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MODELAGEM DO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO XL23

Anderson Luan Borges de Sousa¹, Felipe de Oliveira¹


Filipe Coelho²
Universidade São Francisco
andersonluan.sousa@gmail.com ; f_oliveira@hotmail.com
1
Alunos do Curso de Engenharia Química, Universidade São Francisco; Campus Swift
2
Professor do Curso de Engenharia Química, Universidade São Francisco; Campus Swift.

RESUMO
A modelagem é um recurso matemático que pode ser muito útil em projetos de engenharia.
Através desta ferramenta e com o auxílio de softwares especiais é possível realizar simulações
de processo, as quais podem gerar informações importantes que permitirão com que haja a
possibilidade de propor melhorias no processo, por consequência colaborando para uma
melhor compreensão de seu comportamento.
O emprego de modelagem em sistemas de refrigeração por compressão a vapor é o tema deste
trabalho em que propõe estudar e avaliar o ciclo de refrigeração de uma bancada didática
denominada conjunto para estudo de refrigeração por compressão a vapor modelo XL23. E,
através da simulação computacional, construir um modelo que reproduza o comportamento do
sistema real, que identifique a capacidade frigorífica do ciclo, descreva suas características e,
através da manipulação de parâmetros, ofereça a chance de identificar também possíveis
melhorias visando o aumento de desempenho do mesmo, realizando portanto, otimização do
sistema.

PALAVRAS-CHAVE: Modelagem, simulação, sistema de refrigeração

ABSTRACT

Modeling is a mathematical resource, which can be beneficial to engineering projects.


Through this tool and the inclusion of special software, it is possible to create process
simulations. These simulations can provide important information which opens the possibility
of proposing process improvements. Consequently, it furnishes a better understanding of its
behavior.
The employment of modeling in vapor compression refrigeration systems is the theme of this
work. It proposes the study and assessment of a refrigeration cycle teaching bench named set
for the vapor compression refrigeration studying model XL23. Through computational
simulation, one is able to build a model which reproduces the behavior of the authentic
system and identifies the cycle's cooling capacity. It also describes its characteristics and finds
upgrades in order to increase performance levels, optimizing the system.

KEYWORDS: Modeling, simulation, refrigeration system.


1. INTRODUÇÃO
O crescente desenvolvimento de tecnologias, aliado ao avanço econômico ao longo
dos anos e a demanda por alta produtividade do segmento industrial, fez com que a junção das
duas vertentes fosse estabelecida a fim de alcançar melhor performance no atendimento a
exigência mundial de consumo. Assim a engenharia está presente em todo esse
desenvolvimento contínuo e é responsável por introduzir cada vez mais as ferramentas
tecnológicas para tornar seus processos cada vez mais eficientes.
Com o aprimoramento do processamento de dados dos computadores modernos, a
possibilidade de planejamento e modelamento matemático leva a uma minimização de tempo
em todas as áreas de processos industriais, abrindo um leque de opções que a indústria não
dispunha no passado, como consequência o desperdício de matéria-prima, mão de obra,
energia dentre outros fatores não tivessem o devido controle.
Para engenharia o uso de simuladores é um recurso importante no treinamento e de
desenvolvimento de processos, bem como de sistemas de refrigeração industrial, seja quando
o mesmo compõe um todo na forma de uma etapa retirando calor de um processo, ou até
mesmo quando a retirada de calor de um ambiente é o foco principal de um processo, como
exemplo os grandes frigoríficos, que necessitam de grandes e complexos sistemas.
Deste modo o domínio dos diferentes simuladores, agrega de maneira direta aos
engenheiros que se envolvem no projeto de construção de SR (Sistema de Refrigeração), já
que, a modelagem matemática permite realizar um número infinito de testes e aplicações do
complexo industrial, sem de fato comprometer a estrutura, a produção, e o rendimento
energético.
O objetivo deste trabalho é desenvolver um modelo matemático e estudar a simulação
do processo de Refrigeração, utilizando uma bancada de refrigeração didática para
investigação.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 SISTEMAS TÉRMICOS


