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Personagem

Vem do Latin " per sona" significa dizer "pelo som". Na Roma antiga, no teatro não
havia atrizes, os homens faziam o papel feminino. Usavam mascaras, e a plateia os
identificava "pelo som" que saia das mascaras, sem no entanto ver realmente a cara do
ator.
Os personagens são o veículo da emoção. Comunicam sentimentos e estados de espírito,
através dos diálogos e atitudes.

Os primeiros personagens do teatro eram interpretados por máscaras, vestimentas


e posteriormente a utilização de maquiagens. Interpretavam elementos da natureza,
animais depois deuses; mais tarde, pouco a pouco vão surgindo a representação de
seres humanos e grandes heróis. Também os homens comuns tiveram seu lugar na
representação, como, por exemplo, na comédia e na farsa clássica.

O protagonista é o papel de maior importância dentro de um enredo. Na Grécia


e em Roma muitos personagens criados se repetiam em muitas obras e permaneceram
ao longo dos tempos por suas características comuns, os apaixonados ingênuos, os
criados espertos, o velho avarento ou o soldado fanfarrão. Estes personagens resistiram
ao tempo e reapareceram em outras épocas, sendo considerados ainda muito populares
no teatro. Chegando a ser até exigência do público levando atores a estudarem sua
caracterização para os representarem sempre. Os personagens Arlequim e Polichinelo,
por exemplo, da commedia dell´arte, na Itália, ficaram famosos em toda a Europa e que
sobrevivem até os dias atuais.

Um personagem é um personagem não importando de que matéria é feito, o


teatro de bonecos que desde a Antiguidade divertiam as crianças, também criou e
imortalizou personagens que até hoje sobrevivem e encanta as platéias do mundo todo.

Estes personagens que retratam as paixões humanas e comunica-se com pessoas


de diversas partes do mundo, tornam-se universais e sobrevivem ao tempo, por
representarem perfeitamente certos tipos humanos. Hamlet, de Shakespeare, representa
a dúvida humana, Romeu e Julieta, os apaixonados ingênuos, Don Juan, o conquistador,
o sedutor, Fausto com o pacto com o Diabo ou a maldade corporificado em Lady
Macbeth. Personagens e suas histórias escritas e reescritas ao longo dos tempos por
vários autores em diferentes épocas.

Da mesma forma que os personagens são imprescindíveis para que um enredo


ganhe vida, o mesmo valor ou até mesmo superior valor é dado aos atores; pois sem
eles, o teatro não poderia existir. Pode-se conseguir o intento de fazer um espetáculo
sem palco, sem luzes, sem cenários, mas ante isso tudo se não tiver um ator
representando, não estaremos assistindo a um teatro, mesmo que esteja escondido, como
no caso da manipulação de bonecos. Com um ator em cena é certeza de que algo irá
acontecer em cena, algo que provavelmente irá despertar o interesse da platéia que irá
comover ou divertir o público. A comunicação dos atores se dá através dos personagens
e estes, se relacionam com o público, sem isto, não existe a peça teatral. O teatro exige,
pelo menos, expectador, ator e personagem em ação.
Um monólogo, é quando apenas um ator está em cena. Em um monólogo, o ator
pode criar objetos e cenários na sua imaginação. como também simular a presença de
outras personagens no campo do imaginário, conversar com este ente e ouvi-lo; isto
porque é necessário haver o conflito que é o gerador de tensões e confrontos entre
personagens; este enfrentamento contra um inimigo ou até mesmo contra o destino vai
se intensificando até chegar a um ponto culminante, para depois, chegar a uma
resolução.

A Itália dos séculos XV e XVI, não havia perdido a tradição do teatro popular,
como ocorreu com outros países europeus. E nessa força da tradição levada pelos
cômicos pelas ruas e praças que os tipos representados se perpetuaram. O teatro
sobrevivia com seus personagens milenares. Os personagens das peças da commedia dll
´arte mais conhecidos eram:Arlequim: servo misto de ignorante e astuto com
habilidades acrobáticas. Envolvia os personagens e os enredava em suas
confusões;Pantaleão: velho comerciante avarento que se apaixonava apesar de sua
idade;Capitão: soldado fanfarrão e covarde;Polichinelo: criado misto de simplicidade e
graça que adorava comer macarrão;Colombina: criada hábil e sagaz que sabia tirar
proveito das situações.

