
do que foi respondido, estão classificadas
em: caso provável, não provável, grave e
indicação de isolamento. Vale ressaltar que
o teste é apenas um indicativo, precisando
ser referendado por uma autoridade
médica.
Os detalhes sobre as unidades básicas
de saúde mais próximas também foram
atualizados e agora informam, por
exemplo, os horários de atendimento ao
público e se, no momento da consulta,
estão abertas ou fechadas.
O conteúdo do aplicativo está
disponível, além de língua portuguesa,
em espanhol e inglês, ampliando o
acesso à informação a estrangeiros. A
plataforma ganhou, ainda, recursos de
acessibilidade, garantindo informações
às pessoas com deficiência.
Desenvolvido pelo Departamento
de Informática do SUS (Datasus),
o aplicativo Coronavírus SUS está
disponível de forma gratuita desde de 28
de fevereiro e já foi baixado por mais de
3,5 milhões de usuários. O app reforça as
ações do Governo Federal no combate à
proliferação do novo coronavírus no País.
10 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
ENTREVISTA

5 PERGUNTAS PARA
RIVALDO VENÂNCIO,
COORDENADOR DE
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
E LABORATÓRIOS DE
REFERÊNCIA DA FIOCRUZ

05 questions to Rivaldo Venâncio, 05 preguntas para Rivaldo Venâncio,

coordinator of Health Surveillance and
Reference Laboratories at Fiocruz
In an exclusive interview with Fiocruz
Amazônia Revista, the official brings an
analysis of the impact of the arrival of the
SARS CoV-2 * virus in Brazil and the challenges
encountered by health professionals and
researchers throughout this pandemic.
coordinador de Vigilancia en Salud y de los
Laboratorios de Referencia de la Fiocruz
En entrevista exclusiva a la Fiocruz
Amazônia Revista, el gestor muestra un
análisis sobre el impacto de la llegada
del virus SARS CoV-2* en el Brasil y sobre
los desafios que enfrentan los gestores e
investigadores durante esta pandemia.

POR FOTOS

Cristiane Barbosa Peter Ilicciev

Desde julho de 2017, o pesquisador da da chegada do vírus SARS CoV-2* no

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil e sobre os desafios encontrados *É um
médico Rivaldo Venâncio da Cunha, por gestores e pesquisadores ao longo coronavírus
novo que foi
responde pela Coordenação de desta pandemia. Confira a entrevista identif icado pela
primeira vez em
Vigilância em Saúde e Laboratórios de completa a seguir. Wuhan, China,
no f inal 2019,
Referência da Presidência da Fundação. como a causa
Diante da pandemia, o doutor e pós- Fiocruz Amazônia Revista – No início da doença por
coronavírus de
doutor em Medicina Tropical afirma que não se sabia o impacto do novo 2019 (Covid-19) e
se espalhou por
é uma pessoa extremamente otimista coronavírus no País, mas ele chegou todo o mundo.

no cenário pós-pandemia. Entretanto, de uma maneira avassaladora,

ele alerta que não basta otimismo. É impactando diversos setores da
necessário, segundo ele, que haja uma sociedade. De que forma o senhor
política pública que priorize e incentive as analisa a chegada e a evolução da
áreas da saúde, da educação, da ciência, Covid-19 no Brasil?
da tecnologia e da inovação. Nesta
entrevista à Fiocruz Amazônia Revista, o
gestor traz uma análise sobre o impacto

Rivaldo Venâncio
Coordenador de Vigilância
em Saúde e Laboratórios
de Referência da Fiocruz.
O Brasil já vivia uma profunda
crise sanitária, sobretudo nas
suas regiões metropolitanas,
antes da chegada da Covid.
Rivaldo Venâncio – Não só no
Brasil, mas também no mundo, de
uma forma geral, o surgimento da
Covid-19 causou enorme perplexidade.
Inicialmente, os pesquisadores que
sempre acompanharam a dinâmica de
transmissão dos vírus respiratórios mundo
afora imaginavam que o comportamento
do vírus SARS CoV-2 seria muito parecido
com o que nós tínhamos enfrentado em
relação ao H1N1**, em 2009 e 2010. Ou
seja, haveria uma grande disseminação
mundo afora, mas que seria relativamente
controlada em curto espaço de tempo,
e, mais que isso, não causaria tanto
**A gripe H1N1, ou Influenza A, é provocada pelo vírus
H1N1, um subtipo do vírus Influenza do tipo A. Ele é
resultado da combinação de segmentos genéticos do
vírus humano da gripe, do vírus da gripe aviária e do vírus
da gripe suína.
ENTREVISTA REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 11
FOTO: PETER ILICCIEV
sofrimento, tantas perdas humanas,
como nós estamos observando. É bom
salientar que a chegada da Covid ao
Brasil assume características muito
especiais porque o País tem e tinha
características especiais. O Brasil já vivia
uma profunda crise, sobretudo nas
suas regiões metropolitanas, antes da
chegada da Covid. Com a rede de atenção
primária de saúde em muitas dessas
regiões metropolitanas já com profundas
dificuldades, mesma situação em
relação à rede terciária, já enfrentávamos
dificuldades para ter acesso à rede
de terapia intensiva, a diagnósticos
especializados, ou seja, antes da Covid nós
já tínhamos um grave problema sanitário
no Brasil, que foi agravado com a chegada
da pandemia entre nós.
Mas nós não vivenciávamos somente uma
crise sanitária, nós já vivíamos naquele
momento também uma profunda crise
econômica e social, com desemprego, com
 12 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
ENTREVISTA
subemprego, com uma desigualdade
social gigantesca que se perpetua
há séculos, não é algo recente essa
desigualdade no Brasil, que eu chamaria
de um verdadeiro Apartheid*** social.
***A palavra
Então a Covid encontra no Brasil uma crise
apartheid sanitária, num País convivendo com um
signif ica
“separação” em verdadeiro Apartheid social, em especial
af ricâner, idioma
falado na Áf rica nas regiões metropolitanas. De tal forma
do Sul. Signif ica
qualquer tipo de
que o impacto aqui, o sofrimento causado
segregação ou pela pandemia, indiscutivelmente foi
discriminação.
muito maior do que, proporcionalmente,
outros países vivenciaram.
Fiocruz Amazônia Revista – A
Coordenação de Vigilância em Saúde e
Laboratórios de Referência da Fiocruz
foi implantada em 2017 com a missão
de articular as atividades e ações
de vigilância em saúde realizadas
na Fiocruz, com as direções das
unidades técnico-científicas e com
os órgãos gestores em nível Federal,
Estadual e Municipal. Desse modo,
como a trajetória histórica e as lições
aprendidas dessa área coordenada pelo
senhor ajudam a lidar com as urgentes
mudanças impostas pela pandemia do
Covid-19? ?
Rivaldo Venâncio - A Coordenação de
Vigilância em Saúde e Laboratórios de
Referência da Fiocruz é, de certa forma,
uma estrutura privilegiada dentro da
Fundação Oswaldo Cruz, porque lida
com laboratórios e equipes altamente
capacitados, com largas experiências em
enfrentamento de situações de saúde
pública. Esta pandemia foi mais uma
emergência que estamos vivenciando.
Claro, de tamanha magnitude, que
impactou e continua impactando a
humanidade como raramente se viu nos
últimos 100 anos. Diria que houve duas
grandes exceções: em 1917 até 1920, com
a pandemia causada pela Influenza pelo
subtipo H1N1, que na época ficou popular
e equivocadamente cunhada como gripe
espanhola e, já no início dos anos de
1980, com a pandemia provocada pela
emergência do HIV e da AIDS. Tirando
esses dois grandes fenômenos, nos
últimos 100 anos, não há outro paralelo
com tamanha magnitude como a
pandemia pela Covid 19. Um problema
desse tamanho necessita de uma
resposta à altura de sua complexidade,
uma resposta que seja articulada, que
seja ampla e em estreita sintonia com
todos os segmentos da sociedade,
públicos e privados. Do ponto de vista dos
segmentos públicos, é fundamental que
haja o debate em relação aos três níveis
da gestão pública, tanto na área da saúde
como na área da ciência e tecnologia.
E que essas articulações públicas e
privadas, em níveis local, estadual e federal,
consigam identificar e se aproveitar das
potencialidades locais disponíveis. Por
exemplo, na região amazônica, utilizando
esse gigantesco potencial que tem a
Fiocruz Amazônia.
Fiocruz Amazônia Revista – Manaus
se tornou o epicentro da pandemia
do Norte do País e a doença avançou
pelo interior do Estado do Amazonas
por meio de barcos cheios que
continuaram a subir e descer os
rios levando o Coronavírus para as
populações mais vulneráveis como
ribeirinhos e indígenas. Como o
senhor avalia essa situação e de que
forma a Coordenação de Vigilância em
Saúde e Laboratórios de Referência da
Fiocruz contribuiu com o ILMD/Fiocruz
Amazônia nesse cenário?

Rivaldo Venâncio – Os impactos
negativos da pandemia não atingem
todas as camadas sociais de forma
homogênea. Infelizmente, como
sempre acontece durante essas
emergências em saúde pública, os mais
pobres sof rem mais. Os excluídos são
ainda mais excluídos. As populações
tradicionalmente à margem do poder,
das iniciativas do Estado enquanto
provedor de políticas públicas,
essas populações ou esses grupos
populacionais continuam sof rendo de
forma mais marcante durante essas
emergências em saúde pública.
De tal forma que as populações mais
vulnerabilizadas, como as populações
ribeirinhas, as populações indígenas,
moradores de ruas, desempregados,
subempregados e uma gama
gigantesca de grupos populacionais
vulnerabilizados, que sempre
sof reram, continuam sof rendo de
uma forma ainda pior com a chegada
da Covid ao Brasil.
Temos boas respostas em níveis local
e regional que estão sendo dadas com
a participação da Fundação Oswaldo
Cruz. Por exemplo, essa bela resposta e
gigantesca contribuição que o Instituto
Leônidas & Maria Deane (ILMD /Fiocruz
Amazônia) está dando é um diferencial
para a sociedade brasileira. Claro essa
resposta, essa contribuição, poderia ser
ainda mais fortalecida se tivéssemos
tido uma articulação mais af inada entre
todos os entes da gestão pública em
níveis local, estadual e federal. Situação
que, infelizmente, a emergência da
Covid atrapalhou sobremaneira, por
maior que fosse a boa vontade dos
dirigentes e dos gestores envolvidos
nesse debate público e na construção
dessa resposta para reduzir o sof rimento
ENTREVISTA REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 13
FOTO: PETER ILICCIEV
da sociedade local.
O ILMD é um patrimônio da ciência
e da tecnologia brasileira a serviço,
sobretudo, da região amazônica, mas
não somente da região amazônica.
Hoje, o ILMD tem um papel de
destaque e uma visibilidade, um
respeito em nível nacional e mesmo
em nível internacional. Tem uma
enorme capacidade de responder
às necessidades das populações
local, regional e nacional naquelas
áreas em que têm uma atuação de
maior destaque por meio dos seus
diversos grupos de pesquisa. Claro, a
resposta que o ILMD pode dar está em
estreita relação com as condições e o
fornecimento dos insumos necessários
para melhor servir e melhor cumprir
a sua missão no campo da ciência, da
tecnologia e da inovação.
Fiocruz Amazônia Revista – Na sua
visão, como a falta de testes em
grande escala pode impactar a análise
do cenário epidemiológico em nosso
País?
 14 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
ENTREVISTA
Rivaldo Venâncio – Foi um prejuízo
gigantesco para o acompanhamento
do caminhar, digamos assim, do vírus,
sua dinâmica de transmissão e os
caminhos que ele estava traçando no
Brasil como um todo. A falta desses
testes e, posteriormente, mesmo
tendo testes disponíveis, houve falta de
insumos necessários para a coleta, como,
por exemplo, swab**** para obtenção
****O swab é uma
de material biológico de narinas e
haste com ponta orofaringe. A falta de testes diagnósticos
de algodão que
se assemelha em quantidade razoável fez com que os
com um
cotonete, usada gestores da área da saúde, os estudiosos
para coleta de
secreções com
e os pesquisadores ficassem como que
a f inalidade de se estivessem navegando sem entender
estudos clínicos
ou pesquisa. exatamente para onde estávamos indo. E
o que é pior: sem conhecer os caminhos
pelos quais nós estávamos e estamos, de
certa forma, trilhando. Ou seja, houve a
falta dos testes no primeiro momento.
No segundo momento, mesmo existindo
testes, em algumas localidades do País
havia falta dos insumos necessários
para essa coleta e para o transporte do
material biológico coletado. Em alguns
outros momentos, tivemos a própria
Os impactos negativos da
pandemia não atingem todas
as camadas sociais de forma
homogênea. Infelizmente,
como sempre acontece durante
essas emergências em saúde
pública, os mais pobres
sofrem mais. Os excluídos
são ainda mais excluídos.
falta da coleta, mesmo existindo todas as
condições para que o material pudesse
ser coletado das narinas e da orofaringe.
Os prejuízos causados pela falta de
diagnóstico em larga escala e em tempo
hábil foram gigantescos e insubstituíveis.
Neste momento, nós estamos tentando
resgatar, aliviar, amenizar um pouco do
prejuízo que foi causado nesse período
inicial da pandemia até final de julho,
que foi o período em que nós sofremos
mais com a falta de testes.
Fiocruz Amazônia Revista – Diante
dessa crise que abalou o mundo todo,
sabemos que o futuro é uma incógnita,
entretanto quais suas perspectivas,
enquanto cientista, para o pós-
pandemia?
Rivaldo Venâncio – Eu sou uma pessoa
extremamente otimista, em que pese
todas as dificuldades que o País tem. Em
que pese esse Apartheid social, ao qual
eu me referi anteriormente, ou seja, essa
brutal desigualdade social secular que o
País vive, eu diria que nós temos motivo
para um certo otimismo do ponto de vista
da ciência, da tecnologia e da inovação.
No entanto, não basta otimismo. É
necessário que nós tenhamos, de fato,
uma política pública voltada para a
área da saúde, da educação, da ciência,
da tecnologia e da inovação que
priorize e incentive, sobretudo, de uma
forma contínua e não espasmódica, o
desenvolvimento dessas áreas.
Nós temos observado, ao longo das
últimas décadas, alguns períodos de
incentivo e outros de retrocesso. Isso
é ruim por que as grandes questões
da ciência não são resolvidas, não são
construídas respostas em dois ou três
anos. Por vezes, são necessárias décadas
para que a ciência dê grandes saltos de
qualidade, mas de qualquer forma deixo
a mensagem de otimismo.
 INTERIOR REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 15

FIOCRUZ AMAZÔNIA ENVIA

TESTES RÁPIDOS PARA COVID-19
AOS POVOS INDÍGENAS
DO ALTO RIO NEGRO
Rede Solidária da Fiocruz envia doações ao
Amazonas para enfretamento da epidemia.

Para saber mais sobre

Fiocruz Amazônia sends rapid Fiocruz Amazonia envía pruebas o Unidos contra a
Covid-19 e como
tests to Covid-19 to the indigenous rápidas para Covid-19 a los pueblos apoiar, clique::

peoples of the Upper Rio Negro indígenas del Alto Rio Negro
Fiocruz Solidarity Network sends Red Solidaria de la Fiocruz envía
donations to Amazonas to face the donaciones al Amazonas para el
epidemic.graduate studies were enfrentamiento de la epidemia.

POR FOTOS

Marlúcia Seixas Sully Sampaio

Os povos indígenas do Amazonas

receberam do Instituto Leônidas &
Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia)
testes rápidos para Covid-19. Os
testes foram doados pelo Instituto
de Tecnologia em Imunobiológicos
da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-
Manguinhos/Fiocruz). Inicialmente,
recebem os testes os povos indígenas
do Alto Rio Negro, depois os do Alto
Solimões e Vale do Javari.
Ao Amazonas, foram destinados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
quase R$ 6 milhões para aquisições O pesquisador e diretor da Fiocruz
de testes rápidos para Covid-19, Amazônia, Sérgio Luz, explicou que
equipamentos de proteção individual outros produtos, equipamentos e
(EPIs) e outros dispositivos para aparelhos estão sendo adquiridos para
testes, visando o enf rentamento ao enf rentamento ao novo coronavírus
novo coronavírus. na área indígena, em Manaus e para
Além dos testes, outras doações foram aumentar a capacidade de testagem
feitas ao Amazonas, por meio do da Fiocruz Amazônia.
Programa Unidos Contra a Covid-19, Segundo Luiza Garnelo, pesquisadora

Os dados referentes às doações são constantemente atualizados.

16 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
INTERIOR
da Fiocruz Amazônia, que está à
f rente da distribuição das doações
para a saúde indígena, à medida
que as doações chegam à Manaus,
estão sendo levadas às localidades
benef iciadas.
Na oportunidade, a Fiocruz Amazônia
deslocou para o município de
São Gabriel da Cachoeira uma
equipe prof issional para treinar os
trabalhadores da saúde indígena
em relação ao manejo dos testes nas
comunidades, com o objetivo de
descentralizar e capilarizar as ações
de controle da epidemia de Covid-19.
Outra ação dessa equipe será a
coleta de amostras para a realização
de exames PCR para a detecção
do SARS-CoV-2, em prof issionais
de saúde. O material coletado será
analisado no laboratório do ILMD/
Fiocruz Amazônia, em Manaus.
A distribuição dos produtos está
sendo acompanhada pelo ILMD/
Fiocruz Amazônia, segundo explicou
Sérgio Luz. Segundo ele, serão
destinados 3 mil kits de testes rápidos
e R$ 1,2 milhão em Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) para os
povos indígenas do Alto Rio Negro,
Alto Solimões e Vale do Javari; R$
1,55 milhão em EPIs para os hospitais
de Manaus, além de R$ 1,5 milhão
em equipamentos para a Fiocruz
Amazônia triplicar sua capacidade de
testagem para Covid-19.
As doações foram feitas ao Programa
Unidos Contra a Covid-19, pela Vivo (R$
3 milhões), pelo Fundo Emergencial
da Saúde/Movimento Bem Maior (R$
1,2 milhão), Fundação Banco do Brasil
(R$ 52 mil) e o restante pelo Instituto
de Tecnologia em Imunobiológicos
da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-
Manguinhos), especif icamente para
o Amazonas.
UNIDOS CONTRA COVID-19
O Programa Unidos Contra a Covid-19
é uma iniciativa da Fiocruz que tem
como objetivo potencializar as ações
da Fundação Oswaldo Cruz frente
à pandemia do novo coronavírus
(Sars-CoV-2), por meio da união
de esforços dos setores público e
privado, tornando-se um canal onde
empresas, organizações e indivíduos
interessados formam uma rede de
apoiadores de ações desenvolvidas
pela Fundação para o enfrentamento
da emergência sanitária.
 RELATOS REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 17

PERCEPÇÕES DA
PANDEMIA NA
AMAZÔNIA
Repositório digital reúne reflexões e conhecimentos
construídos sobre a Pandemia em diversos contextos.

O repositório pode
Perceptions of the pandemic Percepciones de la pandemia ser acessado no link
disponível no QR
in the Amazon en el Amazonas CODE:
Digital repository gathers reflections Repositorio digital recoge reflexiones
and knowledge learnt the Pandemic in y conocimientos construidos sobre la
different contexts.of the event in Manaus Pandemia en diferentes contextos.