Quando se pretende entender um sistema térmico, é válido salientar que a
termodinâmica é um conceito importante para estudo do sistema em questão. A
termodinâmica pode ser definida como estudo da energia que envolve um sistema, um
processo, até uma reação. Diz respeito a qual caminho a transferência de energia tende a ir de
forma espontânea (ÇENGEL; BOLES, 2013).
Smith, Van e Abbotti (2007) descrevem a primeira lei “Embora a energia assuma
varias formas, a quantidade total de energia é constante e, quando energia em uma forma
desaparece, ela reaparece simultaneamente em outras formas”, esse regimento também é
conhecido como conservação de energia, em que o sistema e suas vizinhanças independentes
da natureza da transformação sempre irá manter as mesmas quantidades de energia.
Em vista de que diferentes sistemas de processos nas indústrias se baseiam nos mais
variados mecanismos de troca térmica, seja para retirada ou adição de calor em uma
determinada etapa, é notável que o engenheiro, estudante ou profissional da área técnica em
questão possa verificar e predizer o desempenho do item que se está trabalhando a partir das
taxas de transferência e manipulação do calor.
2.1.1 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO

Nos mais diversos segmentos industriais, a refrigeração está presente como


componente chave do processo. Seja numa Fábrica de processos químicos, ou de manufatura
de comódites e até mesmo na construção civil, esse tipo de sistema emprega papel relevante
na manutenção e otimização dos resultados produtivos (DOSSAT, 1980).
Desta maneira, compreender um sistema de refrigeração, assim como seus
componentes, sua dinâmica e princípio de funcionamento se torna assunto essencial ao buscar
o melhor rendimento energético para os mais complexos segmentos de produção, sabendo-se
que para estes casos são utilizados sistemas de grande porte, e por menos que seja o aumento
na eficiência energética, o impacto será refletido diretamente nos custos produtivos.

2.1.2 CICLO DE CARNOT PARA SISTEMES DE REFRIGERAÇÃO

Na idealização do sistema de Carnot evidenciado na Figura 1, é retratado o sistema de


refrigeração como um ciclo ideal, constituído por um compressor, um condensador, uma
turbina e um evaporador e estes estão interligados entre si de forma cíclica para que o fluido
refrigerante atravesse todos os componentes. Cada componente do ciclo tem uma função
específica e exerce um efeito sobre o fluido refrigerante que está transitando pelo ciclo.

Fonte: Moran; et al, 2013

Figura 1 - Princípio de funcionamento do ciclo de refrigeração de Carnot

Como exemplificado na Figura 1, o fluido entra inicialmente pelo evaporador como


mistura de líquido e vapor saturado, e neste estágio ocorre absorção de calor por parte do
fluido pois este está a temperatura baixa em relação ao ambiente externo em contato que
possui temperatura maior que o gás refrigerante provocando assim a troca térmica. Pressão e
temperatura do fluido permanecem constantes, ao sair do evaporador atinge o estado de vapor
saturado.
Em seguida o fluído é encaminhado ao compressor que através da energia elétrica
convertida em trabalho provoca aumento de pressão e consequentemente de temperatura,
mudando seu estado para vapor super-aquecido.
Após sofrer estas transformações o fluido segue para o condensador o qual tem
contato com uma região externa que se encontra mais fria que o mesmo provocando troca de
calor. O fluido refrigerante, ao perder calor muda novamente de fase agora como líquido
saturado, pressão e temperatura permanecem constantes na passagem pelo condensador.
Para fechar o ciclo e voltar ao evaporador, o fluído passa por uma turbina. Neste
estágio pressão e temperatura diminuem e, além disso, a passagem pela turbina provoca nova
mudança de fase retornando à mistura líquido vapor e ainda geração de trabalho.
O coeficiente de desempenho do ciclo de refrigeração é descrito pela equação em que
β é o coeficiente de desempenho, Ql é a energia do reservatório frio, Wl energia líquida de
trabalho realizada pelo compressor.

