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(Chapter head:)Problemas térmicos 1D - regime permanente

1 Descrição do problema
Considere o problema, ilustrado na Figura 1, que consiste em uma haste com
uma das extremidades sujeita à temperatura T (0) = Tp , sujeita a uma fonte
interna de calor distribuída, r (x), devida ao efeito Joule, e um ‡uxo de calor
q(L) = qp , prescrito na extremidade x = L.

Fig. 1 - Descriç do problema trmico

Neste caso é a densidade do material e r (x) é a densidade da taxa de energia


interna gerada por unidade de massa.

2 Lei da Conservação da Energia


A taxa de variação da energia armazenada em um corpo é igual à diferença
entre o ‡uxo de energia que entra e o ‡uxo de energia que sai do corpo acrescida
da taxa de energia gerada no corpo.
Considere então um elemento diferencial (1D), como ilustrado na Figura 2.

Fig. 2 - Descriço do elemento diferencial

O termo cp T_ representa a taxa de energia armazenada por unidade de


volume, sendo a densidade do material e cp a capacitância térmica à pressão
constante do material.

1
2.1 Equilíbrio energético
Visando determinar a equação diferencial que governa o problema de condução
de calor da haste, fazemos uso do princípio da condervação da teoria. Com este
objetivo, consideramos o elemento diferencial ilustrado na Figura 3.

Fig. 3 - Elemento diferencial

Consideramos por simplicidade que a fonte interna de calor, por unidade de


volume, r (x) = ro = Cte:, o que nos permite derivar

cp T_ Adx = q (x; t) A q (x + dx; t) A + ro Adx, (1)

sendo A a área da seção transversal da barra e cp o calor especí…co à pressão


constante.
No caso de regime permanente (estacionário), em que

T_ = 0
e
(2)
T (x; t) = T (x)
(problema independente do tempo)
temos
q (x) A q (x + dx) A + ro Adx = 0. (3)
Considerando que o ‡uxo de calor é regular, podemos expandir q (x + dx)
em uma série de Taylor em x.
dq(x)
q (x + dx) = q (x) + dx dx + o dx2
em que (4)
o(dx2 )
limdx!0 dx = 0:

Substituindo (4) em (3) derivamos


h i
q (x) A q (x) + dq(x)
dx dx + o dx2
A + A ro dx = 0
i.e.h i (5)
dq(x) 2
dx dx + o dx A + ro Adx = 0.

Logo,
dq(x) o(dx2 )
dx + dx ro Adx = 0, 8dx. (6)

2
Como resultado,

dq(x) o(dx2 )
+ ro = 0, 8x 2 (0; L). (7)
dx dx

Tomando o limite para dx ! 0, obtemos


dq(x)
dx ro = 0, 8x 2 (0; L). (8)

2.2 Lei de Fourier


Com a aplicação da Lei de Fourier

q (x) = k dTdx(x) (9)

em que k é a condutividade térmica do material, derivamos


2
k d dx
T (x)
2 ro = 0, 8x 2 (0; L) (10)

i.e.
d2 T (x)
dx2 + o = 0, 8x 2 (0; L)
sendo (11)
ro
o = k = Cte:

2.3 Formulação forte do problema térmico 1D em regime


permanente
O problema consiste em determinar o campo de temperatura T (x) solução de
d2 T (x)
dx2 + o=0
sujeito às condições de contorno
T (0) = Tp
e
q(L) = qp (12)
sendo
ro
o = k = Cte: (constantes materiais)
e
q(x) = k dTdx(x) (Lei de Fourier).

Para determinar a solução analítica do problema temos


d2 T (x)
dx2 + o =0 . (13)

Logo,
R d2 T (x) R
dx2 dx = o dx
i.e. (14)
dT (x)
dx = o x + B1

3
e R R
dT (x)
dx dx = f R o x + BR1 g dx
= o xdx + B1 dx + B2
(15)
i.e.
x2
T (x) = o 2 + B1 x + B2
sendo B1 e B2 constantes a serem determinadas pela imposição das condições
de contorno.
Note que:
1. Impondo a condição de contorno
T (0) = Tp (16)
temos
T (0) = B2 = Tp (17)
o que acarreta em
x2 (18)
T (x) = o 2 + B1 x + Tp

2. Impondo a condição de contorno


dT (x)
q(L) = k dx = qp (19)
x=L

temos
dT (x)
k dx = k( oL + B1 )
x=L
e (20)
dT (x)
k dx = qp
x=L
logo
k ( o L + B1 ) = qp
i.e.
qp
o L + B1 = k (21)
i.e.
qp
B1 = o L k

Consequentemente, substituindo (21) e (17) em (15) derivamos


x2 qp
(22)
T (x) = o 2 + oL k x + Tp .
O ‡uxo de calor q (x) é determinado pela aplicação da lei de Fourier,

q(x) = k dTdx(x)
i.e.
qp
q(x) = k ox + oL k
i.e. (23)
q(x) = ro (x L) + qp
em que
ro
o = k

4
2.4 Formulação Fraca do problema térmico 1D - regime
permanente
Neste ponto introduzimos dois conjuntos que são:

1. O conjunto das temperaturas admissíveis, KT ,

KT = T (x)j T (x) suf. regular e T (0) = Tp . (24)

2. O conjunto das variações de temperaturas admissíveis, VarT ,


n o
VarT = T^ (x) T^ (x) suf. regular e T^ (0) = 0 . (25)

Observação: Note que, como a condição de contorno essencial é não trivial,


i.e., T (0) = Tp , o conjunto KT é uma variedade linear, sendo uma translação
do subespaço linear VarT .

KT = fTp (x)g + VarT


(26)
para algum elemento Tp (x) 2 KT .

A relação em (26) nos diz que todo campo de temperatura admissível T (x) 2 KT
pode ser expresso como

T (x) = T ~ (x) + Tp (x)


em que
T ~ (x) 2 VarT
(27)
e
Tp (x) - o qual é um elemento
conhecido (dado) de KT .

Como resultado de (27) podemos formular o problema térmico como:

Determinar o campo de temperatura T (x) 2 KT solução do problema


térmico, ou, alternativamente;
Determinar o campo de temperatura T ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) +
Tp (x), solução do problema térmico. Note que o campo de temperatura
Tp (x) é considerado conhecido.

2.5 Procedimento para a determinação da formulação fraca


do problema
(i) Considere agora a formulação forte do problema térmico, dada por
d2 T (x)
dx2 + o = 0, (28)

para todo x 2 (0; L).

