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DEFESA DA CONCORRÊNCIA

Prof. Dr. Orleans Martins


DEFESA DA CONCORÊNCIA

A história da defesa da concorrência é longa e complexa.

... surgiu nos Estados Unidos com o Sherman Act, em 1890, e evoluiu de formas variadas
em muitos países, com diferentes objetivos.

... no Brasil, a política de defesa da concorrência se estabeleceu de fato em 1994 com a


Lei 8.884 e foi revolucionada em 2012, ano em que passou a vigorar a Lei 12.529.

Defesa da Concorrência:
Objetiva assegurar que o processo competitivo ocorra da melhor forma possível, sem que um
agente econômico tenha o poder de sozinho ou em conjunto com outros deturpar ou criar
obstáculos à produção dos benefícios gerados pela existência da concorrência.

Direito antitruste: controlar manifestações deletérias de um poder econômico capaz de


deturpar o livre jogo do mercado.

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ATUAÇÃO DA POLÍTICA DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA

 Eventual: não estruturante dos mercados, em abstrato.

 Reativa: causa e efeito. A defesa da concorrência atua em reação a uma conduta do


próprio mercado.

 Residual: restrita à operação econômica apresentada.

Regras de defesa da concorrência

 Aplicáveis a todos os setores da economia, sem exceção.


 A aplicação é feita pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

 Aplicável a pessoas físicas e jurídicas, inclusive a associações, sindicatos e entes públicos.

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Regulação antitruste: as regras da defesa da concorrência precisam ser válidas para todo
e qualquer setor da economia.

Aplicação dessas regras, no caso brasileiro, é o Conselho Administrativo de Defesa


Econômica (CADE), autarquia vinculada ao Ministério da Justiça.

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Truste x Cartel

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Truste x Cartel

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Truste x Cartel

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Truste x Cartel

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Truste x Cartel

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CADE: em números

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CADE: processos julgados

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CADE: processos administrativos julgados

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CADE: requerimentos de TCC

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CADE: outros procedimentos

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CADE: multas e contribuições pecuniárias

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CADE: arrecadação

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CADE: outras estatísticas

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CADE: outras estatísticas

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A punição das pessoas jurídicas é complexa e pode ter impacto para além da empresa
que praticou a conduta, quando ela faz parte de um grupo econômico.
 Justiça pode ver empresas sob controle comum como grupo econômico (caso em JP).

Lei brasileira: a prática de uma infração à ordem econômica resultará em multa.


 0,1% a 20% do faturamento bruto no ramo de atividade em que o ilícito foi praticado;

 Quando grupo econômico, o cálculo poderá ter base no faturamento de todo o grupo.

Também é possível que outras categorias de PJ sejam responsabilizadas: associações,


sindicatos etc.

O CADE E A PUNIÇÃO A ASSOCIAÇÕES


 Tabelamento de preços: Associação de Autoescolas do Distrito Federal em 2014,
autuada em R$ 319 mil por tabelar preços de diversos serviços.

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CONDUTAS PUNÍVEIS: COLUSIVAS E UNILATERAIS

A defesa da concorrência tem duas vertentes:


 Preventiva: tenta prevenir a configuração de estruturas de mercados indesejáveis;

 Em alguns casos o CADE pode aprovar sem restrições, mas em outros pode impor
restrições (condições). Ex: Sadia x Perdigão.
 Repressiva: condutas consideradas anticompetitivas são investigadas e coibidas.

Atos empresariais que podem infringir a concorrência:


i. Prejudicar a livre concorrência;
ii. Dominar um mercado relevante;
iii. Aumentar lucros de forma arbitrária;
iv. Exercer uma posição de mercado dominante de forma abusiva.

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Há várias formas de colusão (conluio) com diferentes entendimentos pelo Cade.


 A mais comum – o Cartel – é sempre vista como lesiva e possui as maiores penas.

PENAS: rol de penas aplicáveis pelo Cade por ilícitos concorrenciais incluem:
i. Multas até 20% do valor do faturamento bruto do grupo econômico no ramo de atividade;
ii. Exigência de divulgação da condenação em mídia de grande circulação;
iii. Proibição de contratar com instituições financeiras oficiais (incluindo o BNDES) ou de participar
de processos licitatórios;
iv. Inscrição da entidade no Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor;
v. Recomendação de licença compulsória de patente e outros direitos de propriedade intelectual;
vi. Até mesmo a cisão da sociedade.

Para pessoas físicas, acrescente-se a proibição do exercício do comércio por período de até 5 anos.

