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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS


DAS410074 – MODELAGEM DE SISTEMAS DINÂMICOS

ADRIANO SILVA MARTINS BRANDÃO

MODELAGEM DE REATOR CONTINUAMENTE AGITADO (CSTR) COM CAMISA TÉRMICA

FLORIANÓPOLIS
JUL/16
Trabalho solicitado pelo Prof.
Nestor Roqueiro, como avaliação
na disciplina Modelagem de
Sistemas Dinâmicos.

Florianópolis, julho de 2016

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 4
2. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ........................................................................................................... 4
3. ABORDAGEM DO PROBLEMA ........................................................................................................ 4
3.1. VARIÁVEIS DE INTERESSE COMO SAÍDAS DO MODELO ............................................................................... 4
3.2. GRANDEZAS IMPORTANTES PARA DESCREVER O PROCESSO ....................................................................... 5
3.3. PRINCIPAIS HIPÓTESES CONSIDERADAS.................................................................................................. 5
4. MODELAGEM FENOMENOLÓGICA ................................................................................................. 7
4.1. BALANÇO DE MASSA GLOBAL NO REATOR .............................................................................................. 7
4.2. BALANÇO DE MASSA DO COMPONENTE A.............................................................................................. 8
4.3. BALANÇO DE ENERGIA NO REATOR ..................................................................................................... 10
4.4. BALANÇO DE MASSA NA CAMISA ....................................................................................................... 14
4.5. BALANÇO DE ENERGIA NA CAMISA ..................................................................................................... 14
5. SIMULAÇÃO NUMÉRICA .............................................................................................................. 15
5.1. PARÂMETROS DO MODELO .............................................................................................................. 16
5.2. CENÁRIOS CONSIDERADOS PARA SIMULAÇÃO ....................................................................................... 17
6. RESULTADOS E CONCLUSÕES ........................................................................................................ 18
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 21

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo a obtenção e análise de um modelo dinâmico de um


CSTR com camisa térmica. O modelo deve ser construído de forma permitir simulação
de aplicações de controle de processos. Para tal, serão assumidas hipóteses que tornem
o modelo representativo de uma certa faixa de seus parâmetros. As dinâmicas que não
são representativas para uma faixa das variáveis envolvidas, são simplificadas ou não
serão contempladas no processo de modelagem.

2. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

O reator perfeitamente agitado (continuous stirred-tank reactor model, CSTR) é um tipo


de reator ideal, no qual assume-se que a mistura dos componentes dentro do reator é
perfeita. Neste reator, considera-se a reação exotérmica simples e em fase líquida A→B,
com cinética de primeira ordem e a presença de uma camisa térmica com fluido, com
objetivo de retirar o excesso de calor gerado pela reação. A Figura 1 apresenta uma
representação simplificada do reator, explicitando algumas variáveis de interesse.

Figura 1. Esquema com as entradas, saídas e estados a serem considerados

A seguir, apresenta-se uma abordagem qualitativa do problema, estabelecendo as


variáveis de interesse, suas relações e como estas variam.

3. ABORDAGEM DO PROBLEMA

3.1. Variáveis de interesse como saídas do modelo

O objetivo de um reator é promover uma reação química, portanto a concentração dos


componentes no reator são saídas interessantes para o modelo. Como se considera uma

4
reação simples A→B, somente é relevante conhecer a concentração do reagente
limitante (neste caso, a concentração de A). Por se tratar de uma reação exotérmica, as
temperaturas do sistema serão alteradas, sendo interessante ter como saída do sistema
a temperatura no reator.
Observando o reator da perspectiva de um tanque, com vazões de carga e descarga, é
interessante ter como saída do modelo a altura da coluna de líquido dentro do reator,
enquanto que quando se consideram as trocas térmicas com a camisa, é interessante
ter como saída do sistema a temperatura do fluido de resfriamento na descarga da
camisa.

3.2. Grandezas importantes para descrever o processo

A construção física do reator e da jaqueta possui grande influência na dinâmica dos


processos a serem modelados, portanto características construtivas como volume da
camisa, área da secção transversal do reator, coeficiente global de troca térmica e área
de troca térmica são importantes grandezas, interferindo nas trocas de energia e
acúmulo de massa do sistema. As características termodinâmicas dos componentes
(como massa específica e capacidade calorífica) nos fluxos tanto no reator quanto na
camisa são relevantes para as trocas térmicas que ocorrem no sistema, portanto devem
ser considerados no modelo.
A seguir serão apresentadas as principais hipóteses utilizadas na construção do modelo,
bem como as justificativas para tais.