5
(ii) De…na a função resíduo
d2 T (x)
r(T (x)) = dx2 + o.
(29)

(iii) Formule inicialmente o problema:


Determine T (x) 2 KT solução de:
D E
r(T (x)); T^ (x) = 0; 8T^ 2 VarT (30)
L2

ou alternativamente
DetermineT ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) + Tp (x), solução de:
D E
r(T ~ (x) + Tp (x)); T^ (x) = 0; 8T^ 2 VarT . (31)
L2

2
(iv) Proceda as operações a seguir visando reduzir d dxT (x)
2 ! dTdx(x) na formu-
lação integral (fraca) …nal. (redução da regularidade da solução fraca)
De (30) temos
RL d2 T (x)
0 dx2 + o T^ (x) dx = 0, 8T^ 2 VarT
i.e. (32)
R L d2 T (x) RL
0 dx2 T^ (x) dx = 0 oT
^ (x) dx, 8T^ 2 VarT .
Porém,
d2 T dT dT^
d
dx
dT
dx T^ = dx2 T^ + dx dx
i.e. (33)
d2 T dT dT^
dx2 T^ = d
dx
dT
dx T^ dx dx .

Adicionalmente, pelo teorema fundamental do cálculo,


R L d dT L
^ dT ^
0 dx dx T dx = dx T
0
= dTdx(L) ^
T (L) dTdx(0) T^ (0) (34)
dT (L) ^
= dx T (L)
qp ^
= T (L) , k

em que utilizamos as condições: T^ (0) = 0, já que T^ 2 VarT , e q(L) =


k dTdx
(L)
= qp .
Substituindo (33) e (34) em (32) derivamos
R L d dT R L dT dT^ RL
^ ^
0 dx dx T dx 0 dx dx
dx = 0 o T (x) dx
i.e. (35)
qp ^ R L dT dT^ RL
^
k T (L) 0 dx dx
dx = 0 o T (x) dx

i.e. RL RL
dT dT^ qp ^ ^ dx, 8T^ 2 VarT . (36)
0 dx dx dx = k T (L) + 0 oT

6
2.5.1 Formulação fraca do problema térmico
A formulação fraca consiste em determinar T (x) 2 KT solução de
RL dT dT^ qp ^ RL
^ dx, 8T^ 2 VarT . (37)
0 dx dx dx = k T (L) + 0 oT

Note que
KT = fTp (x)g + VarT
(38)
para algum elemento Tp (x) 2 KT .
Logo determinar T (x) 2 KT é equivalente a determinar T ~ (x) 2 VarT , T (x) =
T ~ (x) + Tp (x), para algum Tp (x) 2 KT adequadamente escolhido. Neste caso
particular, podemos escolher

Tp (x) = Tp = Cte: (39)

Fig. 4 - Descriço alternativa do


campo de Temperatura

Como resultado, podemos reformular o problema fraco como: Determinar


T ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) + Tp (x), solução de
RL ^ RL
(T ~ (x) + Tp (x)) dTdx(x) dx = ^ (x) dx qp ^
d
0 dx 0 oT k T (L), 8T^ 2 VarT
i.e.
R L dT ~ (x) dT^(x) RL qp ^
dx = oT
^ (x) dx 8T^ 2 VarT
0 dx dx 0 k T (L),
(40)
Note que o probema consiste em determinar a função T ~ 2 VarT , sendo VarT
um espaço linear. Adicionalmente, como

Tp (x) = Tp = Cte:
temos (41)
dTp (x)
dx = 0.

7
2.6 Formulação fraca do problema térmico
A formulação fraca consiste em determinar T ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) +
Tp (x), solução de
RL dT ~ (x) dT^ (x) RL qp ^
^ (x) dx 8T^ 2 VarT .
0 dx dx dx = 0 oT k T (L),

Note que, a regularidade que se requer de T (x) é que


RL dT (x)
2
2
0 dx + (T (x)) dx < 1, (42)

em que a derivada é determinada no sentido da teoria das distribuições.


O espaço linear destas funções é denominado por H1 (0; L).
Note também que a solução exata do problema é dada por
x2 qp
(43)
T (x) = o 2 + oL k x + Tp ,

a qual pode ser expressa como

T (x) = T ~ (x) + Tp
possibilitando
P a identi…cação de
T ~ (x) = i=1;2 ci i (x)
sendo
i
i (x) = x , i = 1; 2 (44)
qp
c1 = oL k
e
c2 = o
2 .

Como as funções i (x) = xi , i 2 N são linearmente independentes e


como i (x) forma uma base enumerável, cuja expansão linear é densa em
H1 (0; L), podemos aproximar a solução da equação linear do problema
térmico (neste caso determinar a solução exata) através de uma combi-
nação linear destas bases de função.
Note que em casos mais gerais, por exemplo em situações em que a área
transversal é variável, i.e., não constante, a solução exata não seria poli-
nomial. Neste caso, …ca evidente que a utilização de uma base formada
por funções i (x) = xi aproximaria somente no limite a solução exata do
problema.
É importante veri…car que a dimensão do subespaço linear VarT do espaço
linear H1 (0; L) tem dimensão in…nita, i.e.,

dim (VarT ) = 1. (45)

8
3 Método de Galerkin - Discretização do prob-
lema
A ideia do método de Galerkin consiste em de…nir um subespaço de aproximação
VarNT , de dimensão …nita, tal que VarT
N
VarT .
A ideia é de…nir o espaço de aproximação como sendo o subespaço linear ger-
ado por um conjunto de funções linearmente independentes S = f i (x) ; i = 1; :::N g
cujo espaço gerado, i.e., cuja expansão linear, de…ne VarN
T .
Desta forma, de…nimos o subespaço de aproximação como sendo

VarN T = span f i (x) ; i = 1; :::N g


tais que (46)
i (x) 2 VarT ; i = 1; :::N são linearmente independentes.

Inicialmente, por simplicidade, vamos considerar o conjunto de funções for-


madas pelos monômios i (x) = xi , i = 1; :::N . Note que como 0 (x) = 1 6= 0
em x = 0, 0 2 = VarT . Porém, i (x) = xi , i = 1; :::N satisfazem a condição de
contorno essencial i (0) = 0 para i = 1; :::N . Logo, i (x) = xi , i = 1; :::N são
elementos de VarT .
Note que: Como a solução analítica do problema considerado é polinomial,
dada por um polinômio quadrático, a utilização de uma base polinomial na
determinação da solução aproximada, pelo método de Galerkin, fornecerá a
solução exata.
Porém, em casos de carregamentos mais complexos, como o considerado
posteriormente, cuja solução analítica é não polinomial, a solução obtida pela
aplicação do método de Galerkin será aproximada, i.e, aproximará adequada-
mente a solução analítica apenas no limite, quando …zermos N ! 1. A relação
do subespaço de aproximação, VarN T = span f i (x) ; i = 0; :::N g, com o espaço
de solução, VarT , está ilustrado abaixo.