Nos casos de Cartel, a conduta, além de ser punível na esfera administrativa pelo Cade, configura
crime contra a ordem econômica, podendo ensejar a pena de reclusão, de 2 a 5 anos e multa.

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CONDUTAS COLUSIVAS

Colusiva é toda prática que envolve a coordenação da conduta por mais de um agente econômico.

Os cartéis são as condutas colusivas por excelência, mas não as únicas.

O que o Cade considera suficiente para comprovar que o cartel existiu: provas diretas ou indiretas.

 Prova direta: materializa a conduta, demonstrando que, de fato, houve contato entre as
partes e acordo para a cartelização.
 E-mails, agendas, cartões, apresentações e em casos extremos até minutas de
acordos formuladas pelas empresas.
 Nos casos da operação Lava Jato, autoridades encontraram evidências de um
“estatuto” montado entre as empresas para organizar as práticas ilícitas, disfarçado
como manual de regras de clubes de futebol e de tênis.

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CONDUTAS COLUSIVAS

 Prova indireta: não consegue demonstrar inequivocamente o contato entre os


concorrentes, mas indica a existência de conluio, porque somente se o contato existisse
seria possível observar as consequências que se apresentam na prática.

 Em um processo licitatório, se todas as empresas apresentarem propostas


similares, com preços iguais ou muito parecidos ou com coincidências que
dificilmente ocorreriam naturalmente, como erros de grafia e digitação idênticos, a
probabilidade de que tenha havido contato entre elas é significativa, o que
certamente influenciará a decisão do Cade.

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CONDUTAS COLUSIVAS

O Cade (e outras autoridades concorrenciais do mundo) usa provas indiretas na análise


de seus casos, como também condena cartéis por meio delas.

A UTILIZAÇÃO DE PROVAS INDIRETAS NO COMBATE A CARTÉIS

Em 2014, o Cade celebrou acordo com a General Motors do Brasil, em que a empresa
concordou em pagar 33 milhões de reais, relativo a um suposto cartel em licitações de
compras de 200 ambulâncias para o Sistema Único de Saúde no Estado de São Paulo.
Para o Cade, um dos principais indícios de fraude e cartel em licitação foram as
propostas das empresas, que eram praticamente idênticas entre si, mudando apenas
alguns detalhes, o valor e o logotipo.

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CONDUTAS UNILATERAIS

São ilícitas quando ficar demonstrado seu efeito negativo no mercado, ainda que potencialmente.

Passo a passo básico que é o comumente utilizado para determinar a ilicitude:


1. Definir o mercado relevante;
2. Verificar se a organização detém posição dominante no mercado relevante;
3. Analisar se a prática é capaz de afetar de forma negativa o mercado relevante.

Mercado relevante é um conceito cunhado por economistas e utilizado com muita


frequência pelas autoridades de defesa da concorrência.
 Função de determinar o espectro do mercado em que a conduta se observa sob dois
aspectos: produto e espaço geográfico.

Na Lei de Defesa da Concorrência, existe uma previsão que indica que uma posição
de 20% do mercado é considerada apta a ser dominante.

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CONDUTAS UNILATERAIS E OS SERVICOS DE BUSCA NA INTERNET


Em 2015 a Comissão Europeia iniciou procedimento a fim de investigar o Google, em razão de um suposto
abuso de sua posição dominante no mercado de busca. Há mais de uma investigação em curso na
Comissão, tratando de acusações sobre possível prejuízo aos consumidores e à concorrência advindos de
práticas da empresa.
Num desses casos, o Google passou a pré-instalar seu serviço de pesquisa, o aplicativo Google Search,
na maior parte dos dispositivos Android, sistema operacional que também é de sua propriedade. Além
disso, ofereceu incentivos financeiros a fabricantes e operadores de redes móveis que permitissem a pré-
instalação do aplicativo. Segundo as denúncias, essas mudanças tinham a finalidade de resguardar e
aumentar sua posição dominante no mercado de serviços de pesquisa na internet.
O Google também é investigado pelo Cade. Em 2013, a autoridade instaurou três processos
administrativos contra a empresa a partir de denúncias feitas por um grupo concorrente. Esse grupo alega
que o Google estaria privilegiando inadequadamente seus próprios sites temáticos em seus resultados de
busca (o Google Shopping), praticando scraping (utilização de dados de outros sites de comparação de
preços em proveito próprio), bem como supostas restrições anticompetitivas do contrato de prestação de
serviços de uma das plataformas de publicidade online do Google.
Todas as investigações estão em curso e não houve até o momento qualquer comprovação de que a
empresa tenha prejudicado a concorrência.