3.3. Principais hipóteses consideradas

O modelo será proposto para um sistema onde todos os componentes estão na fase
líquida, portando têm-se as hipóteses:
H1 - Todas as correntes (entrada e saída) no reator estão em fase líquida;

H2 – Não ocorre mudança de fase no reator;


H3 – Todos os fluidos considerados são incompressíveis;
Também será considerado que todas as propriedades termodinâmicas de todos os
elementos químicos envolvidos na reação, como capacidade calorífica e massa
específica, são constantes. Logo, têm-se as hipóteses:
H4 – As massas específicas de todos os elementos envolvidos na reação são
constantes;
A hipótese de cada massa específica de cada componente ser constante
é válida quando se considera que as pressões no sistema são constantes

5
a expansão volumétrica destas espécies em função da temperatura é
considerada desprezível para faixas de temperatura pequenas.
H5 – A densidade média da mistura no reator é constante e igual a ρ;
Esta hipótese é estabelecida por conveniência, de forma a simplificar o
cálculo da massa em cada corrente do reator, sendo válida quando os
elementos da mistura possuem massas específicas parecidas.
H6 – Os calores específicos a pressão constante (Cp) e a volume constante (Cv)
são iguais;
Esta hipótese é válida para fluidos incompressíveis.
H7 – Os calores específicos a pressão constante (Cp) e a volume constante (Cv)
são constantes;
O cálculo de Cp e Cv em função da temperatura pode ser obtido através
de polinômios, que a depender da faixa de temperatura considerada para
cada substância, pode ser considerado constante.
Por simplicidade, também será considerada a hipótese:
H8 – Perdas caloríficas para a vizinhança são desprezíveis;
A validade desta hipótese pode estar associada ao isolamento térmico do
sistema, tornando muito pequenas as perdas térmicas para o ambiente,
quando comparadas com as temperaturas do sistema.
Sobre a reação, são feitas as seguintes hipóteses:
H9 – A reação é irreversível;
H10 – A reação é de primeira ordem;
A ordem da reação é determinada experimentalmente, e está relacionada
a estequiometria da reação. Ela influencia diretamente a velocidade da
reação.
H11 – Não ocorrem outras reações em paralelo;
Hipótese que simplifica a modelagem da cinética das reações envolvidas.
É uma hipótese razoável quando se considera que a corrente de carga do
reator possui apenas o componente A.
Por se tratar de um CSTR, as seguintes hipóteses são consideradas:
H12 – A mistura no reator e perfeita, ou seja:
Não existem gradientes de densidade no reator;
Não existem gradientes de temperatura no reator.
As hipóteses levantadas, especialmente as que dizem respeito a parâmetros
termodinâmicos do sistema, permitem concluir que o modelo a ser obtido será válido

6
apenas para pequenas faixas de temperatura, ou para substâncias que possuam
parâmetros termodinâmicos pouco variantes com a temperatura.

4. MODELAGEM FENOMENOLÓGICA

A seguir, será apresentado o desenvolvimento das equações que compõem o modelo


dinâmico proposto. Estas equações são obtidas a partir das leis de conservação de massa
(lei de Lavoisier) e energia (primeira lei da termodinâmica) aplicadas ao volume de
líquido no reator e na camisa térmica.
4.1. Balanço de massa global no reator

O balanço de massa global para o reator pode genericamente expresso por:


𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟
= 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 − 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑎𝑖 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟

Analisando a parcela do acúmulo de massa no sistema, temos:


𝑑𝑚(𝑡) 𝑑𝑉(𝑡) 𝑑ℎ(𝑡)
= ρ. = ρ. Aa
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Sendo:
𝑚(𝑡) Massa no interior do reator
ρ Densidade do fluido no reator
𝑉(𝑡) Volume ocupado pelo fluido no reator
Aa Área da secção transversal do reator
ℎ(𝑡) Altura ocupada pelo conteúdo do reator

Pois considerando H5 e sendo a área da secção transversal do reator constante ao longo


da altura do reator, temos:
𝑚(𝑡) = ρ. V(t)
𝑉(𝑡) = Aa . ℎ(𝑡)

Analisando a parcela da massa que entra no reator e levando em consideração H5,


temos:
𝑚𝑖𝑛 (𝑡) = ρ. Fin (𝑡)
Sendo:
𝑚𝑖𝑛 (𝑡) Massa que entra no reator
ρ Densidade do fluido que entra no reator
𝐹𝑖𝑛 (𝑡) Vazão volumétrica na carga do reator

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Similarmente, analisando a parcela da massa que sai do reator, temos:
𝑚𝑜𝑢𝑡 (𝑡) = ρ. F𝑜𝑢𝑡 (𝑡)