Fig. 5 - Descriço do
subespaço de aproximaço

Veja que

VarNT VarT
já que i (x) 2 VarT para todo i = 1; N
(47)
dim(VarN
T ) = N (número de funções base i (x)).

9
Em suma, se a solução exata (analítica) T (x) 2 VarN
T (for um polinômio de grau
menor ou igual a N ) então a solução aproximada será igual à solução analítica.
= VarN
Caso contrário, i.e., se T (x) 2 T então a nossa solução aproximada, poli-
nomial, será apenas uma aproximação da solução. A aproximação poderá ser
melhorada se aumentarmos o número de bases i (x), i.e., se utilizarmos um N
maior que o utilizado anteriormente.

Fig. 6 - Ilustraço do mecanismo de aproximaço do mtodo de Galerkin

Discretização do problema - Método de Galerkin A ideia proposta


por Galerkin consiste em obter uma solução aproximada do problema térmico
através da formulação do problema no espaço de aproximação, VarN
T .
Desta forma, o problema discretizado consiste em determinar a solução
aproximada Th~ (x) 2 VarN ~
T , Th (x) = Th (x) + Tp , tal que

RL dTh~ dT^ RL qp ^
^ 8T^ 2 VarN (48)
0 dx dx dx = 0 o T dx k T (L), T .

Note que, como VarN T = span f i (x) ; i = 1; :::N g, a solução aproximada do


problema, Th~ (x), pode ser expressa por
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x). (49)

O campo de temperaturas aproximado Th (x) pode então ser calculado como

Th (x) = Th~ (x) + Tp


em que (50)
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x).

De forma análoga, a variação do campo de deslocamentos, T^ (x), pode


PN
T^ (x) = i=1 bi i (x). (51)

10
Substituindo (49) e (51) em (48) temos
R L nPN d j (x)
o nP
N d i (x)
o R L nPN o
0 j=1 aj dx i=1 bi dx dx = 0 o i=1 bi i (x) dx
nP o
qp N
k i=1 bi i (L) , 8T^ 2 VarN T (52)
em que
PN
T^ (x) = i=1 bi i (x).

Note que:

(1) Se de…nirmos a base S = j (x) ; j = 1; :::N de modo que j (x) = xj , a


determinação da solução aproximada dependerá apenas da determinação
das componentes faj ; j = 1; :::N g.

~a - é o vetor das incógnitas do problema; (53)

(2) Por outro lado, dizer que a expressão em (52) deve ser válida para todo
T^ (x) 2 VarN
T , equivale a dizer que a expressão em (52) deve ser válida
para todo fbi ; i = 1; :::N g, já que a base i (x) = xi é conhecida.
~b - é um vetor arbitrário de RN . (54)

Formulação discretizada - do problema térmico 1D - regime perma-


nente Como resultado, podemos reformular o problema discreto como: De-
terminar ~a 2 RN , em que ~a é o vetor das componentes faj ; j = 1; :::N g, tal
que
R L dTh~ dT^ RL qp ^
0
dx =
dx dx
^
o T dx
0
T (L), 8~b 2 RN k
(55)
em que
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x)
e
PN
T^ (x) = i=1 bi i (x) . (56)
sendo
j
j (x) = x , j = 1; :::N .

Substituindo (56) em (55) derivamos


RL P d j (x)
P d i (x)
RL P
0 j=1;N dx aj i=1;N dx bi dx = 0 o i=1;N i (x)bi dx
qp P
k i=1;N i (L)bi , 8~b 2 R N

(57)
i.e.
P nP hR i o P nR o
L d i (x) d j (x) L
i=1;N j=1;N 0 dx dx dx aj bi = i=1;N 0 o i (x)dx bi
qp P ~ N
k i=1;N f i (L)g bi , 8b 2 R .
(58)

11
De…nindo R L i (x) d j (x)
[K]ij = 0 d dx dx dx
como sendo a matriz de condutividade térmica
e
RL qp
(59)
Fi = 0 o i (x)dx k i (L)
como sendo a componente do vetor de
carga térmica equivalente
podemos reescrever (58) como

[K] ~a:~b = F~ :~b, 8~b 2 RN


em que
R L i (x) d j (x)
[K]ij = 0 d dx dx dx
(60)
e
RL qp
Fi = 0 o i (x)dx k i (L).

Como resultado temos que o problema discreto pode ser formulado como: De-
terminar ~a 2 RN solução de

[K] ~a:~b = F~ :~b; 8~b 2 RN , (61)

o que pode ser reescrito como: Determinar ~a 2 RN solução de

[K] ~a F~ :~b = 0; 8~b 2 RN


i.e.
D E (62)
[K] ~a F~ ; ~b = 0; 8~b 2 RN

Note que (62) estabelece que estamos procurando o vetor ~a 2 RN tal que o vetor
~ = [K] ~a F~ seja ortogonal a todo o espaço RN . Porém, o único vetor w
w ~
de RN que é ortogonal a todo o RN é o vetor nulo, i.e.

w
~ = [K] ~a F~ = 0
i.e. (63)
[K] ~a = F~

o que nos fornece o sistema de equações lineares cuja solução é


1
~a = [K] F~ . (64)

Note que, uma vez determinadas as componentes do vetor ~a, podemos obter o
campo de temperatura aproximado, Th~ (x), como
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x)
em que ~a 2 RN é dado por (65)
1
~a = [K] F~ .

12
O campo de temperatura aproximado do problema, Th (x), …ca então dado por

Th (x) = Th~ (x) + Tp


em que (66)
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x).

O campo aproximado do ‡uxo de calor, qh (x), pode ser determinado como


PN d j (x)
qh (x) = k dTdx
h (x)
= k j=1 aj dx . (67)

Para quanti…carmos o problema, vamos considerar que o espaço de aproxi-


mação Var2u = span f i (x) ; i = 1; :::2g, dim(Var2u ) = 2, em que

1 (x) = x
2 (68)
2 (x) = x .

Note que, i (x) 2 VarT , já que i (0) = 0 para i = 1; 2 e i 2 H1 (0; L).