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Práticas que geralmente são investigadas pelo Cade são cláusulas de exclusividade:

1. Sham litigation (abuso de direito de petição com efeitos lesivos à concorrência);

2. Preço predatório;

3. Venda casada;

4. Entre outras.

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MODALIDADES DE ACORDO DE LENIÊNCIA COM O CADE

Há três modalidades de acordo:


1. Nos casos de condutas colusivas, a empresa ou a pessoa física pode negociar e
celebrar um acordo de leniência, desde que seja a 1ª a fazê-lo naquele processo;
2. Nos casos de condutas colusivas e de condutas unilaterais, a empresa ou a pessoa
física pode propor ao Cade a celebração de um Termo de Compromisso de Cessação
(conhecido como TCC);
3. Mesmo após ter sido condenada pelo Cade, a empresa ou pessoa física pode
negociar um acordo relativo às sanções que lhe foram impostas na condenação.

Um acordo de leniência é destinado exclusivamente a condutas colusivas, sendo que seu


maior uso é para os casos de cartel.
 Baseia-se na teoria econômica dos jogos;

 A intenção é criar uma corrida entre aqueles que participam do ilícito, para
desestabilizar a rede de confiança e gerar um incentivo à denúncia.

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MODALIDADES DE ACORDO DE LENIÊNCIA COM O CADE

A lei estabelece critérios para que uma leniência seja de fato assinada:

(i) Primeiro, é preciso comprometer-se a cessar a conduta;

(ii) Segundo, são imprescindíveis a confissão e a denúncia dos demais participantes;

(iii) Por último, deve haver um compromisso de cooperação com as investigações, que
precisa ser concretizado desde o princípio por meio da apresentação de documentos
que comprovem a prática.

Não é suficiente “contar um conto” ao Cade para ter a possibilidade de assinar um acordo.

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MODALIDADES DE ACORDO DE LENIÊNCIA COM O CADE

O guia do Cade cita alguns exemplos de documentos que são considerados hábeis à comprovação:
1. Troca de e-mails entre concorrentes;
2. Troca de e-mails entre pessoas da mesma empresa, relatando os ajustes entre concorrentes;
3. Troca de correspondências entre concorrentes;
4. Troca de correspondências entre pessoas da mesma empresa, relatando ajustes entre
concorrentes;
5. Troca de mensagens de texto e/ou voz eletrônicas (SMS, WhatsApp, Skype etc.);
6. Agendas, anotações manuscritas, cadernos;
7. Gravações;
8. Tabelas e planilhas Excel;
9. Comprovantes de reuniões (atas, compromisso de Outlook, agendamento de salas, reservas de
hotéis, extrato de cartão de crédito, comprovantes de viagens etc.);
10. Extratos telefônicos;
11. Cartões de visita;
12. Editais e atas de julgamento de certames etc.

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MODALIDADES DE ACORDO DE LENIÊNCIA COM O CADE

O CASO SIEMENS
A empresa alemã Siemens foi protagonista de um dos maiores casos de corrupção em
escala global já verificados. Uma investigação nos Estados Unidos identificou que, entre
2001 e 2007, a empresa teve como política de atuação o suborno a autoridades de
diversos países ao redor do mundo, de forma a obter lucrativos contratos públicos.
A dimensão do esquema era tamanha que as investigações chegaram a envolver 60% das
receitas da empresa em operações na Ásia, África, Europa, no Oriente Médio e nas
Américas. Estima-se que a quantia total paga a título de propina teria alcançado a cifra de
1,4 bilhão de dólares. Foram abertas investigações em mais de dez países, e a empresa foi
condenada pela União Europeia (o que a levou a ficar proibida de participar de licitações do
Banco Europeu de Investimentos – BEI – até o final de 2014) e em diferentes países.
Esse escândalo levou a Siemens a uma grande reformulação interna, inclusive com a troca
de boa parte da sua diretoria – em 2007 o presidente da companhia deixou o cargo, além
de outros membros de altos cargos, que também renunciaram. A partir de então, a Siemens
optou por realizar acordos com as autoridades americanas e alemãs, de forma a evitar
mais condenações à empresa e restaurar sua imagem.