POR FOTOS

Cristiane Barbosa Eduardo Gomes

Na Amazônia, a experiência global SARS - Cov- 02*. Assim, o impa c to da

da Covid-19 envolve a complexidade a celera da prolifera çã o da doen ça * A sigla signif ica
própria da região. Isso porque os atin giu todas as áreas da vida dos Severe Acute
Respiratory
reflexos da primeira pandemia do amazônidas, tanto n o aspec to da Syndrome
(SARS), que quer
século se somam às características saúde com o n os da educa çã o, dizer Síndrome
da Amazônia, que possui uma econ omia, rela ções familiares, Respiratória
Aguda Grave,
grande sociodiversidade constituída religiosida des e sexualida des, uma doença
respiratória
por povos indígenas, quilombolas, dentre outras. contagiosa,
muitas vezes
ribeirinhos, populações urbanas que Para pensar sobre estes impactos, fatal, causado por
habitam periferias e bairros nobres, foi desenvolvido o Repositório de um coronavírus.

trabalhadores de fábricas, artesãos, Percepções sobre o Covid-19 na

trabalhadores rurais, trabalhadores Amazônia, com o propósito de reunir
informais e pessoas que se reflexões, constatações, formulações,
movimentam pelas f ronteiras. vivências e conhecimentos que estão
A pesquisadora do Laboratório sendo construídos sobre a pandemia
Território, Ambiente, Saúde e em diversos contextos. “É preciso
Sustentabilidade (LTASS) do refletir sobre estes processos, buscar
Instituto Leônidas & Maria Deane/ formas de entendê-los e admitir que
Fiocruz Amazônia), Fabiane Vinente, essa mudança no modo de viver e
destacou que cada um destes grupos de ver o mundo terá consequências
está inserido em processos sociais que vão além do nosso entendimento
impactados e tiveram suas existências circunstancial”, destacou a
modif icadas em algum nível pelo coordenadora do repositório, Fabiane.
18 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
RELATOS
O Repositório contribuirá para
reunir elem entos deste olhar “local”
sobre a pan demia, disponibilizan do
textos de pesquisa dores, gente do
povo, intelec tuais, conh ecedores
e outros tipos de pensa dores,
sobre os impa c tos da pan demia n o
contexto amazônico.
A coordenadora do projeto explicou
que o Repositório de Percepções sobre
a Covid-19 na Amazônia, embora tenha
suas raízes nas ciências humanas,
mostrando as possibilidades que as
disciplinas deste campo possuem
para entender a pandemia, não está
restrito a elas, podendo receber
contribuições de pessoas de qualquer
área do conhecimento.
A inspiração tem origem em outros
repositórios do mesmo tipo que foram
criados na internet em vários lugares
do mundo. O material a ser veiculado
não é de artigos científ icos no sentido
stricto do termo, mas sim produções
com formato livre, abrangendo até
mesmo outros formatos além dos
textos, como áudios, vídeos, poesias,
desde que relacionados à forma como
estes sujeitos-autores estão vendo e
refletindo sobre a pandemia.
FOTO: EDUARDO GOMES
O repositório agiliza as informações
e registros sobre a doença, visto
que a “paisagem” dos processos
relacionados à pandemia mudam
muito rapidamente e o processo
de produção acadêmica na forma
de artigos e livros não é capaz de
acompanhar. A situação demanda
respostas rápidas e por isso os
repositórios online têm sido
importantes para reunir material que
possa ajudar a entender tudo o que
está acontecendo.
Segundo Fabiane, a contribuição do
Repositório de Percepções sobre o
Covid-19 é justamente oferecer um
olhar “amazônico”, a partir de pessoas
que estão vivenciando este processo
aqui. “A ideia é que o repositório
seja dinâmico e ofereça aos leitores
‘instantâneos’ da pandemia a partir
do nosso contexto. Por isso, um
mesmo autor pode contribuir várias
vezes, já que as transformações no
tecido social são muito aceleradas
neste momento”.

FUNCIONAMENTO DO REPOSITÓRIO
O Repositório já está com a chamada
aberta no site da instituição, para
colaboradores enviarem suas
contribuições. O projeto possui
um comitê de pesquisadores,
que atuam como “ validadores” do
material que é enviado, a f im de
garantir os objetivos do Repositório,
formado pelas pesquisadoras da
Fiocruz Amazônia, Kátia Maria
Lima, do Laboratório de História,
Políticas Públicas e Saúde na
Amazônia (Lahpsa), Evelyne
Mainbourg e Amândia Braga,
ambas do Laboratório de Situação
de Saúde e Gestão do Cuidado de
Populações Indígenas e outros
Grupos Vulneráveis (Sagespi).
TEXTOS E OLHARES JÁ DISPONÍVEIS
O repositório já recebeu alguns tex-
tos, elaborados a partir de convites.
O pesquisador e líder do Lahpsa/
ILMD, Júlio Cesar Schweikardt, por
exemplo, escreveu um relato sobre
a forma como as comunidades rib-
RELATOS REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 19
FOTO: ENVATO
A ideia é que o repositório
seja dinâmico e ofereça aos
leitores ‘instantâneos’ da
pandemia a partir do nosso
contexto. Por isso um mesmo
autor pode contribuir várias
vezes, já que as transformações
no tecido social são muito
aceleradas neste momento.
Fabiane Vinente,
coordenadora do repositório.
eirinhas estão enf rentando a disse-
minação do vírus.
O pesquisador divulgou, no texto,
a ideia de isolamento a partir de
uma placa que uma comunidade
ribeirinha colocou na entrada.
“A imagem foi divulgada nas redes
sociais e achei que poderia sugerir
uma discussão sobre as noções
de isolamento na Amazônia. A
comunidade ribeirinha traduz o
‘Fique em Casa’ pelo ‘Fique na
Comunidade’”, explicou ele.
20 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
RELATOS

O pesquisador explicou que é uma aber to para colaborar ativam ente

tradução para o contexto social de uma
comunidade amazônica atuante com
a lógica social coletiva. Portanto, f icar
em casa tem signif icados distintos
para uma comunidade indígena ou
dos bairros periféricos das grandes
cidades. “Além disso, procuro mostrar
que as comunidades ribeirinhas, por
mais isoladas que estejam, têm noção
das estratégias de enf rentamento do
Covid-19”, pontuou.
Na avaliação do historiador, a inici-
ativa dá oportunidade e visibilida-
de para os pesquisadores das áreas
das ciências sociais e humanas, mas
não somente isso, permite que os
pesquisadores de qualquer área pu-
bliquem seus textos mais ensaísti-
cos sobre a pandemia. “A riqueza
da proposta é que teremos diferen-
tes olhares sobre situações-limite,
como ensinava Paulo Freire, sobre
momentos marcantes e transfor-
madores da realidade”, destacou.
Em relação às perspectivas
sobre o repositório, Schweikardt
disse que o projeto dá abertura
para um formato de escrita e
de produção que ainda é pouco
valorizado na academia e nas
instituições de pesquisa, pois
não passa pela métrica
artigos e livros científ icos, mas
de extrema importância para a
ampliação das nossas explicações
sobre a realidade por meio de
outras linguagens e permite
a inclusão de trabalhadores,
gestores, usuários e membros
de movimentos sociais para falar
dos seus lugares e territórios.
“O L ahpsa, por enten der
relevân cia dessa proposta, está
nas produções, na divulga çã o e n o
convite para que pessoas da n ossa
rede de pesquisa e atua çã o possam
estar colaboran do”, declarou.
O Repositório também conta com
uma impor tante contribuiçã o vin-
da do município de Parintins/AM.
Trata-se do ar tigo “O lim oeiro foi
para o fun do, a maromba nã o sobe
mais: é h ora de ir para a cida de e
tentar sobreviver ”, produzido e pu-
blica do pelos pesquisa dores do In-
stituto Federal do Amazonas (Ifam/
Parintins) Reidevan dro Pim entel,
Raiann e Rodrigues e I l k a Pi m e n -
tel. O texto traz um relato sobre a
visão dos moradores do município
f r e n t e à Co v i d - 1 9 .
O REPOSITÓRIO
DE PERCEPÇÕES
RECEBE MATERIAL EM
FLUXO CONTÍNUO.
de Fale com a coordenação
(92) 3621 -2305
E-mail: fabiane.vinente@f iocruz.br
a
 NOTAS TÉCNICAS REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 21

PESQUISADORES
MONITORAM A
EPIDEMIA NO
AMAZONAS

Researchers monitor the epidemic Investigadores monitorean la

in the Amazon region epidemia en el Amazonas

POR FOTOS

Marlúcia Seixas Envato

Pesquisadores do Instituto Leônidas

& Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazô-
nia) e do Observatório Covid-19 Fio-
cruz monitoram, desde março deste
ano, a situação epidemiológica do

FOTO: ENVATO
Amazonas, decorrente da evolução
da epidemia de Covid-19.
As análises são feitas por macrorregiões
e regionais de saúde, considerando não
só a capital, Manaus, mas também o
interior do Estado. Os estudos geram
notas técnicas que apresentam a
evolução do processo epidêmico
nos diferentes recortes espaciais,
permitindo a elaboração de hipóteses o enf rentamento da Covid-19, pois
para os diversos comportamentos de elas apresentam avalia ções feitas
curvas epidêmicas, oferecendo ainda por vários pesquisa dores sobre a
evidências de sua continuidade a curto situa çã o da epidemia n o Amazonas,
e a longo prazos. visan do auxiliar os gestores em
Segundo o pesquisador do ILMD/ saúde na toma da de decisões e
Fiocruz Amazônia, José Joaquín socializar conh ecim ento com a
Carvajal Cortés, as notas técnicas popula çã o em geral.
são importantes ferramentas para Até o momento, foram publicadas três
22 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
NOTAS TÉCNICAS
notas técnicas. A primeira apresentou
uma análise da situação epidemiológica
desde o primeiro caso de Covid-19
ocorrido em Manaus, no dia 13 de março,
até a semana 37, observando uma
tendência de crescimento do número
de casos e de internações hospitalares,
bem como os parâmetros utilizados
para a avaliação e análise, tendo como
base alguns critérios relacionados ao
sistema de saúde, à epidemiologia e à
vigilância em saúde.
A segunda nota avaliou a situação
epidemiológica do Estado, partindo de
uma análise espacial por macrorregiões
e regionais de saúde, a partir de
três tipos de curvas de crescimento,
observadas nos diferentes recortes
espaciais, oferecendo ainda evidências
sobre sua continuidade a curto e
longo prazos, através de métodos
estatísticos. Nessa nota, observou-se
que, até a semana epidemiológica 40, a
maioria das regionais da macrorregião
central, incluindo Manaus, apresentou
tendência de crescimento de casos
de longo ou curto prazos, enquanto a
FOTO: ENVATO
maioria das regionais das macrorregiões
leste e oeste apresentaram tendência
de estabilidade a curto ou longo prazos.
Já a terceira nota revelou que, até a
semana epidemiológica 44, a maioria
das regionais das três macrorregiões,
incluindo o município de Manaus,
apresentou tendência de estabilidade
de casos de Covid-19, a longo ou curto
prazos. No entanto, tanto a segunda
nota técnica quanto a terceira reforçam
a necessidade de continuidade das
medidas de prevenção, o fortalecimento
da vigilância de casos e de óbitos, o
aumento da testagem, monitoramento
e reforço da assistência em diferentes
níveis da atenção, bem como o uso da
comunicação junto aos canais de acesso
da população sobre a necessidade de
continuidade das medidas de proteção
individuais e coletivas.

PERÍODO CHUVOSO
Os pesquisadores alertam para a
necessidade de cuidados redobrados
durante o “inverno amazônico”,
período de muita chuva e umidade
na Região e de aumento de casos de
Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG). De acordo com a terceira nota
técnica, é preciso reforçar e incorporar
no cotidiano da população as medidas
de higiene respiratória, não só por
conta da Covid-19, mas também pela
circulação de outros vírus respiratórios.
Outra importante observação feita
é a necessidade de enfoque no
diagnóstico etiológico, para nortear o
planejamento dos recursos e serviços
necessários para a atenção aos
pacientes portadores de SRAGs.
DESAFIOS
José Joaquín Cortés observa que
a pandemia de Covid-19 trouxe
NOTAS TÉCNICAS REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 23
FOTO: ENVATO
aprendizado e mostrou não só as
f raquezas e desaf ios que o sistema
de saúde apresenta, mas também
suas potencialidades e fortalezas. “É
necessário acreditar na ciência, é
necessário trabalhar em parceria intra
e interinstitucionalmente, dentro e
fora da saúde, porque a saúde é de
todos e para todos. Temos que integrar
o conhecimento entre as nações e
pensar além dos limites de nossas
f ronteiras”, recomendou.
As notas técnicas sobre a situação
epidemiológica do Amazonas
são resultados de análises feitas
pelos pesquisadores Bernardino
Albuquerque, Carlos Machado de
Freitas, Christovam Barcellos, Daniel
Antunes Maciel Villela, Fernando
Herkrath, José Joaquín Carvajal Cortés,
Leonardo Soares Bastos, Marcelo
Ferreira da Costa Gomes, Margareth
Crisóstomo Portela, Sérgio Luiz Bessa
Luz e Valcler Rangel Fernandes,
do ILMD/Fiocruz Amazônia e do
Observatório Fiocruz Covid-19.
24 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
CAPA
DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA

Fiocruz Amazônia sai na frente no sequenciamento

do SARS-CoV-2 na Região Norte

POR FOTOS

Marlúcia Seixas Eduardo Gomes

The genetic code of the Amazon viruses Códigos genéticos del virus en el Amazonas
Fiocruz Amazônia takes the lead Fiocruz Amazonia lidera secuenciación
in the sequencing of SARS-CoV-2 del SARS-CoV-2 en la Región Norte
in the North Region of Brazil

Acesse o artigo
científico publicado
sobre a pesquisa.
 DIVULGAÇÃO
CAPA
CIENTÍFICA
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 25

O primeiro sequenciamento do genoma* “Os estudos genéticos nos ajudam a

completo do SARS-CoV-2** na região entender se esse vírus já estava circulando *Conjunto de
Norte foi concluído 10 dias após a aqui antes de ser identificado no exame todos os genes
de uma espécie
confirmação do primeiro caso de Covid-19 de diagnóstico dos primeiros pacientes. de ser vivo.

na cidade de Manaus. Continuando Com o estudo genético e a utilização

os estudos, três meses depois, o de vários programas de bioinformática,
pesquisador e vice-diretor de Pesquisa conseguimos traçar e estimar uma
e Inovação do Instituto Leônidas & Maria data para saber quando, de fato, foi a
Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Felipe introdução desse vírus aqui no ambiente
Naveca, responsável pelo mapeamento, amazônico. Com a parceria da Fundação
** É o nome of icial
dado ao novo anunciou o sequenciamento de mais de Vigilância em Saúde do Amazonas
coronavírus, que
signif ica „severe 36 genomas do novo coronavírus. Até (FVS-AM) e do Laboratório Central de
acute respiratory
syndrome
o fechamento desta edição já são 102 Saúde Pública do Amazonas (Lacen-
coronavirus genomas sequenciados, sendo 79 do AM), estamos caracterizando amostras
2“ (síndrome
respiratória Amazonas, 8 de Rondônia, 9 de Roraima oriundas de diversos municípios do AM”,
aguda grave por
coronavírus 2). e 6 do Mato Grosso do Sul. disse Naveca.
Ele recebeu essa
nomenclatura por
No Brasil, a experiência dos pesquisadores
possuir grande com sequenciamento genético de vírus
semelhança com
o vírus SARS-CoV, e o uso de equipamentos de ponta
agente causador
da epidemia de possibilitaram um rápido mapeamento
SARS, em 2002.
da estrutura do SARS-CoV-2, logo que ele
chegou ao País.
No Amazonas, Naveca e sua
equipe acumulam experiência
no sequenciamento de genomas.
O pesquisador coordenou o
sequenciamento completo do primeiro
genoma de uma amostra selvagem do
vírus do sarampo, obtida na América
Latina, em 2018. Uma expertise que lhe
permitiu sequenciar, em três meses,
37 genomas de SARS-CoV-2, oriundos
de amostras coletadas em diferentes
municípios do Estado, mesmo durante o O novo coronavírus pertence à subfamília
pico da epidemia. Coronavirinae, família Coronaviridae,
Por ser um vírus novo, ainda pouco seu nome se deve a seu aspecto que
estudado, é necessário se conhecer lembra uma coroa, corona em latim. Ele
profundamente seu comportamento, possui como genoma uma única fita de
suas variações em diferentes partes do RNA, que controla a replicação do vírus
mundo, sob diversas condições e fatores na célula infectada. Apesar da rapidez
biológicos, considerando-se o humano e dos pesquisadores brasileiros que atuam
o vírus, para se chegar mais facilmente ao na área de genômica, na apresentação
desenvolvimento de um medicamento de sequenciamentos do SARS-CoV-2,
ou de uma vacina para a Covid-19. mapear a estrutura de um vírus não é tão
 26 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
CAPA
DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA

simples como possa parecer.

“O sequenciamento do novo coronavírus
é realizado a partir da amostra de
um paciente, de onde se extrai o
material genético do vírus. No caso
do coronavírus, esse material é o RNA,
que vai passar por uma série de etapas,
incluindo a produção de uma cópia
em DNA e a amplificação do número
de moléculas. Em seguida, passamos
para uma etapa chamada produção de
biblioteca, onde o material é “quebrado”
em pedaços menores e colocado em
um equipamento que chamamos de
sequenciador, onde cada uma das bases
do DNA (A, T, C e G) será lida. Depois, com
auxílio de programas de bioinformática,
A= Adenina;
T= Tiamina; trabalhamos como se fosse um quebra-
C= Citosina e
G= Guanina. cabeça, até a montagem da figura final,
que será o genoma completo do vírus”, São milhares de genomas do novo
revelou Naveca. coronavírus sendo sequenciados em
O estudo feito no Amazonas soma-se aos diferentes países para que se consiga
demais que estão sendo realizados nos entender como o vírus se comportou
principais centros de pesquisa do mundo. em diferentes panoramas. Esse
Os pesquisadores reforçam que esse é o conhecimento viabilizará a criação
maior esforço de sequenciamento de um de um banco de dados, para que, no
patógeno na história da humanidade. momento em que se tiver uma vacina
ou uma droga específ ica para o novo
coronavírus, possam-se cruzar as
informações obtidas para verif icar se há
alguma variante que possa escapar da
prof ilaxia ou tratamento.
Os estudos genéticos nos “Estarmos fazendo isso aqui na
ajudam a entender se esse Amazônia, com a mesma tecnologia
vírus já estava circulando e com os mesmos cuidados dos
aqui antes de ser identificado maiores laboratórios do mundo,
no exame de diagnóstico mostra a maturidade da pesquisa
dos primeiros pacientes nessa região, seja para o novo
coronavírus ou para outros vírus
Felipe Naveca, emergentes”, destacou Naveca.
pesquisador do ILMD/Fiocruz Amazônia

EPIDEMIA EM MANAUS
O pesquisador encontrou diferenças
entre os vírus que circulam no Amazonas
em relação à amostra original de Wuhan,
na China. Ele explica que as mutações
de vírus, especialmente os de genoma
RNA, podem ocorrer com frequência, no
entanto não são apenas essas possíveis
mutações do SARS-CoV-2 que podem
causar maior ou menor gravidade da
Covid-19, no Estado.
“Vários fatores do ponto de vista
biológico podem contribuir para o
aumento ou maior gravidade de casos
de uma doença em uma determinada
região. Para se dizer que uma mutação
está associada a um quadro mais ou
menos grave, é necessário estudar um
número grande de amostras e observar
as mutações, em uma frequência muito
superior. Aplicamos testes estatísticos
que suportam ou não essa hipótese e,
aí, podemos sugerir essa relação. No
entanto, isso não foi demonstrado com
relação ao novo coronavírus, sendo que
a maioria das mutações não vai acarretar
mudanças drásticas nos vírus. As
mutações são fenômenos naturais que
levam à evolução viral”, explicou Naveca.
O espalhamento do novo coronavírus
para outros municípios, além da capital,
Manaus, expôs uma série de fragilidades
que contribuíram para o aumento de
casos e de mortes por Covid-19 no Estado,
no entanto, os pesquisadores alertam
para a necessidade de mais estudos
sobre a doença e comportamento do
vírus na Região.
RESULTADOS NO AMAZONAS
Ao todo, até o fechamento desta edição,
foram sequenciados 102 genomas,
DIVULGAÇÃO
CAPA
CIENTÍFICA
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 27
sendo 79 do Estado do Amazonas, 8 de
Rondônia, 9 de Roraima e 6 de Mato
Grosso do Sul.
O estudo encontrou 8 linhagens do
novo coronavírus circulando no Estado,
o que sugere ao menos oito introduções
do SARS-CoV-2 no Amazonas. Outra
importante descoberta foi a identificação
de 4 linhagens que ainda não haviam
sido sequenciadas no Brasil.
As quatro novas linhagens identificadas
são a B.1.107; B.1.111; B.1.1.2; e B.1.35 que
circularam na Dinamarca, Colômbia, Reino
Unido e País de Gales, respectivamente.
Com essas, sobe para 30 o número de
linhagens encontradas no Brasil.
“Quanto mais nós investigamos, maior
variabilidade temos encontrado, o
que nos mostra que foram diversas as
entradas do vírus no Estado, mesmo
em um período onde, teoricamente,
havia menor circulação de pessoas”,
comentou Naveca.
APOIO À PESQUISA
Os projetos na área de genômica
propostos por Felipe Naveca e seu grupo
destacaram-se e foram aprovados no
Programa Ciência, Tecnologia e Inovação
28 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
CAPA
DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA

Resumo Genomas
SARS-CoV-2 AM
% Número de Linhagens
Município Sequências linhagens identificadas
do AM

ANORI 1 1,3% 1 B.1

AUTAZES 1 1,3% 1 B.1.1.28

CAREIRO 6 7,6% 2 B.1.1.28; B.1.1.33

IRANDUBA 2 2,5% 1 B.1.1.28

INTACOATIARA 2 2,5% 1 B.1

JUTAÍ 1 1,3% 1 B.1

LÁBREA 2 2,5% 1 B.1

MANACAPURU 9 11,4% 3 B.1; B.1.1.28; B.1.1.33

MANAQUIRI 3 3,8% 2 B.1; B.1.1.28

MANAUS 31 39,2% 7 A.2; B.1; B.1.1.2; B.1.1.28; B.1.1.33; B.1.107; B.1.35

MANICORÉ 4 5,1% 3 B.1; B.1.1.2; B.1.1.28;

MAUÉS 1 1,3% 1 B.1

NOVA OLINDA 1 1,3% 1 B.1

DO NORTE

PARINTIS 3 3,8% 1 B.1

PRESIDENTE 3 3,8% 1 B.1

FIGUEIREDO

SANTA ISABEL
1 1,3% 1 B.1
DO RIO NEGRO

SANTO ANTÔNIO 2 2,5% 1 B.1

DO IÇÁ

TABATINGA 6 7,6% 2 B.1; B.1.111

18 79
TOTAL DE TOTAL DE
MUNICÍPIOS AM SEQUÊNCIAS AM

Fonte: FELIPE GOMES NAVECA | ILMD / Fiocruz Amazônia

 DIVULGAÇÃO
CAPA
CIENTÍFICA
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 29

nas Emergências de Saúde Pública no Além desses projetos aprovados, o

Amazonas Covid-19 (PCTI-EmergeSaúde/
AM), Edital N°005/2020, da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas (Fapeam) e na Chamada
MCTIC/CNPq/FNDCT/MS/SCTIE/Decit Nº
07/2020 – Pesquisas para enfrentamento
da Covid-19, suas consequências e outras
síndromes respiratórias agudas graves, do
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e
Ministério da Saúde (MS).
estudo genético do novo coronavírus
conta com o apoio da Rede Genômica
de Vigilância em Saúde (Regesam),
iniciativa apoiada pela Fapeam.
O pesquisador também integra o
Projeto Genoma Covid-19, parceria entre
a Fiocruz e a Vale, por meio do Instituto
Tecnológico Vale (ITV), que pretende
sequenciar ao menos mil amostras do
SARS-CoV-2, coletadas no Brasil, com
o intuito de produzir um amplo estudo
sobre o vírus.