Derivando (68) obtemos
d 1 (x)
dx =1
d 2 (x) (69)
dx = 2x
o que implica
RL 1 2x L L2
[K] = dx = 4 3 . (70)
0 2x 4x2 L2 3L

Por outro lado


RL x qp L
F~ = dx . (71)
0 o x2 k L2
Porém,
RL x 1 2
dx = 2L o , (72)
1 3
0 o x2 3L o

o que implica em
1 2
F~ = 2L o qp L
. (73)
1 3
3L o
k L2
Desta forma, podemos determinar a solução do sistema de equações lineares
como
1
~a = [K] F~ (74)
sendo
4 3
1 L L2
[K] = 3 3 . (75)
L2 L3
Logo,
4 3 1 2
~a = L L2 2L o qp L
(76)
3 3 1 3
L2 L3 3L o
k L2

13
i.e.
1
L o k qp
~a = 1 . (77)
2 o
Consequentemente,

Th~ (x) = a1 1 (x) + a2 2 (x)


i.e. (78)
Th~ (x) = L o
1
k qp x 1
2 ox
2

e
Th (x) = Th~ (x) + Tp
i.e. (79)
Th (x) = L o k1 qp x 1
2 ox
2
+ Tp
a qual é idêntica à solução analítica T (x),
1 1 2
T (x) = L o k qp x 2 ox + Tp (80)

obtida em (22).
Obs.
Este resultado já era esperado. Como a solução exata (analítica) é um
polinômio de segundo grau e como buscamos uma solução aproximada no con-
junto dos polinômios do segundo grau, obtivemos a mesma solução.

Fig. 7 - Ilustraço do mecanismo de aproximaço do mtodo de Galerkin

14
4 Exemplo:
Considere agora o novo exemplo, ilustrado abaixo,

Fig. 8 - Descriç do problema trmico

no qual a haste está sujeita a uma geração interna de calor dada por

(x) = o sin Lx
em que (81)
ro
o = k = Cte:.

A temperatura é prescrita em uma das extremidades, i.e., T (0) = Tp , e na


outra o ‡uxo de calor é considerado nulo (seção isolada termicamente), i.e.,
q(L) = k dTdx
(L)
= 0.
Neste caso, a formulação forte (ou diferencial) do problema consiste em:
Determinar o campo de temperaturas T (x), solução de
d2 T
dx2 + (x) = 0
sujeito às condições de contorno
T (0) = Tp
e
q(L) = 0
sendo (82)
(x) = o sin Lx
ro
o = k = Cte:
e
q(x) = k dTdx(x) .

Para determinar a solução analítica do problema temos


d2 T x (83)
dx2 = o sin L .

Logo
R d2 T
R
dx2 dx = o sin Lx dx
i.e. (84)
dT L
dx = o cos L x + B1

15
e R R R
dT L
dx dx = o cos Lx dx + B1 dx
i.e. (85)
L 2
T (x) = o sin L x + B1 x + B2

sendo B1 e B2 as constantes de integração a serem determinadas, pela imposição


das condições de contorno.
Note que:

1. Impondo a condição de contorno

T (0) = Tp (86)

temos
T (0) = B2 = Tp (87)
o que acarreta em
L 2 (88)
T (x) = o sin Lx + B 1 x + Tp

2. Impondo a condição de contorno

q(L) = k dTdx
(L)
=0 (89)

temos
dT (L) L
dx = o cos LL + B1 = 0 (90)
o que acarreta em
L
B1 = o . (91)

Consequentemente, substituindo (91) em (88) derivamos

L 2 L
T (x) = o sin Lx + o x + Tp . (92)

O ‡uxo de calor é determinado por

q (x) = k dTdx(x) (93)

i.e.
kL
q (x) = o cos Lx +1 . (94)
Note que o campo de temperatura
2
T (x) = L L
o sin L x + o x + Tp
logo
T (x) = T ~ (x) + Tp (95)
implica em
2
T ~ (x) = L L
o sin L x + o x.

16
Porém, o campo de temperatura T (x) pode ser representado por uma série de
Taylor em x = 0. Como resultado,
2 n
1 dT (0) 1 d T (0) 2 1 d T (0) n
T (x) = T (0) + 1! dx x + 2! dx2 x + :::: + n! dxn x + ::::
em que (96)
T (0) = Tp .
Note que
L 2
T ~ (x) = o sin Lx + o
L
x (97)
o qual pode ser aproximado, por uma série de Taylor em x = 0, como
T ~ (x) '
3 5
2 1 3 1 5 1 7
L ox 6 L ox + 120 L3 ox 5040 L5 ox + O x9 . (98)
Como podemos observar, a solução analítica, T (x), pode ser representada por
uma série in…nita dada por
3 5
T (x) = Tp + 2 L ox
1
6 L ox
3
+ 1
120 L3 ox
5 1
5040 L5 ox
7
+ O x9 . (99)

4.1 Solução aproximada por Galerkin


Neste caso, o objetivo é determinar uma solução aproximada, Th (x), dada por
Th (x) = Tp + Th~ (x)
em que
PN
Th~ (x) = i=1 ai i (x) (100)
sendo
i
i (x) = x .

Como Th~ (x) é a melhor solução no subespaço de aproximação dos polinômios


de grau menor ou igual a N , i.e.,
PN
Th~ (x) = i=1 ai i (x)
obteremos
(101)
a1 = 2L o , a2 = 0, a3 = 6L o ,
3
1
a4 = 0, c5 = 120 L3 o , etc....

Neste caso, …ca evidente que a solução analítica (exata) só será obtida no limite,
quando N ! 1, i.e.,
T ~ (x) = limN !1 Th~ (x) . (102)
Este resultado mostra que de fato, o espaço linear VarT tem dimensão in…nita,
já que as funções i (x) = xi são linearmente independentes e a expansão linear
span i (x) = xi , i 2 N VarT
em que
N é o conjunto dos números naturais
(103)
e
span i (x) = xi , i 2 N é denso em VarT .
O espaço H1 (0; L) é um espaço linear separável.

17
4.2 Formulação Forte do problema térmico 1D - regime
permanente
O problema consiste em determinar o campo de temperaturas T (x), solução de
d2 T
dx2 + (x) = 0
sujeito às condições de contorno
T (0) = Tp
e
q(L) = 0
sendo (104)
(x) = o sin Lx
ro
o = k = Cte:
e
q(x) = k dTdx(x) .