COPR = Ql/ Wl (equação 1)

2.1.3 REFRIGERAÇÃO CICLO REAL

Conforme segunda lei da termodinâmica, um sistema jamais poderá transferir toda


energia absorvida de uma vizinhança para outra, as diferenças de temperatura entre o fluido
refrigerante e as vizinhanças que se busca a troca de calor devem ser modificadas em relação
ao processo ideal. O fluido deve então chegar a uma temperatura abaixo do sistema que se
pretende retirar calor, para que se mantenha o ambiente na temperatura desejada. De maneira
análoga deve ser necessário manipular a temperatura do refrigerante de modo que o mesmo
tenha uma temperatura elevada em relação a vizinhança que se deseja dissipar o calor.
Portanto é necessário um maior emprego de energia na forma de trabalho vindo do
compressor, tendo como consequência a queda no rendimento do sistema.
A Figura 3 abaixo ilustra o comportamento do fluido frente as vizinhanças que se
deseja manipular a troca térmica, em que T’H e T’C são as temperaturas quente e frio do
fluido, e TH e TC são as temperaturas quente e frio das vizinhanças (MORAN et al. 2013).

Fonte: Moran et al, 2013

Figura 3 - Diagrama de fases comparando as temperaturas do fluido refrigerante e a


vizinhança.
No sistema de Carnot seria desejável o uso de uma turbina afim de se reutilizar a
energia que ainda reside no fluido, porém, no sistema real a energia que pode ser
reaproveitada é desprezível, fazendo com que a manutenção de uma turbina tenha um custo
elevado quando comparado a energia gerada. Como resultado, não é de utilidade utilizar uma
turbina, sendo este componente substituído por uma válvula estrangulamento, gerando o
mesmo efeito sobre o fluido, mas com preço de manutenção irrelevante comparada a turbina
(ÇENGEL e BOLES, 2013).

Agora, o modelo que corresponde ao sistema de refrigeração ideal pode ser revisado,
considerando os efeitos das novas variáveis para o sistema real, conforme indicado na Figura
4.

FIGURA 4. Ciclo de refrigeração real

Definido o funcionamento básico do sistema de um sistema de refrigeração, cabe aos


engenheiros, técnicos, estudantes e professores definirem os melhores parâmetros e condições
de operação do equipamento em função da aplicação.

2.2 MODELAGEM MATEMÀTICA E SIMULAÇÂO

Simulação é uma etapa essencial no processo de engenharia. Simular significa


desenvolver um modelo operacional, baseado em um processo real, e realizar testes
experimentais com o modelo afim de compreender melhor o processo ou até avaliar formas de
melhoria.
Modelagem e otimização são conceitos que estão atrelados ao termo simulação, visto
que os modelos concebidos dependem de dados experimentais e para atingir uma boa
aproximação do modelo real necessitam passar por ajustes, ou seja, um processo
melhoramento ou otimização. Além disso a modelagem ocorre em ambiente virtual, para isso
a tecnologia dos softwares serve plataforma para estes modelos.
Em processos de engenharia química a aplicação de simulação requer bastante
conhecimento técnico, como propriedades físicas da substância, configuração de reatores,
processos e técnicas para resolução de equações diferenciais.
A principal função de uma simulação em processos de engenharia é a execução de
fluxogramas de processo, ou seja, com o auxílio de computador são realizados os balaços de
massa e calor em estado estacionário de um processo químico, além de dimensionamentos e
custeio.
O avanço em simulação foi exponencial nas últimas décadas acompanhando a
computação, portanto, atualmente a simulação está presente nas mais avançadas atividades de
engenharia seja no âmbito operacional, em projetos ou pesquisa e desenvolvimento.
Para demonstrar o quanto a simulação é importante na indústria química basta elencar
os seguimentos em que esta está presente como no de setor petróleo e gás, refinarias,
petroquímicas, química fina, orgânicos, inorgânicos, polímeros, papel e celulose, nuclear,
energia, entre outros.
A história da simulação começa em 1966 nos Estados Unidos onde uma pequena
empresa passa e comercializar seu programa de computador para simulação colunas de
destilação, mais tarde outra empresa americana desenvolve um produto similar desta vez
voltado a indústria de petróleo e gás, com a introdução da linguagem de programação
FORTRAN na década de 70 os simuladores tiveram um grande avanço tecnológico e esta
linguagem até hoje compõe muitos dos simuladores atuais mesmo com interfaces mais
modernas. Após uma grande crise do petróleo surge por volta de 1976 o Aspen Project, um
simulador de alta velocidade o qual foi um marco, daí em diante muitos simuladores foram
desenvolvidos e o setor evoluiu bastante, inclusive o próprio Aspen que ainda continua
figurando entre os líderes de mercado. Os simuladores são hoje capazes de representar uma
planta inteira com alto nível de acuracidade e são indispensáveis para qualquer estudo que
envolva processo de engenharia.
Modelagem e simulação possuem uma série de conceitos básicos que devem ser
compreendidos antes do seu estudo, a seguir vamos citar alguns deles:

 Processo é o arranjo de unidades de operação integradas


entre si;
 Modelo é a descrição matemática do processo;
 Bases para modelos referem-se às leis fundamentais da
química e física;
 Equação é a expressão matemática que relaciona
variáveis.

A modelagem possui também seus elementos básicos que são: descrição de processo e
definição do problema, teoria e aplicação das leis fundamentais, equacionamento,
considerações, consistência, solução desejada, matemática e computação, solução e validação.
Com o auxílio do simulador de processos químicos ASPEN PLUS® modelou-se o
sistema de refrigeração de uma bancada didática modelo XL23 da empresa LABTRIX
presente no laboratório de Engenharia Química da Universidade São Francisco localizada em
Campinas.
Ao final do trabalho almejou-se aliar a simulação de um ciclo de refrigeração real,
com as disciplinas bases no currículo de engenharia, tais como, termodinâmica, sistemas
térmicos, transferência de calor e massa, controle de processos, tendo como respostas um
modelo representativo que permita melhorias na manipulação de parâmetros para fins de
otimização.

4. METODOLOGIA

Tendo como objetivo final a obtenção do modelo matemático que represente a


bancada de refrigeração XL23, o trabalho inicial consistiu da familiarização com a bancada a
fim de identificar as formas de operação e como direcionar a modelagem de seus elementos.
Para familiarização do elementos da planta o manual traz especificações técnicas dos
fabricantes dos respectivos componentes sendo eles, compressor, evaporador, condensador e
válvula de expansão, como também dos sitemas de instrumentação e monitoramento que são
os sensores de temperatura, pressão e painel de operação respectivamente.

4.1 SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO XL23

A bancada de refrigeração XL23, objeto de estudo do presente trabalho, opera na


forma de um ciclo de compressão á vapor e contém basicamente em sua estrutura os
componentes básicos de um conjunto de refrigeração, sendo divida em dois conjuntos. Um
responsável por retirar calor com fluido refrigerante sendo este o sistema de refrigeração e
outro por doar calor sendo a água sua subtância de trabalho, chamada de sistema de carga
térmica.
Com um evaporador do tipo placa chevron, da marca Apema constituido por 14
placas, esse elemento se caracteriza por realizar a troca térmica entre dois fluidos, sendo que,
obrigatoriamente deve existir diferença de temparatura entre eles. Apesar de apresentar um
design compacto, esse modelo apresenta uma grande área superficial uma vez que as placas
estão sobrepostas, tendo entre elas dutos por onde acontecem as trocas térmicas sempre em
sentido opostos entre as substâncias de trabalho, fazendo com que e se tenha boas taxas de
transferência mesmo em um dispositivo pequeno.
O compressor modelo NJ6220Z da marca EMBRACO com 1 cavalo de potência,
fornece ao FR(fluido refrigerante) energia suficiente para que o mesmo tenha ganho de
pressão e consequentemente aumento de temperatura, passando para o estado de vapor
superaquecido ao sair do equipamento.
Também constituem a bancada dois condesadores, sendo um acoplado ao conjunto de
refrigeração e outro ao sistema que contém água, os dispositivos possuem ventiladores
(coolers) instalados, responsáveis por gerar fluxo de ar, que dependendo do estado da
substância que percorre o condesador, pode haver retirado ou fornecimento de energia.
No conjunto de refrigeração também há a disposição dois dispositivos de expansão,
sendo um capilar e o uma outra válvula termostática, responsáveis pela queda de temperatura
e pressão do fluido refrigerante. A primeira se destaca por ter uma disposição simples, e custo
baixo, porém não consegue manter o fluxo do fluido constante, já a segunda opção permite
que o fluxo da substância não se altere após a passagem pela mesma, assim pode-se pontuar
que a mesma contribui para o equilíbrio do sistema.
O fluido refrigerante R134a presente no sistema de refrigeração, é da família dos
hidrofluorcarbonetos, tendo está substância a capacidade de alterar seu estado físico mesmo
com pequenas alterações de temperatura, favorecendo as interações de trocas térmicas em
conjuntos de refrigeração dos mais diferentes seguimentos.
Uma pré-visualização da bancada XL23 pode ser vista na FIGURA 5.

