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Caracterização de Partículas

Sólidas

Eng. Leandro Alves Moya


Caracterização de Partículas Sólidas

As características físicas e morfológicas das partículas afetam desde fenômenos moleculares (tais
como a difusão mássica) até o dimensionamento de uma coluna (seja no aspecto construtivo, como
diâmetro e altura útil, seja no aspecto operacional, como a definição de vazão de operação e perda
de carga).

No que se refere a tipos de particulados, pode-se se citar o emprego da areia e do calcário em


operações de combustão em leito fluidizado, sendo a areia utilizada como material inerte e o calcário
como adsorvente de SO2 (Cremasco, 2012).
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Tamanho da partícula

O diâmetro de Sauter (dsv) das partículas é o mais utilizado em sistemas particulados,


transferência de calor e de massa, cinética e catálise (Cremasco, 2012). No caso de leitos fluidizados,
é o mais empregado por representar melhor a interação entre partícula e fluido e a fluidodinâmica
do leito. Ele representa o diâmetro da esfera com mesma razão entre a área superficial externa e o
volume que a partícula (Equação 1).

(1)
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Tamanho da partícula

Em sistemas de partículas com diferentes diâmetros ou tamanhos, deve-se determinar o


diâmetro médio de Sauter (dp) com base na distribuição granulométrica das partículas, conforme a
Equação (2), apresentada por Yang (2003):
(2)
(2)

em que ni representa o número de partículas esféricas com diâmetro dpi. No caso de análise de
tamanho de partícula pela técnica de peneiramento, dpi é calculado como sendo a média aritmética
entre as aberturas de duas peneiras adjacentes (i e i-1, sendo a abertura da peneira i menor que a da
i-1). O valor de xi, por sua vez, representa a fração mássica da partícula retida na peneira i (KUNII e
LEVENSPIEL, 1991).
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Tamanho da partícula

Análise Granulométrica

A análise granulométrica de partículas sólidas compreende a determinação do tamanho das


mesmas, bem como da frequência com que ocorrem em uma determinada classe ou faixa de
tamanho.
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Tamanho da partícula

Análise Granulométrica

Figura 1 . Distribuição granulométrica bambu Dendrocalamous Giganteus


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Tamanho da partícula

Análise granulométrica por peneiramento

Figura 2. a) Agitador eletromagnético (Analisador granulométrico) e peneira para análise


granulométrica. b) Distribuição das partículas nas peneiras.
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Esfericidade da partícula

Existem vários métodos de se medir a não esfericidade, porém Kunii e Levenspiel (1991)
escolheram o parâmetro de medida conhecido como esfericidade, ϕ, definido pela Equação 3 como:

(3)
(3)

A partir desta definição, ϕ = 1 para esferas e 0 < ϕ < 1 para todos os outros formatos de
partículas. A Tabela 1 apresenta esfericidades calculadas para diferentes sólidos.
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Esfericidade da partícula

Tabela 1. Esfericidade de partículas (Gomes Júnior, 2010, adaptada de Kunii e Levenspiel, 1991).

Tipo de partícula Esfericidade ϕ


Esfera 1
Cubo 0,81
Cilindro
h=d 0,87
h = 5d 0,70
h = 10d 0,58
Carvão
antracite 0,63
betuminoso 0.63
pulverizado 0,73
Cortiça 0,69
Areia
circular 0,86
pontiaguda 0,66
praia Maior que 0,86
rio Menor que 0,53
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Massa específica e Porosidade

As massas específicas normalmente relacionadas à caracterização das partículas são: real (ρr),
aparente ou da partícula (ρs), e do leito empacotado naturalmente (ρm), também conhecida como
densidade “bulk”, como pode ser verificado em Yang (2003).