DETERMINAÇÃO

Dedicado aos seus estudos e trabalho

no laboratório, Felipe Naveca foi
incansável no enf rentamento da
Covid-19, no Amazonas.
Ainda no auge da epidemia em Manaus,
o pesquisador encarou, talvez, o maior
desafio da sua vida, a morte de seu pai,
Felipe Ribeiro Naveca, no dia 17 de maio,
vítima da Covid-19.
Poucos dias depois desse episódio,
ao saber da aprovação de seu projeto,
submetido a uma das chamadas
públicas a que concorria, ele
comedidamente celebrou e disse
dedicar seus estudos sobre o SARS-
CoV-2 a seu pai, que era o maior fã de
seu trabalho como pesquisador.
A Covid-19 certamente tirou algo de
muito importante de cada um que viveu
e vive essa pandemia, mas também
fez o mundo enxergar heróis que
estão diariamente nos hospitais, nos
laboratórios, na luta por salvar vidas reais.
 30 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
EM
DIVULGAÇÃO
CAMPO
CIENTÍFICA

FUNGOS: BONS OU MAUS?

Fungi: good or bad? Hongos: ¿buenos o malos? POR

Ani Beatriz Jackisch Matsuura

O ambiente com sua vegetação e como se fosse a laranja da laranjeira.

animais é algo admirável! É, pelo menos,
isso que vemos e vem a nossa mente
quando pensamos em ambiente.
Mas, se formos mais minuciosos,
percebemos que há muito mais do que
vemos, de pronto. Intrigada pelo que
não conseguimos perceber de imediato,
entrei na área da microbiologia.
Depois de conhecer a vastidão deste
mundo microscópico, decidi me
dedicar aos fungos. Seres interessantes
que são eucariotos, como os animais e
Diz-se do
plantas, podendo possuir quitina na sua
organismo, parede celular, como alguns animais,
ou célula, cujo
núcleo está e ter aparência de planta, como os
envolvido por
uma membrana cogumelos. Tem altíssima capacidade
celular.
de adaptação e sobrevivência nos
mais diversos ambientes. Seja ele seco,
quente ou f rio, vamos encontrá-los.
Para conseguir estudá-los não tem
jeito. É necessário ir a campo.
Substância
branca
O trabalho fora do laboratório, apesar de
encontrada duro, é muito interessante! Estar no meio
no esqueleto
externo da comunidade ou da floresta é o passo
de insetos,
caranguejos primordial para começar a entender
e lagostas e
nas estruturas
o problema que precisa ser estudado.
internas Assim, o trabalho de campo sempre fez
de outros
invertebrados. parte da minha vida!
No início dos anos 90, época que ainda
estava no Sul do Brasil, a busca era para
conhecer a diversidade de macrofungos,
os conhecidos cogumelos, que são
somente a parte reprodutiva do fungo,
O estudo da diversidade da vegetação
e de macrofungos se estendeu para
uma oportunidade de participar de
expedições para a Antártica. Obviamente
foi um grande desaf io ir a campo em
um local com condições extremas de
clima e predomínio da brancura da
neve e gelo. No entanto, há muita vida.
Tanto há, que atualmente a Fiocruz
está com projeto que visa monitorar
e realizar a vigilância de possíveis
microrganismos causadores de doença
humana e fazer a prospecção de novas
moléculas a partir de microrganismos
com potencial biotecnológico.
Na vinda para o Amazonas, o foco foi, no
princípio, investigar fungos com potencial
biotecnológico. Mas a necessidade de
conhecer melhor os fungos causadores
de infecções fúngicas na região me
fez mudar o meu foco principal. As
doenças causadas por fungos são
as “negligenciadas entre as doenças
negligenciadas”. Deste modo, há dentro
da área de micologia necessidade de
mais estudos na micologia médica, já que
as doenças fúngicas deverão impactar
cada vez mais a saúde humana no
futuro. E assim, atualmente, os estudos
estão direcionados para os fungos com
potencial infeccioso.
Na nossa região, uma doença grave
causada por fungo é a criptococose,
 DIVULGAÇÃO
EM CAMPO
CIENTÍFICA
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 31

conhecida também como doença gênico, mas, conhecendo as condições

dos pombos. Na verdade, não é bem que lhes favorecem proliferar e con-
assim. Os pombos têm a sua parcela de hecendo seus lugares favoritos para se
contribuição com a disseminação do desenvolver, as pessoas podem evitar
fungo causador da criptococose, que na esses locais e adotar medidas para não
sua forma mais grave pode se apresentar estarem tão expostos.
como uma meningoencefalite, mas o Há muito o que se estudar na nossa
que é um grande complicador é o fato de região amazônica. Muitas espécies
que os fungos se multiplicam nas fezes novas de microrganismos para serem
acumuladas dessas aves. conhecidas. E as que já sabemos que
Desta forma, para compreender melhor existem, e do que são capazes, precisam
a presença desse fungo onde há ainda ser mais bem compreendidas.
pombos, fizemos uma parceria com o
Centro de Zoonoses de Manaus. Nessa
pesquisa, muitas casas com problemas
de infestação de pombos foram visitadas,
assim como escolas que tinham um
projeto para realizar ações educativas
para prevenção e controle de pragas
urbanas. Entre os nossos objetivos,

FOTO: EDUARDO GOMES

tínhamos o de verificar o quão próximo
pode estar o fungo, por isso coletamos e
analisamos, além das fezes dos pombos,
a poeira da casa ou da sala de aula.
Em todos os locais onde foram feitas
coletas, nós retornamos com o resultado
da presença ou não do Cryptococcus. No
entanto, as pessoas queriam que a equipe
fizesse a remoção dos pombos e das suas
fezes. Infelizmente, a isso não pudemos
atender. Essa é uma responsabilidade de Ani Beatriz Jackisch Matsuura
cada morador, no caso dos domicílios, É bióloga, doutora em Ciência de Alimentos (na
e os gestores, nas escolas. Mas todos linha de pesquisa Microbiologia de Alimentos)
receberam orientações detalhadas pela Universidade Estadual de Campinas
de como proceder para manter os (Unicamp). Pesquisadora em Saúde Pública/
locais limpos e impedir a instalação Micologista do ILMD/Fiocruz Amazônia.
das aves. Mas é preciso ressaltar que o
Cryptococcus consegue se desenvolver
também em outros substratos, como
madeira em decomposição, solo e fezes
de outras aves.
Não conseguiremos eliminar totalmen-
te os fungos que têm potencial pato-
32 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
GENTE COMO A GENTE

MARCAS DEIXADAS
PELA PANDEMIA
DA COVID-19
Histórias e dilemas vividos por aqueles que trabalharam
com pesquisa científica no Amazonas durante a pandemia

Marks left by the Covid-19 pandemic Marcas dejadas por la

Stories and dilemmas experienced pandemia Covid-19
by those who worked with Historias y dilemas vividos
scientific research in Amazonas por quienes trabajaron
during the pandemic. con la investigación
científica en el Amazonas
durante la pandemia.
Para atualização de
informações sobre o
assunto, acompanhe
no link, acessando o
QR CODE:

POR FOTOS

Cristiane Barbosa e Marlúcia Seixas Eduardo Gomes

O rigor metodológico de uma pesquisa Abordaremos, a seguir, histórias e dilemas

leva o pesquisador a desprezar os
elementos que possam interferir
na qualidade de seus resultados.
Sentimentos e demais situações
vivenciadas pelos pesquisadores durante
um experimento são deixados de lado.
Latour, em “A Vida de Laboratório”,
pondera “há uma tendência a considerar
que um fato é aquilo que se inscreve
em um artigo. Assim, oculta-se a sua
construção e a história dessa construção“.
Após a identificação do primeiro caso
de Covid-19 em Manaus, ocorrida em
março de 2020, muitas experiências
foram acumuladas não só por quem
atuou nas unidades de saúde ou
buscando informações sobre o vírus
e seu comportamento, mas também
por quem esteve em outras frentes de
trabalho.
vividos por pessoas da comunidade
científica da Fiocruz Amazônia e de
outras instituições de pesquisa do
Amazonas. Confira relatos reais sobre os
fatos marcantes, os desafios enfrentados
e o aprendizado das experiências trazidas
pela pandemia.
Sérgio Luz
Diretor do ILMD/Fiocruz
Amazônia
Eu tinha ido para uma reunião na
Espanha. Lá presenciei um momento
ímpar, porque a Espanha foi o segundo
país onde a Covid-19 explodiu. O

primeiro foi a Itália. E eu estava,
justamente, na semana em que isso
aconteceu. Quando cheguei, Madrid
tinha 171 casos, passaram segunda, terça
e quarta-feira, e foram aumentando,
aumentando. As atividades da reunião
iam até sexta-feira, eu só retornaria
para casa no sábado. Mas, na quarta à
noite, foi anunciado que as atividades
iam parar. A Espanha pulara de 171 para
mais de 7 mil casos, isso em quatro dias.
No sábado, quando fui ao aeroporto
para retornar ao Brasil, já tinha (se eu
não me engano) 11 mil casos. Então, eu
estava justamente na semana em que
houve a primeira explosão dos casos
na Espanha. As áreas turísticas e outros
espaços, todos estavam vazios. Essa foi
uma impressão bem forte.
Já no aeroporto, chamaram-me
atenção as lojas praticamente
fechadas e havia uma intensa
movimentação de pessoas,
principalmente, na área internacional.
Eu estava bem, sem sentir nada.
Naqueles dias, ainda se tinha pouco
conhecimento sobre o que estava
realmente acontecendo. Avisei para a
minha família separar um quarto com
banheiro, pois ao chegar f icaria em
isolamento, como era preconizado.
Cheguei em casa, não abracei, não
beijei meus f ilhos, nem minha esposa,
nem ninguém. Fui para o quarto.
Troquei a roupa, desf iz a mala e limpei
tudo com álcool, botei minhas roupas
todas em saco plástico para lavar.
Tomei um banho, tomei um café e fui
deitar. No dia seguinte, falei com o
Naveca e pedi que fosse feito o exame.
O material foi coletado na minha casa.
Eu achava que ia f icar só uma semana
em isolamento. À noite, ele ligou
para dizer que eu estava altamente
GENTE COMO A GENTE REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 33
infectado e que era muito forte o
resultado. Fiquei muito surpreso e
preocupado.
Mantive o isolamento em casa. Em
seguida, foram feitos os exames nos
meus familiares e foi constatado que
todos estavam infectados, menos
a minha f ilha do meio. Isso foi um
impacto muito grande, porque em
todos os meus f ilhos os sintomas
eram bem leves, uma febre e um
pouquinho de enjoo durante 2 dias e
nada mais, mas a minha esposa teve
complicações, tive que levá-la algumas
vezes para o oxigênio, no hospital. Era
muito no início. Então, pouco se sabia e
pouco protocolo se tinha. Acredito que,
se fosse hoje, talvez ela tivesse f icado
internada, pelo protocolo atual.
Só fui f icar negativo depois do décimo
oitavo dia. Depois, tive que esperar toda
a família sair. Então, praticamente, na
minha casa desde que voltei de viagem,
todos f icamos isolados. Mas, paralelo a
isso, minha mãe estava com problemas
de saúde e morava no Rio de Janeiro.
Ela não podia sair, por ser idosa, e
precisava de atendimento médico
e acompanhamento. Eu não podia
viajar para ajudar minha mãe. Isso foi
muito impactante. Só depois de uma
semana em que toda minha família
estava negativa é que eu consegui
viajar, para acompanhar minha mãe
em todo seu tratamento. Minha mãe foi
internada, não teve Covid-19, ela tinha
câncer. Passou por algumas cirurgias,
por procedimentos de radioterapia,
começou a entrar na quimioterapia,
mas veio a óbito. Não foi por Covid-19,
mas todos esses acontecimentos
ocorreram durante a pandemia. Era
muito preocupante deslocar minha
mãe para o hospital, fazer internação,
34 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
GENTE COMO A GENTE
operar. As pessoas com outras doenças
estavam chegando nas últimas, diziam
aos médicos, porque não estavam
saindo de casa, por causa da Covid.
Além da pandemia, havia todo esse
cenário das outras doenças que não
estavam sendo tratadas. Ver isso no
Rio de Janeiro, no caldeirão onde a
pandemia estava quente, fervendo
nessas situações, foi muito complicado.
Tive uma grande perda.
Fernanda Oliveira
do Nascimento
Aluna de mestrado do Programa
Biologia da Interação Patógeno
Hospedeiro/2019 do ILMD/Fiocruz
Amazônia
Durante a pandemia, trabalhei
diretamente na coleta e processamento
de amostras de Covid-19. Tenho muito
forte a lembrança do momento em
que soube que o meu avô estava com
o diagnóstico positivo para Covid, pois
estava fazendo extração de RNA de
diversas amostras. Apenas segurei a
emoção, o medo e consegui f inalizar
o procedimento. Além dele, outras
duas pessoas foram positivas na minha
família. Todos esses meses nossa equipe
f icou mais tempo no laboratório do que
em casa, foram madrugadas, f inais de
semana, abdicamos muitas vezes até da
hora do almoço. No entanto, sou muito
grata por ter ajudado nesse momento
tão crítico, muito orgulho de fazer parte
de uma equipe compromissada não
somente com a pesquisa, mas também
em ajudar e contribuir com a saúde
pública do nosso estado.
Andrea Monteiro
Tarragô
Vice-coordenadora e
pesquisadora no Laboratório
de Genômica da Fundação
Hospitalar de Hematologia e
Hemoterapia do Amazonas
(FHEMOAM)
No dia 23 de março do corrente ano,
suspendemos todas as atividades de
rotina e pesquisa e passamos a trabalhar
em home off ice. Neste período,
decidimos cumprir o isolamento
social, até porque trabalho em uma
instituição que atende pacientes do
grupo de risco e inevitavelmente sabia
que em meio ao isolamento social, em
algum momento, eu teria que estar
no Hemoam para resolver situações
pontuais do laboratório ou da Pós-
Graduação. Contudo, meu pai, que era
cardiopata, foi acometido pela Covid-19
e precisei levá-lo ao hospital. Neste dia,
tudo aconteceu muito rápido, ele já
entrou pela emergência, pois já estava
saturando baixo e no mesmo dia ele se
internou e já foi para a UTI. Foi o dia em
que eu pude me despedir dele. Sabia
da gravidade da doença e que não seria
fácil para ele f icar em isolamento dentro
da UTI. Ele resistiu bravamente por 31
dias na UTI e se foi.... Foram 31 dias de
dor. As chamadas de vídeo aconteciam
na hora do almoço e todos os dias era
um momento triste e de muito choro.
Vê-lo e não poder estar com ele foi
algo muito duro... Dez dias depois da
internação dele eu fui diagnosticada
com Covid-19 e, ao mesmo tempo em
que eu tentava ser forte para suportar