Figura 5. Bancada de refrigeração XL23 com destaque para os principais componentes.

4.2 OPERAÇÃO EXPERIMENTAL E COLETA DE DADOS

Antes de inciar o experimento se faz necessário avaliar se as condições básicas de


operação descritas no manual estão sendo seguidas, tais como, energização, chave de
emergência desligada, sentido do ciclo (refrigeração ou bomba de calor), tensões, potência
entre outras.
Após definido o sentido do ciclo como refrigeração, o procedimento para coleta de
dados consistiu em: (1) ligar painel, (2) ajustar a vazão da água para 5,8 L∙min -1 e (3)
aguardar até que o sistema assuma o estado estacionário. As variáveis foram monitoradas
através do painel do equipamento e posteriormente os dados de temperatura e pressão
coletados.
Para melhor realizar a coleta e avaliação dos dados experimentais, uma vez que a
coleta manual se faz ineficaz devido a quantidade de variáveis, adota-se o uso do software de
supervisão SITRAD® disponibilizado pelo fabricante da bancada, para o acompanhamento
simultâneo dos sensores instalados no sistema de refrigeração.

4.3 SIMULADOR ASPEN PLUS

A indústria vem avançando constantemente com o desenvolvimento de novas


tecnologias e isso implica no surgimento de problemas cada vez mais complexos para serem
resolvidos, muitos dos quais não podem ser solucionados à mão, devido a dois fatores
principais: demanda de tempo e erro humano.
Como parte deste avanço temos o desenvolvimento de softwares voltados para
aplicação industrial que são os simuladores de processo. Existem uma grande variedade de
programas de simulação no mercado, a depender da área , aplicação, processo ou produto
desejado.
Neste trabalho utilizou-se o simulador Aspen Plus, conhecido por possibilitar a
simulação de diferentes processos indústriais na área da engenharia. Com um banco de dados
que possibilita explorar o comportamento de várias substâncias, entre elas o fluido
refrigerante R134a, H2O e o AR, fluidos presentes na bancada de refrigeração em estudo foi
então definido como melhor opção entre os demais simuladores disponíveis para este artigo
em questão.

4.4 CONSTRUÇÃO DA MODELAGEM

Antes de iniciar a construção do sistema de refrigeração no ASPEN, foi realizado


experimento prático para coleta de dados quando o sistema já estivesse no estado estacionário.
O sistema possíbilita a coleta de dados do gás R134a coleta de dados da entrada e saída do
evaporador, pressão da saída do compressor, pressão de sáida da válvula de expansão,
temperatura de entrada e saída no condensador. Para a água é possível medir temperatura de
entra e sáida no evaporador, e a vazão volumétrica.
Após coleta de dados é montado um ciclo de refrigeração simples no ASPEN,
demonstrado na FIGURA 6:

FIGURA 6. Construção da bancada XL23 no ASPEN

Ao atingir o estado estacionário, e tomando o evaporador como ponto inicial, sabe-se


que a determinação da perda de calor de água pode ser mensurada, uma vez que o a vazão
volumétrica, capacidade calorífica, temperatura de entrada e saída são conhecidas. O balanço
de energia da água pode ser calculado de acordo com a equação 2.

