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Cosmos – Matéria – Tempo, mais perguntas que respostas

Por: Douglas Albrecht

Podemos nos questionar sobre as origens do Cosmos? Se sim, podemos conhecer como
tudo que vemos e sentimos começou? Podemos confiar em todos os dados e
informações produzidos até hoje sobre a origem do cosmos? Saber isso, irá trazer
alguma modificação, quanto a forma de encarar a vida? São perguntas e clichês, só que
escritas de uma forma menos simplória, pois bastaria apenas perguntar: De onde
viemos? Para onde vamos?

O presente artigo, visa revisitar alguns dados e informações contidas no livro: O Lado
Esquerdo da Criação, de Jonh D. Barrow e Joseph Silk, que em suas mais de 385
páginas, despeja mais conhecimento sobre as origens do cosmos, que possivelmente as
perguntas iniciais floreadas em estilo, possam de certa forma ficar sem respostas.

Sem sombra de dúvidas há várias teorias que descrevem a origem do cosmos; várias.
Porém aqui vamos discutir apenas uma delas, talvez a mais aceita, a teoria da Grande
explosão ou Big Bang.

Começamos nossa história, alguns meses, depois do Big Bang, isso porquê os fatos
ocorridos antes desses meses são complexos e não cabem nesse simples artigo, porém
podemos defini-los da seguinte forma: Antes desses meses, em que o artigo começa, o
universo, apresentava uma temperatura muito maior do que o início dessa história, todas
as grandes forças da natureza estavam unidas em uma só, o tempo apenas começava e
indo mais atrás podemos encontrar a singularidade, um ponto em algum lugar, já que o
espaço está contido nele, que deu origem ao universo que conhecemos. Discutir sobre
os acontecimentos antes desses meses do qual vamos começar é tema complexo, por
hora voltemos aos nossos meses após a grande explosão.

A temperatura nesse período era da ordem de 1.000.000ºK (um milhão de graus Kelvin)
ou 999.726,85 °C (novecentos e noventa e nove mil e setecentos e vinte e seis graus
Célsius), já havia nessa temperatura matéria, que se encontrava em estado de.
Estavam estas partículas de matéria imersa em um campo de radiação tão forte, que a
densidade dessas partículas era suficientemente alta, fazendo com que esse campo de
radiação, estivesse em contato íntimo com as mesmas.

Quando traduzimos essa temperatura e essa arquitetura de campo de radiação, podemos


dizer que o estado radiante do universo nesses meses era de um corpo negro.

Um corpo negro é definido como um objeto que não reflete luz, ele simplesmente
absorve toda a luz que possa sair dele ou chegar a ele. Todo corpo negro emite apenas
radiação térmica com o mesmo espectro. Então isso nos leva a algumas conclusões:
Nesse período o universo era desprovido de luz, pois se seu comportamento
termodinâmico era de um corpo negro, toda radiação era absorvida e apenas a radiação
térmica era predominante nesse ambiente.

Isso diz muita coisa, pois mesmo se levarmos em conta os meses antes a esse tempo que
estamos contando, isso nos leva ao início da grande explosão, porém por essa definição
a grande explosão em nada se assemelha a uma explosão, que a princípio libera
partículas, fótons e energias térmicas e radiantes, se o universo termodinamicamente
nessa época uns meses após a grande explosão, possuía um comportamento de um corpo
negro, a teoria diz que todo o campo de radiação existente estava intimamente ligado as
partículas de matéria nessa época, elétrons e prótons e que isso conferia a essas
partículas uma densidade maior que a atual. O fato de ocorrer somente a liberação da
energia térmica, explica a temperatura de um milhão de graus celcius nesse ambiente. O
universo até aqui era quente e escuro, e é claro que nesse caso falamos de uma época
antes do ``Fiat Lux``.

Nesse ambiente de milhões de graus celsius e escuro, as partículas apresentavam sob o


regime termodinâmico do corpo negro, um equilíbrio preciso, entre ingresso e saída de
energia desse sistema. Ao passo que partículas surgiam, rapidamente decaiam, para que
outras surgissem, preservando assim um equilibro cuja o saldo final era sempre nulo,
nem aumento nem diminuição de energia, essa era a lei. A lei a que falamos era a lei da
simetria perfeita, mas até quando?