a minha dor, precisei cuidar da minha
mãe, que também estava acometida
da mesma doença e ainda era do
grupo de risco, eu precisava me cuidar.
Meu marido, mãe e f ilha apresentaram
sintomas leves. Eu apresentei muitos
dos sintomas: dor no corpo, calaf rios/
sudorese, diarreia, falta de ar, perda
de olfato e paladar. E, em meio a
tudo isso, eu e o grupo de pesquisa
no qual estou inserida estávamos
elaborando projetos para submissão
de editais para podermos contribuir
com o enf rentamento da Covid-19 na
produção de Plasma Convalescente
e investigar fatores imunogenéticos
associados a pacientes acometidos
pela Covid-19. Outro momento muito
dif ícil foi o processo de recebimento do
corpo e sepultamento. Foi tudo muito
rápido e restrito. Recebemos a notícia
às 2h da manhã e às 11h do dia seguinte
ele já tinha sido sepultado. Somente eu,
minha irmã e minha mãe. Meu irmão
não pode acompanhar, pois somente
era permitido entrar 3 pessoas para
esse momento. Foi tudo tão rápido e
doloroso e muito perto do retorno das
minhas atividades presencias que não
sei se vivi o luto da perda.
André Ivan Lopes
de Oliveira
Chefe do Serviço de Adminis-
tração Geral do ILMD/Fiocruz
Amazônia
Nós da gestão, no serviço de
Administração Geral do Instituto
Leônidas & Maria Deane, estamos
GENTE COMO A GENTE REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 35
apoiando os laboratórios de pesquisa
para desempenhar a área f im da
Fiocruz Amazônia, para que possam
desenvolver o seu trabalho com
tranquilidade, tendo os materiais
para desempenhar a função. Durante
toda a quarentena, essa Instituição
enf rentou e continua enf rentando
o coronavírus, contribuindo para o
combate no Amazonas. Tenho uma
equipe combativa, aguerrida, colegas
que pegaram a Covid-19 e em nenhum
momento deixaram “a peteca cair”. A
equipe de 11 pessoas lutou bravamente.
No meio disso tudo, no dia 27 de maio,
perdi meu pai, vítima da Covid-19 e,
agora, 7 de agosto, eu perdi minha mãe,
vítima de diabetes e paralisia renal.
Somando-se a tudo isso, a pandemia
da Covid e o medo de ser infectado e
também de passar para minha f ilha,
minha esposa.
Procuramos tomar todos os cuidados,
usar a máscara, álcool em gel no bolso,
lavar as mãos direto, mas a gente tem
sempre o medo presente. Vivemos
hoje com uma tensão que às vezes
aumenta, mas temos que vencê-la
para continuar trabalhando. Hoje,
f icamos mais em casa, saímos menos,
só quando necessário mesmo, porque
a pandemia ainda está aí. Procuramos
nos proteger de todas as maneiras e
seguir as orientações possíveis para
que esse vírus não nos contamine. Por
exemplo, minha f ilha está voltando às
aulas, inclusive vai fazer provas, quer
dizer, o mundo continua funcionando
de uma maneira diferente. Por isso,
temos que continuar seguindo as
normas de segurança.
E nós, como trabalhadores da Fiocruz,
estamos na linha de f rente do combate
à pandemia e nos sentimos muito
36 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
GENTE COMO A GENTE
orgulhosos em contribuir com a
sociedade. Temos a expectativa de que a
vacina vai ser produzida na Fiocruz e vai
passar em todos os testes da fase 3 e a
gente vai conseguir vencer a pandemia.
A Fiocruz, como instituição que tem
120 anos, está ao lado da sociedade,
combatendo essa pandemia. E nós
fazemos parte dessa história.
Valdinete Nascimento
Doutoranda, faz parte da
equipe do Laboratório Ecologia
de Doenças Transmissíveis na
Amazônia (ETDA/ILMD Fiocruz
Amazônia)
Desde março do corrente ano, nossa
equipe tem trabalhado diretamente
com o diagnóstico da Covid-19 e em
projetos relacionados a esta doença
e seu agente etiológico. Foram
muitas madrugadas no ILMD/Fiocruz
Amazônia, sendo que algumas vezes
saímos só pela manhã.
Todas as vezes, quando chegava da
Fiocruz Amazônia, nem falava com
ninguém direito, queria logo tomar um
banho e me livrar da roupa com a qual
eu passava o dia fora. Sempre tive muito
medo de pegar a doença e passar para
alguém (Nossa, tinha pânico disso!). No
laboratório, sempre tomamos todos os
cuidados necessários e usamos todos os
Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs), mas sabemos que o risco existe.
Quando os casos começaram a
aumentar, deu um certo medo. Imagino
que todos passaram por isso. Quando
comecei a ver as primeiras pessoas
conhecidas com resultado positivo
f iquei bem abalada, pois não sabíamos
como aquela pessoa responderia à
doença. No entanto, eu mal imaginava
que o susto maior estava por vir. No
dia 07 de abril, lembro muito bem essa
data, eu estava ainda no ILMD quando
minha mãe me ligou e eu percebi a
voz dela estranha. Perguntei o que ela
estava sentindo e ela disse que estava
gripada. No dia seguinte, testamos a
amostra dela. Lembro que colocamos a
reação no f inal do dia e eu fui fazer outro
procedimento, mas não conseguia
parar de pensar no resultado dela.
Assim que acabei o outro procedimento,
fui ver o resultado do teste da minha
mãe e, para meu desespero, ela estava
positiva para Covid. Na hora eu não
conseguia acreditar, só conseguia
pensar em como minha mãe iria reagir
a essa doença, ela é asmática e isso
me preocupava muito. Chorei muito
no Laboratório e depois fui para casa
para conversar com ela e explicar as
coisas. Ela naturalmente tomou um
grande susto, mas eu tentei, na medida
do possível, deixá-la calma, mas só eu
sabia como eu estava me sentindo. Dois
dias depois, eu fui positiva para Covid
também, peguei da minha mãe. Foram
dias muito dif íceis, medo até de dormir
e o celular tocar de madrugada com
alguma notícia ruim. Graças a Deus
evoluímos bem e f icamos curadas.
Voltei para as atividades no Laboratório
no f inal de abril. No começo de maio,
meus avós apresentaram sintomas e eu
testei as amostras deles, ambos foram
positivos, esse foi outro grande susto.
Meu avô foi internado no Hospital
Delphina Aziz, chegou lá com mais de
50% do pulmão comprometido. Graças
a Deus ele teve alta e voltou com saúde
para casa, foi uma grande vitória.

O trabalho seguiu árduo, a cada
dia mais amostras chegavam e os
resultados positivos só aumentavam.
Dava um desespero quando eu via
o descaso de algumas pessoas que
achavam que era bobagem, que a
doença não era grave assim ou que
nem existia e nós no Laboratório só
vendo os números dispararem.
Nesse período todo, contribuímos
com o diagnóstico da Covid
atendendo a demanda dos serviços
de saúde, além disso, participamos
de projetos que estavam testando a
ef icácia de medicações e também já
obtivemos genomas completos do
Sars-CoV-2 de amostras de Manaus e
de outros municípios, o que contribui
para um aumento do conhecimento
sobre o vírus.
Apesar de tantas vezes ter saído de
madrugada do Laboratório e no outro
dia ter que estar lá de manhã, eu
confesso que faria tudo novamente.
Apesar de ser uma rotina desgastante,
é muito bom e gratif icante poder
ajudar com o conhecimento que tenho,
poder contribuir com a sociedade, em
especial, em um momento tão crítico
como esse por que estamos passando.
Tatiana Pires
Farmacêutica-Bioquímica,
mestre em Ciências da
Saúde, Pesquisadora da
Fundação Centro de Controle
de Oncologia do Estado do
Amazonas - FCecon e docente
e Coordenadora de Pesquisa
e Extensão da Faculdade
Estácio do Amazonas
GENTE COMO A GENTE REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 37
Esse período pelo qual passamos
é desaf iador demais, em todos os
sentidos. São aqueles momentos
que lemos nos livros de História e
Ciências e que achamos que jamais
passaríamos por algo similar, por
soarem tão distantes.
Há alguns meses, vimos que
essa distância é ilusória, sendo
bombardeados por um turbilhão de
sensações e sentimentos ímpares.
Falo isso como f ilha e mãe, como
cidadã e também como pesquisadora
que trabalha com os vírus. E estudá-
los, posso garantir, não é algo
simples e totalmente lógico como
muitos pensam. Por serem vírus, por
si só, já desaf iam muitas regras! É
um misto de sentimentos que me
rondam e manter a sanidade é dif ícil
vendo muitos colegas, em linha de
f rente e na retaguarda, indo a óbito
e famílias inteiras sucumbindo. Nós,
cientistas, estamos sendo desaf iados
diretamente. E não é um desaf io
prof issional apenas, é pessoal. O
fato de sermos pesquisadores e
seguirmos método e rigor científ ico
não anula o fato de sermos humanos.
Temos sentimentos como qualquer
pessoa e manter o equilíbrio talvez
seja um dos maiores desaf ios em
meio às responsabilidades que
nos cabem e às rotinas totalmente
alteradas por conta da Covid-19. Não
é fácil e a sensação de impotência às
vezes vem bastante forte.
Essa realidade toda me trouxe
lembranças das inúmeras conversas
e debates que eu e o meu orientador
Felipe (Naveca) já tecemos sobre
os vírus e o quanto intrigantes eles
são. E lá se vão 12 anos de conversa
e inúmeras pesquisas construídas
38 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
GENTE COMO A GENTE
em parceria, porém nunca numa
realidade como essa! Algo que
aprendi com ele e com minha gestora
Kátia (Torres) é que ciência não se faz
só e essa pandemia tem reaf irmado
o quanto trabalhar em equipe é um
ponto crucial.
Um bom exemplo é o trabalho que
desenvolvemos, junto a outros
grandes colegas pesquisadores,
na Rede Genômica em Saúde do
Amazonas (Regesam), com apoio da
Fapeam. A equipe vem dedicando
grandes esforços, agora voltados
integralmente aos desaf ios impostos
pela pandemia da Covid-19, em
especial na nossa região.
M a s , e m m e i o a t u d o i s s o, o re c e i o
d e n o s i n f e c t a r m o s é c o n s t a n te . A s
i n s e g u r a n ç a s ex i s te m e o m e d o d e
p e rd e r m o s q u e m a m a m o s a c a b a
se to r n a n d o rea l i d a d e . Fe l i p e
p e rd e u o p a i , a s s i m c o m o o u t ro s
p e s q u i s a d o re s d a e q u i p e , a m ã e d e
uma querida amiga pesquisadora
n ã o re s i s t i u à d o e n ç a e , h á a l g u m a s
s e m a n a s , a Cov i d l evo u m i n h a
a vó, l á e m F l o r i a n ó p o l i s . O m e s m o
o b j e to d e n o s s a s p e s q u i s a s n o s
l evo u p e s s o a s q u e r i d a s e t a n t a s
o u t r a s m a i s . . . . E a í q u e fa l o d a
dif iculdade de equilibrarmos as
e m o ç õ e s , a s d o re s , o c o m p ro m i s s o
e o amor pela pesquisa.
A Tatiana, pessoa e pesquisadora, é
uma só e o conflito interno ainda é
grande, mas o meu compromisso e
a paixão pelo que faço são maiores.
Entendo que a vida e a ciência são
desaf ios magníf icos e que, portanto,
é necessário que continuemos nos
dedicando de todo coração para
encontrarmos as respostas corretas
e formularmos novas perguntas,
visando soluções efetivas para o
bem-estar geral. Nenhum de nós é
mais o que era ontem. E, talvez, seja
exatamente desse fato que devamos
tirar forças para continuar nossa
missão: por todos que já se foram,
por nossa família e por vocês.
Michella Lima
Lasmar
Professora Adjunta da UEA
e Head de Mobilização de
Ecossistema do Projeto Ocean
Startups do Samsung Ocean
Center Manaus.
Nós, pesquisadores e professores,
ligados à área acadêmica e de
pesquisa, temos uma rotina muito
intensa. E é um trabalho diferente
talvez de alguns trabalhos, que você
vai lá, vende alguma coisa ou está com
funções específ icas numa empresa,
porque você executa, sai da empresa
e acabou. Nós, que estamos na área
acadêmica de pesquisas e de aulas,
estamos o tempo todo pensando,
temos uma rotina intensa que parece
não ter f im. Não conseguimos, às
vezes, deitar e não pensar na nossa
pesquisa, ideias... Enf im, são muitas
questões relacionadas a isso.
Quando veio a pandemia, nossa
rotina muda completamente, então
foi uma semana em choque, todos
em casa, família toda em casa,
f ilhos, marido... Ninguém sabe
exatamente como vai ser e os alunos
questionando, querendo saber como
ia f icar, não sabíamos quanto tempo

isso tudo ia durar. As previsões meio
sombrias. Quando fomos perceber
que as coisas foram f icando mais
sérias, estávamos num momento em
que eu, por exemplo, estava dando
aulas e orientando alunos e tudo
isso interferiu em nossas pesquisas.
Quando se trabalha com coleta de
material, que não está associada
à Covid, então todas essas coletas,
tanto de informação quanto de
material biológico, são suspensas,
então isso interfere e impacta nos
nossos cronogramas, na prestação
de contas relacionadas a fomentos
e tudo mais. Foi um impacto grande
para todos.
Em meio a esse processo, eu estava
em casa muito isolada, saía de casa
só para comprar comida para 15 dias.
Meu pai adoeceu, ele tinha problema
com alcoolismo e tabagismo
muito intenso e desenvolveu uma
grangrena no pé e precisou ser
hospitalizado, recebemos a notícia
de que ele ia precisar amputar a
perna e fomos para o Hospital João
Lucio e lá foi o momento mais dif ícil
disso tudo.
O hospital estava em clima de guerra.
No dia em que eu entrei com o meu
pai no Hospital, ele f icou em cadeira
de rodas por horas esperando
atendimento lá dentro, para receber
guias para fazer os exames. Lembro
que passei cinco horas em pé ao
lado dele, porque não tinha onde
sentar, pois o hospital estava cheio
com corpos... Víamos corpos no
corredor, corpos na sala rosa. Então,
estar muito perto dessa realidade
impactou demais a nossa vida.
E aí você começa observar que a
falta de estrutura do serviço da rede
GENTE COMO A GENTE REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 39
pública é algo muito triste e não se
entende, porque sabemos que tem
muito recurso. Começamos ver a
corrupção nas paredes do hospital,
nos equipamentos quebrados,
começamos a olhar a corrupção em
tudo isso.
Além disso, na equipe médica, havia
muita gente doente e afastada, o que
estava sobrecarregando a equipe
atual. Então você via, por exemplo,
uma técnica de enfermagem para
atender 50, 60 pessoas no mesmo
ambulatório, então foi muito dif ícil.
Nesse momento, f iquei praticamente
duas semanas imersa nesse problema
ainda no hospital com receio de
pegar Covid, pois tenho f ilhas em
casa, foi muito tenso. Então, veio o
falecimento do meu pai.
Você começa a refletir nas prioridades
da sua vida. O tempo que você
dedica para o trabalho, por mais que
seja para o bem da humanidade, da
sociedade, somos pessoas, temos
família. E aí foi quando virou a minha
chave para a necessidade que eu
tenho de organizar meu tempo,
quando preciso estruturar minha
vida para o que é mais importante,
priorizar minha família, destinar o
tempo adequado para pesquisa e
para o trabalho.
Então, não podemos parar.
Realmente, logo após meu pai
falecer, três dias depois, retomei as
atividades, eu estava trabalhando
em home off ice, retomamos as
atividades de assessorar os alunos nas
escritas dos seus materiais, enf im, e
também como ser humano, apoiando
outras pessoas. Conheço várias
pessoas que perderam maridos, pais,
avós, amigos, que perderam pessoas,
40 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
GENTE COMO A GENTE
alunos que perderam pessoas.
Momento dif ícil que fez com que
hoje eu tenha uma espiritualidade
maior. Depois desse processo todo,
aproximei-me mais de Deus. Percebi
que o saldo disso tudo, apesar de
ter perdido meu pai, foi um saldo
positivo, porque a gente reflete
sobre as coisas importantes da vida,
a gente olha o mundo de outro jeito,
olha para as pessoas que a gente ama
de outra forma e a gente precisa,
mesmo amando a prof issão, mesmo
como educador e pesquisador,
equilibrar a vida prof issional com a
Michele Silva
de Jesus
Tecnologista em Saúde
Pública atuante no Núcleo
de Apoio Técnico à Pesquisa-
NUTP/Fiocruz Amazônia
Nos primeiros dias, quando
começaram os vários noticiários
sobre a situação da China, achava
que essa “Pandemia” não iria
chegar ao Brasil. Mas rapidamente
vi a minha vida e minha rotina diária
mudarem num instante. Tive que
aprender e ensinar que medidas
de prevenção e higienização, como
um simples ato de lavar as mãos
com água e sabão, utilização de
álcool e o uso de máscara, salvariam
muitas vidas. Como farmacêutica-
bioquímica, prof issional de saúde,
f iz um juramento e tinha que
cumprir a missão que me foi dada,
de f icar, praticamente, na linha de
f re n te n a s c o l e t a s d e a m o s t r a s . Fi z
m a i s d e 2 0 0 c o l e t a s e p u d e ve r a
f ragilidade das pessoas, o medo
e m c a d a o l h a r, c h o ro e t r i s te z a q u e
e s s e v í r u s d e s p e r to u e , p o r i s s o,
d ev i d o à m i n h a p a r a m e n t a ç ã o
d e p ro te ç ã o i n d i v i d u a l , n ã o p u d e
mostrar o meu sorriso naquele
m o m e n to, m a s , m e s m o a s s i m ,
vá r i a s ve z e s t i ve q u e c o n f o r t a r e
acalmar pessoas desesperadas,
c o m p a l av r a s d e e s p e r a n ç a e
d e m o n s t r a ç õ e s d e c a r i n h o.
E, diante de toda aquela situação,
meus pensamentos também
estavam concentrados na minha
família, sou mãe, casada e tenho
pais idosos. Como não pensar
neles? Tive que me preparar para
um isolamento, f iquei um mês
sem ver a minha f ilha, os meus
pais e sem poder abraçá-los, dessa
forma, garantiria a segurança e
proteção dos meus familiares. Não
conseguia entender o porquê de
ver tantas pessoas não levando
a sério a pandemia e eu estava lá
arriscando a minha vida, da minha
família e tentando me colocar no
lugar do outro, tudo isso por falta
de bom senso das pessoas e como
um simples ato de lavar as mãos
não tinha tanta impor tância para
alguns. Hoje, aprendi a sorrir com
olhos e enxergar de forma diferente
a nossa realidade, com muito mais
zelo e amor ao próximo. E, se
perguntassem se eu faria tudo de
novo, a resposta seria “sim”, apesar
de ter passado por várias situações
tristes e muitas vezes perder o chão,
faria tudo de novo.

COVID-19
NA TRÍPLICE
FRONTEIRA
Rede científica monitora e divulga dados sobre pandemia
na região transfronteiriça entre Brasil, Colômbia e Peru.
Covid-19 in the tri-border area
Scientific network monitors and
disseminates data on the pandemic
in the cross-border region between
Brazil, Colombia and Peru.
POR FOTOS
Cristiane Barbosa Eduardo Gomes
Os olhares da ciência estão voltados
para o enf rentamento do novo
coronavírus na complexa região
da tríplice f ronteira entre Brasil,
Colômbia e Peru. Diante da urgência
de respostas para os cuidados com
as populações dessa região, a Rede
Transf ronteiriça Covid-19 entrou em
ação para contribuir com ferramentas
e informações técnicas, científ icas e
acadêmicas, úteis para agilizar o fluxo
de informação aos povos indígenas.
Paralelamente às suas atividades,
a Rede lançou o Repositório Digital
Epidemiológico Transf ronteiriço,
disponível no portal da Fiocruz
Amazônia (acesse pelo QR CODE).
A ideia da Rede é também agilizar a
tomada de decisões dos diferentes
atores e da sociedade civil, nos
diferentes níveis de organização,
PARCERIAS REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 41
Covid-19 en la triple frontera
O Repositório
Red científica monitora y divulga Epidemiológico
Transfronteiriço pode
datos sobre la pandemia en ser acessado no link
disponível no QR CODE:
la región transfronteriza entre
Brasil, Colombia y Perú.
para o enf rentamento da doença nos
seus territórios, visando melhorar
as condições de vida e saúde das
populações amazônicas.
Um dos coordenadores da Rede
e pesquisador do Laboratório de
Ecologia de Doenças Transmissíveis na
Amazônia (EDTA/Fiocruz Amazônia),
José Joaquín Carvajal, explicou que
o objetivo é avaliar e compreender a
situação epidemiológica da Covid-19
na região amazônica transf ronteiriça.
“Isso é possível a partir de análises das
situações de vulnerabilidade, o risco
de espalhamento e sua interação com
os diferentes cenários e contextos
dos nossos povos indígenas e das
comunidades rurais que habitam a
região amazônica”, destacou ele.
Além da Fiocruz Amazônia, José
Joaquín informou que organizações
42 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
PARCERIAS
Além da Fiocruz Amazônia, José
Joaquín informou que organizações
indígenas, instituições e grupos de
pesquisas sediados na tríplice f ronteira
integram esta iniciativa. Dentre eles, o
Instituto de Pesquisa Amazônica Imani
da Universidade Nacional da Colômbia,
Sede Amazônia (Unal), que foca suas
pesquisas nas dinâmicas f ronteiriças e
transf ronteiriças, particularmente na
região amazônica. Isso envolve desde
a memória e história da f ronteira,
suas identidades, espacialidades e
sociabilidades, também os processos
de conf iguração, transformação e
articulação dos Estados Nacionais
e das comunidades f ronteiriças por
meio de políticas públicas e relações
internacionais e, f inalmente, a suas identidades, espacialidades e
dinâmica econômica e os recursos
naturais das regiões transf ronteiriças.
“A perspectiva é de nos posicionar
como Rede de Pesquisadores e
prof issionais da saúde da Amazônia
Legal, de relevância acadêmica e
científ ica com representação nos
países amazônicos”, revelou.
O Núcleo de Estudos Socioambientais
da Amazônia (Nesam), grupo de
pesquisa da Universidade do Estado
FOTO:
do Amazonas (UEA) e Universidade
Federal do Amazonas (Ufam), também
agrega em suas ações um conjunto de
investigações e reflexões em torno das
questões sobre como se conf iguram
as dinâmicas socioambientais na faixa
de f ronteira do Alto Solimões, Estado
do Amazonas.
Segundo José Joaquin, o Nesam
tem mantido acordo de cooperação
internacional entre as universidades
brasileiras e a Unal e, especialmente,
por meio do seu Grupo de Estudos
Transf ronteiriços – GET/Unal, vem
desenvolvendo estudos sob uma
perspectiva interdisciplinar por meio
da investigação sobre memória
e história dos povos da f ronteira,
sociabilidades, assim como sobre as
questões que envolvem o Estado,
as políticas públicas e as relações
internacionais em contextos
transf ronteiriços.
“Já a Alianzas Estratégicas para la
Salud y el Desarrollo Social (www.
sinergiasong.org) é uma ONG
colombiana com o objetivo de
promover uma visão holística da
Saúde e o desenvolvimento, por meio

do fortalecimento das capacidades,
conhecimentos e experiências locais
com uma forte ênfase diferencial de
gênero”, detalhou o pesquisador.
Segundo o pesquisador do Núcleo de
Estudos Socioambientais da Amazônia
(Nesam/UEA) e um dos coordenadores
da Rede, Pedro Henrique Rapozo,
a iniciativa é resultado de uma
articulação interinstitucional e resulta
da necessidade de monitorar e analisar
os dados of iciais e não-of iciais sobre
a crise de espalhamento da Covid-19,
sobretudo a partir de um olhar
interdisciplinar e socioambiental.
“Considerar a realidade sócio-
territorial local, marcada dentro do
cenário transf ronteiriço por uma
série de territórios indígenas, por
uma particularidade do ponto de
vista político, cultural e ambiental, foi
o que nos levou à construção da Rede
Transf ronteiriça de monitoramento
da Covid-19”, detalhou ele. “Nesse
contexto, as reuniões estabelecidas e
a proposta da criação de um boletim
permitiram que pudéssemos criar, a
partir de um corpo de pesquisadores
de instituições interessadas nesse
processo de análise, Grupos de
Trabalho que permitem um olhar
estratif icado sobre informações
acerca da realidade da pandemia
no contexto regional”, informou.
Assim, Pedro Rapozo entende que
essa iniciativa vai contribuir para a
construção de cenários de políticas
públicas para a saúde, no contexto da
saúde indígena, na região da tríplice
f ronteira.
Já o doutorando em Antropologia So-
cial e pesquisador do Nesam/Ufam,
Rodrigo Reis, que também faz parte
da coordenação da Rede, informou
PARCERIAS REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 43
que a iniciativa é de suma importân-
cia para a sociedade que vive na zona
de f ronteira entre Brasil, Colômbia e
Peru. Por ser resultado da articulação
de diversos pesquisadores, educado-
res e lideranças indígenas de ins-
tituições e organizações diferentes
dos três países, ela é expressão do
compromisso com a vida das popu-
lações e uma resposta à necessária
harmonização de políticas públicas
de enf rentamento à pandemia.
“O conhecimento de qualidade
sobre as condições sociais, culturais,
geográf icas, inf raestruturais e
epidemiológicas desta região é
fundamental para o desenvolvimento
de políticas adequadas a serem
adotadas nos três países”, disse ele,
ressaltando que um conhecimento
como este deve ser f ruto de
pesquisas científ icas, sérias e
comprometidas, e do estreito diálogo
com as organizações da sociedade
civil, especialmente daquelas que
representam os povos indígenas.
É uma iniciativa colaborativa
entre organizações indígenas,
instituições e pesquisadores
da saúde para enfrentamento
do novo coronavírus
(SARS-CoV-2), na região
da tríplice fronteira entre
Brasil, Colômbia e Peru.
José Joaquín Carvajal, Coordenador pelo ILMD/Fiocruz
Amazônia da Rede Transfronteiriça COVID-19 e do
Repositório Epidemiológico Transfronteiriço
44 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
PARCERIAS