(equação 2)

= capacidade calorífica da água


= diferença de temperatura da entrada e saída da água ao passar pelo evaporador
A confirmação da taxa de calor pode ser gerada simulando a etapa diretamente no
simulador, sendo necessário fornecer as especificação nas correntes de entrada e saída da água
como segue na FIGURA 7.

FIGURA 7. Simulação da perda de calor da água no evaporador.

A carga térmica gerada na perda, é conectada a um outro trocador de calor que simula
a corrente de fluido refrigerante R134a. Posteriormente devem ser inseridas as informações
coletados no experimento para entrada do fluido no evaporador e alterar a vazão até que a
corrente de saída tenha o como resposta o valor encontrado no estado estacionário como
indicado na FIGURA 8.

FIGURA 8. Alimentação de calor no evaporador com R134a.

Quando a vazão convergir com a temperatura de saída, assim como no experimento


real, é sabido que está é a vazão correspondente no ciclo para o fluido refrigerante. Assim o
próximo passo é estimar o tamanho da área de troca térmica do evaporador a partir dos dados
do manual e da equação 3 (Polit, 2003).

(equação 3)

fator de alongamento (fabricante 1,15-1,25), usualmente é utilizado 1,17

Com a área encontrada é estimado o coeficiente global de troca térmica do evaporador.


As equações 4 e 5 demonstrão a determinação do coeficiente global(U) do evaporador:
(equação 4)

U = coeficiente global de troca térmica (W/m²K )


A= área total de troca térmica
= média logarítimica de temperatura

Isolando U :

(equação 5)

Basta inserir as informações estimadas no trocador de calor e no trocador de calor


HEATX demonstrado na FIGURA 9 e testar a simulação vendo se as respostas estão corretas
com o real, caso o resultado seja divergente é necessário reavaliar os cálculos citados na
equação 5.

FIGURA 9. Trocador de calor HEATX.

Na etapa seguinte o compressor é configurado como isentrópico e seu coeficiente é


ponderado até que a corrente de saída tenha as mesmas condições que o experimento.
O próximo passo é estimar a troca térmica no condensador, simulando a
transferência de energia do fluido para o ar gerado pelo ventilador acoplado a serpentida em
que o R143a percorre. Esta etapa é identica a realizada no evaporador, pois ao fixar as
correntes de entrada e saída do fluido refrigerante, o simulador gera a perda de carga, sendo
está conectada a outro trocador tendo como componente o ar que resfria o condensador e sua
vazão estimada até que o temperaturade saída esteja de acordo com o medido. Mais uma vez é
necessária a substituição do trocador por um condensador do tipo HEATX, tendo como
facilidade não ser necessário cálcular área de troca térmica uma vez que fornecida pelo
manual. A FIGURA 9 demonstra o condensador já ajustado.
FIGURA 9. Condensador simulando a troca térmica entre fluido R134a e ar.

Para o elemento válvula de expansão, se faz necessário inserir as condições de


saída e “rodar” a simulação do ciclo, caso esteja de acordo, é inserida uma nova corrente e
fecha-se o ciclo, visualizado na FIGURA 10.

FIGURA 10. Ciclo de refrigeração fechado.


Para finalizaro ciclo por completo se faz necessário inserir e simular a troca de
calor envolvida no condensador disponível no sistema de carga témica. As etapas são
identicas as realizadas no condesador do sistema de refrigeração, uma vez que possuem as
mesmas dimensões, porém será trabalhado o ganho de calor da água em relação ao ar
fornecido pelo ventilador. A FIGURA 11 permite a visualização do ciclo fechado que
representa em definitivo a bancada XL23.
FIGURA 11. Ciclo representado a bancada XL23.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados coletados para aplicação na modelagem foram obtidos através um


experimento real, utilizando a bancada XL23 até que a mesma atingi-se o estado estácionário,
sendo monitorado simultaneamente pelo software SITRAD, obtendo-se os valores com
aproxidamente 50 minutos de ensaio porém seguinto por mais um período para confirmação
dos valores.