A quebra da simetria, só será possível com alguma variação no equilíbrio, seja térmica
ou radiante, e ela ocorreu. Quando a simetria entre as partículas foi quebrada,
desequilibrando o cosmos nascente, um outro cosmos surgiria, agora apresentando
desequilíbrio entre as partículas, antes perfeitamente simétricas.
O novo cosmos, surgiu de flutuações na densidade energética, que até aquele momento
estava em equilíbrio perfeito como de um corpo negro.

Mas qual a causa dessas flutuações? sua origem? Até o momento sabe-se que a partir da
expansão do cosmos, a temperatura cai, e a queda da temperatura permite que o
equilíbrio térmico se desfaça fazendo com que a probabilidade de um desbalanço
ocorra.

As flutuações ficaram mais evidentes quando, a partir do ponto em que começamos, o


cosmos havia se expandido 100.000 vezes. Nesse momento a matéria existente começou
a se condensar e a formar pequenas manchas no vasto tecido do cosmos em expansão.

Aqui mais uma vez daremos um salto de outras mil vezes mais na expansão do cosmos,
e vamos diretamente a formação das galáxias. Sabe-se que a formação de uma galáxia é
devida a dois ingredientes básicos, a matéria escura e a presença de hidrogênio. Sobre a
matéria escura, pouco se sabe, mas o pouco que sabemos sobre ela, diz respeito a sua
fraca interação com a matéria barônica (matéria da qual somos constituídos), porém de
sua forte interação com a gravidade, e é inexistente a interação com as forças
eletromagnéticas e nucleares.

Cerca de 90% da massa total de uma galáxia é constituída por matéria escura. A teoria
do cosmos inflacionário, previu a existência dessa matéria escura, e um dos grandes
candidatos dentro do modelo padrão de partículas para representá-la são os neutrinos e
provavelmente dento da teoria da simetria os anti-neutrinos.

Há 3 tipos de neutrinos conhecidos atualmente, e os três praticamente não interatuam


com a matéria visível. São tão antigos, quanto os elétrons e prótons. Há outras teorias
que atribuem a matéria escura uma constituição exclusiva por partículas de alta
densidade e massa, massa essa equivalente à de um próton. São as chamadas WIMPS,
partículas massivas de interação fraca. Essas partículas foram criadas nos primeiros
segundos do Big Bang em menores quantidades, porém devido sua massa maior, são
capazes de interagir com a gravidade.

Esse novo cosmos, agora possibilita a formação e condensação de galáxias, cuja a


influencia gravitacional é devida a matéria escura que a representa em mais de 90%, os
10% restante, está com a simetria desequilibrada, ocorrida por algum evento ainda por
ser descoberto.
Sabemos muito pouco ou quase nada, sobre as origens e fatores que possibilitaram ao
cosmos existir como o conhecemos hoje em dia. Seguramente um dia saberemos mais,
porém será que ainda faltará mais a saber?

Conforme mergulhamos nos conhecimentos cosmológicos atuais, percebemos que há


lacunas a serem preenchidas, isso com certeza nos permite acreditar que civilizações
mais avançadas já possuam esse conhecimento, e que com certeza é fundamental para
seu crescimento tecnológico.

Imaginar um cosmos em seu primórdio, desprovido de luz, sendo um corpo negro que
apenas irradia calor, é um exercício de superação, já que nessas condições somente leis
físicas predominam, e precisamos imaginar uma abstração que para muitos é penoso.

Parece fato lógico que o ponto principal para entender como tudo se desenvolveu, está
justamente entender como por exemplo, o momento da quebra da simetria ocorreu e
porquê? O que teria causado? Tem a matéria escura influência nisso? E o tempo? Tem
papel nessa quebra?

Segundo Stephen Hawking, a história da presença do tempo na evolução do cosmos,


deve ser reavaliada, segundo o eminente físico, o tempo durante a expansão do cosmos,
pode ter tido uma natureza alterada, que explicaria cada uma das fases durante a
expansão. Isso quer dizer que o tempo assim como o cosmos, também passou por um
processo de evolução?

O quanto precisamos saber ainda para responder as perguntas do inicio do artigo?

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