INOVAÇÃO: REPOSITÓRIO
DE EPIDEMIOLOGIA

O Repositório Epidemiológico
surgiu em razão de uma demanda
da Rede Transf ronteiriça Covid-19.
“É uma iniciativa colaborativa
entre instituições e prof issionais
da saúde para enf rentamento do
novo coronavírus (SARS -CoV-2), na
região da tríplice f ronteira entre
Brasil, Colômbia e Peru”, explicou
José Joaquín.
O Repositório apresenta à sociedade
os documentos produzidos e as
ações de prevenção e inter venção
para o enf rentamento da doença
em populações indígenas e
comunidades rurais entre Brasil,
Colômbia e Peru, no intuito de
melhorar as condições de vida e
saúde das populações amazônicas.
“Os resultados das investigações local, dentro de uma perspectiva
e diálogos promovidos pela Rede transnacional”, destacou. O
devem ser públicos e transparentes. Repositório, dentro dessa perspectiva,
Neste sentido, o Repositório Virtual permite organizar as informações
cumprirá este papel da difusão dos produzidas com qualidade de
boletins, notas técnicas, relatórios pesquisadores internacionais com
técnico-científ icos e outros produtos parcerias interinstitucionais.
do monitoramento sobre a Covid-19 A Comissão de Validação do Repositório
na região”, apontou Reis. Epidemiológico Transfronteiriço tam-
Na visão do pesquisador Rapozo, bém é constituída por pesquisadores da
o Repositório é mais um espaço Fiocruz Amazônia, do Laboratório EDTA,
de organização e exposição de e, além de José Joaquín, tem como
informações atualizadas como membros as cientistas Claudia María
instrumento de popularização Velásquez e Alessandra Nava. Os inte-
da ciência e que está sendo ressados em publicar neste repositório
disponibilizado no ambiente virtual podem entrar em contato com seus
na página da Fiocruz Amazônia. membros ou enviar e-mail para
“Estamos dando retorno ao nosso jose.car vajal@f iocruz.br.
compromisso público de fazer
ciência, de produzir informação que
possa contribuir de alguma forma
para modif icação da realidade
 PARCERIAS REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 45

A REDE CONTA COM QUATRO GRUPOS DE TRABALHO, A SABER:

GT GEOGRAFIA DA SAÚDE GT EPIDEMIOLOGIA

Objetivo: Analisar os dados, desde a geograf ia
da saúde, com o olhar das f ronteiras
internacionais, visando gerar informações
que visibilizem as problemáticas e os
desaf ios f rente à Covid-19, bem como auxiliar
na construção de mapas temáticos sobre
o cenário epidemiológico da doença.
Objetivo: Auxiliar na construção de perf is e
indicadores epidemiológicos da população
indígena e as comunidades rurais, bem como
das possíveis associações entre os diferentes
indicadores para estimação do risco de
transmissão e espalhamento da Covid-19.

GT POLÍTICAS, GOVERNANÇA, GT ADMINISTRAÇÃO DE DADOS E

DETERMINANTES E CONDICIONANTES
SOCIAIS, AMBIENTAIS E CULTURAIS
Objetivo: Auxiliar na construção de
informações e documentos que articulem
dados demográf icos, políticos, sociais,
étnicos e culturais, bem como análises de
situações de vulnerabilidade dos povos
indígenas da região de f ronteira.
INFORMAÇÕES (GT TRANSVERSAL)
AMBIENTAIS E CULTURAIS
Objetivo: Auxiliar na administração das
informações, mineração e harmonização
de dados, estratégias de comunicação,
visibilização e divulgação dos produtos,
bem como as análises dos rumores
epidemiológicos e não epidemiológicos.

ILMD/Fiocruz Amazônia (Brasil)

IOC/Fiocruz Rio de Janeiro (Brasil)
Núcleo de Estudos Socioambientais da Amazônia – NESAM/UFAM-UEA (Brasil)
Universidade Federal do Amazonas – UFAM (Brasil)
INSTITUIÇÕES Universidade do Estado de Amazonas – UEA (Brasil)
PARCEIRAS Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (Brasil)
DA REDE Pontif icia Universidad Católica del Perú (Peru)
A iniciativa conta com Institut de Recherche pour le Développement – IRD (França)
30 pesquisadores de 12 Observatorio Transf ronteiriço – LMI Sentinela (Cooperação Brasil - França)
diferentes instituições Universidad Nacional de Colombia/Sede Amazonia – UNAL (Colômbia)
que participam: Alianzas Estratégicas para la Salud y el Desarrollo Social - Sinergias (Colômbia)
Grupo de Estudios Transf ronterizos - GET/UNAL (Colômbia)
Asociación Tejiendo Amazonas – TEJAMA (Colômbia)
Organización Nacional Indígena de Colombia – ONIC (Colômbia)
46 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
SUA LEITURA

PANDEMIAS: A HISTÓRIA DA HUMANIDADE

CONTADA PELOS VÍRUS
Malária, sífilis, tuberculose, ebola, gripe, AIDS, sarampo e outros males que atacam
a humanidade revelam muito mais da nossa história do que imaginamos. Os
passos do homem ao longo das épocas, pelos continentes, o início da utilização
de vestimentas, a convivência com diversos animais, o encontro com outros seres
humanos: tudo isso pode ser desvendado agora com o estudo microscópico de
vírus, bactérias e parasitas que cruzaram – e cruzam – o nosso caminho. Esses
pequenos seres têm sido protagonistas e narradores, não meros coadjuvantes, do
processo histórico. Por meio do DNA dos microrganismos, podemos saber quando
e como as epidemias atuais se iniciaram e de que forma elas condicionaram a
existência humana, dizimando populações, estimulando conflitos, infectando
combatentes, promovendo êxodos, propiciando miscigenação, fortalecendo ou
enfraquecendo povos. Este livro, escrito por um brilhante médico infectologista
brasileiro, em estilo agradável e de fácil leitura, traz a genética definitivamente
para a área das ciências do homem.
Disponível na
Biblioteca do ILMD/ Autor: Stefan Cunha Ujvari Ano: 2008
Fiocruz Amazônia
para consulta e Editora: Contexto 206 páginas
empréstimo e
também online

PANDEMIAS: A HUMANIDADE EM RISCO

Este livro de Stefan Ujvari, homem de ciência reconhecido, médico infectologista

e também autor de “A história da humanidade contada pelos vírus”, até parece
ficção científica, de tão bem contado e assustador que é. Contudo, é terrivelmente
real. O livro mostra que os cientistas temem que a humanidade seja vítima de
uma pandemia capaz de matar dezenas e até centenas de milhões de pessoas no
mundo todo. Para que isto aconteça, basta que apareça uma doença que combine
enorme capacidade de contaminação (de preferência antes de os sintomas
aparecerem) com poder para matar grande número de pacientes infectados. A
grande concentração urbana que caracteriza a humanidade em nossa época (ao
contrário do que aconteceu na época das grandes febres do começo do século XX)
facilita a propagação. As viagens aéreas ganharam enorme incremento, fazendo
com que vírus e bactérias atravessem oceanos com rapidez. Além disso, nossas
cidades propiciam grandes aglomerações como jogos e shows para dezenas
de milhares. Dispomos de sistemas coletivos de transporte, como metrô, trens
Disponível na
Biblioteca do ILMD/ urbanos e ônibus, em que milhões se acotovelam e respiram o mesmo ar. De resto,
Fiocruz Amazônia
para consulta e
mesmo situações de trabalho em fábricas e escritórios, além de escolas, fazem
empréstimo e com que o potencial de transmissão por vírus ou bactérias seja explosivo. A obra
também online
já mostrava, na época em que foi escrita, o que aconteceu conosco, em razão do
novo coronavírus, em 2020. Na opinião do médico Drauzio Varella, a obra é tão
bem contada que parece ficção científica, “num estilo que combina a precisão
científica do infectologista competente com a do contador de histórias que volta
e meia mergulha no passado em busca de acontecimentos que sirvam de lição
para o futuro”.

Autor: Stefan Cunha Ujvari Ano: 2011

Editora: Contexto 216 páginas
 PROVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 47

ESTUDO MONITORA
PROTEÍNAS DE
PACIENTES COM
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Uso da proteômica* em conjunto com o software DiagnoProt pode
* Consiste na diagnosticar casos mais graves da Covid-19, ainda em estágio precoce.
análise global
e em larga
escala dos
Proteomas, que
são o conjunto Study uses artificial intelligence to Estudio monitora proteínas de
de proteínas e
suas isoformas monitor proteins of patients pacientes con inteligencia artificial
expressas em
uma amostra
Use of proteomics in conjunction Uso de proteómica en conjunto
biológica, ou with the DiagnoProt software can con el software DiagnoProt puede
seja, em um
organismo, diagnose more severe cases of diagnosticar casos más graves de la
tecido, biofluido
ou célula. Covid-19, still at an early stage. Covid-19, aún en estadio prematuro.

POR FOTOS

Cristiane Barbosa Érico Xavier

A classificação de pacientes infectados Saúde (DMAIS/ILMD/Fiocruz Amazônia),

com o Coronavírus que evoluem a
óbito é alvo de uma pesquisa científica
coordenada pelo ILMD/Fiocruz Amazônia
em parceria com outras instituições.
A caracterização ocorrerá mediante a
proposta de um painel de proteínas**
** Grupo de
e deve resultar em benefício efetivo à
proteínas, o qual população amazonense. Isso porque,
pode ser duas ou
mais proteínas, uma vez estabelecido esse painel, os
que atuam em
conjunto para profissionais de saúde podem monitorar,
a característica
molecular
por testes rápidos (como por exemplo de
diferencial de anticorpos***), um determinado grupo de
determinado
grupo de pacientes que possam evoluir para um
pacientes
analisados. quadro clínico mais preocupante.
Coordenado pela pesquisadora, Priscila
Aquino, doutora em Bioquímica, atuante
no Laboratório Diversidade Microbiana
da Amazônia com Importância para a
o estudo denominado Provid-19 tem a
expectativa de fornecer informações que
resultem em um melhor monitoramento
dos indivíduos acometidos por esta
doença. “A proposta desse painel de
proteínas para o prognóstico**** vai
auxiliar diretamente os profissionais que **** Avaliação
estão atuando nessa pandemia, quanto baseada no
diagnóstico, no
à vigilância de determinado grupo de resultado ou na
indicação de
pacientes”, explicou. uma possível
doença:
Desse modo, o estudo contribui com o prognóstico
sistema de saúde do País e do Estado favorável.
do Amazonas. Adicionalmente, almeja-
se que tais dados resultem também
na formação de recursos humanos
para desenvolver novos projetos nessa
temática na região Norte, em especial
no Amazonas.

*** Moléculas específ icas como proteínas que atuam

na defesa do organismo contra bactérias, fungos, vírus,
entre outros..
48 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
PROVID-19
Priscila explicou que o Painel permitirá
o aumento das informações e, por
consequência, a compreensão
molecular sobre aspectos bioquímicos
da infecção pelo vírus SARS-CoV-2. “Tal
estudo também pode complementar
dados de outros pesquisadores que
estão investigando sobre esta doença,
inclusive no Amazonas, como por
exemplo, o estudo CloroCovid-19, com
relação à possível diferença do perfil
de proteínas em pacientes tratados
com cloroquina que evoluem ou não ao
óbito”, adiantou ela.
A pesquisadora detalhou ainda que, para
o projeto, será aplicada uma metodologia
inovadora para convergir a um Painel
de proteínas correlacionadas à evolução
clínica de pacientes infectados com
Covid-19. Para isso, após obtido o perfil
de proteínas***** resultante de secreções
nasais ou do sangue de pacientes
positivos para Covid-19, será empregado
o software DiagnoProt para a predição
de pacientes com diferentes desfechos
clínicos. “Espera-se que os resultados
gerados permitam a elaboração de
kits que diferenciam, ainda em estágio
precoce, aqueles que possam evoluir
para uma condição clínica mais grave,
orientando a conduta no SUS”, frisou.
***** Técnica analítica em que moléculas de uma amostra
são convertidas em íons em fase gasosa e separados no
espectrômetro de massas (equipamento de laboratório) de
acordo com sua razão massa (m) sobre a carga (z), m/z.
FINANCIAMENTO
Uma importante conquista para o
andamento do projeto foi a aprovação
de recursos do Governo do Estado
do Amazonas por meio da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas (Fapeam), via Edital do
Programa C,T& I em Emergências de
Saúde Pública no Amazonas (Covid-19),
além do Edital Inova Covid-19 – Geração
de conhecimento da Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz). Serão investidos R$ 265
mil pela Fapeam e R$ 181 mil pela Fiocruz,
entre auxílio para o desenvolvimento das
pesquisas e bolsas.
Segundo a coordenadora, os
investimentos são fundamentais para
a execução do projeto e a expectativa é
de que venham a contribuir de forma
positiva para a ciência e tecnologia do
Estado do Amazonas. “Isso representa
uma oportunidade de contribuir com
o conhecimento agregado que nosso
grupo de pesquisa possui no estudo do
perfil de proteínas e com ferramentas
de proteômica computacional para a
propositura de novas tecnologias para
estudos referentes ao Covid”, frisou.
Segundo ela, esses recursos servirão
também para subsidiar tanto as etapas

da parte clínica como as experimentais e
computacionais envolvidas.
Como cientista, Priscila destacou, em
entrevista à Fiocruz Amazônia Revista,
que esta é uma oportunidade única.
“Usar da ciência e da tecnologia para
tentar ajudar de alguma maneira a
superar esse momento é algo muito
engrandecedor para a figura do cientista,
visto que podemos nos utilizar das
nossas especialidades e habilidades para
contribuir da melhor forma e mais rápida
possível”, relatou.
Espera-se que os resultados
gerados permitam a elaboração
de kits que diferenciam, ainda
em estágio precoce, aqueles
que possam evoluir para uma
condição clínica mais grave,
orientando a conduta no SUS.
Priscila Aquino, pesquisadora do
Laboratório DMAIS/ILMD Fiocruz
Amazônia
Outro pesquisador empenhado no projeto
é o líder do Laboratório de Proteômica
Estrutural e Computacional da Fiocruz
Paraná, Paulo Costa Carvalho, doutor em
Engenharia de Sistemas em Computação
e pesquisador do Instituto Carlos Chagas,
da Fiocruz Paraná.
Carvalho explicou que a atual pandemia
motivou a avaliar e adaptar o software
DiagnoProt para amostras com Covid-19.
“Nossos resultados preliminares foram
certeiros”, revelou.
De acordo com o pesquisador, um dos
objetivos gerais da linha de pesquisa
é identificar proteínas relacionadas
com doenças ou oriundas dos agentes
causadores. Para isso, foram analisadas
PROVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 49
amostras por espectrometria de massas.
O pesquisador esclareceu que o
DiagnoProt consiste em uma metodologia
de geração de dados combinada a uma
abordagem computacional, que faz
uso de inteligência artificial******, para
analisar os dados de espectrais. Um dos ****** É um ramo
diferenciais está na dispensa da etapa de pesquisa
da ciência da
de sequenciamento. “A motivação do computação que
busca, por meio
desenvolvimento do DiagnoProt surgiu de símbolos
para diagnosticar bactérias resistentes computacionais,
construir
a antibióticos, assim antecipamos que mecanismos e/
ou dispositivos
estas poderão representar um risco em que simulem a
capacidade do
um futuro próximo”, detalhou. ser humano de
Na visão de Paulo, a metodologia pensar e resolver
problemas.
poderá auxiliar no monitoramento de
variantes e se estas possuem alguma
correlação com o prognóstico, visto que é
considerada inovadora. “Esta é a primeira
vez que estamos testando neste cenário
desafiador. O aperfeiçoamento de
metodologias como esta poderá permitir
ações mais rápidas de combate e tomada
de decisões em futuros desafios da saúde
pública”, destacou ele.
O projeto contará com a participação de
profissionais de apoio técnico, estudantes
de iniciação científica, de doutorado e
pós-doutorado, para a caracterização
do perfil de proteínas. Já para o
50 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
PROVID-19
desenvolvimento do software, o projeto
conta com o trabalho de três doutorandos
com dedicação exclusiva a este projeto:
Marlon Dias Mariano dos Santos, André
Silva e Leandro César Monteiro (Fiocruz
Paraná), além das contribuições dos
pesquisadores Valmir Barbosa (COPPE/
UFRJ) e Diogo Borges (CeMM- Áustria).
O aperfeiçoamento de
metodologias como esta
poderá permitir ações mais
rápidas de combate e tomada
de decisões em futuros
desafios da saúde pública.
Paulo Carvalho, pesquisador e líder
do laboratório LPEC/ICC
Refletindo sobre seu papel de cientista,
Carvalho afirmou que pesquisadores de
todo o mundo estão unidos pelo mesmo
propósito de combater esse inimigo invisível
que assola a todos nós. “Estar inserido em
uma das mais importantes instituições de
pesquisa em saúde pública do mundo,
no momento em que uma pandemia é
declarada pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), representa um enorme
desafio, responsabilidade e, sobretudo,
compromisso com a ciência”, declarou.
FUNCIONAMENTO SERÁ
EM TRÊS ETAPAS
Este projeto irá funcionar em três etapas:
a seleção de pacientes, análise do perfil
proteico e a análise de dados, que serão
subdivididas em proteômica diferencial
e uso de inteligência artificial para
classificação dos pacientes. O projeto tem
previsão de 24 meses para execução e, na
ocasião do fechamento desta edição da
Fiocruz Amazônia Revista, a equipe está
em fase de seleção de pacientes, o que
deve durar algo em torno de três meses.
SOBRE A EQUIPE
DO PROJETO
A equipe do projeto é multidisciplinar,
formada por pesquisadores e estudan-
tes de pós-graduação que atuam em
diferentes áreas científ icas como pro-
teômica, bioinformática, cromatograf ia
líquida, espectrometria de massas, bio-
química, biologia molecular, pesquisa
clínica, inferência estatística, epidemio-
logia molecular, vigilância genômica, ar-
bovírus e síndromes respiratórias graves.
E ainda contará com o apoio de quatro
outras instituições para sua execução,
além do Instituto Leônidas & Maria De-
ane (ILMD/Fiocruz Amazônia), como a
Fundação de Medicina Tropical Doutor
Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Ins-
tituto Carlos Chagas (ICC), Instituto Al-
berto Luiz Coimbra de Pós-Graduação
e Pesquisa de Engenharia, da Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/
UFRJ) e Research Center for Molecular
Medicine (CeMM - Viena, Áustria).
Além disso, o grupo está integrado na
coalisão internacional de espectrometria
de massas aplicado ao Covid-19 (http://
covid19-msc.org/members/), onde os
dados produzidos pela pesquisa serão
conf rontados também com dados
internacionais e tal iniciativa é composta
por mais de 220 pesquisadores de mais
de 18 países ao redor do mundo.