"Designa, no interior da prosa literária (conto, novela ou romance) e do teatro, os seres


fictícios construídos à imagem e semelhança dos seres humanos: se estes são pessoas
reais, aqueles são "pessoas" imaginárias, se os primeiros habitam o mundo que nos
cerca, os outros movem-se no espaço arquitetado pela fantasia do prosado!: "
(Dicionário de Termos Literários - M. Moisés - Ed. Cultural)
Segundo E.M. Forster, podem classificar as personagens em:
1. Planas (lineares)
Constituídas de uma única idéia ou qualidade; carecem de profundidade. A
personalidade delas é pobre, repetitiva; são previsíveis quanto ao seu comportamento,
infensas à evolução. Jamais nos surpreenderão durante ou ao final da narrativa. Podem
ser subdivididas em:
a) Tipos
São personagens típicas, de contornos e características peculiares e, exatamente por
isso, eternizam-se: quem se esqueceria de Sancho Pança, em D. Quixote? Comadres
fofoqueiras, homossexuais, padres, nos romances, fazem parte deste rol de personagens.
b) Caricaturas
São personagens que têm distorções propositais, a fim de ensejar o cômico, o ridículo, o
satírico: Patrocínio das Neves, a "Titi" do livro A Relíquia, de Eça de Queirós.
2. Redondas
São complexas, bem acabadas interiormente, repelem todo o intuito de simplificação.
São também chamadas de multiformes, e nos surpreenderão porque evoluem na
narrativa. Dinâmicas e tridimensionais, podem ser subdivididas em:
a) Caracteres
São personagens cuja complexidade se acentua, gerando conflitos insolúveis: é o caso
das personagens clássicas gregas: Édipo Rei, Prometeu, Medéia.
b) Símbolos
São personagens que parecem ultrapassar a barreira do mero humano, transcendem.
Ostentam profundidade psicológica e multiplicidade de ações: Diadorim, de Grande
Sertão: Veredas, Ulisses, da ; epopéia grega A Odisséia, de Homero.
Estas personagens, imprevisíveis em suas atitudes, rompem com a linearidade e nos
provocam impactos com suas ações: Medeia, que mata os filhos, apesar de amá-los,
para vingar-se do marido que a trocara por outra mulher; Édipo, que, após ter
descoberto sua verdadeira origem, conclama a multidão e fura os olhos na frente do
povo; Prometeu, que furta o fogo sagrado dos deuses e alia-se aos mortais e andróginos,
castigado, amarrado ao Cáucaso, com uma águia a lhe devorar todos os dias o fígado
que cresce sem parar.
As personagens podem ser caracterizadas física ou psicologicamente, ou ainda, de
ambas as maneiras simultaneamente.
Quanto à atuação no enredo
Esta classificação não segue a concepção do teórico E. M. Forster.
Principais e secundárias
A referência serve para designar que às principais cabe sustentar, como eixo, todos os
fatos inerentes à narrativa. Às secundárias cabe dar suporte à continuidade da história,
intermediando as ações e girando ao redor das principais como seres complementares.
a) Protagonistas
As que encabeçam as ações, sustentam o eixo narrativo. O mesmo que principais.
Leonardo (filho) em Memórias de um Sargento de Milícias é bom exemplo disso.
b) Antagonistas
Designação atual para o antigo vilão. Cabe a elas impedir, dificultar, atormentar a
"vida" das personagens protagonistas. Como observação, seria bom lembrar que as
antagonistas não precisam ser propriamente pessoas; às vezes, são representadas por
sentimentos, grupos sociais, peculiaridades de ordem física, psicológica ou social dos
indivíduos e até podem representar instituições. Suponhamos que você tenha uma
história onde dois indivíduos do mesmo sexo se amem e queiram casar. O antagonista
será o Estado, a sociedade, a Constituição que os impedirá de concretizarem seus
desejos.
c) Coadjuvantes
O mesmo que secundárias. Co-auxiliam no desenvolvimento da história.

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