4.3 Formulação Fraca do problema térmico 1D - regime


permanente
Neste ponto introduzimos dois conjuntos que são:
1. O conjunto das temperaturas admissíveis, KT ,
KT = T (x)j T (x) suf. regular e T (0) = Tp . (105)

2. O conjunto das variações de temperaturas admissíveis, VarT ,


n o
VarT = T^ (x) T^ (x) suf. regular e T^ (0) = 0 . (106)

Observação: Note que, como a condição de contorno essencial é não trivial,


i.e., T (0) = Tp , o conjunto KT é uma variedade linear, sendo uma translação
do subespaço linear VarT .
KT = fTp (x)g + VarT
(107)
para algum elemento Tp (x) 2 KT .
A relação em (107) nos diz que todo campo de temperatura admissível T (x) 2
KT pode ser expresso como
T (x) = T ~ (x) + Tp (x)
em que
T ~ (x) 2 VarT
(108)
e
Tp (x) - o qual é um elemento
conhecido (dado) de KT .
Como resultado de (108) podemos formular o problema térmico como:

18
Determinar o campo de temperatura T (x) 2 KT solução do problema
térmico, ou, alternativamente;
Determinar o campo de temperatura T ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) +
Tp (x), solução do problema térmico. Note que o campo de temperatura
Tp (x) é considerado conhecido.

4.4 Procedimento para a determinação da formulação fraca


do problema
(i) Considere agora a formulação forte do problema térmico, dada por
d2 T (x) x
dx2 + o sin L = 0, (109)

para todo x 2 (0; L).


(ii) De…na a função resíduo
d2 T (x) x
r(T (x)) = dx2 + o sin L . (110)

(iii) Formule inicialmente o problema:


Determine T (x) 2 KT solução de:
D E
r(T (x)); T^ (x) = 0; 8T^ 2 VarT (111)
L2

ou alternativamente
DetermineT ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) + Tp (x), solução de:
D E
r(T ~ (x) + Tp (x)); T^ (x) = 0; 8T^ 2 VarT . (112)
L2

2
(iv) Proceda as operações a seguir visando reduzir d dxT (x)
2 ! dTdx(x) na formu-
lação integral (fraca) …nal. (redução da regularidade da solução fraca)
De (111) temos
RL d2 T (x)
0 dx2 + o sin L
x
T^ (x) dx = 0, 8T^ 2 VarT
i.e. (113)
R L d2 T (x) RL
0 dx2 T^ (x) dx = 0 o sin L
x
T^ (x) dx, 8T^ 2 VarT .

Porém,
d2 T dT dT^
d
dx
dT
dx T^ = dx2 T^ + dx dx
i.e. (114)
d2 T dT dT^
dx2 T^ = d
dx
dT
dx T^ dx dx .

19
Adicionalmente, pelo teorema fundamental do cálculo,
R L d dT L
^ dT ^
0 dx dx T dx = dx T
0
= dTdx(L) ^
T (L) dTdx(0) T^ (0) (115)
dT (L) ^
= dx T (L)
qp ^
= T (L) , k

em que utilizamos as condições: T^ (0) = 0, já que T^ 2 VarT , e q(L) =


k dTdx
(L)
= qp .
Substituindo (114) e (115) em (113) derivamos
R L d dT R L dT dT^ RL
^ x ^
0 dx dx T dx 0 dx dx
dx = 0 o sin L T (x) dx
i.e. (116)
qp ^ R L dT dT^ RL x ^
k T (L) 0 dx dx
dx = 0 o sin L T (x) dx

i.e.
RL dT dT^ qp ^ RL
0 dx dx dx = k T (L) + 0 o sin L
x
T^ dx, 8T^ 2 VarT . (117)

4.4.1 Formulação fraca do problema térmico


A formulação fraca consiste em determinar T (x) 2 KT solução de
R L dT dT^ q RL
0 dx dx
dx = kp T^ (L) + 0 o sin Lx T^ dx, 8T^ 2 VarT . (118)
Note que
KT = fTp (x)g + VarT
(119)
para algum elemento Tp (x) 2 KT .
Logo determinar T (x) 2 KT é equivalente a determinar T ~ (x) 2 VarT , T (x) =
T ~ (x) + Tp (x), para algum Tp (x) 2 KT adequadamente escolhido. Neste caso
particular, podemos escolher
Tp (x) = Tp = Cte: (120)

Fig. 4 - Descriço alternativa do


campo de Temperatura

20
Como resultado, podemos reformular o problema fraco como: Determinar
T ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) + Tp (x), solução de
RL ^ RL
(T ~ (x) + Tp (x)) dTdx(x) dx =
qp ^
d
0 dx 0 o sin L
x
T^ (x) dx k T (L), 8T^ 2 VarT
i.e.
R L dT ~ (x) dT^(x) RL qp ^
0 dx dx dx = 0 o sin L
x
T^ (x) dx k T (L), 8T^ 2 VarT
(121)
Note que o probema consiste em determinar a função T ~ 2 VarT , sendo VarT
um espaço linear. Adicionalmente, como

Tp (x) = Tp = Cte:
temos (122)
dTp (x)
dx = 0.

4.5 Formulação fraca do problema térmico


A formulação fraca consiste em determinar T ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) +
Tp (x), solução de
RL dT ~ (x) dT^ (x) RL qp ^
0 dx dx dx = 0 o sin L
x
T^ (x) dx k T (L), 8T^ 2 VarT . (123)

4.6 Método de Galerkin - Discretização do problema


A ideia do método de Galerkin consiste em de…nir um subespaço de aproximação
VarNT , de dimensão …nita, tal que VarT
N
VarT .
A ideia é de…nir o espaço de aproximação como sendo o subespaço linear ger-
ado por um conjunto de funções linearmente independentes S = f i (x) ; i = 1; :::N g
cujo espaço gerado, i.e., cuja expansão linear, de…ne VarN
T .
Desta forma, de…nimos o subespaço de aproximação como sendo

VarN T = span f i (x) ; i = 1; :::N g


tais que (124)
i (x) 2 VarT ; i = 1; :::N são linearmente independentes.

Inicialmente, por simplicidade, vamos considerar o conjunto de funções for-


madas pelos monômios i (x) = xi , i = 1; :::N . Note que como 0 (x) = 1 6= 0
em x = 0, 0 2 = VarT . Porém, i (x) = xi , i = 1; :::N satisfazem a condição de
contorno essencial i (0) = 0 para i = 1; :::N . Logo, i (x) = xi , i = 1; :::N são
elementos de VarT .

