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Desta forma, para Vaz (2002) os argumentos sobre integração eram segmentados em
duas linhas, embora as condições fossem as mesmas. O primeiro fundamentava-se na ideia de
que os valores e crenças em comum, os interesses compartilhados e o consenso em relação à
estrutura da própria integração eram fatores essenciais para que o esquema regional
conseguisse obter coesão. Já o segundo argumento tinha como ponto principal no alcance
dessa coesão a utilização de instrumentos coercitivos e ameaças através do uso da força.
Já para a teoria realista, adotada neste trabalho, esse processo de integração seria uma
forma de proteção própria de cada Estado, dos seus interesses políticos e econômicos.
Segundo esta teoria as relações entre os países são assimétricas e o sistema é anárquico.
Devido a essa assimetria e anarquia, os Estados mais fortes internacionalmente teriam maior
poder de influência sobre os mais fracos e no próprio sistema como um todo, deixando os
interesses dos países periféricos à sua mercê. A ideia realista pode ser aplicada também ao
papel das elites no processo de integração, tendo como ponto de partida o argumento de que,
segundo Vigevani et al (2008), não estão interessadas em arcar com a maior parte dos custos
dessa fusão, a não ser que os seus interesses e benefícios sejam maximizados com o menor
gasto possível. Este é o papel que assumiram as elites brasileiras no momento de
desenvolvimento do MERCOSUL; demonstrando-se reticentes ao processo de integração.
Deste modo, a formação do bloco surge como uma forma de alcançar interesses
econômicos e financeiros. O significativo aumento nos números de exportações entre os
Estados, que passou de 11% para 25% entre 1991 (ano de assinatura do Tratado de Assunção)
e 1998, pode ser ilustração dos benefícios de integração. Ainda segundo a autora, é importante
ressaltar que, de certo modo, apesar de não ter surgido da interdependência entre os países, os
resultados do bloco foi responsável por essa dependência, e sua quebra seria extremamente
sentida por todos os países da região. Reforçando a força que o aprofundamento das relações
exerce sobre os Estados.