Com base nos dados coletados foi dada sequência no processo de construção do ciclo
de refrigeração no simulador ASPEN PLUS.

5.1 DIAGRAMAS DO CICLO

Os diagramas e tabelas com os dados encontrados no sistema de refrigeração


consituindo o fluido refrigerante R134a são representados na FIGURA 12 e Tabela 1.
FIGURA 12. Dados do conjunto de refrigeração XL23
Tabela 1 - Variáveis no estado estacionário para o conjunto de refrigeração.
Váriavel Componente Sentido Valor
1 – Temperatura R134a Saída do evaporador 15,5°C
2 – Pressão R134a Saída do compressor 200 Psig
3 – Temperatura R134a Entrada do condensador 79,6°C
4 – Temperatura R134a Saída do condensador 49,3°C
5 – Pressão R134a Saída da válvula de expansão 30 Psig
6 - Temperatura R134a Entrada do evaporador 8,8°C
7 - Temperatura Ar Entrada do condensador 25°C
8 - Temperatura Ar Saída do condensador 45°C

Os dados referentes ao sistema de carga térmica são encontrados na FIGURA 13 e


Tabela 2. Em que os valores de temperatura de ar no condensador foram medidos com
termômetro de mercúrio.

FIGURA 13. Sistema carga térmica do conjunto de refrigeração XL23.

Tabela 2 -Variáveis no estado estacionário para o conjunto fornecedor de calor.


Váriavel Componente Sentido Valor
1 – Vazão H2O Entrada do evaporador 5,8 L.min-1
1 – Temperatura H2O Entrada do evaporador 15,0°C
2 – Temperatura H2O Saída do evaporador 10,4°C
3 – Temperatura Ar Entrada do condensador 25,0°C
4 – Temperatura Ar Saída do condensador 20,0°C
Os comportamentos de temperatura e pressão, coletados para o fluido refrigerante e
água durante o experimento prático seguem abaixo:

GRÁFICO 1 e 2 – Comportamento do R134a e água ao passar pelo evaporador

GRÁFICO 3 e 4 – R134a ao passa pelo condensador e regiões de alta e baixa pressão

5.2 CÁLCULOS VIA SIMULADOR

A grande capacidade de compilação de informações e um poderoso banco de dados


tornam o simulador uma ótima ferramenta de cálculo o qual é capaz de substituir muitos dos
cáculos manuais de forma mais precisa e eliminando possíveis erros.

A FIGURA 14 mostra a taxa de calor transferida da água para o fluido refrigerante.


FIGURA 14. Transferência de calor entre trocadores simples.

Após a saída do evaporador o fluido tem como próximo ponto a passagem pelo
compressor, em que o mesmo fornece energia de modo que o se tenha aumento de
temperatura e pressão no R134a. O trabalho neste ponto inserir a pressão encontrada
experimentalmente e alterar o coeficiente isoentrópico até obtenção de saída tal qual o
estimado no experimento prático.

A passagem do fluido pelo condensador se caracteria pela queda de temperatura no


mesmo. A estratégia adotada é fixar a Temperatura de saída do fluido refrigerante em um
trocador mais simples de modo a obter a perda de calor neste ponto. Posteriormente em um
trocador mais completo, inserimos o valor anteriomente encontrado, bem como demais dados
como área de troca térmica fornecida no manual e a constante U, de modo que a saída do
condensador esteja de acordo com o real:

FIGURA 15. Trocador simples e trocador tipo HEATX.