4.6.1 Formulação discretizada - do problema térmico 1D - regime


permanente
Como resultado, podemos reformular o problema discreto como: Determinar
~a 2 RN , em que ~a é o vetor das componentes faj ; j = 1; :::N g, tal que
RL dTh~ dT^ RL qp ^
0 dx dx dx = 0 o sin L
x
T^ dx k T (L), 8~b 2 RN (125)

21
em que
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x)
e
PN
T^ (x) = i=1 bi i (x) . (126)
sendo
j
j (x) = x , j = 1; :::N .

Substituindo (126) em (125) derivamos


RL P d j (x)
P d i (x)
RL x
P
0 j=1;N dx aj i=1;N dx bi dx = 0 o sin L i=1;N i (x)bi dx
qp P
k i=1;N i (L)bi , 8~b 2 RN
(127)
i.e.
P nP hR i o P nR o
L d i (x) d j (x) L x
i=1;N j=1;N 0 dx dx dx aj bi = i=1;N 0 o sin L i (x)dx bi
qp P
k i=1;N f i (L)g bi , 8~b 2 R .
N

(128)
De…nindo R L i (x) d j (x)
[K]ij = 0 d dx dx dx
como sendo a matriz de condutividade térmica
e
RL qp
(129)
Fi = 0 o sin Lx i (x)dx k i (L)
como sendo a componente do vetor de
carga térmica equivalente
podemos reescrever (125) como

[K] ~a:~b = F~ :~b, 8~b 2 RN


em que
R L i (x) d j (x)
[K]ij = 0 d dx dx dx
e (130)
RL qp
Fi = o 0 sin Lx i (x)dx k i (L)
sendo
ro
o = k = Cte:.

Como resultado temos que o problema discreto pode ser formulado como: De-
terminar ~a 2 RN solução de

[K] ~a:~b = F~ :~b; 8~b 2 RN , (131)

o que pode ser reescrito como: Determinar ~a 2 RN solução de

[K] ~a F~ :~b = 0; 8~b 2 RN


i.e.
D E (132)
[K] ~a F~ ; ~b = 0; 8~b 2 RN

22
Note que (132) estabelece que estamos procurando o vetor ~a 2 RN tal que o
~ = [K] ~a F~ seja ortogonal a todo o espaço RN . Porém, o único vetor
vetor w
~ de RN que é ortogonal a todo o RN é o vetor nulo, i.e.
w

w
~ = [K] ~a F~ = 0
i.e. (133)
[K] ~a = F~

o que nos fornece o sistema de equações lineares cuja solução é


1
~a = [K] F~ . (134)

Note que, uma vez determinadas as componentes do vetor ~a, podemos obter o
campo de temperatura aproximado, Th~ (x), como
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x)
em que ~a 2 RN é dado por (135)
1
~a = [K] F~ .

O campo de temperatura aproximado do problema, Th (x), …ca então dado por

Th (x) = Th~ (x) + Tp


em que (136)
PN
Th~ (x) = j=1 aj j (x).

O campo aproximado do ‡uxo de calor, qh (x), pode ser determinado como


PN d j (x)
qh (x) = k dTdx
h (x)
= k j=1 aj dx . (137)

5 Problema térmico - Convecção


5.1 Introdução
Objetivo: determinação dos campos de temperatura e ‡uxo de calor no interior
e fronteira de um corpo.

5.2 De…nição do problema térmico


O problema consiste na solução do problema clássico dado por: Seja o interior
de um corpo sólido, illustrado na …gura 3.1, em que a fronteira @ é decomposta

23
em @ = T [ q, com T \ q = ?.

3:pdf
Neste ponto, r representa a taxa de calor gerado internamente por unidade de
volume, como por exemplo devido ao efeito Joule. T - representa a parte da
fronteira ou contorno, na qual é prescrita uma distribuição de temperatura, i.e.,
T = T para, ~x 2 T , e q - a parte do contorno na qual é prescrita um ‡uxo
de calor, i.e., qn = ~q:~n = qn , para ~x 2 q .
Nesta análise vamos considerar dois tipos distintos de ‡uxos de calor pre-
scritos, qn , em q , os quais são:
1. Prescrição da distribuição do ‡uxo prescrito diretamente, i.e.,
~q:~n = qn (~x; t); em ~x 2 qq . (138)
Como exemplo temos a condição qn (x) = 0, que representa uma parede
isolada termicamente.
2. Fluxo proveniente da troca de calor do sólido com um ‡uido à uma tem-
peratura Tf , longe da camada limite térmica (convecção). Neste caso, o
‡uxo de calor prescrito é da forma
qn = ~q:~n = h(T Tf ), em ~x 2 qh (139)
em que T é a temperatura na parede (superfície do sólido). Note que como
~n é o vetor unitário que aponta para fora do corpo, temos para T > Tf -
calor é removido do corpo, i.e., qn > 0. No caso em que T < Tf - calor é
transferido para o corpo, i.e., qn < 0.

3.pdf

Fig. 10 - Troca de calor por convecço

24
ou

3.pdf

Fig. 11 - De…nition of the boundary layer and thermal boundary


layer

O coe…ciente h é denominado por coe…ciente de película e depende:

Da geometria;
Do tipo de ‡uido;
Da dinâmica do escoamento.

5.3 Aleta térmica 1D - regime permanente


5.3.1 Descrição do problema
Considere o problema, ilustrado na Figura 1, que consiste em uma haste com
uma das extremidades sujeita à temperatura T (0) = Tp , sujeita a uma fonte
interna de calor distribuída, r (x), devida ao efeito Joule, e um ‡uxo de calor
q(L) = qp , prescrito na extremidade x = L.

Fig. 12 - De…niço do problema da aleta trmica

25
Neste caso é a densidade do material e r (x) é a densidade da taxa de energia
interna gerada por unidade de massa.

6 Lei da Conservação da Energia


A taxa de variação da energia armazenada em um corpo é igual à diferença
entre o ‡uxo de energia que entra e o ‡uxo de energia que sai do corpo acrescida
da taxa de energia gerada no corpo.
Considere então um elemento diferencial (1D), como ilustrado na Figura 2.

Fig. 13 - De…niço do elemento diferencial

O termo cp T_ representa a taxa de energia armazenada por unidade de


volume, sendo a densidade do material e cp a capacitância térmica à pressão
constante do material.

6.1 Equilíbrio energético


Visando determinar a equação diferencial que governa o problema de condução
de calor da haste, fazemos uso do princípio da condervação da teoria. Com este
objetivo, consideramos o elemento diferencial ilustrado na Figura 3.