Sendo:
𝑚𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Massa que sai do reator
ρ Densidade do fluido que sai do reator
𝐹𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Vazão volumétrica na descarga do reator

Unindo as parcelas do balanço de massa global no reator, temos:


𝑑ℎ(𝑡)
ρ. Aa = ρ. Fin (𝑡) − ρ. F𝑜𝑢𝑡 (𝑡)
𝑑𝑡
𝑑ℎ(𝑡) ρ. Fin (𝑡) − ρ. F𝑜𝑢𝑡 (𝑡)
=
𝑑𝑡 ρ. Aa

Por fim, obtemos:

𝑑ℎ(𝑡) Fin (𝑡) − F𝑜𝑢𝑡 (𝑡)


=
𝑑𝑡 Aa

4.2. Balanço de massa do componente A

O balanço de massa para o componente A pode ser genericamente expresso por:


𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝐴 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟
= 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝐴 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟 − 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝐴 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑎𝑖 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟
+ 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝐴 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 − 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝐴 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑎çã𝑜

Analisando a parcela do acúmulo de massa de A, temos:


𝑑𝑚𝐴 (𝑡) 𝑑(𝐶𝐴 (𝑡). 𝑉(𝑡)) 𝑑(𝐶𝐴 (𝑡). ℎ(𝑡)) 𝑑(𝐶𝐴 (𝑡)) 𝑑(ℎ(𝑡))
= = Aa . = Aa . ℎ(𝑡). + Aa . 𝐶𝐴 (𝑡).
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Sendo:
𝑚𝐴 (𝑡) Massa do componente A no interior do reator
𝐶𝐴 (𝑡) Concentração do componente A no reator
𝑉(𝑡) Volume ocupado pelo fluido no reator
Aa Área da secção transversal do reator
ℎ(𝑡) Altura ocupada pelo conteúdo do reator

Pois considerando H5 e sendo a área da secção transversal do reator constante ao longo


da altura do reator, temos:
𝑚𝐴 (𝑡) = CA (𝑡). V(t);

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𝑉(𝑡) = Aa . ℎ(𝑡)

Analisando a parcela da massa de A que entra no reator, temos:


𝑚𝐴,𝑖𝑛 (𝑡) = CA,in (𝑡). Fin (𝑡)

Sendo:
𝑚𝐴,𝑖𝑛 (𝑡) Massa do componente A que entra no reator
𝐶𝐴,𝑖𝑛 (𝑡) Concentração do componente A na corrente de carga do reator
𝐹𝑖𝑛 (𝑡) Vazão volumétrica na carga do reator
Similarmente, analisando a parcela da massa de A que sai do reator, temos:
𝑚𝐴,𝑜𝑢𝑡 (𝑡) = CA,out (𝑡). Fout (𝑡)

Sendo:
𝑚𝐴,𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Massa do componente A que sai do reator
𝐶𝐴,𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Concentração do componente A na corrente de descarga do reator
𝐹𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Vazão volumétrica na descarga do reator

Considerando que o componente A é reagente e H9, temos na parcela da massa de A


gerada na reação:
𝑚𝐴,𝑔𝑒𝑛 (𝑡) = 0

Sendo:
𝑚𝐴,𝑔𝑒𝑛 (𝑡) Massa do componente A gerada na reação

Analisando a parcela da massa de A consumida pela reação, temos:


𝐸

𝑚𝐴,𝑐𝑜𝑛 (𝑡) = 𝑉(𝑡). Γ(𝑡) = 𝑉(𝑡). 𝐾. 𝐶𝐴 (𝑡) = 𝑉(𝑡). 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡) . 𝐶 (𝑡)
𝐴
𝐸

= 𝐴𝑎 . ℎ(𝑡). 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡) . 𝐶 (𝑡)
𝐴

Sendo:
𝑚𝐴,𝑐𝑜𝑛 (𝑡) Massa do componente A consumida pela reação
𝑉(𝑡) Volume ocupado pelo fluido no reator
Γ(𝑡) Velocidade da reação
𝐾 Constante de velocidade da reação química
𝐶𝐴 (𝑡) Concentração do componente A no reator
𝑘0 Fator pré-exponencial da equação de Arrhenius
𝐸 Energia de ativação da reação
𝑅 Constante dos gases ideais
𝑇(𝑡) Temperatura no reator
Pois considerando H10 e sendo a constante de velocidade da reação dada pela equação
de Arrhenius, temos:
Γ(𝑡) = 𝐾. 𝐶𝐴 (𝑡)1
𝐸

𝐾 = 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡)

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𝑉(𝑡) = 𝐴𝑎 . ℎ(𝑡)

Unindo as parcelas do balanço de massa do componente A, temos:


𝑑(𝐶𝐴 (𝑡)) 𝑑(ℎ(𝑡))
Aa . ℎ(𝑡). + Aa . 𝐶𝐴 (𝑡).
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝐸

= CA,in (𝑡). Fin (𝑡) − CA,out (𝑡). Fout (𝑡) − 𝐴𝑎 . ℎ(𝑡). 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡) . 𝐶 (𝑡)
𝐴

Passando o termo da derivada da altura para o outro lado da equação:


𝑑(𝐶𝐴 (𝑡))
Aa . ℎ(𝑡).
𝑑𝑡
𝐸

= CA,in (𝑡). Fin (𝑡) − CA,out (𝑡). Fout (𝑡) − 𝐴𝑎 . ℎ(𝑡). 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡) . 𝐶 (𝑡)
𝐴
𝑑(ℎ(𝑡))
− Aa . 𝐶𝐴 (𝑡).
𝑑𝑡
Dividindo a equação por Aa. ℎ(𝑡):
𝑑(𝐶𝐴 (𝑡)) CA,in (𝑡). Fin (𝑡) CA,out (𝑡). Fout (𝑡) Aa . ℎ(𝑡) 𝐸

= − − 𝐶𝐴 (𝑡). 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡)
𝑑𝑡 Aa . ℎ(𝑡) Aa . ℎ(𝑡) Aa . ℎ(𝑡)
𝐴𝑎 . 𝐶𝐴 (𝑡) 𝑑(ℎ(𝑡))
− .
𝐴𝑎 . ℎ(𝑡) 𝑑𝑡

Finalmente, considerando que a concentração na descarga do reator é igual a


concentração no reator oobtemos:

𝑑(𝐶𝐴 (𝑡)) CA,in (𝑡). Fin (𝑡) CA (𝑡). Fout (𝑡) 𝐸 𝐶𝐴 (𝑡) 𝑑(ℎ(𝑡))

= − − 𝐶𝐴 (𝑡). 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡) − .
𝑑𝑡 Aa . ℎ(𝑡) Aa . ℎ(𝑡) ℎ(𝑡) 𝑑𝑡
𝑑(ℎ(𝑡))
Note que pode ser obtido da expressão do balanço de massa.
𝑑𝑡

4.3. Balanço de energia no reator

O balanço de energia no reator pode ser genericamente expresso por:

𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑛𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟


= 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 − 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑎𝑖 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜
+ 𝑇𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎𝑠 + 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜

Considerando a parcela do acúmulo de energia no reator, temos:

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𝑑(𝐸(𝑡)) 𝑑(𝑈(𝑡) + 𝐾(𝑡) + 𝑃(𝑡))
=
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Sendo:
𝐸(𝑡) Energia do sistema
𝑚(𝑡) Massa do sistema
𝑈(𝑡) Energia interna do sistema
𝐾(𝑡) Energia cinética do sistema
𝑃(𝑡) Energia potencial do sistema

Em sistemas químicos, é possível desprezar as componentes de energia cinética e


energia potencial pois estas são pequenas quando comparadas com a energia interna.
Logo, a expressão do acúmulo de energia no reator pode ser escrita como:
𝑑(𝐸(𝑡)) 𝑑(𝑈(𝑡))
= .
𝑑𝑡 𝑑𝑡
A energia interna pode ser expressa como:
𝑈(𝑡) = 𝐻(𝑡) − 𝑃𝑟 (𝑡). 𝑉(𝑡)
Sendo:
𝐻(𝑡) Entalpia do sistema
𝑃𝑟 (𝑡) Pressão do sistema
𝑉(𝑡) Volume do sistema

Considerando a hipótese H3, é possível afirmar que o produto 𝑃𝑟 (𝑡). 𝑉(𝑡) é desprezível quando
comparado com a entalpia, logo:

𝑈(𝑡) = 𝐻(𝑡)

Ou seja:
𝑑(𝐸(𝑡)) 𝑑(𝐻(𝑡))
=
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Considerando H6 e H7, a variação da entalpia dada por:
𝑑(𝐻(𝑡)) 𝑑(𝑇(𝑡)) 𝑑(𝑇(𝑡)) 𝑑(𝑇(𝑡))
= 𝑚(𝑡). 𝐶𝑝 . = C𝑝 . ρ. V(t). = C𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡).
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Sendo:
𝑚(𝑡) Massa do sistema
𝐶𝑝 Capacidade calorífica a pressão constante do fluido no reator
𝑇(𝑡) Temperatura do sistema
𝑉(𝑡) Volume do sistema
ℎ(𝑡) Altura ocupada pelo conteúdo do reator
ρ Densidade do sistema
Aa Área da secção transversal do reator

Portanto, temos:

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𝑑(𝐸(𝑡)) 𝑑(𝑇(𝑡))
= 𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡).
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Analisando a parcela da energia que entra com o fluxo:


𝐸𝑖𝑛 (𝑡) = 𝑚𝑖𝑛 (𝑡). 𝐶𝑝 . 𝑇𝑖𝑛 (𝑡) = ρ. Fin (t). Cp . Tin (t)

Sendo:
𝐸𝑖𝑛(𝑡) Energia que entra pela carga do reator
𝑚𝑖𝑛 (𝑡) Massa que entra no sistema
𝐶𝑝 Capacidade calorífica a pressão constante do fluido no reator
𝑇𝑖𝑛 (𝑡) Temperatura na carga do sistema
Ρ Densidade do sistema
𝐹𝑖𝑛 Vazão na carga do reator

Similarmente, analisando a parcela da energia que sai pelo fluxo:


𝐸𝑜𝑢𝑡 (𝑡) = 𝑚𝑜𝑢𝑡 (𝑡). 𝐶𝑝 . 𝑇𝑜𝑢𝑡 (𝑡) = ρ. F𝑜𝑢𝑡 (t). Cp . T𝑜𝑢𝑡 (t)

Sendo:
𝐸𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Energia que sai pela descarga do reator
𝑚𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Massa que sai do reator
𝐶𝑝 Capacidade calorífica a pressão constante do fluido no reator
𝑇𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Temperatura na descarga do sistema
ρ Densidade do sistema
𝐹𝑜𝑢𝑡 Vazão na descarga do reator

Analisando a componente de trocas térmicas:


𝐸𝑡𝑡(𝑡)= − 𝐸𝑐𝑎𝑚 (𝑡) − 𝐸𝑟𝑒𝑎𝑐 (𝑡)

Sendo:
𝐸𝑡𝑡 (𝑡) Energia das trocas térmicas
𝐸𝑐𝑎𝑚 (𝑡) Energia da troca térmica com a camisa do reator
𝐸𝑟𝑒𝑎𝑐 (𝑡) Energia da reação química

A componente de troca térmica com a camisa é dada por:


𝐸𝑐𝑎𝑚 (𝑡) = 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡)

Sendo:
U Coeficiente global de troca térmica
𝐴 Área de troca térmica
𝑇(𝑡) Temperatura no reator
𝑇𝑗 (𝑡) Temperatura na camisa

A componente da energia da reação química é dada por:

12
𝐸

𝐸𝑟𝑒𝑎𝑐 (𝑡) = 𝑉(𝑡). Δ𝐻. Γ(𝑡) = Aa . ℎ(𝑡). Δ𝐻. Γ(𝑡) = Aa . ℎ(𝑡). Δ𝐻. 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡) . 𝐶 (𝑡)
𝐴

Sendo:
𝑉(𝑡) Volume ocupado pelo fluido no reator
Δ𝐻 Calor de reação
Γ(𝑡) Velocidade da reação
𝐶𝐴 (𝑡) Concentração do componente A no reator
𝑘0 Fator pré-exponencial da equação de Arrhenius
𝐸 Energia de ativação da reação
𝑅 Constante dos gases ideais
𝑇(𝑡) Temperatura no reator
𝐶𝐴 (𝑡) Concentração do componente A no reator
ℎ(𝑡) Altura ocupada pelo conteúdo do reator

Portanto, a componente das trocas térmicas é dada por:


𝐸

𝐸𝑡𝑡(𝑡)= − 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡)) − ρ. Aa . 𝐶𝐴 (𝑡). ℎ(𝑡). Δ𝐻. 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡)

A componente do trabalho, no balanço de energia é desprezível pois o único trabalho


realizado sobre o sistema é feito pelo agitador, sendo esta energia pequena quando
comparada com as outras componentes do balanço de energia, logo:
W(t) = 0
Sendo:
𝑊(𝑡) Trabalho

Substituindo as expressões no balanço de massa, temos:


𝑑(𝑇(𝑡))
𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡).
𝑑𝑡
= ρ. Fin (t). Cp . Tin (t) − ρ. F𝑜𝑢𝑡 (t). Cp . T𝑜𝑢𝑡 (t) − 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡))
𝐸

− Aa . 𝐶𝐴 (𝑡). ℎ(𝑡). Δ𝐻. 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡)

Dividindo a equação por 𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡), temos:

𝑑(𝑇(𝑡)) ρ. Fin (t). Cp . Tin (t) ρ. F𝑜𝑢𝑡 (t). Cp . T𝑜𝑢𝑡 (t) 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡))
= − −
𝑑𝑡 𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡) 𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡) 𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡)
𝐸