• Massa específica real, absoluta ou “skeletal density” (ρr): é a massa específica apenas do material
sólido da partícula, excluindo-se o volume ocupado pelos poros ou vazios no seu interior (Equação 4)

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Massa específica e Porosidade

• Massa específica aparente ou da partícula (ρs): considera o volume das partículas incluindo o
volume de seus poros internos (Equação 5). (Observação: para partículas não porosas, a massa
específica real é igual à massa específica aparente, ρr = ρs).
(5)
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• Massa específica do leito empacotado naturalmente ou “bulk density” (ρm): representa a razão
entre a massa de sólidos e o volume de leito de partículas.
(6)
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Massa específica e Porosidade

A porosidade da partícula (εp) representa a razão entre o volume de poros no seu interior e o
volume da partícula, e é obtida a partir das definições de ρs e ρr.
(7)
(7)

A porosidade do leito fixo empacotado naturalmente (εm) representa a fração volumétrica de


vazios no leito (ou fração livre de sólidos).
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Kunii e Levenspiel (1991) apresentaram alguns valores de porosidade na condição de mínima


fluidização (εmf) para alguns sólidos, apresentados na Tabela 2.2.
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Massa específica e Porosidade

Tabela 2. Porosidade na condição de mínima fluidização para alguns sólidos (Kunii e Levenspiel,
1991).

  Diâmetro médio de partícula, dp (mm)

Partículas 0,02 0,05 0,07 0,10 0,20 0,30 0,40

Areia pontiaguda, ϕ = 0,67 --- 0,60 0,59 0,58 0,54 0,50 0,49

Areia circular, ϕ = 0,86 --- 0,56 0,52 0,48 0,44 0,42 ---

Pó de carvão 0,72 0,67 0,64 0,62 0,57 0,56 ---

Carvão antracite, ϕ = 0,63 --- 0,62 0,61 0,60 0,56 0,53 0,51
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Classificação das partículas

Geldart (1973) foi o primeiro pesquisador a classificar o comportamento de sólidos fluidizados


por gases. Identificou quatro tipos de regimes fluidodinâmicos na fluidização e propôs um diagrama
que relaciona as características físicas da partícula (dp e ρs) e massa específica do fluido (ρg) (Figura
3).

• Grupo A - partículas finas, ao serem fluidizadas, acarretam a expansão do leito, podendo


apresentar fluidização homogênea ao atingir a velocidade de mínima fluidização, seguida por
fluidização borbulhante à medida que se aumenta a velocidade do gás.

• Grupo B - tamanho intermediário, apresenta formação de bolhas imediatamente acima da


condição de mínima fluidização – comportamento de fluidização heterogênea.
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Classificação das partículas

• Grupo C - partículas coesivas, quase incapazes de fluidizar, provocando canais preferenciais ou


“slugs”.

• Grupo D - partículas grossas, cuja fluidização tende ao regime do tipo jorro. Há formação de
canais preferenciais.
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Classificação das partículas

Figura 3. Classificação das partículas de Geldart (Kunii e Levenspiel, 1991)


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Velocidade terminal da partícula

A velocidade terminal pode ser definida como a máxima velocidade do gás que limita o leito
fluidizado. Partículas são arrastadas para fora do leito quando a velocidade do gás excede a
velocidade terminal.
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Referências Bibliográficas

Cremasco, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidodinâmicos. São Paulo: Blucher,


2012, p. 127-131, 265.

Geldart, D. (1972). The Effect of Particle Size and Size Distribution on the Behavior of Gas-Fluidized
Beds. Powder Technol., 6, pp. 201-205, apud Gomes Júnior, A. D. Projeto termo-hidráulico de
trocador de calor utilizando leito fluidizado com tubos imersos. Trabalho de Graduação II -
Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica. Campinas-SP, 2010, p. 10

Kunii, D., Levenspiel, O. Fluidization engineering. 2 ed. Stoneham: Butterworth - Heinemann, 1991, p.
1-3, 61-80.

Yang, W. C., Particle characterization and dynamics, Handbook of fluidization and fluid-particle
systems, Yang.W.C. editor, Marcel Dekker Inc., 2003.

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