Fig. 14 - Elemento diferencial

26
Consideramos por simplicidade que a fonte interna de calor, por unidade de
volume, r (x) = ro = o = Cte:, o que nos permite derivar

cp T_ Adx = q (x; t) A q (x + dx; t) A qh Pe dx + o Adx


em que (140)
qh = h(T Tf ),

sendo A a área da seção transversal da barra, cp o calor especí…co à pressão


constante, qh o ‡uxo de calor devido à troca de calor com o ambiente, Pe o
perímetro da seção transversal da aleta e Tf a temperatura do ‡uido ou gás fora
da camada limite térmica.
No caso de regime permanente (estacionário), em que

T_ = 0
e
(141)
T (x; t) = T (x)
(problema independente do tempo)

temos
q (x) A q (x + dx) A qh Pe dx + o Adx = 0. (142)
Considerando que o ‡uxo de calor é regular, podemos expandir q (x + dx)
em uma série de Taylor em x.
dq(x)
q (x + dx) = q (x) + dx dx + o dx2
em que (143)
o(dx2 )
limdx!0 dx = 0:

Substituindo (143) em (142) derivamos


h i
q (x) A q (x) + dq(x)
dx dx + o dx2
A qh Pe dx + A o dx =0
i.e.h i (144)
dq(x) 2
dx dx + o dx A qh Pe dx + o Adx = 0.

Logo,
dq(x) o(dx2 )
dx + dx + qh PAe o Adx = 0, 8dx. (145)

Como resultado,

dq(x) o(dx2 )
+ + qh PAe o = 0, 8x 2 (0; L). (146)
dx dx

Tomando o limite para dx ! 0, obtemos


dq(x)
dx + qh PAe o = 0, 8x 2 (0; L)
em que (147)
qh = h(T Tf ).

27
6.2 Lei de Fourier
Com a aplicação da Lei de Fourier

q (x) = k dTdx(x) (148)

em que k é a condutividade térmica do material, derivamos


2
k d dx
T (x)
2 + h(T Tf ) PAe o = 0, 8x 2 (0; L) (149)

i.e.
d2 T (x)
dx2
h
k (T Tf ) PAe + k
o
= 0, 8x 2 (0; L)
(150)
d2 T (x) h Pe h Pe
k AT + + = 0, 8x 2 (0; L).
o
dx2 k A k
Logo
d2 T (x) h Pe h Pe
dx2 k AT = k A Tf + o
k , 8x 2 (0; L). (151)

6.3 Formulação forte do problema térmico 1D em regime


permanente
O problema consiste em determinar o campo de temperatura T (x) solução de
d2 T (x) h Pe h Pe
k AT= k A Tf + k , 8x 2 (0; L).
o
dx2
sujeito às condições de contorno
T (0) = Tp (condição de contorno essencial)
e (152)
q(L) = qp (condição de contorno natural)
em que
q(x) = k dTdx(x) (Lei de Fourier).

6.4 Determinação da solução analítica


Como a equação diferencial em (152) é não homogênea, i.e.,
d2 T (x) h Pe
dx2 k A T 6= 0 (153)

a solução geral é dada por:

T (x) = Th (x) + Tp (x) (154)

em que Th (x) é a solução geral da equação diferencial homogênea associada,


dada por
d2 Th (x) h Pe
dx2 k A Th = 0
(155)
e Tp (x) é uma solução particular da equação diferencial não homogênea, i.e,

d2 T (x) h Pe h Pe
dx2 k A T = k A Tf + o
k . (156)

28
6.4.1 Solução geral da equação diferencial homogênea
O problema consiste então na determinação da solução geral Th (x) de
d2 Th (x) h Pe
dx2 k A Th = 0. (157)
Para a determinação da solução geral Th (x) buscamos soluções da forma
Th (x) = e x
note que
dTh (x)
dx = e x (158)
e
d2 Th (x)
dx2 = 2e x.
Substituindo (158) em (157) obtemos
2 x h Pe x
e k A e =0
i.e. (159)
2 h Pe x
k A e = 0.
x
Como e 6= 0 temos
2 h Pe
k A =0
i.e.
2 h Pe
= k A (160)
i.e. q
h Pe
= k A
logo q
h Pe
1 = k A
e q (161)
h Pe
2 = k A
A solução geral da equação diferencial homogênea é então dada por
1x 2x
Th (x) = c1 e + c2 e
em que
q
h Pe
1 = k A (162)
e q
h Pe
2 = k A ,
sendo c1 e c2 constantes a serem determinadas pela imposição das condições de
contorno.
Neste caso particular podemos expressar alternativamente (162) como
Th (x) = k1 cosh( 1 x) + k2 sinh( 2 x)
em que
q
h Pe
1 = k A (163)
e q
h Pe
2 = k A = 1

29
em que k1 e k2 são constantes a serem determinadas pela imposição das condições
de contorno e
2x e 2x
sinh( 2 x) = e 2
e (164)
e 1 x +e 1 x
cosh( 1 x) = 2 .
Os grá…cos destas funções estão ilustrados abaixo.

Fig. 15 - Gr…co da funço seno


hiperblico de x.

30
e

Fig. 16 - Gr…co da funço cosseno


hiperblico de x.

6.4.2 Determinação de uma solução particular da euqação não ho-


mogênea.
O objetivo consiste em determinar uma solução particular Tp (x) da equação
diferencial não homogênea,
d2 Tp (x) h Pe h Pe
dx2 k A Tp (x) = k A Tf + o
k . (165)

Neste caso particular podemos buscar uma solução do tipo:

Tp (x) = ao = Cte:. (166)

Note que
dTp (x)
dx =0
e (167)
d2 Tp (x)
dx2 = 0.

31
Substituindo (166) e (167) em (165) obtemos
h Pe h Pe
k A ao = k A Tf + k
o

i.e. (168)
[ hk PAe Tf + ko ]
ao = .
( hk PAe )
Logo
[ hk PAe Tf + ko ]
Tp (x) = = Cte: (169)
( hk PAe )
é solução da equação não homogênea.
A solução geral da equação diferencial é
T (x) = Th (x) + Tp (x)
em que
Th (x) = k1 cosh( 1 x) + k2 sinh( 2 x) (170)
e
[ h Pe Tf + o ]
Tp (x) = Tp (x) = k Ah Pe k = Cte:.
(k A )

6.4.3 Imposição das condições de contorno


(i) Para a determinação das constantes k1 e k2 impomos as condições de con-
torno, as quais são:
T (0) = Tp
e
q(L) = qp (171)
em que
q(x) = k dTdx(x) (Lei de Fourier).

(i) Imposição de T (0) = Tp .