Aa . 𝐶𝐴 (𝑡). ℎ(𝑡). Δ𝐻. 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡)

𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡)

Considerando que a temperatura na descarga do reator é igual a temperatura no reator,


finalmente temos:

13
𝐸

𝑑(𝑇(𝑡)) Fin (t). Tin (t) F𝑜𝑢𝑡 (t). T(t) 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡)) 𝐶𝐴 (𝑡). Δ𝐻. 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡)
= − − −
𝑑𝑡 Aa . ℎ(𝑡) Aa . ℎ(𝑡) 𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡) ρ. 𝐶𝑝

4.4. Balanço de massa na camisa

O balanço de massa da camisa térmica pode ser genericamente escrito como:


𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑖𝑠𝑎
= 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑖𝑠𝑎 − 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑎𝑖 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑖𝑠𝑎

Considerando que a camisa está sempre cheia do fluido térmico e considerando que o
fluido térmico é incompressível e com densidade constante, é possível afirmar que não
existe acúmulo de massa na camisa. Logo, o balanço de massa é trivial e pode ser escrito
como:
𝑚𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) = 𝑚𝑗,𝑜𝑢𝑡 (𝑡)

ρj . 𝐹𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) = ρ𝑗 . 𝐹𝑗,𝑜𝑢𝑡 (𝑡)

𝐹𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) = 𝐹𝑗,𝑜𝑢𝑡 (𝑡)

Sendo:
𝑚𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) Massa de fluido térmico que entra na camisa
𝑚𝑗,𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Massa de fluido térmico que sai da camisa
ρ𝑗 Densidade do fluido térmico da camisa
𝐹𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) Vazão volumétrica na carga da camisa
𝐹𝑗,𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Vazão volumétrica na descarga da camisa

4.5. Balanço de energia na camisa

O balanço de energia para a camisa térmica pode ser genericamente expresso por:

𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑖𝑠𝑎


= 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 − 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑎𝑖 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜
+ 𝑇𝑟𝑜𝑐𝑎𝑠 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎𝑠 + 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜

De forma similar ao balanço de energia para o reator, mas considerando que não existe
reação na camisa, temos a expressão:

𝑑 (𝑇𝑗 (𝑡)) Fj,in (t). Tj,in (t) . F𝑗,𝑜𝑢𝑡 (t). T𝑗 (t) 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡))
= − +
𝑑𝑡 Vj Vj 𝐶𝑝,𝑗 . ρj . Vj

Sendo:
𝑇𝑗 (𝑡) Temperatura do fluido térmico na camisa
𝑇𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) Temperatura do fluido térmico que entra na camisa
ρ𝑗 Densidade do fluido térmico da camisa

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𝐹𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) Vazão volumétrica na carga da camisa
𝐹𝑗,𝑜𝑢𝑡 (𝑡) Vazão volumétrica na descarga da camisa
𝐶𝑝,𝑗 Capacidade calorífica a pressão constante do fluido térmico na camisa

Do balanço de massa da camisa, temos que 𝐹𝑗,𝑖𝑛 (𝑡) = 𝐹𝑗,𝑜𝑢𝑡 (𝑡), portanto:

𝑑 (𝑇𝑗 (𝑡)) Fj,in (t). Tj,in (t) . F𝑗,𝑖𝑛 (t). T𝑗 (t) 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡))
= − +
𝑑𝑡 Vj Vj 𝐶𝑝,𝑗 . ρj . Vj

Colocando Fj,in (t) em evidência, tempo finalmente:

𝑑 (𝑇𝑗 (𝑡)) Fj,in (t). (Tj,in (t) − T𝑗 (t)) 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡))


= +
𝑑𝑡 Vj 𝐶𝑝,𝑗 . ρj . Vj

Portanto, o modelo proposto para o reator é dado pelo sistema de equações:


𝑑ℎ(𝑡) Fin (𝑡) − F𝑜𝑢𝑡 (𝑡)
=
𝑑𝑡 Aa
𝐸
𝑑(𝐶𝐴 (𝑡)) CA,in (𝑡). Fin (𝑡) CA (𝑡). Fout (𝑡) − 𝐶 (𝑡) 𝑑(ℎ(𝑡))
= − − 𝐶𝐴 (𝑡). 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡) − 𝐴 .
𝑑𝑡 Aa . ℎ(𝑡) Aa . ℎ(𝑡) ℎ(𝑡) 𝑑𝑡
𝐸