5.3 SELEÇÃO MODELO TERMODINAMICO


A escolha do método termodinâmico está diretamente atrelada a eficiência nas
respostas da modelagem do sistema, uma vez que o método em si tem a função de estimar os
valores de resposta para as substâncias envolvidas nos processos, seja o sistema constituído
por uma mistura ou até por uma substância pura.
Para a escolha do pacote termodinâmico foi utilizado um artigo guia escrito pela
engenharia da Aspentech chamado: Succeeding at Simulation – Don’t Gamble with Physical
Properties for Simulations(Carlson, 1996). O guia contem um fluxograma que ajuda a
selecionar um método mais adequado, avaliando parâmetros como polaridade, características
de eletrólito, quantidade de componentes na mistura e pressão. Analisando nosso fluido de
trabalho, o 1,1,1,2 tetrafluoretano, temos que é uma substância polar e um não-eletrólito, além
de iniciar o ciclo com pressão inferior a 10 bar, essas condições direcionam a escolha para um
grupo de métodos dentre eles o non-random two-liquid model (NRTL), o qual foi escolhido
por ser um bom modelo de coeficiente de atividade para interação entre fluidos onde há troca
de energia e mudanças de fase.

5.4 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

FIGURA 16. Simulação completa do conjunto de refrigeração

Após elaboração do ciclo de refrigeração foi realizada análise de sensibilidade do


modelo, em que propôs-se avaliara temperatura da água quanto a diferentes condições de
vazão, como demostrado na tabela 3 e no seu respectivo gráfico.

Tabela 3 -Variáveis no estado estacionário para o conjunto fornecedor de calor.


Vazão(L/min) T (°C) Vazão(L/min) T (°C) Vazão(L/min) T (°C)
2,0 24 4,0 16 6,0 15
2,5 21 4,5 16 6,5 15
3,0 19 5,0 15 7,0 15
3,5 17 5,5 15 7,5 15
GRÁFICO 5 – Temperatura em função da vazão volumétrica no evaporador.

Com base no experimento realizado via simulação, já com ciclo fechado, é possível
verificar que o aumento da vazão da água que passa pelo evaporador a temperatura de entrada
tende a diminuir. Fica nítido que a partir de uma vazão volumétrica de 5 litros por minuto a
temperatura em função da vazão tende a permanecer constante independente de quanto seja o
aumento da vazão. Portanto pode-se afirmar que a partir desse ponto o conjunto de
refrigeração diminui sua eficiência, já que mesmo com o fornecimento de energia elétrica
para gerar trabalho e por conseguinte aumento na vazão, não é possível induzir uma maior
retirada de calor.

CONCLUSÃO

Este trabalho teve ao decorrer do seu desenvolvimento alguns testes operacionais,


experimentos em laboratório com a bancada, coleta e compilação de dados experimentais de
temperatura, pressão e vazão ao longo do ciclo de refrigeração; e em paralelo, a construção de
um modelo no simulador de processo ASPEN PLUS® para representar o ciclo real. Após
toda a progressão do trabalho e chegando ao final da etapa de execução do trabalho de
graduação o objetivo foi cumprido com sucesso. Obtivemos um modelo em simulador
apresentando as mesmas características do circuito de refrigeração físico, tanto com relação
aos componentes principais quanto ao seu comportamento do ciclo fechado em
funcionamento.
Concluímos portanto, que com o auxílio de softwares simuladores de processo,
realizando um bom número de experimentos geradores de dados e utilizando do
conhecimento nas disciplinas de engenharia necessárias, é possível desenvolver um modelo
computacional com representatividade satisfatória comparado ao processo real. Conceber um
modelo pode trazer uma série de vantagens como otimização de processo, número elevado de
testes que podem ser feitos, economia de recursos que seriam utilizados em testes reais como
insumos por exemplo, medição de gasto energético, identificação de perdas, simular novos
componentes acoplados entre outras. Como exemplos de aplicação destes benefícios o modelo
possibilitaria testes com diferentes fluídos refrigerantes para avaliação comparativa ou
também avaliação de sensibilidade com a variância de parâmetros.
Como passos futuros podemos citar a realização de ainda mais experimentos práticos e
obtenção de um número maior de dados para efeito de validação, realização de simulações
dinâmicas e avaliação de outros parâmetros.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Abbotti, M. M., Smith, J. M., & Van Ness, H. C. (02/2007). Introdução à Termodinâmica da
Engenharia Química. 7ª edição LTC.

Bergman, T. L., Lavine, A. S., Incropera, F. P., & Dewitt, D. P. (2014). Fundamentos de
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