Note que
[ hk PAe Tf + ko ]
T (x) = k1 cosh( 1 x) + k2 sinh( 2 x) + (172)
( hk PAe )
logo, veja os grá…cos na …gura 15 e 16,
[ hk PAe Tf + ko ]
T (0) = k1 + = Tp
( hk PAe )
i.e. (173)
[ hk PAe Tf + ko ]
k1 = Tp .
( hk PAe )
Como resultado
[ hk PAe Tf + ko ] [ hk PAe Tf + ko ]
T (x) = Tp cosh( 1 x) + k2 sinh( 2 x) + .
( hk PAe ) ( hk PAe )
(174)

32
(ii) Imposição de q(L) = qp .
Note que
q(L) = qp
i.e. (175)
k dTdx(x) = qp .
Porém, h i
d d e 2x e 2x
dx [sinh( 2 x)] = dx 2
2x 2x
= 2
2 e +e
= 2 cosh( 2 x)
e h i (176)
d d e 1 x +e 1x
dx [cosh( 1 x)] = dx 2
1x 1x
= 2 e
1
e
= 1 sinh( 1 x).

Como resultado

q(L) = k dTdx(x) = qp
x=L
i.e.
d
k dx fT (x)gjx=L = qp
i.e.
[ hk PAe Tf + ko ] d d
k Tp dx [cosh( 1 x)] + k2 dx [sinh( 2 x)] = qp
( hk PAe )
i.e.
[ hk PAe Tf + ko ] qp
Tp 1 sinh( 1 L) + k2 2 [cosh( 2 L)] =
( hk PAe ) k

i.e.
[ hk PAe Tf + ko ] q
Tp sinh( 1 L) k2 [cosh( 1 L)] = k p1
( hk PAe )
i.e.
[ hk PAe Tf + ko ] q
Tp sinh( 1 L) k2 [cosh( 1 L)] = k p1
( hk PAe )
(177)
em que
2 = 1
e q (178)
h Pe
1 = k A .
Logo

1 qp [ hk PAe Tf + ko ]
k2 = + Tp sinh( 1 L) . (179)
cosh( 1 L) k 1 ( hk PAe )

33
Substituindo (179) em (174) determinamos a solução analítica

[ hk PAe Tf + ko ] [ hk PAe Tf + ko ]
T (x) = Tp cosh( 1 x) + k2 sinh( 2 x) +
( hk PAe ) ( hk PAe )
em que
1 qp [ hk PAe Tf + ko ]
k2 = + Tp sinh( 1 L)
cosh( 1 L) k 1 ( hk PAe )
q
h Pe
1 = k A
e
2 = 1.
(180)
Para determinar o ‡uxo de calor aplicamos a Lei de Fourier

q(x) = k dTdx(x) (Lei de Fourier) (181)

o que acarreta em

[ hk PAe Tf + ko ]
q(x) = k 1 Tp sinh( 1 x) k2 cosh( 2 x)
( hk PAe )
em que
1 qp [ hk PAe Tf + ko ]
k2 = + Tp sinh( 1 L)
cosh( 1 L) k 1 ( hk PAe ) (182)
q
h Pe
1 = k A
e
2 = 1.

6.5 Formulação Forte do problema térmico 1D - regime


permanente
O problema consiste em determinar o campo de temperaturas T (x), solução de
d2 T (x) h Pe
dx2 T (x) + hk PAe Tf +
k A
o
k =0
sujeito às condições de contorno
T (0) = Tp
e (183)
q(L) = qp
em que
q(x) = k dTdx(x) (Lei de Fourier).

6.6 Formulação Fraca do problema térmico 1D - regime


permanente
Neste ponto introduzimos dois conjuntos que são:

34
1. O conjunto das temperaturas admissíveis, KT ,

KT = T (x)j T (x) suf. regular e T (0) = Tp . (184)

2. O conjunto das variações de temperaturas admissíveis, VarT ,


n o
VarT = T^ (x) T^ (x) suf. regular e T^ (0) = 0 . (185)

Observação: Note que, como a condição de contorno essencial é não trivial,


i.e., T (0) = Tp , o conjunto KT é uma variedade linear, sendo uma translação
do subespaço linear VarT .

KT = fTp (x)g + VarT


(186)
para algum elemento Tp (x) 2 KT .

A relação em (186) nos diz que todo campo de temperatura admissível T (x) 2
KT pode ser expresso como

T (x) = T ~ (x) + Tp (x)


em que
T ~ (x) 2 VarT
(187)
e
Tp (x) - o qual é um elemento
conhecido (dado) de KT .

Como resultado de (187) podemos formular o problema térmico como:

Determinar o campo de temperatura T (x) 2 KT solução do problema


térmico, ou, alternativamente;
Determinar o campo de temperatura T ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) +
Tp (x), solução do problema térmico. Note que o campo de temperatura
Tp (x) é considerado conhecido.

6.7 Procedimento para a determinação da formulação fraca


do problema
(i) Considere agora a formulação forte do problema térmico, dada por
d2 T (x) h Pe h Pe
dx2 k A T (x) + k A Tf + o
k = 0, (188)

para todo x 2 (0; L).


(ii) De…na a função resíduo
d2 T (x) h Pe h Pe
r(T (x)) = dx2 k A T (x) + k A Tf + o
k = 0. (189)

35
(iii) Formule inicialmente o problema:
Determine T (x) 2 KT solução de:
D E
r(T (x)); T^ (x) = 0; 8T^ 2 VarT (190)
L2

ou alternativamente
DetermineT ~ (x) 2 VarT , T (x) = T ~ (x) + Tp (x), solução de:
D E
r(T ~ (x) + Tp (x)); T^ (x) = 0; 8T^ 2 VarT . (191)
L2

2
(iv) Proceda as operações a seguir visando reduzir d dxT (x)
2 ! dTdx(x) na formu-
lação integral (fraca) …nal. (redução da regularidade da solução fraca)
De (191) temos
RL d2 T (x)
0 dx2
h Pe
k A T (x) + h Pe
k A Tf + k
o
T^ (x) dx = 0, 8T^ 2 VarT
(192)
i.e.
RL d2 T (x) ^ RL RL
0 dx2 T (x) dx 0
h Pe
k A T (x) T^ (x) dx = 0
h Pe
k A Tf + k
o
T^ (x) dx, 8T^ 2 VarT
i.e.
R L d2 T (x) RL RL
0 dx2 T^ (x) dx h Pe
k A 0
T (x) T^ (x) dx = h Pe
k A Tf + k
o
0
T^ (x) dx, 8T^ 2 VarT .
(193)

36

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