𝑑(𝑇(𝑡)) F (t). Tin (t) F𝑜𝑢𝑡 (t). T(t) 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡)) 𝐶𝐴 (𝑡). Δ𝐻. 𝑘0 . 𝑒 𝑅.𝑇(𝑡)
= in − − −
𝑑𝑡 Aa . ℎ(𝑡) Aa . ℎ(𝑡) 𝐶𝑝 . ρ. Aa . ℎ(𝑡) ρ. 𝐶𝑝
𝑑 (𝑇𝑗 (𝑡)) Fj,in (t). (Tj,in (t) − T𝑗 (t)) 𝑈. 𝐴. (𝑇(𝑡) − 𝑇𝑗 (𝑡))
= +
{ 𝑑𝑡 Vj 𝐶𝑝,𝑗 . ρj . Vj

5. SIMULAÇÃO NUMÉRICA

Após obtido o modelo, foi implementado um simulador que permita observar o


comportamento dinâmico dos estados do sistema. Ao analisar o sistema de equações
obtido no item anterior, é possível classifica-lo como Sistema de Equações Diferenciais
Ordinárias (SEDO) Não Lineares a Parâmetros Concentrados. A solução deste tipo de
SEDO é possível utilizando uma grande variedade de solvers disponíveis no Matlab®.
Foram implementadas duas formas de simular o sistema:

 Uma função que representa o SEDO, de forma a permitir a utilização dos solvers
de EDO’s do Matlab por linha de código. Esta implementação permite rapidez de
cálculo, mas torna mais difícil modificar as entradas do sistema.

15
 Uma s-function e um diagrama Simulink®. Este tipo de implementação é
interessante pois permite facilidade na manipulação das entradas, visualização
fácil dos resultados e modularização, apesar de ser computacionalmente mais
exigente que a solução em linha de código.
O Quadro 1 apresenta a relação dos nomes dos arquivos gerados e suas funções.
Quadro 1. Relação dos arquivos gerados

Nome do arquivo Descrição


simCSTR.slx Diagrama Simulink da simulação, elaborado no Matlab 2015a
simCSTR.mdl Diagrama Simulink da simulação, em formato .mdl para maior
compatibilidade com versões anteriores do Matlab.
EDO_simCSTR.m S-function com o sistema de equações do modelo
EDO_CSTR.m Função com o sistema de equações do modelo, na forma
utilizada pelos solvers do Matlab (ex.: edo15s)

5.1. Parâmetros do modelo

Os parâmetros do modelo, que foram adaptados de [1], são dados na Tabela 1 e as


condições iniciais consideradas na Tabela 2:

Tabela 1. Parâmetros estáticos da simulação

Parâmetro Valor Unidade


𝑨𝒂 1,1310 m²
𝒌𝟎 2x107 s-1
𝑬 7x104 J.mol-1
𝑹 8,314462 J.K-1.mol-1
𝚫𝑯 -7x104 J.mol-1
𝛒 1000 kg.m-3
𝑪𝒑 3000 J.kg-1.K-1
𝑽𝒋 0,1 m-3
𝑼 900 W.m-2.K-1
𝑨 20 m²
𝛒𝐣 1000 kg.m-3
𝑪𝒑,𝒋 4200 J.kg-1.K-1

Tabela 2. Condições iniciais dos estados do sistema

Estado Valor Unidade


𝑪𝒂 (𝟎) 3900 mol.m-3
𝑻(𝟎) 320,5 K
𝑻𝒋 (𝟎) 325,0 K
𝒉(𝟎) 1,32 m

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5.2. Cenários considerados para simulação

Para avaliar o comportamento dinâmico do modelo, considera-se os valores iniciais para


as entradas do sistema mostrados na Tabela 3.
Tabela 3. Valores iniciais das entradas do modelo

Entrada Valor inicial Unidade


𝑪𝒂,𝒊𝒏 (𝟎) 3900 mol.m-3
𝑭𝒊𝒏 (𝟎) 3x10-4 m3.s-1
𝑭(𝟎) 3x10-4 m3.s-1
𝑻𝒊𝒏 (𝟎) 295 K
𝑭𝒋 (𝟎) 5x10-2 m3.s-1
𝑻𝒋,𝒊𝒏 (𝟎) 320 K