FIOCRUZ AMAZÔNIA
A SERVIÇO DA
SAÚDE DOS
AMAZÔNIDAS
Instituição atua em diversas frentes
durante pandemia do novo coronavírus
Oswaldo Cruz: The path of a
doctor dedicated to science
POR FOTOS
Cristiane Barbosa Arquivo Fiocruz
e Edilson Soares
A pandemia do novo coronavírus está
no foco da atenção dos pesquisadores
do ILMD/ Fiocruz Amazônia. Ao
longo desses meses, a instituição
uniu esforços para combater essa
doença a partir de diversas f rentes de
atuação, seja por meio de aprovação
de recursos em editais públicos,
desenvolvimento de pesquisas de
ponta para respostas à sociedade,
seja por meio do compartilhamento
de informações relevantes junto à
sociedade. Assim sendo, reunimos
resumos das principais iniciativas
do Instituto e seus pesquisadores, a
partir da Plataforma Lattes e também
de levantamentos de informações
internas quanto a inserções na mídia
e lives realizadas, segundo dados
da Assessoria de Comunicação
da instituição. Conf ira a seguir.
COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 51
Veja mais notícias
sobre a atuação da
Fiocruz contra a Covid
no QR CODE
Oswaldo Cruz: La trayectoria de
un médico dedicado a la ciencia
ARTIGOS
Os pesquisadores da Fiocruz
Amazônia publicaram 12 artigos em
revistas científ icas tendo como tema
a Covid-19, Você pode conferir os
textos completos nos links disponíveis
ao lado de cada artigo ou QRCODE.
01 Effect of High vs Low Doses
of Chloroquine Diphosphate
as Adjunctive Therapy for
Patients Hospitalized With
Severe Acute Respiratory
Syndrome Coronavirus 2
Autores
BORBA, Mayla Gabriela Silva; VAL, Fernando
Fonseca Almeida; SAMPAIO, Vanderson Souza;
ALEXANDRE, Marcia Almeida Araújo; MELO, Gisely
Cardoso; BRITO, Marcelo; MOURÃO, Maria Paula
Gomes; BRITO-SOUSA, José Diego; BAÍA-DA-SILVA,
52 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
COMBATE À COVID-19

Djane; GUERRA, Marcus Vinitius Farias; HAJJAR,

Ludhmila Abrahão; PINTO, Rosemary Costa; 02
BALIEIRO, Antonio Alcirley Silva; PACHECO, Antônio Driving forces for COVID-19
Guilherme Fonseca; SANTOS JR, James Dean
Oliveira; NAVECA, Felipe Gomes; XAVIER, Mariana clinical trials using
Simão; SIQUEIRA, André Machado; SCHWARZBOLD, chloroquine: the need to
Alexandre; CRODA, Júlio; NOGUEIRA, Maurício
Lacerda; ROMERO, Gustavo Adolfo Sierra; BASSAT, choose the right research
Quique; FONTES, Cor Jesus; ALBUQUERQUE,
Bernardino Cláudio; DANIEL-RIBEIRO, Cláudio
questions and outcomes
Tadeu; MONTEIRO, Wuelton Marcelo; LACERDA,
Marcus Vinícius Guimarães. Autores
MONTEIRO, Wuelton Marcelo; BRITO-SOUSA, Jose
Onde foi publicada? Diego; BAÍA-DA-SILVA, Djane; MELO, Gisely Cardoso
de; SIQUEIRA, André Machado ; VAL, Fernando;
JAMA Network Open, v. 3, p. e208857, DANIEL-RIBEIRO, Cláudio Tadeu; GUIMARÃES
2020. ISSN: 0098-7484 LACERDA, Marcus Vinicius.

Resumo
Onde foi publicada?
Não há terapia antiviral específica Revista da Sociedade Brasileira de
recomendada para a Covid-19. Estudos Medicina Tropical, v. 53, p. 1-3, 2020. ISSN:
in vitro indicam que o efeito antiviral 0037-8682
do difosfato de cloroquina (CQ) requer Resumo
uma alta concentração da droga. Assim,
o objetivo deste estudo foi avaliar a A cloroquina (CQ) demonstrou ter efeitos
segurança e eficácia de 2 dosagens de inibidores in vitro na infecção por SARS-
CQ em pacientes com COVID-19 grave. CoV-2 e foi divulgada precocemente
Este ensaio clínico paralelo, duplo-cego, como tendo um efeito benéfico em
randomizado, de fase IIb, foi realizado pacientes com COVID-19 após um
com 81 pacientes adultos hospitalizados estudo conduzido em Marselha, França,
com infecção por síndrome respiratória ter mostrado uma redução da carga viral
aguda grave por Coronavírus 2 (SARS- em pacientes de COVID-19 . Como não há
CoV-2) e foi reaizado de 23 de março a 5 terapia antiviral específica para infecções
de abril de 2020 em Manaus/AM. por coronavírus até o momento, o
anúncio de dados parciais e frágeis levou
Use o seu leitor de QR
CODE e tenha acesso
Instituições dos a manifestações políticas precipitadas
a versão completa pesquisadores
deste artigo. por importantes líderes governamentais
-FMT-HVD (AM) e contribuiu para recomendações
-UEA (AM) descoordenadas do medicamento
-FVS (AM)
-USP (SP)
para pacientes graves. Considerando
-IOC/FIOCRUZ (RJ) os baixos custos do CQ, bom perfil de
-UFAM (AM) segurança, in vitroatividade contra outras
-INI/FIOCRUZ (RJ)
doenças virais, cadeia de abastecimento
-UFSM (RS)
-UFMS (MS) preexistente com potencial para
-UFMT (MT) produção aumentada pública e privada,
-FIOCRUZ MATO GROSSO e conhecimento sobre especificidade e
DO SUL (MS)
gestão de efeitos colaterais acumulados
-FAMERP (SP)
-UnB (DF) por décadas de uso para uso de
-ISGlobal/Barcelona (ESP) antimaláricos, espera-se que os ensaios
-Centro de Investigação em clínicos sejam prontamente projetados
Saúde de Manhiça (MOC)
-ICREA/Barcelona (ESP)
para multicêntrica avaliar o real potencial
-University of Barcelona da droga para o tratamento de casos
(ESP) graves de COVID-19.
-CIBERESP/ Madrid (ESP)

Use o seu leitor de QR Instituições dos
CODE e tenha acesso
pesquisadores
a versão completa
deste artigo.
-INI/FIOCRUZ (RJ)
-IOC/FIOCRUZ (RJ)
-UEA (AM)
-FMT-HVD (AM)
03
COVID-19 in Brazil:
advantages of a socialized
unified health system and
preparation to contain cases
Autores
CRODA, Julio; OLIVEIRA, Wanderson Kleber
de; FRUTUOSO, Rodrigo Lins; MANDETTA, Luiz
Henrique; BAIA-DA-SILVA, Djane Clarys; BRITO-
SOUSA, José Diego; MONTEIRO, Wuelton Marcelo;
LACERDA, Marcus Vinícius Guimarães.
Onde foi publicada?
Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical, v. 53, p. 1-4, 2020. ISSN:
0037-8682
Resumo
O surto de nova doença coronavírus 2019
(COVID-19) relatado pela primeira vez
em Wuhan, China, no final de dezembro
de 2019, se espalhou rapidamente
para outros países e foi declarado
em 30 de janeiro de 2020 como uma
emergência de saúde pública de
interesse internacional (PHEIC ) pela
Organização Mundial da Saúde. Antes
dos primeiros casos COVID-19 serem
notificados no Brasil, várias medidas
foram implementadas, incluindo o
ajuste do quadro legal para realizar o
isolamento e a quarentena. Como os
casos aumentaram significativamente,
novas medidas, principalmente para
reduzir a mortalidade e os casos graves,
COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 53
também foram implementadas. Ações
de preparação rápidas e robustas
foram realizadas no Brasil, enquanto
os primeiros casos ainda não foram
identificados na América Latina. O
resultado dessa preparação inicial deve
ser analisado em estudos futuros.
Instituições dos Use o seu leitor de QR
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pesquisadores a versão completa
-UFMS (MS)
deste artigo.
-FIOCRUZ/MATO GROSSO
DO SUL (MS)
-SVS/MS (DF)
-UEA (AM)
-FMT-HVD (AM)
04
O Coração e a COVID-19:
O que o Cardiologista
Precisa Saber
Autores
COSTA, Isabela Bispo Santos da Silva; BITTAR, Cristina
Salvadori; RIZK, Stephanie Itala; ARAÚJO, Antônio
Everaldo de; SANTOS, Karen Alcântara Queiroz;
MACHADO, Theuran Inahja Vicente; ANDRADE,
Fernanda Thereza De Almeida; GONZÁLEZ,
Thalita Barbosa; ARÉVALO, Andrea Nataly Galarza;
ALMEIDA, Juliano Pinheiro de; BACAL, Fernando;
OLIVEIRA, Gláucia Maria Moraes de; LACERDA,
Marcus Vinícius Guimarães de; BARBERATO,
Silvio Henrique; CHAGAS, Antonio Carlos Palandri;
ROCHITTE, Carlos Eduardo; RAMIRES, José Antonio
Franchini; KALIL, Roberto; HAJJAR, Ludhmila
Abrahão.
Onde foi publicada?
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 1, p.
1-5, 2020. ISSN: 0066-782X
Resumo
Frente à pandemia da doença causada
pelo novo coronavírus (COVID-19), o
manejo do paciente com fator de risco
e/ou doença cardiovascular é desafiador
54 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
COMBATE À COVID-19

nos dias de hoje. As complicações Resumo

cardiovasculares evidenciadas nos A fisiopatologia da COVID-19 envolve
pacientes com COVID-19 resultam de ativação da resposta inflamatória e
vários mecanismos, que vão desde indução do sistema trombótico. No
lesão direta pelo vírus até complicações momento, consenso de especialistas
secundárias à resposta inflamatória e sugere tratamento com anticoagulante
trombótica desencadeada pela infecção. para pacientes que tenham fenótipo
O cuidado adequado do paciente com pró-coagulante (dímero-D elevado,
COVID-19 exige atenção ao sistema prolongamento de tempo de protrombina
cardiovascular em busca de melhores e aumento dos níveis plasmáticos de
desfechos. fragmentos da fibrina). Mais estudos são
necessários para confirmar o real papel
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Instituições dos da anticoagulação na prevenção de
a versão completa pesquisadores complicações da COVID-19.
deste artigo.
-USP (SP)
-UFRJ (RJ)
Instituições dos Use o seu leitor de QR
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-FMT-HVD (AM) pesquisadores a versão completa
-CardioEco Centro de deste artigo.
Diagnóstico Cardiovascular -UFRJ (RJ)
(PR) -Rede D’Or São Luiz –
-Quanta Diagnóstico – Cardiologia (RJ)
Ecocardiografia (PR) -USP (SP)
-Faculdade de Medicina da -Hospital Sírio-Libanês/
Fundação do ABC (SP) Instituto Sírio Libanês de
-Hospital do Coração (SP) Ensino e Pesquisa (SP)
-Intituto de Coração –
Cardiopneumologia (SP)
-FMT-HVD (AM)
05
COVID-19 e Estado de
Hipercoagulabilidade:
Uma Nova Perspectiva
06
Terapêutica Guillain-Barré Syndrome
Associated with SARS-
CoV-2 Infection in a
Autores Pediatric Patient
NASCIMENTO, Jorge Henrique Paiter; GOMES,
Bruno Ferraz de Oliveira; CARMO, Plínio Resende do;
PETRIZ, João Luiz Fernandes; RIZK, Stephanie Itala;
Autores
COSTA, Isabela Bispo Santos Da Silva; LACERDA, DE SOUSA MONTEIRO, Quezia; FRANK, Carlos
Marcus Vinicius Guimarães; BACAL, Fernando; Henrique Michiles; FEITOZA, Pablo Vinícius Silveira;
HAJJAR, Ludhmila Abrahão; OLIVEIRA, Gláucia ALMEIDA, Taynná Vernalha Rocha; BORBA, Mayla
Maria Moraes de. Gabriela Silva; VASCONCELOS, Heline Lira; DE
SOUZA BASTOS, Michele; MARQUES, Elyana
Onde foi publicada? Almeida; LACERDA, Marcus Vinicius Guimarães.
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 114,
p. 829-833, 2020. ISSN: 0066-782X Onde foi publicada?
Journal of Tropical Pediatrics, v. 1, p. 1-5,
2020. ISSN: 0142-6338

Resumo
Esta publicação relata o caso de um
paciente de 15 anos de idade, do sexo
masculino, apresentando cefaleia frontal
com dor retro-orbitária acompanhada
de febre com evolução para fraqueza
e dores em membros inferiores, que
ascendiam aos membros superiores.
O teste rápido COVID-19 (IgG e IgM) e a
reação em cadeia da polimerase (PCR)
do swab nasofaríngeo foram positivos
para SARS-CoV-2. Os exames de sangue,
análise do líquido cefalorraquidiano
(LCR) e cultura aeróbia do LCR não
revelaram anormalidades. O teste de PCR
do LCR foi negativo para as etiologias
mais prevalentes, bem como para SARS-
CoV-2. O estudo eletroneurográfico foi
compatível com a variante de neuropatia
axonal motora aguda da síndrome de
Guillain-Barré. Nenhum caso envolvendo
pacientes jovens foi apresentado até o
momento. Portanto, este é o primeiro
caso pediátrico relatado de infecção
por SARS-CoV-2 associada a GBS. As
evidências revelam que a infecção
por SARS-CoV-2 não se limita ao trato
respiratório. O neurotropismo poderia
explicar esta importante manifestação
neurológica do COVID-19 em crianças.
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Instituições dos
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a versão completa pesquisadores
deste artigo.
-FMT-HVD (BR/AM)
-UFAM (BR/AM)
-UEA (BR/AM)
-FUAM (BR/AM)
-SUSAM (BR/AM)
COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 55
07 Impact of chronic use of
antimalarials on Sars-Cov-2
Infection in patients with
immune-mediated rheumatic
diseases: protocol design for
a multicentric observational
cohort in Brazil (Preprint)
Autores
GOMIDES, Ana; FERREIRA, Gilda; KAKEHASI,
Adriana; LACERDA, Marcus; MARQUES, Cláudia;
MOTA, Licia; PAIVA, Eduardo; PILEGGI, Gecilmara;
PROVENZA, José; REIS-NETO, Edgard; SAMPAIO,
Vanderson; XAVIER, Ricardo; PINHEIRO, Marcelo.
Onde foi publicada?
Jmir Research Protocols, v. 1, p. 1-5, 2020.
ISSN: 1929-0748
Resumo
A doença Coronavírus (COVID-19),
causada pela síndrome respiratória
aguda grave Coronavírus 2 (SARS-CoV-2),
trouxe enormes desafios à comunidade
científica nos últimos meses e diversos
estudos têm sido desenvolvidos na
tentativa de minimizar o impacto da
a doença em todo o mundo. Embora
novos conhecimentos tenham sido
rapidamente disseminados, incluindo
mecanismos virais, fisiopatologia e
achados clínicos, há falta de informações
sobre o manejo farmacológico
eficaz dessa doença. Os estudos in
vitro mostraram alguns benefícios
dos antimaláricos (cloroquina e
hidroxicloroquina) na inibição da SARS-
CoV-2. No entanto, os dados de ensaios
clínicos abertos são controversos em
pacientes com COVID-19.
Instituições dos Use o seu leitor de QR
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pesquisadores a versão completa
deste artigo.
-UnB (BR/DF)
-UFMG (BR/MG)
-UEA (BR/AM)
-UFPE (BR/PE)
-UFPR (BR/PR)
-FACISB (BR/SP)
-SBR (BR/SP)
-UNIFESP (BR/SP)
-UFRGS (BR/RS)
-FMT-HVD (BR/AM)
56 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
COMBATE À COVID-19

08 09
Case Report: Adrenal Confirmed Invasive
Pathology Findings Pulmonary Aspergillosis
in Severe COVID-19: and COVID-19: the value
An Autopsy Study of postmortem findings
to support antemortem
management.
Autores
Autores
FREIRE SANTANA, Monique; BORBA, Mayla
Gabriela Silva; BAÍA-DA-SILVA, Djane Clarys; VAL, SANTANA, Monique Freire; PIVOTO, Guilherme;
Fernando; ALEXANDRE, Márcia Almeida Araújo; ALEXANDRE, Márcia A. Araujo; BAÍA-DA-SILVA,
BRITO-SOUSA, Jose Diego; MELO, Gisely Cardoso; Djane Clarys; BORBA, Mayla Gabriela da Silva;
QUEIROGA, Marcos Vinícius Oliveira; LEÃO FARIAS, VAL, Fernando Almeida; BRITO-SOUSA, Jose
Maria Eduarda; CAMILO, Cecília Cunha; NAVECA, Diego; MELO, Gisely Cardoso; MONTEIRO, Wuelton
Felipe Gomes; XAVIER, Mariana Simão; MONTEIRO, Marcelo; SOUZA, João Vicente Braga; PINHEIRO,
Wuelton Marcelo; HAJJAR, Ludhmila Abrahão; ORDI, Silviane Bezerra; FERREIRA, Luiz Carlos Lima;
Jaume; LACERDA, Marcus Vinícius Guimarães; NAVECA, Felipe Gomes; NASCIMENTO, Valdinete
FERREIRA, Luiz Carlos Lima. Alves; CORADO, André Lima Guerra; HAJJAR,
Ludhmila Abrahão; SILVA NETO, João Ricardo; SIVA,
Onde foi publicada? George Alan Villarouco; PASQUALOTTO, Alessandro
C.; LACERDA, Marcus Vinícius Guimarães.
American Journal of Tropical Medicine
and Hygiene, v. 1, p. 1-3, 2020. ISSN: 0002- Onde foi publicada?
9637
Sociedade Brasileira De Medicina
Resumo Tropical. Revista, v. 53, p. 1-3, 2020. ISSN:
0037-8682
Embora a alta mortalidade tenha sido
relatada em muitos estudos sobre Resumo
COVID-19, as informações pós-morte de Neste artigo, apresentam-se evidências
autópsias completas disponíveis são post mortem de aspergilose pulmonar
muito limitadas. Neste estudo, relatam- invasiva (API) em um paciente com
se os achados nas glândulas supra- COVID-19 grave. Foram realizadas
renais em 28 autópsias com infecção autópsias de casos confirmados por
confirmada por SARS-CoV-2. COVID-19. O paciente morreu apesar de
antimicrobianos, ventilação mecânica e
suporte vasopressor. A histopatologia e
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Instituições dos o teste de antígeno de galactomanana
a versão completa pesquisadores
deste artigo. no sangue periférico confirmaram IPA.
-FMT-HVD (BR/AM) A infecção por Aspergillus penicillioides
-UEA (BR/AM)
foi confirmada por sequenciação de
-FCECON (BR/AM)
-SUSAM (BR/AM) nucleotídeos e análise BLAST. Relatórios
-CDL (BR/AM) adicionais são necessários para avaliar
-USP (BR/AM) a ocorrência e frequência de IPA em
-Hospital Clinic de
infecções por SARS-CoV-2 e como elas
Barcelona (ESP)
interagem clinicamente.
 COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 57

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Instituições dos a eficácia da metilprednisolona (MP) em
a versão completa pesquisadores
deste artigo. pacientes hospitalizados com suspeita
-FMT-HVD (BR/AM)
de COVID-19.
-UEA (BR/AM)
-FCECON (BR/AM)
-SUSAM (BR/AM)
Instituições dos Use o seu leitor de QR
CODE e tenha acesso
-INPA (BR/AM) pesquisadores a versão completa
-IOC (BR/RJ) deste artigo.
-USP (BR/AM) -FMT-HVD (BR/AM)
-UFCSPA (BR/RS) -UEA (BR/AM)
-FVS-AM (BR/AM)

10
Methylprednisolone as
Adjunctive Therapy for
Patients Hospitalized
With Covid-19 (Metcovid): 11
A Randomised, Double-
Blind, Phase IIb, Placebo- Explosão da Mortalidade
Controlled Trial. no Epicentro Amazônico
Autores da Epidemia de Covid-19.