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MODALIDADES DE ACORDO DE LENIÊNCIA COM O CADE

O CASO SIEMENS

Para isso, a empresa pagou contribuições bilionárias em diferentes jurisdições, que


ultrapassaram o montante de 1,5 bilhão de dólares. Em julho de 2007, o novo presidente da
Siemens, Peter Löscher, afirmou que o objetivo da empresa era deixar para trás o “capítulo
negro” da corrupção, incorporando um rigoroso programa de controle interno nas práticas
da empresa, com a adoção de um programa de delação interna (whistleblower), para
estimular seus próprios funcionários a denunciar escândalos dentro da empresa.

Como consequência dessa nova política interna, em 2013, a Siemens realizou acordo de
leniência com o Cade, em que denunciou a existência de um suposto cartel do metrô de
São Paulo. A partir das informações obtidas na leniência, o Cade e o Ministério Público
Federal iniciaram uma investigação contra mais de 15 empresas e 100 funcionários
acusados de participar dos fatos denunciados pela Siemens. A investigação ainda está em
curso.

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LENIÊNCIA PLUS

Refere-se à possibilidade de que uma empresa ou pessoa física, ao chegar à autoridade


para delatar um ilícito e deparar-se com a impossibilidade de adquirir um marker (acordo),
pois outros chegaram antes dela para relatar a mesma conduta, mencione uma outra
conduta colusiva desconhecida pelo Cade.

Essa delação produz efeitos em duas esferas:


I. Em relação ao caso em que um marker já havia sido concedido a outros, é possível
obter redução de um terço da pena;
II. Em relação ao novo caso delatado, haverá imunidade para o signatário.

Os requisitos da leniência plus são os mesmos já listados anteriormente:


 Cessação da conduta, confissão/delação e cooperação com as investigações.

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LENIÊNCIA PLUS

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TERMO DE COMPROMISSO DE CESSAÇÃO

Apenas a 1ª empresa ou pessoa física que busca a autoridade para relatar uma prática
colusiva pode assinar um acordo.

E como fica as demais?

 Podem assinar um Termo de Compromisso de Cessação (TCC).

 Comum quando não consegue o marker (acordo de leniência).

Quando o pedido de marker é negado, o Cade coloca o interessado na chamada “fila de


espera” (para ser chamado à negociação).
 Caso não ocorra, é convertido em TCC.

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TERMO DE COMPROMISSO DE CESSAÇÃO

Requisitos para a celebração do acordo, que sempre precisam ser preenchidos por
qualquer proponente para que a negociação se concretize:

1. Reconhecimento de participação na conduta: sem confissão, não há TCC;

2. Colaboração com as investigações: assim como no caso da leniência, todo


signatário deve colaborar ativamente com a autoridade;

3. Pagamento da contribuição pecuniária: ela varia a depender da ordem de chegada


e da colaboração prestada pelo proponente.

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TERMO DE COMPROMISSO DE CESSAÇÃO

Segundo a lei, para o cálculo da contribuição pecuniária, são considerados os seguintes


patamares de desconto sobre a multa a ser paga diante de uma eventual condenação
imposta pelo Cade:

1. O primeiro proponente de TCC pode ter redução de 30% a 50% do valor em relação à
multa esperada;

2. O segundo pode contar com redução que varia de 25% a 40%;

3. O terceiro proponente e todos os demais têm redução máxima de 25%.

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TERMO DE COMPROMISSO DE CESSAÇÃO

A vantagem das organizações que têm um programa de compliance bem estruturado para
a celebração de TCCs é evidente.
 Como nos casos de leniência, serão capazes de atuar com maior agilidade e precisão;

 Há impacto direto na redução das contribuições pecuniárias; e,

 Há impacto no aumento da própria habilidade de a entidade assinar o termo.

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ACORDOS JUDICIAIS

Terceira possibilidade de negociar com a autoridade, quando o caso já foi julgado pelo
Tribunal e está perante um juiz.

Acordo negociado com a Procuradoria Federal Especializada junto ao Cade (ProCade).


 Representa a autoridade em juízo.

Função de chegar a um consenso quando há uma condenação, que foi levada ao judiciário,
mas é interesse da Administração e da parte encontrar uma solução rápida e eficiente.

Casos mais comuns: pedidos de modificação do valor ou prazo da multa determinada.

O Cade opta por negociar, porque o juiz tem o poder de reformar ou cancelar a decisão.

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ACORDOS JUDICIAIS

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CONSULTAS

Uma entidade ou pessoa física pode questionar o Cade sobre a licitude de uma
determinada prática comercial antes mesmo de ela ser foco de qualquer investigação.