Com base nestes valores, são propostos quatro cenários para simulação:
5.2.1. Cenário 1: Entradas fixas
Neste cenário, são consideradas constantes todas as entradas. O sistema
é simulado por um tempo suficiente para que os estados se estabilizem.
Esta simulação se encontra no arquivo simCSTR_cenario1.slx.
5.2.2. Cenário 2: Vazões turbulentas nas cargas
Neste cenário, as vazões de carga do reator e de carga da camisa são
representadas por um sinal aleatório de média igual ao respectivo valor
na Tabela 3, e variâncias iguais a 6x10-6 e 10x10-4 respectivamente. O
objetivo desta simulação é avaliar o comportamento do sistema ao
comportamento turbulento típico das vazões em processos industriais.
Esta simulação se encontra no arquivo simCSTR_cenario2.slx.
5.2.3. Cenário 3: Variações nas temperaturas das cargas
Neste cenário, é aplicado um aumento de +10% na temperatura da carga
do reator e de -10% na temperatura da carga da camisa em instantes
diferentes. O objetivo desta simulação é verificar a influência das
temperaturas da carga na concentração de A e nas temperaturas na
descarga. Esta simulação se encontra no arquivo simCSTR_cenario3.slx.
5.2.4. Cenário 4: Variação na concentração de A na carga
Neste cenário, a concentração de A na carga do reator é aumentada em
10% e são observadas as influências nas temperaturas nas descargas e na
concentração de A na descarga do reator. Esta simulação se encontra no
arquivo simCSTR_cenario4.slx.

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6. RESULTADOS E CONCLUSÕES

Os gráficos das saídas resultantes de cada um dos cenários são apresentados nas figuras
2, 3, 4 e 5.
Analisando a resposta do Cenário 1, percebe-se que, apesar da concentração de A na
descarga variar consideravelmente (aproximadamente 1000 mol.m-3). As temperaturas
da camisa e do reator não variam muito (menos de um grau em ambas). Também se
percebe que a dinâmica da concentração de A e das temperaturas é lenta, tomando
várias horas para estabilizar. O nível se mantém constante pois as vazões de carga e
descarga do reator são mantidas constantes e iguais.
No Cenário 2, observa-se que a turbulência imposta ao sistema afeta todas as saídas,
mas nem todas de forma significativa. Enquanto a temperatura na descarga do reator
chega a variar com amplitude máxima de aproximadamente 20 K, a concentração de A
na descarga tem comportamento muito parecido com o apresentado no Cenário 1. A
temperatura da descarga da camisa também varia consideravelmente na presença da
turbulência. A variação acentuada das temperaturas do sistema pode representar um
problema para a validade do modelo, pois as propriedades termodinâmicas assumidas
constantes podem ter mudanças representativas caso o reator trabalhe em uma faixa
de temperaturas muito ampla. É importante notar que as turbulências aplicadas às
vazões foram grandes, o que pode justificar as grandes variações nas temperaturas.
Considerando que não foi aplicado um sistema de controle no nível, este variou pouco
(amplitude máxima de aproximadamente 0,3m).
Analisando a concentração de A no Cenário 3, é possível perceber que a variação da
temperatura da carga do reator tem efeito muito pequeno quando comparado com o
efeito da variação da temperatura da carga da camisa. Um comportamento similar a
este é observado nas temperaturas de descarga do reator e da camisa. As variações nas
temperaturas foram acentuadas quando se aplicou a variação na temperatura na carga
da camisa, o que levanta considerações similares as realizadas no Cenário 2 sobre a
representatividade do modelo. Apesar disto, em processos reais a temperatura na carga
da camisa não costuma ter grandes variações, portanto o modelo ainda pode ser
considerado representativo
Por fim, analisando o Cenário 4, observa-se que a variação da concentração de A na
carga do reator não interfere muito nas temperaturas do sistema, mas apresenta
impacto representativo na concentração de A na descarga do reator.
O resultado das simulações permite concluir que o modelo apresenta comportamentos
esperados para as variáveis de saída, mas também sinaliza que para vazões de carga
muito turbulentas, a representatividade do modelo pode ser pequena devido às grandes
variações de temperatura que podem ser atingidas.

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Figura 2. Cenário 1

Figura 3. Cenário 2

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Figura 4. Cenário 3

Figura 5. Cenário 4

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7. REFERÊNCIAS

[1] CORRIOU, JEAN-PIERRE. Process Control: Theory and Applications. London: Springer-
Verlag,2004. p 684.
[2] PANNOCCHIA, GABRIELE; RAWLINGS, JAMES B. Disturbance Models for Offset-Free
Model-Predictive Control. AIChE Journal, Vol. 49, No. 2, 2003.
[3] FERNANDES, FABIANO A. N.; PIOZZO, SANDRO M.; MORAES JR, DEVALDO.
Termodinâmica Química, Disponível em:< http://www.eq.ufc.br/MD_Termodinamica.pdf>.
Data de acesso 06/07/2016.
[4] MAZZUCCO, MARCOS MARCELINO. INTRODUÇÃO AOS BALANÇOS DE MASSA E ENERGIA
Disponível em:<http://www.eqm.unisul.br/prof/marcos/cursos/bme/
Introducao_Balancos_Massa_e_energia.pdf>. Data de acesso 06/07/2016.

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