JERONIMO, Christiane Maria Prado; FARIAS, Maria

Eduarda Leão; VAL, Fernando Fonseca Almeida;
SAMPAIO, Vanderson Souza; ALEXANDRE, Marcia
Almeida Araújo; MELO, Gisely Cardoso; SAFE, Izabella
Picinin; BORBA, Mayla Gabriela Silva; ABREU-
NETTO, Rebeca Linhares; MACIEL, Alex Bezerra Silva;
NETO, João Ricardo Silva; OLIVEIRA, Lucas Barbosa;
FIGUEIREDO, Erick Frota Gomes; DINELLY, Kelry
Mazurega Oliveira; RODRIGUES, Maria Gabriela De
Almeida; BRITO, Marcelo; MOURÃO, Maria Paula
Gomes; PIVOTO, João Guilherme Augusto; HAJJAR,
Ludhmila Abrahão; BASSAT, Quique; ROMERO,
Gustavo Adolfo Sierra; NAVECA, Felipe Gomes;
VASCONCELOS, Heline Lira; TAVARES, Michel de
Araújo; BRITO-SOUSA, José Diego; COSTA, Fabio
Trindade Maranhão; NOGUEIRA, Maurício Lacerda;
BAÍA-DA-SILVA, Djane; XAVIER, Mariana Simão;
MONTEIRO, Wuelton Marcelo; LACERDA, Marcus
Vinícius Guimarães.
Onde foi publicada?
Clinical Infectious Diseases, v. 12, p. 1-4,
2020. ISSN: 1058-4838
Resumo
O uso de esteróides para COVID-19
baseia-se no possível papel dessas
drogas na mitigação da resposta
inflamatória, principalmente nos
pulmões, desencadeada pela SARS-
CoV-2. O objetivo deste estudo foi avaliar
Autores
ORELLANA, J. D. Y.; CUNHA, G. M.; MARRERO, L.;
HORTA, B.; LEITE, I. C.
Onde foi publicada?
Cadernos de Saúde Publica, v. 36, p. 1-8,
2020. ISSN: 0102-311X
Resumo
Manaus é o atual epicentro da epidemia
na Amazônia com um aumento repentino
de mortes que preocupa gestores e
sociedade. O objetivo do estudo foi
analisar o excesso na mortalidade geral,
segundo Semanas Epidemiológicas
(SE), visando a identificar mudanças
potencialmente associadas à epidemia
em Manaus. Dados de mortalidade geral
e grupos de causas foram obtidos na
Central de Informações do Registro Civil
Nacional e no Sistema de Informações
sobre Mortalidade, para 2018, 2019 e 2020.
Analisou-se faixa etária, sexo, local de
58 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
COMBATE À COVID-19

ocorrência do óbito, SE, ano-calendário Resumo

e causas de morte. Calcularam-se razões Esta comunicação relata a experiência
entre as mortes ocorridas em 2019/2018 de conformação emergencial do
e 2020/2019 para avaliar o excesso de Grupo de Trabalho (GT) voluntário e
mortes, com intervalos de confiança no colaborativo em saúde mental e atenção
nível de 5%. A explosão da mortalidade psicossocial, com objetivo de fornecer
geral em Manaus e a elevada proporção respostas rápidas aos serviços de saúde
de óbitos em domicílio/via pública expõe no contexto da COVID-19. O trabalho
a gravidade da epidemia em contextos envolveu a identificação e sistematização
de grande desigualdade social e fraca de evidências atualizadas da literatura
efetividade de ações governamentais, científica sobre saúde mental e atenção
em especial aquelas voltadas ao psicossocial em situações de emergências
enfrentamento das desigualdades em saúde pública e pandemias, a
sociais e para a garantia e fortalecimento constituição de uma rede envolvendo 117
do Sistema Único de Saúde. pesquisadores e 25 instituições, além da
organização de temas para elaboração
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Instituições dos de materiais, tendo como referência as
CODE e tenha acesso
a versão completa pesquisadores fases de resposta em emergências em
deste artigo.
saúde pública e pandemias.
-ENSP FIOCRUZ (BR/RJ)
-UEA (BR/AM)
-UFPEL (BR/RS)
Instituições dos Use o seu leitor de QR
CODE e tenha acesso
pesquisadores a versão completa
deste artigo.
-ENSP/FIOCRUZ (BR/RJ)
-FIOCRUZ/RJ (BR/RJ)
-FIOCRUZ BRASÍLIA (BR/
DF)
-Cruz Vermelha Brasileira -
Filial Minas Gerais (BR/MG)
12 -Ghent University (BEL)
A experiência do trabalho
voluntário e colaborativo
em saúde mental e atenção
psicossocial na COVID-19

Autores
KABAD, J. F.; NOAL, D.; DAMASIO, M. F.; MELO, B. D.;
PEREIRA, D. R.; SERPELONI, F.; SOUZA, M. S. E.; EL
KADRI, Michele Rocha; LIMA, C. C.; MAGRIN, N. P.;
FREITAS, C.M.

Onde foi publicada?

Cadernos de Saúde Pública, v. 36, p. 9,
2020. ISSN: 0102-311X
 COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 59

PROJETOS 2 Projeto-Piloto de Sistema de

Vigilância Epidemiológico
No levantamento quantitativo de Covid-19 para
realizado na Plataforma Lattes comunidades indígenas
(CNPq), foram identif icados urbanas: combatendo a
16 projetos de pesquisa em vulnerabilidade estrutural
andamento sobre a Covid-19. com a abordagem de base
Conf ira a seguir, as informações: comunitária e uso das TICs

1 O projeto pretende investigar as
Avaliação do impacto
socioambiental na
dispersão e emergência
de coronavírus na
Amazônia Legal
Resumo
A partir da experiência da COVID-19,
identificar a ocorrência e distribuição
de espécies de coronavírus, já descritas
no Brasil, e caracterizar os fatores
de risco ambientais, ecológicos,
sociodemográficos, econômicos e relacionados à Covid-19 no
culturais na Amazônia Legal, abordando
o acesso aos serviços de saúde e às
políticas públicas que estão relacionados
à possível emergência de coronavírus,
na perspectiva da elaboração de uma
proposta de vigilância intersetorial,
dinâmica, adaptativa, participativa e
integrada à gestão do SUS.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Fabiane Vinente dos Santos (participante), Flor
Espisona Martinez (participante), Marcílio Sandro
de Medeiros (participante), Rita Suely Bacuri de
Queiroz (participante)
Resumo
estratégias de enfrentamento ao
Covid-19 entre as comunidades indígenas
urbanizadas de Manaus e entorno.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Fabiane Vinente dos Santos (coordenadora), Kátia
Maria Silva Lima (participante) e Evelyne Marie
Therese Mainbourg (participante)
3
Óbitos hospitalares
Sistema Único de Saúde
e a capacidade instalada
das Regiões de Saúde:
Resumo
O projeto estuda a relação entre óbitos
hospitalares e Covid-19 no Sistema Único
de Saúde e a capacidade instalada das
Regiões de Saúde.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Fernando José Herkrath (participante)

Instituições parcerias participantes Instituições parcerias participantes

do projeto do projeto

ENSP/Fiocruz UnB, Fiocruz/CE, ENSP/Fiocruz, Imperial

College of London
60 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
COMBATE À COVID-19
4
PROVID19 - Caracterização
de painel proteico para a
classificação de pacientes
infectados com SARS-CoV2
que evoluem ao óbito
Resumo
Desde que a pandemia por SARS-CoV-2
foi instituída, dados alarmantes quanto
ao número de infectados e óbitos têm
surgido em nível mundial. Em especial, a
realidade do Amazonas chama atenção
com um elevado número de casos
e óbitos. O desenvolvimento de um
painel de prognóstico pode auxiliar o
Sistema Único de Saúde frente à atual
sobrecarga, principalmente na hora
de priorizar pacientes para a UTI. Este
projeto visa auxiliar nessa problemática
através de uma metodologia inovadora
para convergir a um painel de proteínas
correlacionadas a evolução clínica de
pacientes infectados com COVID-19.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Priscila Ferreira de Aquino (coordenadora)
Instituições parcerias participantes
do projeto
ICC/Fiocruz, FMT-HVD, Instituto Pasteur
5 Pritesh Jaychand Lalwani (coordenador)
DETECTCoV19 - Kit
Diagnóstico para Covid-19
Resumo
Desenvolver um protótipo de kit de
diagnóstico sorológico padrão para
detecção de anticorpos anti-Sars-
CoV-2 com características comerciais a
ser fabricado por empresas nacionais
interessadas.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Pritesh Jaychand Lalwani (coordenador)
Instituições parcerias participantes
do projeto
FMT-HVD, UFAM
6 Infecção por SARS-CoV 2
e Covid-19 em gestantes
de Manaus e o efeito do
esquema de prevenção de
recaídas por Plasmodium
vivax com cloroquina sobre
a frequência de SARS-CoV
2 e Covid-19 nas gestantes
Resumo
Descrever infecção por SARS-CoV-2 e
COVI-19 em gestantes e avaliar o uso de
Cloroquina semanal em gestantes com
malária por P. vivax como fator projetor
para infecção por SARS-CoV -2 em
Manaus, Amazonas.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Instituições parcerias participantes
do projeto
FMT-HVD
 COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 61

7
COVID-19 e gestação:
estimativas de
prevalência, fatores
associados e desfechos
maternos e perinatais
Resumo
Resumo
Produzir medidas de prevenção e
controle da COVID-19 para as práticas
sexuais de HSH.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Rita Suely Bacuri de Queiroz (participante)

O objetivo deste estudo é avaliar a Instituições parcerias participantes

COVID-19 em gestantes e recém-natos no
Brasil, incluindo: a) estimar a prevalência
de infecção pelo SARS-COV-2 em
gestantes e a estimativa da transmissão
vertical da infecção; b) a identificação dos
fatores demográficos socioeconômicos
associados à infecção pelo SARS-COV-2
em gestantes e aos desfechos maternos
e neonatais da infecção; c) a identificação
das principais formas clínicas da infecção
em gestantes e dos desfechos maternos
e perinatais associados à infecção pelo
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Rita Suely Bacuri de Queiroz (participante)
Instituições parcerias participantes
do projeto
ENSP/Fiocruz, INI/Fiocruz; IFF/
Fiocruz; Instituto Bio-Manguinhos/
Fiocruz; Instituto de Saúde Pública da
Universidade do Porto
do projeto
UEA, UFAM
9
Rede transfronteiriça para o
enfrentamento da COVID-19
em populações indígenas e
comunidades rurais entre
Brasil, Colombia e Peru
Resumo
A Rede Transfronteiriça Covid-19
busca contribuir com ferramentas
e informações técnicas, científicas e
acadêmicas, úteis para agilizar o fluxo de
informação aos povos indígenas. A ideia
da Rede é também agilizar a tomada
de decisões dos diferentes atores e da
sociedade civil, nos diferentes níveis
de organização, para o enfrentamento
da doença nos seus territórios, visando
melhorar as condições de vida e saúde
das populações amazônicas.

8 Amazônia coordenador ou participante
Medidas de prevenção
e controle da covid-19
em práticas sexuais de
homens que fazem sexo
com homens (HSH)
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
José Joaquín Carvajal Cortés (coordenador), Sérgio
Luiz Bessa Luz (participante) Maria Luiza Garnelo
Pereira (participante), Fernando José Herkrath
(participante)
Instituições parcerias participantes
do projeto
IOC/Fiocruz, UFAM, UEA, UFRGS; UNAL, ONG
Sinergias, INS; UNAP; IRD
62 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
COMBATE À COVID-19
10
Prevenção e controle
do COVID19: estudo
multicêntrico sobre a
percepção e práticas no
cotidiano nas orientações
médicas e científicas pela
população dos territórios
de abrangência da atenção
primária à saúde
Resumo
Estudo multicêntrico de abrangência
nacional, elaborado pela Rede de
Pesquisa e Formação do Programa de
Pós-Graduação em Saúde da Família –
PROFSAÚDE sobre o enfrentamento da
COVID-19 objetivando-se compreender
a percepção e a tradução das medidas
de prevenção e controle da Covid-19
praticadas pelas famílias dos territórios
adstritos às Unidades Básicas de Saúde
(UBS). A pesquisa será desenvolvida em
88 municípios, de todas as regiões do
país, envolvendo 134 UBS e terá atuação
direta dos mestrandos vinculados ao
PROFSAÚDE, profissionais de saúde
(médicos, enfermeiros e odontólogos)
desses territórios.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Júlio Cesar Schweickardt (coordenador), Rodrigo
Tobias de Sousa Lima (participante), Michele Kadri
(participante) e Katia Lima (participante)
Instituições parcerias participantes
do projeto
UNIR, UEA, UFT, FIOCRUZ/CE, FIOCRUZ/PE, UFAL,
UFPB, UFPI, UFRB, UFSB, UFMA, FIOCRUZ/DF,
FIOCRUZ/MS, FIOCRUZ/RJ, UFF, UFJF, UFOP,
UNESP, UNIFESP, UFRGS, ESCS, UFPR, UFCSPA e
UFPel
11
Repositório de
Percepções sobre o
Covid-19 na Amazônia
Resumo
É importante que se tenha registro de
como estão se dando as respostas destas
populações em variados contextos
sociais e ambientais à pandemia. Por
isso este projeto propõe a criação de
um repositório de artigos que venham a
contribuir para acompanhar e monitorar
localmente esta experiência global.
Contribuir com o registro e observação
da pandemia de Covid-19, explorando os
aspectos sociológicos, antropológicos e
históricos no contexto amazônico. Este
“banco” de percepções ficará disponível
para os usos que o público que acessa
o site do ILMD ((https://amazonia.
fiocruz.br/?page_id=31561) quiser dar
a ele: desde referência para trabalhos
científicos até como fonte de informação
para saber mais sobre como o Covid-19
tem impactado na vida das pessoas e
das populações amazônicas.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Fabiane Vinente dos Santos (coordenadora)
Instituições parcerias participantes
do projeto
IES, IPES e instituições de assistência em saúde da
Amazônia

12
Identificação de fatores
prognósticos da infecção
grave por SARS-COV-2 em
pacientes hospitalizados
Resumo
Uma sindemia é definida como
duas ou mais epidemias interagindo
sinergicamente para produzir uma
carga aumentada de doença em uma
população. Nesta perspectiva, a infecção
por SARS-CoV-2 pode ser um fator
agravante em conjunto às endemias
locais. Para tanto, o presente estudo tem
como objetivo indicar fatores prognósticos
de desfecho clínico em múltiplos grupos
de pacientes com COVID-19. Pretende-
se identificar precocemente pacientes
graves, contribuindo com a redução da
mortalidade pela doença.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Paulo Afonso Nogueira
13
Desenvolvimento de
um teste para detecção
de COVID 19
Resumo
Desenvolvimento de um teste para
detecção de COVID 19
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Luís André Mariúba (participante)
COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 63
14
Estudo de fase IIb para
avaliar eficácia e segurança
de succinato sódico
de metilprednisolona
injetável no tratamento
de pacientes com sinais
de síndrome respiratória
aguda grave, no âmbito do
novo coronavírus (SARS-
CoV2): um ensaio clínico,
duplo-cego, randomizado,
controlado com placebo
Resumo
O estudo trabalha com um total de 420
indivíduos, de ambos os sexos, acima
de 18 anos, com sintomas sugestivos
de síndrome respiratória aguda
grave (SRAG), ou com diagnóstico de
SRAG, hospitalizados no Hospital e
ProntoSocorro Delphina Rinaldi Abdel
Aziz (HPSDRAA), com suspeita clínica
e radiológica de SARSCoV2, serão
randomizados em dois grupos de
tratamento, na razão de 1:1, um com SMP
(0,5mg/kg de peso de 12h em 12h, por 5
dias) e outro com placebo (solução de
salina sem princípio ativo de 12h em 12h
por 5 dias).
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda
(coordenador)
Instituições parcerias participantes
do projeto
FMT-HVD (BR/AM), UEA (BR/AM), UFAM (BR/AM),
USP (BR/SP)
64 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
COMBATE À COVID-19

15
Estudo de fase IIb para
avaliar eficácia e segurança
do difosfato de cloroquina
no tratamento de pacientes
com comorbidades, sem
síndrome respiratória
grave, no âmbito do
novo coronavírus (SARS-
CoV2): um ensaio
clínico, duplo-cego,
randomizado, controlado
16
Estudo de fase IIb para
avaliar eficácia e segurança
do difosfato de cloroquina
no tratamento de pacientes
hospitalizados com
síndrome respiratória
grave no âmbito do novo
coronavírus (SARS-CoV2):
um ensaio clínico, duplo-
cego, randomizado.