O questionamento pode fazer referência tanto à prática que ainda não se concretizou
quanto à conduta já em curso.
 É preciso descrever uma situação fática real, ainda que futura, e não fazer perguntas
abstratas ou genéricas.

O Cade não aceita consultas sobre práticas que não encontram base em nenhum fato ou
projeto reais.

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As consultas direcionadas ao Cade podem versar sobre:


 Interpretação da legislação, da regulamentação da autoridade administrativa em relação
a situações definidas sobre a licitude de atos, contratos ou condutas de qualquer
espécie já iniciadas pelo agente econômico ou ainda sobre a licitude de atos, contratos
ou condutas até então não iniciadas pela parte.

Um Programa de Compliance é de grande utilidade para a elaboração de consultas.

Caso seja identificada uma prática comercial que a empresa deseja implementar, mas
sobre a qual a equipe de compliance tem dúvidas, é possível perguntar diretamente ao
Cade se de fato a conduta é permitida.

Esse é o benefício explicitamente mencionado pelo próprio Guia da autoridade para o


Programa de Compliance em condutas unilaterais.

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PROGRAMA DE COMPLIANCE ANTITRUSTE

O Cade tornou a preocupação com esses programas quando editou e, 2015 o Guia para
Programas de Compliance Concorrencial.

Por que esse Guia é importante?

 A LDC brasileira, diferentemente da LAC, não faz menção expressa à compliance em


qualquer momento.

 Traz orientações tanto sobre como estruturar um programa robusto, quanto sobre
algumas condutas puníveis de acordo com a defesa da concorrência.

O compliance pode ser considerado um elemento caracterizador da boa-fé do infrator,


que é critério legal para a atenuação das punições aplicadas pelo Cade.

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PROGRAMA DE COMPLIANCE ANTITRUSTE

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PROGRAMA DE COMPLIANCE ANTITRUSTE

O CADE aponta algumas condutas como “a serem evitadas”, e dá orientações:

 Nunca, em nenhuma circunstância, estabelecer contato com os concorrentes para


combinar preços ou dividir o mercado de qualquer maneira.

 Antes de filiar-se a qualquer associação – ou outro tipo de organização no qual o


contato com os concorrentes seja frequente –, avaliar seu objetivo e sua forma de
operação, evitando as entidades que pratiquem condutas as quais possam ser
entendidas como concorrencialmente ilícitas.

 Durante reuniões de associações, atentar sempre para o assunto debatido. Em caso de


discussões sobre temas concorrencialmente sensíveis, retirar-se da sala e fazer constar
em ata sua retirada.

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PROGRAMA DE COMPLIANCE ANTITRUSTE

O CADE aponta algumas condutas como “a serem evitadas”, e dá orientações:

 Fornecer ao funcionário que participa de reuniões em associações treinamento


especializado e detalhado sobre as práticas aceitas e as condenáveis pela política de
defesa da concorrência.

 Quando atuar na organização administrativa de uma associação ou entidade similar,


jamais solicitar dos associados dados concorrencialmente sensíveis (exemplos: planilha
de clientes, faturamento da empresa e lista de fornecedores etc.). Se essas
informações forem essenciais para alguma atividade lícita da organização, estabelecer
um mecanismo de black box para colheita e divulgação.

 Durante um processo licitatório, evitar qualquer contato com os demais concorrentes.

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PROGRAMA DE COMPLIANCE ANTITRUSTE

O CADE aponta algumas condutas como “a serem evitadas”, e dá orientações:

 Documentar toda a participação na licitação, de forma bastante detalhada, explicando,


se possível, os movimentos tomados pela empresa ao longo do procedimento.

 Fornecer treinamento especializado para os funcionários que atuam no procedimento


licitatório, com atenção redobrada àqueles que de alguma forma participam das fases
presenciais e entram em contato direto com concorrentes e com as autoridades
públicas.

 Ressaltar a toda a diretoria da empresa a forma como a autoridade de defesa da


concorrência enxerga os cartéis, especialmente aqueles fortemente institucionalizados,
e como tem atuado na repressão às pessoas físicas envolvidas com a conduta

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REFERÊNCIAS

CADE – Conselho Administrativo de Defesa Ecnoômica.


Disponível em: http://www.cade.gov.br/

Mendes, F. S., & Carvalho, V. M. (2017). Compliance: Concorrência e Combate à


Corrupção. São Paulo: Trevisan Editora.

Revista de Defesa da Concorrência.


Disponível em: http://revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia

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