Resumo
O estudo trabalha com um total de 210
indivíduos de ambos os sexos, acima
de 18 anos, sem diagnóstico de doença
respiratória grave que procurarem
o Hospital e Pronto-Socorro (HPS)
Delphina Rinaldi Abdel Aziz (HPSDRAA)
com suspeita clínica e radiológica de
SARS-CoV2, serão randomizados em
dois grupos de tratamento, na razão de
1:1, um com difosfato de CQ e outro com
placebo (comprimido sem princípio
ativo produzido com as mesmas
características físicas).
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda
(coordenador)
Instituições parcerias participantes
do projeto
INI/FIOCRUZ (BR/RJ), IOC/FIOCRUZ (BR/RJ), UEA
(BR/AM), FMT-HVD (BR/AM)
Resumo
O estudo trabalha com um total de
440 indivíduos de ambos os sexos, com
idade acima 18 anos, com diagnóstico de
doença respiratória grave, hospitalizados
em um dos Hospitais participantes do
estudo, com suspeita de SARS-CoV2,
serão randomizados em dois grupos
de tratamento, na razão de 1:1, sendo o
Grupo 1 CQ 600mg 2 vezes ao dia por 10
dias e o Grupo 2 CQ 450mg 2 vezes ao
dia no primeiro dia e 450mg 1 vez ao
dia nos 4 dias seguintes. Por se tratar
de um estudo cego, no Grupo 2 no D1 o
participante receberá um comprimido
de placebo 2 vezes ao dia e de D2 a D5
1 comprimido de placebo 1x ao dia + 4
comprimidos de placebo 1x ao dia.
Pesquisador do ILMD/Fiocruz
Amazônia coordenador ou participante
Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda
(coordenador)
Instituições parcerias participantes
do projeto
INI/FIOCRUZ (BR/RJ), IOC/FIOCRUZ (BR/RJ), UEA
(BR/AM), FMT-HVD (BR/AM)
 COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 65

NA MÍDIA

Além do trabalho realizado transmissões ao vivo na internet,

no âmbito científ ico, os as chamadas lives, em plataformas
pesquisadores do ILMD/Fiocruz multimidiáticas que foram 83 lives,
Amazônia atuam fortemente na de março a setembro de 2020. O
divulgação científ ica, ainda que total de matérias e publicações
em época de distanciamento que a reportagem da Fiocruz
social, por isso concederam Amazônia Revista verif icou no
entrevistas para a imprensa, clipping, realizado pela Assessoria
informando sobre pesquisas de Comunicação do ILMD/Fiocruz
relacionadas ao novo coronavírus. Amazônia, foi de 87 inserções
Um dos destaques também foi a na mídia, no período de março a
participação em debates sobre a setembro de 2020. Veja a seguir.
pandemia realizados por meio de

Onde está Pesquisador do

Tipo
Identificação disponível? ILMD/Fiocruz Amazônia
participante ou citado

01
Comunidades do Amazonas no Debate online Júlio Schweickardt
Combate à Covid-19 (vídeo)

02 Cenários epidemiológicos da
José Joaquín
pandemia da COVID-19, na Boletim Informativo Carvajal
fronteira entre Brasil, Colombia
e Peru
03
José Joaquín
Coronavirus, más dificultades Boletim Informativo Carvajal
en una triple frontera

04
Covid-19 já matou mais de mil
Matéria jornalística José Joaquín
indígenas em nove países da Carvajal
Amazônia

05 Como o mundo pode aprender

com a Covid-19 e se preparar Entrevista online Alessandra Nava
para a próxima pandemia (aúdio)

06 Situação atual e perspectivas

sobre o Covid-19 será tema do Matéria jornalística Institucional
Centro de Estudos da Fiocruz (online)
Amazônia

07 Fiocruz no AM monta
Matéria jornalística Institucional
laboratório para diagnóstico
(online)
de doenças como Covid-19

08 Primeiro estudo do Brasil com

cloroquina para testar eficácia Matéria jornalística Marcus Lacerda
(online)
contra Covid-19, será realizado
em Manaus
09
Fiocruz Amazônia conclui o
 Entrevista online Alessandra Nava
para a próxima pandemia (aúdio)

06 Situação atual e perspectivas

sobre o Covid-19 será tema do
66
Matéria jornalística Institucional
Centro de Estudos daCOMBATE
REVISTA FIOCRUZ
Fiocruz À COVID-19
(online)
AMAZÔNIA
Amazônia

07 Fiocruz no AM monta
Matéria jornalística Institucional
laboratório para diagnóstico
(online)
de doenças como Covid-19

08 Primeiro estudo do Brasil com

cloroquina para testar eficácia Matéria jornalística Marcus Lacerda
(online)
contra Covid-19, será realizado
em Manaus
09
Fiocruz Amazônia conclui o
primeiro sequenciamento do Matéria jornalística Felipe Naveca
SARS-CoV-2 da região Norte (online)

10
Investimento em genômica Matéria jornalística
fortalece a pesquisa sobre (online) Felipe Naveca
Covid-19 no Amazonas

11
Estudo de genômica da
Matéria jornalística Felipe Naveca
Fapeam já apresenta informa-
(online)
ções da Covid-19

12
Sequenciamento no AM revela
Matéria jornalística Felipe Naveca
linhagem diferente de corona- (online)
vírus achado em SP

13 Código genético do vírus recolhido

no Amazonas apresenta nove Matéria jornalística
mutações em relação à amostra (online) Felipe Naveca
original de Wuhan, na China

14 Comunidade médica corre

Matéria jornalística
contra o tempo no combate ao (online) Marcus Lacerda
coronavírus

15 Fiocruz divulga nota sobre

orientações e contraindicações Matéria jornalística Flor Espinosa
do uso da cloroquina em (online)
infectados pela Covid-19
16 Estudo com cloroquina tem
primeiros resultados no AM, e Matéria jornalística Marcus Lacerda
especialistas traçam dosagem (online)
para equilíbrio em tratamento
17 Saúde – “Coronavírus” – Pesquisa-
dores trabalham sem folga, em Matéria jornalística Marcus Lacerda
busca da cura. Acompanhe os (online)
principais avanços!
18 Pesquisador da Fiocruz
defende o isolamento social Matéria jornalística Felipe Naveca
(online)
contra o novo coronavírus no
Amazonas
19
Fiocruz – Tratamento com Matéria jornalística Marcus Lacerda
Cloroquina não reduz letalida- (online)
de do Coronavirus

20 Small Chloroquine Study

Matéria jornalística
Halted Over Risk of Fatal Heart (online) Marcus Lacerda
Complications

21 Pesquisador avalia comporta-

mento e mutações do corona- Matéria jornalística Felipe Naveca
vírus no Amazonas (online)

22 Aumento da Covid-19 no
Amazonas pode não estar Matéria jornalística Felipe Naveca
relacionado apenas às muta- (online)
ções do novo Coronavírus
 (online)
contra o novo coronavírus no
Amazonas
19
Fiocruz – Tratamento com Matéria jornalística Marcus Lacerda

67
Cloroquina não reduz letalida- (online) COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
de do Coronavirus AMAZÔNIA

20 Small Chloroquine Study

Matéria jornalística
Halted Over Risk of Fatal Heart (online) Marcus Lacerda
Complications

21 Pesquisador avalia comporta-

mento e mutações do corona- Matéria jornalística Felipe Naveca
vírus no Amazonas (online)

22 Aumento da Covid-19 no
Amazonas pode não estar Matéria jornalística Felipe Naveca
relacionado apenas às muta- (online)
ções do novo Coronavírus
23
País tem 21 ensaios clínicos
Matéria jornalística Felipe Naveca
sobre o coronavírus (online)

24
Cientistas chineses descobrem Felipe Naveca
Matéria jornalística
que coronavírus já se transfor- (online)
mou em 30 cepas

25
O cenário desesperador
Matéria jornalística
enfrentado por Manaus em (online) Felipe Naveca
meio à pandemia

26
Breaking down the Amazon: Matéria jornalística Alessandra Nava
how deforestation could drive (online)
the next pandemic

27
Desmatamento aumenta Matéria jornalística
probabilidade de viroses (online) Alessandra Nava
atingirem os seres humanos

28
FMT e Fiocruz também vão
processar exames de Covid-19 e Matéria jornalística Institucional
(online)
AM ampliará rede de diagnóstico

29 Pesquisadores contribuem
com Notas Técnicas para Matéria jornalística Institucional
ajudar no enfrentamento à (online)
Covid-19 no Amazonas
30
Mortes por doenças respirató-
Matéria jornalística Felipe Naveca
rias em Manaus sobem de 174 (online)
para 1.181 em abril

31 Após anúncio de plano para

reabrir comércio no AM, Matéria jornalística Felipe Naveca
pesquisador alerta para curva (online)
ascendente de Covid-19
32 Ágora Abrasco inicia maio e
debate trabalhadores em Matéria jornalística Luiza Garnelo
(online)
saúde; ética e tecnologia e
reforço ao isolamento
33 Desafios e soluções de
Matéria jornalística Felipe Naveca
enfrentamento ao coronavírus (online)
na Pan-Amazônia são temas de
‘webinar’
34 Instituições pedem ações em
defesa de indígenas Matéria jornalística
do Alto Solimões diante do avanço Institucional
(online)
da covid-19 entre os povos

35
Psicólogos dão dicas sobre
como manter o equilíbrio Matéria jornalística Institucional
(online)
durante quarentena
 saúde; ética e tecnologia e
reforço ao isolamento
33 Desafios e soluções de
Matéria jornalística Felipe Naveca
enfrentamento ao coronavírus (online)
68 REVISTA FIOCRUZ COMBATE
na Pan-Amazônia são temas de
AMAZÔNIA
‘webinar’
À COVID-19

34 Instituições pedem ações em

defesa de indígenas Matéria jornalística
do Alto Solimões diante do avanço Institucional
(online)
da covid-19 entre os povos

35
Psicólogos dão dicas sobre
como manter o equilíbrio Matéria jornalística Institucional
(online)
durante quarentena

36
Aumento de casos na Amazô-
nia mostra que coronavírus é Matéria jornalística Felipe Naveca
(online)
resistente ao calor

37 The coronavirus in the Amazon

threatens indigenous peoples Matéria jornalística José Joaquín
at their core (online) Carvajal

38
O que rolou no segundo dia do Matéria jornalística Felipe Naveca
(online)
Pint Online

39
Em busca de auxílio, aldeias Matéria jornalística
são expostas à covid-19 Luiza Garnelo
(online)

40
Opinião Pernambuco tem série Luiza Garnelo
especial sobre coronavírus na Debate online
(vídeo)
tela da TVU

41
Entrevista Dra Flor Espinosa -
Infectologista sobre a pande- Entrevista online Flor Espinosa
(vídeo)
mia da Covid-19

42
Bioeconomia na Amazônia e o Debate online Felipe Naveca
Cenário Covid-19 (vídeo)

43 Grilagem, garimpo e subnotifi-

cação reforçam invisibilidade e Matéria jornalística Luiza Garnelo
(online)
iniquidades dos indígenas em
meio à pandemia
44 Ágora Abrasco - Painel:Invisibi-
lidades e iniquidades na Debate online Luiza Garnelo
(vídeo)
Amazônia: povos indígenas e a
Covid-19
45 Aliança para o Enfrentamento
ao Coronavírus no Amazonas Matéria jornalística Institucional
realiza força-tarefa em unida- (online)
des de conservação
46
Manaus foi a capital mais
atingida pela Covid-19 no Brasil, Matéria jornalística Felipe Naveca e
(telejornal) Jesem Orellana
diz estudo da Fiocruz

47
A próxima pandemia pode
Matéria jornalística Alessandra Nava
surgir na Amazônia (online)

48 Covid-19: em audiência pública

na ALEAM, especialistas
Luiza Garnelo
afirmam que interior do AM Entrevista (áudio)
está em risco

49 Novo estudo aponta que

Manaus pode ter mais de 7 mil Matéria jornalística Luiza Garnelo
(online)
mortes por covid-19 se medidas
restritivas não forem adotadas
 (telejornal) Jesem Orellana
diz estudo da Fiocruz

47
A próxima pandemia pode
Matéria jornalística Alessandra Nava
69
surgir na Amazônia (online) COMBATE À COVID-19 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA

48 Covid-19: em audiência pública

na ALEAM, especialistas
Luiza Garnelo
afirmam que interior do AM Entrevista (áudio)
está em risco

49 Novo estudo aponta que

Manaus pode ter mais de 7 mil Matéria jornalística Luiza Garnelo
(online)
mortes por covid-19 se medidas
restritivas não forem adotadas
50
Com barcos cheios, coronavírus Matéria jornalística Felipe Naveca
seguiu rota de rios para infestar (online)
a Amazônia, mostra estudo

51
Pesquisadores amazonenses
debatem impactos da pande- Matéria jornalística Felipe Naveca
(online)
mia no cotidiano

52
Rede Solidária da Fiocruz vai
enviar doações ao Amazonas Matéria jornalística Sérgio Luz
(online)
para enfretamento da Covid-19

53
O mundo a partir do Coronaví- Matéria jornalística Marcus Lacerda
rus: salvando vidas hoje (online)

54
Pandemia em Manaus: A crise Debate online Flor Espinosa
sanitária e a necessidade de (vídeo)
distanciamento social

55 O campo da Promoção da
Saúde tem algo a dizer para a Debate online Rodrigo Tobias Lima
(vídeo)
atual pandemia da Covid-19 e
vice-versa?
56
Covid-19: Fiocruz Amazônia
Sérgio Luz
envia testes rápidos para Matéria jornalística
(online)
indígenas

57
Estratégias para o enfrenta- Sérgio Luz
Debate online
mento à Covid-19 na Pan-Ama- (vídeo)
zônia

58 Fiocruz Amazônia abre espaço

para publicações sobre Matéria jornalística José Joaquín
(online) Carvajal e Fabiane
Covid-19 no estado Vinente

59
Genomas revelam como
Matéria jornalística
coronavírus se espalhou pela (online)
Amazônia Felipe Naveca

60 Pesquisadores abordam em
live estudos desenvolvidos Matéria jornalística Felipe Naveca e
sobre o novo coronavírus no (online) Marcus Lacerda
AM
61
Estudo aponta três linhagens
Matéria jornalística
diferentes do coronavírus no (online) Felipe Naveca
Amazonas

62
Em favor da vida: pesquisas Felipe Naveca e
sobre o novo coronavírus no Debate online Marcus Lacerda
(vídeo)
Amazonas

63 Mais de 4 mil pessoas em

unidades de conservação são Matéria jornalística Institucional
beneficiadas com expedições (online)
contra coronavírus
 sobre o novo coronavírus no (online) Marcus Lacerda
AM
61
Estudo aponta três linhagens
Matéria jornalística
diferentes do coronavírus no
70 REVISTA FIOCRUZ (online)
COMBATE À COVID-19 Felipe Naveca
Amazonas
AMAZÔNIA

62
Em favor da vida: pesquisas Felipe Naveca e
sobre o novo coronavírus no Debate online Marcus Lacerda
(vídeo)
Amazonas

63 Mais de 4 mil pessoas em

unidades de conservação são Matéria jornalística Institucional
beneficiadas com expedições (online)
contra coronavírus
64 Fundação Oswaldo Cruz desenvolve
pesquisa que verifica como a Anúncio jornalístico Institucional
pandemia de covid-19 está afetando
a vida dos adolescentes

65 Cientistas criam banco de

dados para ajudar a desenvol- Matéria jornalística Felipe Naveca
ver remédios e vacinas contra (telejornal)
Covid
66 Fiocruz dá início ao projeto Genoma
Covid-19 que promete fazer o maior Matéria jornalística Felipe Naveca
(online)
mapeamento genético do
Sars-CoV-2 já realizado no país

67
Fiocruz e Vale investem em Matéria jornalística
sequenciamento do genoma (online) Felipe Naveca
do coronavírus

68 Cientistas do Pará e Amazonas

pesquisam o comportamento Matéria jornalística Felipe Naveca
do novo coronavírus no país (online)

69 Fiocruz busca identificar

origem e data de chegada da
Matéria jornalística Institucional
Covid-19 no Brasil, através de (online)
dados da Amazônia

70 Covid-19: cartilha e aula aberta

abordam saúde mental de Matéria jornalística Michele El Kadri
(online)
grupos vulnerabilizados

71
Fiocruz amplia ações contra a Matéria jornalística Luiza Garnelo
Covid-19 nos povos indígenas (online)

72 Vírus não foi embora', alertam

Matéria jornalística
especialistas sobre desacelera- (online)
Felipe Naveca
ção da Covid-19 em Manaus

73
Inteligência artificial ajuda a
flagrar a Covid-19 e prever Matéria jornalística Institucional
complicações (online)

74 Máscaras hospitalares ganham

nova vida, com menos custos, Matéria jornalística
(online)
poluição por resíduos e riscos à Pritesh Lalwani
saúde

75 Covid-19: cientistas criam

exame mais rápido e barato Matéria jornalística
(online) Institucional
que PCR

76
Vídeo: pesquisador explica
consequências de mutações Entrevista (vídeo) Felipe Naveca
da Covid-19 no AM

77 Covid-19 avança em comunida-

des indígenas do Rio Negro Matéria jornalística
(online) Luiza Garnelo
após aumento do fluxo
aldeia-cidade
 complicações (online)

74 Máscaras hospitalares ganham

nova vida, com menos custos, Matéria jornalística
(online)
poluição por resíduos e riscos à
saúde
COMBATE À COVID-19 Pritesh Lalwani
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 71
75 Covid-19: cientistas criam
exame mais rápido e barato Matéria jornalística
(online) Institucional
que PCR

76
Vídeo: pesquisador explica
consequências de mutações Entrevista (vídeo) Felipe Naveca
da Covid-19 no AM

77 Covid-19 avança em comunida-

des indígenas do Rio Negro Matéria jornalística
(online) Luiza Garnelo
após aumento do fluxo
aldeia-cidade

78 Indígenas do Amazonas
sãocontaminados pela Covid-19 Matéria jornalística
(online) Luiza Garnelo
durante ida ao banco para
sacar auxílio emergencial
79 Caixa esterilizadora criada em
Manaus permite reutilização de Matéria jornalística
(online) Pritesh Lalwani
máscaras hospitalares

80 Ágora Abrasco - Colóquio - O

Debate online
papel da Pós-Graduação em (vídeo)
Saúde Coletiva no enfrenta- Luiza Garnelo
mento à Covid-19
81 Comitê Pró-Equidade de
Gênero e Raça da Fiocruz Matéria jornalística
(online) Fabiane Vinente
discute saúde indígena e
pandemia
82 Instituições formam consórcio
de pesquisa para Matéria jornalística
(online) Institucional
estudo sobre a prevalência da
Covid-19 em Manaus
83
Fiocruz testará eficácia da Matéria jornalística
vacina contra tuberculose para (online)
Institucional
covid-19

84 Amazonas tem avaliação

Matéria jornalística
favorável da OPAS no enfrenta- (online) Institucional
mento à Covid-19

85 Professores do Brasil realizam

este mês a iniciativa Genomic
Day: SARS-CoV-2 Palestra (vídeo) Felipe Naveca

86 FAS lança websérie sobre

expedições de enfrentamento Matéria jornalística
(online) Institucional
à Covid-19

87 Evento na Fiocruz debate

Matéria jornalística
saúde indígena e (online)
pandemia Institucional
72 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
NA ESSÊNCIA

OSWALDO CRUZ:
A TRAJETÓRIA DO
MÉDICO DEDICADO
À CIÊNCIA
Oswaldo Cruz: The path of a Oswaldo Cruz: La trayectoria de un
doctor dedicated to science médico dedicado a la ciencia

POR FOTOS

Cristiane Barbosa Arquivo Fiocruz

O médico e cientista Oswaldo Gonçalves

Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga
(SP), em 5 de agosto de 1872. Filho de Bento
Gonçalves Cruz e Amália Bulhões Cruz, sua
família se transferiu para o Rio de Janeiro
em 1877 e, na capital, estudou no Colégio
Laure, no Colégio São Pedro de Alcântara
e no Externato Dom Pedro II. Graduou-
se na Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro em 1892, apresentando a tese de
doutoramento “A vehiculação microbiana
pelas águas”. Antes de concluir o curso, já 1897, Oswaldo Cruz viajou para Paris, onde
publicara dois artigos sobre microbiologia permaneceu por dois anos estudando
na revista Brasil Médico. microbiologia, soroterapia e imunologia,
Seu interesse pela microbiologia levou-o no Instituto Pasteur, e medicina legal no
a montar um pequeno laboratório no Instituto de Toxicologia.
porão de sua casa. Contudo, a morte de
seu pai, no mesmo ano de sua formatura, CONSAGRAÇÃO NACIONAL
impediu o aprofundamento de seus E INTERNACIONAL
estudos por um tempo. Dois anos depois,
a convite de Egydio Salles Guerra, que se Apesar da crise, entre 1905 e 1906, Oswaldo
tornaria seu amigo e biógrafo, trabalhou Cruz empreendeu uma expedição a 30
na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde portos marítimos e fluviais de Norte a Sul do
era responsável pela montagem e a chefia país para estabelecer um código sanitário
do Laboratório de Análises Clínicas. Em com regras internacionais. A luta contra

as doenças ganhou reconhecimento
internacional em 1907, quando Oswaldo
Cruz recebeu a medalha de ouro no 14º
Congresso Internacional de Higiene e
Demografia de Berlim, na Alemanha, pelo
trabalho de saneamento do Rio de Janeiro.
Oswaldo Cruz ainda reformou o Código
Sanitário e reestruturou todos os órgãos de
saúde e higiene do País.
Em 1908, o sanitarista foi recepcionado
como herói nacional e, no ano seguinte, o
Instituto passou a levar seu nome. Com a
equipe do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), fez
o levantamento das condições sanitárias
do interior do País. Em 1910, combateu a
malária durante a construção da Ferrovia
Madeira-Mamoré (viajou a Rondônia
com Belisário Penna), e a febre amarela, a
convite do governo do Pará.
GRANDES DESAFIOS
Em 1909, deixou a Diretoria Geral de Saúde
Pública, passando a se dedicar apenas
ao Instituto de Manguinhos, que fora
rebatizado com o seu nome. Do Instituto,
lançou importantes expedições científicas
que possibilitaram a ocupação do interior
NA ESSÊNCIA REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 73
do País. Erradicou a febre amarela no Pará
e realizou a campanha de saneamento da
Amazônia. Permitiu, também, o término
das obras da Estrada de Ferro Madeira-
Mamoré, cuja construção havia sido
interrompida pelo grande número de
mortes entre os operários, provocadas pela
malária.
Em 1913, foi eleito para a Academia
Brasileira de Letras. Em 1915, por motivos
de saúde, abandonou a direção do
Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para
Petrópolis. Eleito prefeito daquela cidade,
traçou vasto plano de urbanização, que
não pode ver construído. Sofrendo de crise
de insuficiência renal, morreu em 11 de
fevereiro de 1917, com apenas 44 anos.
Fonte: portal.fiocruz.br
Texto adaptado da Edição nº 37 da Revista de Manguinhos.
Assista ao vídeo Oswaldo
Cruz na Amazônia, acesse
no QR Code:
74 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA
DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA
REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA 75
76 REVISTA FIOCRUZ
AMAZÔNIA
DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA